Arquivo de categoria Filosofia

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um Apelo: entenda quão importante é nossa presença individual para acumular e multiplicar nossas aspirações espirituais para o serviço em prol da humanidade

Um Apelo: entenda quão importante é nossa presença individual para acumular e multiplicar nossas aspirações espirituais para o serviço em prol da humanidade

No Ritual do Serviço de Cura, celebrado na Fraternidade Rosacruz Lemos: “Um só carvão não produz fogo, mas quando se juntam vários carvões, o calor latente em cada um deles pode converter-se em chama, irradiando luz e calor”.

O poder dos números é insignificante no Mundo Físico quando o comparamos com o existente no Mundo Espiritual. Aqui podemos contar: um, dois, três, quatro, etc., porém nos planos espirituais essa força aumenta ao quadrado de dois, quatro, oito, dezesseis, trinta e dois, etc. Para as primeiras doze pessoas em um serviço, o número treze aumenta esse poder ao cubo: três, nove, vinte e sete, etc., elevando-os ao poder do Universo Espiritual. Vemos, pois, quão importante pode ser nossa presença individual quando se trata de acumular e multiplicar nossas aspirações espirituais para o serviço em prol da humanidade.

Para assegurarmos a colaboração de todas aquelas pessoas afinadas aos Ensinamentos Rosacruzes, ensejando-lhe a oportunidade de ajudar, publicamos uma relação das datas em que se realizam os Serviços de Cura. Dessa forma, a pessoa interessada – seja probacionista, estudante, paciente ou amigo – pode, à hora indicada (18h30min), recolher-se a seu lar, dirigindo seus pensamentos com devoção e fé a Mount Ecclesia. A energia infundida nos trabalhadores da Sede Mundial, por esse meio, permitir-lhe-á realizar um serviço maior e mais efetivo em favor do gênero humano.

O SÍMBOLO dos AUXILIARES INVISÍVEIS em que se concentra em Mount Ecclesia é uma CRUZ BRANCA com as sete rosas vermelhas e uma rosa pura e branca no centro. A estrela radiante sobressai da cruz posicionada sobre um fundo azul, formosamente iluminado. Este emblema representa o esplendor do Corpo Alma em que percorrem o espaço esses servidores.

Não é necessário efetuar correções no tocante à hora, em função do local onde cada um reside, porque o Sol recolherá a pureza de todas essas nobres aspirações durante a sua marcha. E quando seus raios alcançarem Mount Ecclesia, no ângulo adequado, a influência ali dirigida será transmitida.

Max Heindel afirmou que no passado, quando os esforços para socorrer aos enfermos encontravam-se sumamente limitados, devido à falta de um número suficiente de trabalhadores em Mount Ecclesia, muitas pessoas residentes em outros lugares perguntavam: Como poderemos ajudar? Este APELO é a resposta. Agora, desenvolveu-se uma legião de Auxiliares Invisíveis, tanto entre os vivos como os chamados “mortos” que contribuirão muitíssimo no futuro para afugentar a morte da face da Terra.

Meditemos sobre o glorioso privilégio que significa ser membro dessa legião, elevando mais que qualquer outra honra a posição que pode nos ser conferida, esforçando-nos por viver conforme as regras dessa tão nobre causa, para podermos ser dignos de assumir maiores responsabilidades.

(Revista Serviço Rosacruz – 05/75 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Orgulho: nada nos torna mais duro e mais cego; nada nos é mais funesto ao nosso progresso espiritual

O Orgulho: nada nos torna mais duro e mais cego; nada nos é mais funesto ao nosso progresso espiritual

Dissemos que o tripé em que fundamos a verdadeira renúncia é a: sobriedade, humildade e castidade. Já falamos da sobriedade e hoje abordaremos a questão da humildade, que, por associação, atrai seu antônimo: o ORGULHO.

Paralelamente à gula, o que mais é de recear no ser humano é o orgulho e a sede das riquezas. Nada o torna mais duro e mais cego do que exagerar o seu valor pessoal. Nada lhe é mais funesto ao progresso espiritual e à saúde do que estar de posse de grandes riquezas, a menos que seja um caráter excepcional, capaz de usá-las como quem administra os bens do Senhor.

Nada torna mais impróprio de triunfar numa provação do que viver no luxo e na adulação. Os grandes deste mundo não imaginam quanto mais perto estão do abismo do que os humildes. O seu poder terrestre os embriaga. Uma vez nas alturas, eles não procuram mais do que aumentar o seu campo de domínio, em lugar de se esforçarem unicamente em praticar o bem em face dos pequenos. Mas que quedas estrondosas, quando se realiza a palavra da Escritura: “Depôs do trono os poderosos e elevou os humildes”- (São Lucas, 1:52).

“Quem julgas tu que é o maior no Reino dos Céus? ” – Perguntava a Cristo Jesus os seus discípulos. E, chamando Jesus um menino, o pôs no meio deles e disse: “Na verdade vos digo, que, se vos não converterdes, e vos não fizerdes como meninos, não entrareis no Reino dos Céus”- (São Mateus, 18:1-3).
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas… Ai de vós condutores cegos, porque sois semelhantes aos sepulcros branqueados que, parecem por fora formosos aos homens, e por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda a espécie de podridão… AqueIe que se elevar, será humilhado e aquele que se humilhar, será elevado” – (São Mateus, 23:27).

“Aquele que quiser ser o maior entre vós esse seja o que vos sirva. E o que entre vós quiser ser a primeiro seja esse vosso servo. Assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir” – (São Mateus, 20: 26-28).

“Mas ai de vós, os que sois ricos, porque tendes a vossa consolação. Ai de vós, os que estais fartos, porque vireis a ter fome. Ai de vós, os que rides, porque gemereis e chorareis” – (São Lucas, 4:24-25).

“É mais fácil passar um camelo pelo fundo duma agulha do que entrar um rico no Reino dos Céus” – (São Mateus, 19:24).

“De que serve ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma? “- (São Mateus, 16:26).

“Amontoai para vós tesouros no céu, onde não os consome a ferrugem nem a traça e onde os ladroes não os desenterram nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, estará também o teu coração” – (São Mateus, 6:20-21).

E para que seus discípulos compreendessem bem a onipotência da pobreza e o exemplo divino que se deve dar, Cristo Jesus dizia-lhe: “As raposas têm covis e as aves do céu ninhos, mas o Filho do homem não tem onde pousar a cabeça” – (São Mateus, 8:20).

Depois, quando ele os enviou a cumprir a sua missão evangélica, fez-lhes a seguinte recomendação: “Dai de graça o que de graça recebestes. Não possuais ouro, nem prata, nem dinheiro nos vossos cintos. Nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem calçado, nem bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento” – (São Mateus, 10:9-10).

Aqueles que erram por orgulho, os que gozam egoisticamente as suas riquezas, preparam para si as piores atribulações e os mais duros sofrimentos.

E quando se trata para eles de vencer uma provação, raro percebem o remédio, isto é, o renunciamento a aplicar, porque o orgulho com os seus satélites: a vaidade, a sede de consideração, a pretensão, o desdém, introduz-se no mais profundo do ser e a cegueira sobre as suas taras de caráter, as suas responsabilidades e os seus erros. Quantas pessoas caem no insucesso e na desgraça, porque entende não deverem reduzir, em coisa alguma as suas ambições e os seus gozos! Como são raras as pessoas, suficientemente clarividentes, que se tornam pequenas diante da provação, que examinam a extensão das suas ignorâncias, de suas incapacidades, numa palavra, que façam ato de humildade!

