O Caminho para a Idade de Aquário
A Fraternidade Rosacruz publicou tempos atrás o folheto intitulado “A Libertação Através do Trabalho de Grupo”, traduzido do inglês.
Esse trabalho, também publicado na revista Serviço Rosacruz, vem ajudando muitas pessoas a compreender o verdadeiro sentido da ação conjunta, inspirando-as, inclusive, a melhor usar suas potencialidades.
A medida que nos aproximamos da Idade Aquária uma nova mentalidade vai tomando conta dos negócios humanos. Os seres humanos já estão começando a deixar de lado aquele Individualismo egocêntrico, alimentador da personalidade, para assumirem uma postura mais altruísta diante dos problemas que afligem a sociedade.
Nunca as expressões “comunidade” e “comunitário” foram tão empregadas como agora. Há tendência em se estabelecer consenso em torno da ideia expressa nesta frase: “numa sociedade, o que não beneficia a todos, efetivamente não beneficia a ninguém”. Por essa razão os seres humanos estão se congregando para equacionar seus problemas, dispondo-se, com essa atitude, até a sacrificar interesses pessoais.
A expressão sacrifício está muito ligada ao Cristianismo. Etimologicamente provém de “sacro faccio” (fazer as coisas sagradas). Aliás, a doutrina cristã é bem clara a respeito. Fazer um sacrifício é um ato de consagração à Deus. Para o Cristo, mais importante que adorar nas sinagogas era amar e servir ao próximo. Isso tem uma explicação: o hábito de frequentar o templo ou as sinagogas, ocupando seus melhores lugares, dava prestígio na sociedade judaica. Era motivo de apreciação. Por outro lado, a renúncia aos bens materiais, prestígio, autoridade, etc., em benefício de outrem, constituía um penoso sacrifício. Entre os antigos era até sinal de fraqueza.
Voltando aos nossos dias, verificamos como muitos fatores tendem a impedir o ser humano de fazer as coisas sagradas. Uma pessoa por mais sensível que seja ao sofrimento alheio, ver-se-á sempre tentada a não sacrificar seus interesses pessoais, sua comodidade, para prestar ajuda a alguém. A renúncia é um fardo pesado para muita gente.
Contudo, cresce gradativamente o número daqueles capazes de vencer a tentação do egoísmo, dispondo-se a trabalhar em grupo pelo bem comum.
Mas, se existem diversos graus de tentação, o mesmo se pode afirmar da renúncia. Não basta ao indivíduo apenas superar o obstáculo representado pelos interesses pessoais e comodismo. Dentro do labor grupal outras tentações normalmente fustigam a boa vontade do obreiro. Ele terá, muitas vezes, de renunciar pontos-de-vista que talvez lhe sejam muito caros. Ou, então, suportar as idiossincrasias de seus companheiros. Ou, ainda, observar com humildade e compreensão alguém assumir os méritos de alguma realização sua.
Enfim, em nenhuma circunstância o caráter de um ser humano é tão provado como no trabalho de equipe. E, à medida que o indivíduo cresce, essas provas tornam-se mais sutis. Contudo, esse é o caminho. Não há outro capaz de melhor preparar a humanidade para a Idade de Aquário.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 01/86 – SP)
Pergunta: Qual a razão do grande crescimento populacional de nosso Planeta nos últimos 100 anos? Suponho que um certo número de Espíritos Virginais entrou neste plano de evolução durante o Período de Saturno, percorrendo a sua senda evolutiva através dos Períodos Solar e Lunar até os dias de hoje. Tem-se a impressão que um aumento populacional não é tão necessário assim no presente momento. Muitos recém-nascidos aumentam a carga das responsabilidades para famílias de baixo nível socioeconômico, pois não poderão receber uma educação adequada. Na índia, por exemplo, a tônica constante é de quase inanição. Tenta-se corrigir a situação mediante o uso de contraceptivos e abortos, dois meios errados, na minha opinião. Qual seria então o ponto de vista Rosacruz?
Resposta: Respondendo à primeira parte de sua pergunta, devemos apontar, de conformidade com O Conceito Rosacruz do Cosmos, que “a questão populacional não é regida inteiramente por pessoas, ou leis promulgadas por seres humanos. As Hierarquias Divinas que governam a nossa evolução planejam esse setor para o maior bem comum dos seres evolutivos. Assim sendo, o número das populações está mais a critério das Hierarquias do que da humanidade” (Livro: “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas”, Vol. 2). Esse livro nos informa que “há cerca de 60 bilhões de espíritos em nossa onda de vida, passando pelo ciclo de vidas e mortes, vivendo, dessa forma, uma parte do tempo no Mundo visível e outra parte no Mundo invisível. No ano em que o livro acima citado estava sendo escrito (1918), existiam “somente quinze centenas de milhões de espíritos encarnados na Terra. É o ponto mais baixo do diagrama populacional e isso acontece, geralmente nos fins de ciclo”.
A revista Rays de julho de 1916, p. 78, informa que “a onda de vida humana agora em evolução na Terra corresponde a mais ou menos 6 bilhões de espíritos”.
