Arquivo de categoria Método para Adquirir o Conhecimento Direto

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Viver pela Metade: ou somos, ou não somos; ou cremos, ou não cremos.

Viver pela Metade

Aqueles que seguem os ensinamentos da Filosofia Rosacruz ou que os elegeram como filosofia de vida, não podem mais manter certas dúvidas a respeito da vida espiritual. Sabe-se que o primeiro passo e o mais difícil na crença das verdades espirituais, e admitirmos a Reencarnação, ou melhor, a Lei do Renascimento como ponto pacifico para a continuidade de nossos estudos e atividades na senda do Progresso. Entretanto, não ignoramos que existem muitos outros pontos, milhares deles, dos quais pode depender a nossa ascenção. Em princípio, toda a asserção sábia, contém sempre em si mesma dois sentidos: o material, do qual se reveste para ser enunciada, e o espiritual ou oculto, que deve ser desvendado.

Analisemos de passagem, o que diz a Bíblia pela boca do Mestre, naquele versículo: “Se uma casa se levantar contra si mesma, essa casa não subsistirá”.

O valor material dessa assertiva está bem claro e é um chamado à ordem àqueles que não sabem defender sua família, seu lar, seus filhos, tanto de Sangue como de ideal, contra o erro, a agressão, a maledicência, às vezes até contra si mesmo; já o sentido espiritual, faz-nos penetrar num. terreno mais sutil e perceber a face oculta da Verdade. Então notaremos que tanto pode restringir-se ao relacionamento de alma, como ao próprio relacionamento Interno de cada um, melhor dizendo, aos cheques e entrechoques de nosso eu inferior com a verdade que já existe em nós. Choques esses que muitas vezes se apresentam sob a forma de dúvida, de limitações, de oscilações prejudiciais. Aliás, a dúvida conduz naturalmente às limitações, principalmente se ela atinge os valores espirituais da vida. “Se uma casa se levantar contra si mesma”, isto é, se os nossos pensamentos espirituais não coincidirem totalmente com as nossas ações, com o nosso modo de vida, se mesmo conhecendo e sentindo os valores reais da vida, ainda perdemos tempo derivando por caminhos da matéria; se mesmo sentindo dentro de nós, maravilhosas verdades cantando sua música num coro divino, e apesar de tudo introduzimos ainda outros ritmos de canções menos celestiais, por algumas notas que sejam., estaremos quebrando a nossa sintonia interna e pondo uma pedra no caminho da nossa elevação espiritual. E é então que “essa casa não subsistirá”, porque não há equilíbrio interno que resista às oscilações a que a natureza externa das coisas muitas vezes nos submete, ou melhor dizendo, oscilações a que nós permitimos ser submetidos por nossas próprias fraquezas, nossa falta de coragem para aceitar integralmente a Verdade como escopo de vida, como única realização justa e aceitável em nosso progresso. 

Aí é que entra aquela frase bíblica tão conhecida, de que “não se pode servir a dois senhores”. Porque estaremos servindo a dois senhores enquanto ainda ‘mantivermos dentro de nós, por insignificante que seja, algum interesse material,; quando ainda não tivermos a coragem, a determinação de afastar de nosso Caminho, tudo o que esteja fora das verdades espirituais, quando ainda não nos tivermos revestido o máximo possível daquele equilíbrio que nos leva a selecionar de imediato o joio do trigo, não aceitando nada que possa contrariar nossas “verdades internas; quando ainda não soubermos encarar a vida e a’ humanidade como resultados de algo maior, algo superior à própria vida física e pautar nossa vida por essa crença, sem «desvios numa entrega completa a Verdade, numa dedicação sem limites à causa dessa mesma verdade, dessa mesma vida superior, estaremos, repito, servindo ‘a dois senhores. Isso porque, na senda” do espiritualismo, chega o tempo em que já não se pode viver pela metade.

Ou somos, ou não somos. Ou cremos, ou não cremos. E, se cremos, temos que manter essa crença no seu verdadeiro nível de pensamentos, de sentimentos e de ações.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/73 – Fraternidade Rosacruz –SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como fazer as coisas: nossos afazeres, deveres e trabalhos

Como Fazer as Coisas

Você já reparou como se formam as grossas raízes de uma árvore? À medida que elas mergulham no solo, vão se ramificando cada vez mais, até que, por fim, encontramos raizinhas finíssimas. Estas extremidades radiculadas são importantíssimas no metabolismo da árvore. Quem admira e exalta a árvore que se ergue do solo, não se lembra muitas vezes que ela depende dessas radicelas!

Você já pensou em como se formam os grandes rios? Acompanhe, mentalmente, um de seus afluentes; depois tome um afluente daquele e, assim, busque chegar ao início de uma das inúmeras correntes d’água. Lá você encontrará uma fontezinha, modesta, alegremente a cantar! Quem se lembra das fontezinhas quando contemplam e viajam pelo grande rio, obscuras e distantes, elas constituem as origens desse rio.

Você já reparou nos desenhos da circulação do sangue? O Corpo não poderia ser alimentado integralmente sem os finíssimos vasos sanguíneos.

Nem poderia, sem eles, processar a eliminação. Eles são essenciais no metabolismo.

A ideia e o desenho das bacias fluviais, das raízes e da circulação, em essência são iguais. Eles nos fazem pensar nas pequenas coisas de nossa vida. A humanidade deveria atentar mais para os pequeninos pensamentos, para os impulsos emocionais pequenos ou para os atos chamados insignificantes. Eles são as causas, as fontes, as radículas, os vasos dos atos maiores que aparecem como efeitos nesta Vida e se no livro “A Teia do Destino”, de Max Heindel, aprendemos: “Todo ato de cada indivíduo, manifesta no universo uma certa vibração. Segundo sua vibração, ele reagirá benéfica ou maleficamente sobre seu criador e seu ambiente. Você já pensou na contribuição de seus pequenos atos à harmonia ou desarmonia de seu lar ou de seu trabalho? Uma simples mente humana é incapaz de imaginar os reflexos todos e as incontáveis consequências de seus pequenos atos, no espaço de uns meses, anos e vidas! ”

Meditemos no significado dessa afirmação! Cada espírito, numa vida apenas, acumula milhões de pequeninos atos. 

Cada um deles vai reclamar uma resposta universal.

Sua essência continua reagindo sobre seu criador, a partir do momento em que se tornou “carne” não apenas na presente existência, como na seguinte e ainda mais longe, até que se esgote pela correção do caráter. Em outras palavras, o que fazemos agora terá uma conexão substancial com o que desejamos realizar, com a capacidade de realização, milhares de anos a partir deste momento. Veja que este pensamento é muito sério!

