Você tem qualidades para renovar o mundo?
O verdadeiro renovador não é aquele que agride os outros acusando-os de todas as falhas; que descarrega sobre os ombros alheios a responsabilidade de todas as coisas; — que permanece na parte externa dos acontecimentos.
Não. O verdadeiro renovador, se sente – ele mesmo – igreja, fraternidade, sociedade, “os outros”, comprometido com a vida até suas últimas consequências. Não se evade, colocando culpa nas estruturas e obstáculos para uma realização.
O verdadeiro profeta está disposto a dar a vida pela causa comum e sabe que as estruturas por quanto inadequadas e injustas, não o impedem de amar e doar-se totalmente. Conta-se que o Capitão Cortés, ao chegar ao México, queimou os navios, para externar com esse seu gesto que não era possível voltar para trás. O autêntico renovador não foge da situação, mas a enfrenta com espírito de total disponibilidade.
Que se deve, então, fazer? Devemos ser os pioneiros de um mundo novo, de uma sociedade melhor do que aquela em que vivemos. Somos chamados a fazer coisas que vão além da lógica e da psicologia.
Dar aos outros todo o nosso tempo e toda nossa vida, não é lógico, nem psicologicamente possível, e, no entanto, isto não é uma utopia.
O renovador é um ser humano de vitalidade ascendente, isto é, um ser humano que onde se encontra, leva a vida, a alegria, embora muitas vezes tenha que dizer: Não. E o diz com tanto amor, que também nesse caso, comunica um sentido de grandeza e elevação. Seu oposto é o ser humano de vitalidade descendente, isto é, a pessoa que trata as coisas de cima para baixo. Mesmo num ato generoso, deprime.
É muito importante ser consciente da dialética entre vida e morte, abraço e repulsa, alegria e tristeza.
Hoje nós conhecemos por dentro o problema da guerra, da fome, da alienação, do vazio existencial, mas exatamente porque desejamos ser renovadores, julgamos que a vida é mais bela do que a morte, que é melhor construir que destruir, melhor amar que odiar, melhor a alegria do que a tristeza.
Essa é a primeira característica da espiritualidade de um renovador.
Não tenho confiança nas pessoas e nos grupos que vivem a renovação em um clima de agressividade e de amargura, jogando pedra em todo mundo.
Além disso tudo, o verdadeiro renovador deve ser um poeta para criar um mundo novo. Mais do que burocráticos e organizadores, precisamos de poetas. Falando isso não quero dizer que se deva desconhecer a necessidade da ciência, da técnica e da organização. Quero dizer que se o fogo da poesia não aquecer tudo isso, estará condenado à atrofia.
Que risco corre quem se torna autoridade? Uma pessoa planificada, escrava da engrenagem burocrática, sem asas para idealizar e prever o mundo do futuro. Essa doença enfraquece todas as instituições de nossa sociedade.
Daí a necessidade de, em todos os níveis de nosso mundo político, social, econômico, eclesiástico, criarem-se grupos de pessoas que sonhem com novas fronteiras. Erra quem ri dos contemplativos, isto é, daqueles que se deixam atrair pelas estrelas, pelo sol, pelo fio da erva, pelo canto dos passarinhos… daqueles que colhem os sinais dos tempos.
Hoje temos necessidade de artistas, de músicos, de poetas, de pessoas que olhem para mais longe. Os técnicos valorizarão as ideias deles. Por que os jovens de nossos tempos gostam da música? É evidente: existe nela a visão de um mundo completamente novo.
Uma terceira característica do renovador é ser existencialmente empenhado. Deve ser uma pessoa disposta a perder tudo, sem nenhum compromisso; a dar-se inteiramente e para sempre; uma pessoa com a qual se pode contar, porque não é ligada a ninguém e a nada, porque não procura fazer carreira, nem visa lucro, nem a própria promoção. É toda empenhada em realizar um novo céu e uma nova terra, uma nova sociedade, uma nova igreja. Por isso se empenha em conhecer os outros pelo nome. A sociedade do futuro não será uma sociedade anônima. Sinto-me humilhado quando me encontro com alguém que conheço e não me lembro o nome. Um conhecimento desse tipo não é possível se a sociedade não se estrutura, desde a base, de um modo humano.
Ocorre fazer a experiência de fraternidade com um pequeno grupo para vivê-la em todas as circunstâncias. Não se pode prescindir dessa experiência se se quiser chegar a uma verdadeira renovação.
Não se é renovador se não se decide a esquecer a si mesmo e a procurar o outro, acolhendo-o no mistério de sua interioridade. O verdadeiro renovador se empenha também no diálogo. O que é o diálogo? Dialogar é ver o mundo com os olhos do outro, é dar ao outro os meus olhos para que também o possa olhar. Não é falar um depois do outro, mas é dizer um ao outro: “por favor, você me dê seus olhos”. “Você” vê coisas que ainda não vi, conhece regiões, pessoas que eu não conheço. E você os viu numa perspectiva diferente da minha e participou dos acontecimentos de modo diferente. É maravilhoso ver o mundo com os olhos dos outros. O renovador é aquele que se decide a amar. É fazer um “nós” com os outros. É muito triste encontrar um pseudoprofeta que fala da religião, dos povos subdesenvolvidos como de terceira pessoa. O verdadeiro renovador é aquele que descobriu o “nós” ao nível do ser e do fazer. Cometemos um grave pecado instaurando um desencadear sem fim de racismos: aqui, ricos; lá, pobres. Aqui os brancos, lá, os negros. Aqui os do Norte, lá; os do Sul. Aqui os progressistas, lá; os conservadores.
Quando, nas fronteiras, me pedem o passaporte, sinto todo o ridículo da situação.
Nós que não estamos dispostos a aceitar passaportes, carimbos de nacionalidades, fronteiras e barreiras, nós que estamos dispostos a sermos uma só coisa, a nós está confiada a criação de um novo tipo de sociedade e também, por que não, um novo tipo de religiosidade.
Para esse trabalho, porém, são necessárias duas ações convergentes: uma de baixo e outra de cima. Se do alto impuserem novas estruturas sem que a base esteja preparada para acolhê-las, a troca seria artificial. Por isso ao lado das soluções radicais previstas pelo alto é necessário um trabalho de sensibilização das consciências às novas exigências do tempo.
Por isso são muito necessárias hoje pessoas ricas de carga interior, que traduzam seus pensamentos em ações concretas, que escutem as consciências e as façam mais sensíveis aos problemas da renovação. Quem tem dotes para agir do alto, use-os; quem, ao invés, é chamado a colaborar de baixo, se empenhe nessa linha. Só assim faremos um novo céu e uma nova terra.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de jan/72)
Pó de Diamante
Foi fascinante observar como um relojoeiro polia o delicado eixo de uma engrenagem de relógio. À medida que uma roda girava em minúsculo torno, o operário perito gentilmente comprimiu um pedaço de madeira macia contra a superfície estreita da espiga. Entremeio havia pó de diamante — o mais eficiente abrasivo conhecido na profissão.
“A espiga é a superfície externa da roda”, esclareceu-me ele. “Se esta peça não tem exatamente o formato que deve ter, é preciso poli-la de novo. O balancim é o coração do relógio, e se houver nele alguma dificuldade, qualquer coisa poderá acontecer depois”.