“No presente momento, estão encarnados na Terra aproximadamente 15 centenas de milhões, pelo que podemos concluir que três quartos da onda de vida humana se encontram nos Mundos invisíveis”. Em certos períodos de nosso desenvolvimento, uma percentagem de até cinquenta por cento vivem encarnados, na Terra.
Devemos lembrar que existem, além desses Espíritos Virginais (que pertencem ao raio evolutivo da Terra exclusivamente), outras ondas de vida evoluindo em Marte, Mercúrio, Vênus e nos outros Planetas. Porém, toda a grande onda de Espíritos Virginais que está evoluindo agora, no quadro de nosso Sistema Solar, iniciou a sua evolução no Período de Saturno ao mesmo tempo, tendo então um estado de consciência similar ao mineral de hoje. Logo apareceram diferenças, sendo que alguns eram de natureza mais adaptável, tendo assim maiores facilidades evolutivas, cujas qualidades lhes permitiram um progresso mais rápido do que o dos seus irmãos que ficaram para trás”.
O prezado consulente sabe, certamente, conforme os Ensinamentos de Sabedoria Ocidental, que a experiência “é o objetivo principal da vida, juntamente com o desenvolvimento da Vontade”. Assim sendo, quanto mais vezes renascemos na Terra, mais experiências ganhamos e mais oportunidades recebemos para lograr o nosso progresso. Poderemos concluir assim que, realmente, não é uma questão de quantos Egos são “necessários”. A meta principal é providenciar experiências na Terra ao maior número de Egos permitido pelas circunstâncias.
Tudo isso é dirigido por aqueles grandes Seres, os Anjos do Destino.
Você também tem razão em pensar que os contraceptivos e os abortos não representam a solução adequada ao problema populacional. A resposta adequada e final se encontra no desenvolvimento do espírito humano até ao ponto de poder controlar os desejos inferiores. Temos mais literatura a respeito e à sua disposição.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 1/75)
Autorregeneração: o cuidado com nossos pensamentos num círculo espiritual
Há um momento, na vida espiritual do estudante Rosacruz, em que ele se dá conta do extraordinário poder que poderá ter o pensamento na conquista de seus anelos, especialmente quando bem assessorado por um desejo forte. Neste momento, entretanto, poderá correr o risco de se deixar ofuscar, empregando levianamente a vontade a serviço desse poder. Pode acontecer, por exemplo, que sentindo necessidade de alguma coisa material e não dispondo de meios para adquiri-la, e percebendo que bastará pensar com toda a sua força em como seria bom obtê-la para que cedo ou tarde veja realizado o seu desejo; mas, como nada vem de graça às nossas mãos, acabará percebendo também que sempre haverá um preço a pagar por tudo o que recebemos. Já o fato de sentirmos necessidade de coisas materiais, por mais válidos que sejam os nossos desejos, traz consigo várias implicações que podem desvirtuar o sentido natural de um simples desejo e transformá-lo numa espada de dois gumes.
Se o estudante for mesmo sincero e honesto em seu propósito superior, acabará concluindo que de nada servirá para a sua escalada a um nível superior o fato de empregar a vontade de maneira tão limitada. Se for mesmo, aprendendo a pensar com justeza, acabará desejando somente coisas justas. E, à medida que aumentar o seu entendimento para o certo, e para o seu desprendimento, a vontade vai se transmutando em força de realização, e notará que as coisas materiais, de que tenha real necessidade, acabarão vindo-lhe às mãos naturalmente, sem que precise preocupar-se com elas.
Na verdade, o ser humano que se eleva não necessita pedir nem desejar. Seu próprio esforço para melhorar intimamente vai torná-lo digno de merecimentos cada vez maiores e mais evidentes. Tendo aprendido a transformar a vontade em força de autorregeneração, essa própria vontade irá também ampliando o seu campo de possibilidades e de aquisições tanto materiais, como espirituais, dependendo a que direção tenha encaminhado a sua vida.
Seria bom não esquecermos, também, que o pensamento não é válido apenas para adquirirmos algo para nós mesmos, em função apenas de nosso próprio benefício. Qualquer que seja a nossa atitude na vida, o modo como dirigimos nossos pensamentos, tem sempre grande influência junto ao grupo de que fazemos parte, à sociedade a que pertencemos. Especialmente se participamos de alguma entidade espiritual, nossa atitude diante do mundo, nossas disposições para com os indivíduos e mesmo para com as massas vão repercutir sistematicamente em nosso trabalho e em nosso convívio com os nossos irmãos. Nossos pensamentos têm uma tremenda influência sobre nós mesmos, nossa conduta, nossas disposições, nossa vida, enfim; tanto que nossos rasgos de sinceridade ou nossas capitulações mais íntimas, por mínimos que forem, vão ressoar favorável ou desfavoravelmente, não apenas sobre nós mesmos, mas também no ambiente de que fazemos parte, tanto ativa como passivamente.
Se, por exemplo, alguém falhar em uma só disposição interna, ou se alimentar alguma dúvida, mesmo que não as exteriorize, aquele lapso irá, cedo ou tarde, retumbar no conjunto, como uma pequena nota discordante, que, se não for sanada a tempo, acabará nos arrojando – de um jeito ou de outro – fora do contexto. Daí a necessidade de mantermos bem claros os nossos pensamentos e as nossas intenções, procurando ser muito fiéis às nossas certezas, para que qualquer indecisão ou desleixo possa ser cortado de início, não arriscando afetar ou comprometer o equilíbrio de um conjunto.