Muitas pessoas podem acreditar e asseverar que as pequenas ações não sejam importantes. Acham que apenas os atos mais importantes joguem um papel de destino maduro, principalmente os que envolvem outras pessoas (e, espiritualmente, pouquíssimos atos não atingem nossos semelhantes).

No entanto, quando olhamos a vida de um ponto de vista global – tal como a visão de uma bacia fluvial vemos claramente que nenhuma ação é insignificante, por mais trivial ou ociosa que pareça. Uma corrente tem a fortaleza de seus elos.

Isto é certo para uma corrente de metal como para uma corrente de ações individuais ou coletivas. No fundo de um gênio, de um campeão olímpico, de um artista, encontramos milhares de pequenos esforços, persistentemente dirigidos a um objetivo. Igualmente num líder que facilmente vence os desafios. E da mesma forma num fracassado ou num ladrão.

Naturalmente acumulamos muitos pequeninos esforços bons e maus. Ninguém é inteiramente bom ou mau. Assim, o bem final que poderíamos obter dos bons esforços, ficam debilitados pelos pequeninos atos maus. Isso nos serve de advertência para vigiar as pequeninas coisas de nossa vida.

Acompanhando o fio de uma vida individual, vemos aqui e acolá surgirem os momentos críticos de desafio, que vão exigir o melhor da pessoa. Mas, se descuidamos da formação de nossa moral, se negligenciamos depositar no “Banco interno” os pequeninos esforços diários de autocontrole e amor desinteressado, então, ao chegarem os desafios, buscamos ansiosamente os recursos e não os encontrarmos. Aí vêm os infartos, as diabetes, os derrames, os desequilíbrios nervosos, tão comuns do mundo moderno. É uma vergonha para nossa cultura e avanço científico não compreendermos essas coisas elementares. E se compreendemos e as negligenciamos, então erramos duas vezes. Infelizmente, as pessoas estão muito ansiosas para usufruir as coisas materiais e não têm tempo. Querem resolver tudo no mais curto prazo de tempo possível, atacam os efeitos. Buscam livrar-se da advertência da dor e continuam agindo do mesmo modo que ocasionou o mal.

Um dia chega a crise, que é também um acúmulo de pequenos abusos. E quando essa crise não se desfecha nesta vida há de vir em outra, a menos que a pessoa tome outros rumos. Alguns raros indivíduos persistem tanto no mau caminho que seus pequeninos atos o acabam levando a constante “azar” como se costuma dizer. Mas a sorte e azar são consequências justas de nossos atos passados.

Um ponto importante é a intenção com que realizamos nossas atividades rotineiras. A dona de casa que faz alegre e amorosamente suas tarefas, que enche de harmonia seu lar beneficia os que nele estão e recolhe para si crescentes benefícios futuros.

Além disso, o trabalho se vai aperfeiçoando pela dedicação. Contrariamente, aquela que vive se queixando “de seus fardos e monotonia” realiza de má vontade as tarefas. Elas ficam malfeitas, a casa se enche de aborrecimento e desarmonia e essa atmosfera afetará desfavoravelmente a todos que nela residem ou entrem. Mais que isso, essa dona de casa estará acumulando maiores dificuldades futuras.

São Paulo apóstolo nos exorta “a fazer todas as coisas para a glória de Deus”. Se realizamos nossos afazeres com tal intenção, aí eles se tornam importantes, belos e agradáveis, por mais humildes e desagradáveis que pareçam.

Não é a importância ou humildade da ação que propriamente conta. Vale mais a intenção com que é feita e o sacrifício de si mesmo, tal como nos ilustra o “óbolo da Viúva”, nos evangelhos, mas se o ato é grande e amoroso, naturalmente é maior.

Em favor da rotina, podemos acrescentar: quando ela é feita com amor e atenção, vamos adquirindo perícia e, ao mesmo tempo, planejando melhores formas de execução.

Essa é a base do aprimoramento, que economiza trabalho, tempo e gasto além de enriquecer nossa capacidade epigenética. Precisamos de compreender que, do ponto de vista evolutivo, mais vale fazer bem as pequenas coisas rotineiras do que pular de uma a outra grande realização, sem dominar nenhuma. Que isto sirva de meditação para os que se acham aborrecidos com o seu ramerrão. Por mais brilhante que seja o indivíduo, a inconstância o retarda.

Ela equivale ao amontoar tijolos esparsos, aqui e acolá, em vez de alinhá-los sob determinado plano, para edificação de um templo. A rotina é também importante nos assuntos espirituais. A repetição de um ritual de efeitos ocultos definidos acaba construindo o templo etérico. É o que sucede na Fraternidade Rosacruz. Aprendemos que a nota-chave do Corpo Vital é a repetição. O Corpo Vital tem o poder de movimentar o inerte Corpo Denso, mas só o consegue por meio da repetição, da prática. Qualquer profissão ou habilidade pressupõe a repetição sistemática.

Devido a isso se costuma dizer que:” “todo desenvolvimento oculto começa pelo exercitamento do Corpo Vital”.

Mas devemos estar alertas e ativos para que, através desse meio, possamos promover o desenvolvimento intelectual e espiritual, em grande potencial, para a Idade de Aquário que se aproxima.

A própria rotina de nossa vida material foi prevista pela evolução para que, por meio da repetição possamos despertar plenamente nossos Corpos Vitais, precisamos de corrigir nosso atual conceito de “dever” como algo odioso. Se nos rebelamos contra o que chamamos de “monotonia”, acabamos retardando nossa evolução. O brasileiro e demais latinos devem compreender muito bem esse ponto. Que isso os estimule a lutar contra o desejo de mudanças e novidades e aproveitem as oportunidades para tornar a rotina numa alavanca de evolução. No começo não será fácil, mas depois acabarão fazendo com amor suas tarefas materiais e os deveres espirituais (preces, exercícios de concentração e meditação matinais e o de retrospecção noturna). A prática fiel desses exercícios constitui dificuldades para nossos estudantes, porque não aprenderam a gostar da rotina e nem a executar como recomendamos aqui. Entendamos bem seu alcance para que possamos amá-la. Disse Max Heindel a respeito dos exercícios: “persistência e mais persistência; ela é que nos traz resultados, quer no plano material, quer no plano espiritual”.

Nossas ações devem ser levadas a cabo com uma atitude de devoção, discernimento e determinação, para que se tornem realmente valiosas, para nós e para os demais, agora e num futuro distante. Quando desejamos servir a Deus em tudo que fazemos, aí infundimos humildade, reverência, previsão e criatividade nas tarefas. Procuraremos expressar a vontade de Deus e não a nossa.

Desse modo, nossos propósitos vão se aproximando e coincidindo com os de Deus. Ademais, quando compreendemos que o amar a Deus depende de amar e servir nossos semelhantes, passamos a cumprir as tarefas mais monótonas com espírito de amor, considerando mais o modo de realizá-la do que sua importância ou natureza intrínseca.

