A Missão Rosacruz na época moderna
Há pouco tempo, pela primeira vez, tivemos a oportunidade de ler um exemplar do informativo “Echoes” de Mount Ecclesia, publicado pela Fraternidade Rosacruz, Oceanside, Califórnia, EUA. O que nos despertou mais a atenção, afora o noticiário sobre os trabalhos e atividades, foi a seção onde são publicadas as cartas enviadas à Sede Mundial por estudantes Rosacruzes de todas as partes do mundo. Lendo e analisando profundamente aquelas palavras repletas de gratidão e entusiasmo, pudemos verdadeiramente aquilatar quão imensos são os benefícios físicos e espirituais auferidos por aqueles que se interessam e se dedicam aos ensinamentos Rosacruzes. Em cada frase notamos um sentimento de alívio, de otimismo, de renascimento de esperanças, e o que é assaz importante, um sentimento de libertação.
Se a liberdade física é um sagrado e inalienável direito do ser humano, quanto mais a liberdade do espírito, o qual constitui o ser real. Mas, grande parte da humanidade ainda permanece agrilhoada a preconceitos obsoletos, a ideias estacionárias e os problemas sócio-espirituais tornam-se cada vez mais complexos e intrincados.
Justamente nesse aspecto é que realçamos a missão da Fraternidade Rosacruz, num mundo onde cada indivíduo procura desesperadamente, além de si, aquilo que em si mesmo possui, isto é, a força espiritual capaz de despertá-lo desse sono mortal, de torná-lo consciente de que é uma parcela viva do macrocosmo, e como tal, transpor os obstáculos que os erros humanos procuram erguer.
É nobre e de grande responsabilidade a obra encetada por Max Heindel, mormente na época atual, em que o ser humano, escravo das próprias imperfeições, procura solver seus problemas utilizando meios inadequados, tristes paliativos para uma triste situação. É necessário sacudi-lo, para que ele inicie verdadeiramente a espiral da evolução, consciente da realidade espiritual, de que a morte do corpo físico não exprime a realidade, de que o aquém e o além não existem: existe o todo. É mister que ele venha a compreender e integrar-se nas leis da criação, pois somente assim seu espírito viverá na luz da verdade, admitindo ser uma célula atuante no corpo maravilhoso que é a comunidade universal.
E a Fraternidade Rosacruz deve ser vanguardeira nessa luta, usando como armas, o próprio lema, a própria tônica e os maravilhosos ensinamentos Rosacruzes, essas joias de inestimável valor que Max Heindel nos legou.
A Fraternidade Rosacruz deve tornar-se a precursora de uma nova era, e, para tanto, é necessário que cada estudante contribua com algo de si mesmo para o êxito dessa dignificante missão. Cada qual pode colaborar de múltiplas maneiras, pois o essencial é o sentimento que dinamiza essa cooperação. Um esforço sincero e impessoal, por menor que seja, sempre terá o seu valor.
Paralelo ao esforço conjunto, deve prosseguir o crescimento individual, por meio do estudo, da meditação, do aprimoramento da razão e da compreensão das leis que regem o universo, pois, quanto mais belas forem as pérolas, tanto mais belo será o colar.
Todos os Estudantes da Filosofia Rosacruz, cônscios do papel a desempenhar nesse movimento de regeneração espiritual, devem empregar o máximo de suas energias e faculdades a fim de que o objetivo em mira seja alcançado, pois assim, irmanados pelo desejo de servir a humanidade, um dia poderão ver todos os seres humanos empunhando a taça da harmonia.
(Publicado na revista Serviço Rosacruz de novembro/1966)
O Hipnotismo, um cerceamento e violência à sagrada liberdade individual
Nos ensinamentos que promulga, a Fraternidade Rosacruz leva acima de tudo a liberdade humana. Sua mensagem é, sobretudo, de libertação. Como o hipnotismo representa um cerceamento e violência a essa liberdade, a Fraternidade Rosacruz o desaprova terminantemente. Porque o hipnotismo é um cerceamento e violência à sagrada liberdade individual, explicaremos no decorrer desta exposição.
Muitas pessoas, ao tomar seu primeiro contacto com a Fraternidade e receber as instruções preliminares, estranham que vedemos a inscrição a hipnotizadores, médiuns, videntes, quiromantes e astrólogos profissionais. Explicamos: são práticas que agridem a liberdade do espírito interno, que mercantilizam e prostituem forças divinas. Isso dizemos porque a realidade mesma, observada dos planos internos, nos autoriza a proteger a boa fé e ignorância de muita gente a respeito desses assuntos.
Do ponto de vista da ciência materialista, o ser humano é considerado simplesmente como algo físico, um corpo organizado, não um ser espiritual a manipular uma complexa instrumentação mental, emocional, etérica e química. Esses conceitos materialistas são divulgados tanto nos livros e escolas que, ao atingirmos a fase adulta e começarmos a estudar o ocultismo, surpreendemo-nos muitas vezes com a insidiosa influência dessas ideias, gravadas em nós desde a infância. Sabemos da Bíblia, aprendemos catecismo em pequenos, ouvimos muitas vezes as inúmeras e claríssimas asserções de que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, de que a vontade de Deus é que atinjamos a perfeição, de que as coisas que o Cristo fazia nós as faremos também e maiores obras ainda, além de um sem número de afirmações, segundo as quais vemos que somos seres espirituais, herdeiros das promessas divinas. No entanto, passemos os olhos ao nosso redor. Vejam quanta gente agitada, convulsionada, nervosa, lutando desesperadamente numa competição muitas vezes injusta, anticristã, no afã de quê? Ficar rico? “Gozar” a vida? “Assegurar” o futuro? Onde a fé, onde a confiança em Deus, onde a convicção de que, à morte, tudo deixamos aqui, levando apenas a essência do que tenhamos FEITO de bom ou de mau?
É lógico que ninguém poderá fazer as coisas que o Cristo fez e obras maiores ainda, segundo nos afirmam os Evangelhos, se não for pelo renascimento, que permite o aperfeiçoamento gradativo, pois ninguém pode realizar esse gigantesco intento em uma só existência. É lógico que, se há “céus”, se há um plano imaterial, suprassensível, um mundo invisível aos nossos olhos físicos, esse mundo que é a origem de tudo, o mundo das causas, nenhum assunto poderá ser inteiramente considerado e compreendido, se não for abordado em seus aspectos físico e espiritual, devendo haver entre ambos os aspectos inteira coerência, pois no reino de Deus não existe contradição.
Com esse preâmbulo, voltemos ao tema do hipnotismo.
Que é ele?
Consiste em, por meio de passes à cabeça ou por meio de toques em certos pontos vitais, EXPULSAR o éter da cabeça da vítima, introduzindo ali, em substituição, por meio da vontade, o próprio éter (do hipnotizador). Nessa condição, fica o paciente privado de consciência, do crivo da razão, que o torna ser humano, ser racional, capaz de analisar, rejeitando ou aceitando o que lhe é proposto. No transe hipnótico, temos de obedecer ao que nos for ordenado. Depois a “ordem” ficará gravada através de um pequeno resíduo do Corpo Vital do hipnotizador na medula oblonga da vítima, como elos, como cordéis pelos quais o hipnotizador poderá atuar na vítima enquanto viver. O hipnotismo é perigoso, mormente nas mãos de pessoas inescrupulosas. Difundido como está, infelizmente até por certas escolas ditas espiritualistas, pode ser um instrumento de domínio, de exibição de falsos poderes, com propósitos egoístas, dando geralmente causa à idiotia em vida futura. Muitos Egos, privados numa vida de seu livre arbítrio, vinculados e aprisionados num corpo demente, de cérebro deformado, sem possibilidade de expressão natural, mostram as causas de sua enfermidade nos maus aspectos de Netuno, que rege as faculdades espirituais. Embora não seja uma forma grave de magia negra, traz essa consequência num destino maduro. Contudo, por isso não devemos concluir que todos os casos de idiotia congênita se devem a essas práticas em vidas anteriores, porque existem outras causas.