Segundo dizem, a caridade começa em casa. E o fato de sermos autênticos, antes de mais nada, não deixa de ser uma forma de caridade, porque só tendo segurança de pensamentos, de ideias, de ideais, daquilo que realmente se quer, é que realmente se poderá influir positivamente na segurança e no progresso de um todo, para que esse todo possa expressar-se, forte e positivo, na difícil arena do mundo. E, neste particular, não nos basta afirmações ou aparências de santidade, exposição gratuita e valores íntimos, tampouco a defesa de um ponto de vista religioso, se tudo isto não estiver fortemente escudado na força de uma verdade interna positiva. Por isso, é mister esforçar-nos por saber o que realmente queremos, para que não haja dúvida alguma em nossas escolhas. A dúvida enfraquece qualquer disposição, retardando ou modificando o bom resultado que todos podem estar esperando de nós, como um compromisso sagrado.
Se, em nosso lar ou sociedade devemos ter este cuidado com nossos pensamentos, principalmente no que se refere ao sentido moral das coisas, num círculo espiritual, com muito mais razão esta verdade se impõe. Porque o sentido espiritual é muito mais amplo, abarca não só o ideal que abraçamos como escopo de vida, como também nosso relacionamento com o indivíduo, e, num estágio mais elevado, com a humanidade inteira, com a vida, com o Cosmos. E esta, como veem, é a nossa grande responsabilidade.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 1/75)
A Transição
Um sábio vivia num país distante, amado por todos que o conheciam. Durante muitos anos, o povo o procurava, pedindo conselhos, ou simplesmente desejando ouvi-lo falar.
Falou das sabedorias dos antigos e, embora muitas vezes não entendessem completamente o significado das suas palavras, eram aconselhados e confortados pela abundância de amor e simpatia que dele emanavam. O sábio tinha uma filha, a quem ele amava; e que a seu tempo seria capaz de adquirir a graça e sabedoria do pai.
Um dia, quando ele sentiu que o tempo da sua transição estava perto, falou com ela. “Minha criança” disse, quando ela sentou numa almofada à sua frente, deitando a cabeça no seu joelho,”o tempo da minha transição está chegando, vou logo partir para os reinos mais altos, e eu estou contente. Desenvolvi aqui e embora meu corpo tenha me servindo fielmente e bem; será um alívio me desprender do seu peso”.
Ela sorria para ele: “Eu sei pai, também senti que você vai nos deixar. Sentiremos falta, mas você realizará maiores trabalhos no mundo superior, onde viverá. Estou certa de que isto acontecerá”.
Seu pai a olhou fixamente com afeição, acariciando seus cabelos vendo-os brilhar à luz do Sol. Desde quando era uma menininha, seus momentos mais preciosos eram aqueles; quando ela deitava sua cabeça dourada no seu joelho e conversavam juntos com o maior entendimento e confiança. De tudo que ele mais amou na terra, e do que mais sentiria falta, era sua filha. Mas, sabia também, que apesar da vastidão do mundo, nunca estaria longe dela.”Uma coisa me perturba filha? disse ele. Sei que você não vai prantear a minha partida, com lágrimas e lamentos e por isso sou grato. Mas, eu me preocupo com os outros, – aqueles que vierem a mim buscar conforto e consolo – aqueles lamentarão minha passagem e se afligirão grandemente. Não por mim deploro isso, mas por eles mesmos. Sofrimento deste tipo, só pode ser destrutivo, como você já sabe.
“Sim, eu sei pai”, respondeu; “mas acredito que será mais fácil a mim proteger-me da aflição, do que para os outros. Estou contente por você porque sei como será livre e verdadeiramente vivo na sua nova condição.
Além disso, sou afortunada por lembrar-me das experiências que tive durante o sono, eu vi, como os outros que já partiram são mais felizes. Muitas pessoas que vivem na terra, não é tão afortunada como eu. Para eles, perdendo alguém que ama, o mundo toma-se vazio, porque eles não podem ver que aqueles que já partiram estão vivos no outro lado”.
O sábio continuou: “Esta é a razão porque pergunto se você ajudará aos outros quando eu já tiver partido. Lembre-se de que eu estarei ocupado com um trabalho novo e embora fique frequentemente com eles, isso não será óbvio nas suas horas de vigília. Urge a eles, da melhor maneira que possam; transmutar suas lágrimas em ação positiva.
Exorte-os a intensificar seus trabalhos aqui na terra, porque nada poderá superar melhor o luto e a dor”.
“Eu farei pai, eu o farei “ela assegurou. Por longo tempo sentaram juntos, falando pouco, mas, unidos em harmonia e profundo amor.
Na manhã seguinte, quando os adeptos se juntaram embaixo do grande carvalho, onde sempre se encontravam, foram surpreendidos ao ver a filha vir ter com eles. Frequentemente acompanhava o pai a estas reuniões, mas nunca antes viera sozinha. Estava vestida com um longo e flutuante vestido branco, seus cabelos estavam amarrados com um laço dourado.