Depois do amor do próximo, a humildade é a virtude cristã fundamental.

Assim não nos devemos admirar de ver que a humilhação é o grande remédio que a providencia emprega para por a prova os orgulhosos e os ricos, demonstrando-lhes a vaidade de suas vantagens e de seus bens materiais, para conservar a saúde do corpo e a paz da alma. Com efeito, para que servem o dinheiro e a celebridade, quando se avilta o organismo e conspurca o espírito?

“O Senhor guarda aqueles que são simples: fui humilhado, por ele fui salvo” – (Salmos, 114). “Foi bom para mim que vós me tivésseis humilhado para assim conhecer a Vossa justiça” – (Salmos: 118).

A humildade é grande fonte de felicidade, poderoso meio de progresso, remédio heroico contra todos os sofrimentos corporais e as feridas de amor próprio. “A humildade é o unguento que faz fechar todas as feridas” (S. Teresa).

A humildade é, com a oração, o meio mais firme de ser exalçado. “Humildade, humildade, clamava Santa Teresa, é por ela que o Senhor cede a todos os nossos desejos”.

Ser humilde é primeiramente tornarmo-nos muito pequenos, até chegarmos a zero, considerando a insuficiência da nossa inteligência, as lacunas de nosso saber, as faltas que cometemos. É darmos conta em seguida que tudo a que podemos realizar de bem, foi Deus que o realizou por nós e que o nosso papel está limitado a apresentarmo-nos no estado de dóceis instrumentos, porque nada temos de bom que seja nosso e nenhum bem praticamos que o não tenhamos recebido do Pai! “Sim, é uma grande verdade que nada temos de bom que seja nosso, e que a miséria, o nada, são o nosso quinhão. Aquele que isto ignora, caminha na mentira” – (S. Teresa, T. VI, p. 265).

Ser humilde é não procurar quaisquer honras deste mundo, é esforçar-se por passar despercebido, é ficar em último lugar, é conduzir-se como Cristo pediu: “Quando fores convidado para alguma boda, não vás ocupar o primeiro lugar, porque pode ser que esteja ali outra pessoa mais considerada do que tu, convidada pelo dono da casa. E que, vindo este, que te convidou a ti e a ele, te diga: ‘Dá o teu lugar a este’; e tu envergonhado vas ocupar o último lugar. Mas, quando fores convidado, ocupa o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: ‘Amigo, assenta-te mais acima’. Servir-te-á isto, então, de gloria na presença dos que estiverem juntamente assentados a mesa. Porque todo o que se exalta será humilhado, e todo a que se humilha será exaltado” – (São Lucas, 14:8-12).

Ser humilde é abster-se de enumerar os seus méritos e não pensar senão em colocar-se na atitude do pobre pecador: “subiram dois homens ao templo para orar, um fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Graças te dou, meu Deus, porque não sou como os outros homens, que são uns ladrões, uns injustos, uns adúlteros, como é também este publicano. Jejuo duas vezes por semana; pago o dizimo de tudo o que possuo’. E o publicano, pelo contrário conservando-se afastado, não ousava mesmo levantar os olhos para o Céu; mas batia no peito dizendo: ‘Ó Deus, tende piedade de mim, que sou um pecador’. Digo-vos que este voltou para casa justificado e não o outro; porque todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado” – (São Lucas, 18:10-15).

Ser humilde é cumprir o seu dever, sem esperança de recompensa, é ajudar os fracos, os ingratos, os pobres, numa palavra: todas as pessoas que são incapazes de dar-vos valor, de recompensar-vos ou de agradecer-vos. “Evitai fazer as vossas boas obras diante dos homens com o fim de serdes vistos por eles; doutro modo, não tereis recompensa de vosso Pai, que está nos Céus” (São Mateus, 6:1). “Quando deres algum banquete, convide os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. E serás bem-aventurado porque esses não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos” – (São Lucas, 14:13-14).

Ser humilde é tratar de se contentar com coisas simples, no que diz respeito a conforto, a alimentação e a vestuário. “Por amor de Nosso Senhor, eu vos suplico, minhas irmãs e meus padres, evitai sempre as casas grandes e suntuosas. Como é comovente, minhas filhas, construir grandes casas, com os bens dos pobres. Quanto menos houver num convento, mais eu estou tranquila. Procurai sempre contentar-vos com o que há de mais pobre, tanto para o vestuário como para a alimentação. De outra fora, vós tereis muito que sofrer, porque Deus não proveria as vossas necessidades e perdereis a alegria do coração. E tornamo-nos senhores de todos os bens deste mundo, desprezando-os” – (Sta. Tereza).

Ser humilde é recusar-se a submeter à justiça dos seres humanos aqueles que vos perseguem. Se nos humilhamos e se renunciamos a nós mesmos, fazendo o sacrifício da reparação terrestre, maior será a reparação espiritual e mais eficaz será a proteção de que se beneficiará, porque Deus pune duramente os ataques de que os justos são o objeto. “Se for possível e se isso depender de vós, conservai-vos em paz com todos os seres humanos. Não vos vingueis vós mesmos, meus muito amados, mas deixai atuar a justiça de Deus, porque está escrito: ‘Para mim o julgamento; sou eu quem retribuirá’, disse o Senhor. Mas, se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; e se tiver sede, dá-lhe de beber; porque procedendo assim são carvões ardentes que tu amontoarás sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” – (São Paulo aos Romanos, 12:18-21).

Ser humilde é, numa palavra, matar dentro de si todo o germe de satisfação orgulhosa e sensual, de forma a chegar a uma perfeita indiferença perante os elogios ou as calúnias. É assim que adquirimos a liberdade interior e que não nos importamos mais ouvir falar de nós, tanto em mal como em bem, como se tal coisa não nos dissesse respeito. “Um ponto pode aborrecer-vos muito, se não vos acautelais. É o dos louvores. Dizem-vos que sois santas, e serve-se de expressões exageradas, que se diriam sugeridas pelo demônio. Nunca deixeis passar semelhantes palavras sem declarar a vós mesmas uma guerra interna. Lembrai-vos de que maneira o mundo tratou Jesus Cristo Nosso Senhor depois de tanto O ter exaltado no dia de Ramos. Pensei na estima que se concedia a São João Batista, a ponto de considerá-lo o Messias, e vede em seguida como e por que motivo lhe cortaram a cabeça. O mundo nunca exalta senão para rebaixar, quando aqueles que exaltam são filhos de Deus. Lembrai-vos dos vossos pecados e supondo que sobre qualquer ponto se diz verdadeiro, pensai que é um bem que não vos pertence, e que sois obrigadas a muito mais. Excitai o receio em vossa alma, a fim de impedi-la de receber com tranquilidade este beijo de falsa paz que o mundo dá. Crede que este século é o de Judas” – (S. Teresa).