Para se ter uma ideia próxima de como se desloca a parte etérica, tomemos o exemplo de um fenômeno comum, como o do adormecimento de um braço ou de uma perna. Uma posição forçada, dificultando a livre circulação do sangue e do fluido vital, provoca o deslocamento do Éter. Em tais casos, vemos o braço ou a perna etéricos flutuando sobre o braço ou a perna material, respectivamente, até que, pela normalização da circulação do sangue, os pontos vitais de novo se introduzem no membro, dando causa, com sua entrada, àquela sensação de “formigamento”. No caso da hipnose, não se dá o formigamento porque a parte vital retirada da cabeça é substituída imediatamente por éter do hipnotizador, durante o transe.
Muitos objetam, embora, sabendo disso, que em certos casos o hipnotismo se justifica, como, por exemplo, na medicina ou em odontologia, para tirar o dente, sem dor, de pessoas que têm alergia por injeções, que têm males de coração, etc. As correntes médicas especializadas no assunto se dividem, pró e contra sua aplicação. A maioria dos psicanalistas já condenou o seu emprego nas sessões, para descobrir a causa dos traumas. Julgam eles, mui acertadamente, que o paciente deve ter consciência da causa e por si mesmo, com orientação do médico ou sem ela, erradicar o trauma.
Do ponto de vista oculto, é evidentemente errado tratar de curar um hábito, como o da bebida alcoólica, pelo hipnotismo. Encarado do ponto de vista de uma só vida (daí a ciência material e as igrejas cristãs populares muitas vezes concordarem com o hipnotismo) o tratamento pela hipnose pareceria justo e eficiente. Senta-se o paciente numa cadeira, faz-se-o dormir e dão-se-lhe certas sugestões. Desperta-se-o e quando se põe de pé, já está curado de seu mau hábito. De alcoólatra que era, converte-se num cidadão respeitável, que cuida bem de sua esposa e filhos e segundo todas as aparências o benefício obtido é inegável.
Mas se contemplamos as coisas do ponto de vista mais profundo, o do ocultista, que vê os dois planos e contempla esta vida como uma dentre muitas, que toma em consideração o efeito causado nos veículos invisíveis dessa pessoa, então o caso é completamente diferente. Quando se submerge uma pessoa no sono hipnótico, na forma já descrita, além de privá-la da livre escolha, impõe-se-lhe uma ordem, não uma simples sugestão e o paciente não tem outro remédio senão obedecer, mormente quando se repetem os transes, porque fica um resíduo do manipulador, para agir dentro do indivíduo. É como que, para usar uma comparação, uma pequena parte do magnetismo infundido num dínamo elétrico, que nele fica sempre e com o qual pode ser posto em movimento. Assim, o resíduo etérico do hipnotizador, dentro da vítima, cresce em proporção e poder, com a repetição dos transes a que for submetido pela mesma pessoa. Concluímos, pois, que a vítima de um hipnotizador não vence um mau hábito por sua própria vontade e força, senão pela imposição da vontade de outra.
Quando regressa à terra, em próximo renascimento, terá as mesmas debilidades que não venceu e terá de novamente lutar consigo mesmo, até vencer-se.
Alguém poderá contestar que uma sugestão não prejudica, pois, a vida inteira passamos a receber sugestões por meio de livros, de cinema, de pessoas, etc. Mas é um caso muito diferente, porque em tais circunstâncias a pessoa está de posse de sua razão, com direito de aceitar ou rejeitar a sugestão. Se se trata de uma pessoa de forte personalidade, diante de outra, de vontade débil, essa sugestão poderá assumir quase o caráter de uma imposição. Mas essa influência a moverá somente quando atender-lhe à natureza. Uma pessoa comum, numa assembleia onde todos estejam vibrando em uníssono numa mesma ideia, ou num comício onde um líder consiga inflamar a maior parte dos ouvintes com suas ideias, ou numa parada patriótica onde se exaltem os sentimentos de patriotismo, poderá afetar-se momentaneamente, deixar-se levar pela força da egrégora. Mas depois, consigo mesmo, voltará à tônica de seu modo de ser. No hipnotismo é diferente: fica uma influência, uma imposição estranha.
Por oportuno, lembremos o que diz Max Heindel em “O Conceito Rosacruz do Cosmo”, obra básica da Filosofia Rosacruz: “O método Rosacruz difere de todos os outros métodos num ponto especial: procura, desde o princípio libertar o aspirante de todas as limitações internas e externas, ajudando-o a conquistar o pleno domínio de si mesmo, pois só em tais circunstâncias poderá “efetivamente ajudar os demais”. Já soubemos de outras organizações com nome de Rosacruz, (não a de Max Heindel, ligada aos Irmãos Maiores da Ordem), que facilitam meios de exercer poder sobre os semelhantes. Do ponto de vista oculto e do Bem, é repreensível, mas os Irmãos Maiores têm isso a seu cuidado, como guardiães e vigilantes de tudo o que é perigoso na evolução humana. Cumprimos nosso dever, esclarecendo quando necessário, deixando o mais a cuidado desses excelsos Seres, vanguardeiros Guias da Onda humana.
Foram os próprios Irmãos Maiores que, no tempo que julgaram oportuno, anunciaram indiretamente ao mundo a força do pensamento e deixaram entrever o mecanismo do subconsciente, muito antes de Freud. Foram eles que mandaram Mesmer, o qual foi tremendamente ridicularizado pelos postulados que pregava. Só quando os materialistas, trocando o nome da forca descoberta por Mesmer, deram ao mesmerismo o nome de “hipnotismo” é que se tornou “científica”. Em verdade, resta ainda muito a aprender e desaprender aos atuais indivíduos da ciência materialista. Podem eles lutar até o último momento contra o que, zombando, qualificam de “ideias ilusórias” dos ocultistas. É só questão de tempo; terão de aceitar e admitir todas as suas verdades, uma a uma.
“Os pensamentos são coisas”, é uma força atualmente incalculável. À medida que a razão se for desenvolvendo, controlando mais e mais os impulsos do Corpo de Desejos e o altruísmo for assegurando um legítimo emprego a todos os poderes latentes do ser humano, alcançaremos o mérito de utilizar esse poder maravilhoso, mas sempre para o bem e sem imposição a ninguém.
Siegfried, símbolo da alma avançada, na mitologia nórdica, estava armado para a batalha da vida com a espada “nothung” (a coragem do desespero) com a qual combateu e venceu os dois dragões da cobiça e do credo. E tinha outra arma, que nos tempos modernos podemos chamar de poder hipnótico: Tarcap, o capacete da ilusão, que permitia a quem usasse aparecer aos outros na forma que desejasse. E para fazer uso desse poder lhe foi dado também, por Brunhilde, o espírito da verdade, seu cavalo alado, Grane, o discernimento, graças ao qual podemos distinguir o erro da ilusão. Aí está porque nós devemos tornar primeiramente merecedores, por nossa formação moral, de utilizar esses e outros poderes do espírito. Eis, também, porque não podemos aceitar em nosso seio aqueles que propositada e egoisticamente fazem deles uso pervertido.