Sorria gentilmente para os adeptos, que esperavam por uma explicação. Um ou outro teve o pressentimento súbito do que ela iria falar, suspiraram e olharam para longe.
“Queridos amigos” começou ela, “hoje de manhã meu pai passou, para os mundos superiores. Seu tempo na terra se esgotou, e consideravam-no com mérito para um trabalho maior. Ele se regozija por estar livre das dores terrenas, e ansioso por começar seus novos deveres. A ajuda na sua transição, foi confiada a um dos Iluminados Seres e partiu com muita paz”. A jovem parou de falar e olhou para os adeptos. Alguns choravam abertamente, outros a olharam como se não pudessem acreditar no que ouviam, outros -os mais velhos – balançavam a cabeça com inveja. “Sim; sim”, disse um deles suavemente, “era seu tempo”. “Mas o que nós vamos fazer?” gritavam alguns. “Sem ele não podemos viver, que faremos sem ele?”
“Nós devemos trabalho, todos temos trabalho a fazer, um vasto trabalho”, falou a jovem com a voz desapaixonada.
“Ele ofereceu conselhos e mostrou o caminho. Ele revelou muito, o que somos afortunados em conhecer. É por isso, por conhecermos a verdade, que somos obrigados a usar dela na nossa vida. Ele fez a sua marca. Então, agora é o tempo de nós fazermos a nossa.”.
A jovem suspirou fundo e indo embora falou suavemente: “Meu pai não queria que o pranteassem. Eu sei disso e no fundo do coração vocês também o sabem. Regozijem-se por ele – regozijem-se com ele – para que ele tenha bom motivo para estar contente. E mesmo que vocês nunca se comuniquem com ele, eu rezo a vocês para que não deixem a tristeza de seus corações pesar em cima dele”.
Outra vez a jovem os olhou gravemente, suplicante. “Seu último pedido foi que eu recomende a vós a submergir na ajuda aos outros. E eu acrescento a este pedido o meu: ponham os seus ensinamentos em prática. Façam com que se tornem parte das suas vidas – do seu próprio ser. Assim ele estará mais com vocês do que quando em seu corpo físico”.
Por longo tempo os adeptos permaneceram juntos, cada um com suas lembranças dos dias passados com o sábio, e meditavam sobre as coisas que sua filha lhes transmitiu.
Então, um levantou-se e falou: “a jovem está certa, convém que façamos o que ela pediu. Embora aquele que nós amamos tenha partido, deixando “seu corpo físico, ele é imortal nos céus como nós também. E podemos nos imortalizar mais na terra, servindo como ele nos ensinou. Vamos amigos, deixem de sofrer e cuidem de seus trabalhos”.
Um ano depois, os adeptos se reuniram outra vez embaixo do velho carvalho. O ano anterior dedicaram à uma escola, onde transmitiam os ensinamentos que aprenderam com o sábio, para aquelas que tinham ouvidos para ouvir.
O apelo do sábio para servir não foi desatendido e aconteceram muitas mudanças na região. Mendigos que antigamente, passivamente, lamentavam queixosos na beira da calçada, foram ensinados a ajudar a si mesmos e a ganhar o seu sustento, trabalhando, produzindo seu próprio alimento. Alguns adeptos trabalhavam sem compensação nos lares ou campos dos pobres, ajudando com trabalhos caseiros cotidianos e cuidando dos doentes. Outros reuniram crianças ao redor deles e infundiram o conhecimento do bem e da dignidade. Alguns fundaram hospitais, onde os doentes e sofredores recebiam conforto.
Neste dia de reunião, os adeptos saudaram uns aos outros, alegremente ansiosos por ouvir o relato de novidades que aconteceram nos doze meses passados. A filha do sábio estava ali, também, era ela a professora da nova escola. Quando passou entre os adeptos, apertando a mão de uns, abraçando outros, eles se maravilharam pela sua maturidade, compostura e beleza intensificada, que irradiava dos seus traços e da sua capacidade.
Evidentemente ela era digna sucessora do pai.
Então a cerimônia da dedicação começou. Orações eram oferecidas; palavras foram ditas, canções eram cantadas e este era o tributo amoroso, cheio de respeito à memória abençoadado sábio, que era o instigador de tudo que era bom.
Quando o último orador voltou ao seu lugar, ouviu-se um inesperado arquejo dos presentes. A figura familiar do sábio, vestido com um simples manto marrom que ele sempre usava, estava em pé visto tenuemente ao lado da multidão. A amada face outrora enrugada pela idade, era agora lisa, com brilho extraterreno, amoroso e entusiasmado. Era realmente o sábio, transmutado pelas características do mundo superior e sem dúvida reconhecido por todos. A figura permanecia sorrindo e abençoando com o olhar caloroso e aprovativo dos seus adeptos. Então, desapareceu.
Por momentos todos permaneceram em silêncio. Então, viraram-se e foram seguir seus caminhos separados.
A cerimônia terminou. Estava bem completa.