“Quando somos humildes, sofremos por ouvir o seu próprio elogio”- (Teresa, T. VI, p. 157). Para sermos verdadeiramente humildes, é necessário ainda destruir em nos qualquer ambição, limitando-nos ao cumprimento rigoroso do dever presente, e abanando o resto aos cuidados da Providência. É ela quem decidirá da utilidade do nosso bom êxito presente e quem fixará a hora da nossa recompensa aqui ou no Além. E graças a este estado de espírito intimamente vivido que tantos santos realizam obras prodigiosas antes e depois da sua morte. Assim, não devemos ficar surpreendidos em ver os grandes místicos serem atormentados pela necessidade de humilhação e a paixão do renunciamento. S. João da Cruz escrevia: “Desprezai-vos a vós mesmos e desejai que os outros vos desprezem. Para chegardes a possuir tudo, tratai de nada possuirdes. Para chegardes a ser tudo, procurai nada serdes. Porque para alcançar o Todo deveis renunciar completamente a tudo. Neste desprendimento o espírito encontra a sua tranquilidade e o repouso. Profundamente estabelecido no centro de seu nada, não poderia ser oprimido por aquilo que vem debaixo e, nada mais desejando, o que vem de cima não o fatiga; porque os seus desejos são a única causa de seus sofrimentos”.

Na prática, a extinção de todo desejo deve compreender-se como a restrição do esforço ao cumprimento do dever cotidiano. Passar uma vida regrada, simples, reta e útil sem se preocupar nem com o passado, nem tão pouco com o futuro; abandonando-se humildemente a direção da Providência Divina quanto ao restante, tal como o faria um animal de carga, tal é a verdadeira concepção mística da vida.

A humildade, na vida corrente, poderá exercer-se, suportando com paciência as desavenças, as injúrias e os sofrimentos, comportando-se a respeito de todos com benevolência e doçura sem limites. São Francisco de Assis era a doçura, a pobreza e a humildade personificadas. Não teriam fim os inumeráveis exemplos de doçura e de humildade dados pelos Santos, porque todos se esforçavam para realizar o melhor que puderam o grande exemplo de Cristo. “Pois eu estou no meio de vós outros assim como o que serve” – (São Lucas, 22:27). “Eu sou manso e humilde de coração” – (São Mateus, 11:28).

Da humildade decorre ainda outro renunciamento: é aquele que consiste em recusarmo-nos a julgar os outros. O melhor meio de nos exercitarmos, é, primeiramente, obrigarmo-nos a nunca dizer mal do próximo. “Não julgueis, e não sereis julgados; nada condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á; no vosso seio vos meterão uma boa medida de que vós vos servirdes para os outros, tal será a que servirá para nós” – (São Lucas, 5:37-38).

Depois, em presença da nossa indignidade, das nossas fraquezas pessoais e da infinita bondade de Deus, é preciso apagarmos a personalidade e destruirmos em nós todo o germe de ódio, rancor, vingança. Para obtermos o próprio perdão, é necessário começarmos por concedê-lo aos outros. Todas as vezes que a nossa vida está em perigo duma maneira assustadora, é preciso deixarmos a Deus o cuidado de nos proteger e orarmos pelos perseguidores, porque a injúria feita a um justo é sempre motivo para terríveis sanções. Todas as vezes que cometemos um erro, é preciso repararmo-lo e impormo-nos a humilhação de o pagarmos. Todas as vezes que quem ofende sinceramente se arrepende, devemos perdoar-lhe sem hesitar.
“Vós tendes ouvido o que se disse: olho por olho, e dente por dente. EU, porém, digo-vos que não resistais ao que vos fizer mal… E ao que quer demandar-te em juízo e tirar-te a túnica, larga também a tua capa. Dá a quem te pede… Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e vos caluniam. Para serdes filhos de vosso Pai que estais nos Céu, que faz nascer o Sol sobre os bons e maus. Sede, então, perfeitos, como também o vosso Pai celestial é perfeito” – (São Mateus, 5:38-48).
“Mas quando vos levantardes para orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que também vosso Pai, que estás nos Céus, vos perdoe vossos pecados” – (São Marcos, 11:25).

“Se teu irmão pecou contra ti, repreende-o; e se ele se arrepender perdoa-lhe. Se ele pecar sete vezes no dia contra ti, e que sete vezes no dia te vier buscar dizendo: eu me arrependo; perdoa-lhe” – (São Lucas, 17:3-4).

O apagamento da personalidade a que conduz a humanidade destrói em nós não só o egoísmo, mas faz-nos ainda conhecer melhor a fragilidade dos laços que nos ligam neste mundo a todos aqueles a quem amamos. O perfeito desprendimento, com efeito, não dá mais lugar em nós do que a um pensamento dominante; cumprir a vontade de Deus. Isso não significa, de forma alguma, que seja preciso confinarmo-nos numa reserva egoísta, nem numa insensível frieza. Pelo contrário, devemos trabalhar com a melhor das vontades por nossos pais, sacrificarmo-nos acima de tudo pelos filhos, amarmos o próximo de todo o coração e prestarmos a melhor das atenções aos nossos amigos; mas, conservando o pleno abandono na Providência Divina, isto é, com a ideia sempre presente que a afeição, a estima e a vida dos parentes e dos amigos podem-nos ser retiradas a todo o momento. É preciso chegar, pois, a destruir em nós toda a raiz egoísta de afeição terrestre e aprendermos a amar profundamente com o estado de espírito de renunciamento completo que faz passar os deveres do Céu, à frente das preocupações terrestres. Foi o que Cristo claramente significou quando deixou seus pais para ficar em Jerusalém no Templo, no meio dos doutores, e quando respondeu a sua mãe que se afligia com a sua ausência: “Por que me procurais? Não sabeis que importa ocupar-me das coisas que são do serviço de meu Pai?” – (São Lucas, 2:49).

Quando estamos bem compenetrados desta obrigação do sacrifício de todas as afeições terrestres, a perda das consolações mais ternas e dos seres mais caros não causa tanto as crises de abatimento profundo e de violento desespero que tão facilmente desequilibram o corpo e o espírito das almas presas aos bens deste mundo. Quando se sabe que a morte não é mais do que uma etapa normal para a vida sobrenatural; que a comunhão imaterial dos vivos e dos mortos é uma realidade; que Deus, na sua paternal bondade, nunca nos abandona; que a ressurreição para uma vida nova é uma certeza, então compreende-se que o melhor meio de honrar os mortos, de os ajudar ou ainda de receber úteis inspirações, não é passar o tempo em estéreis lamentações; mas, unicamente, orar por eles e, sobretudo trabalhar por realizar em si e à volta de si o Reino de Deus. E para edificarmos este Reino de Deus, não há outra coisa a fazer senão aceitarmos com fé os renunciamento diários e ligarmo-nos sem demora à execução dos deveres presentes de correção, de bondade e de trabalho. Nenhuma coisa faz nos desviar desta estrita obrigação de prepararmos o futuro, sem nos demorarmos no passado. Ao discípulo que lhe dizia: “Senhor, permite-me ir primeiramente sepultar meu pai” Cristo Jesus respondeu: “Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos” – (São Mateus, 8:21-22).

“E tu, vais, e anuncia o Reino de Deus” – (São Lucas, 9:60). Outro lhe disse: “Eu Senhor seguir-te-ei, mas, permite-me, primeiramente, dispor dos bens que tenho em minha casa”. Cristo Jesus respondeu-lhe: “Todo aquele que põe a mão ao arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus” – (São Lucas, 9:61-62).

