Pergunta: Agradeço as respostas a respeito do corpo de Jesus e de sua relação com Cristo, mas fico ainda sem entender como o corpo de Jesus pôde ser dispersado pelas forças vibratórias do Espírito de Cristo após Sua saída. Também como os átomos poderiam ter saído do túmulo uma vez que esse estava selado?
Resposta: Acreditar que o corpo habitado por nós seja totalmente vivo é uma das nossas ilusões, pois a realidade não é essa. A parte deste corpo que pode ser considerada viva é tão pequena que o que afirmamos é praticamente verdadeiro. A maior parte está totalmente adormecida, senão morta.
Esse é um fato bem conhecido pela ciência, e a razão ensina-nos isso de certa forma. Isso acontece porque a nossa força espiritual é tão fraca que não pode prover este veículo com vida em quantidade suficiente. Quanto menos conseguimos vitalizar o corpo, mais ele assemelha-se a um torrão de argila que temos de arrastar com força até que, depois de alguns anos, ele cristaliza-se de tal maneira que se torna impossível para nós manter a ação vibratória. Então, somos forçados a deixar o corpo, e dizemos que ele morreu. Um processo lento de desintegração ocorre a fim de restituir aos átomos o seu estado livre original.
Verifiquemos agora o que acontece quando um Espírito poderoso, como o de Cristo, se apodera de um destes corpos terrenos. Constatamos que há uma semelhança com o caso de um homem que é reavivado de um afogamento. Nesse caso, o Corpo Vital foi extraído e a ação vibratória dos átomos físicos cessou parcial ou integralmente. Então, quando o Corpo Vital é obrigado a penetrar novamente no corpo físico, ele começa a estimular cada átomo a entrar em ação e começar a vibrar.
Esse esforço para despertar os átomos adormecidos causa uma sensação de agulhadas intensamente desagradável, geralmente descrita por pessoas que sofreram um afogamento, e essa sensação só cessa quando os átomos físicos atingem uma frequência vibratória de uma oitava abaixo da frequência vibratória do Corpo Vital. A partir daí nenhuma sensação se manifesta além daquelas normalmente experimentadas.
Consideremos agora o caso de Cristo ao entrar no Corpo Denso de Jesus. Nesse corpo, os átomos moviam-se a uma velocidade bem inferior à das forças vibratórias do Espírito de Cristo. A aceleração, portanto, fazia-se inevitável, e durante os três anos de ministério, essa aceleração acentuada da vibração desses átomos teria destruído o corpo, não fosse a poderosa vontade do Mestre, assistida pela habilidade dos Essênios, em mantê-los unidos. Se os átomos estivessem adormecidos quando Cristo deixou o corpo de Jesus, da mesma forma que os nossos átomos ficam adormecidos quando deixamos os nossos corpos, um longo processo de purificação teria sido necessário para desintegrar o corpo. Mas eles estavam, como já o dissemos, altamente sensibilizados e vivos, portanto, era impossível conservá-los reunidos com o Espírito ausente.
Em eras futuras, quando aprendermos a manter os nossos corpos vivos, não trocaremos os átomos e, portanto, não trocaremos os corpos tão frequentemente. E mesmo quando o fizermos, o processo de purificação não será tão longo como o é hoje. O túmulo não estava hermeticamente selado, por isso, não ofereceu obstáculo à passagem dos átomos.
(Pergunta nº 97 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. II)
Pergunta: A Filosofia Rosacruz faz referência a quatro Éteres: Químico, de Vida, Luminoso e Refletor. Para mim, eles constituem um campo elétrico. A dissolução do corpo físico parece ser uma função dos Éteres depois da morte, pois acredito ser a eletricidade a última fase da chamada matéria, onde a Física termina e a Metafísica principia. Contudo, ainda para mim, a eletricidade é estritamente física e o processo mencionado na Bíblia como a “segunda morte” pode ser compreendido mais facilmente sob esse ponto de vista. Parece-me que a base de tudo seja a eletricidade (simplesmente um aumento de vibração do mais inferior dos Éteres ao mais superior).
Resposta: No século XIX, todos os físicos admitiam a existência do Éter no espaço, como transportador da luz em forma ondulatória. Outros cientistas aventavam a hipótese da existência de uma espécie de Éter funcionando como veículo de forças ondulatórias eletromagnéticas. Hoje, entretanto, a eletricidade, o magnetismo e a luz estão incluídos no termo “espectro eletromagnético”. Os indivíduos de ciência também não admitem uma linha de demarcação real entre a matéria vivente-orgânica e a inorgânica, embora o ocultista saiba que a diferença esteja situada no Éter de Vida. Para o biofísico, contudo, a vida pertence ao fenômeno eletromagnético. Porém, não é correto correlacionar eletricidade e vida, embora alguns ocultistas o tenham feito. O abandono da “concha” etérica, depois da morte, poderia ser conceituado como uma “segunda morte”. O Ego, porém, muito raramente fica ciente desse processo, pois nessa ocasião sua atenção focaliza-se no “panorama” ou em suas primeiras experiências nos planos internos.
O Éter de Vida é o elemento que, antes de qualquer coisa, mantém a totalidade do corpo durante a vida. Depois da morte, não há algo que imponha a ação desse Éter às moléculas e átomos do organismo. Assim, o corpo se decompõe sob a ação das forças químicas pertencentes à esfera terrestre.
Outra interpretação da “segunda morte” pode ser sugerida pelo fato sucedido quando o Ego ascende das regiões inferiores do Mundo do Desejo, ingressando no Primeiro Céu (região superior do Mundo do Desejo). Sabemos que as alegrias próprias do Primeiro Céu sejam alegrias de ordem pessoal, consistindo na satisfação de todos aqueles desejos bons e inocentes, dos sonhos e aspirações não concretizados na vida terrestre. Isso leva o Ego a tomar a aparência corporal que mais o alegra, ressaltando-se o formato de uma cabeça (que tende a desaparecer rapidamente).
O passo seguinte consiste na entrada no Segundo Céu (Região do Pensamento Concreto), onde há uma espécie de morte, mas de nenhuma forma comparada à mudança de corpos.
É possível a aparição de Egos na Terra, quando ainda estejam no Primeiro Céu para a realização de um propósito especial, revestidos com a aparência dos antigos corpos usados na esfera física. Entretanto, isso raramente acontece após o ingresso no Segundo Céu.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro de 1970)
Resposta: Depois de um tempo mais ou menos longo, chega na vida de cada indivíduo, o momento no qual se completam as experiências que o espírito pôde acumular em seu atual ambiente, e a vida termina com a chamada “morte”.
Essa “morte” pode ocorrer repentinamente, como, por exemplo, devido a um terremoto, no campo de batalha, ou por acidente.