(Publicada na Revista ‘Serviço Rosacruz” – 01/86 – SP)
Sublimação – Falemos sobre o conceito esotérico: Harmonia
Todos nós já passamos pela experiência de adentrar um recinto onde tudo aparentava a mais perfeita paz. Sentíamos, porém, que as coisas não eram exatamente como pareciam: o ambiente estava realmente carregado de tensões encobertas. Se há desacordo ou ressentimento no coração das pessoas, o disfarce de pequenas frases amáveis não pode ser qualificado de harmonia. A harmonia não é ausência de qualquer coisa; é, sim, a presença do amor.
Ao examinarmos a vida de Cristo-Jesus, vivenciaremos um exemplo de harmonia. Ao procurarmos as fontes dessa harmonia, encontramos uma constante atmosfera, um contato permanente com o Pai, o que Lhe permitia afirmar: “Eu e o Pai somos Um”. São Paulo apóstolo também nos recomendou a orar sem cessar. Começamos a compreender a necessidade de uma disciplina e integração internas, uma incessante abertura do canal espiritual que somos para a Grande Influência Superior.
Na literatura Rosacruz há constantes citações da chamada “harmonia das esferas”. E quando logramos uma pálida noção do mundo em que vivemos, concordamos em que qualquer falta de harmonia em nosso Universo seria, humanamente falando, desastrosa.
Tal harmonia deve ser produzida por uma Fonte Perfeita, porque aqui, mesmo aqui, podemos aplicar o axioma hermético “assim como é no macrocosmos é também no microcosmos”, válido para os nossos corpos finitos que são universos em miniatura.
Desvinculados do emaranhado de nossas mesquinhas “preocupações” do mundo, podemos mergulhar realmente no Grande Desconhecido de que fazemos parte: o “habitat da harmonia”. Examinando o movimento dos astros em suas órbitas, convencer-nos-emos de que tão somente uma total e absoluta harmonia poderia ter produzido as galáxias, onde tudo se movimenta a velocidades incríveis, numa perfeita sincronização. Não necessitamos de grande imaginação para vislumbrar o caos total se houvesse ausência de harmonia na “sinfonia das esferas”.
A Palavra Criadora é uma palavra harmoniosa. E como a Terra deve considerar-se afortunada pelo fato de nossas palavras ainda não terem adquirido essa magnitude de poder. Podemos nos impacientar com a lentidão do nosso progresso espiritual, porém, entendemos porque o Amor Cósmico nos está protegendo de nós mesmos, até aprendermos a manter uma harmonia interna, como aparentamos exteriormente.
(Traduzido de Rays From The Rose Cross e publicado na Revista Serviço Rosacruz de 8/77)
A Almejada Resposta: cultivar a parte espiritual e cuidar dos negócios desse mundo
A humanidade passa atualmente por momentos de grande tensão. Vivemos numa época em que a insegurança aparenta ser o denominador comum da vida. As manchetes dos jornais e as notícias veiculadas pelo rádio e televisão, dão conta de crises em quase todos os quadrantes da terra. Crises monetárias, políticas, religiosas, morais. Crises e mais crises. Crise é a palavra que define todas as anormalidades e inseguranças.
Mas afinal, o que acontece com o mundo? Em uma época de racionalismo, de progresso tecnológico assombroso, de definições mais amplas, por que o estranho paradoxo dos desencontros? Por que dubiedades e incertezas se o logismo fundamenta as análises e o estabelecimento de teorias? O ser humano já vai à Lua, em empreendimentos orçados em milhões de dólares, e por incrível que pareça seus empreendedores ainda alimentam dúvidas quanto aos benefícios que a humanidade possa auferir. Se a automatização promove o conforto, por outro lado, ameaça o ser humano, substituindo-o, escravizando-o e desempregando-o.
Vivemos uma realidade de aparentes contrastes ou paradoxos. Nos países mais desenvolvidos do globo, onde o racionalismo e a automatização ditam normas, localizam-se os problemas mais complexos. Não é estranho?
Algumas das chamadas superpotências ou sociedades superorganizadas, a despeito de seu alto nível social e cultural, enfrentam males crônicos traduzidos em dissolução da família, suicídio em grande escala, enfartes, uso indiscriminado de drogas alucinógenas, erotismo etc., caracterizando uma agressão ou fuga aos deveres impostos pelo meio social. Acontece, porém, que quase todas estas sociedades «modernas» foram plasmadas no materialismo em suas variadas formas (competição, pragmatismo, utilitarismo, etc.), impondo o seu próprio ritmo à vida humana. Dispondo dos recursos oferecidos por uma sociedade organizada e abastada, vivendo dentro de um padrão de vida invejável, que elemento pode induzir um ser humano a pôr termo à própria existência, a ser derrubado por um enfarte ou a consumir-se pelo uso de entorpecentes? As nações desenvolvidas estão empregando verbas fabulosas em estudos e pesquisas visando encontrar a resposta.
A Filosofia Rosacruz proporciona-nos a resposta completa, subentendendo causa e solução. Em um versículo dos Evangelhos o Cristo também responde a essa indagação: “EU NÃO SOU DESTE MUNDO, COMO VÓS DESTE MUNDO NÃO SOIS”. O ser humano é em realidade e essência, um ser divino, um Espírito, célula indestrutível do grande corpo de Deus. Não é meramente uma forma mortal que pulsa, respira e anda. Manifesta-se no plano da matéria mais densa através de um corpo formado de elementos químicos. Este corpo, por sua vez, é vitalizado e sensibilizado por uma vestidura mais refinada, composta de Éter. Seus desejos, emoções, sentimentos e incentivo para ação, têm origem em um corpo mais sutil ainda, denominado Corpo de Desejos pela Filosofia Rosacruz. E para coordenar essa cadeia de veículos, o Espírito utiliza a Mente.