Aquela substância branca aparentemente inócua, aplicada com tanta suavidade pelo relojoeiro era que dava polimento a espiga e restituía ao balancim sua primitiva eficiência. O pó de diamante é o melhor dos abrasivos. O pó branco desfaz as asperezas e restitui as coisas a sua superfície lisa.
Muitas vezes na vida, nossa maquinaria mental e emocional deixa de funcionar com suavidade porque alguma coisa não está em perfeito estado. O balancim da vida faz atrito em muitos lugares porque a espiga está sulcada de deformidades desagradáveis, e crivada de depressões de pecado. Naturalmente, ficamos angustiados e ansiosos, porque não estamos com o nosso tique-taque correto.
Tudo parece andar errado quando alguma coisa no coração não funciona bem. O reconhecimento disto é o primeiro passo a tomar para prover uma solução para o problema. Portanto, certificai-vos de que o passo seguinte seja tão sábio quanto o anterior.
Ide ao Relojoeiro. Não vos desmontes sozinhos, e, por vós mesmos, remonteis. Evitai pensamento demasiado que reflita o próprio eu. Por que tentar por vós mesmos o conserto do balancim da vida? O Operário celestial consertá-lo-á. Sede pacientes e submissos ao trabalhar. Ele é seu torno, enchendo os vácuos do pecado e nivelando as detestáveis asperezas do egoísmo. Ele poderá usar um aparente abrasivo para polir a espiga, mas justamente isso é necessário para endireitar as coisas. Reponhamos, então, o balancim no relógio e observemos-lhe o funcionamento. Funciona suavemente de novo, não é verdade?
A Vida não é tão má quando aprendemos esse segredo, e buscamos de seu Autor, fortaleza e segurança. Teremos todos, alguma dificuldade com nosso balancim, cedo ou tarde; mas o Relojoeiro sabe solucionar a situação se Lhe concedermos a oportunidade de fazê-lo.
E os métodos que emprega para corrigir-nos são para o nosso bem. O pó de diamante é um aparente abrasivo, mas remove as asperezas e torna-nos de novo suave a vida.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fev./69)
Um Desvirtuamento altamente perigoso
Quase todas as nações estão padecendo de um mal cada vez mais crônico: a utilização desvirtuada dos meios de comunicação. Para alguns, pode até parecer que temos algo contra a televisão, por exemplo. Mas isso não é verdade. Apenas lamentamos a destinação irresponsável desse abrangente veículo. Cremos ser possível fazer bons programas. Por que isso não acontece?
Sabemos quão negativo é criticar ou verberar em demasia. Porém, nossa consciência de estudantes rosacruzes não nos permite o comodismo da omissão. Sentimo-nos na obrigação de alertar para o perigo que constitui o emprego de um meio de comunicação – diariamente invadindo nossos lares – para uma finalidade nada construtiva.
Alguns programas são instrutivos e esclarecedores. Não nos iludamos, contudo.
São raros e de baixíssima audiência, pois as emissoras não lhes dão destaque nas “chamadas”. Parecem levá-los ao ar apenas por desencargo de consciência. Afinal, as massas apreciam viver ao sabor das ondas da emoção. Não lhes interessa pensar, porquanto julgam ser esse exercício enfadonho e incômodo, mormente após um estafante dia de trabalho. Nessa linha de raciocínio puramente útil esbarram os argumentos das pessoas bem intencionados. Como o objetivo final da televisão é lucro, não é difícil deduzir porque predominam os programas de auditório, os “enlatados” e as telenovelas.
Encontramo-nos numa fase de transição da Idade de Peixes para a de Aquário.
Todo período de transição caracteriza-se por transformações bruscas e uma generalizada sensação de insegurança. Os espíritos, principalmente os menos evoluídos, renascem em grande número. Sentem necessidade de passar pelo “tratamento de choque”, ou seja, pelas duras experiências, comuns a esse marcos evolutivos.
Como “semelhante atrai semelhante” é fácil imaginar porque os programas de baixo nível registram grande audiência. Eles “alimentam” o íntimo de um número espantoso de seres.
Agora, o leitor tenderá naturalmente, a perguntar: como o problema poderá ser resolvido?
Bem, uma solução que nos ocorre no momento seria uma tentativa dos seres humanos conscientizados do problema, em sensibilizar os empresários do ramo. Eles devem sentir a responsabilidade que lhes cabe quanto à formação do caráter das pessoas. Vale lembrar que o maior segmento da nossa população abrange crianças e adolescentes, justamente nas faixas etárias em que se plasmam os caracteres. Portanto, nossos líderes de televisão devem admitir que em suas mãos exista uma faca de dois gumes. Perante a Lei de Consequência responderão pelo uso que fizerem desse veículo de tão grande alcance.
Os malefícios da televisão, entretanto, não param por ai. Em outros aspectos esse poderoso meio de comunicação merece ser revisto, e até reformulado. E por que não? Outra das acusações que lhe pesam é a de isolar as pessoas, tornando-as pouco sociáveis. Se alguém duvida dessa afirmação, então procure visitar alguém durante o horário das novelas. Faça-o e depois confira. Ora, o ser humano é gregário por natureza. O relacionamento é parte indissociável de sua existência, por compreender um intercambio de sentimentos, ideias e aspirações. Quebrar essa reciprocidade significa violentar a própria natureza de cada um. Vocês notaram como o diálogo no lar torna-se cada vez mais raro?
Há quem diga, também, ser a televisão responsável pelo fato de nossos jovens quase não apreciarem a leitura. Por essa razão, muitos têm dificuldade em redigir corretamente até um simples bilhete. Os vestibulares a cada ano atestam isso. O audiovisual televisivo acomoda muito a capacidade intelectual das pessoas, roubando-lhes o estimulo para raciocinar e deduzir.
Mas não se julgue que tal problema ocorra apenas no Brasil. Um artigo publicado recentemente pela revista norte-americana “NEWSWEEK” revela a existência, nos Estados Unidos, de pelo menos 23 milhões de analfabetos. O problema agrava-se, a tal ponto, do governo americano estar elaborando, para os próximos anos, programas intensivos de alfabetização de adultos.
De acordo com os especialistas, três fatores estão concorrendo para a gradativa deseducação do povo norte-americano: o “bombardeio” ininterrupto de determinados programas de televisão, “que, decididamente, não melhoraram o nível cultural da população”; as estruturas educativas, que, atualmente, não correspondem mais as suas finalidades e, por último, o semanário menciona o tipo de vida predominante no país.
Esse último fator, acrescenta ”NEWSWEEK”, “isola pavorosamente o indivíduo em mini-comunidades, através de seus múltiplos jargões”. Prossegue a revista, ”com isso, cria-se uma condição de vida totalmente anômala, na qual não parecem ser necessários outros meios de comunicação, além daqueles proporcionados pela televisão”.
Vê-se, por conseguinte, um panorama não muito diferente daquele observado aqui no Brasil. Alguma coisa deve ser feita para, pelo menos, amenizar tal situação.