Tudo isto nos conduz ao discernimento. Se algo é digno de ser feito, vale a pena fazê-lo bem. O “prefácio” para qualquer ação deveria ser: É digna de ser feita? Qual o seu objetivo? A quem beneficiará? Ela é compatível ou contrária à Lei natural? Nossas motivações, ao executá-la, são egoístas ou altruístas? Se a nossa intuição e conhecimento oculto aprovam as respostas, é o sinal de que o trabalho merece realização.

Nosso tempo é limitado. Portanto escolhamos bem o que fazer e o melhor modo de fazê-lo. Algumas pessoas têm mais capacidade de previsão, mas ela pode ser desenvolvida pela prática. Se cada ação, por menor que seja, conta, seja bem pensada e altamente motivada.

Eis outro fator igualmente importante no reto agir: a determinação. Está intimamente ligada com o primeiro passo: a repetição racional. Uma vez que decidamos realizar algumas coisas, é mister evitar a indiferença e desânimo ante os fracassos ou desafios de sua execução, mormente na etapa inicial. Talvez seja necessário mudar alguma coisa ou simplesmente continuar fazendo e aprimorarmo-nos com isso. A obra é digna de ser feita. Devemos alcançá-la com êxito. Também é possível que nosso plano inicial, por honesto que seja, resulte deficiente no curso da ação.

Nesse caso, não nos resta outra alternativa senão a de pensar novamente no assunto, à luz da experiência; consultar alguém que saiba melhor que nós; e continuar tentando, sem nos arrefecermos ante os malogros.

Aprendemos mais com os fracassos do que com os êxitos.

Finalmente advertimos contra o terrível anestésico da vontade e da realização: a preguiça. A ociosidade e indiferença que nascem da indolência são mais danosas que o mau planejamento e egoísmo para a evolução física e espiritual. O propósito da vida sobre a Terra é a experiência e só podemos obter pela firme vontade de realizar, de fazer as coisas. Mais vale um grama de realidade do que um quilo de sonhos. “A fé sem obras, é morta”.

As faculdades e propensões que armazenamos, para uso futuro, nascem das reações e experiências suscitadas pelos atos. Se nos permitimos desperdiçar o tempo na preguiça, recolheremos poucas experiências. Em tal caso, é lógico esperar que o aguilhão de Saturno, através da necessidade, nos venha espicaçar. A inatividade temporária é muitas vezes prudente, para refazer a saúde e recomeçar com mais método; ou então deixar que as coisas se aclarem. Mas isso não deve ser confundido com a indolência que muitos, infelizmente, se permitem por ignorância dos assuntos espirituais.

A atividade é a essência da vida. A natureza não conserva nada inútil: ou se ativa, e vive e cresce; ou se atrofia e morre. Mas a atividade deve ser planejada, estudada segundo a reta conduta que temos o privilégio de conhecer, por meio da Fraternidade Rosacruz.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 12/73 – Fraternidade Rosacruz –SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Sugestões para Meditação e Concentração

Sugestões para Meditação e Concentração

Todos nós sentimos por vezes a necessidade urgente de enviar pensamentos de ajuda a alguém; contudo, por muito grande que seja o nosso desejo, só os pensamentos concentrados têm a força suficiente para atingir o seu destino. Devem ser dirigidos numa única direção para que, como os raios do sol concentrados numa lente de aumento, possam acender o fogo do seu objetivo. O candidato à vida superior deve aprender a controlar e a canalizar os seus pensamentos; por meio dum esforço persistente conseguirá concentrar perfeita e voluntariamente a sua Mente, em qualquer altura desejada.

Mas como o método de concentração é frio e intelectual, o aspirante dos Ensinamentos Ocidentais tem que o desenvolver utilizando simultaneamente a meditação e oração. No “Conceito Rosacruz do Cosmos” Max Heindel diz-nos que o ‘candidato à vida espiritual realiza a união da natureza superior e inferior através da meditação’ cujos temas elevados lhe mostram a natureza dos mundos superiores e descobrem a realidade do Bom, do Verdadeiro e do Belo. A sua ambição torna-se a seguir constantemente a inspiração do seu Eu Crístico.

A concentração intensa constrói uma forma de pensamento viva, uma imagem clara e verdadeira. A meditação, por sua vez, ensina-nos muito sobre essa forma de pensamento e permite-nos encontrar a maneira de a relacionar com o mundo. Na concentração localizamos toda a nossa atenção num só tema ou ideia donde a meditação extrai depois todo o conhecimento possível.

Como introdução aos exercícios de concentração e meditação, o Estudante pode utilizar a ‘Oração’ que Max Heindel nos deixou no livro Véu do Destino: “AUMENTA O MEU AMOR POR TI SENHOR, PARA QUE EU POSSA SERVIR-TE MELHOR A CADA DIA QUE PASSA. FAZE COM QUE AS PALAVRAS DOS MEUS LÁBIOS E AS MEDITAÇÕES DO MEU CORAÇÃO SEJAM SEMPRE AGRADÁVEIS A TUA PRESENÇA, Ó SENHOR, MINHA FORÇA E MEU REDENTOR”.

Repita-a várias vezes, devagar, destacando a primeira ideia na primeira vez, depois a segunda na segunda vez, a terceira na terceira, e assim sucessivamente, durante alguns minutos. Termine-a então com o método de concentração que tenha vindo a praticar. Gradualmente verificará muito maior facilidade nos exercícios de concentração e meditação, sem dúvida difíceis de executar.

Pode variar este método com qualquer outro que se coadune mais consigo. Tome por exemplo, a frase: “DEUS É LUZ. SE ANDARMOS NA LUZ, COMO ELE ESTÁ NA LUZ, HAVERÁ FRATERNIDADE ENTRE NÓS”. Repita essa ideia várias vezes, sempre devagar, como expusemos acima. Um dos métodos sugeridos por Max Heindel é a repetição pausada dos primeiros cinco versos de São João.

Este plano não é mais do que uma sugestão para aqueles que sentem dificuldade em concentrar-se e permite o desenvolvimento gradual, e uma maior eficiência na realização destes exercícios.

‘Que as rosas floresçam em vossa cruz’

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Mito da Fênix

O Mito da Fênix

A mitologia nos conta a história da Phoenix, uma fantástica ave que vivia cerca de 500 anos e depois se queimava, renascendo das cinzas, continuamente.

Pois bem, ela continua renascendo. Esse mito é um símbolo do Espírito que renasce para a escola da vida de tempos em tempos, depois de haver purgado os erros que cometeu e trazendo as cinzas das experiências passadas, como consciência.