Sendo o Espírito potencialmente divino, sua imortalidade é um fato indiscutível, porém, encontra-se temporariamente sujeito a renascer várias vezes no plano material, onde se exercita e adquire experiências pelo uso de seus veículos, extraindo-lhes uma alma. Essa alma é o seu, alimento primordial, promovendo o desabrochar de suas faculdades latentes, tornando-o cada vez mais senhor de seus poderes, ampliando-se a consciência. À medida que for aprendendo as lições pertinentes a cada veículo e ao mundo correspondente, renascerá em mundos sucessivamente superiores. Logo, todas circunstâncias próprias do mundo físico são transitórias, porém indispensáveis à nossa evolução. Atualmente ele constitui nossa grande escola, mas temos de almejar escolas superiores. Muitos não lhe dão o devido valor, e outros o superestimam. Algumas religiões orientais apresentam o plano da matéria como sendo degradante, preconizando dedicação completa ao mundo do Espírito. É um lamentável desperdício de oportunidades de progresso e tal falha deverá ser corrigida futuramente. Em contraposição, muitos ocidentais apagaram-se de tal modo ao materialismo, a ponto de identificarem-se com ele. Não reconhecem outra realidade a não ser a das formas que os rodeiam. É outro equívoco a exigir reparação. É mister encontrar-se um ponto equilibrante. Se é verdade que NEM SÓ DE PÃO VIVE O SER HUMANO, não é menos verdade QUE DEVEMOS DAR A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR. Isto trocado em miúdos quer dizer que devemos cultivar as faculdades do Espírito (através da oração, da devoção, do estudo de filosofias espiritualistas, do aprimoramento do caráter, do serviço amoroso e desinteressado aos demais, etc.) e paralelamente cuidar dos negócios deste mundo (cumprindo nossos deveres sociais, familiares, profissionais, procurando ser atuantes em nosso meio ambiente, estimulando o progresso em todos os sentidos). Assim, equilibradamente, contribuiremos para tornar o mundo melhor, material e espiritualmente, divulgando pelo exemplo, a necessidade de procurar um ideal superior, utilizando os impactos do mundo físico como meios de crescimento anímico. Quando houver conscientização desse fato, o mundo deixará de ser um turbilhão de conflitos e então, caminharemos a passos largos rumo à Fraternidade Universal.
(de Gilberto A.V. Silos – Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/71)
Crise Econômica e Saúde Mental
Os internamentos nos hospitais psiquiátricos e a situação da economia são fatos inter-relacionados.
O dr. Harvey Brenner, da Universidade de Harvard, examinou os registros de todos os hospitais psiquiátricos do Estado de New York, nos últimos 127 anos. Suas pesquisas, como outras efetuadas pelos drs. Louis Kopolow e Frank M. Ochberg, do Instituto Nacional para a Saúde Mental, confirmam esse paralelismo entre a prosperidade ou recessão no campo econômico e o índice de pessoas internadas em hospitais psiquiátricos.
A faixa mais atingida é a de pessoas do sexo masculino, entre 45 e 60 anos de idade. As profissões mais sensíveis às oscilações da economia são as dos operários semiespecializados e dos trabalhadores em seções de montagem nas indústrias.
Os distúrbios emocionais são, tão somente, parte do problema, pois as mesmas tensões produzem doenças físicas que acompanham os altos e baixos da economia. A medicina psicossomática tem verificado esses efeitos, especialmente no campo dos distúrbios das coronárias e na incidência de úlceras gástricas. A ação recíproca dos fatores emocionais, ambientais e físicos constitui um conhecimento essencial, “pois que a crise econômica, aliada às depressões emocionais e doenças físicas, representa uma ameaça ao ser humano” de Science News, 14 de fevereiro de 1976.
Não reputamos surpreendentes as revelações acima. Como aspirantes a uma vida espiritual, fácil se nos depara verificar a urgência do assentamento de bases espirituais mais sólidas na vida da humanidade. Certamente, a crise econômica representa uma grande provação, especialmente para os pais de família, responsáveis pelo bem-estar de seus dependentes.
Também a monotonia de um trabalho excessivamente rotineiro, como o de uma linha de montagem, pode conduzir a distúrbios emocionais, caso não se adote uma filosofia de vida. Nunca é demais repetir que o reto pensar e o reto viver estimulam evolução do Ego, provendo a harmonia de seus veículos.
Tal atitude ensejará forças durante a provação; e esta será compreendida como uma lição evolutiva – o que realmente ela é – sendo o resultado um aumento de poder anímico.
Não somos obrigados a aceitar as realidades desagradáveis do mundo material. Podemos dar um passo à frente e compreender as lições que ele contém, as oportunidades que oferece e assim manter o nosso equilíbrio físico, mental e emocional.
