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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Procedimentos, Cuidados e o que é importante fazer quando da morte de uma pessoa ou a sua própria

Procedimentos, Cuidados e o que é importante fazer quando da morte de uma pessoa ou a sua própria

 

Conteúdo:
Parte I – O momento da Morte e os cuidados que devemos ter com o recém-falecido
Parte II – A importância da transmissão de tudo que fizemos do Átomo-semente do Corpo Denso para o Átomo-semente do Corpo de Desejos, até 3 dias e meio após a morte
Parte III – Declaração do que as pessoas devem fazer quando ocorrer a sua morte
Parte IV – Ritual do Serviço de Funeral – Fraternidade Rosacruz

 

Parte I – O momento da Morte e os cuidados que devemos ter com o recém-falecido

Na vida só uma coisa é certa: a morte! Quando passarmos para o além e enfrentarmos novas condições, o conhecimento que possuirmos delas ser-nos-á sem dúvida de grande auxílio.

A forma esquelética da morte projeta sua horrenda sombra em todos os umbrais. Velhos ou jovens, sãos ou enfermos, ricos ou pobres, todos, todos nós devemos passar através dessa sombra, do modo que em todas as idades tem-se escutado o clamor de angústia pela solução do enigma da vida – do enigma da morte.
O ser humano constrói e semeia até que chegue a morte. Então o tempo da sementeira e os períodos de crescimento e amadurecimento ficaram para trás. É chegado o tempo da colheita, quando o esquelético espectro da morte surge com sua foice e sua ampulheta. Este é um bom símbolo. O esqueleto simboliza a parte do corpo de relativa permanência; a foice representa o fato de que essa parte permanente a qual está prestes a ser colhida pelo espírito, é o fruto da vida que vai terminar; a ampulheta indica que a hora soará somente depois que todo o tempo da vida tenha decorrido, em harmonia com leis imutáveis. Quando chega esse momento os veículos se separam. Como a vida no Mundo Físico terminou o ser humano não necessita mais do seu Corpo Denso. O Corpo Vital que, conforme já explicado, também pertence ao Mundo Físico, retira-se pela cabeça, deixando o Corpo Denso inanimado.

Os veículos superiores – Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente – podem ser vistos abandonando o Corpo Denso com um movimento em espiral, levando consigo a alma de um átomo denso. Não o átomo em si, mas as forças que através dele atuavam. O resultado das experiências vividas no Corpo Denso durante a existência que acaba de terminar ficou impresso nesse átomo particular. Enquanto todos os demais átomos do Corpo Denso se renovam periodicamente, esse átomo continua subsistindo. E permanece estável não somente através de uma vida, mas das de todos os Corpos Densos já usados por qualquer Ego em particular. Esse átomo é retirado após a morte e despertará somente na aurora de uma próxima vida física para servir novamente como núcleo de mais um Corpo Denso, a ser usado pelo mesmo Ego, por isso é chamado “Átomo-semente”. Durante a vida o Átomo-semente localiza-se no ventrículo esquerdo do coração, próximo do ápice. Ao ocorrer a morte sobe ao cérebro pelo nervo pneumogástrico, abandonando o Corpo Denso juntamente com os veículos superiores por entre as comissuras dos ossos parietal e occipital.

Quando os veículos superiores abandonam o Corpo Denso, permanecem ainda ligados a ele por meio de um cordão delgado, brilhante, prateado, muito semelhante à figura de dois seis invertidos, um na vertical e outro na horizontal, ambos ligados pelas extremidades do gancho.

Um extremo desse Cordão prende-se ao coração por meio do Átomo-semente. É a ruptura do Átomo-semente que produz a paralisação do coração. O Cordão só se rompe depois que todo o panorama da vida passada, contido no Corpo Vital, foi contemplado.

Todavia, deve-se ter muito cuidado em não cremar ou embalsamar o corpo antes de decorridos, no mínimo, três dias e meio após a morte, porque enquanto o Corpo Vital e os corpos superiores permanecerem unidos ao corpo por meio do Cordão Prateado, o ser humano, em certa medida, sentirá qualquer exame pós-morte ou ferimento no Corpo Denso. A cremação deveria ser evitada nos três primeiros dias e meio depois da morte porque tende a desintegrar o Corpo Vital, que deve permanecer intacto até que se tenha imprimido, no Corpo de Desejos, o panorama da vida que passou.

O Cordão Prateado rompe-se no ponto de união dos dois seis, metade permanecendo com o Corpo Denso e a outra metade com os veículos superiores. A partir do momento que o Cordão se rompe o Corpo Denso fica completamente morto.

Ou seja: Depois da morte, o colapso do Corpo Vital encerra o panorama e força o ser humano a entrar no Mundo do Desejo. O Cordão Prateado rompe-se então no ponto onde se unem os “dois seis” efetuando-se a mesma divisão como durante o sono, porém com esta diferença importante: ainda que o Corpo Vital volte para o Corpo Denso, não mais o interpenetra. Simplesmente fica flutuando sobre a sepultura e desagregando-se sincronicamente com o veículo denso. Por isso o cemitério é um espetáculo repugnante para o clarividente desenvolvido. Bastaria que algumas pessoas a mais pudessem vê-lo, e não seria preciso maior argumentação para convencer a trocar o mau e anti-higiênico método de enterrar os mortos pelo método mais racional da cremação, que restitui os elementos à sua condição primordial sem que o cadáver alcance os desagradáveis aspectos inerentes ao processo da decomposição lenta.

(veja mais no livro: Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

 

Parte II – A importância da transmissão de tudo que fizemos do Átomo-semente do Corpo Denso para o Átomo-semente do Corpo de Desejos, até 3 dias e meio após a morte

Compreenda a importância do panorama da vida passada durante a existência purgatorial onde o mesmo se traduz em sentimentos definidos. Se ao morrer deixarem a pessoa tranquila, sem perturbação, a completa, profunda e clara impressão do panorama gravado como resultado no Corpo de Desejos fará que a vida no Mundo do Desejo seja muito mais vivida e consciente, e que a purificação seja mais perfeita. A expressão de desespero e as lamentações doe que rodeiam o leito de morte, dentro do período de três dias e meio mencionado, só podem resultar em que o ser humano obtenha uma impressão vaga da vida passada. O espírito que tenha estampado uma gravação clara e profunda no seu Corpo de Desejos compreenderá os erros da vida passada muito mais clara e definidamente do que se as imagens gravadas resultarem indistintas, pelo fato de sua atenção ter sido desviada por lamentos e sofrimentos daqueles que o rodeavam.

Os sentimentos relativos às coisas que causam sofrimento no Mundo do Desejo serão muito mais definidos se forem extraídos de uma impressão panorâmica bem distinta do que se a duração do processo fosse insuficiente.

Esse agudo e preciso sentimento será de valor imenso nas vidas futuras. Ele estampa no Átomo-semente do Corpo de Desejos uma impressão indelével de si mesmo. As experiências serão esquecidas nas vidas futuras, mas o Sentimento subsistirá, de modo que quando novas oportunidades para repetir os erros das vidas passadas se apresentarem, este Sentimento falará com toda a clareza e de maneira inequívoca. Essa é “a pequenina voz silenciosa” que nos adverte, ainda que não saibamos por que, mas quanto mais claro e definido tenha sido o panorama das vidas passadas tanto mais amiúde, forte e claramente, ouviremos essa voz. Vemos assim quão importante é proporcionarmos ao espírito em transição um ambiente de absoluta quietude. Assim fazendo, ajudamo-lo a colher o máximo benefício da vida que terminou e a evitar a repetição dos mesmos erros em vidas futuras. Lamentações histéricas e egoístas podem privá-lo de grande parte do valor da vida que passou.