Nesta frase de Max Heindel consubstancia-se o ideal de cada aspirante: “Cada um guiado pelo Espírito do Amor Interno, deve trabalhar sem lideranças, pela elevação física, moral e espiritual da humanidade, à estatura de Cristo, o Senhor e a Luz do Mundo”. O estudante Rosacruz, ouvindo os apelos de sua consciência, deve contribuir da maneira que puder, para que os meios de comunicação atinjam uma finalidade cada vez mais construtiva. Pode parecer uma tarefa quixotesca. Mas a união de consciências, voltadas para o bem, é capaz de remover montanhas. Vale a pena tentar.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Pergunta: Um consulente envia-nos um recorte de jornal no qual alguém pergunta ao editor o que é realmente a Era Aquariana, e a pergunta foi assim respondida: “Não há Era Aquariana; esta INVENÇÃO foi lançada por IMPOSTORES profissionais que ensinam que o Sistema Solar entrou recentemente em Aquário. Nenhum dentre eles diz quando, e eles escrevem-se perguntando a data real. O Sistema Solar esta afastando-se de Aquário numa velocidade, em torno, de 19 quilômetros por segundo. O Sistema Solar nunca esteve e nunca poderá aproximar-se de Aquário. Ainda assim, panfletos e revistas mensais estão constantemente emitindo artigos dizendo a mesma velha história, que o Sistema Solar acaba de entrar em Aquário e que grandes mudanças irão acontecer a raça humana, sendo tudo isso inteiramente falso”.
Resposta: O nosso correspondente quer a nossa opinião sobre o assunto, visto que acreditamos e advogamos o ponto de vista de que a Era Aquariana está próxima. Estamos, portanto, incluídos na classe dos editores denunciados por este redator como “impostores”, mas não hesitamos em atender ao pedido do nosso consulente, ou seja, lançar mais luz sobre o assunto da Era Aquariana. Não nos perturbamos pelo ataque quando consideramos a fonte.
A pergunta depende do ponto de vista pela qual foi formulada em um de seus aspectos. É verdade, como diz o editor, que o Sistema Solar nunca esteve em Aquário e nunca estará. Realmente, ele se afasta da constelação de Aquário. Também é verdade que o Sol nunca “se elevou” e nunca “se elevará”, embora não chamemos de impostor o homem que usar essa expressão. Entendemos que, do ponto de vista de um observador da Terra, parece que o Sol se eleva; e o ocultista tem a mesma intenção ao dizer que estamos entrando em Aquário por Precessão dos Equinócios. Não perderemos tempo dizendo que, devido à rotação da Terra em torno do seu eixo, o Sol torna-se visível às sete horas. Dizemos simplesmente que o Sol se eleva às sete horas. Por razões similares, não dizemos que “devido à Precessão dos Equinócios, parece que o Sol, quando visto da Terra, está se aproximando da constelação de Aquário quando cruza o Equador no Equinócio de Março”. Se o fizéssemos, todos os astrônomos concordariam conosco a respeito do fenômeno observado no firmamento, embora discordassem quanto a nossa alegação de que isto tem uma influência sobre tudo que diz respeito à humanidade. Ao invés de usar esta longa explicação, dizemos simplesmente que o “Sol se aproxima de Aquário”, e as pessoas devem abster-se de emitir críticas até que aprendam o verdadeiro sentido dessa expressão, da mesma forma que entendem o que queremos dizer quando falamos que o Sol se eleva.
Enquanto isso, os estudantes das filosofias ocultas devem familiarizar-se com os fatos relativos à astronomia para poderem comprovar suas crenças de forma inteligente. Não se pode negar que os estudantes, que estudaram a filosofia superior adquirindo com isso um certo conhecimento sobre fatos suprafísicos, revelam uma lacuna em seu conhecimento a respeito dos fatos mais comuns, como aqueles transmitidos pela astronomia e fisiologia que não impressionam muito os ouvintes. Quando somos versados sobre os veículos mais sutis do ser humano, devemos também saber, pelo menos, o essencial a respeito do Corpo Denso que todos veem e, quando falamos sobre a influência dos Astros, devemos também conhecer algo a respeito dos movimentos mecânicos do firmamento e como são entendidos e conhecidos pelos astrônomos. A fim de que os estudantes não familiarizados com esses elementos possam adquirir uma compreensão maior do assunto, daremos uma breve explicação. Para entender ainda melhor, o estudante deve reportar-se a nosso Livro “Astrologia Científica Simplificada”.
O assunto é tratado na Enciclopédia Filosófica sob o título “O Zodíaco Intelectual”. Quando a Terra gira ao redor do Sol em sua orbita anual, o observador tem a impressão que o Sol percorre o céu dentro de uma faixa estreita constituída de doze constelações ou grupos de estrelas que receberam determinados nomes: Áries, Touro, Gêmeos etc.
Se o eixo da Terra fosse estacionário como o eixo de uma roda, o Sol seria sempre visto no mesmo ponto da constelação em que estava no mesmo dia do ano anterior. No entanto, o eixo da Terra tem um movimento de oscilação semelhante a um pião que diminui de velocidade. Isso faz com que a aparente posição do Sol varie quando observado da Terra, de tal forma que o Sol atinge uma determinada posição um pouco mais cedo cada ano. Ele precede, e é essa a razão pela qual os astrônomos falam de “Precessão dos Equinócios”, isso é, anualmente o Sol parece cruzar o Equador por ocasião do Equinócio de Março, uma pequena distância antes do ponto em que o cruzara no ano anterior. Assim, se em um ano ele cruzou o Equador na altura do primeiro grau de Áries, no ano seguinte cruzará ligeiramente dentro dos limites da constelação Peixes. No ano seguinte, ele estará ainda em Peixes, mas mais afastado do primeiro grau de Áries, e assim por diante. Contudo, esse movimento retrógrado é tão lento que o Sol leva quase vinte e seis mil anos para percorrer, em sentido inverso, os doze Signos, ou dois mil e cem anos para atravessar um Signo, ou setenta anos para percorrer um grau.
Os astrônomos falam de “graus de ascensão reta”, pelos quais eles dividem o círculo dos céus no número habitual de trezentos e sessenta graus, começando no ponto em que o Sol cruza o Equador no subsequente Equinócio de Março. Eles chamam de Áries aos primeiros trinta graus a contar daquele ponto. Touro aos trinta graus seguintes etc., da mesma forma que os astrólogos. Assim, há o Zodíaco natural composto das doze constelações ou grupos reais de estrelas no firmamento, que mudam tão pouco que esse movimento é imperceptível durante o período de uma vida humana ou até mesmo em várias centenas de anos; e o Zodíaco intelectual, que começa do ponto do Equinócio de Março para qualquer ano determinado.
Considerando que, pelo movimento de precessão, o Sol caminha para trás através dos Signos do Zodíaco, percebemos que chegará um momento em que o Equinócio de Março ocorrerá no primeiro ponto de Aries, portanto, nesse ano, os Zodíacos intelectual e o natural coincidirão. Na última vez que isso ocorreu, foi aproximadamente no ano 500 D.C., e como o Sol retrocedeu na sua costumeira média de mais ou menos um grau a cada setenta anos, é óbvio que, atualmente, o Equinócio de Março ocorrerá aproximadamente a dez graus de Peixes.
Consequentemente, será por perto do ano 2.600 ou daqui a setecentos anos, que ele entrará realmente na constelação de Aquário. Ou melhor, para concordar com os fatos científicos digamos que parecerá, para quem observar da Terra, que o Sol estará cruzando o Equador na altura da constelação de Aquário. Durante os dois mil e cem anos a partir desse período, o Sol parecerá estar na constelação de Aquário a cada ano sempre que cruzar o Equinócio de Março. Desse modo, podemos dizer que a Era Aquariana compreende os dois mil e cem anos contados, a partir do ano 2.600, durante os quais o Sol, por precessão, parecerá estar na constelação Aquário quando cruzar o Equador no Equinócio de Março.