Para finalizar, damos um meio de empregar legitimamente a força do pensamento, em casos de pessoas que precisam de auxílio extra. Tal auxílio é prestado durante o sono natural, quando o Ego, envolto pela Mente e o Corpo de Desejos sai do corpo físico e geralmente flutua sobre ele ou permanece em sua vizinhança, ligado pelo cordão prateado, enquanto os Corpos Denso e Vital se restauram, no leito. Nessa oportunidade é possível influenciar a pessoa adormecida, inculcando-lhe no cérebro pensamentos e ideias que lhe queremos comunicar. Contudo, não se pode conseguir que ela faça algo ou que acolha qualquer ideia que não esteja de acordo com suas próprias tendências habituais. É impossível ordenar-lhe que faça algo ou obrigá-lo à obediência porque durante o sono natural seu cérebro está interpenetrado por seu próprio Corpo Vital e tem perfeito controle de si mesmo. Não há, aí, desrespeito ao livre arbítrio da pessoa. Já no sono hipnótico, os passes do hipnotizador lançam fora do cérebro o Éter da cabeça, que fica então sobre os ombros da vítima como um colar. Então o cérebro está aberto ao Éter do Corpo Vital do hipnotizador, que toma o lugar do Corpo Vital da vítima. De sorte que no sono hipnótico a vítima não pode escolher nem quanto às ideias, nem quanto aos movimentos de seu corpo, porque é o cérebro que dirige os nervos e músculos voluntários e então, está manipulado por Éter estranho. No sono natural, o Ego é o agente completamente livre. Na realidade, esse método de sugestão durante o sono é sumamente importante para as mães que têm filhos rebeldes e refratários e para as esposas de viciados rebeldes, de vontade fraca. Para tratar dessas pessoas, assenta-se ao lado da pessoa adormecida e (se possível, tomando-lhe uma das mãos) fala-se suave e audivelmente com ela, inculcando-lhe no cérebro as sugestões convenientes. Ao despertar e principalmente com a repetição (há mais facilidade, naturalmente, com as pessoas de sono pesado) verá que muitas dessas ideias lançaram raízes no subconsciente, de uma forma eficaz, porque muitas pessoas detestam conselhos e reprimendas e desse modo se lhes faculta seguir a própria deliberação. Igualmente se pode tratar assim de pessoa enferma, quando carece de otimismo, coragem, fé e outros valores importantes na cura. Sabemos que isso pode ser usado para o mal, mas não mantemos o segredo porque acreditamos que o bem que se pode realizar com esse método sobrepassará em muito o prejuízo que uma ou outra pessoa malvada possa ocasionar. Além do mais, a lei de causa e efeito se incumbe de pôr os irresponsáveis, pela dor, no devido caminho.
(Publicado na revista Serviço Rosacruz de maio/1966)
A Lei de Atração: o semelhante atrai o semelhante
Todos já sabemos que, pela Lei de Atração, o semelhante atrai o semelhante. Entretanto, nem sempre estamos atentos para perceber o quanto essa lei age em cada momento de nossa vida, através dos nossos pensamentos, dos nossos sentimentos e dos nossos atos.
Recordando que somos constituídos pela nossa parte humana e pela parte superior ou divina, vamos perceber que, em geral, vivemos mais influenciados pela nossa parte humana do que pela divina. A maioria das vezes, temos orientado os nossos pensamentos e os nossos atos seguindo os conceitos humanos muito mais do que a lógica divina. Entretanto, devemos lembrar-nos que, quando se pratica um ato ou se alimenta um pensamento apoiado unicamente no lado humano de nosso ser, tão suscetível a erros e a fraquezas, atraímos para nós, pessoas, coisas, pensamentos e acontecimentos coerentes com o nosso modo humano de agir e de pensar. Consequentemente, quando agimos influenciados pelo nosso lado superior, nossas ações excedem a lógica humana e vão repercutir em tudo o que nos cerca também, sejam coisas ou pessoas — formando, com eles, o equilíbrio de valores e de fatos que constituem a nossa vida. É por isso que, quando as coisas em torno de nós, começam a não correr bem, quando o mundo todo parece conspirar contra nós, contra a nossa saúde e à nossa tranquilidade, quando parece que as coisas materiais ou espirituais que desejávamos, nos têm sido negadas, devemos fazer um exame de consciência muito bem feito e procurar em nós mesmos, em nossos pensamentos e atos, a causa de todo aquele efeito negativo.
Sempre que agimos com a nossa parte divina, a trajetória das nossas ações no campo espiritual vai se estender à parte divina daqueles que nos cercam, sintonizando com ela, e nós entramos em contacto com as pessoas através daquele raio de projeção. Mesmo que a maioria das pessoas não esteja muitas vezes em condições de compreender a boa intenção de nossos sentimentos e pensamentos, esses pensamentos e sentimentos levam em si uma força de expansão que será sempre absorvida em alguma extensão, pelo semelhante divino contido no outro ser. E, mesmo que não atinja em cheio o objetivo, a linha de projeção volta à sua origem e as boas intenções retornam à sua fonte, favorecendo então aquele que as emitiu.
Quanto mais positivos nos sentirmos em nossa vida de relação, tanto mais poderemos desenvolver e colher o bem em torno de nós, porque é pelo positivo, pelo nosso lado divino que poderemos ajudar a outrem a se elevar, minorando o sofrimento dos nossos irmãos menos esclarecidos.
Quem já atingiu certo grau de conhecimento dos fatos ocultos que regem a vida de todos os seres, não pode permanecer alheio a esses fatos. Do conhecimento, temos que partir para a ação; caso contrário, nossos próprios valores se cristalizarão, e os Guias Espirituais que dirigem a Evolução não poderão ajudar-nos em nosso progresso. Verdade que todo o ser humano é livre em suas escolhas, porém essa liberdade se limita à escolha do certo dentro da Lei. Se escolher o errado, o ser humano sofrerá as consequências desse erro. Portanto, daí se conclui que o ser humano tem liberdade para escolher o certo. Antes disso, até que deseje ele mesmo essa escolha, as forças auxiliares estarão em expectativa para ajudá-lo a progredir. Por isso se diz que o ser humano se agita e Deus o conduz.
Pode acontecer também que levamos uma vida irrepreensível: agimos sempre com boas intenções dentro do direito e do dever, não magoamos ninguém, e desejamos ardentemente ser amigos de todos, procurando raciocinar o máximo possível, apoiados em nosso espírito divino. E, apesar de tudo, certos fatos se precipitam em nossa vida ou vêm perturbar a ordem de nosso lar e de nossos familiares. Esses acontecimentos, nesse caso, possuem uma causa muito mais remota: procedem de outros erros mais distantes, de coisas que fizemos em outras vidas e que só podem ser saldadas daquela maneira, influindo até, muitas vezes, no destino coletivo de uma família ou de uma organização. Porém, se soubermos manter-nos em atitude de graça, isto é, se perseverarmos no divino em nossos atos, palavras, pensamentos e sentimentos, nossa forma de atravessar aquele período será muito mais conformada e se processará debaixo de maior compreensão e tolerância. Assim, superaremos as configurações negativas de nossos temas-natal, perseverando no bem na virtude. Perseverar no bem, portanto, é raciocinar o mais possível dentro da lógica divina, pondo de lado os conceitos humanos, em nossa vida de relação. É mantendo-nos o mais possível vigilante em nosso espírito, procurando estar conscientes de nossa própria consciência em todas as nossas ações diárias, que chegaremos um dia a agir como agia Jesus Cristo, reconhecendo em nós o Espírito de Cristo que existe já em formação em todo indivíduo de boa vontade.
É para isso que estamos aqui. Para, em cada uma de nossas reuniões, adquirirmos novas forças através do despertar dessa parte divina que existe em nós. E isso, pois, conseguiremos pelo desenvolvimento da mente com o conhecimento da Verdade expressa através da Filosofia que aqui se expõe, e pelo despertar de nosso coração, apoiados no espírito de fraternidade e solidariedade que nos eleva a todos a uma camaradagem superior, estimulando assim os nossos bons sentimentos e a nossa devoção. É para isso que nos reunimos aqui todas as semanas como espíritos de vários matizes que desejam ajudar-se mutuamente, em busca da Luz e em busca do Amor, para aprendermos, através do conhecimento da verdade, amar-nos uns aos outros.
E, para nos mantermos conscientes em nosso positivo durante este mês, vamos recordar aquela exortação de Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, repetindo-a nos momentos difíceis, nos instantes de insegurança ou de receio, nas horas de lazer, no ônibus, na rua, diante de um desagravo, e sobretudo, repetindo-a em nossas meditações: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1978)
O Altruísmo: ligada à divina natureza do maior dos Arcanjos
Quando Max Heindel falava acerca de Cristo, usava, habitualmente, o termo ALTRUÍSMO. Essa qualidade nobilíssima, fundamental à evolução humana, encontra-se indissociavelmente ligada à divina natureza do maior dos Arcanjos.