Mas, na realidade, a morte nunca é “acidental”, ou imprevista pelas Forças Superiores. “Nenhum pássaro cai ao solo sem a Vontade Divina”.
Há, no percurso da vida, desvios do caminho, por assim dizer: por um lado a linha principal da existência continua para a frente; o desvio do caminho levará ao que podemos chamar “um beco sem saída”. No caso de o ser humano tomar esse caminho, sua vida em breve terminará com a morte. Estamos aqui com a finalidade de obter experiências, e cada vida tem uma certa colheita a amadurecer. Se organizamos nossa vida de modo apropriado a alcançar esse conhecimento, continuamos vivendo e constantemente nos chegarão oportunidades variadas. Mas, se nos descuidamos delas, e nos deixarmos levar por caminhos que não forem congruentes com o nosso desenvolvimento individual, seria um desperdício de tempo deixar-nos ficar em semelhante atmosfera.
Por isso os Grandes e Sábios Seres que estão por trás do cenário da evolução, encerram a nossa vida, para que possamos recomeçar em um círculo de influência diferente. A lei da conservação da energia não está confinada ao Mundo Físico, senão que opera também nos planos espirituais.
Não há na vida algo que não tenha o seu propósito. Agimos mal em rebelarmo-nos contra as circunstâncias, não importa quão desagradáveis sejam. Pelo contrário, deveríamos nos esforçar por aprender as lições nelas contidas, para que possamos viver uma vida longa e útil. Alguém poderá objetar, dizendo: “Você é inconsequente nos seus ensinamentos. Diz que realmente a morte não existe; que passamos a uma existência mais lúcida e que temos de aprender outras lições lá, numa esfera diferente de utilidade! Por que, então, devemos nos esforçar em viver aqui uma mais longa vida?”.
É certo que fazemos tais afirmações. E elas são perfeitamente consequentes com as afirmações que acabamos de mencionar. Mas há lições que devem ser aprendidas AQUI, e temos de educar nosso corpo físico através dos pouco úteis anos da infância, atravessando o período ardente e impulsivo da juventude, até chegar à maturidade do homem ou da mulher, antes de que esse veículo mostre sua verdadeira utilidade espiritual. Quanto mais tempo vivamos depois de alcançar a maturidade, quando começamos a considerar o lado sério da vida, e começamos realmente a aprender as lições que determinarão o crescimento da nossa alma; quanto mais experiência consigamos acumular, mais rica e proveitosa será a nossa colheita. Depois, em uma existência posterior, estaremos muito mais avançados e capazes de empreender tarefas que estaríamos impossibilitados de realizar numa vida de mais curta amplitude de atividades. Além disso, é muito doloroso para o homem morrer na juventude, com esposas e filhos jovens, a quem ele ama, com ambições de grandeza sem realização, com amigos à sua volta e com interesses todos concentrados sobre o plano material da existência. É triste para o coração da mulher, apegada ao seu lar e aos filhinhos a quem criou, abandoná-los, sem que haja talvez alguém para cuidar deles, sabendo que terão de lutar sozinhos durante todos os anos da infância, quando tão necessários são seus ternos carinhos, ou até vê-los sofrer abusos, sentindo-se incapaz de intervir. Todas essas coisas são tristes e farão o espírito “apegar-se à Terra” por um tempo muito maior do que o comum.
E tudo isso, junto às outras razões anteriormente mencionadas, faz desejável viver-se uma vida bastante longa antes de passar para o além.
A diferença entre aqueles que passam para o além em idade avançada e aqueles que abandonam esta terra na primavera da vida, pode ser ilustrada pela forma em que o caroço de uma fruta se adere à polpa enquanto está verde. É preciso um grande esforço para extrair o caroço de um pêssego verde. Tal é a intensidade com que se adere à fruta que pedaços da polpa ficam presos ao caroço quando ele é extraído à força. Assim também o espírito se prende à carne na metade da vida e uma parte do seu interesse material continua e o retém preso à Terra depois da morte. Por outro lado, quando a vida foi inteiramente vivida, quando o espírito teve de realizar suas ambições, ou comprovar sua futilidade, quando os deveres foram cumpridos e a satisfação se estampa na fisionomia de um homem ou mulher de idade avançada, ou quando a vida foi malbaratada e as dores da consciência surtiram seu efeito no ser humano, apontando-lhe os erros, quando o espírito aprendeu verdadeiramente as lições da vida, como deve acontecer quando se chega à velhice, então pode ser comparado à semente da fruta madura, que salta fora, sem um vestígio de polpa. Assim, pois, repetimos que embora nos esteja reservada uma existência mais brilhante, para todos os que viveram bem, não obstante, é melhor viver uma vida longa e da maneira mais intensa possível…
Também sustentamos: não importa quais sejam as circunstâncias da morte de uma pessoa. Nunca é acidental. Ou foi produzida por suas próprias negligências em aproveitar as oportunidades de crescimento, ou doutro modo, porque a vida foi aproveitada até seu limite possível.
Há uma exceção a essa regra: se vivemos de acordo com o esquema que nos foi traçado, se assimilamos todas as experiências que nos foram designadas pelas Inteligências Criadoras (para o nosso desenvolvimento), deveremos viver o máximo. Mas, geralmente “nós mesmos” abreviamos nossas vidas por não aproveitarmos as oportunidades, podendo também acontecer que “outros seres humanos” interfiram em nossa existência, para abreviá-la ou terminá-la, tão repentinamente como no caso chamado “acidente”. Os Anjos do Destino, valendo-se disso, encerram nossa vida aqui. Em outras palavras, os homicídios, ou acidentes fatais originados pela imprudência humana, são em realidade os únicos fins-de-vida não planejados pelos Guias Invisíveis da humanidade. Jamais alguém foi impelido a assassinar, ou a fazer um outro mal qualquer, pois doutro modo não haveria uma retribuição justa aos seus atos. Cristo disse que o mal deveria acontecer, mas “desgraçado daquele pelo qual o mal se produza”. Para harmonizar isso com a Lei da Justiça Divina,” acrescentamos: “Aquilo que o homem semear, isso também colherá”, devendo haver livre-arbítrio a respeito dos maus atos.
Também há casos em que uma pessoa vive a sua vida de maneira tão proveitosa, ensejando tantos benefícios para a humanidade e a si própria, que verá seus dias prolongados além do limite determinado.
Quando a morte não é repentina, como em casos de acidentes, ocorrendo em casa (ou hospital) em consequência de uma enfermidade, silenciosa e pacificamente, as pessoas moribundas sentem, geralmente, cair sobre elas um manto de grande obscuridade momentos antes do encerramento da vida. Muitos saem do seu corpo sob essas condições, e não voltam a rever a luz até entrar no plano suprafísico.