Então, quando se realizar em si estas necessárias amputações do espírito de personalidade, Deus nos poupará as provações e nos acumulará com os seus favores, muitas vezes mesmo já neste mundo. Além disso, tornamo-nos poderosamente fortes, desde que tomamos o nosso único ponto de apoio em Deus e o nosso único auxílio n’Ele, aceitando o pensamento de ficarmos privados, na desgraça do socorro e das afeições de todos os nossos. Foi por isso que Cristo disse ainda: “Aquele que ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e aquele que ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. Aquele que não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. O que acha a sua alma perdê-la-á e o que a perder por mim, achá-la-á” – (São Mateus, 10:37).

(Revista Serviço Rosacruz – 04/65 – fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Destino Doloroso que a Humanidade Engendra pelo Mau Uso da Palavra

O Destino Doloroso que a Humanidade Engendra pelo Mau Uso da Palavra

“Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom, ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus, pois do que há em abundancia no coração, disso fala a boca. O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Mas, eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado” – (São Mateus, 12:33-37).

Estas passagens das Escrituras evidenciam, cabalmente, o destino doloroso que a humanidade engendra pelo mau uso da palavra. O emprego de palavras para expressar o pensamento é o mais alto privilégio do ser humano. Portanto, cada um deveria compenetrar-se da tremenda responsabilidade representada pela posse de tão maravilhosa faculdade.

A linguagem originou-se durante a Época Atlante, quando a humanidade iniciou a utilização de palavras como meio de comunicação. Os Rmoalds principiaram a dar nomes às coisas. Era ainda uma raça espiritual, dotada de poderes anímicos idênticos às forças da natureza. Por meio de palavras exerciam poder sobre essas coisas a que davam nomes. Para eles a linguagem era algo santo por ser a mais elevada expressão do Espírito. Jamais degradaram tal poder pela tagarelice ou maledicências.

As línguas são expressões do Espírito Santo que trabalha através das raças e do Corpo de Desejos. As Religiões de Raça surgiram com o propósito de refrear a natureza de desejos. Quando os seres humanos purificarem suficientemente seus Corpos de Desejos, tornar-se-ão aptos a compreenderem-se mutuamente, mesmo porque o sentimento de separatividade terá desaparecido. Como exemplos podemos citar os apóstolos cujos Corpos de Desejos foram suficientemente purificados pela união com o Espírito Santo, podendo assim falar em diferentes idiomas, fazendo-se inteligíveis àqueles que os ouviam. Esta conquista os seres humanos um dia realizarão: o poder de falar todas as línguas. Futuramente deixarão de pronunciar palavras vãs, pois considerarão a linguagem como algo profundamente sagrado. Pronunciará a “Palavra Perdida”, o “Fiat Criador” que sob a direção dos Grandes Guias foi pronunciada na antiga Lemúrica para criar plantas e animais.

(Revista Serviço Rosacruz – 09/68 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Ação: Há alguma coisa a fazer? Se é digna, se é dos “negócios do Senhor”, por que não Eu?

Os Filhos do Fogo encontram na ação, o fundamento da vida. Eles não fogem à luta, à dificuldade. Preocupam-se com a ociosidade da inércia. Miram-se na Mãe Natureza e contentam-se com o repouso da noite. Nos fins de semana e nas férias são dinâmicos, também. Apenas fazem coisas diferentes, para higiene mental.

Pode parecer natural que uma pessoa, lutando pela vida, deseje que as dificuldades desapareçam, que acabem os problemas e decepções. Mas, pensando bem, é a vontade do Pai que se deve fazer e não a nossa. Os Anjos Arquivistas (NR: ou Anjos do Destino) já destinaram a cada um e a todos exatamente o de que necessitam para seu desenvolvimento espiritual. Muitas vezes, quando pensamos ajudar nossos filhos, facilitando-lhes todos os passos, erramos redondamente, pois, estamos lhes roubando a experiência e o crescimento anímico decorrente. Podemos, isto sim, orientar inteligentemente. A vida não é “ter resolvido todos os problemas”, senão “buscar resolvê-los”. Cada providência necessária exige força de vontade. E a cada ato, nesse sentido, alguma coisa cresce e fica mais forte dentro de nós. Aquele que luta e vence através da experiência, tem sempre mais autoridade porque viveu e avaliou essas experiências. Muitas vezes não compreendemos o propósito de Deus. Queixamo-nos, resmungamos, esquecendo que muita coisa estava prevista em nossas vidas a fim de nos tornar um pouco melhores, a caminho da perfeição. Cristo disse: “Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt. 5:48) e também: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai” (Jo 14:12). Deduz-se, logicamente, que se não pode atingir a estatura de Deus nem a grandiosidade de Cristo em uma só vida e nestas frases, o renascimento, ensinado pela escola Rosacruz, encontra irrespondíveis argumentos, além de outras existentes na Bíblia.
Aceitemos, pois, o marido ou a mulher que recebemos de Deus, os Egos que vieram morar nas formas que geramos e todas as demais coisas que em nossa vida escolhemos ou não. Todas elas fazem parte de um programa inteligente de redenção. Aproximam-nos mais do que o conforto, dão-nos confiança e valorização. Grandes seres humanos, autênticos líderes de nosso mundo ocidental, consideraram como os maiores e mais felizes momentos de sua vida não os em que foram condecorados, nem quando lograram alcançar o cume de suas carreiras, mas quando perderam tudo e confiantemente recomeçaram. Eis porque, frequentemente, encontramos nos escritórios de grandes companhias o magnífico trabalho poético de Rudyard Kipling “If” (Se)¹: a luta gigantesca que se segue e justamente o que consolida no indivíduo a possibilidade de dirigir seu trabalho futuro com firmeza.

Nos momentos de conforto esses indivíduos esqueceram Deus, mas quando lutavam por sua sobrevivência lembravam-se d’Ele e diziam: “Senhor, dai-me sabedoria para aceitar as dificuldades, e coragem para procurar resolvê-las”.

Neste esforço de encontrar a solução não se contam apenas os grandes momentos, mas, também as pequenas vitórias, os impasses, as esperas e mesmo as derrotas. Os Irmãos Maiores nos observam atentamente as reações para avaliar o grau de entendimento e firmeza, sem os quais não podemos edificar nada de mais edificante em nossas aspirações espirituais. A vida, por esses momentos, corrige o que há de fantasioso em nosso modo de ver.

Aceitemos, pois, caros Amigos, as lutas, não por conformismo, mas como oportunidades para vencermos a nós mesmos. De que valeria resolvermos todos os problemas? Ficaríamos então, como simples espectadores e não como participantes da vida. Poucos foram os seres humanos famosos que desfrutaram em vida o galardão de seus feitos. E estes poucos, no meio de sua segurança e conforto olharam com saudade para os tempos em que eram vulneráveis, inseguros e assustados, porque nesses momentos viviam. Assim, quando perceberem que está invejando alguém que parece “ter resolvido todos os seus problemas”, parem e perguntem a si mesmos: “queremos realmente imunidade contra os desafios da vida”? Queremos realmente isenção das esperanças e desânimos, confusões e esforços, o gélido medo da derrota a gosto do triunfo? Se forem honestos, saberão que não querem. E saberão também que na verdade ninguém chega a ter “todos os problemas resolvidos enquanto houver problemas a solucionar, pessoas a ajudar e amor a partilhar”. O sentimento de participação nos problemas sociais é fraternidade.