O leitor certamente já passou pela experiência de estar sentado tranquilamente, absorto na leitura de um livro, talvez escrevendo ou empenhado em qualquer outra tarefa, e sentir, subitamente, a presença de alguém ao seu lado ou atrás, cuja aproximação não detectara devido à concentração no livro ou no trabalho. Essa pessoa não falou nem fez qualquer ruído, e, contudo, sua presença foi sentida cada vez mais intensamente até o leitor ser obrigado a voltar-se. Essa experiência é muito comum e, certamente, todos já passaram por ela, mas qual a sua explicação? É simples: além do Corpo Denso visível a todos, o ser humano possui certos veículos invisíveis à visão comum. Esses invólucros sutis estendem-se além do Corpo Denso, de maneira que quando ficamos perto de outra pessoa, os corpos etéricos interpenetram-se e, às vezes, quando estamos muito tranquilos e passivos, essas influências sutis são sentidas ainda mais facilmente do que em outras ocasiões, embora elas existam sempre e sejam fatores poderosos em nossas vidas em todos os momentos.
“Assim como é em cima, assim é embaixo”, e vice-versa. Essa é a lei da analogia, a chave-mestra para os mistérios. O homem é o microcosmo e as estrelas, o macrocosmo. Logo, podemos concluir que essas grandes estrelas que se deslocam nos céus são corpos de Espíritos, possuem veículos sutis semelhantes à atmosfera áurica da nossa Terra. Por isso, quando o Sol se aproxima da constelação de Aquário por ocasião do Equinócio de Março, ele transmite essas influências a Terra juntamente com os raios solares. Assim, como a primavera é o período específico em que tudo na Terra está impregnado de vida, assim também podemos concluir que o Raio de Aquário ao ser transmitido far-se-á sentir entre as pessoas da Terra, independentemente delas acreditarem nisso ou não. Se percebermos qual a influência de Aquário, seremos capazes de responder à pergunta: “O que é a Era Aquariana?” Partindo de outro ponto de vista, a astrologia fornece-nos essas informações baseadas na experiência e na observação.
Aquário possui uma influência intelectual, original, engenhosa, mística, cientifica, altruísta e religiosa. Se aplicarmos a norma bíblica: “Pelos seus frutos conhecê-los-eis”, supomos que a Era Aquariana será precedida por empreendimentos originais em todas as áreas ligadas à ciência, à religião, ao misticismo e ao altruísmo, e podemos agora olhar para trás, para os setenta anos anteriores em que o Sol, por precessão, percorreu um grau em sua órbita em direção a Aquário. Durante esse tempo, verificamos que houve uma mudança muito marcante em todas as linhas de pensamento e de esforço, bem superior ao que a história registrou ao longo dos dois milênios passados. Quase todas as invenções que fazem da nossa vida o que ela é atualmente, foram feitas durante esse tempo. O telégrafo, o telefone, o uso da eletricidade, a conquista do ar e do vapor, o motor a gás que está superando o vapor, e outras invenções muito numerosas para serem mencionadas, estão marcando o progresso Aquariano do Mundo Físico.
Notamos, também, o ritmo intenso no qual todos os movimentos de pensamentos liberais em religião estão substituindo as condições restritivas do credo antigo, e o número crescente dos que desenvolveram a visão espiritual e que estão pesquisando as tendências da evolução nos planos superiores. Notemos a rapidez com que a ciência da astrologia está ganhando terreno e, em relação a isso, comunicamos que uma empresa, que trabalha com efemérides astrológicas para uso exclusivo em cálculos astrológicos, anunciou estar vendendo cerca de meio milhão de exemplares por ano.
Tudo isso demonstra ou dá uma indicação do que podemos esperar durante a Era Aquariana. Se progressos tão grandes já foram realizados nesses setenta anos em que o Sol está apenas começando a transmitir as influências das cercanias de Aquário, como imaginar o que acontecerá quando ele entrar realmente nesse Signo? Tanto as possibilidades como as probabilidades estão muito além do alcance da mais arrojada imaginação, e isso se aplica a ambos os aspectos físicos e psíquicos da vida. É nossa opinião que a visão etérica será desenvolvida pela maior parte da humanidade, senão por toda, de forma a remover, pelo menos parcialmente, o aguilhão da morte por meio do companheirismo que passará a existir com nossos amigos e parentes que deixaram o corpo físico.
Continuaremos a vê-los durante um certo tempo, e por isso saberemos e aceitaremos a ideia de que eles foram para reinos superiores. Não lamentaremos pelas criancinhas que morrem e retém seus corpos vitais, pois elas, provavelmente, permanecerão com seus pais até que tenham de reencarnar; isso ocorre, frequentemente, na mesma família. Nesses casos, não haveria nenhuma sensação de perda.
Quando esse ponto evolutivo for alcançado, a humanidade estará também muito mais iluminada de maneira a evitar muitas das armadilhas que a atormentam hoje. Isso favorecerá uma existência muito mais feliz do que o tem sido até o presente estágio. O intelecto mais desenvolvido ajudar-nos-á a resolver os problemas sociais de uma forma equitativa a todos, e o uso de instrumentos e aparelhos constantemente aperfeiçoados emancipará o género humano de grande parte de seu trabalho físico, oferecendo mais oportunidades e espaço para o aprimoramento intelectual e espiritual.
(Perg. 111 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Liderança ou Emancipação?
Por ser um movimento aquariano, a Fraternidade Rosacruz dispensa, em seu meio, a figura do líder. Sua renovada mensagem procura estimular o trabalho de equipe, onde as qualidades individuais se completem e os esforços se somem em torno de um ideal comum. Substitui-se a imposição pelo consenso. Delibera-se a partir do livre debate. Opta-se pelo trabalho grupal ao invés da ação unipessoal. Todo esforço comunitário nada mais é do que uma expressão antecipada da próxima Idade.
No entanto, a consecução desse objetivo maior tem sido uma tarefa das mais difíceis, pois apenas uma minoria encontra-se preparada para tal.
Essa elevada aspiração não será concretizada sem prévia transposição de alguns obstáculos. Removê-los consiste em árduo trabalho, porque arraigados estão na própria natureza humana. O ser humano acomodou-se desde vidas passadas a obedecer, transferindo a outrem a responsabilidade de decisão. As comunidades primitivas eram chefiadas pelos mais fortes e corajosos fisicamente. Essa foi à gênese da liderança.
Os modernos líderes reúnem atributos tais como inteligência, visão e, principalmente, uma personalidade forte e arrebatadora. Como raras vezes esses atributos vêm temperados com amor, por via de regra, transformam-se numa tirania, ostensiva ou sub-reptícia.
Tais lideranças, obviamente, acabam por se tornar nocivas ao grupo. Não obstante, a força da inércia é tão grande, a ponto das pessoas acomodarem-se até àquilo que lhes é prejudicial.