Porém, existem muitos outros casos, nos quais as trevas se desfazem antes da saída definitiva do corpo. Então o moribundo vê ambos os mundos ao mesmo tempo, estando consciente da presença dos seus amigos, tanto os mortos como os vivos. Sob tais condições acontece frequentemente que uma mãe vê alguns dos seus filhos já falecidos podendo exclamar alegremente: “Oh! — aqui está Joãozinho, aos pés da minha cama; mas como ele cresceu!” Os familiares vivos podem ficar admirados, ou embaraçados; pensando que a mamãe está sofrendo de alucinações. Mas em realidade ela é então mais clarividente do que eles. Vê aqueles que passaram anteriormente para além do véu; e que acodem para lhe dar as boas-vindas; ajudando-a a fim de que se sinta confortada no novo mundo.
Cada ser humano é um indivíduo, separado. E, como as experiências da vida de cada um diferem das de todos os outros no intervalo que vai do berço ao túmulo, assim podemos também racionalmente concluir que as experiências de cada espírito variam das de outro qualquer espírito, quando cruza as portas do nascimento ou da morte. Em continuação, relatamos o que foi transmitido como “mensagem espiritual” pelo falecido professor James, de Harvard, em Boston, na qual descreve o que sentiu quando estava passando o portal da morte. Não podemos atestar sua autenticidade, já que não a investigamos pessoalmente.
O professor James tinha prometido comunicar-se com seus amigos depois de sua morte, e todos os investigadores do psiquismo estavam e ainda estão alertas, esperando receber uma comunicação dele. Diversos sensitivos anunciaram que o professor James havia se comunicado por intermédio deles. Porém a mais notável comunicação foi a apresentada em Boston. Foi a seguinte:
“Se isto é a morte, somente sei que caí adormecido, para despertar na manhã seguinte, e ver que tudo ia bem. Eu não estou morto somente ressuscitei!”.
***
“Senti que fui sacudido fortemente em toda a minha constituição, como se uma forte atadura fosse arrebentada. Por um momento fiquei ofuscado e perdi a consciência. Quando voltei a mim estava de pé, ao lado do meu corpo físico que tão bem e fielmente me serviu. Dizer que fiquei surpreso não indicaria adequadamente a sensação que sobreveio a todo o meu ser. Então compreendi que alguma mudança maravilhosa havia ocorrido.
“De repente, tornei-me consciente de que meu corpo estava rodeado de muitos dos meus amigos e um desejo invencível apoderou-se de mim: falar-lhes e tocá-los, para fazer-lhes saber que eu ainda vivia. “Aproximando-me um pouco mais deles e daquilo que se parecia tanto comigo, e ao mesmo tempo não era eu mesmo, estendi minha mão para frente e toquei-os. Mas eles não me perceberam.
“Então aconteceu que o pleno significado da grande mudança que havia se produzido refletiu-se sobre os meus sentidos novamente despertados. Compreendi então que uma barreira intransponível me separava dos seres queridos e que essa grande mudança era, certamente, a morte. Uma sensação de tristeza e um desejo de descanso apoderou-se de mim. Pareceu-me ser transportado pelo espaço e perdi a consciência, para despertar-me num país tão diferente, e ao mesmo tempo tão estranhamente parecido com aquele que eu, há pouco, deixara atrás. Não me foi possível analisar minhas sensações quando voltei a recuperar a consciência, mas compreendi que, embora morto, eu ainda vivia.
“Quando pela primeira vez tornei-me consciente do meu novo ambiente, repousava em um belíssimo parque, e entendia, como nunca me fora possível, o que significava estar em paz comigo mesmo e com todo o mundo.
***
“Sei que será com a maior dificuldade que serei capaz de exprimir a vocês as minhas sensações quando me apercebi plenamente que havia despertado para uma nova vida. Tudo era silêncio. Nenhum som alterava essa quietude. A escuridão me rodeara. Com efeito, pareceu-me estar envolto por uma densa neblina, e meu olhar não penetrava além dela. Logo mais percebi um fraco resplendor de luz que lentamente se aproximou de mim. Então, para minha surpresa e alegria, distingui a face daquela que fora minha estrela guia nos primeiros dias da minha vida terrena.”
Um dos espetáculos mais tristes que o vidente pode presenciar é o das torturas a que, com frequência, submetemos os nossos amigos moribundos. Isso devido à nossa ignorância quanto à maneira de tratá-los naqueles momentos. Conhecemos a “ciência do nascimento”. Obstetras se especializaram durante muitos anos, desenvolvendo uma extraordinária perícia na assistência ao pequenino forasteiro em sua entrada neste mundo. O engenho de Mentes esclarecidas está focalizado no problema de tornar a maternidade mais fácil: não se poupam trabalhos, nem dinheiro, nesses esforços para a segurança de alguém que nunca vimos. Contudo, quando um amigo de toda a vida, uma pessoa que serviu seu próximo nobremente em sua profissão, seja na sociedade ou na Igreja, está para abandonar o cenário da sua atividade para seguir para outro campo de ação; quando uma mulher que trabalhou com não menos elevado propósito, criando sua família e desempenhando seu encargo nos trabalhos do mundo — tem que deixar esse lar e a família; quando alguém que amamos toda a nossa vida chegou ao momento de despedir-se de nós e dar-nos seu último adeus, então permanecemos ali parados, sem saber absolutamente como ajudá-lo. E talvez façamos exatamente aquilo que é mais prejudicial ao bem-estar e conveniência daquele que está de partida.
Provavelmente não haverá forma de tortura mais comumente imposta aos que morrem do que a que é causada quando administramos estimulantes. Essas drogas têm o efeito de atrair o espírito que ora se retira forçando-o a voltar novamente para dentro do seu corpo, para nele permanecer e sofrer por mais algum tempo. A câmara mortuária deveria ser um lugar da mais absoluta quietude, de paz e de oração (porque desde aquele momento e durante três dias e meio depois o espírito está passando por um Getsemani, e necessitando de todo o auxílio que se lhe possa prestar. O valor da vida que acaba de esvair depende grandemente das condições que então prevaleçam em torno do corpo, e até as condições da sua vida futura serão afetadas pela nossa atitude durante aqueles momentos, de modo que se alguma vez tivemos a pretensão de ser defensores da vida dos nossos irmãos neste mundo, muito mais deveríamos sê-lo na hora da sua morte.
As autópsias, os exames post-mortem, o embalsamamento, ou a cremação, realizados nesse período mencionado, não somente perturbam mentalmente o espírito que se vai como podem até mesmo causar-lhe dor, pois ainda subsiste uma ligeira conexão entre ele e o veículo abandonado.