Um estudo, mesmo à ligeira, da Antiguidade Clássica, revela como o “direito da força” regia o relacionamento entre as pessoas e principalmente entre os povos. Predominava a “lei do mais forte”, com a sobrevivência dos mais aptos em detrimento dos mais débeis. Aos últimos, caso lograssem escapar à morte, só restava uma alternativa: submissão incondicional, quando não o cativeiro.
Todas essas distorções do sentimento humano — a crueldade, a opressão a injustiça — têm suas raízes no egoísmo. O sentimento de posse exclusiva, a luta pelo interesse próprio sem levar em consideração os demais, os preconceitos, encontram-se num extremo diametralmente oposto ao altruísmo.
O interesse pessoal, mesmo desenvolvido inconscientemente, desempenhou um importante papel durante a chamada “involução”. De outra forma não teríamos avançado tanto, de um modo geral. Todos os esforços do passado concentraram-se na formação de veículos para que o Espírito pudesse utilizá-los em seu progresso, gigantesca escalada de Chispa Divina, a Chama Criadora.
O egoísmo, tal como o conhecemos, não se manifestara, até o nosso surgimento da nevoenta atmosfera atlante. Começamos, daí em diante, a perceber-nos como seres separados. Tal não ocorria anteriormente, quando nossa consciência estava enfocada nos planos internos.
Procuramos, então, fazer valer nossos desejos estritamente pessoais. Tornamo-nos avaros. Era espantosa nossa avidez em possuir bens materiais, porque, sob o regime de Jeová, essas “posses” convertiam-se em sinais externos de que estávamos vivendo consoante Suas Leis.
Essa situação, contudo, chegou a extremos perigosos, capazes de comprometer nossos passos evolutivos. Afinal, se em “Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”, se constituímos células divinas de Seu Grande Corpo Macrocósmico, não poderíamos viver tanto tempo apartados e inconscientes dessa grande realidade. Uma providência seria tomada pelas Hierarquias Divinas, ao assegurar-nos uma ajuda efetiva por intermédio do Cristo, o Senhor do Amor.
As grandes transformações, porém, ocorrem lentamente. O altruísmo encontrava-se em estado latente na humanidade, até o momento em que o Cristo obteve acesso ao coração da Terra, quando Seu sangue fluiu no Gólgota. A partir desse magnífico evento, a semente do princípio altruísta começou a germinar no interior do ser humano. Gradativamente passamos a ampliar nossa área de interesse, para incluir mais alguém, mantendo-nos alertas quanto às necessidades de outrem.
Do sentimento tribal ou de clã, tão comum nos tempos antigos, avançou-se para um espírito nacional. As tribos, superando diferenças decorrentes de suas peculiaridades, serenaram suas querelas, conseguindo organizar-se em nações. O interesse coletivo passou a sobrepujar, dessa maneira, o sentimento individualista ou de grupos minoritários. Todos os esforços deveriam convergir para o bem-estar comum. Mais recentemente, as nações estreitaram mais ainda essa união, aglutinando-se em uma organização internacional, visando a preservar a paz e debater problemas os mais diversos.
Mas, todo esse processo desenvolveu-se, e se desenvolve, a passos de tartaruga. Portanto, não nos surpreende tanta demonstração de violência e egoísmo nos dias que correm. A maioria dos fumantes queixa-se das dificuldades encontradas em abandonar o vício do fumo, cultivado ao longo de alguns anos. Que dizer então de um vício moral, arraigado há milênios?
Os modernos meios de comunicação realizaram o milagre de estreitar o relacionamento entre os povos, tornando conhecidos os problemas e anseios de muitas nações. Contudo, ao mesmo tempo chocam pela veiculação de tanta crueldade e frieza.
Desiludidos, muitos relutam em acreditar num futuro melhor para a humanidade, onde as guerras e o egoísmo sejam substituídos pela paz, cooperação e altruísmo. A visão da atualidade não lhes permite conceber uma sociedade cujos componentes deixem de lado seus interesses pessoais, para cuidar das carências alheias ou dos problemas comunitários. Descreem da bondade humana.
Esse ceticismo, todavia, existe há muito tempo. Conta-se que certa vez, Thomas Jefferson, o grande estadista norte-americano, viajava por uma estrada na Nova Inglaterra, acompanhado de um amigo, quando a carruagem parou diante de uma cancela, aguardando sua abertura. Enquanto os cocheiros esperavam, apesar da chuva pesada e da lama lá fora, Jefferson interrompeu a conversa, saltando na estrada para libertar um leitãozinho que guinchava desesperadamente, preso entre os varais de uma cerca. Voltando à carruagem, molhado e enlameado, seu amigo admirou-se: “Mas, então, logo você que vive dizendo que as ações humanas têm sua origem no egoísmo e no interesse próprio, sai nesta chuva para soltar um porquinho preso numa cerca?” Jefferson redarguiu: “Eu só fui lá porque os guinchos do animal incomodavam-me. Não veja nenhum altruísmo num gesto que, na verdade, foi egoísta e destinou-se essencialmente a fazer com que eu mesmo me sinta bem e, quem sabe, durma melhor hoje à noite”.
Ora, Thomas Jefferson, isso nós sabemos, era um homem de sentimentos nobres. E, paradoxalmente, não estava seguro de suas próprias qualidades.
Mas há outro exemplo digno de menção. Adam Smith, grande pensador e escritor, contemporâneo de Jefferson, mostrou-se contraditório na abordagem desse mesmo assunto. Em uma de suas obras afirmou que a felicidade e a virtude humanas fundavam-se no sentimento de companheirismo que o ser humano nutre em relação aos seus semelhantes e, portanto, em natural impulso para o mútuo amparo e socorro. Já em outra obra assevera: “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que há de vir o nosso jantar, mas, sim, da preocupação deles com seu próprio interesse. Dirigimo-nos não à sua humanidade, mas ao seu amor-próprio e não lhes falamos das nossas necessidades e sim das vantagens que podem obter”.
São enfoques pessimistas, sombrios, carregados de tonalidade cinzenta. Mas não resistem à análise profunda dos ensinamentos rosacruzes, pérolas de sabedoria, primando por nos mostrar uma outra realidade, mais alvissareira por sinal.
A despeito de tudo, a humanidade pouco a pouco desperta para o clarão de novos horizontes. À medida que o tempo passa, o Cristo, por meio de Seu benéfico trabalho, atrai uma quantidade cada vez maior de éter interplanetário para a Terra, tornando seu Corpo Vital mais luminoso. Esse contacto com as poderosas vibrações crísticas também nos tornará luminosos. Cabe-nos o relevante papel de colaboradores conscientes nesse processo regenerador.
Se as manifestações de egoísmo chegam a assustar, lembremo-nos que no passado eram bem mais acentuadas. Temos de admitir, portanto, que houve um considerável progresso. O quotidiano pode oferecer-nos ou revelar fatos que, pela sua natureza inferior, abalem o melhor dos nossos sentimentos. Mas é inegável que as expressões de solidariedade, mesmo observadas em raros e até fugidios momentos, nos animam de esperanças.
O altruísmo, tal como uma planta, germina, desponta e cresce lentamente. Mas é certo que produzirá frutos. Por seu intermédio o Cristo nascerá dentro de cada um de nós, fazendo irradiar Sua Luz. Então, andaremos na Luz, como Ele na Luz está.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1978)
A Doutrina do Renascimento responde muito das suas Perguntas
Há uma resposta para todo problema que a vida apresenta. Os mais avançados na Escola da Vida forjaram perguntas e encontraram estas respostas; eles não dizem, “Eu penso” ou “eu creio”; eles simplesmente dizem: “Eu Sei”. Como sabem? Porque adquiriram conhecimento direto? Como o obtiveram?
Mediante o serviço amoroso e desinteressado aos demais, a persistência, a devoção, a observação e o discernimento. Antes que qualquer homem ou mulher possa compreender a vida, possa compreender completamente a verdade de algo, eles devem estar dispostos a aceitar, como hipótese de trabalho, que a doutrina do Renascimento é um fato, e que a Lei de Causa e Efeito é responsável por toda manifestação. Quando tiver aceito estes dois grandes fatores, estes terão um ponto de partida para raciocinarem.