É claro que os povos orientais, com algumas exceções, tanto política como religiosamente encontram dificuldades para libertar-se da necessidade de liderança. Basta atentarmos para suas comunidades religiosas, e constatarmos como se obedece fielmente ao chefe ou guru. Não há meio termo. Entretanto, alguns líderes mais avançados, não se atribuem essa condição. Conscientes de sua missão procuram apenas indicar o caminho a seu povo, respeitando-lhe, ao máximo, o livre arbítrio. Mas como a humanidade não resiste ao fascínio de uma personalidade magnética, nem sempre lograram livrar-se de seu carisma.
O estudo do carisma constitui um interessante exercício para os modernos psicólogos. O que torna um indivíduo um líder? Grosso modo, uma personalidade forte, atraente, destemida, oratória fluente, somadas a outras qualidades pessoais devidamente inseridas num contexto todo especial – condições vigentes são importantes – são os ingredientes básicos do espírito de liderança. Certos fenômenos conjunturais servem de campo fértil ao surgimento dessa postura.
Não é justo, entretanto, omitir um ponto importante: alguns indivíduos converteram-se em líderes face à sua elevada formação espiritual. Mahatma Gandhi serve de exemplo. Fisicamente frágil e pouco atraente, voz desagradável, lembrando muito mais um mendigo do que um líder, o Mahatma soube impor-se ao respeito dos seus e do mundo, graças a sua bondade natural. Estudou Direito na Inglaterra, onde teve a oportunidade de acrescentar a sua formação orientalista as mais belas joias da cultura ocidental. Concluído o curso, passou a exercer sua profissão na África do Sul. Lá, a colônia indiana, por sinal relativamente grande, sofria as mais cruéis discriminações. Mais tarde, regressando a sua pátria, ainda jovem, porém, culto e tarimbado, renunciou às glórias que eventualmente o esperariam nos grandes centros, como Nova Délhi, Calcutá e outros. Dedicou-se a percorrer as miseráveis aldeias indianas para ensinar os mais comezinhos princípios de higiene – como usar latrinas, por exemplo – àquelas populações incrivelmente marginalizadas. Esse sentimento humanitário é que lhe conferiu a posição de líder.
Seja qual for a sua origem, a liderança tende a dar lugar a algo mais elevado. Aos poucos o ser humano vai aprendendo a libertar-se de tutelas, assumindo responsabilidades na sociedade em que vive. Quanto maior seu avanço espiritual, tanto mais acentuada sua emancipação em relação às pessoas e sua participação na vida comunitária.
As decisões tomadas em conjunto são, comprovadamente, mais sensatas. Havendo consenso, as responsabilidades pelos erros e acertos serão divididas, evitando-se, ou pelo menos minimizando cisões ou traumatismos na coletividade.
Para muitos, esse ideal avançado é considerado como utópico. Nós, todavia, não pensamos assim. Utopia é a verdade que não foi levada a prática. A distância não torna uma meta inatingível. Tanto estamos convencidos disso, que a Fraternidade Rosacruz tem sido uma das vanguardeiras do desenvolvimento espiritual sem lideranças. Líder é o Cristo, nosso paradigma e Luz do Mundo. Mas, se alguém entre nós deseja destacar-se, que comece sendo o “servo de todos”. Que procure, sinceramente, identificar-se com nosso ideário. Tornar-se-á, então, o “maior”, no bom sentido.
Pode ocorrer de estudantes novos ou menos avisados, impressionarem-se com as qualidades de algum membro mais antigo. Elegendo como modelo, acabam não raro, por decepcionarem-se, tão logo lhe contatem falhas de caráter. Esquecem-se de que ele é um ser humano lutando por aprimorar-se, sujeito a quedas. Se assim não fosse, ele não seria membro da Fraternidade, mas sim da Ordem Rosacruz. E mesmo os membros da Ordem, embora se encontrem acima do ser humano comum, também evoluem e queimam etapas.
Alguns estudantes empolgam-se com os conferencistas, deixando-se fascinar por um carisma de que, às vezes, eles nem se dão conta. Quando, num momento de maior intimidade descobrem-lhes o lado humano, chegam a desiludir e a abandonar o ideal, como se a Fraternidade fosse os seus membros. É uma pena que isso às vezes aconteça.
Os conferencistas, ao subirem a tribuna para expor nossa amada filosofia, carregam uma grande responsabilidade sobre seus ombros. Fazem-nos desprendidamente, conscientes de suas possibilidades e limitações. Procuram apenas colaborar no esforço de divulgação. Não são líderes, não se arvoram em “mestres”, nem se julgam “donos da verdade”. Apenas aspiram a que os estudantes entendam este posicionamento: numa conferência o importante não é o conferencista, mas a mensagem por ele transmitida. Não se conceda destaque ou louvar a “quem fala”, mas ao “que fala”. Como disse Descartes: “É preciso tornar as pessoas discípulas da verdade e não sectárias obstinadas do que o expositor ensina”.
Esperamos, assim, que todos os estudantes rosacruzes procurem emancipar de quaisquer influências externas, consolidando, dessa forma, a Fraternidade Rosacruz como a precursora da Idade Aquariana.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 01/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Organização da Fraternidade Rosacruz
A Comunidade Mundial Rosacruz não tem líderes. Todos são estudantes, que se esclarecem uns aos outros segundo o poder de seu entendimento.
O “Conceito Rosacruz do Cosmos” é explícito quando frisa que o Estudante deve tornar-se árbitro de seu próprio destino e realizar o aperfeiçoamento por si mesmo, à luz do método Rosacruz de desenvolvimento. O próprio Max Heindel foi um exemplo de desinteresse por qualquer espécie de liderança: nunca se furtou a qualquer gênero de labor dentro da Fraternidade; nunca se alteou ou se sobrepôs a ninguém em suas relações com os estudantes e companheiros; jamais concentrou nas mãos poderes mundanos relativos à obra. Enfim, sempre disposto a ocupar o último lugar à mesa do Senhor, foi o primeiro na prestação do serviço. Ele deixou as normas de funcionamento dos núcleos sem nenhuma espécie de vinculação material a quem quer que seja e nem cargos vitalícios.
Sua finalidade foi a de iluminar aqueles que não encontrando Cristo pela fé procuram-no pela razão. Esses sentem o “chamado” interno da tônica Rosacruz, que os levam a algo além das suas limitadas faculdades sensoriais, revelando os mistérios de nossa origem, a finalidade de nossa estada presente na Terra e desenvolvimento futuro, mas tudo isso para que, satisfeita a parte mental, possa falar o coração numa vivência superior de serviço amoroso ao próximo.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 01/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Superar a Lei
“Ouvistes que foi dito: ‘Olho por olho, e dente por dente’. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: ‘amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós, pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus'” (Mt 5:38-48).
Nessa passagem da Bíblia está indicada claramente a diferença essencial entre religião Cristã e religião de Raça que a precedeu.
Somente poucos eram capazes de aceitar uma conduta tão sublime, inegoísta do tempo da vinda de Cristo e agora, quase 2.000 anos depois, ainda são poucos os que chegaram a tão alta consciência. Tem havido progresso, e haverá progresso nos anos vindouros porque Sua radiação benevolente interpenetrará a terra e seus habitantes.
Somente aquele que alcançou uma elevada espiritualidade pode “não resistir ao mau” e somente aquele que pode virar a “outra face”, em amor e humildade, é capaz de emanar de si mesmo o alto valor da força espiritual, que será sentida pelo seu antagonista. Essa sutil, mas extremamente poderosa força atinge e, muitas vezes, transforma o “pecador”, dando reforço ao seu Ser Superior, o Espírito que habita nele, capacitando-o a se afirmar e agir de acordo com seu ideal.