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na Revista Serviço Rosacruz de 08/1977)
Um Ciclo Vicioso ou Virtuoso
Quanto maior é a candeia, maior também será a quantidade de fluido para abastecê-la. Quanto mais fraca é a terra, maior será a quantidade de fertilizante necessário para que se produza uma boa safra. Quanto melhor é um instrumento, melhor é o som que ele emitirá. Portanto, quanto mais amor tiver um indivíduo, melhores também serão as suas obras, e assim por diante. Essa regra se aplica em tudo.
A responsabilidade de um ser humano está em um determinado nível; vem então o desejo de aprender algo, de ter experiências afins. Alimentando o desejo, o ser humano passa a saber mais, colocando-se um pouco acima daquele que sabe menos. Aumentando o saber, aumenta também sua capacidade assimilativa, e assim por diante, em um ciclo vicioso onde ele tem cada vez mais as suas qualidades aumentadas, e cada vez maior número de oportunidades de aprender mais.
No entanto, o egoísmo leva o ser humano por caminhos tortuosos, longe da sua origem, porque à medida que vai aprendendo erroneamente, vai utilizando a sua inteligência para “acumular tesouros”, quando não, na maioria das vezes, para prejudicar seus semelhantes. Realmente, talvez ele tivesse razão se a vida fosse tão somente um lapso existencial entre o berço e o túmulo. Mas assim não acontece. A vida não para aí; existe muito mais ainda. Ou melhor, nós estamos sempre no meio, pelo menos enquanto não soubermos quando começa ou acaba a aventura do ser humano na matéria. Por isto, à medida que vai aprendendo, mais e mais, libertando-se das condições atuais de sobrevivência e livrando-se dos laços que o prendem à matéria, aumenta também, com isso, sua responsabilidade em relação aos menos favorecidos.
Assim como nos exemplos acima, aquele que se tornou em uma candeia precisa, igualmente, do azeite das obras, que irá alimentar essa candeia (que é o ser humano) e que vai, por outro lado, aumentar ainda mais a sua capacidade e o desejo de aprender, conduzindo-o sempre a uma responsabilidade ainda maior; também em um círculo vicioso onde, quanto mais o ser é livre, mais livre desejará ficar, até um ponto que culminará com o desprendimento total da matéria, tamanha é a força vibratória produzida pelo seu desenvolvimento.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1976)
Os Frutos da Vivência Cristã
É deveras gratificante avaliar como o trabalho desenvolvido pela Fraternidade vem rendendo “frutos” apreciáveis.
Nosso júbilo não se deve exclusivamente ao crescimento gradativo do número de estudantes. Há um fator mais importante, merecedor de maior destaque: são os resultados obtidos mediante a aplicação, no quotidiano, dos ensinamentos transmitidos ao mundo por Max Heindel.
Frequentemente ouvimos expressões de admiração e gratidão emitidas por estudantes.
Fazem questão de realçar o papel importante que a Filosofia Rosacruz desempenhou e continua a desempenhar em suas vidas, por estimulá-los a uma reforma interior – base de todo e qualquer progresso.
Alguns relembram seu passado sofrido, suas dificuldades de relacionamento, quando no lar ou no trabalho viviam em constante atrito com as pessoas que os cercavam. Relatam as danosas consequências desse negativismo: inimizades, perda de valiosas oportunidades de ascensão profissional, lares quase desfeitos, frustrações, etc. Com entusiasmo narram transformações operadas após o conhecimento do rosacrucianismo. Aprenderam a ser mais compreensivos em relação às falhas alheias. Tornaram-se mais vigilantes com as próprias.
Notaram como as coisas, ao seu redor, se modificaram. Aquele estado de franca “beligerância” ou de “paz armada”, para com os outros, converteu-se em entendimento. A vida assumiu um novo significado.
Outros estudantes frisam, e suas palavras deixam escapar o calor de uma sincera gratidão, a melhora de sua saúde como a suprema graça alcançada no Movimento Rosacruz.
Recordam, às vezes com os olhos umedecidos, o quanto padeceram presos a enfermidades.
Depois de adotarem um regime alimentar mais natural – isento de carne, álcool e estimulantes – puderam realmente desfrutar de uma vida mais plena e feliz.
Inicialmente encontraram uma certa dificuldade para livrar-se dos maus hábitos. Não era para menos. Os hábitos perniciosos, se mantidos durante anos, criam raízes, tornam-se “de casa”, passam a integrar nossa própria natureza. Erradicá-los demanda tempo e muita perseverança.
Com o passar dos anos, porém, constataram a transformação para melhor. Hoje gozam de boa saúde e proclamam essa verdade.
Há aqueles que se sentiam profundamente infelizes com suas vidas: alguns reveses, principalmente financeiros, roubaram-lhes a autoconfiança. Tornaram-se inseguros, indecisos.
As oportunidades que lhes surgiam amedrontavam-nos ao invés de estimulá-los à ação.