A ave é símbolo do espírito. O místico símbolo de Escorpião é representado no seu lado positivo e levado pela Águia que se eleva aos céus, depois de haver rastejado como escorpião nos apegos materiais. Nos dramas místicos de Richard Wagner, o Iniciado, “Parsifal” e “Lohengrin”, é o cisne que representa essa ideia. Em “Parsifal”, Amfortas amenizava as dores ferida do erro na água do lago purificada pelo cisne (região superior do Mundo do Desejo). Em “Lohengrin”, o cisne aparecido a Elza era o Iniciado que pode, com bico do desenvolvimento positivo e consciente, investigar tanto abaixo da superfície (Mundo Físico) como acima (planos superiores ao Mundo do Desejo). No batismo do Jordão, um raio do Cristo Cósmico desceu para habitar o Corpo de Jesus, na forma de uma pomba, símbolo usado pela igreja católica para representar o Espírito Santo.

O renascimento é ensinado pelas diversas escolas de ocultismo. Não é propriedade de ninguém, mas uma verdade cósmica evidenciada pela analogia em todos os reinos e ensinada por todos que puderam lhe comprovar diretamente a realidade. Realmente, qualquer indivíduo que desenvolva o sexto sentido latente poderá ver quando o Ego desce ao renascimento do 18º ao 21º dia após a fecundação da mulher e quando deixa o Corpo Denso, pela morte deste, levando consigo os veículos superiores.

Quando nos dizemos uma escola filosófica de cristianismo esotérico, às vezes causamos estranheza.

Desavisadamente pensam alguns que a Fraternidade Rosacruz é uma espécie de espiritismo, que ensina também o renascimento, com o nome de reencarnação. Preferimos o termo “renascimento” porque é mais apropriado, mas esta identidade não significa sermos espíritas. O renascimento é ensinado desde muito antes de Cristo. A diferença entre a Fraternidade Rosacruz e o Espiritismo é a do método do desenvolvimento interno. O espiritismo busca re-despertar a faculdade negativa da mediunidade que tivemos no passado. Naquela fase de nossa evolução (Época Lemúrica) tínhamos a visão dos Mundos internos ou espirituais, hoje invisíveis aos nossos olhos carnais.

Víamos os Anjos guardiães da humanidade. Depois, com o abuso sexual, com o casamento fora da família e da tribo e com o uso do álcool, perdemos essa faculdade.

Formou-se então o sistema nervoso cérebro-espinhal ou consciente, com nosso estado atual de vigília.

Pelo exposto vemos, então, que a mediunidade, relativamente fácil de ser desenvolvida, porque já a possuíamos no passado, representa uma retrogradação evolutiva. O caminho é para frente e para cima.

Portanto, embora muito mais difícil, o desenvolvimento positivo é que tem de ser conquistado, conforme ensina a Escola Rosacruz, e pelo método apropriado aos ocidentais.

Além disso, vale acrescentar, o desenvolvimento positivo ou consciente conserva e valoriza a liberdade espiritual do homem, enquanto a mediunidade o transforma num instrumento de forças que não pode controlar.

Outro motivo de estranheza é entre os católicos e protestantes. Alegam eles que o renascimento não é ensinado na bíblia e, assim, como podemos considerar-nos cristãos?

De fato, o renascimento não foi ensinado publicamente na Bíblia.

Isto fazia parte do plano evolutivo da humanidade. Os Senhores do Destino sabiam que teríamos de passar por esta fase de conquista material, em que o cristianismo assumiria sua forma inicial meio materializada. É explicável. A transição não poderia ser brusca, como não o é nenhum processo da natureza. “Natura non facit saltum”. Por isso, adoramos a Deus por imagens materiais, em vez de em espírito. Mas isto não quer dizer que o renascimento não tenha sido ensinado na Bíblia. Foi exposto simbolicamente. A Bíblia, se interpretada ao pé da letra, torna-se infantil e ridícula às vezes, como sucede na história da costela de Adão. O Cristo ensinava por meio de parábolas, para, “ouvindo, não o entendessem”. Depois, secretamente, explicava o sentido aos seus discípulos. Nas passagens da visita de Nicodemos e da criança cega, temos claras alusões ao renascimento. Nicodemos visitou-O à noite (em sonho consciente) e foi-lhe dito: “necessário vos é nascer de novo”. As igrejas explicam que esse nascer de novo é a transmutação do homem velho em homem, novo, segundo disse São Paulo, o Apóstolo.

Também tem esse sentido para nós, mas refere-se, por outro lado, ao renascimento. Na passagem da criança que nasceu cega, perguntaram a Jesus: “quem é culpado; ela (a criança) ou os pais, por haver nascido cega?”. E Jesus respondeu: “foi para que se manifestasse a obra do Pai”. E dizem as igrejas simplesmente: é vontade de Deus que soframos. Acham os leitores racional esta resposta? O Deus amantíssimo, todo amor e justiça, teria vontade de criar uma nova alma, cega, para dar mostras de Seu Poder ? Para os tempos anteriores a Cristo seria admissível, pois reinava a religião do temor, do castigo. Mas Cristo veio inaugurar o Amor e o Perdão e essa passagem pertence ao Novo Testamento.

A Filosofia Rosacruz dá-lhe o sentido lógico e correto: e para que se cumpra a lei de causa e efeito, que não pode dispensar o renascimento, porque, aquilo que o Ego semeia numa vida, se não colheu nela mesma, terá de colhê-la em outra posterior. Em conclusão, a Phoenix mitológica é símbolo do espírito mais avançado, que renasce em mais ou menos 500 anos, em vez de 1000 anos, média para os indivíduos comuns.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Que Posso Esperar “Vivendo a Vida”?

Que Posso Esperar “Vivendo a Vida”?

Uma pergunta, uma resposta.

Todo estudante Rosacruz, sincero em seus propósitos, é um autêntico “buscador da verdade”. E como tal, naturalmente, fará perguntas. Uma delas poderá ser esta: “Que posso esperar vivendo a vida conforme os ensinamentos contidos no Conceito Rosacruz do Cosmos? Vejamos, então.

Como a finalidade da vida não é o usufruto do prazer, mas a aquisição de experiências, estas tendem a absorver o dia-a-dia de quem está consciente desta verdade. Ainda assim, o estudante vê-se, amiúde, aspirando algo diferente. E deve ser assim mesmo, pois caso contrário não seria um aluno aplicado dos ensinamentos da Sabedoria Ocidental.

Quando isso ocorre as indagações podem, talvez, resumir-se numa só: o que é que está por tornar-se realidade?

Uma faculdade de deslocar-se conscientemente no Mundo do Desejo? Ter poder para curar os enfermos? Afinal, somos compassivos e sensíveis ao sofrimento alheio.