Aqui está o magnífico potencial de capacidade que temos de abençoar, sem reservas, aquele que nos amaldiçoou, amar aquele que nos odiou e rezar pelos que nos prejudicaram.
Estudantes espirituais percebem e sentem a eficiência desse procedimento sabendo que é, na realidade, uma fórmula exata baseada em lei imutável. O elevado ideal de “sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai Celestial” não é fácil de atingir. Sem dúvida, desde que digamos que somos capazes de alcançar a altura dos nossos ideais, convém abraçar o ideal mais alto. Atualmente somos deuses em formação e os ensinamentos de Cristo para a humanidade, neste período de evolução, são a fórmula científica para desenvolver nossos poderes divinos que nos conduzem, pela senda elevada, à divindade.
Quando alcançamos o estado de consciência pura, quando pudermos espontaneamente seguir os mandamentos de Cristo, não estaremos mais sujeitos à lei. Teremos a lei escrita nos nossos corações e teremos a força de estar acima dos mandamentos.
(Traduzido da “Rays from the Rose Cross” e publicado na revista Rosacruz de 07/85)
Pergunta: Muitas pessoas acham que estamos entrando ou prestes a entrar em uma nova era. Alguns acreditam ser a Era Aquariana, e sabem, até certo ponto, o que ela representa. Contudo, ainda não tive uma explicação precisa que explicasse quando a nossa Terra ou nosso Sistema Solar entrarão nessa Era, e se a Era Aquariana coincide com a passagem do Sol pela constelação de Aquário ou pela divisão zodiacal que tem esse nome.
Resposta: No parágrafo acima, o nosso correspondente trata de vários pontos e, baseados no princípio de que “os últimos serão os primeiros”, consideraremos em primeiro lugar a última parte da pergunta, onde é feita uma distinção entre a constelação de Aquário e a divisão zodiacal do mesmo nome. Isto, em si, representa uma grande dificuldade para muitas pessoas, que não sabem como diferenciar as constelações zodiacais do chamado Zodíaco intelectual. A explicação é a seguinte:
Um determinado grupo de estrelas nos céus é chamado Áries; outro grupo localizado nas proximidades é chamado Touro; um terceiro grupo de estrelas fixas é Chamado Gêmeos; e assim por diante. Essas doze constelações, ou grupos de estrelas, são vistas nos céus sempre na mesma posição relativa, e são, portanto, imutáveis.
Através dos séculos dos quais temos registro, essas estrelas permaneceram sempre no mesmo grupo e quase na mesma posição relativa, uma em relação a outra. O Sol circula, anualmente, por essas constelações com precisão invariável, mas devido ao fato de que o eixo da Terra se inclina em direção ao Sol e que o seu movimento é oscilante, semelhante ao de um pião rodopiante cujo impulso enfraqueceu quase totalmente, o movimento do Sol parece ser desigual. A cada ano ele entra na constelação de Áries cruzando o Equador da Terra um pouco mais cedo que no ano anterior. Ele precede. Desse modo, o ponto em que o Sol cruza o Equador no Equinócio de Março retrocede a cada ano na proporção de um grau a cada setenta e dois anos, uma constelação em dois mil e cem anos, e todos os doze Signos em vinte e cinco mil oitocentos e cinquenta e seis anos. Esse último período é chamado Grande Ano Sideral.
Notou-se que sempre que o Sol cruza o Equador, não importa em que ponto do Zodíaco, produz um certo efeito físico. As flores começam a germinar da terra, os pássaros acasalam-se, e a terra silenciosa desperta para uma nova vida, uma nova esperança e uma nova canção. Observou-se também que os efeitos espirituais que resultam da entrada do Sol no Hemisfério Norte no Equinócio de Março, permanecem imutáveis. Por essa razão, os primeiros trinta graus a partir do ponto em que o Sol cruza o Equador são chamados de Áries, os trinta graus seguintes de Touro, os trinta graus que vêm em terceiro de Gêmeos, e assim por diante para todos os doze Signos.
Essa divisão intelectual do círculo zodiacal coincide com as constelações existentes nos céus apenas uma vez a cada vinte e cinco mil oitocentos e cinquenta e seis anos. Durante todo o resto de tempo, o Zodíaco intelectual tem movimento retrógrado, como já foi explicado, devido a Precessão dos Equinócios. A última vez que o ponto inicial do Zodíaco intelectual coincidiu com a constelação zodiacal, foi aproximadamente há 500 D.C. Um ano após essa coincidência, o Sol cruzou o Equador, aproximadamente, a cinquenta segundos de espaço na constelação de Peixes. No ano seguinte, ele estava um minuto e quarenta segundos em Peixes e, desde então, foi deslocando-se para trás, até que atualmente1 o Sol cruza o Equador a cerca de dez graus da constelação de Peixes. Decorrerão cerca de 700 anos antes que ele cruze realmente o equador celeste na constelação de Aquário.
Pode-se dizer que a Era Aquariana começará no momento em que o Sol entrar, por precessão, no 30° da constelação de Aquário, e durará 2.100 anos enquanto o Sol retrocede através dos trinta graus até chegar ao primeiro grau de Aquário. Não há, contudo, uma interrupção definida e abrupta, tal como ocorre quando dizemos que entramos no ano de 1915, que começa à meia-noite de 31 de dezembro de 1914 e dura até à meia-noite de 31 de dezembro de 1915. Essa é uma divisão matemática do tempo. As várias épocas da existência humana dependem de influências vitais na vida, e são antes condições mentais do que divisões de tempo, embora ambas estejam ligadas.
Em consequência disso, os astrólogos reconhecem o que é chamado de “órbita de influência”. Para entender melhor, devemos conscientizar-nos que todo ser humano representa algo mais do que aquilo que vemos; ele tem uma aura que o rodeia, uma atmosfera invisível, algo que irradia de si e que faz parte de sua natureza distinta e pessoal. Frequentemente sentimos o efeito dessa aura, embora não entendamos o porquê disso. Suponhamos que alguém esteja profundamente concentrado em seu trabalho de forma a não ouvir nem perceber o que está acontecendo ao seu redor. Gradativamente, ele se torna ciente de que alguém entrou na sala — que está, de fato, em pé atrás dele — ele se volta e depara com um amigo.
Ele não ouviu o amigo entrar devido a sua concentração no trabalho, mas o sentiu, porque a aura do amigo misturou-se com a própria atmosfera áurica dele, embora não tenha havido nenhum contato físico, ele soube que havia alguém próximo.
As constelações são grupos de grandes Espíritos que se prenderam a esses corpos cintilantes, para que inteligências menos evoluídas possam adquirir as experiências que as façam progredir. Cada uma das estrelas fixas de uma constelação possui também seus corpos invisíveis, que se estendem de uma constelação a outra, misturam-se e sobrepõem-se. Portanto, quando o Sol atingiu o décimo grau de Peixes, ele chegou à orla de influência exercida pela constelação de Aquário, embora estejamos ainda na Era Pisciana.