Levantemo-nos, pois, que estamos ainda dormindo, despertemo-nos para a ação inteligente e amorosa, de modo a valorizar o talento do tempo que nos deu o Senhor. Há alguma coisa a fazer? Se é digna, se é dos “negócios do Senhor”, porque não Eu? Façamo-la! – malgrado nossas imperfeições, porque através da ação, dos pequenos e grandes embaraços, é que chegaremos a ser o que nos está destinado.

¹ SE (IF)

SE calmo – enfrentas – a turba contrafeita,

que te assedia e acusa: – “FOI VOCÊ!”..

E – confiante em ti próprio – ante a suspeita,

tens o bom senso de saber porque;

SE és capaz de esperar paciente e mudo,

E, em sendo caluniado, refletir,

Sem dar vasas ao ódio e, sobretudo,

sem ostentar bondade nem fingir;

SE sonhas e, dos sonhos despertando,

levas a cabo as múltiplas ações;

SE te manténs inalterável, quando

da derrota ou do triunfo ecoam sons;

SE és capaz de escutar palavras tuas

deturpadas por vil difamador;

Ver por terra, antes mesmo que as concluas,

todas as causas por que deste suor;

SE arriscas entre as mãos da gente astuta,

tudo o que tens – teu último vintém –

E, em perdendo, te lanças para a luta,

sem nunca murmurar palavra a alguém;

SE és capaz de juntar de novo as forças,

para novas empresas empreender,

E, embora exaustas, mortas, tu as torças

a golpes de vontade e de querer;

SE ocupas todo o espaço de um minuto

com sessenta segundos triunfais;

SE pagas aos magnatas o tributo,

sem jamais esquecer os teus iguais;
E ainda – se frequentas o mercado,
conservando ilibado o nome teu;
Terás o mundo inteiro conquistado,
E – mais que isso – és um HOMEM, filho meu!

(Revista Serviço Rosacruz – 8/64 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Conhecem vocês algum lugar onde uma pessoa possa viver essa vida tão bela, simples e inofensiva que recomendam?

PERGUNTA: Conhecem vocês algum lugar onde uma pessoa possa viver essa vida tão bela, simples e inofensiva que recomendam?

RESPOSTA: Não, não conhecemos lugares com tais qualidades e se os encontrássemos, lamentaríamos por causa de seus habitantes. Se temos um caráter violento e vamos viver no topo de uma montanha como reclusos, onde nossa sensibilidade não pode ser ferida pela rudeza de outras pessoas, temos pouquíssimos méritos em não ser impacientes. Se julgarmos ser difícil dominar nossos vícios, ou faltas nas grandes cidades e procurarmos o deserto como habitação, insignificante será o nosso crédito moral. Somos colocados nas cidades, em estreito contato com os nossos semelhantes para que nos acostumemos a acomodar-nos a eles em aprender a manter firmemente o nosso caráter, apesar de tudo, vencendo as tentações onde quer que elas existam. Um pode estar no topo de uma montanha, porém, ter o seu coração na cidade. Ou pode estar enclausurado em um monastério e desejar os prazeres do mundo. É melhor ficarmos exatamente onde estamos e desenvolver as qualidades espirituais que nos tornarão melhores homens e mulheres. Temos bastante que fazer no mundo e se fugirmos dele quem executará a tarefa? Somos responsáveis pelos nossos companheiros e a menos que nos incumbamos apropriadamente dessa responsabilidade, faltaremos com o nosso dever para com o Destino, que nos levará novamente a um ambiente tal – ou pior – ao qual não poderemos escapar. É muito melhor tratarmos de aprendermos todas as lições que estão ao nosso alcance, em vez de fugir-lhes em esplêndido isolamento.

(Revista Serviço Rosacruz – 08/75 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Vocês disseram numa outra oportunidade que a Terra era o corpo de um espírito que dava a sua vida aos seus habitantes. E porque então dá flores e frutos a uns e fome e terremotos a outros?

PERGUNTA: Vocês disseram numa outra oportunidade que a Terra era o corpo de um espírito que dava a sua vida aos seus habitantes. E porque então dá flores e frutos a uns e fome e terremotos a outros?

RESPOSTA: Durante o intervalo entre a morte e o novo nascimento os espíritos desencarnados chegados ao Segundo Céu – onde se encontram os arquétipos de tudo o quanto existe – constroem o seu futuro habitat ambiental, no qual colherão o que semearam. Se fizeram crescer dois fios de erva onde antes só crescia um, formarão para si mesmos, uma terra ainda mais fértil, na qual poderão obter maiores frutos com menos esforço.

Se perderam tempo útil pensando no “Nirvana”, um lugar celestial de repouso e indolência, gostando mais de entrar em discussões metafísicas, do que cuidar das coisas materiais necessárias, continuarão fazendo a mesma coisa no Segundo Céu, e, assim sendo, sua terra será árida e estéril quando regressarem à vida terrestre. Terão de experimentar, então a fome, a seca, inundações e terremotos, até compreenderem a necessidade de cumprir seus deveres materiais. Dessa forma e em seu tempo, aprenderão a lição e lutarão para conquistar o mundo, como nós do Ocidente, porque supomos que o consulente se refere aos povos do Oriente que sofrem inundações e fome. Esses povos são os nossos irmãos menores. Estão ainda atrasados em sua evolução e devem seguir os nossos passos. Devem aprender a esquecer, por certo tempo, os mundos espirituais, com o objetivo de alcançar o desenvolvimento ensejado unicamente pelo mundo material. Existe um transcendental propósito nos fenômenos naturais que agora os afligem, não menos profundo do que a aparente prosperidade do mundo ocidental. Carências de toda natureza dirigi-los-ão inevitavelmente para condições mais materialistas, porém, nós do Ocidente, com as terras repletas de todas as coisas desejáveis do mundo, providas de mecanismos que tornam a vida mais atraente e divertida, inevitavelmente diremos a nós mesmos, quando saturados das “bênçãos materiais”: “e agora, qual a vantagem de possuir isso tudo? Será que os valores espirituais não tem muito mais importância?”. Então partiremos para um desenvolvimento espiritual muito mais elevado do que o do Oriente.

(Revista Serviço Rosacruz – 08/75 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Desejo e Apego: os cuidados do Aspirante à Vida Espiritual

Desejo e Apego: os cuidados do Aspirante à Vida Espiritual

No Novo Testamento, Cristo afirma: “Eu não sou deste mundo, como vós deste mundo não sois” (Jo: 17-16). Significa que aqui estamos apenas de passagem; que este mundo deve ser encarado como uma escola, um meio de aprendizagem e que, portanto, sua duração é efêmera. Vivemos num plano onde predomina a impermanência. Tudo é fugaz e nada tem razão de ser nosso objeto de desejo e apego, nem deve servir de base para a definição de nossos valores pessoais.