Se o Renascimento é um fato, então todos nós já vivemos muitas vidas antes da presente, e já tivemos muitas experiências. Fomos arrogantes, cruéis, opressores, tiranos, injustos e já houve vezes em que fomos bondosos, considerados, simpáticos, úteis, etc. Somos atualmente a soma de todas as nossas experiências passadas, ou melhor, somos a soma de todas as nossas reações às experiências passadas.
Todo ser humano de nossa onda de vida começou na grande Escola da vida de Deus com iguais oportunidades. Durante cada vida nos foram dadas certas lições a aprender. Se as dominamos, crescemos em conhecimento e compreensão; se recusamos fazer nosso trabalho e malbaratamos nosso tempo em uma vida de preguiça, ou pior, tumultuosa, não somente debilitamos nossa fibra moral, deixando de fazer o trabalho que deveria ser feito, no dia seguinte o trabalho será mais duro e mais difícil de se executar, e não estaremos tão bem equipados para fazê-lo como quando a lição nos foi dada pela primeira vez. Porém, algum dia, em alguma vida, este trabalho descuidado deverá ser feito, porque somos deuses em evolução e devemos adquirir nosso próprio desenvolvimento mediante nossos próprios esforços.
O desenvolvimento das potencialidades latentes dentro de cada indivíduo não pode ser comprado, nem roubado, não pode ser encontrado, nem pode ser recebido como dádiva. Depende de nossos próprios esforços; persistentes e determinados, para que este crescimento gradativo aconteça, e somente nós somos capazes de acelerá-lo ou retardá-lo.
O indivíduo que diz: “Eu nunca tive uma oportunidade na vida” está enganando-se a si mesmo. Todo incidente que ocorre, e dezenas deles estão ocorrendo diariamente, nos proporciona, em certa extensão, uma oportunidade de desenvolvimento de algum poder latente dentro de nós, e as experiências com que tropeçamos são oportunidades dadas por Deus, para o crescimento, as quais devemos estudar bem e aproveitá-las ao máximo. Quando compreendermos isto, cada dia da vida se converte em uma grande e gloriosa aventura. Os acontecimentos mais humildes se transformam em grandes e maravilhosas experiências. O canto de um pássaro chega aos nossos ouvidos, aguça nosso sentido do ouvido, e desenvolve nossa apreciação da verdadeira harmonia que se expressa no som. Uma humilde minhoca se arrasta sobre o solo aos nossos pés, põe-se em ação o nosso sentido da visão; a cor da criatura se nos revela, bem como sua forma, sua maneira de mover-se e transladar-se de um lugar a outro. Nosso poder de observação se fortalece, nosso interesse se estimula e a Mente se ativa. Nessa humilde criatura vemos manifestar-se a mesma vida de Deus. Qual é o propósito disto?
Começamos a estudar a vida, e conforme nossa mentalidade se aguça, finalmente aprendemos que tudo o que É, é uma parte de Deus; lenta, porém seguramente, a Divindade dentro de nós mesmos evolui. É uma escola na qual se dá um treinamento alegre e intenso a todo ser criado. É uma vida vibrante que se desenvolve e o faz onde quer que esteja. É a Lei e a ordem trabalhando juntas harmoniosamente. É amor em manifestação; é à vontade em expressão; é a atividade revelando-se a si mesma em miríades de demonstrações.
Por que vemos pessoas em altas posições às quais aparentemente não merecem? Suas lições na escola da vida requereram esse particular ambiente, porém ai daquele que abusa de seu alto privilégio, pois está acumulando sobre si uma tremenda dívida do destino, e que não será fácil pagar. Porque vemos o indivíduo de mérito sofrer opressão? É para que possa aprender valiosas lições para usá-las com vantagem para com seus semelhantes em futuras vidas, nas quais será colocado em posição de poder. Tal indivíduo nunca cometerá o erro que seu irmão menos avançado poderá fazer em uma posição semelhante.
O homem ou a mulher que semeia sementes de discórdia, ódio, desonestidade, engano etc., não pode esperar escapar da penalidade da lei; “Tudo o que o ser humano semeia, isso também colherá”, quer seja durante a presente vida ou em alguma vida futura, a menos que se arrependa de seu mau procedimento, se transforme e, na medida de suas possibilidades, faça as restituições pelo mal que haja cometido. As razões pelas quais não vemos o malfeitor pagar suas dívidas do destino é porque não somos capazes, em nosso presente estado de desenvolvimento, seguir de vida em vida, nem de conhecer quando estas dívidas devem ser pagas. Algumas vezes são pagas durante a vida na qual se acham, outras vezes são reservadas para uma ou mais vidas futuras.
A Lei de Causa e Efeito é ensinada na Bíblia, porém expressada em diferente terminologia; “Tudo o que o homem semear, isso mesmo colherá”. Nem esta lei, nem a do Renascimento, são realmente novas, como pode ser demonstrado facilmente por meio de um estudo cuidadoso e analítico da Bíblia. Sem dúvida, no presente se está pondo uma ênfase particular sobre elas, por parte das escolas mais avançadas de treinamento espiritual, pelo fato de que um número considerável da humanidade já completou as lições ensinadas através da religião pisciana, e está pronto para dar um passo mais avançado no caminho do progresso. Este passo avançado lhes abrirá os Mundos invisíveis, onde reside o Espírito, o Eu real, durante os intervalos entre a morte e o nascimento, e lhes capacitará para seguir as pegadas do Espírito, enquanto faz suas várias viagens da morte ao renascimento e de regresso à terra.
Antes que o indivíduo possa dar este avançado passo, deve construir um veículo no qual poderá funcionar nos Mundos invisíveis. Esse veículo é construído produzindo uma separação entre os Éteres Inferiores, o Químico e o de Vida, e os Éteres Superiores, o Luminoso e o Refletor. Os dois Superiores que são os veículos de percepção sensorial e da memória, podem então serem usados como instrumentos e é chamado Corpo-Alma. Portanto, “o Caminho da Preparação” precede a capacidade de adquirir o conhecimento direto.
O serviço amoroso e desinteressado aos demais e o discernimento são os meios de sua aquisição. O serviço amoroso e desinteressado aos demais, automaticamente, atrai e aumenta os dois Éteres Superiores (o Luminoso e o Refletor) do indivíduo, com os quais se constrói o Corpo-Alma. Os Éteres Químico e de Vida têm o atributo de levar a cabo as funções vitais do Corpo Denso, durante o sono.
Mais tarde ocorre uma divisão entre estes dois Éteres Superiores, o Luminoso e o Refletor.
Quando estes dois últimos, que compõem o Corpo-Alma, estiverem suficientemente espiritualizados por meio da observação, do discernimento e do serviço, uma simples fórmula transmitida pelo Instrutor Espiritual, capacitará o Aspirante a usar o Corpo-Alma à vontade, juntamente com o Corpo de Desejos e a Mente. Assim fica equipado com um veículo de percepção sensorial e de memória.
Toda sabedoria ou conhecimento que possua no Mundo Físico é aproveitável para uso nos reinos espirituais, e quando voltar a entrar em seu Corpo Denso, trará ao cérebro físico, as recordações de suas experiências obtidas fora do corpo, enquanto funcionava nesses sublimes lugares. Quando o indivíduo houver construído tal veículo para funcionar nele, pode visitar os reinos espirituais e é livre para explorá-los à vontade, e ali aprender as causas que produzem todos os efeitos que se manifestam no plano físico.
Ele é, então, capaz de seguir um Ego, da morte ao renascimento, e assim provar que o renascimento é um fato. É capaz de descobrir quando foram contraídas as dívidas do destino, e quando devem ser pagas, provando assim a ação de Causa e Efeito. É capaz de compreender a vida e seu propósito, e de trabalhar inteligentemente com todas as Leis da Natureza. Desta forma, tem em seu poder não só acelerar sua própria evolução, mas também ajudar os outros a fazerem o mesmo.