(veja mais no livro: Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

Parte III – Declaração do que as pessoas devem fazer quando ocorrer a sua morte

Por isso, é importante deixar uma Declaração – veja o exemplo abaixo – preenchida, reconhecida firma e assinada:

 

D E C L A R A Ç Ã O

Eu, ……………………………………………………………., estudante Rosacruz, portador (a) do RG nº……………………………….., CPF/MF …………………………….., em plena capacidade física e mental, declaro que em caso de óbito, por mal súbito ou persistente, acidente ou qualquer que seja a presumível “causa mortis”, não autorizo a retirada de órgãos e tampouco autópsia. Prevalece esta disposição contra qualquer outra, seja por membro da família, profissionais, ou autoridades, estando assentada no artigo 5º, VI da Constituição Federal, contra a qual não prevalece nenhum poder. Declaro que de acordo com o permissivo constitucional, que garante o direito individual invocado, o meu corpo deverá ser cremado três dias e meio após o óbito, sendo que, em caso de dúvida quanto ao horário, este tempo poderá ser ampliado e nunca reduzido.

A prevalecer o item 8, 3º do pgrp.nsf/0/872, consubstanciada na mesma fundamentação constitucional, o corpo deverá ser mantido íntegro, sem qualquer procedimento dilacerante, pelo mesmo período de três dias e meio.

Como membro Probacionista, a Fraternidade Rosacruz “Max Heindel” sediada à Rua Asdrúbal do Nascimento, 196, São Paulo – SP, telefone: 011 3107-4740, deverá ser cientificada para a realização do ritual e acompanhamento destas disposições incontestáveis de vontade.

Para que surta os fins e efeitos legais, este documento é por mim assinado em 3 (três) vias juntamente com três testemunhas documentalmente qualificadas.

 

 

_______________________
(cidade e data)

 

_____________________________
(nome e assinatura)

 

 

Testemunhas:________________________________________________(1)

Nome:

RG nº:

 

Testemunhas:_________________________________________________(2)

Nome:

RG nº:

 

Testemunhas:_________________________________________________(3)

Nome:

RG nº:

 

Igualmente, é prudente carregar consigo, de preferência na sua carteira, um pequeno lembrete, preenchido com os seus dados, como o do exemplo abaixo:

 

 

Parte IV – Ritual do Serviço de Funeral – Fraternidade Rosacruz

(Importante fazer para todas as pessoas que, por ventura, você participar da cremação ou do enterro)

 

 

FRATERNIDADE ROSACRUZ

Serviço de Funeral

 

1. Preparar o ambiente com músicas superiores

2. Um membro, de preferência de sexo oposto ao do orador, convida os presentes a cantarem, de pé, a terceira estrofe “Mais perto, meu Deus, de Ti”:

“Deixa-me ver o caminho
Que ao céu me conduz;
Tudo o que Tu me dás
São dádivas de consolo.
Os anjos chamam-me;
Mais perto quero estar,
Mais perto quero estar,
Meu Deus, de Ti! “

3. O Leitor descobre o Símbolo Rosacruz

4. Em seguida dirige aos presentes a saudação Rosacruz:

 

Queridas irmãs e irmãos: (Fixa o Símbolo)

 

“QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ”
(Todos respondem: E na vossa também)

 

(Todos sentam, menos o oficiante)

 

Dediquemos um momento à meditação silenciosa sobre o Amor, a Paz e a tranqüilidade.

Terminado um minuto o Oficiante faz a seguinte alocução:

“Não quero, porém, Irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não tem esperança”.

“Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com Ele” (I Tessalonicenses Capítulo 4, Versículos de 13 a 14).

“Mas alguém dirá: como ressuscitarão os mortos? E com que corpos virão? “

“Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer! “

 

“E quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas simples grãos, como de trigo, ou outra semente qualquer”.

“Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente (ser humano) o seu próprio corpo”.

“Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos seres humanos, e outra é a carne dos animais, e outra a dos peixes, e outra é a das aves”.

“E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra dos terrestres”.

“Uma é a glória do Sol, e outra a glória da Lua, e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela”.

“Assim, também, a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção: ressuscitará em incorrupção”.

“Semeia-se desprezível, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor”.

“Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual”. (Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, Capítulo 15, Versículos de 35 a 44).

Uma das provas do valor da religião é o conforto que nos dá quando a dor e a tristeza põem à prova nossos corações. Para cumprir sua missão a religião dever trazer-nos conforto, particularmente por ocasião da separação final de nossos entes queridos. Quando a morte nos aflige, quando Deus quer terminar a vida terrena atual dos nossos parentes e amigos, quando nossos recursos humanos tenham sido esgotados, então procuramos na religião a coragem e a fortaleza que nos permita suportar a carga da nossa grande perda e da nossa tristeza.

Como preenchem esses requisitos os ensinamentos rosacruzes? Em primeiro lugar, eles nos dizem que a morte não é o fim; e também como, sob a Lei de Consequência, o fruto de nossas ações nesta vida, sejam boas ou más, deve ser colhido em algum tempo futuro, pois a Bíblia nos diz: “Aquilo que o homem semear, isso mesmo colherá”.

Sabemos ser impossível cancelar nossos atos bons ou maus pelo simples fato de morrer, como também o é compensar nossos credores mudando-nos para outra cidade. A dívida continua existindo e, algum dia, e em algum lugar, deve ser liquidada.

Regozijamo-nos quando nasce uma alma, isto é, quando é encerrada em vestimento de barro; mas nos lamentamos quando ela abandona esta forma por ocasião a morte, porque não podemos perceber que essa conduta é exatamente o contrário do que deveria ser. O espírito é aprisionado nesta camada de barro quando nasce neste Mundo Físico, para, durante muitos anos, sujeitar-se às dores, sofrimentos e enfermidades que são a herança da carne. Porém a vida física é necessária para que a alma possa aprender as lições na escola da vida.

Se devêssemos entregar-nos à tristeza, isto deveria ser quando o espírito nasce neste Mundo, mas deveríamos regozijar-nos quando a morte chega para liberta-lo do sofrimento e dos incômodos da existência física. Se pudéssemos ver e sentir o alívio que sentem nossos entes queridos quando se libertam de um corpo doente, em verdade ficaríamos felizes e não mais nos lamentaríamos. Imaginem uma pobre alma que esteja prisioneira num leito, doente, quando desperta no mundo invisível onde pode mover-se à vontade, livre da dor.

Não desejaríamos boa viagem a esta alma, em vez de nos lamentarmos?

Deus chamou nosso Amigo (a) (dizer o nome dele (a)) para cumprir maior tarefa, em campo maior, em outro mundo onde ele (a) não necessita de Corpo Físico e, por isso, ele (a) abandonou o que possuía.

(Faça um pequeno resumo das qualidades e atividades passadas do Amigo (a))
Assim como uma criança comparece à escola dia após dia, para adquirir conhecimentos, tendo noites de descanso entre os dias de escola, enquanto desenvolve o seu corpo da infância até a estatura do adulto, assim também o espírito freqüenta a escola da vida durante uma sucessão de vidas habitando uma série de corpos terrestres de qualidade sempre melhorada, com os quais ganha experiência. É como disse Oliver Wendell Holmes:

“Constrói mansões mais duradouras, minha alma,

À medida que passam as velozes estações!

Abandona tua cripta anterior!

Que cada novo templo, melhor que o anterior,

Te separes do céu com cúpula maior,

Até que afinal te libertes,

Trocando tua concha por um oceano irrequieto de vida!”

 

Sabemos que nosso (a) Amigo (a) voltará algum dia, em algum lugar, com um corpo melhor e mais aperfeiçoado do que o corpo que agora abandonou. Sabemos que por ação da imutável Lei de Consequência, ele (a) deve voltar para que, por meio de vidas repetidas e de reiteradas amizades, seu natural amor possa aumentar e submergir num oceano de Amor.

A morte perdeu seu aguilhão no que diz respeito a nós, não porque tenhamos ficado endurecidos ou que amemos menos nossos parentes e amigos, mas porque estamos convencidos que temos provas absolutas de que a morte não existe. Não temos motivos para afligir-nos porque o cordão prateado partiu-se e o corpo esteja para retornar ao pó de onde veio, pois sabemos que o espírito de nosso (a) Amigo (a) está mais vivo que nunca, e que está presente entre nós, embora invisível para muitos.