Se as leis sanitárias julgarem necessária alguma providência para evitar a decomposição, enquanto se espera a hora da cremação, o corpo poderia ser conservado em câmara frigorífica, até que o período de “três dias e meio” seja transcorrido. Depois desse lapso de tempo o espírito já não sofrerá mais, não importa o que possa ocorrer ao seu corpo.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio de 1976)
Resposta: Se todos nascessem com o mesmo temperamento, haveria necessidade de um único caminho para eles. Todos precisariam das mesmas experiências a fim de elevar a sua consciência até a união com Deus. No entanto, como cada um é fundamentalmente diferente de todos os outros, as experiências necessariamente diferem, e certas linhas gerais de orientação revelam-se necessárias a fim de obter os resultados desejados para todos. Por conseguinte, restritamente falando, há tantos caminhos que levam a Deus quanto há espíritos separados em evolução.
De forma geral, podemos dizer que há dois caminhos. Um que leva à união pela fé, e outro que é o caminho da salvação pelo trabalho. Em um certo ponto, esses dois caminhos convergem, e aquele que foi crescendo exclusivamente pela fé, descobre a necessidade de elevar-se também pelo trabalho, enquanto que a pessoa que foi evoluindo pelas obras, independentemente da crença, vê-se compelida pela experiência, pela qual ela está passando, a também ter fé. Uma pessoa pode aprender a falar uma língua estrangeira por meio da gramática e outros recursos similares, embora nunca tenha visitado o país onde essa língua é falada, mas é provável que sua pronúncia torne o que diz ininteligível para um nativo. No entanto, com o auxílio de alguém que já tenha visitado o país, ela poderá aprender de forma muito mais eficiente e em muito menos tempo.
De forma semelhante, isso acontece na vida mística. Alguns progrediram mais que outros, já visitaram a terra da alma e alcançaram a união mística com Deus, e o seu auxílio é de valor inestimável para aqueles que estão se esforçando por trilhar o caminho. Tendo chegado antes, são capazes de dirigir de forma inteligente aqueles que buscam elevar-se, embora esses, naturalmente, devam percorrer cada passo do caminho. Os degraus a serem galgados durante o caminho representam o que chamamos de Iniciação. Uma ilustração ajudará a esclarecer o assunto. Suponhamos que Deus se encontre no cume de uma montanha muito elevada, e que a humanidade esteja espalhada pela planície embaixo. Caminhos espiralados circundam a montanha desde o sopé até a meta almejada no cume. Esse é o caminho da evolução seguido pela maioria da humanidade que gradualmente galga as encostas íngremes em direção ao cume sem esforço perceptível. Contudo, há também uma escada que conduz diretamente da base até o topo. Esse é o caminho da Iniciação que é escalado somente através de um grande esforço consciente.
O caminho em espiral da evolução passa em pontos diferentes pela escada da Iniciação. Desse modo, alguns que ainda estão avançando pelo caminho da evolução, os pioneiros, por exemplo, podem estar mais à frente em direção à verdade do que aqueles que seguem ao longo do caminho da Iniciação a partir de uma espiral inferior. Mas os últimos, naturalmente, logo alcançarão um ponto mais elevado se perseverarem. As raças mais atrasadas do Oriente iniciaram seu caminho evolutivo num ponto inferior àquele já alcançado, através da evolução, pelos pioneiros do Ocidente. Sendo mais jovens, portanto, mais fracos, é realmente necessário que tenham um Mestre para ajudá-los na primeira parte da estrada acidentada, o que não é necessário àqueles que atingiram o estágio comum evolutivo dentre os povos Ocidentais. Além disso, quanto mais alto subirmos, seja por evolução ou Iniciação, tanto mais claramente veremos a luz que brilha no topo, que é Deus, e sentir-nos-emos mais fortalecidos e aptos para enfrentar e galgar sozinhos o caminho.
Em consequência disso, após um certo tempo, torna-se desnecessário ter Mestres para ajudar-nos, que serão substituídos pelos Irmãos Maiores conhecidos no Ocidente como amigos e conselheiros. O Mestre do Oriente incita seu discípulo, elogia-o quando age certo, e castiga-o quando é negligente. No Ocidente, os Irmãos Maiores nunca incitam, nunca elogiam e nunca censuram. O impulso vem de dentro do próprio discípulo que é ensinado a avaliar-se. Em certos estágios do caminho, eles pedem-lhe que escreva opiniões imparciais sobre a própria conduta, para que perceba até que ponto aprendeu a julgar-se corretamente. Assim, em todos os aspectos, eles instruem o discípulo a caminhar sozinho, sem apoiar-se neles ou depender de alguém. Quanto mais alto atingirmos, piores serão as consequências de uma queda, e somente quando cultivarmos o equilíbrio e a autoconfiança, juntamente com o fervor da devoção, é que estaremos realmente aptos para prosseguir.
Com relação a essas iniciações: não há qualquer tipo de cerimônia relacionada à verdadeira Iniciação. O cerimonial complexo das ordens pseudo-ocultas, de ordens fraternais ou de igrejas, como as que são vistas hoje no mundo visível, não se assemelham em nada à verdadeira Iniciação. Essa não ocorre nunca no reino físico, e não há nenhuma cerimônia vinculada a ela.
Tampouco consiste em um ritual lido por alguém, em palestras, pregações ou algo semelhante. Nenhuma palavra é proferida durante o processo. Sei que isso é verdade nos graus inferiores por ter eu mesmo passado por ele, e não seria lógico supor que tais cerimônias fossem realizadas nos graus superiores. Além disso, tendo conversado com Irmãos Leigos que alcançaram graus mais elevados, a verdade dessa suposição é corroborada por eles.
Em decorrência, podemos entender a razão pela qual os segredos da verdadeira Iniciação não podem ser revelados. Não é uma cerimônia externa, mas uma experiência interna. O Iniciador, tendo evoluído à consciência pictórica externa do Período de Júpiter, fixa a sua atenção em certos fatos cósmicos, e o candidato, que se tornou apto para a Iniciação por ter desenvolvido certos poderes internos em si (os quais, contudo, estão ainda latentes), assemelha-se a um diapasão soando em consonância com a vibração das ideias emitidas pelo Iniciador através de imagens. Portanto, ele não somente é capaz de ver as imagens — qualquer um poderia vê-las — mas é capaz de responder à vibração. Ao vibrar em resposta ao ideal apresentado pelo Iniciador, seu poder interno latente converte-se em energia dinâmica, e a sua consciência é, então, elevada ao grau seguinte da escada da Iniciação.
Isso pode parecer confuso à primeira vista, mas se lerem e relerem o que acima foi exposto, absorverão a ideia e entenderão melhor o que seja uma Iniciação na descrição mais acessível que pudemos fazer para quem ainda não a tenha experimentado. Não existe nada de secreto que não possa ser revelado, mas é secreto justamente porque não há palavras físicas inventadas até hoje que possam descrever adequadamente uma experiência espiritual em linguagem concreta. É verdade que a Iniciação ocorre num templo particularmente apropriado às necessidades de um determinado grupo de indivíduos que vibrem numa determinada oitava, e lá também há outros presentes. Contudo, reitero que não é o que essas pessoas possam dizer ou fazer que constitui a Iniciação, que é uma experiência interna por meio da qual os poderes latentes que amadureceram internamente são transmutados em energia dinâmica.