Todo progresso depende de aprender as lições que se nos apresentam em nossas vidas diárias, sem ter em conta se são duras ou fáceis. Deveríamos estar agradecidos por cada lição, e nos dispormos alegremente a aprendê-las. Deveríamos estar especialmente agradecidos pelas duras e desagradáveis lições. Elas indicam que fizemos considerável progresso no passado e, portanto, nos consideram qualificados para dominá-las. As almas jovens não recebem as tarefas difíceis de executar. Cada dia está repleto de oportunidades que, se captadas e se aproveitadas ao máximo, nos farão avançar rapidamente no caminho do verdadeiro desenvolvimento.
Durante este mês façamos um especial esforço por reconhecer as oportunidades que se nos apresentem por si mesmas, dia após dia, sob a forma de experiências, e de aprender as lições que elas contêm, e ao final do mês, provemo-nos a nós mesmos, atentando sobre o progresso que fizemos. Lembremos que o extrato de toda experiência que nos vem, será usado para fomentar o bem no mundo.
(Publicado na revista Serviço Rosacruz de janeiro/fevereiro de 87)
Renovação: “Nada é mais certo do que a mudança”
“E não vos conformeis com este mundo; mas transformai-vos pela renovação do vosso atendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:27).
Quando nascemos neste Mundo Físico, todos e cada um estamos dotados de grandes forças e poderes potenciais. É nosso dever, assim como também nossa oportunidade, desenvolvê-los durante nossa vida aqui na Terra, e utilizá-los em nosso caminho para cima na perfeição; nossa jornada de retorno para Deus.
Quando vemos o diminuto, terno e quase desemparado corpo de uma criancinha é difícil imaginar a esse ser humano totalmente crescido e apto para usar livre e poderosamente seu ágil organismo. No início de nossa existência terrena há pouco evidência dos poderes latentes espirituais e morais nesse pequeno ser, porém, embora invisíveis, estas forças estão prontas para manifestar-se a seu devido tempo.
O corpo físico se renova a cada sete anos, e analogamente podemos concluir que nossos outros veículos mais sutis, internos, terão que ser renovados. É a presença destes poderes latentes que torna possível a evolução. Conforme renovamos nossos Corpos de Desejos, e os redirigimos, podemos mudar e enriquecer totalmente nossa existência e fazer com que o exemplo de nossa vida se reflita nos Mundos superiores. Quando nossa Mente muda para melhor, mais primorosos e amplos horizontes se descortinam ante nós.
Quando estas forças ocultas dentro de nós são liberadas, podem ter um efeito tremendo, como poderemos compreender se testemunharmos as grandes forças que hoje os cientistas liberam do minúsculo e invisível átomo.
Para a maioria da humanidade, em nosso estado evolutivo atual, o caminho da evolução não vai para cima em linha reta; há muitos altos e baixos neste caminho, porém tudo faz parte de uma evolução em espiral. Sabemos que na natureza nada permanece estacionado e nós mesmos temos que subir ou descer; não há nada em estado permanente.
“Nada é mais certo do que a mudança”. Temos que escolher, e é por um esforço determinado da vontade que devemos determinar, cuidadosamente, o caminho que devemos percorrer. “Depois que a escolha houver sido feita, o investigador da verdade se esforça, conscientemente em trabalhar com as forças ocultas. Ele faz com que cada um de seus propósitos sejam para progredir pela sistemática e individual concentração e meditação, e por uma cada vez mais minuciosa observação de si mesmo, de seu meio ambiente, se adquire o discernimento pela contemplação consegue-se a paz e o equilíbrio, e, finalmente, aquele que chega ao ponto em que sente verdadeiramente adoração, a qual pode dar-lhe uma compreensão da fonte de toda a criação.
O aspecto mais valioso de todas as coisas é a possibilidade de sua mudança para melhor; a potencialidade para compreender e a realizar a verdade. Existe em toda a criação um movimento contínuo para a perfeição. Na Filosofia Rosacruz nos é ensinado que a humanidade pode obter o acesso para a perfeição com a ajuda daqueles que, antes de nós, tomaram este caminho: nossos Irmãos Maiores, os Anjos e os Arcanjos que estão todos empenhados no progresso humano.
A habilidade criadora é inerente ao ser humano, e este foi feito à imagem e semelhança de seu Criador, e vive, se move e tem o seu ser no Pai. Com o auxílio da oração e da meditação, ele tem o poder de abrir-se às benéficas influências do universo. Nosso sistema planetário com tudo o que está acima e dentro dele provém do Sol, e o ser humano recebe seu impulso espiritual e ética por meio dos raios espirituais que emanam do Espírito que vive atrás da órbita física solar. Depende muito da habilidade do ser humano para reacionar estas emanações. Tem que saber como receber esse bem que está em todo nosso redor e deve desejá-lo intensamente antes que lhe seja possível utilizar essas forças superiores conforme lhe chegam. Em resposta à sua própria busca, assim como pede, o receberá.
Os raios que vêm do Sol transmitem iluminação espiritual; aqueles que nos são enviados pelos Planetas promovem inteligência moral e crescimento anímico, e os raios refletidos por nosso satélite, a Lua, são responsáveis pelo crescimento físico.
Com todo o auxílio voluntário daqueles que partiram antes de nós, e com todas as forças e emanações que constantemente circundam nossa Terra, os seres humanos não se convertem em Anjos apenas por terem vivido uma vez em nosso Planeta e depois entrar no céu pela porta da morte. Em nossa evolução cíclica temos que retornar muitas vezes à Terra. A humanidade avança continuamente, todavia são necessários muitos renascimentos, e temos que viver, atuar e aprender neste nosso plano de ação.
Progredimos constantemente, de vida em vida. Conforme mudam os costumes sociais e ambientes físicos, de idade em idade, voltamos a estar em contato com a vida em cada novo meio-ambiente e, com o auxílio e guia de Grandes Inteligências, encontramos condições e circunstâncias que são úteis a nós na obtenção de experiências necessárias. Deste modo temos uma oportunidade para desemaranhar “o novelo embaraçado” que nós nos enrolamos em vidas anteriores. Ao mesmo tempo, podemos por novas causas em ação. Lemos nas Cartas de São Paulo aos Coríntios: “O homem interno é renovado dia a dia”.
No Livro “A Teia do Destino” lemos que “desde a puberdade e durante toda a vida uma força espiritual é gerada internamente em nosso organismo”. Esta força pode ser usada para três fins: GERAÇÃO, DEGENERAÇÃO E REGENERAÇÃO. Depende de nós qual dos três métodos escolheremos; terá uma orientação importante em nossa vida, pois o uso dessa força não está confinado em seu efeito ao tempo ou ocasião em que se dispõe dela. Reflete em cada um dos momentos de nossa existência, e determina nossa atitude em cada uma das fases particulares da vida.
Algumas vezes podemos perder nossa meta aqui na Terra e os valores reais e eternos são esquecidos na presença de tantas coisas evanescentes e transitórias. É quando nos damos conta desta condição que devemos parar, fazer um balanço de nossa existência, e buscar melhores meios de vida; buscar valores superiores e a maneira para renovar nossa força, voltando ao nosso Criador.
Essa possibilidade é tratada de modo bem claro nas Sagradas Escrituras, na parábola do Filho Pródigo. Ele, por si mesmo, deveria reconhecer que seu estado era indigno e seu método de vida era insatisfatório, e teria que procurar internamente para encontrar a força para dar a volta e retornar ao Pai. Na verdade, o Pai contava com o seu retorno e o esperava com os braços abertos de boas-vindas.
É evidente que o cultivo de forças invisíveis e poderes requer que também sejam adquiridos sabedoria e compreensão, pois os poderes espirituais em si mesmos não são nem bons e nem maus, pois são o motivo e o caráter de quem os possui que os fazem merecer este ou aquele qualificativo. Sabemos que “as distinções entre o uso legítimo ou ilegítimo dos poderes espirituais são superiores e sutis”. Devemos recordar sempre que “poder” é força para realizar, e o que com ela fazemos depende de nós; a direção que lhe dermos é de nossa própria e pessoal responsabilidade.