Entregamos à terra (ou fogo se for cremado) as vestimentas que este espírito habitou, para que seus elementos possam ser transferidos a outras formas pela alquimia da natureza.

Como disse o poeta Arnold:

“O espírito jamais nasceu!

O espírito nunca deixará de ser!

Nunca houve tempo em que ele existisse;

O fim e o princípio são sonhos,

O espírito permanece para sempre independente dos nascimentos e das mortes;

A morte não tem nenhuma influência sobre ele,

Embora pareça morta sua habitação “

“Assim como tiramos uma roupa usada

E apanhamos outra, dizemos:

‘Hoje usarei esta! ‘

Assim também o espírito abandona sua veste de carne

E parte para voltar a ocupar

Nova habitação, recém-construída”.

 

Elevemos uma prece pedindo ajuda de Deus para que nosso (a) Irmão (ã) que partiu possa logo receber seu novo serviço no outro lado

 

5. Terminar cantando a última estrofe do Hino de Encerramento:

Deus te guarde até retornar
Faze a vida virtuosa
No ideal da Cruz de Rosas
Até quando a voltes a saudar.

6. Segue o Serviço no Crematório ou no Cemitério

 

Serviço no Crematório ou no Cemitério

Agora, entregamos esta roupagem de carne já usada que se tornou muito pequena para o espírito que conhecemos pelo nome de (dizer o nome do Amigo (a)) aos elementos dos quais veio. Nosso Amigo (a) não foi para longe; ele (a) está entre nós embora invisível para aqueles a quem amou. Ele (a) está livre e revestido (a) do corpo apropriado para a vida superior a qual partiu; assim desejamos-lhe sucesso em seu novo ambiente.

 

A morte não existe

A morte não existe. Os astros escondem-se
para elevarem-se sobre novas terras.

E sempre brilhando no diadema celeste
espalham seu fulgor incessantemente.

A morte não existe. As folhas do bosque
converte em vida o ar invisível;
as rochas quebram-se para alimentar
o musgo faminto que nelas nascem.

A morte não existe. O chão que pisamos
converter-se-á, pelas chuvas do verão,
em grãos dourados ou doces frutos,
ou em flores com as cores do arco-íris.

A morte não existe. As folhas caem,
as flores murcham e secam;
esperam apenas, durante as horas do inverno,
pelo hálito morno e suave da primavera.

A morte não existe; embora lamentamos
quando as lindas formas familiares,
que aprendemos a amar, sejam afastadas
dos nossos braços

Embora com o coração partido,
vestido de luto e com passos silenciosos,
levemos seus restos a repousar na terra,
e digamos que eles morreram.

Eles não morreram. Apenas partiram
para além da névoa que nos cega aqui,
para nova e maior vida
dessa esfera mais serena.

Apenas despiram suas vestes de barro,
para revestirem-se com traje mais brilhante;
não foram para longe,
não foram “perdidos”, nem partiram.
Embora invisível aos nossos olhos mortais,
continuam aqui e nos amando;
nunca se esquecem
dos seres amados que deixaram.

Por vezes sentimos sobre nossa fronte febril
sua carícia, um hálito balsâmico.

Nosso espírito os vê, e nossos corações
sentem conforto e calma.

Sim, sempre junto a nós, embora invisíveis
continuam nossos queridos espíritos imortais
pois todo o universo infinito de Deus
É VIDA. – A MORTE NÃO EXISTE!

(John McCheery)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Dois Polos: intelectual é presa fácil da vaidade e do personalismo; místico por falta de discernimento

Os Dois Polos: intelectual é presa fácil da vaidade e do personalismo; místico por falta de discernimento

Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, promulgados pela Fraternidade Rosacruz, foram dirigidos de maneira especial àqueles que não encontraram o Cristo pela . Tais Egos se inclinavam demasiado ao desenvolvimento intelectual e sofriam o risco de, perigosamente, enlaçarem nas teias retardadoras do materialismo. Através do Cristianismo Esotérico poderão satisfazer os reclamos lógicos e uma vez satisfeita a sua Mente, poderá o coração também falar.

O equilíbrio está no desenvolvimento paralelo de nossas naturezas ocultista e mística, isto é, no cultivo da razão e do coração. Este é o símbolo apresentado pela capa do Conceito Rosacruz do Cosmos: um coração (sentimento) e uma lanterna (razão), mantida em nível e paralelo como ideal. Daí resultará um corpo sadio e melhor serviço à humanidade. Platão, o Iniciado, preconizava: “Devemos ser sábios, santos e atletas”. E o lema Rosacruz o parafraseia: “desenvolvamos uma Mente Pura, um Coração Nobre e um Corpo São”.
Quartas-feiras, dia de Mercúrio propício às atividades mentais, para dissertação de temas ocultistas; e aos domingos, dia do Sol, dia do Senhor, propício à devoção para estudos Bíblicos da Sabedoria Ocidental.

Isto tem maior importância do que podemos imaginar. Todos os estudantes deveriam empenhar-se em acompanhar assiduamente esses trabalhos, ambos devidamente preparados com o “Ritual Devocional”, o ritual composto por Max Heindel, sob orientação e ajuda dos Irmãos Maiores, para cultivo da natureza interna dos assistentes. Não importa a repetição. Ao contrário, a repetição é a chave do Corpo Vital. Através dela é que se vão gravando em nosso íntimo os preceitos básicos para nossa formação cristã esotérica. É através dela, com as práticas espirituais, pensamentos, sentimentos e atos, da vida diária quando coerentes com a vontade de nosso verdadeiro “eu” espiritual, que se forma o templo interno sem ruídos de martelos.
Cuidemos, pois, carinhosamente, desses dois polos de nossa interna divindade: razão e sentimento, positivo e negativo, masculino e feminino. O potencial equilíbrio desses dois polos é que nos tornará, gradativamente, uma “usina de força”, uma fonte de luz, não importa se ainda pequena, pois “todas as trevas do mundo não podem esconder a luz de uma pequenina vela”. Deus é Luz; somos feitos à Sua Imagem e Semelhança; Deus é Onipotente; portanto, a Luz está em toda a parte, principalmente em nós. Como manifestá-la? Através do desenvolvimento dos divinos atributos latentes em nós. Este é o programa da Fraternidade Rosacruz.

Sem dois polos não há eletricidade. Buscar ansiosamente os livros, correr de uma a outra conferência, deleitar-se com as “novidades intelectuais”, com as novas formas de apresentação, com os novos vestidos de antigas verdades, é ilusão de sentidos, é passarela da mente carnal (intelecto), não da Mente Superior. Também não devemos buscar, somente, o cultivo do coração. O bom senso está no equilíbrio, no desenvolvimento simultâneo dos dois potenciais.

O intelectual é presa fácil da vaidade e do personalismo. Igualmente, o místico por falta de discernimento, pode ser enganado nas suas experiências internas, confundindo os meros reflexos de seu inconsciente com os raios da intuição, que vêm do supra consciente, do reino Crístico, do Espírito de Vida, diretamente ao coração.

O êxito é sempre alcançado pela ciência, pela perseverança, pelo “vigiar e orar”. O exercício noturno de Retrospecção, bem realizado, aguça-nos a consciência e a natureza mística afetando, favoravelmente, o centro espiritual localizado na Glândula Pituitária e que é regido por Urano. O exercício de Concentração e Meditação matinal bem realizado possibilita-nos a disciplina mental, favorece-nos a Observação e o Discernimento, o raciocínio, ajudando-nos em todas as nossas atividades, e inclusive desenvolve o centro espiritual localizado na Glândula Pineal, regida por Netuno, em prol de nossa evolução ocultista.

Desejamos a elevação do gênero humano, começando por nossos estudantes, que, voluntariamente, buscam a orientação dada pelos Irmãos Maiores. Recomendamos a eles que levem a sério o método. Nenhum atleta Iogra resultados se não pratica fiel e assiduamente os exercícios. Se pudessem os nossos Amigos imaginar a felicidade que se esconde nessas realizações, os benefícios de toda ordem que estão reservados a todo “fiel administrador das coisas de Deus”, poderiam profundamente compreender o sentido daquela frase: “Buscai primeiro o Reino de Deus e Sua Justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” – São Mateus – cap. 6:33.