O apego é o resultado de nossa identificação com o mundo e com suas coisas. Quando nos tornamos conscientes da transitoriedade da forma e de sua sedução, o apego diminui. O desapego permite observarmos os acontecimentos em vez de ficarmos presos dentro deles.

Há várias formas de apego muito óbvias e notórias, como por exemplo, apegar-se a bens materiais, a dinheiro, roupas, objetos, à fama, ao poder, a cargos remunerados ou honoríficos, à familiares (não significa que não devamos amá-los, protegê-los e apoiá-los). Mas também há formas mais sutis, quase imperceptíveis para quem convive com a pessoa ou até para a mesma. Trata-se de apego a ideias, hábitos, emoções, padrões de comportamento que já não acrescentam mais nada à nossa evolução. Talvez estejamos bloqueando nossa Mente à entrada de novos conceitos e visões de mundo.

Por que isso acontece? Qual a razão desse apego a ideias e coisas concretas?

Simplesmente porque o ser humano se identifica com elas. Quando renascemos, representamos ou encenamos um papel no palco da vida perante o mundo e às pessoas. Quando lhe perguntam quem ele é, responde, por exemplo, nestes termos: “Sou fulano de tal, brasileiro, casado, católico, economista, natural de São Paulo, etc”. Mas isso é um equívoco. A verdade não é bem essa. Ele não é nada disso, porém se identifica com tudo isso. É apenas a manifestação do Ego no mundo visível, é a maneira como ele se apresenta aos olhos do mundo.

A identificação e o consequente (ou inconsequente) apego são algumas das razões do sofrimento aqui no Mundo Físico. É o que acontece quando há identificação com o Corpo Denso que, nasce, se desenvolve, decai e morre. Há que cuidar dele, por meio de uma boa alimentação, exercícios físicos e hábitos saudáveis. Ele é o templo sagrado do Espírito, porém não é o espírito, a verdadeira essência. Os casos de baixa autoestima com o corpo ou com a aparência são sinais evidentes de identificação. Acontece muito nos casos de obesidade e de problemas na pele. A pessoa sofre porque se imagina daquele jeito, identificando-se justamente com o que lhe traz sofrimento. Sua autoimagem é negativa. Na realidade somos muito mais do que nossa aparência corporal. Somos mais importantes do que nossas características físicas, do que nossos pensamentos e emoções.

É preciso entender que quando o corpo começa a perder seu viço, a luz da consciência consegue brilhar mais facilmente através da forma que extingue aos poucos. Livre-se de sua crosta e o diamante resplandecerá mais.

Que as Rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Formação das Almas: você está focando na formação das suas?

A Formação das Almas: você está focando na formação das suas?

Dentro da Filosofia Rosacruz, alma é definida como o extrato espiritualizado ou a quinta essência de cada um dos três Corpos do ser humano: Desejo, Vital e Denso.

Estes três Corpos são projeções materiais, alguns os chamam de reflexos, outros de sombras dos três poderes essenciais do ser humano na qualidade de Espírito.

Assim podemos dizer que faz parte do Plano Divino tornar: a matéria física, a matéria etérica e a matéria de desejos espiritualizada. Portanto, esses estados de matéria devem ser espiritualizados. Este trabalho gera as almas correspondentes a cada veículo, a saber: Alma Consciente resultante da espiritualização do Corpo Denso; Alma Intelectual constituindo-se no extrato espiritualizado do Corpo Vital; Alma Emocional como sendo a quinta essência do Corpo de Desejos.

O ser humano como Espírito emanado do Pai possui também as três qualidades inerentes: ao Poder Divino expresso como Espírito Divino; o Amor-Sabedoria, que se manifesta como Espírito de Vida; o Movimento ou Atividade, manifestando-se como Espírito Humano.

Essa Herança Divina do Pai para com seus filhos manifesta-se de acordo com o grau de consciência espiritual do ser humano, de onde concluímos que no atual estado evolutivo da onda de vida humana, essa manifestação opera-se de uma maneira ainda imperfeita. Torna-se necessário um esforço no sentido de dinamizar e ativar tais poderes para que a real natureza do ser humano se manifeste em toda sua plenitude.
A vida é um “vir a ser” constante, levando o ser humano a realizar esse objetivo. Os preceitos cristãos, como são apresentados pela Fraternidade Rosacruz, constitui meios seguros para se conseguir isso. Esse alvo deve ser atingido por etapas, etapas estas que determinam estados de consciência.

O ser humano através de suas inúmeras existências vem desenvolvendo e passando por estados sucessivos de consciência, desde a mais completa inconsciência à plena consciência de vigília.

Esses estados de consciência foram desenvolvidos através de diversas etapas. Assim é que no Período de Saturno o estado de consciência predominante era o de transe profundo; no Período Solar, sono sem sonhos; no Período Lunar, sono com sonhos. Na metade Marciana do Período Terrestre houve uma recapitulação dos Períodos anteriores, sendo que na Época Atlante houve a aquisição da Mente instintiva e na presente Época Ariana (N.R.: Época Ária) surgiu o estado de consciência apoiado na razão e no pensamento. Não podemos pensar em formação de almas, sem considerarmos as faculdades de raciocinar e de pensar, as quais bem desenvolvidas equivalem a um processo iluminador, ou ainda, a ter mais consciência de vigília.

A presente etapa habilitará o ser humano a alcançar a luminosidade e transparência da Sexta Época – a Nova Galileia. A consciência humana deverá sincronizar-se com esse processo de iluminação, de aparecimento gradual da transparência, processo iniciado no Período de Saturno, devendo atingir o seu ponto alto na Sexta Época.

Dentro do aspecto que caracterizará o ser humano na Nova Galileia devemos ressaltar o fato de que a vigília tenderá a prolongar-se, o que implicará numa redução das horas de repouso e consequente aumento de atividade. Então chegaremos ao ponto essencial no cumprimento da finalidade da existência humana: a Atividade. Dessa forma sincronizar-nos-emos com Deus, que é sempre ativo.

Como o ser humano não pode fugir a essa conjuntura, tornar-se-á consciente de sua Filiação Divina, tornando-se luminoso, porque Deus é Luz. É óbvio que para alcançar esta fase gloriosa, o ser humano necessita de meios apropriados; auxílio este que em última análise é representado pelo Cristianismo. O ser humano começa a praticar de modo imperfeito, restringindo o seu alcance e limitando a princípio, a universalidade própria dos princípios outorgados pelo Grande Arcanjo, aos interesses de sua pessoa. Gradualmente, porém, a amplidão dos conceitos cristãos vai-se alargando em sua consciência, e isto se evidencia mais ainda no Aspirante Rosacruz, que de início procura tornar a sua própria vida num Serviço Amoroso e Desinteressado aos demais.

Desde os primeiros Períodos sempre houve um propósito: o alargamento da consciência. Esta expansão é uma constante. Todo processo de ampliação de consciência do ser humano depende de um veículo de expressão. A consciência de vigília, característica do ser humano na Época Ariana, não seria possível ou não teria nenhuma utilidade se não existisse o Corpo Denso.

E na Sexta Época como será expressa a consciência?

A Filosofia Rosacruz nos informa que se expressará em uma forma mais elevada do que aquela que expressamos no Período Solar – consciência de sonhos com sonhos – mas, conscientemente, isto é, nossa visão será interna e externa, simultaneamente.