Vejamos, agora, a diferença entre a Iniciação que obedece à linha ocultista e a Iniciação mística. Percebemos logo, mediante tudo que foi exposto desde o começo, que elas são, e devem ser, exatamente opostas.
O ocultista, que experimenta a Iniciação sob o aspecto intelectual, vê a conexão das causas espirituais com fatos materiais, enquanto a consciência do místico, que recebeu os fatos espirituais, tem seu conhecimento dirigido para a conexão desses fatos com os efeitos do plano material. Tudo isso com o intuito de fundir ambos os aspectos e permitir que o ser humano se desenvolva normalmente. As iniciações Rosacruzes, tendo sido destinadas aos atuais pioneiros da humanidade, esforçam-se por fundir o místico com o oculto. Contudo, visto que o mundo Ocidental desenvolveu mais o intelecto em detrimento dos sentimentos, um pouco mais de ênfase é colocada talvez no aspecto místico. Aqui, os Irmãos Maiores orientam sempre os seus discípulos a olhar para Cristo. Embora os autênticos Mestres Orientais sejam também muito devotados ao serviço da humanidade, não podem orientar seus discípulos da mesma forma, pois, do ponto de vista do aspirante Oriental, a Luz de Cristo está ainda invisível. Por isso, são forçados a ensinar os seus tutelados a fazer exatamente o que disserem e, com o decorrer do tempo, quando atingirem nosso nível, Cristo também aparecerá a eles.
(Pergunta nº 70 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. II)
Pergunta: Como um Iniciado pode criar um novo Corpo adulto, pronto para ser usado, antes de abandonar o antigo?
Resposta: O consulente compreenderá que não é pelo fato de alguém ter-se tornado ciente dos Mundos invisíveis e talvez ter aprendido a atuar no Corpo-Alma, que isso o torne capaz de realizar esse feito. Isso requer um desenvolvimento espiritual vastíssimo, e somente aqueles que estão muito evoluídos atualmente conseguem realizar essa proeza. No entanto, diz-se que o método é o seguinte:
Quando o alimento é ingerido por uma pessoa, seja ele Adepto ou ignorante, a lei de assimilação o levará primeiro a absorver cada partícula e integrá-la ao seu próprio ser. Deve subjugar e conquistar a vida celular individual antes que ela se torne parte do seu Corpo.
Quando isso é feito, a célula permanece com ele por um tempo mais longo ou mais curto, de acordo com a constituição e o lugar na evolução da vida que habita nele. A célula composta de tecido e que foi antes incorporada num Corpo animal, além de ter sido interpenetrada por um Corpo de Desejos, tem a vida mais evoluída. Em consequência, ela reafirma-se rapidamente, e abandona o Corpo que a tinha assimilado.
Disso resulta que uma pessoa que segue uma alimentação carnívora precisa reabastecer-se com alimentos mais frequentemente. Tal matéria não seria adequada ao propósito de construir um Corpo que terá de esperar um certo tempo antes que o Adepto o ocupe. Uma alimentação constituída de legumes, frutas e nozes, principalmente quando estão maduras e frescas, é interpenetrada por uma grande quantidade do Éter que compõe o Corpo Vital da planta. São muito mais fáceis de ser absorvidas e incorporadas à constituição do Corpo. Além disso, permanecem aí muito mais tempo antes que a vida celular individual se autoafirme. Por conseguinte, o Adepto que desejar construir um Corpo pronto para ser usado antes de deixar o antigo, naturalmente o formará por meio de vegetais frescos, frutas e nozes que serão ingeridas pelo Corpo que usa diariamente e onde ficarão sujeitas à sua vontade — uma parte de seu ser.
O Corpo-Alma de tal homem ou mulher é naturalmente muito volumoso e muito poderoso. Ele retira uma parte dele, e faz um molde ou matriz no qual acrescenta diariamente partículas supérfluas para a nutrição do Corpo que está usando. Assim, aos poucos, tendo assimilado um considerável excedente de material novo, ele também pode retirar material do veículo que está usando e incorporá-lo ao novo Corpo. Gradualmente, com o passar do tempo, ele transmuta um Corpo em outro. Ao chegar ao ponto em que o velho Corpo está tão debilitado que é notado pelo Mundo externo, causando comentários, ele já deverá ter equilibrado a matéria de tal forma que o novo Corpo esteja pronto para ser usado. Ele pode sair do antigo e entrar no novo. Mas, ele não faz isso simplesmente com o propósito de continuar a viver na mesma comunidade. É-lhe possível, em razão do seu grande conhecimento, usar o mesmo Corpo durante muitos anos de maneira que continuaria a parecer jovem, pois esse Corpo não está sujeito ao desgaste causado por nós, simples mortais, pelas paixões, emoções e desejos.
Contudo, quando cria um novo Corpo, segundo consta ao autor, é sempre com o propósito de abandonar o meio em que vive e empreender o seu trabalho num novo ambiente.
Eis a razão pela qual ouvimos falar sobre homens como Cagliostro, St. Germain e outros, que apareciam um dia num determinado lugar, executavam uma missão importante e desapareciam. Ninguém sabia de onde vinham ou para onde iam, mas todos os que os conheceram prontificaram-se a testemunhar sobre suas notáveis qualidades, seja com o propósito de difamá-los ou louvá-los.
Os Irmãos Maiores ensinam que Christian Rosenkreuz tem um Corpo físico, ou talvez uma série de Corpos que usou continuamente desde que a Ordem foi fundada no século XIV. Mas, embora o autor tenha falado com vários Irmãos Leigos de alto grau, nenhum deles jamais admitiu ter visto Christian Rosenkreuz. Todos nós sabemos que ele é o décimo terceiro membro da Ordem e é sentido nas reuniões do Templo como uma presença, mas não é visto nem ouvido, segundo testemunho de todos que o autor teve a ousadia de questionar.
A maneira pela qual os Irmãos Maiores se referem ao seu chefe ilustre foi sempre reticente, e pareceria ser uma curiosidade excessiva perguntar qualquer coisa além daquilo que estão dispostos a responder. Sabemos, contudo, que o seu trabalho está relacionado com o governo do mundo. Embora não sejamos capazes de apontar qualquer personagem no atual palco mundial como sendo este grande Espírito, temos certeza que ele está aqui, executando a sua tarefa. Conta-se que ele usou a vestimenta de uma dama da Corte Francesa anterior à revolução e trabalhou árdua e honestamente para impedir aquela catástrofe iminente, ainda que sem sucesso.