(Revista Serviço Rosacruz – 05/69 – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Luz e a Sombra: estertores da Idade de Peixes, caminhando para Aquário

A Luz e a Sombra: estertores da Idade de Peixes, caminhando para Aquário

 

Na literatura Rosacruz encontramos uma frase de Max Heindel que surpreende pela sua atualidade: “Quanto mais intensa é a luz, mais forte é a sombra que ela projeta”. É uma metáfora do que percebemos nos tempos presentes. Esclareçamos, então.

Vivemos um momento especial na história da humanidade. Muitos avanços científicos parecem tornar cada vez mais real a perspectiva da concretização de uma fraternidade universal.

Inovações tecnológicas estão eliminando barreiras que separam as pessoas, ao reduzir distâncias, promover a comunicação em tempo real e globalizar a economia e a cultura. O conceito de “on-line” possibilita agir e saber o que se passa no mundo todo em fração de segundos. Quando acompanhamos pelos meios de comunicação à ocorrência de um conflito no Oriente Médio, de uma catástrofe natural na África ou de uma crise econômica na Europa, podemos imaginar, de imediato, o sofrimento de milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, tomamos conhecimento de que em várias partes do mundo já se registram movimentos solidários de socorro às vítimas e de que essa ajuda poderá chegar rapidamente, graças aos modernos meios de transporte.

Hoje, o conhecimento já não é mais privilégio de poucos. O acesso às redes sociais coloca a informação e a cultura ao alcance de bilhões de seres humanos. A interação em tempo real tende cada vez mais a anular as diferenças sociais, as barreiras linguísticas e a própria distância.

Mas, a luz irradiada por esse admirável mundo novo também projeta suas sombras, seus contrapontos.
Há que empolgar-se menos e refletir mais, com isenção e espírito crítico, pois as sombras projetadas mostram que o retorno ao “paraíso perdido” ainda é um sonho muito distante.

O aperfeiçoamento dos meios de comunicação aproximou os seres humanos, porém não lhes amenizou o individualismo egoísta. As guerras fratricidas por motivos religiosos ou étnicos nos fazem pensar sobre como a influência dos Espíritos de Raça ainda resiste ao impulso unificador do Cristo. A dor e o ódio não foram varridos da face da Terra.

Em resumo, a realização daqueles ideais acalentados pelos Irmãos da Rosacruz depende do esforço abnegado dos homens e mulheres de boa vontade. A caminhada seguramente será muito árdua.
Encontramo-nos em uma fase de transição, nos estertores da Idade de Peixes, caminhando para Aquário. O conflito entre as duas influências é inevitável, provocando toda essa turbulência que observamos no mundo. A onda evolutiva, porém, segue seu caminho, irresistivelmente, e conduzirá a humanidade para uma espiral superior.

Que as rosas floresçam em vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carregando nossos Fardos: uma razão lógica para persistirmos

Carregando nossos Fardos: uma razão lógica para persistirmos

Frequentemente somos confrontados internamente com aquilo que se pode parecer que seja mais do que justa a nossa carga de aflições.

Uma vez que nos tornamos conscientes de nossas responsabilidades espirituais, devemos enfrentar e aprender qualquer lição que nos apresente; assim como sublimar os aspectos de nossa natureza inferior que, muitas vezes, sobressai a nossa dianteira; mantendo na liderança com o objetivo de sermos capazes de cumprir com nossas responsabilidades e servir no trabalho mais efetivos na Vinda do Cristo.

De um modo geral, aprendemos mais pelas experiências e observações do que por conselho, uma vez que a natureza inferior é sublimada depois de uma longa batalha. E como aqui é o baluarte da evolução é necessário, para nós, vivenciar muitas e variadas aflições antes que o Cristo Interno desperte por completo.
Lembrando que quaisquer que sejam nossos fardos, não devemos importar o quão doloroso sejam nossas mazelas físicas, mentais e emocionais, pois, sabemos que nada nos é dado além daquilo que conseguimos carregar. O propósito da vida terrestre é a experiência e não o sofrimento, mas, à medida que passamos pelo “sofrimento” devemos aprender a tirar proveito ou lições desta experiência porque sempre nos é dado forças internas e externas de alívio pela lição aprendida.

Se diante das dificuldades, lembrarmos que no Terceiro Céu ao escolhermos o nosso panorama da vida antes de renascermos novamente na Terra estávamos de acordo com o escolhido, certamente, será mais fácil a travessia.

“O nosso horóscopo revela as tendências para características como: gênio forte, procrastinação, ciúmes, melancolia ou uma infinidade de coisas similares que retardam o nosso progresso”. Estas tendências são originadas de condutas de nossas vidas anteriores, mas, cedo ou tarde deveremos transmutá-las. Então, por que não começar a fazê-lo agora?

Não devemos perder nossa paciência ou sermos deprimidos porque simplesmente temos um Aspecto ou um Astro adverso. Na realidade se cedermos a estas adversidades e não procurarmos nos corrigirmos agora, nossa situação será ainda pior nas vidas subsequentes. Lembrando que os Aspectos adversos de hoje podem se tornar: Conjunções benéficas, Sextis ou Trígonos na vida seguinte. E como aspirantes aos ensinamentos rosacruzes é dever nosso transmutar nossos atributos adversos em positivos.

Portanto, quanto mais nos esforçamos para vencer estas tendências, mais rápido deixaremos de ser dominados pelo temor que nos paralisa em nossas ações. E assim, nos fortalecemos para resolver toda dificuldade e aprender as lições colocadas diante de nós.

A ajuda espiritual estará sempre disponível para o estudante sincero. Os Irmãos Maiores estão ansiosos por ajudar a humanidade a livrar-se de todo empecilho para o progresso espiritual.

A maioria de nós tem feito preces em momentos de desespero, suplicando por ajuda, e muitas vezes, tem recebido; mas não é necessário esperar que estejamos aflitos. Quando vislumbramos uma prova ou uma situação que já estejamos passando é legítimo solicitar ajuda; mas também é de grande importância ter nossas orações de gratidão e devoção ao Pai.

Obviamente, é menos doloroso enfrentarmos nossas provas conscientemente sabendo que podemos contar com ajuda Divina, que fazê-lo sem ter a consciência de poder utilizar desta ajuda.

Devemos nos esforçar por passar com coragem pelas aflições e aprender com elas, porém, sempre alertas, já que a tentação estará às espreitas com vários disfarces para que a menor falha sejamos suas vítimas. As tentações resistidas representam progresso; as tentações sucumbidas representam novas provas e aflições e assim será até que tenhamos aprendido a lição e nos purificamos.

“A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido” – (Lc 12:48). Esta passagem está em conformidade com a nossa capacidade de superar obstáculos e aprender as lições, e também nos dá a capacidade de compartilhar nosso conhecimento, nossas bênçãos e o amor com os demais.

Se somos parte integrante de um Deus magnífico, misericordioso e de cuja imagem somos feitos; como poderemos permitir-nos, por um só momento, que sejamos abandonados diante de tantas aflições e que não sejamos dignos de suportar tanto sofrimento?

Quais são nossos pesares diante de um sacrifício anual que o Cristo faz por nós?

Sejamos determinados em empregar o melhor de nossa capacidade para viver nossos obstáculos diários conservando nossos corações cheios de amor e gratidão e nossas mentes e emoções concentradas no grande exemplo da mais perfeita vida existente na Terra: Jesus-Cristo.

“Que as rosas floresçam em vossa cruz”

 

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Segundo vocês ensinam, a Epigênese é a habilidade para criar coisas novas. Podemos realmente criar alguma coisa nova? Julgo cada coisa já existente na Consciência Universal.