Uma observação retrospectiva mostrará que esta influência já se faz sentir. Reconhecemos imediatamente a influência Pisciana exercida durante os últimos dois mil anos. A Idade Média, a superstição e a dependência intelectual, então prevalecentes, não foram inteiramente eliminadas, mas desde os meados do século passado, quando a influência Aquariana começou a se fazer sentir, um impulso intelectual irresistível foi instilado em nossa vida diária. A ciência fez progressos notáveis. A invenção trouxe a eletricidade ao mundo e está agora conquistando o espaço etc. Essa influência intelectual cientifica tornar-se-á cada vez mais acentuada nos séculos vindouros, até que entremos definitivamente na constelação de Aquário por Precessão dos Equinócios. À medida que a influência limitada e conservadora de Peixes esteja diminuindo, aumenta a influência ampla e pesquisadora de Aquário.
Quanto o que representa espiritualmente a Era Aquariana, verificamos que Aquário é a única figura do Zodíaco que retrata a estatura completa de um homem.
Todos os personagens principais do Antigo Testamento foram pastores, uma alusão a “Áries”, o carneiro ou cordeiro; no Novo Testamento encontramos os pescadores, referindo-se a Peixes, o Signo dos peixes, mas o Filho do Homem é o objeto da profecia: algo que ainda virá.
Ele anunciou uma era gloriosa, portanto, podemos esperar que ocorram desenvolvimentos de natureza surpreendente nos próximos séculos.
Além do mais, cada uma das eras anteriores teve seus mestres. Osíris e Mitras foram adorados no Egito e na Pérsia enquanto o Sol passava por Touro, o Signo do touro. Com a criação do mundo cristão, o Cordeiro foi sacrificado por Moisés enquanto o Sol passava pelo Signo de Áries. Realmente, houve uma grande controvérsia a respeito do símbolo de Cristo e, devido a isso, a mitra do Bispo conserva ainda a forma de um peixe para simbolizar o fato de que a Religião Cristã, então inaugurada, devia dominar durante a Era Pisciana ou de Peixes, na qual estamos agora. Mais tarde, o ideal do Filho do Homem, ou Super-Homem, inspirará a Era Aquariana que já se anuncia.
Não devemos confundir a Era Aquariana com o Reino de Cristo o qual deverá voltar. Tampouco devemos confundir a Era Aquariana com a Sexta Época (Galileia), pois, para citar as palavras de Cristo: “aquele dia e àquela hora, porém (quando Ele vier) ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai” (Mt 24:36).
Predizer que a vinda de Cristo ocorrerá numa data determinada será absurdo e um sinal de ignorância. Pode até ser presunçoso conjecturar a época aproximada em que ocorrerá o Segundo Advento, mas, segundo o autor, já que os ciclos precessionais, na medida em que estão ligados à evolução do ser humano, parecem começar com a entrada do Sol em Capricórnio, poderá haver uma manifestação nessa época. Se isso for correto, o Advento só poderá ocorrer daqui a três mil anos, pelo menos.
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[1] N.T.: em torno de 1910
(Perg. 110 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Pergunta: Como podemos orar ou se dirigir a Saturno quando ele é o Astro Regente, causando problemas e tristezas?
Resposta: Para entender o que é a oração, use a ilustração de uma casa de energia elétrica com fios para as diferentes casas da cidade. Em cada casa há um interruptor e, quando a gente o aperta, a potência que estava até lá fora nos fios e subestação de energia elétrica entra na nossa casa, ilumina-a ou põe motores para funcionar, de acordo com as leis de sua manifestação. Podemos dizer que Deus, principalmente, e os Sete Espíritos Planetários correspondem secundariamente à subestação de energia elétrica que está conectada a todos, e a oração pode ser dita como o interruptor pelo qual nos colocamos em contato com a luz e a vida divina, permitindo que ela flua para nós e nos ilumine para a nossa elevação espiritual.
É uma lei que a eletricidade fluirá facilmente ao longo do cobre ou outros metais, mas é bloqueada pelo vidro, e antes que possamos obter a eletricidade em nossas casas, devemos ter um interruptor feito em conformidade com essa lei, um interruptor de cobre. Se usássemos um interruptor de vidro, não obteríamos eletricidade; o interruptor de vidro seria uma maneira mais eficaz de excluir o fluido elétrico da nossa habitação. De forma semelhante, se nossas orações (que correspondem ao interruptor) estão em conformidade com as leis de Deus, o propósito divino pode se manifestar através de nós, e nossas orações podem ser respondidas; mas se rezamos ao contrário da vontade de Deus, então uma oração funcionará de maneira semelhante a um interruptor de vidro em um circuito elétrico.
Como uma grande nação envia seus embaixadores e plenipotenciários a outras nações, então também há embaixadores de cada um dos grandes Anjos e Arcanjos Astrais, presentes em nossa Terra. Seus nomes são os seguintes:
A Lua é o nosso satélite e não está na mesma posição que os outros Astros. Os embaixadores desses Astros são Arcanjos, enquanto Gabriel é um Anjo.
Normalmente, a humanidade ora a Deus. Essas orações são, no momento, principalmente egoístas e ignorantes. As orações de tais pessoas não podem receber atenção dos embaixadores que têm a cargo os diferentes departamentos da vida, mas geralmente são atendidas, na medida do possível, pelos Auxiliares Invisíveis, que trabalham para a elevação de seus irmãos. O astrólogo ocultista, no entanto, que sabe o que quer e pode trabalhar em harmonia com as forças astrais, aborda diretamente os embaixadores desses Astros e obtém seu objetivo mais facilmente dessa maneira. Ele estuda as horas astrais, quando aqueles Astros governam e, na época apropriada, profere seu pedido, que é, geralmente, para outra pessoa ou para a iluminação espiritual sobre certos assuntos a serem usados para o bem-comum.
(do Livro: “A Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. I – pergunta 162 – Max Heindel)
“Como o Ser humano Pensa…”
“O uso da palavra para expressar pensamentos é o mais alto privilégio que só uma entidade racional, pensante, como o ser humano, pode possuir”. Com estas palavras os Ensinamentos Rosacruzes expressam o grande valor que o ser humano deve atribuir ao pensamento e a palavra.
Tudo que o ser humano já fez com suas mãos é pensamento cristalizado. Qualquer coisa que tenha feito até aqui, primeiro foi um pensamento em sua Mente antes de surgir no plano físico. Com nossa consciência objetiva, e por meio dos sentidos, adquirimos conhecimento do mundo externo, e a este conhecimento chamamos “real”. Através de nossa consciência interna surgem as ideias e pensamentos, os quais nos parecem vagos, indistintos e irreais. Contudo, na medida em que avançarmos e nos desenvolvermos, estes poderão se tornam tão claros e reais como quaisquer objetos do mundo físico contemplados à luz do dia.
Na introdução do “O Conceito Rosacruz do Cosmos” lemos: “Tão seguramente como o pensamento existia antes do cérebro, construiu este e continua construindo-o para expressar-se através dele; tão seguramente como agora a Mente abre o seu caminho e extrai segredos da Natureza pela própria força de sua audácia, assim também o coração achará um meio de superar suas limitações e satisfazer seus anseios. Por enquanto ele está impedido, dominado pelo cérebro. Algum dia, porém, reunirá forças para romper seus grilhões e tornar-se um poder maior que a Mente”.