Max Heindel afirma em sua obra INICIAÇAO ANTIGA E MODERNA: “O ser humano sofre, continuamente, um processo de purificação, erradicador das substâncias mais inferiores e grosseiras que fazem parte de seus veículos. Com o tempo e mediante a evolução, esse trabalho de espiritualização, tornará “nossa carne” transparente e radiante. Radiante como o rosto de Moisés, o corpo de Buda e o Cristo na Transfiguração”.

Que quer dizer tudo isto para um estudante? Significa que deve compreender a necessidade de eliminar, na medida do possível, os pensamentos negativos, os desejos e emoções inferiores, e os hábitos nocivos, capazes de escravizá-lo, retardando sua realização espiritual.

O ódio e a inveja em relação ao próximo, a ironia, o desdém, a soberba e o ressentimento, degradam e obstaculizam a evolução. Uma influência negativa parece envolver e desprender-se de quem assim procede.

Aqueles mais sensíveis, via de regra, não se sentem muito à vontade em sua presença. Evitam-no até.

Um estudante cujos ideais e aspirações sejam elevados e fortes o suficiente para resistir aos apelos da natureza inferior, terá, por certo, grandes possibilidades de obter êxito em seus esforços anímicos. Mas, nem por isto deixará de frequentemente, ser perseguido pelas tentações. Haverá até ocasiões em que a dureza das provas conseguirá derrubá-lo, abalando seus anseios. Talvez sinta ímpetos de atirar-se novamente nos braços dos antigos e nocivos hábitos. São momentos difíceis, requerendo uma decidida capacidade de reação.

Em fases assim, de conflitos e incertezas, o aspirante vive, aparentemente, na tristeza. Procurando descartar sua própria desilusão, ele ora, ora, ora, clamando por uma luz, desejando ser guiado. Em seu nível espiritual passa a viver as agruras do Getsêmani. Finalmente, vencida esta etapa, crucifica seus baixos desejos, libertando sua vida espiritual.

Todo esse processo é essencialmente purificador. Enseja ao aspirante maior abertura em relação ao mundo em que vive e aos seres humanos. Desperta-lhe um profundo sentimento de compaixão em relação às falhas alheias, pelo reconhecimento da cegueira dos demais, em face de suas próprias vidas obscuras. Compassivo, compreensivo, faz-se mais cuidadoso e tolerante no trato com as pessoas.

A Páscoa, conforme narrada nos Evangelhos, indica a direção e a promessa de uma liberdade transcendental.

Cristo veio para apontar-nos esse caminho. Seu sacrifício em favor da humanidade, pelo trabalho de refinar o Corpo de Desejos da Terra, tornou accessível o caminho para a liberdade espiritual, através do Amor de nosso Divino Pai. Sua tentação, Sua angústia no Getsêmani, Sua crucificação e Sua ascensão, foram suportadas para que se nos surgissem perspectivas reais de elevação.

Consciente de sua responsabilidade, o estudante deve indagar-se: Estou me empenhando de maneira efetiva, no sentido de aliviar a imensa carga do Cristo?

A maneira mais eficiente de colaborar com o nosso Salvador é SERVINDO a humanidade. O serviço amoroso e desinteressado para com os outros, é o caminho mais curto, mais seguro e o mais agradável que nos conduz a Deus, assegura o Ofício Devocional Rosacruz. Em Deus somos livres, vivendo em plenitude. Max Heindel assegura-nos que nas entrelinhas do Conceito Rosacruz do Cosmos encontramos o Evangelho do Serviço.

Portanto, orientando-nos por essa linha de raciocínio, tornar-se-á clara uma resposta à indagação proposta no início deste artigo: vivendo os sublimes ensinamentos contidos na obra básica da Filosofia Rosacruz, o estudante logrará libertar-se, paulatinamente, de todas as limitações inerentes ao mundo material?. Essa transposição para um nível de consciência superior constitui nossa Páscoa interna, quando bradamos gloriosamente o CONSUMATUM EST.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Verdadeira Escola Espiritual

Uma Verdadeira Escola Espiritual

Muitas vezes, pode parecer a um investigador menos avisado, que a Fraternidade Rosacruz tem por escopo oferecer aos seus Estudantes o desenvolvimento de seus poderes “ocultos” e que, para tanto, irá lhes fornecer alguns exercícios “especiais”. Mas após um curto tempo, o suficiente para tomar contato com os ensinamentos da Escola podemos notar em seus semblantes a amarga decepção. Quanta ilusão traziam dentro de suas Mentes a respeito da Fraternidade! Poucos são os que compreendem que a missão de uma legítima Escola Espiritual é indicar a Via Libertadora que, desta vida de morte e pesares, conduz-nos à Vida brilhante, plena de liberdade.

Uma genuína Escola Espiritual nunca favorecerá um indivíduo, seja ele quem for, na realização de seus projetos mundanos, porque o Reino almejado por seus adeptos não é deste mundo (em grego a palavra é Kosmos, que significa: “ordem de coisas”).

O que a verdadeira Rosacruz pode ensinar ao iniciando é aspirar sinceramente por esta outra ordem de coisas e viver a vida consoante os ensinamentos recebidos. Somente no contato social, familiar, na própria vivência diária é que se torna possível um amadurecimento integral. Por isso a Fraternidade diz ao aluno: “Não fuja do mundo”. “Viva a Vida e aplique suas capacidades em favor da humanidade”.

“A Senda do serviço, do auto esquecimento, é a mais alegre, mais curta via para atingir-se a meta: Deus”.

Com um tipo imaturo, inapto, a Escola nunca poderá contar. Hoje ele poderá dizer aos quatro ventos que ama a Escola. Amanhã, porém, quando por força do próprio caminho no qual enveredou, lhe for pedido tudo, então reagirá de forma espantosa e recuará atemorizado ante a iminência do sacrifício próximo. Mas isso é natural, reconhecemos, pois, é próprio da natureza humana, quando ainda imatura, esse instinto de auto conservação. Assim, muitas vezes, a estória do jovem rico da parábola evangélica se repete.

Pode surgir a pergunta seguinte, então: “Como se desenvolve a vida do aspirante, dentro da Rosacruz? O que deve ele fazer para atingir esse estado ideal?”. Como anteriormente dissemos, as únicas coisas que deve fazer, são: ASPIRAR e VIVER A VIDA. O mandamento: “Aquele que quiser ser o maior dentre vós seja o servidor de todos”, lhe serve de guia. Atuando dessa forma, atrairá os elementos essenciais à construção de seu Corpo-Alma. Sob os auspícios do Campo formado pela Escola, verá seus poderes espirituais latentes desabrocharem-se dia a dia.

Diariamente a Escola lhe proporcionará o pão e o Vinho que alimenta a alma. Não o pão material ou o espírito do vinho fermentado “fora”, que produz a embriaguez e a loucura, mas o pão de vida, e o espírito fermentado “dentro”, o produtor de Sabedoria.