Pergunta: Segundo vocês ensinam, a Epigênese é a habilidade para criar coisas novas. Podemos realmente criar alguma coisa nova? Julgo cada coisa já existente na Consciência Universal.

Resposta: Não estamos muito seguros do que você entende por “Consciência Universal”. É certo que os Grandes Seres se empenham em trazer muitas verdades ao conhecimento da humanidade, sempre que a raça humana se mostra capaz de beneficiar-se com elas. Alguns Egos Avançados, em virtude de um árduo trabalho em existências passadas, tornam-se receptivos a novas ideias em certas esferas de atividade, respondendo aos elevados ideais projetados nos éteres pelos Grandes Seres.

A Epigênese – a habilidade criadora – determina o que é feito desses ideais e verdades. Determina em que extensão aqueles Egos avançados ou gênios, respondem às ideias, colocando-as em aplicação prática. Inventores, por exemplo, certamente conhecem certas leis universais que regem a matéria com que trabalham, mas suas invenções – a aplicação prática dessas leis – provêm de sua habilidade criadora.

(Revista Serviço Rosacruz – 05/75 – Fraternidade Rosacruz – SP – Rays From The Rose Cross)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Os elementais podem influenciar uma pessoa habituada a usar perfumes?

Pergunta: Os elementais podem influenciar uma pessoa habituada a usar perfumes?

Resposta: O perfume constitui um tipo diferente de incenso. Sabemos que na queima de incenso, os elementais são inalados com ele, capacitando-os, por conseguinte a influenciar a pessoa que os inala.
O perfume exala um odor, não constituindo, porém, um gás ou coisa semelhante, no significado comum da palavra. Consiste de minúsculas partículas desprendidas da substância da qual foi feito. Essas partículas não servem, comumente, de veículos para incorporação de elementais, embora isso seja possível, no caso de perfumes extraordinariamente fortes. Não há, entretanto, objeção alguma às essências extraídas de flores.

Há restrições ao uso de perfumes, tais como o almíscar, obtido de animais, por implicarem em sua matança, além destas substâncias envolverem-se com os seus desejos, podendo estimular uma sutil sensualidade.

(Revista Serviço Rosacruz – 05/75 – Fraternidade Rosacruz – SP – Rays From The Rose Cross)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Coroa da Maternidade

A Coroa da Maternidade

Um dia, o grande Anjo Gabriel, que é o criador de todas as flores que estão sobre a Terra, reuniu seus Anjos, enchendo suas mãos e corações de doce paz celestial, e mandou-os espalhar essa paz celestial sobre as dores do mundo. Ele, também, os instruiu para lhe trazer, no fim do dia, a coisa mais bonita da terra, para transformá-la numa flor rara e perfeita, e para devolvê-la a Terra, a fim de servir de auxílio e inspiração para as crianças.

Todos esses Anjos partiram, alegremente, para cumprir sua bela missão, exceto um dentre eles, mais jovem e tímido que os outros, foi ficando para trás, caminhando lentamente.

“O que é que vou dar?”, pensou, enquanto ele flutuava silenciosamente sobre os vales e colinas, envoltas em nuvens. “O mundo inteiro me parece tão bonito”.

As horas passaram rapidamente e os Anjos retornaram triunfalmente ao céu, um seguido do outro, trazendo, todos eles, uma coisa maravilhosa que tinham colhido da Terra. Um havia colhido a névoa perolada do amanhecer; outro trouxe o orvalho que repousa na pétala interna de uma rosa; outro trouxe a música que se eleva dentro de uma catedral e um outro capturou os sonhos do coração de uma filha jovem.

Quando as sombras da noite começaram a cair, o pequeno Anjo ficou cada vez mais triste e suas asas pareciam cada vez mais pesadas; então, passando perto de uma janela aberta, de repente ele parou e olhou para dentro da casa: uma jovem mãe ajoelhada, em profunda adoração ante uma pequena cama, onde um bebê estava dormindo. Um sorriso brotou do seu rosto fofinho e, como se o Anjo tivesse se inclinado para ouvir, a mamãe sussurrou: “Oh! Pequena flor bem-amada, que acaba de vir do paraíso, não olhe para trás nos seus sonhos, você foi separado, recentemente, dos Anjos da guarda? Traga ao meu coração um pouco de luz celestial, com a qual eu possa protegê-lo e orientá-lo”.

E quando ela se curvou para beijar o rosto sorridente dele, murmurou respeitosamente: “Meu Deus, eu Te agradeço pelo mais maravilhoso de todos os presentes: a coroa da maternidade”.

Quando ela olhou para cima, uma lágrima brilhante, com toda a beleza e glória do amor maternal, apareceu sob os cílios da criança adormecida. Houve, de repente, um farfalhar suave de asas e o pequeno Anjo, com a lágrima apertada em seu coração, retornou feliz, ao seu lar celestial.

Ao cruzar as “Portas”, o Anjo Gabriel estava sentado em seu grande trono branco, juntamente com os demais. “Então, pequeno Anjo retardatário”, grunhiu, ternamente, vendo-o se aproximar, “Qual é a coisa mais bonita que você me trouxe da Terra?”.

Timidamente, ele deslizou para fora de seu coração, a lágrima de um amor de mãe.

Quando o Anjo Gabriel a viu, sua face ficou tão bonita, que mesmo os Anjos nunca a tinha visto assim. Ele, delicadamente, a pegou e a segurou em suas mãos, e foi cercado por um halo de luz de tal forma que todos os Anjos baixaram a cabeça e oraram. Ele ficou em silêncio por um longo tempo e, quando, enfim, ele estendeu suas mãos para eles, e disse: “O lírio será o presente dos Anjos às mães do Mundo”.

 

(Traduzido do Les Contes, La Couronne de la Marternité, Corinne Heline, Tiré des « Rays from the Rose Cross », mai 1981 da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Qual é o ponto de vista Rosacruz sobre o sufrágio feminino e a posição da mulher, no geral?

PERGUNTA: Qual é o ponto de vista Rosacruz sobre o sufrágio feminino e a posição da mulher, no geral?

RESPOSTA: O espirito não é nem macho nem fêmea, senão que se manifesta alternativamente em corpos masculino e feminino, normalmente. Assim sendo, considerando o sufrágio feminino desde esse ponto de vista bem mais amplo, seria um BENEFÍCIO para o homem atual uma atitude que permita as mulheres atuais exercerem os seus direitos abrangendo uma igualdade completa em todos os particulares. O duplo tipo de moral, de nossos dias, permissiva para com o adultério masculino, isentando-o de censura, deve ser abolido. O trabalho da mulher deve ser tão bem pago como o do homem e em todos os casos deveriam seguir-se as indicações tão admiravelmente expostas no romance de Edward Bellamy: “O Ano 2000”.

A eficácia de tão equitativo sistema social é evidente se consideramos o fluir da vida, sendo a presente existência nada mais do que uma de muitas vidas em que nascemos alternativamente como homens e mulheres. Existem ainda outras razões que deveriam nos impelir a concordar com a emancipação social da mulher.

No homem, o Corpo Denso é positivo, e as forças masculinas positivas estão especialmente enfocadas na Região Química do Mundo Físico. Dessa forma, o homem está mais interessado em tudo que possa pesar, medir, analisar e trabalhar na sua vida diária. O seu desenvolvimento se efetua particularmente sobre o plano material, dando forma à Terra e a todas as coisas, conforme seu desejo e possibilidades. Porém, o lado espiritual das coisas não desperta, no homem comum, particular interesse.

A mulher, por outro lado, tem um Corpo Vital positivo. Assim sendo, está intuitivamente em contato com as vibrações espirituais do Universo. É mais idealista e imaginativa e tem muito interesse para todos os fatores tendentes ao APRIMORAMENTO MORAL da raça humana. E como a humanidade só pode avançar em nossa Época mediante a moral e o crescimento espiritual, a mulher é, realmente, um fator primário na evolução. Toda a raça humana recolherá um benefício prodigioso no dia em que as mulheres tenham direitos iguais aos dos homens (escrito em 1912 – Movimento pelo Sufrágio Feminino, nos EUA), pois, até aquele tempo não podemos esperar por reformas que realmente unam a humanidade. Vemos, por analogia, se estudamos a estrutura de um lar, que a mulher é a coluna central, ao redor da qual giram o esposo e os filhos. De acordo com a sua capacidade, faz do lar o que ele é, sendo sempre a influência basilar e o elemento pacificador. O pai pode desencarnar ou abandonar o lar, assim como os filhos também. Enquanto que a mãe permanece, o lar subsiste. A morte da mãe, o lar se desfaz.