Embora acreditemos na verdade desse fato, é apenas um indício. Se tivéssemos que indicar esse grande líder atualmente, iríamos encontrá-lo exercendo mais o poder atrás do trono em algum lugar, do que como titular de um dos cetros do poder no mundo de hoje.
(Perg. 69 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Pergunta: Os Arcanjos trabalham com a humanidade? Se isso é verdade, como e com o que se parecem?
Resposta: Sim, os Arcanjos trabalham com a humanidade. Aparecem a todos aqueles que os podem ver como seres poderosos de dimensões variadas, irradiando grandes correntes de força colorida. Em algumas ocasiões aparecem dentro de uma formação nebulosa.
Cada nação (com raras exceções) possui um Espírito de Raça, um Arcanjo, que à vista espiritual aparece como uma nuvem envolvendo e permeando a atmosfera do país habitado pelo povo que se encontra sob o seu domínio. Observa-se tal domínio quando o Espírito de Raça exerce um controle sobre a laringe e os pulmões de cada ser pertencente àquela comunidade particular. As cordas vocais vibram dentro da sua nota peculiar, o que faz com que o idioma de uma nação difira do de outra.
É em resposta à vibração dos Espíritos de Raça que os laços de nacionalidade unem os povos de uma nação num propósito comum, não somente entre si, como também em relação à terra que habitam. Esse laço é conhecido como patriotismo. Esses Espíritos Arcangélicos são os árbitros do destino de seus povos, tanto sob o aspecto espiritual como político e industrial.
Os Arcanjos operam na reflexão do impulso espiritual vindo do Sol sobre a humanidade, sob a forma de Religião de Raça e por isso são aptos no manejo dessas forças solares, agindo diretamente sobre o Corpo de Desejos no sentido de restringir suas tendências malévolas.
Esses excelsos seres dirigem correntes de força espiritual de tal forma que limitam a ação individual por intermédio do medo ou impelem atos de coragem. Entretanto, seu trabalho sobre a humanidade tem uma finalidade benéfica.
A liberdade individual é exígua nos países onde se observa um acentuado poder do Espírito de Raça. Por outro lado, quanto mais avançada é uma nação, tanto maior é a prerrogativa de livre-arbítrio de seus concidadãos.
Os Arcanjos são os auxiliares de Jeová (o Espírito Santo), hábeis manipuladores das forças espirituais solares. Seu veículo de expressão inferior é o Corpo de Desejos. Eis porque preparam a humanidade para receber diretamente essas forças sem a intervenção lunar. Essa tarefa cabe ao Cristo, como o mais alto Iniciado do Período Solar.
(da Revista Rays from the Rose Cross – Publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro-1970)
Pergunta: Se a mulher, que possui o Corpo Vital positivo, atingir um ponto evolutivo que lhe permita escolher um corpo, e ela escolher um Corpo Denso positivo, onde será contrabalançada a parte negativa?
Resposta: Para esclarecer melhor, precisamos compreender primeiramente que homem e mulher são designações que se aplicam apenas ao Corpo Denso, pois o sexo não se expressa da mesma maneira nos veículos superiores. Fixem firmemente a ideia que o Espírito que se manifesta nos corpos de ambos os sexos, que chamamos masculino e feminino, é assexual. No entanto, duas características do Espírito são particularmente postas em evidência quando ele cria seus veículos: vontade e imaginação, positivo e negativo, e eles manifestam-se, respectivamente, como masculino e feminino quando o Espírito alcança o Mundo Físico e constrói o corpo no qual atuará sob a orientação divina das Hierarquias Criadoras. O Espírito expressa alternadamente vontade e imaginação, para que se desenvolvam igualmente ao manifestarem-se em corpos masculinos e femininos. O equilíbrio, sendo imperfeito, é restabelecido ao receber um Corpo Denso positivo juntamente com um Corpo Vital negativo, e vice-versa.
Finalmente, quando chega o momento em que o Espírito — após ter passado pela escola da vida aprendendo suas lições — atinge um grau de evolução tão elevado que consegue um perfeito autocontrole ou harmonia, torna-se desnecessário garantir o pleno equilíbrio através das polaridades opostas no corpo. Então, o Espírito pode e toma para si um Corpo Vital positivo e um Corpo Denso positivo. Isso acontece com a maioria dos Iniciados, exceto quando, por razões especiais, eles acham vantajoso usar um Corpo Denso negativo. No entanto, em todo Iniciado o Corpo Vital é sempre positivamente polarizado, pois isso o torna um instrumento melhor e mais receptivo às vibrações oriundas do Espírito de Vida, do qual o Corpo Vital é uma contraparte.
(Perg. 71 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Pergunta: É possível ser Iniciado em outro plano sem passar antes por uma Iniciação correspondente no plano físico? Nesse caso, a lembrança da Iniciação, no primeiro despertar, seria uma indicação que esta se realizou, ou isso não passaria de um sonho?
Resposta: A humanidade, como um todo, está progredindo através de um processo que chamamos de evolução da impotência para a onipotência. Durante essa peregrinação, nós, que fomos outrora totalmente espirituais, cristalizamo-nos gradualmente nos vários veículos que possuímos hoje. Naqueles dias do passado éramos inteiramente conscientes no plano espiritual, e embora no tempo devido nos tenhamos envolvido num corpo físico, não o sabíamos. No entanto, gradualmente, alguns tornaram-se conscientes do corpo físico. Como diz a Bíblia: “Eles olharam-se, seus olhos foram abertos e viram que estavam nus”. Esses pioneiros, que haviam sido assim Iniciados no mistério do corpo físico, começaram a dizer aos outros: “Nós temos um corpo”. No início, é natural que muito poucos acreditassem neles, mas, gradualmente, um maior número se tornou Iniciado no mistério do corpo. Eles receberam sua visão física, e viram algo que não era tão patente aos seus irmãos. Finalmente, toda a humanidade desenvolveu os sentidos físicos e tornou-se capaz de perceber o mundo material no qual vivemos hoje.
Atualmente acontece o contrário. A humanidade tornou-se tão apegada ao mundo material, que a grande maioria não se conscientiza da existência de seus veículos superiores e do fato de existir um mundo espiritual, que pode ser percebido através de um sexto sentido que já foi desenvolvido por poucos, mas que está latente na maioria das pessoas. Estes pioneiros que, por meio do desenvolvimento de um sexto sentido, se tornaram Iniciados no mistério da alma, estão agora ocupados em difundir para os outros as boas notícias, isto é, que temos uma alma e um sentido latente para percebê-la.