Estes pão e vinho lhe são dados na Antecâmara da Rosacruz. Com o auxílio da Hierarquia de Cristo e a força crística contida na energia solar, absorvida por uma Vida da aspiração, o candidato constrói seu corpo solar ou espiritual. Este é um verdadeiro Templo construído “sem ruído de martelo”.

Por aí, vemos o grande erro que se comete ao confundir-se a Fraternidade Rosacruz com uma escola de “magia”.

Há grande diferença entre Magia e magia. A sra. Blavatsky fez alusão a essa diferença, quando disse que, entre a Verdadeira Arte ou Arte Real e os artifícios ocultos, há uma longa distância. Os artifícios pertencem às pseudo-escolas espirituais que oferecem toda sorte de poderes e vantagens pessoais a troco de algumas moedas.

A Arte Real ou verdadeira Magia não pode ser vendida. Conhecê-la e aplicá-la requer total inegoísmo, completo abandono do “eu” ilusório, que deseja obter, dominar, brilhar, endeusar-se.

Segundo Paracelso, a sabedoria humana somente cria “sapos”, enquanto a Sabedoria Divina cria “lírios”. Em outras palavras poderíamos dizer: os artifícios causam sensação em toda parte, devido ao grande alarde que fazem os seus adeptos. São semelhantes aos sapos, muitas vezes mestres na magia negra, criaturas desprezíveis.

A Arte Real, porém, cria lírios, cheios de formosura, símbolos da pureza, deleite para os olhos cansados de ver tanta torpeza, tanto mal e tanta tristeza. Para o conhecimento da Verdadeira Arte é mister a Sabedoria Divina. Fique bem claro, porém, que, como Magia entendemos, como também o entendia Paracelso, O Espírito Divino ou Deus da Natureza.

A sabedoria humana atua na horizontal e pode, por meio de artifícios, obter algum resultado, mas este será também horizontal. Somente Divina Sophia pode rasgar verticalmente o luminoso caminho rumo ao Infinito, à Liberdade dos Filhos de Deus.

Portanto, tudo se resume no seguinte: A Fraternidade Rosacruz não oferece ao aluno um céu remoto, que pode ser conseguido por meio de artes mágicas ou então um despertar súbito dos poderes esotéricos latentes. Ensina sim, a buscar primeiramente o Reino dos Céus e Sua Justiça, porque, o resto, virá por acréscimo.

O desenvolvimento de tais poderes advirá como consequência lógica do trilhar o Caminho da Libertação. Isto equivale a dizer que a Rosacruz não faz um fim daquilo que é um meio. Esses poderes são, quando desabrochados, marcos indicadores de que estamos no Caminho. E como tais, deverão ser deixados para trás a cada passo que dermos em busca de coisas maiores.

Se, porém, nos deixamos entreter pelas fontes e pequenos poços em meio do caminho que nos leva ao cume da montanha, acabaremos nos esquecendo que nossa meta é o Grande Manancial donde jorram Águas Vivas.

Por isso dissemos que, para ser aluno da verdadeira Rosacruz, isto é, dos Irmãos Maiores, é necessária maturidade. E isto somente o tempo e as experiências podem trazer. A maturidade dá o necessário discernimento para distinguir-se o falso do verdadeiro, o certo do errado, o essencial do supérfluo.

O aluno nestas condições encontra-se apto a conhecer a diferença entre a Verdadeira Arte e os artifícios.

Consequentemente não mais se contentará com os mãe-pastos, as comidas dos porcos. Por isso, levantar-se-á e irá para seu Pai, conforme a parábola evangélica do Filho Pródigo. E para este retorno, o que necessita não são alguns “exercícios ocultos”, algumas práticas mágicas ou algum outro artifício. Estes, não acrescentam um átomo sequer ao Templo da Alma. É o toque da força espiritual da Escola, do Espírito Santo prometido pelo Senhor que, numa apoteose semelhante a Pentecostes acende o Divino Fogo Regenerador em seu ser, fazendo de sua alma uma virgem. O pão e o vinho ofertados na Antecâmara lhe servem de alimento durante a jornada. Entretanto, tudo isso requer pureza moral e total dedicação de sua personalidade ao serviço» da Grande Obra. Tal dedicação demonstra-se na vida diária do discípulo. O intenso desejo de servir a humanidade doente e moralmente abatida deve ser sua tônica constante.

Concluindo: a Senda Rosacruz nada oferece além daquilo que o próprio aspirante possui e seja suscetível de despertamento. Por outro lado, exige tudo do discípulo. Na brilhante obra “Iniciação Antiga e Moderna” encontramos o seguinte: “Devemos estar preparados todo instante para obedecer ao Cristo Interno quando nos disser: Segue-me… porque, sem este abandono decidido e completo de tudo na vida pela Luz, pelos propósitos superiores e espirituais, não pode haver grande progresso nesse caminho de perfeição”.

E concluímos, ainda, com as palavras da citada obra: “Da mesma forma como o Espírito Santo desceu sobre Jesus ao sair da água batismal da consagração, assim também o maçom místico que se banha no Lavabo do Mar Fundido, começa a ouvir debilmente a voz do Senhor dentro de seu coração, ensinando-lhe os segredos da Arte que deve usar para o benefício de seus semelhantes”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 9/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Onde Havemos de Nos Encontrar (O Eu Superior falando para o Eu Inferior, dentro de nós)

Onde Havemos de Nos Encontrar
(O Eu Superior falando para o Eu Inferior, dentro de nós)

Escuta-me! Por que havemos de continuar estranhos, um ao outro, por mais tempo? Por que duvidas de Mim, do Meu Amor e de Meu cuidado por Ti?

Aprende a ver-Me e ouvir-Me em tudo que te rodeia. Sente a Minha proximidade, cada vez que pulsa o teu coração! Vê! Estou em ti e desejo que Me conheças.

Desde longo passado tens vivido em obscuridade, separado de Mim em teus pensamentos conscientes. Não te condeno por isso; o que chamas de erros é para Mim o processo pedagógico empregado pela Vida para desenvolver-te e tornar-te consciente de Minha Vida, Sabedoria, Alegria e Paz.

Condenas-Me em muitas coisas porque não vês nem compreendes o objetivo com que tudo faço. Quando vires como vejo, não mais Me condenarás, pois todas as coisas agem conjuntamente com o bem consoante Minha vontade.

Se pudesses encontrar-Me agora, condenar-Me-ias severamente por muitas coisas. Mas quando puderes encontrar-Me já não o farás, porque tua Mente se iluminará. Por ora, procura não ofender-Me nem condenar-Me: é-te conveniente, para que não sejas medido com a medida que medires. Sê prudente, a fim de não prejudicares teu normal desenvolvimento anímico.