Já temos ouvido o seguinte argumento: “Sim, porém, se a mulher for atraída pela política, o lar ficará tão desfeito como se houvesse morrido”. Absolutamente não há razões para temer tal coisa. Durante o tempo de transição, enquanto a mulher tem de lutar para obter os seus direitos, e, quem sabe algum tempo depois, até estruturar melhor a sua vida, possivelmente encontraremos tais casos. Porém, logo que se tenham adaptado à nova situação, manterão os seus lares tão firmemente como antes. Nos lugares onde já houve experiências desse tipo, não houve lares desfeitos por essa causa. E, foram as mulheres as promotoras de todas as medidas que tendiam ao aprimoramento da moral. Não devemos esquecer, contudo, que as leis somente tendem a impulsionar a humanidade para um plano superior, no qual cada individuo seja uma lei em si mesmo. No momento, é absolutamente necessário que essas reformas se produzam mediante uma legislação adequada.

(Revista Serviço Rosacruz – 07/75 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um Apelo: entenda quão importante é nossa presença individual para acumular e multiplicar nossas aspirações espirituais para o serviço em prol da humanidade

Um Apelo: entenda quão importante é nossa presença individual para acumular e multiplicar nossas aspirações espirituais para o serviço em prol da humanidade

No Ritual do Serviço de Cura, celebrado na Fraternidade Rosacruz Lemos: “Um só carvão não produz fogo, mas quando se juntam vários carvões, o calor latente em cada um deles pode converter-se em chama, irradiando luz e calor”.

O poder dos números é insignificante no Mundo Físico quando o comparamos com o existente no Mundo Espiritual. Aqui podemos contar: um, dois, três, quatro, etc., porém nos planos espirituais essa força aumenta ao quadrado de dois, quatro, oito, dezesseis, trinta e dois, etc. Para as primeiras doze pessoas em um serviço, o número treze aumenta esse poder ao cubo: três, nove, vinte e sete, etc., elevando-os ao poder do Universo Espiritual. Vemos, pois, quão importante pode ser nossa presença individual quando se trata de acumular e multiplicar nossas aspirações espirituais para o serviço em prol da humanidade.

Para assegurarmos a colaboração de todas aquelas pessoas afinadas aos Ensinamentos Rosacruzes, ensejando-lhe a oportunidade de ajudar, publicamos uma relação das datas em que se realizam os Serviços de Cura. Dessa forma, a pessoa interessada – seja probacionista, estudante, paciente ou amigo – pode, à hora indicada (18h30min), recolher-se a seu lar, dirigindo seus pensamentos com devoção e fé a Mount Ecclesia. A energia infundida nos trabalhadores da Sede Mundial, por esse meio, permitir-lhe-á realizar um serviço maior e mais efetivo em favor do gênero humano.

O SÍMBOLO dos AUXILIARES INVISÍVEIS em que se concentra em Mount Ecclesia é uma CRUZ BRANCA com as sete rosas vermelhas e uma rosa pura e branca no centro. A estrela radiante sobressai da cruz posicionada sobre um fundo azul, formosamente iluminado. Este emblema representa o esplendor do Corpo Alma em que percorrem o espaço esses servidores.

Não é necessário efetuar correções no tocante à hora, em função do local onde cada um reside, porque o Sol recolherá a pureza de todas essas nobres aspirações durante a sua marcha. E quando seus raios alcançarem Mount Ecclesia, no ângulo adequado, a influência ali dirigida será transmitida.

Max Heindel afirmou que no passado, quando os esforços para socorrer aos enfermos encontravam-se sumamente limitados, devido à falta de um número suficiente de trabalhadores em Mount Ecclesia, muitas pessoas residentes em outros lugares perguntavam: Como poderemos ajudar? Este APELO é a resposta. Agora, desenvolveu-se uma legião de Auxiliares Invisíveis, tanto entre os vivos como os chamados “mortos” que contribuirão muitíssimo no futuro para afugentar a morte da face da Terra.

Meditemos sobre o glorioso privilégio que significa ser membro dessa legião, elevando mais que qualquer outra honra a posição que pode nos ser conferida, esforçando-nos por viver conforme as regras dessa tão nobre causa, para podermos ser dignos de assumir maiores responsabilidades.

(Revista Serviço Rosacruz – 05/75 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Orgulho: nada nos torna mais duro e mais cego; nada nos é mais funesto ao nosso progresso espiritual

O Orgulho: nada nos torna mais duro e mais cego; nada nos é mais funesto ao nosso progresso espiritual

Dissemos que o tripé em que fundamos a verdadeira renúncia é a: sobriedade, humildade e castidade. Já falamos da sobriedade e hoje abordaremos a questão da humildade, que, por associação, atrai seu antônimo: o ORGULHO.

Paralelamente à gula, o que mais é de recear no ser humano é o orgulho e a sede das riquezas. Nada o torna mais duro e mais cego do que exagerar o seu valor pessoal. Nada lhe é mais funesto ao progresso espiritual e à saúde do que estar de posse de grandes riquezas, a menos que seja um caráter excepcional, capaz de usá-las como quem administra os bens do Senhor.

Nada torna mais impróprio de triunfar numa provação do que viver no luxo e na adulação. Os grandes deste mundo não imaginam quanto mais perto estão do abismo do que os humildes. O seu poder terrestre os embriaga. Uma vez nas alturas, eles não procuram mais do que aumentar o seu campo de domínio, em lugar de se esforçarem unicamente em praticar o bem em face dos pequenos. Mas que quedas estrondosas, quando se realiza a palavra da Escritura: “Depôs do trono os poderosos e elevou os humildes”- (São Lucas, 1:52).

“Quem julgas tu que é o maior no Reino dos Céus? ” – Perguntava a Cristo Jesus os seus discípulos. E, chamando Jesus um menino, o pôs no meio deles e disse: “Na verdade vos digo, que, se vos não converterdes, e vos não fizerdes como meninos, não entrareis no Reino dos Céus”- (São Mateus, 18:1-3).
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas… Ai de vós condutores cegos, porque sois semelhantes aos sepulcros branqueados que, parecem por fora formosos aos homens, e por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda a espécie de podridão… AqueIe que se elevar, será humilhado e aquele que se humilhar, será elevado” – (São Mateus, 23:27).

“Aquele que quiser ser o maior entre vós esse seja o que vos sirva. E o que entre vós quiser ser a primeiro seja esse vosso servo. Assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir” – (São Mateus, 20: 26-28).

“Mas ai de vós, os que sois ricos, porque tendes a vossa consolação. Ai de vós, os que estais fartos, porque vireis a ter fome. Ai de vós, os que rides, porque gemereis e chorareis” – (São Lucas, 4:24-25).

“É mais fácil passar um camelo pelo fundo duma agulha do que entrar um rico no Reino dos Céus” – (São Mateus, 19:24).

“De que serve ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma? “- (São Mateus, 16:26).

“Amontoai para vós tesouros no céu, onde não os consome a ferrugem nem a traça e onde os ladroes não os desenterram nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, estará também o teu coração” – (São Mateus, 6:20-21).

E para que seus discípulos compreendessem bem a onipotência da pobreza e o exemplo divino que se deve dar, Cristo Jesus dizia-lhe: “As raposas têm covis e as aves do céu ninhos, mas o Filho do homem não tem onde pousar a cabeça” – (São Mateus, 8:20).