Esta explicação deveria tornar claro que a Iniciação consiste, até certo ponto, em ajudar alguém que não tenha sido previamente capaz de perceber o mundo espiritual, a mudar a sua consciência a fim de poder focalizá-la à vontade na parte invisível do ser humano que denominamos alma, e manter perfeita consciência de tudo que vê.
Isso é verdade, pelo menos no que diz respeito ao processo espiritual de Iniciação. Naquela longínqua Época Lemúrica, quando os primeiros pioneiros descobriram que tinham um corpo, não podiam ajudar ninguém que não estivesse preparado a participar de uma cerimônia por mais elaborada que ela fosse; a elevação a ser obtida pela Iniciação consistia na abertura dos olhos e na percepção do corpo físico no mundo físico. Da mesma forma, não adiantará passar por cerimônias desde manhã até à noite, ou estudar o livro deste ou o método daquele homem. O objetivo é desenvolver o sexto sentido, por meio do qual o mundo invisível e os veículos invisíveis do homem possam ser percebidos. Este é um lento processo de crescimento, e exige que a pessoa se transforme em algo que não é no momento.
O melhor método de despertar este sentido latente, apropriado para o Mundo Ocidental, está indicado no “Conceito Rosacruz do Cosmos” sob o título: Método para Adquirir o Conhecimento Direto, como também no artigo intitulado Visão e Percepção Espiritual, Seu Cultivo, Controle e Uso Correto. Quando a vida física de uma pessoa a tornou apta para a Iniciação, o Mestre sempre aparece no seu caminho enquanto ela está completamente desperta e em plena consciência física. O candidato é informado que desenvolveu um veículo necessário para atuar no mundo invisível, é-lhe oferecida ajuda para efetuar a primeira ou transição “inicial” com segurança.
Esta é uma oferta que poderá ser recusada se o candidato assim o desejar, e nenhum dos Irmãos Brancos o pressionaria contra a sua vontade, se ele não quiser ir. Certos preparativos físicos são necessários e, durante todo o processo, desde o momento em que abandona o corpo até o retorno, o candidato permanece plenamente consciente e tem uma lembrança ininterrupta de tudo o que ocorre. Portanto, é impossível a alguém que tenha realmente passado por um processo da Iniciação, duvidar dele ou pensar que tenha sido um sonho.
(Perg. 67 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Pergunta: Como os registros na Memória da Natureza aparecem à visão espiritual? Como os atos da vida anterior de uma pessoa são representados?
Resposta: Isso depende de onde se leia na Memória da Natureza. No Éter Refletor existem imagens de tudo que aconteceu no mundo, num período de, pelo menos, várias centenas de anos atrás, talvez muito mais em certos casos. Aparecem semelhantes a imagens projetadas numa tela, com a diferença que as cenas se desenrolam em sentido contrário. Portanto, se desejarmos estudar a vida de Lutero ou de Calvino na Memória da Natureza, podemos, por meio da concentração, evocar quaisquer pontos de suas vidas e daí começar mantendo a cena com a qual iniciamos a observação ou outra cena qualquer, pelo tempo que desejarmos pela simples vontade de a contemplar. No entanto, descobriremos que a película se desenrola para trás, assim, se começarmos com a cena em que Lutero, segundo consta, lançou o tinteiro contra a parede a fim de expulsar sua Majestade Satânica, e se quisermos saber o que aconteceu depois disso, nada conseguiremos. Passarão diante de nós todas as cenas ocorridas anteriormente e, para conseguir a informação desejada, deveremos começar a partir de um ponto posterior ao tempo daquele acontecimento. Então as cenas desenrolar-se-ão de frente para trás, numa sequência ordenada, até que cheguemos ao episódio do tinteiro e, em consequência, poderemos mais tarde reconstituir a cena completa da forma progressiva que se obtém diária e habitualmente na vida física.
Contudo, se lermos na Memória da Natureza no reino superior seguinte, onde o registro é guardado, ou seja, na subdivisão mais elevada da Região do Pensamento Concreto, obteremos uma visão consideravelmente diferente. Ao concentrarmos o pensamento em Lutero, evocaremos em nossa Mente, de uma só vez como num lampejo, o registro completo de sua vida. Não haverá começo nem fim, mas experimentaremos imediatamente o aroma ou a essência de toda a sua existência. Esse filme — ou pensamento ou conhecimento — não estará localizado fora de nós como se fôssemos simples espectadores assistindo a vida de Lutero. Na verdade, ele estará dentro de nós, e nós nos sentiremos como se fôssemos realmente Lutero. Esse filme falará à nossa consciência interna e dar-nos-á um entendimento completo da vida e dos objetivos dele, o que não poderia ser adquirido através de uma simples visão externa. Saberemos o que ele sabia durante algum tempo. Sentiremos o que ele sentiu e, embora não haja emissão sonora, obteremos um profundo conhecimento desse homem desde o berço até o túmulo.
Cada pensamento e ato, por mais íntimos e ocultos que tenham sido, chegarão ao nosso conhecimento com todos os seus motivos e tudo que os ocasionou. Isso nos levará a uma compreensão mais ampla da sua vida, um entendimento tão íntimo que, provavelmente, nem ele próprio, durante a sua vida, imaginou a extensão do conhecimento que teríamos dele.
Podemos pensar que, tendo adquirido um conhecimento tão profundo e completo sobre Lutero, Calvino, Napoleão ou qualquer outro ser humano, acontecimento histórico ou até pré-histórico antes da história ser escrita, seríamos capazes de escrever livros que explicariam todas essas coisas de maneira maravilhosa. Os que tentarem ler a Memória da Natureza, conforme ela se apresenta nessa Região elevada, confirmarão a declaração do autor, que foi exatamente isso que sentiram quando deixaram a pesquisa e voltaram para a sua consciência cerebral comum. No entanto, o pensamento deve se manifestar através do cérebro e, para se tornar inteligível para os outros, deve ser traduzido em frases que contenham e desenvolvam consecutivamente as ideias a serem expostas, e ninguém que ainda não tenha sentido esta limitação ao voltar do Mundo Celestial com informações tão valiosas, pode avaliar o desapontamento e o desespero que a pessoa sente ao fazer esse esforço. Nessa subdivisão elevada da Região do Pensamento Concreto, todas as coisas estão incluídas num eterno aqui e agora. Não há tempo nem espaço, começo nem fim, e é quase impossível ajustar ordenadamente as ideias sobre o que lá foi visto, ouvido e sentido. Parece simplesmente que o cérebro se recusa a deixar filtrar essas ideias. Nós, que temos visto e ouvido, sabemos o que vimos e ouvimos, mas somos incapazes de expressá-lo. Não há idioma ou língua humana que possa traduzir essas coisas de maneira adequada e só podemos transmitir aos outros uma fraca impressão, uma sombra atenuada da gloriosa realidade.