Sou Amor e te amo. Não compreendes porque deturpaste o sentido de amar. O porque é justo; não para punir-te, senão teu amor é egoísta; o meu é perfeito.

Vejo que sofres e não te livro disso porque é o único meio de desenvolver-te, por enquanto.

A ignorância não te permite concordar comigo: tuas blasfémias não me comovem. Não há outra forma, até que aprendas e te ilumines e te unas a Mim. Tu criaste as trevas dentro de Minha Luz: o desânimo dentro de minha Vontade; o sofrimento dentro de minha Harmonia. Permito isso para que aprendas a conquistar e a viver conscientemente na Luz. Sabes que em nenhum outro lugar tantos Me encontraram como na Câmara do sofrimento, no leito da aflição e numa profunda obscuridade? Assim, enquanto não estiveres preparado, terei de manter-te nesses lugares, para que neles Me encontres.

Não podes prescindir de Mim porque sou tua vida e meu reclamo é tal que não encontrarás sossego enquanto não me encontrares. Procuro-te porque te amo.

Marquei nosso encontro na tristeza, sofrimento e escuridão, embora fujas dele com desespero. E como não te manténs tranquilo ali, não Me podes encontrar, para liberar-te de vez. Como faremos então, se ainda os únicos lugares de encontro são os que consideras maus? Onde desejas encontrar-Me não posso estar, pois na prosperidade, na alegria, o teu “eu” ocupa o teu trono e não me dá oportunidade de manifestação. Vês como tenho razão?

Aceita, pois, voluntariamente, o lugar de encontro, até que tenhas condições de encontrar-Me e de entronizar-Me nos momentos felizes. Então, sim! Eu e tu nos tornaremos unos, poderemos encontrar-nos em todos os lugares e condições, pois deixarás de ser o “eu” para seres EU SOU. Passando para o lado real da Vida, teu “eu” perderá a realidade que possuía no lado oposto ao dos sentidos.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 5/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

“Por Seus Frutos os Conhecereis”

“Por Seus Frutos os Conhecereis”

Nem sempre a criatura humana é realmente aquilo que pensa ser ou que deseja ser.

Há muito de engano ou de ingenuidade entre a verdade e as supostas verdades, com as quais nos revestimos.

Muitas vezes não é por maldade que uma pessoa procura aparentar o que não é, mas pelo desejo de parecer melhor aos olhos dos outros, porém isso não deixa já de ser um princípio de virtude, pelo menos uma tentativa de virtude, consciente ou não. Porque até o falso, aquele que finge e engana os incautos, ele está tangendo o bem ao procurar parecer um ser humano bom. Verdade que se o fizer em prejuízo alheio, a dívida que fará diante da verdade será bem grande e em encarnações futuras terá que resgatá-la, respondendo dolorosamente pelo seu procedimento de agora.

Entretanto, o fato de fingir-se melhor, se o indivíduo não é um degenerado, este fato vai estabelecer um contato da criatura de má-fé com a verdade, dando-lhe alguma possibilidade para o bem. Acontece, porém, que se aquela alma começa a perceber a luz, sua obrigação muda para com a vida. Uma vez compreendendo ou sentindo já seus erros, sua obrigação é deixar de errar. O destino do reincidente é muito doloroso quando erra conscientemente.

Quem persiste no erro, já tendo vislumbrado a verdade, quem se acomoda às circunstâncias porque já está acostumado a elas, quem não se «esforça para progredir quando já compreende um pouco o progresso, essa pessoa tira de si a oportunidade de progredir, cristalizando suas próprias possibilidades. Para quem já viu um pouco da Luz, é dever voltar-se para ela e esforçar-se para disciplinar seus negativismos, tornando-os em virtude.

E isso não é difícil. Muitas vezes mesmo, forçando um sorriso num momento amargo, o gesto de flexionar os lábios para disfarçar a mágoa, pode acabar exercendo influência na própria mágoa, desfazendo-a. Obrigue-se a sorrir que você acabará esquecendo seus dissabores e todos lhe sorrirão. No fim, acabamos sendo sinceros em nossa alegria e as tristezas se dissiparão.

O essencial em tudo é a sinceridade. Sinceridade de propósitos e de ações. Pode-se cair muitas vezes, mas se formos sinceros em nosso desejo de melhorar, levantaremos cada vez na certeza de que poderemos acertar sempre mais e mais. Principalmente se formos perseverantes. De nada nos adiantará nos enganarmos, porque cedo ou tarde cairemos em contradição e nossos atos falarão por si. Cristo Jesus disse: “Por seus frutos os conhecereis”. Se formos sinceros conosco mesmos, se nos dedicarmos a uma vida Superior, apesar de o nosso corpo de desejos muitas vezes tentar trair-nos, com o tempo aprenderemos a andar no mundo e a não ser mais do mundo. Assim, seremos conhecidos pelos nossos frutos, podendo ajudar aos nossos irmãos com mais eficiência e sabedoria. Pois só nos elevando poderemos ajudar a elevar os outros.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 5/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Eu Te Amo (O Eu Superior falando para o Eu Inferior, dentro de nós)

Eu Te Amo

(O Eu Superior falando para o Eu Inferior, dentro de nós)

Eu Sou a Fonte, o Manancial, a Origem, e tu és a corrente ou Eu mesmo em ação. Tanto precisas de Mim para existir, como Eu de ti, pois, do contrário Eu permaneceria não manifestado.

Não me conheces ainda, tal como Sou, dentro de ti. Ainda acreditas em algo fora de Mim. Ainda temes e duvidas, porque não Me recebes nem confias inteiramente em Mim. Daí que Eu não possa expressar-Me através de ti, tal como Sou.

E quando não Me é permitido expressar-Me, como Sou, deixo de ser o que sou e Me torno desvirtuado para tua consciência. Quando estiveres bem amadurecido para a Minha Sabedoria e Amor, verás somente a Mim, pois sou Universal e Me encontrarás em tudo. Por isso, quem Me conhece, conhecerá também o Pai. Então já não me chamarás de bem ou mal, nem me condenarás ou dividirás em partes, a Minha natureza. Abrir-Me-ás inteiramente o coração, receber-Me-ás como tua Fonte; dar-Me-ás completa expressão; consagrar-Me-ás todo o teu corpo, mente e tudo o que em ti exista! Eu serei tudo direito e teu bem: não terás outro Direito nem outro Bem que não seja Eu. Abandonarás tudo o que, fora de Mim, te ensinarem a obedecer e adorar como bem e somente a Mim escutarás, à medida que Eu brotar dentro de Teu ser.

Terás, então, cumprido o mandamento: “Não terás outros deuses perante Mim”.

Minha Sabedoria tornar-se-á tua própria inteligência; Meu Amor será a tua realização; Minha , tua força interna; Minha Paz, tua permanente satisfação. Então entrarás em Minha Alegria e Me permitirás viver para Ti, sem jamais pensares em viver fora de Mim.