Depois, quando ele os enviou a cumprir a sua missão evangélica, fez-lhes a seguinte recomendação: “Dai de graça o que de graça recebestes. Não possuais ouro, nem prata, nem dinheiro nos vossos cintos. Nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem calçado, nem bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento” – (São Mateus, 10:9-10).

Aqueles que erram por orgulho, os que gozam egoisticamente as suas riquezas, preparam para si as piores atribulações e os mais duros sofrimentos.

E quando se trata para eles de vencer uma provação, raro percebem o remédio, isto é, o renunciamento a aplicar, porque o orgulho com os seus satélites: a vaidade, a sede de consideração, a pretensão, o desdém, introduz-se no mais profundo do ser e a cegueira sobre as suas taras de caráter, as suas responsabilidades e os seus erros. Quantas pessoas caem no insucesso e na desgraça, porque entende não deverem reduzir, em coisa alguma as suas ambições e os seus gozos! Como são raras as pessoas, suficientemente clarividentes, que se tornam pequenas diante da provação, que examinam a extensão das suas ignorâncias, de suas incapacidades, numa palavra, que façam ato de humildade!

Depois do amor do próximo, a humildade é a virtude cristã fundamental.

Assim não nos devemos admirar de ver que a humilhação é o grande remédio que a providencia emprega para por a prova os orgulhosos e os ricos, demonstrando-lhes a vaidade de suas vantagens e de seus bens materiais, para conservar a saúde do corpo e a paz da alma. Com efeito, para que servem o dinheiro e a celebridade, quando se avilta o organismo e conspurca o espírito?

“O Senhor guarda aqueles que são simples: fui humilhado, por ele fui salvo” – (Salmos, 114). “Foi bom para mim que vós me tivésseis humilhado para assim conhecer a Vossa justiça” – (Salmos: 118).

A humildade é grande fonte de felicidade, poderoso meio de progresso, remédio heroico contra todos os sofrimentos corporais e as feridas de amor próprio. “A humildade é o unguento que faz fechar todas as feridas” (S. Teresa).

A humildade é, com a oração, o meio mais firme de ser exalçado. “Humildade, humildade, clamava Santa Teresa, é por ela que o Senhor cede a todos os nossos desejos”.

Ser humilde é primeiramente tornarmo-nos muito pequenos, até chegarmos a zero, considerando a insuficiência da nossa inteligência, as lacunas de nosso saber, as faltas que cometemos. É darmos conta em seguida que tudo a que podemos realizar de bem, foi Deus que o realizou por nós e que o nosso papel está limitado a apresentarmo-nos no estado de dóceis instrumentos, porque nada temos de bom que seja nosso e nenhum bem praticamos que o não tenhamos recebido do Pai! “Sim, é uma grande verdade que nada temos de bom que seja nosso, e que a miséria, o nada, são o nosso quinhão. Aquele que isto ignora, caminha na mentira” – (S. Teresa, T. VI, p. 265).

Ser humilde é não procurar quaisquer honras deste mundo, é esforçar-se por passar despercebido, é ficar em último lugar, é conduzir-se como Cristo pediu: “Quando fores convidado para alguma boda, não vás ocupar o primeiro lugar, porque pode ser que esteja ali outra pessoa mais considerada do que tu, convidada pelo dono da casa. E que, vindo este, que te convidou a ti e a ele, te diga: ‘Dá o teu lugar a este’; e tu envergonhado vas ocupar o último lugar. Mas, quando fores convidado, ocupa o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: ‘Amigo, assenta-te mais acima’. Servir-te-á isto, então, de gloria na presença dos que estiverem juntamente assentados a mesa. Porque todo o que se exalta será humilhado, e todo a que se humilha será exaltado” – (São Lucas, 14:8-12).

Ser humilde é abster-se de enumerar os seus méritos e não pensar senão em colocar-se na atitude do pobre pecador: “subiram dois homens ao templo para orar, um fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Graças te dou, meu Deus, porque não sou como os outros homens, que são uns ladrões, uns injustos, uns adúlteros, como é também este publicano. Jejuo duas vezes por semana; pago o dizimo de tudo o que possuo’. E o publicano, pelo contrário conservando-se afastado, não ousava mesmo levantar os olhos para o Céu; mas batia no peito dizendo: ‘Ó Deus, tende piedade de mim, que sou um pecador’. Digo-vos que este voltou para casa justificado e não o outro; porque todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado” – (São Lucas, 18:10-15).

Ser humilde é cumprir o seu dever, sem esperança de recompensa, é ajudar os fracos, os ingratos, os pobres, numa palavra: todas as pessoas que são incapazes de dar-vos valor, de recompensar-vos ou de agradecer-vos. “Evitai fazer as vossas boas obras diante dos homens com o fim de serdes vistos por eles; doutro modo, não tereis recompensa de vosso Pai, que está nos Céus” (São Mateus, 6:1). “Quando deres algum banquete, convide os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. E serás bem-aventurado porque esses não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos” – (São Lucas, 14:13-14).

Ser humilde é tratar de se contentar com coisas simples, no que diz respeito a conforto, a alimentação e a vestuário. “Por amor de Nosso Senhor, eu vos suplico, minhas irmãs e meus padres, evitai sempre as casas grandes e suntuosas. Como é comovente, minhas filhas, construir grandes casas, com os bens dos pobres. Quanto menos houver num convento, mais eu estou tranquila. Procurai sempre contentar-vos com o que há de mais pobre, tanto para o vestuário como para a alimentação. De outra fora, vós tereis muito que sofrer, porque Deus não proveria as vossas necessidades e perdereis a alegria do coração. E tornamo-nos senhores de todos os bens deste mundo, desprezando-os” – (Sta. Tereza).

Ser humilde é recusar-se a submeter à justiça dos seres humanos aqueles que vos perseguem. Se nos humilhamos e se renunciamos a nós mesmos, fazendo o sacrifício da reparação terrestre, maior será a reparação espiritual e mais eficaz será a proteção de que se beneficiará, porque Deus pune duramente os ataques de que os justos são o objeto. “Se for possível e se isso depender de vós, conservai-vos em paz com todos os seres humanos. Não vos vingueis vós mesmos, meus muito amados, mas deixai atuar a justiça de Deus, porque está escrito: ‘Para mim o julgamento; sou eu quem retribuirá’, disse o Senhor. Mas, se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; e se tiver sede, dá-lhe de beber; porque procedendo assim são carvões ardentes que tu amontoarás sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” – (São Paulo aos Romanos, 12:18-21).

Ser humilde é, numa palavra, matar dentro de si todo o germe de satisfação orgulhosa e sensual, de forma a chegar a uma perfeita indiferença perante os elogios ou as calúnias. É assim que adquirimos a liberdade interior e que não nos importamos mais ouvir falar de nós, tanto em mal como em bem, como se tal coisa não nos dissesse respeito. “Um ponto pode aborrecer-vos muito, se não vos acautelais. É o dos louvores. Dizem-vos que sois santas, e serve-se de expressões exageradas, que se diriam sugeridas pelo demônio. Nunca deixeis passar semelhantes palavras sem declarar a vós mesmas uma guerra interna. Lembrai-vos de que maneira o mundo tratou Jesus Cristo Nosso Senhor depois de tanto O ter exaltado no dia de Ramos. Pensei na estima que se concedia a São João Batista, a ponto de considerá-lo o Messias, e vede em seguida como e por que motivo lhe cortaram a cabeça. O mundo nunca exalta senão para rebaixar, quando aqueles que exaltam são filhos de Deus. Lembrai-vos dos vossos pecados e supondo que sobre qualquer ponto se diz verdadeiro, pensai que é um bem que não vos pertence, e que sois obrigadas a muito mais. Excitai o receio em vossa alma, a fim de impedi-la de receber com tranquilidade este beijo de falsa paz que o mundo dá. Crede que este século é o de Judas” – (S. Teresa).