Viam os colegas de trabalho como rivais oportunistas ou competidores. Os parentes, estes pareciam escarnecer de seus fracassos, levando-os a um desespero maior. Com o tempo deixaram-se prostrar num lamentável estado de apatia, desânimo e imobilismo. Eis que por intermédio de alguém, ou por algum outro meio, entraram em contato com a Fraternidade. Inscrevem-se, fazem os cursos, estudam incansavelmente e começam a enxergar uma realidade até então desconhecida: o ser humano é uma célula integrante do macrocósmico corpo de Deus. Foi dotado de todos os atributos divinos.
Possui-os em forma latente e através da peregrinação pelas várias etapas da evolução tornar-se-á onisciente. É um herdeiro de todas as promessas celestiais. De forma alguma renasce para ser obrigatoriamente um infeliz, pobre coitado sujeito aos caprichos do destino.
Pelo contrário. Seu futuro é grandioso. Os sofrimentos atuais nada mais são do que os frutos de sua ignorância, e uma gama de lições a serem aprendidas. Assim, o conhecimento das leis naturais e sua justa aplicação traduzida em pureza, amor e serviço ensejam-lhe, aqui e agora, mudar sua vida para melhor.
“O único pecado é a ignorância”.
“O único fracasso é deixar de lutar”. “A única salvação é o conhecimento aplicado”.
Dessa maneira, muitos se encontraram no rosacrucianismo.
Afirmam ter descoberto a “fórmula mágica” responsável pela benéfica transformação ocorrida em suas vidas.
FÓRMULA MÁGICA? Mas a Filosofia Rosacruz não é um conjunto de verdades antiquíssimas em novas roupagens?
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1976)
Etapas da Preparação e a Transformação Lenta da sua Vida
O estudo em etapas capacita o aspirante a adquirir não somente o conhecimento a que aspira. À medida que penetra no conceito fundamental da vida, aprende a manejar eficientemente os seus veículos.
A etapa inicial do estudo é chamada de Preliminar. Constitui a base de um desenvolvimento futuro. O estudante encontra os temas desse curso na primeira parte do livro “CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS”, de Max Heindel.
É bom esclarecer que o Mestre observa com atenção o interesse dedicado pelos estudantes às lições.
A princípio, este pode extravasar muito entusiasmo, desejo de “saber” e muita impaciência. O Mestre segue observando.
Se o neófito persiste em seu desejo de investigação, uma vez terminadas as doze lições, será inscrito na Sede Mundial. Algumas pessoas, já militantes em outros campos esotéricos, ao solicitarem esse primeiro curso, não encontram nenhuma diferença com o assimilado em outros livros ou aprendido em outras escolas ocultistas.
Convém ressaltar que nossos ensinamentos não preveem somente a investigação, pois nosso aprendizado deve caminhar paralelamente à sua aplicação na vida diária. Uma transformação dos “metais inferiores” em “ouro puro” das oportunidades opera-se através do crisol espiritual de que falavam os antigos filósofos alquimistas. Não é uma utopia.
Quem quiser chegar ao plano das grandes realizações terá de compreender que é necessário transformar o “homem velho” no “homem novo”, o futuro “super-homem” de Aquário.
A transformação é lenta: principia com a mudança de hábitos, como deixar de fumar, de ingerir bebidas alcoólicas, de comer carne, evitar as drogas, usando-as somente quando receitadas por um médico competente e escrupuloso, e mesmo assim em condições especiais. Parte de seu tempo deve ser empregado na prática dos exercícios prescritos pela Filosofia Rosacruz. A observação, o discernimento e a meditação são práticas decisivas na evolução mental, para que se possa adquirir domínio sobre os veículos.
Mesmo iniciando seu trabalho espiritual quando da inscrição no Curso Preliminar, seu caminho não tem fim. As lições mais importantes, ele as recebe do Mundo do Desejo, outras do plano etérico, e as transcendentais, a seu tempo, são recebidas da Região do Pensamento Concreto.
Segundo Max Heindel, alguns com bagagem espiritual de outras vidas podem chegar à Iniciação em seis meses apenas.
Para a maioria, contudo, o processo é lento, como os moinhos de Deus que “moem devagar mas moem fino”.
Você percebeu, caro amigo aspirante aos Mistérios Menores da Ordem Rosacruz, quão sério é o Caminho da Libertação? O trabalho que os Irmãos Maiores efetuam conosco é assim. Você daria uma arma a uma criança?
Você deixaria um aparelho elétrico qualquer ao alcance dela, estando ligado? Claro que não!
Você aguardará que ela cresça, aprenda lentamente as lições da vida, até amadurecer suficientemente.
Analise sua vida até hoje e pense de você como uma criança recém-nascida, um menino que nasce para a vida espiritual.
Esse menino terá de ser bem assistido e seu método de vida cuidadosamente estudado.
O refinamento de seus veículos se efetuará dia após dia e seu crescimento anímico se evidenciará na medida de seu esforço em transmutar seu caráter. Caráter é destino. Um ser humano dotado de elevado senso moral, de hábitos sadios, despido de egoísmo, caminhará rapidamente no caminho Rosacruz. Você encontrará alguns desinteressados em perseverar neste plano de libertação. Mas, não há outro caminho.
Na Filosofia Rosacruz encontramos que o Evangelho de Cristo é o modelo para todos aqueles seres humanos desejosos de compartilhar de Seu Divino Plano, ainda incompreensível para milhares de seres humanos.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1976)