A vida que levaste e ainda em grande parte levas, não é a Minha Vida. Não estou nela, pois falas e ages de acordo com o que não te dei. Formaste hábitos e te conformaste com regras e leis externas, feitas por tuas conveniências e vícios ou por outros em quem não vivo.

Percebes muito bem que não és completo como ente separado: por isso procuras apoio em valores externos, no intuito de conservar teus vícios. Teu coração, porém, não está nisso, porque Eu não o estou. Estabeleces contratos e fazes promessas que não podes cumprir.

Apegas-te pelos afetos a outros, para prendê-los a ti. Não podes ser livre, de modo que Eu te faça uma expressão de Minha vida, porque segues as leis de outros deuses.

O caminho que segues, leva-te à obscuridade e sofrimento. Definhas em insatisfações, por falta daquele Amor que só Eu te posso dar. Distingues pessoas e coisas e as tomas, exigindo que te amem e respeitem. Mas nisso te frustras, porque só o Meu Amor pode satisfazer-te inteiro o coração! Não me entristeço em ver-te fraco, desanimado e na escuridão, pois nessas condições que criaste é que um dia Me deixarás entrar, para viver Minha Vida em Ti.

Enquanto encontrares prazer e satisfação nos valores externos, não te farei receptivo ao meu Amor, nem serás guiado por Minha Sabedoria. Sigo-te de perto, embora, penses encontrar-te a sós. Tens escuridão porque desviaste teus olhos da Luz em que resido. Encontras-te em tua própria sombra e olhas para o espaço vazio à tua frente, esperando um meio de obter do exterior aquilo que te satisfaça os desejos. Mas todas as tentativas, nessa direção, resultarão estéreis. Sou a fonte de tua vida: enquanto não te dirigires a Mim, que vivo em teu íntimo, e não receberes de Mim a Água Viva, deixando-a livremente correr de ti para os outros que se encontram em teu caminho, encontrarás um terrível vácuo, que todo o mundo e suas atrações jamais poderão preencher.

Sou a Fonte que te moverá em todos os atos; o Poder que em ti produzirá a espontânea atividade; sou o Amor que te motiva e impele ao Conhecimento da Vida total.

Na infância de tua compreensão comecei a apelar-te pela criação de coisas que te causassem prazer. Dei-te os sentidos para apreciares as cores, as formas, o gosto, perfumes e sensações. Em tudo isso despertei-te puros desejos, a fim de te capacitar a receber-Me, quando chegasse o tempo de Me insuflar em ti.

Penetro todas as coisas que Eu crio e nelas permaneço: sou a Beleza, a Vida e o Espírito delas. Sou a Estética que nelas se compraz, pois Eu, em ti, nos outros e em todas as coisas, encontro prazer com o encontro e diálogo da Essência.

Coloquei-Te num corpo constituído de tal forma que, por meio dele pudesses tornar-te consciente de todas as coisas que criei e habito. Esse encontro produz a consciência. Tua visão do mundo formal e as divisões que conheces, é que te fazem parecer ente separado. Enganas-te Filho: esses meios servem a Meu propósito de aumentar a tua apreciação do que EU SOU, até que nos tornemos UM.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 4/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Oração

A Oração

O tema é tão amplo, que talvez nunca possamos encará-lo sob todos os aspectos. Tão profundo que a maioria de nós não o alcança em toda a sua profundidade. Assim, seguindo o que Cristo falou, “orai incessantemente” queremos fazer o possível para que possamos dar subsídios para que todos consideremos a prece em seus mais variados aspectos, para que possamos realmente orar e orar incessantemente.

São Lucas, ao descrever a Transfiguração nos diz “Estando Ele orando, transfigurou-Se diante deles”. Parece-nos, pois, que o primeiro passo para que possamos nos transfigurar é orar. A transfiguração que podemos chamar de reforma íntima, começa com a prece. Somente orando, seja em que forma for: pensamentos, palavras ou ações conseguiremos nos transformar em melhores seres humanos.

Não são as fórmulas decoradas e ditas apressadamente que nos conduzem a Deus. Nem devemos pensar que orar é sinônimo de pedir e que a única finalidade da prece é contar a Deus das nossas necessidades ou agradecer os benefícios recebidos. É claro que Cristo ao dizer: “Pedi e recebereis para que vossa alegria seja completa”, se referia aos pedidos que fazemos a Deus para podermos solucionar nossos problemas espirituais ou matérias. No Pai Nosso que Ele mesmo ensinou também pedimos pelas mossas necessidades. Mas se somente fizermos isso, a nossa comunhão com Deus que é realmente a finalidade da prece estará apenas iniciando.

Mesmo se dissermos “Obrigado Senhor” por um benefício recebido, e ficarmos somente no “faça o favor e muito obrigado” estaremos somente tendo um contato com Ele que, mesmo sendo muito útil para nós, não permite um maior desenvolvimento espiritual.

Sabemos também que muitas pessoas não conseguem orar como gostaria, porque “o pensamento voa” e não lhe permite a tão sonhada devoção. E isso é muito mais comum do que se imagina. O pensamento abstrato para a maioria de nós requer muito treino e talvez nem consigamos atingi-lo nesta vida.

Mas se não sabemos rezar como gostaríamos de fazê-lo, como agir? A nosso ver, se começarmos a sentir realmente o que dizemos nos nossos rituais e em outras orações que fazemos, mesmo em se tratando de ORAÇÕES QUE SE SABE DE COR, aos poucos conseguiremos orar como realmente deve ser ungida do sentimento e amor. Também se nossa imaginação não estiver constantemente em movimento, planejando ou fazendo contas, focalizando fatos muitas vezes desagradáveis e nos dispusemos a ficar em silêncio e disponibilidade para ouvir o que nosso Cristo Interno tem a dizer estaremos orando. Se nos compenetrarmos realmente de que “o serviço amoroso e desinteressado é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que nos conduz a Deus” e realmente nos preocuparmos em Servir, também estaremos orando. Podemos orar com nosso trabalho, se este for feito, digo, oferecido a Deus e feito com amor, dedicação e alegria. Aos poucos, se começarmos com boa vontade iremos aprendendo a orar incessantemente, uma vez que sabemos que a chave do Corpo Vital é a repetição e que se repetirmos coisas boas, principalmente se o fizermos conscientes e conscienciosamente aos poucos iremos nos desenvolvendo espiritualmente.

Não importa quanto tempo ou quantas vidas levemos para isso. Em toda a caminhada, por mais longa que seja, há um primeiro passo. Compete a nós darmos esse passo. E Deus que nunca falha, nos ajudará a aprendermos a rezar e a fazê-lo cada vez melhor até que toda nossa vida seja uma oração.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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