“Quando somos humildes, sofremos por ouvir o seu próprio elogio”- (Teresa, T. VI, p. 157). Para sermos verdadeiramente humildes, é necessário ainda destruir em nos qualquer ambição, limitando-nos ao cumprimento rigoroso do dever presente, e abanando o resto aos cuidados da Providência. É ela quem decidirá da utilidade do nosso bom êxito presente e quem fixará a hora da nossa recompensa aqui ou no Além. E graças a este estado de espírito intimamente vivido que tantos santos realizam obras prodigiosas antes e depois da sua morte. Assim, não devemos ficar surpreendidos em ver os grandes místicos serem atormentados pela necessidade de humilhação e a paixão do renunciamento. S. João da Cruz escrevia: “Desprezai-vos a vós mesmos e desejai que os outros vos desprezem. Para chegardes a possuir tudo, tratai de nada possuirdes. Para chegardes a ser tudo, procurai nada serdes. Porque para alcançar o Todo deveis renunciar completamente a tudo. Neste desprendimento o espírito encontra a sua tranquilidade e o repouso. Profundamente estabelecido no centro de seu nada, não poderia ser oprimido por aquilo que vem debaixo e, nada mais desejando, o que vem de cima não o fatiga; porque os seus desejos são a única causa de seus sofrimentos”.

Na prática, a extinção de todo desejo deve compreender-se como a restrição do esforço ao cumprimento do dever cotidiano. Passar uma vida regrada, simples, reta e útil sem se preocupar nem com o passado, nem tão pouco com o futuro; abandonando-se humildemente a direção da Providência Divina quanto ao restante, tal como o faria um animal de carga, tal é a verdadeira concepção mística da vida.

A humildade, na vida corrente, poderá exercer-se, suportando com paciência as desavenças, as injúrias e os sofrimentos, comportando-se a respeito de todos com benevolência e doçura sem limites. São Francisco de Assis era a doçura, a pobreza e a humildade personificadas. Não teriam fim os inumeráveis exemplos de doçura e de humildade dados pelos Santos, porque todos se esforçavam para realizar o melhor que puderam o grande exemplo de Cristo. “Pois eu estou no meio de vós outros assim como o que serve” – (São Lucas, 22:27). “Eu sou manso e humilde de coração” – (São Mateus, 11:28).

Da humildade decorre ainda outro renunciamento: é aquele que consiste em recusarmo-nos a julgar os outros. O melhor meio de nos exercitarmos, é, primeiramente, obrigarmo-nos a nunca dizer mal do próximo. “Não julgueis, e não sereis julgados; nada condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á; no vosso seio vos meterão uma boa medida de que vós vos servirdes para os outros, tal será a que servirá para nós” – (São Lucas, 5:37-38).

Depois, em presença da nossa indignidade, das nossas fraquezas pessoais e da infinita bondade de Deus, é preciso apagarmos a personalidade e destruirmos em nós todo o germe de ódio, rancor, vingança. Para obtermos o próprio perdão, é necessário começarmos por concedê-lo aos outros. Todas as vezes que a nossa vida está em perigo duma maneira assustadora, é preciso deixarmos a Deus o cuidado de nos proteger e orarmos pelos perseguidores, porque a injúria feita a um justo é sempre motivo para terríveis sanções. Todas as vezes que cometemos um erro, é preciso repararmo-lo e impormo-nos a humilhação de o pagarmos. Todas as vezes que quem ofende sinceramente se arrepende, devemos perdoar-lhe sem hesitar.
“Vós tendes ouvido o que se disse: olho por olho, e dente por dente. EU, porém, digo-vos que não resistais ao que vos fizer mal… E ao que quer demandar-te em juízo e tirar-te a túnica, larga também a tua capa. Dá a quem te pede… Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e vos caluniam. Para serdes filhos de vosso Pai que estais nos Céu, que faz nascer o Sol sobre os bons e maus. Sede, então, perfeitos, como também o vosso Pai celestial é perfeito” – (São Mateus, 5:38-48).
“Mas quando vos levantardes para orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que também vosso Pai, que estás nos Céus, vos perdoe vossos pecados” – (São Marcos, 11:25).

“Se teu irmão pecou contra ti, repreende-o; e se ele se arrepender perdoa-lhe. Se ele pecar sete vezes no dia contra ti, e que sete vezes no dia te vier buscar dizendo: eu me arrependo; perdoa-lhe” – (São Lucas, 17:3-4).

O apagamento da personalidade a que conduz a humanidade destrói em nós não só o egoísmo, mas faz-nos ainda conhecer melhor a fragilidade dos laços que nos ligam neste mundo a todos aqueles a quem amamos. O perfeito desprendimento, com efeito, não dá mais lugar em nós do que a um pensamento dominante; cumprir a vontade de Deus. Isso não significa, de forma alguma, que seja preciso confinarmo-nos numa reserva egoísta, nem numa insensível frieza. Pelo contrário, devemos trabalhar com a melhor das vontades por nossos pais, sacrificarmo-nos acima de tudo pelos filhos, amarmos o próximo de todo o coração e prestarmos a melhor das atenções aos nossos amigos; mas, conservando o pleno abandono na Providência Divina, isto é, com a ideia sempre presente que a afeição, a estima e a vida dos parentes e dos amigos podem-nos ser retiradas a todo o momento. É preciso chegar, pois, a destruir em nós toda a raiz egoísta de afeição terrestre e aprendermos a amar profundamente com o estado de espírito de renunciamento completo que faz passar os deveres do Céu, à frente das preocupações terrestres. Foi o que Cristo claramente significou quando deixou seus pais para ficar em Jerusalém no Templo, no meio dos doutores, e quando respondeu a sua mãe que se afligia com a sua ausência: “Por que me procurais? Não sabeis que importa ocupar-me das coisas que são do serviço de meu Pai?” – (São Lucas, 2:49).

Quando estamos bem compenetrados desta obrigação do sacrifício de todas as afeições terrestres, a perda das consolações mais ternas e dos seres mais caros não causa tanto as crises de abatimento profundo e de violento desespero que tão facilmente desequilibram o corpo e o espírito das almas presas aos bens deste mundo. Quando se sabe que a morte não é mais do que uma etapa normal para a vida sobrenatural; que a comunhão imaterial dos vivos e dos mortos é uma realidade; que Deus, na sua paternal bondade, nunca nos abandona; que a ressurreição para uma vida nova é uma certeza, então compreende-se que o melhor meio de honrar os mortos, de os ajudar ou ainda de receber úteis inspirações, não é passar o tempo em estéreis lamentações; mas, unicamente, orar por eles e, sobretudo trabalhar por realizar em si e à volta de si o Reino de Deus. E para edificarmos este Reino de Deus, não há outra coisa a fazer senão aceitarmos com fé os renunciamento diários e ligarmo-nos sem demora à execução dos deveres presentes de correção, de bondade e de trabalho. Nenhuma coisa faz nos desviar desta estrita obrigação de prepararmos o futuro, sem nos demorarmos no passado. Ao discípulo que lhe dizia: “Senhor, permite-me ir primeiramente sepultar meu pai” Cristo Jesus respondeu: “Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos” – (São Mateus, 8:21-22).

“E tu, vais, e anuncia o Reino de Deus” – (São Lucas, 9:60). Outro lhe disse: “Eu Senhor seguir-te-ei, mas, permite-me, primeiramente, dispor dos bens que tenho em minha casa”. Cristo Jesus respondeu-lhe: “Todo aquele que põe a mão ao arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus” – (São Lucas, 9:61-62).

Então, quando se realizar em si estas necessárias amputações do espírito de personalidade, Deus nos poupará as provações e nos acumulará com os seus favores, muitas vezes mesmo já neste mundo. Além disso, tornamo-nos poderosamente fortes, desde que tomamos o nosso único ponto de apoio em Deus e o nosso único auxílio n’Ele, aceitando o pensamento de ficarmos privados, na desgraça do socorro e das afeições de todos os nossos. Foi por isso que Cristo disse ainda: “Aquele que ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e aquele que ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. Aquele que não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. O que acha a sua alma perdê-la-á e o que a perder por mim, achá-la-á” – (São Mateus, 10:37).

(Revista Serviço Rosacruz – 04/65 – fraternidade Rosacruz – SP)

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