Há ainda outro registro da Memória da Natureza no Mundo do Espírito de Vida que, segundo os Irmãos Maiores da Rosacruz, abrange os eventos que remontam aos primórdios da nossa atual manifestação. São tão sublimes, tão maravilhosos que não encontramos palavras que possam descrevê-los. Há muitos mistificadores que se enganam a si mesmos e aos outros, julgando que são capazes de ler esse registro, mas, segundo os Irmãos Maiores, somente eles próprios e outros Hierarcas de outra Escola de Mistérios, juntamente com os Adeptos que se graduaram nessas instituições, são capazes de ler esse registro.
(Perg. 66 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Pergunta: No Conceito Rosacruz do Cosmos, Capítulo III — subtítulo O Segundo Céu -, consta que a faculdade de percepção do espaço está ligada ao delicado ajustamento dos três canais semicirculares no ouvido, apontando nas três dimensões do espaço. O pensamento lógico e a capacidade matemática estão em proporção da precisão do seu ajustamento.
Parece que a percepção da quarta dimensão foi alcançada por matemáticos de nível muito superior. Poderiam dizer-me se há alguma mudança na disposição desses canais semicirculares, ou qual é o processo que leva à consciência da quarta dimensão?
Parece também que os espíritos da natureza e os elementais possuem esta consciência da quarta dimensão, o que representa um grau de consciência mais elevado daquele que temos agora, e isso se aplica possivelmente à abelha ou aos cavalos Elberfeld[1]. Poderiam indicar o elo perdido? O que torna o ser humano ou a humanidade superior a esses seres, e qual é a disposição desses canais semicirculares no caso das abelhas e desses cavalos talentosos?
Resposta: Para a maioria da humanidade, os algarismos são excessivamente tediosos, pois estamos acostumados a viver uma vida externa entre outras pessoas e amigos, com os quais expressamos os nossos desejos, sensações e emoções. Quanto mais esses sentimentos são intensos, mais interessantes achamos a vida. Por outro lado, coisas que não causam qualquer emoção são tidas como monótonas e desinteressantes. Por essa razão, a maioria não é atraída pela matemática ou por qualquer outra coisa que aguce a Mente sem que, ao mesmo tempo, desperte a natureza emocional.
Sabemos que Deus geometriza, que todos os processos da natureza estão estruturados sobre cálculos sistemáticos que provam a existência de uma Inteligência Superior. Quando Deus, o grande Arquiteto do Universo, construiu o mundo todo sobre linhas matemáticas, podemos concluir que, consciente ou inconscientemente, o matemático está alcançando uma direção em que finalmente ver-se-á face a face com Deus, e isso, por si mesmo, mostra uma expansão de consciência. Se considerarmos que cada um dos canais semicirculares é realmente um nível supersensível do espírito — ajustado de maneira a indicar à nossa consciência o movimento do nosso corpo através do comprimento, largura ou profundidade do espaço — podemos facilmente entender que o seu presente ajuste é necessário para a percepção do espaço. Se esses canais são bem ajustados, a percepção da pessoa é perfeita e, se ela empreender o estudo da matemática, as suas teorias estarão em concordância com o que ela vê no mundo como fatos reais. Em algumas Mentes elevadas, isso gera um verdadeiro amor pelos algarismos, o que se torna um fator de descanso para essas pessoas, ao invés de serem uma fonte de cansaço como o são para a maioria. O amor pelos algarismos pode despertar nelas as faculdades espirituais latentes, mas não através de qualquer mudança nos canais semicirculares. Esses são estruturas ósseas e não mudam facilmente durante o período de nossa vida. No entanto, não há dúvida que aquele que possuir gosto pela música ou pela matemática irá construir esses canais mais acuradamente no Segundo Céu, no período compreendido entre a morte e um novo nascimento.
Quanto à consciência dos elementais ou dos espíritos da natureza, realmente eles possuem o que pode ser chamado consciência da quarta dimensão. Além da altura, largura e comprimento, que são as dimensões do espaço no mundo físico, há o que denominamos “interpenetração” nos Éteres. Com a visão etérica podemos ver dentro de uma montanha e, se tivermos um Corpo Vital como possuem os espíritos da natureza, podemos atravessar a mais dura rocha de granito. Esse não oferecerá qualquer obstáculo, da mesma forma que o ar não impede a nossa marcha aqui, embora, muitas vezes, sejamos perturbados pelos ventos. Contudo, mesmo entre os espíritos da natureza há diferentes entidades e uma correspondente variação de consciência.
Os corpos dos Gnomos são feitos principalmente do Éter Químico, portanto, são do solo da terra. Ninguém os vê voando como voam as Sílfides. Eles podem ser queimados no fogo e envelhecem de maneira não muito diferente da dos seres humanos.
As Ondinas que vivem na água e as Sílfides no ar são também mortais, mas sendo os seus corpos compostos, respectivamente, dos Éteres de Vida e Luminoso, têm uma longevidade maior. Acredita-se que os Gnomos não vivam mais do que algumas centenas de anos, as Ondinas e as Sílfides milhares de anos, e as salamandras, cujos corpos são feitos principalmente do quarto Éter, viveriam muitos milhares de anos. Contudo, a consciência que constrói e anima esses corpos pertence a várias Hierarquias Divinas que, dessa maneira, adquirem experiência adicional, e as formas, que foram construídas de matéria e depois animadas, atingiram um grau de autoconsciência durante essas longas existências. Eles percebem sua própria existência transitória, e é devido à sua rebeldia contra esse estado de coisas, que a guerra dos elementos, principalmente as do fogo, do ar e da água é travada. Julgando que são mantidos em cativeiro, procuram libertar-se das amarras pela força, mas, não possuindo nenhum estilo de direção, investem furiosamente de uma maneira destrutiva que resulta muitas vezes em grandes catástrofes.
A consciência dos Gnomos é vagarosa demais para tomarem a iniciativa, mas eles tornam-se frequentemente cúmplices dos outros espíritos da natureza ao abrir passagens que favorecem explosões na rocha. No entanto, isso não tem nenhuma ligação com os cavalos Elberfeld ou com outros animais prodígios. Esses são os pupilos dos seus respectivos Espíritos-Grupo, e é provável que seja a última vez que renasçam numa forma animal.
Quando isso acontece, tais Espíritos são relegados ao Caos, onde devem esperar durante a Noite Cósmica por seus irmãos menos dotados até a época em que lhes será possível iniciar a sua evolução humana no Período de Júpiter.
(Perg. 65 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
[1] N.R.: Os célebres cavalos Muhamed e Zarif deixaram a sociedade parisiense atônita no início do século XX, quando através de um alfabeto convencional conversavam com o seu dono, rico comerciante de Elberfeld, distrito de Wuppertal, na Alemanha; além de executarem difíceis cálculos matemáticos, inclusive raízes quadradas e cúbicas.