Foi poder sobre todas as coisas o que Satanás, o tentador, prometeu ao Senhor quando estiveram juntos no deserto. Sabemos que Jesus Cristo triunfou em todas as tentações e respondeu: “Afasta-te de Mim, Satanás”. Neste e como em todos os demais caminhos Ele é nosso Guia e Caminho. Se perdermos a nossa meta, isto é apenas temporariamente. As asas cortadas podem crescer de novo, e quando houvermos reencontrado o caminho, teremos aprendido também que somente o Bem, a Verdade e a Beleza sobrevivem até o fim. A sabedoria da advertência que frequentemente é dada em nossa Filosofia de nunca deixar de tentar é evidente.
“E o que estava sentado no trono disse: Eis aqui, eu faço novas todas as coisas” (Apo 21:5).
(Publicado na revista Serviço Rosacruz de 01-02/87)
Serviço: a Tônica Rosacruz
Não importa a nossa condição social. Por humilde que ela nos pareça, há sempre alguém que precisa de nossa ajuda. E, por pequeno que seja nosso talento, perto de nós há sempre um serviço a realizar.
A cada um são oferecidas inúmeras oportunidades de servir. Não as percamos com nosso descuido ou indiferença, nem protelemos, no aguardo de grandes oportunidades.
Até o serviço que nos parece insignificante pode produzir grandes bens. Basta-nos um instante para estender a mão amiga a alguém e ajudá-lo a encontrar o caminho ou a estrela-guia. Uma só palavra de alento ou de compreensão pode levantar a alma no mais profundo momento de desespero e auxiliá-la a iniciar vida nova.
Quando nos surge a oportunidade de servir, não desperdicemos o precioso ensejo, com estas evasivas:
Isso aumentará seu prestígio? Que proveito tirarei? Meu antecipado prazer diminuirá o valor da boa ação? Requererá ela muito esforço? Por que não permitir que outro a faça? Poderei deixar para depois? — E outras mil e uma escusas costumeiras.
Melhor será que digamos a palavra ou estendamos a mão ao que pede, com alegria e gratidão pela oportunidade que recebemos de servir como um privilégio oferecido pelos Irmãos Maiores ao nosso progresso espiritual.
“O que fizeres ao mais humilde de meus servos — disse Cristo — fá-lo-á a mim”.
O amor a Cristo, portanto, é demonstrado pelo amor ao nosso semelhante. Servimo-Lo melhor, servindo o próximo. Agradamo-Lo mais quando em Seu nome oferecemos nosso desinteressado e amoroso serviço.
Pratiquemo-lo desde já. O futuro muda AGORA.
Aprendemos que “o serviço desinteressado que oferecemos aos demais é o caminho mais curto, mais seguro e mais feliz que leva a Deus”.
Isto se refere ao serviço altruísta, sem visar a vantagens quaisquer.
O serviço desinteressado tem sua fonte no Amor — o amor a Nosso Pai e a nossos irmãos.
Desse serviço resulta nosso progresso espiritual e de sua falta derivam os atrasos, muitas vezes incompreendidos por nossos membros.
Tal atividade jamais se realizará com sonhos bonitos, personalismos, protelações, comodismos e inibições.
Sobreponhamo-nos às limitações e faltas, para servir. Em nosso trabalho, no lar ou em qualquer parte, há um serviço para ser feito e podemos efetivá-lo melhor do que qualquer outro no mundo.
FAÇAMO-LO, EM NOME DE DEUS!
(Traduzido do Echoes from Mount Ecclesia e Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1978)
Métodos práticos para obter êxito – baseados na conservação da força sexual
É tão impossível alcançar um sucesso verdadeiro e duradouro sem viver em harmonia com as leis da vida, como é para o criminoso viver em paz na sociedade cujas leis ele desrespeitou. E, da mesma forma que ele é castigado, encarcerado e reprimido devido a seus hábitos predatórios, a natureza também nos castiga, encarcera e restringe quando desobedecemos às suas leis. Essa restrição se chama doença e é inimiga da felicidade, pois ninguém pode ser feliz, não importa quão rico seja ou que posição ocupe no mundo, quando se encontra fisicamente enfermo. Então, é preciso termos em conta que uma das condições vitais que deve ser adquirida pelo homem ou pela mulher que aspira a felicidade e o êxito na vida, em sua plenitude, é a saúde, incluindo o vigor, pois somente com boa saúde poderemos ser, suficientemente, otimistas, alegres e vigorosos para alcançar o sucesso que procuramos.
A Bíblia nos diz que a morte e a enfermidade vieram ao mundo por termos comido da “árvore do conhecimento” e ainda que, sob o ponto de vista materialista, isso possa parecer pueril, não desprezemos a história sem a estudarmos profundamente. Poderemos comprovar que se acha em perfeita harmonia com os fatos científicos mostrados atualmente. Consideremos, em primeiro lugar, o significado da árvore do conhecimento, por meio dos seguintes princípios: “Adão conheceu sua esposa e esta deu à luz a Abel”; “Adão conheceu sua esposa e esta deu à luz a Seth”, e as palavras de Maria ao Anjo: “Como poderei conceber, se não conheço nenhum homem?”. Por essas e por muitas outras observações semelhantes, se conclui evidentemente que a árvore do conhecimento era uma expressão simbólica do ato gerador. A humanidade foi, como diz a Bíblia, concebida em pecado e, portanto, sujeita à morte da qual não haveria maneira de escapar.
Devemos relembrar que a evolução é uma realidade na natureza; que o ser humano atual é o resultado de um passado distante e que o presente estado não é o ponto final de uma meta de perfeição, mas que existem maiores alturas à nossa frente. Assim, todos estamos em um estado de desenvolvimento perpétuo; não existem paradas ou descansos, pois o caminho é tão ilimitado como a idade do espírito. O que somos hoje é o resultado do que fomos ontem, portanto, o que seremos amanhã, dependerá do modo como utilizarmos, atualmente, as nossas faculdades. Examinemos, pois, o passado, para que, ao conhecermos o que temos sido, alcancemos um vislumbre do que haveremos de ser.
De acordo com a Bíblia, a humanidade foi hermafrodita antes de ser separada em dois sexos distintos como homem e mulher. Ainda temos entre nós hermafroditas que, como pensamos atualmente, têm essa formação anormal para provar a verdade dessa afirmação Bíblica; e fisiologicamente, o órgão do sexo oposto se acha latente em todos nós. Durante o período em que o ser humano esteve assim constituído, a fecundação devia ocorrer dentro de si mesmo; isto não difere muito do que sucede com muitas plantas hoje em dia.
Vejamos, segundo nos diz a Bíblia, qual o efeito da autofecundação nos dias primitivos. Existem dois fatos principais que são muito significativos: o primeiro, havia gigantes na Terra naqueles dias; o segundo, os patriarcas viveram centenas de anos; e essas duas características, grande desenvolvimento físico e longevidade, muitas plantas as possuem atualmente. O tamanho das árvores e a duração de suas vidas são fatos maravilhosos; elas vivem séculos, enquanto o ser humano vive um número reduzido de anos. Daí nos ocorre perguntar: qual a razão da vida efêmera do ser humano e qual o remédio? Examinemos primeiro os motivos desta razão, e o remédio aparecerá.
É bem sabido pelos horticultores que as plantas param de crescer durante um florescimento muito prolífero. Uma roseira, ao florescer intensamente, pode morrer; por essa razão, o jardineiro sábio poda os brotos da planta para que a força se manifeste, parcialmente, em crescimento, em vez de dar somente flores. Desse modo, conservando a semente dentro de si mesma, guarda a força necessária para o crescimento e a longevidade. Esse é o segredo da altura e da longa vida das raças primitivas, como também é o segredo do tamanho e da longevidade das plantas atuais.
Que a essência criadora na semente é uma substância espiritual é evidente, quando comparamos a intrepidez e impetuosidade do touro e do garanhão, com a docilidade do boi e dos animais castrados. Além disso, sabemos que os libertinos e os degenerados se convertem em estéreis e fracos. Quando esses fatos se fixam em nossa consciência, não nos é difícil entender a verdade da Bíblia quando diz que o fruto da carne, que nos põe sob a lei do pecado e da morte, é antes de tudo e principalmente a fornicação, enquanto que os frutos do espírito, que conduzem à imortalidade, ainda segundo a Bíblia, são especialmente a continência e a castidade.