E como cada estado de consciência pressupõe o uso de um novo veículo, a Filosofia Rosacruz ensina-nos que para a Sexta Época necessitará de um novo veículo, o Corpo Alma, o Vestido Dourado de Bodas, formado pelos dois Éteres Superiores do Corpo Vital. Este corpo luminoso está se formando pela ação Crística do amor, isto é, a prestação do Serviço Amoroso e Desinteressado aos demais. São Paulo designou essa forma de serviço quando afirmou: “Não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim” – (Gálatas 2:20). A perfeita luminosidade vivia nele.

A fórmula número um está expressa por “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” (João 15:12), representando uma forma de vivência que elabora o Corpo Alma. O amor será uma atividade peculiar à Sexta Época.

(Revista Serviço Rosacruz – 06/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Há algo de “satânico” nos Ensinamentos Rosacruzes?

Pergunta: Participo de um grupo de estudos formado por cristãos muito sinceros, que consideram as ciências ocultas verdadeiras armadilhas de Satanás, desaconselhando com bastante veemência qualquer contato com as mesmas. É do meu conhecimento que os Ensinamentos Rosacruzes são considerados ocultos. Apesar da pouca familiaridade que tenho com as mesmas, tenho a impressão de que não tem nada de “satânico”. Agradeceria seus esclarecimentos a esse respeito.

Resposta: O termo “oculto” refere-se em geral, a tudo o que é secreto, ou considerado “sobrenatural”, do ponto de vista puramente físico. O Ocultismo como qualquer outro estudo, tem os seus aspectos positivos e negativos. Infelizmente, devido a grande ênfase dada aos seus aspectos menos superiores a ciência oculta criou “má reputação” em certos círculos.

Parece-nos, contudo, que a Filosofia Rosacruz, ou melhor, dizendo, os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, indicam para a humanidade ideias e ensinamentos sobre tudo o que há de mais superior e positivo, quanto à natureza de Deus e do ser humano. De acordo com esses ensinamentos, o ser humano é inerentemente semelhante a Deus, possuindo, em estado latente, todos os atributos da Divindade. A meta final da evolução é transformar o ser inocente e estático que é o ser humano de hoje, num ser dinâmico como o Deus solar que adotamos.

A evolução do ser humano vem se processando desde os tempos imemoriais. O presente estágio é caracterizado por repetidos renascimentos na Terra, a fim de se aprender certas lições no plano físico, antes da passagem para mundos superiores. Passarão eons incontáveis, até que as qualidades que tornarão o ser humano em um ser divino desenvolverem.

O conhecimento adquirido em nossa jornada evolutiva deve ser usado a serviço de nossos semelhantes. E para evoluir devemos adquirir conhecimentos, tanto dos mundos espirituais como do mundo físico. E não há nada de maligno no conhecimento. O desejo de aprimoramento, o esforço em aprender algo relativo tanto ao mundo espiritual como ao mundo físico, numa escola qualquer, merece louvor. O importante é o uso que será feito desses conhecimentos.

Devemos esforçar-nos ao máximo em resistir à tentação de usar esses acontecimentos para engrandecimento próprio, para fins egoístas ou para prejudicar nossos semelhantes.

A Filosofia Rosacruz é uma filosofia cristã. Oferece mais ampla interpretação dos ensinamentos cristãos básicos, do que as igrejas cristãs ortodoxas. Dá grande ênfase a doutrina do Amor Universal conforme foi legada a humanidade por Cristo-Jesus.

(Rays From the Rose Cross publicado na Revista Serviço Rosacruz – 09/75 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Pecado da Separatividade: você o está cometendo?

O Pecado da Separatividade: você o está cometendo?

 

No texto do Ritual Rosacruz encontramos uma frase, de transcendental importância para aqueles que ingressaram no caminho místico: “O reconhecimento da unidade fundamental de cada um com todos, é a realização de Deus”. Porém, tal não poderá ser conseguido até que reconheçamos a unidade de toda a humanidade. Sendo assim, é mister que eliminemos de nossas vidas, tanto quanto seja possível, pensamentos e ideias que suscitem o sentimento de separatividade para com nossos semelhantes. Esse é o conteúdo da magnificente mensagem que o Cristo trouxe à humanidade, encerrando o reinado do Deus de Raça, Jeová, sob cuja influência e individualização do ser humano processou-se de um modo integral, e inaugurando a nova era durante a qual o ser humano deve realizar a sua unidade por meio do Espírito que existe em todos. Assim, examinemos o progresso já realizado nesse campo e os obstáculos que ainda deverão ser superados.

Quando os três homens sábios vindos do Leste, para ofertar dádivas e por prestar homenagens ao recém-nato Salvador, cumpriram sua missão na Palestina, ninguém sabia qual a distância que haviam percorrido, nem de quais longínquos países eram originários, países estes pertencentes aos três continentes conhecidos então. A locomoção naqueles tempos, via de regra, processava-se a cavalo ou então por via fluvial ou marítima, se bem que os homens do mar não se aventuravam longe de suas costas litorâneas.

 

Assim verificamos que o mundo conhecido ao tempo do nascimento do Salvador era assaz limitado. De certo modo é interessante conjecturar a esse respeito, porque Max Heindel expressou a sua desaprovação aos esforços missionários, afirmando que Cristo enviou seus discípulos para que pregassem o Seu Evangelho ao mundo conhecido de então, o que não queria dizer que ele fosse disseminado por toda a Terra, inclusive aos povos primitivos que não podiam compreender aqueles avançados conceitos de moral. O mundo conhecido naquela época compreendia a área adjacente ao Mediterrâneo ao Mar Vermelho, o sul da Europa, o norte da África e a Península Arábica, e alguns distantes trechos do interior da Ásia. A Inglaterra e a norte da Europa eram praticamente desconhecidos até muito tempo depois. Alexandre, o Grande, na tentativa de estender seu império até a Índia em 300 AC, demonstrou ser impossível manter o comércio e comunicações com esses longínquos países, o que tornou impraticável mantê-los sob seu governo.

A China e o Japão estiveram desconhecidos até 1275 DC (depois de Cristo), quando os irmãos Polo, em memorável jornada, atingiram a terra de Kublai Khan, a fabulosa Cathay. Em 1492, Cristovão Colombo, em seu esforço no sentido de encontrar um caminho mais curto para atingir a Índia, iniciou a sua épica viagem pelo Atlântico, descobrindo um novo continente e uma nova raça. Mais tarde, Fernão de Magalhães realizou a viagem de circunavegação, e muitos aventureiros começaram a velejar através do oceano, em busca de riquezas e de novas terras a fim de anexá-las a seus países, ao passo que a China e o Japão permaneceram praticamente afastados até o século passado.

Cristo veio inaugurar um novo conceito de fraternidade, introduzindo a doutrina do amor em substituição à da lei. A aplicação desse princípio de fraternidade e amor, atualmente, é indispensável, embora o problema para a sua realização tenha aumentado em complexidade.

A separatividade e a exclusividade das raças permaneceram durante muitos séculos, como um problema difícil de equacionar-se, pois as diferenças de cor, de aparência e de costumes criaram barreiras gigantescas ao propósito da unidade. À medida que foram descobertos e aperfeiçoados inúmeros meios de transportes, inúmeras viagens foram realizadas, muitas terras foram colonizadas, e para tanto muitos meios foram aplicados. Assim é que a raça negra foi utilizada no trabalho braçal através da escravatura, aceita como coisa comum durante muito tempo, tanto que ainda hoje não se encontra totalmente erradicada.