Nosso atual plano de ação é o Mundo Físico, e é aqui, por meio dele, que aprendemos a pensar certo. Vamos ilustrar: ao inventor surge uma ideia. Algo ainda não muito bem definido, mas que ele reconhece como uma boa ideia, de modo que enquanto pondera sobre a mesma vai revestindo-a de matéria mental. É da Região do Pensamento Concreto que atraímos a matéria mental com que revestimos as nossas ideias. O inventor tem em mente construir uma máquina, e esta já aparece em sua Mente criativa como se estivesse concretizada na matéria física e funcionando. Mas continua traçando planos, modificando-os e tornando a traçá-los. Finalmente constrói a máquina. Mas, quando termina e vai testá-la descobre que muitas modificações precisam ser feitas e que talvez tenha até de refazê-la por completo, só que desta vez apoiado na experiência da primeira tentativa, antes que ela seja capaz de funcionar conforme planejado. Assim, a ideia do inventor precisou ser experimentada na matéria física concreta antes que seu funcionamento pudesse ser comprovado.
O pensamento sozinho, vindo da Região do Pensamento Concreto, nada pode testar nem verificar. Por isso, “o Mundo Físico é absolutamente necessário para ensinar-nos a lidar com as forças do pensamento e do desejo”.
Pensamentos-forma oriundos de dentro e de fora de nós são projetados no Corpo de Desejos para despertar sentimentos que conduzam à ação. De modo geral o pensamento tem o poder de modelar e modificar a matéria física, mas seu maior poder consiste na capacidade que tem para modelar os veículos mais sutis que possuímos.
Pensamentos de preocupação e temor inibem o Corpo de Desejos, enquanto que, uma disposição otimista no encarar a vida possa afiná-lo a qualquer tom desejado. Isto consegue repetindo o pensamento tantas vezes que ele se torne um hábito.
A realidade do Mundo do Pensamento torna-se mais evidente quando o ser humano consegue fazer com que seus pensamentos apareçam como forma física tangível e útil para solucionar problemas terrenos. Deste modo fica claro que a Região do Pensamento Concreto não é absolutamente algo vago ou apenas imaginário, mas sim algo muitíssimo real. O que percebemos com a visão dos olhos físicos pertence ao mundo da forma inerte. Quando olhamos para um ônibus elétrico que se move pelas ruas, o veículo que podemos ver é só matéria inerte. A força que o movimenta, porém, não pode ser vista. Podemos apenas notar seu efeito ao ver com nossos olhos o deslocamento do coletivo, porque a força (ou poder) verdadeira, real, pertence aos reinos invisíveis. O pensamento que criou a forma física provém de um reino mais elevado ainda. Provém do Mundo do Pensamento, que é a pátria do Espírito Humano.
Tudo que vemos aqui no plano físico é de fato pensamento cristalizado. Nossas casas, aparelhos, usinas de força e automóveis; nossos rádios, televisores, etc., tudo é resultado final do pensamento; tudo provém da intangível matéria mental. As ideias e pensamentos de Watt e Edison, de Morse e Marconi, aperfeiçoaram-se e possibilitaram a nossa moderna maneira de viver. Mesmo que alguma calamidade – um terremoto, um incêndio – destruísse os resultados físicos de seus inventos (as máquinas e aparelhos), ainda assim outras pessoas poderiam construir com base nas plantas ou esquemas idealizados por seus autores. Só isso demonstra que os pensamentos são mais permanentes que as coisas.
Considerando nossa vida diária, quer nos parecer que seu aspecto mais importante é aquele que reflete nossos atos. Todavia, se nos detivermos no assunto e procurarmos descobrir o que nos faz agir da maneira que agimos, concluiremos que nossos pensamentos são potencialmente muito mais poderosos. Porque se pensamos errado agimos errado e se pensamos certo agimos certo, uma vez que o pensamento precede a ação.
No Capítulo III – o ser humano e o método de evolução – do “Conceito Rosacruz do Cosmos” encontra-se uma explicação bem detalhada de como funcionam os pensamentos-forma e das diferentes maneiras pelas quais eles alcançam os seus objetivos. Todos os veículos do ser humano são envolvidos nesse processo. Antes da humanidade ser dotada de Mente, era relativamente fácil conduzir o ser humano pelos caminhos que devia trilhar, garantindo-se assim a execução daquilo que Deus havia planejado para ele. Foi somente na primeira parte da Época Atlante, quando recebeu a Mente, que ele começou a resistir. Naquele período de nossa evolução a Mente era ainda extremamente fraca, enquanto a natureza de desejos era muitíssimo forte. Por tal razão a Mente bandeou-se facilmente para o Corpo de Desejos. Dessa aliança resultou uma qualidade inexistente até então: a astúcia, que predominou entre os humanos até a Época Ária, quando o pensamento e o raciocínio, já mais evoluído, capacitou-se na formação de ideias.
A força do pensamento é o mais poderoso meio de obter-se conhecimento, e de tal maneira que, se concentrado sobre determinado objetivo, será capaz de vencer quaisquer obstáculos para alcançá-lo. Geralmente, porém, propendemos a desperdiçar nossa força mental, pelo que, do que resta, pouco podemos aproveitar. Por conseguinte, precisamos aplicá-la com esforço persistente, se quisermos conseguir todo o conhecimento possível de determinado assunto ou matéria.
Como Egos, funcionamos diretamente na substância da Região do Pensamento Abstrato e, a que é mais importante, atuamos dentro da parte que especializamos na periferia de nossa própria aura individual. Portanto, tudo que vemos e contemplamos é colorido pela nossa própria atmosfera, pela aura que criamos com nossos sentimentos, emoções e atitudes resultantes. Assim, se não temos dentro de nós qualquer qualidade indesejável não podemos atrair pensamentos sórdidos ou menos sadios dos outros, ao passo que uma Mente serena, francamente honesta, pura e prestativa, só pode despertar-nos outros o melhor que existe neles. Deste modo, e de muitas outras maneiras, somos guardas de nossos irmãos, sendo, pois, responsáveis pelos pensamentos que semeamos pelo mundo.
Certos pensamentos que julgamos nossos, originários de nossas Mentes, às vezes, provém de outras pessoas. Mas para que nos afetem eles precisam harmonizar-se conosco. Quase todos sabem como funciona a diapasão. Quando um deles é vibrado, outro próximo vibra harmonicamente, se ambos estiverem afinados no mesmo tom. Algo semelhante acontece à nossa Mente: os pensamentos-forma que nós próprios geramos juntam-se a outros de idêntica natureza gerados por outras pessoas, e fortalecem-se mutuamente – para o bem ou para a mal, consoante suas naturezas. É claro, pois, que devemos ter cuidado ao emitir pensamentos-forma que não poderíamos jamais ser tentados a seguir. Pode ser que eles estejam precisando só de uma pequena parcela de força para inclinar a balança na direção de algo que o receptor haja apenas pensado, mas nunca tencionado cometer.
Vemos assim que aquilo que pensamos colorido pelos sentimentos que alimentamos sobre qualquer coisa, pode importar em grandes consequências. Se “amamos a pureza e buscamos a bem” nutrimos e mantemos, quais Anjos da Guarda, tudo o que é bom em volta de nós. “Pensamentos são coisas”, de modo que, se nosso propósito é bom, sua intensidade pode fortalecer o bem que desejamos para toda a humanidade. “Como o ser humano pensa em seu coração, assim ele é”.
“O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece; não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre; tudo crê; tudo espera; tudo suporta. O amor jamais acaba” (I Cor. 13:4-8).
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 12/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)