Um processo lento de amalgamação entre raças, do qual surgirá à raiz de uma nova raça, está sendo levado a efeito. Nesse ponto as guerras representam um favor importante de integração racial, compreendido pelo envio de jovens a terras estranhas, onde muitas vezes unem-se em matrimônio a mulheres desses países. Aqueles que assim procedem, encontram pela frente os obstáculos naturais impostos pela sociedade que não admite miscigenação, porém, gradualmente tais barreiras irão desaparecendo. Vemos ainda hoje as tensões raciais revelarem a trágica rigidez engendrada em inúmeras almas que ainda se encontram ligada ao Espírito de Raça. Entretanto, as raças estão também divididas em nações, que se diferenciam pelo desenvolvimento de um Espirito Nacional, de acordo com pensamentos, ações e costumes dos respectivos povos. As nações, como os indivíduos, buscam de um modo geral suas próprias vantagens, pouco se importando com a mal que possam causar ao bem estar alheio. Em geral, os crimes cometidos contra outras nações são registrados nos compêndios de história como atos de patriotismo, numa demonstração de amor e lealdade ao próprio país. Contudo, tempo virá no qual os povos de todas às nações compreenderão que o verdadeiro patriotismo se estabelece na aceitação da responsabilidade em relação às ações de seus próprios países, que o mundo deve tornar-se uma fraternidade e que o bem-estar de cada um diz respeito a todos. Isto já está se tornando evidente, pelo modo de proceder das nações mais adiantadas no que diz respeito à guerra, tanto que existe certa tendência à preservação da paz, o que não devemos considerar única e exclusivamente como temor aos efeitos da bomba atômica, tanto que tanto que esse sentimento vem se acentuando desde a Primeira Conflagração Mundial. O velho espírito marcial, que se revela nas guerras e nos triunfos, vai desaparecendo aos poucos, dando lugar ao sentimento de amizade e compaixão para com aqueles que sofrem.

Assim como o ser humano depende do funcionamento harmonioso dos órgãos de seu corpo, da mesma forma o planeta, para o seu bem-estar, depende da existência de harmonia entre nações. Todos os eventos concorrem para que as nações trabalhem em conjunto para o bem de todos ao invés de agirem em seu benefício próprio. Possuímos uma ONU, que embora não funcionando perfeitamente, tornou-se um fator da preservação da paz.

A religião não tem sido um meio eficaz como deveria ter sido na eliminação do pecado da separatividade. A doutrina da fraternidade entre os indivíduos é fundamentada em cada uma das religiões, porém isso não erradicou os antagonismos gerados pela divisão de credos. O Cristianismo tem sido tão exclusivista como qualquer outro credo, quase sempre devido à própria atitude de seus praticantes que por séculos vem mantendo a crença de que somente eles possuem o caminho do céu. Isto originou guerras trágicas, as Cruzadas, a Santa Inquisição, etc.

Contudo existem indícios de que as igrejas já estão começando a compreender que manter-se nessa atitude é ser incoerente com os próprios preceitos que apregoam, e já aceitam a necessidade do trabalho em conjunto, demonstrado pelo Concílio das Igrejas.

Apesar de alguns progressos animadores, outros problemas ainda suscitam a separatividade, como por exemplo, observamos o abismo entre o rico e o pobre. O fluxo do dinheiro pode ser comparado à circulação do sangue no corpo humano, mesmo porque o dinheiro supre as necessidades das várias partes da Terra, tal como faz o sangue ao corpo físico. A superabundância em determinada área terrestre poderá ser comparada a um congestionamento ou a uma inflamação no corpo, ao passo que a pobreza representa os males da desnutrição. A posse de grandes riquezas implica em grande responsabilidade, pois quando as mesmas são acumuladas e não utilizadas para o bem comum, constituem uma dívida espiritual a ser resgatada oportunamente. Porém, o conhecimento dessa responsabilidade está se fazendo sentir, haja vista as inúmeras fundações instituídas por seres humanos abastados, a fim de proporcionar maior assistência ao menos favorecidos. Os inúmeros serviços grupais que estão se formando em quase todas as comunidades, no sentido de solucionar problemas locais, também são elementos indicadores do sentimento de união e solidariedade entre os indivíduos.

Outro fator negativo na vida dos povos são as campanhas empreendidas pelos nossos partidos políticos cada quatro anos. As expressões extremas de sentimentos gerados por essas campanhas exercem uma influência muitas vezes nefasta sobre o equilíbrio emocional, indispensável para o desenvolvimento espiritual. Entretanto, podemos esperar confiantes, de que o tempo irá dignificando essas campanhas, para que sejam conduzidas dentro de um sistema mais honroso, substituindo a forma presente de vituperações e ataques pessoais.

O trabalho e a indústria estão se tornando cientes de sua dependência mútua pelo labor conjunto. Um grande e louvável passo para frente já se terá dado, se o propósito do capital e da indústria tornar-se meio de fornecer emprego e melhores condições de vida para muitas pessoas, do que ater-se ao único e egoísta objetivo de arrecadar dinheiro. Os detentores do capital não deixarão de ser beneficiados, mas o objetivo primeiro será sempre o bem estar de muitos em relação a poucos, pois onde a doutrina dos serviços encontra-se acima de todos os negócios, nada poderá ocasionar falhas na prosperidade.

Tempo virá em que uma vida bem sucedida não será avaliada em relação ao dinheiro depositado no banco ou à mercadoria estocada, mas pelas virtudes de amor e caridade que nela são expressas. Vivemos atualmente sob um sistema rígido de competição, mas é mister que essa competição se transmute em cooperação para o bem da humanidade. O nosso ineficiente método de distribuição dos produtos do trabalho, a capacidade de alguns poucos e a exploração de muitos, constituem verdadeiros crimes sociais que provocam a depressão industrial, os distúrbios trabalhistas, a destruição da paz interna etc.
Aqueles que como nós estudam a filosofia oculta e de alguma forma vivem diferentemente dos demais, deverão conservar certa vigilância para que essas diferenças não os isolem do resto da humanidade. Sejamos cuidadosos em relação a outros modos de vida, não criticando ou desaprovando-os intransigentemente, pois a autossatisfação ou o sentimento de superioridade não devem constituir-se num obstáculo ao avanço espiritual.

A unidade racional, tribal e familiar deverá ser rompida antes que a Fraternidade Universal possa tornar-se uma realidade. O paternalismo do grupo tem sido amplamente superado pelo reinado da individualidade. As nações estão atualmente trabalhando para a Fraternidade Universal, de acordo com o desejo dos nossos líderes invisíveis, os quais não são os menos potentes na modelação dos eventos por não estarem oficialmente ocupando cargos no governo das nações. Esses são os meios lentos pelos quais os corpos da humanidade vão sendo gradativamente purificados. Porém, o aspirante ao mais alto conhecimento trabalha conscientemente para atingir esses fins por meio dos métodos bem definidos e de acordo com a sua constituição.

(Revista Serviço Rosacruz – 07/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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