Consideremos também a criança e como a força criadora empregada internamente e para ela própria, produz um extraordinário desenvolvimento durante os primeiros anos, mas, na puberdade, o nascimento da paixão começa a dominar o desenvolvimento; então a força vital produz a semente com objetivo de alcançar o desenvolvimento e a expressão em outra direção, sendo que, desde aquele momento, termina o crescimento. Se continuássemos crescendo, como acontece na infância, seríamos gigantes, como o foram os divinos hermafroditas do passado.
A força espiritual gerada desde a puberdade e através da vida, pode ser usada com três propósitos: geração, degeneração ou regeneração. Depende de nós qual dos três métodos escolheremos; mas a escolha que fizermos terá uma influência importante sobre toda nossa vida, porque o uso dessa força não está confinado ao momento ou à ocasião em que é empregada. Abrange todos os momentos de nossa existência e determina a nossa atitude em cada uma das fases da vida entre nossos semelhantes; com a forma de como enfrentaremos os problemas da vida; se seremos capazes de agarrar as oportunidades ou as deixarmos escapar; se seremos saudáveis ou doentes; e se nós vivemos nossa vida com um propósito satisfatório; tudo isso depende da forma de usar nossa força vital. Esta força é a fonte de toda a existência, o elixir da vida.
A parte da força criadora que é legitimamente sacrificada, sobre o altar da paternidade e maternidade, é tão pequena que pode ser completamente desprezada nessas considerações. Não há razão, sob o ponto de vista espiritual ou físico, para que deva ser imposto o celibato em uma ordem religiosa, e nem essa imposição se encontra em qualquer passagem da Bíblia. A mera supressão da atração sexual não é virtude em si mesma; de fato pode até ser um vício muito sério, pois não há dúvida que milhares de pessoas que foram proibidas ou impedidas de buscar a satisfação natural, acabem caindo nos vícios mais inconfessáveis. Ainda que se abstenham do ato sexual, seus pensamentos serão de tal índole que as converterão em sepulcros caiados, horríveis por dentro, mesmo que externamente possam parecer puros e brancos. O próprio São Paulo, embora não na condição mencionada, disse: “É preferível se casar do que se abrasar”[1]; essa expressão natural é, de longe, preferível ao estado acima descrito.
Embora existam poucas pessoas que defendam o abuso da função geradora, existem muitos indivíduos que, mesmo seguindo os preceitos espirituais em outros aspectos, mantém a crença de que a frequente satisfação dos desejos nos prazeres sexuais não é prejudicial; e existem outros que julgam que esse ato é tão necessário como qualquer outra função orgânica. Isso está errado por duas razões: primeiro, cada ato criador exige e consome uma certa dose de força e o organismo deve ser reabastecido com uma quantidade extra de alimento. Isso fortalece e aumenta o Éter Químico. Segundo, como a força propagadora atua por meio do Éter de Vida, esse constituinte do Corpo Vital também aumenta a cada gratificação dos sentidos. Deste modo, os dois Éteres inferiores do Corpo Vital se fortificam dirigindo a força criadora para baixo, para satisfazer o nosso prazer; e as ligações assim formadas e que oprimem os dois Éteres superiores que formam o Corpo-Alma, vão se tornando mais compactas e mais poderosas com o tempo. Como a evolução dos poderes anímicos e a faculdade de viajar em nossos veículos mais sutis dependem da separação que se efetua entre os Éteres inferiores e o Corpo-Alma, é evidente que frustramos o objetivo que temos em vista, retardando o desenvolvimento pela satisfação da natureza inferior.
Se dirigirmos novamente nossa atenção para o jardim, obteremos uma demonstração palpável e luminosa dos resultados em seguir o conselho do Apóstolo, quando disse: “guardai a semente dentro”, considerando as qualidades das diversas variedades de frutas sem semente. As frutas sem semente são maiores e de um sabor mais agradável do que as que possuem sementes, porque naquelas toda a seiva é empregada com o único propósito de tornar a fruta deliciosa e suculenta. Similarmente, se nós, em vez de desperdiçarmos nossa substância, vivermos castamente e dirigirmos a nossa força criadora para a regeneração, refinaremos e eterizaremos nossos Corpos físicos, ao mesmo tempo que fortaleceremos nosso Corpo-Alma. Desse modo, poderemos materialmente prolongar a nossa vida e, como consequência, aumentar nossas oportunidades para o crescimento anímico e avançar no Caminho de forma mais marcante.
Quando tivermos compreendido que o sucesso não consiste em acumulação de riquezas, mas no desenvolvimento anímico, se tornará evidente que a continência é um fator importante para o êxito na vida.
[1] N.T.: ICor7:9
(Publicado na revista Serviço Rosacruz de novembro/86)
O Correto uso do Pensamento
Pensar é uma grande responsabilidade. Tudo provém do pensamento, de uma ideia germinal. O pensamento precede toda manifestação. Os pensamentos de Deus expressam-se pela primeira vez em som (Verbo) que construiu todas as formas e se manifesta na vida que as habita.
Uma das finalidades da nossa evolução é aprender a usar o pensamento, a controlá-lo e formulá-lo conforme as Leis Naturais. O emprego indevido e errôneo da nossa capacidade de pensar conduz fatalmente a um destino cheio de sofrimentos e limitações.
O maior privilégio humano consiste em poder exprimir os pensamentos em palavras. A ação resultante desses pensamentos determina o curso que imprimimos às nossas vidas (principalmente as nossas vidas futuras) e às daqueles que nos rodeiam. O pensamento é mais importante do que a ação. Só pensando corretamente podemos agir dignamente.
O pensamento determina o caráter e o tipo de vida que a pessoa leva. Pensamentos otimistas e bondosos conferem ao indivíduo uma sensação de leveza e luminosidade. Isso pode ser comprovado pela observação daqueles que conosco convivem, seja no trabalho, em casa, no clube, etc.
“A pessoa é o que ela pensa em seu coração”. Os pensamentos espirituais são emitidos por pessoas orientadas espiritualmente, fortes, bem ajustadas, verdadeiras fontes de conforto e apoio para aqueles que sofrem.
O pensamento molda a matéria. Muitas vezes uma fisionomia é um reflexo da mente. É indiscutível a ação do pensamento sobre nossos veículos. Pensamentos de medo e preocupação não raro afetam negativamente as correntes de desejo, inibindo totalmente a ação. Um simples pensamento negativo pode causar danos aos nossos corpos. Por outro lado, pensamentos positivos e construtivos contribuem de forma preponderante para uma boa saúde, mais até do que a maioria dos medicamentos receitados pelos médicos.
Os pensamentos materialistas acentuam a tendência cristalizante do Corpo de Desejos, endurecendo tudo aquilo que contatam. Até as feições das pessoas podem tornar-se duras se esses pensamentos converteram-se em hábito.
O pensamento age sobre os arquétipos. Uma pessoa íntegra, habituada a pensar correta e construtivamente em termos de verdade, bondade e justiça, cria formas de pensamento correspondentes. Quando construir os arquétipos de sua próxima existência, fortalecê-los-á com as qualidades acima mencionadas.
Muitas vezes o sofrimento nos leva a ponderar sobre a necessidade de uma mudança substancial em nossas vidas. Se desenvolvermos nossa força de vontade em certa extensão é bem provável até que nos empenhemos em realizar as mudanças necessárias. Mas, é importante ter consciência de que em primeiro lugar devemos mudar nossos pensamentos. Sem isso todo esforço será infrutífero, pois estaremos apenas trabalhando os efeitos, ignorando as causas que os originaram.
É importante, também, que nossa atividade mental não seja dispersiva. Trocando em miúdos, se desejamos obter êxito em alguma atividade, seja ela material ou espiritual, nossos pensamentos devem ser concentrados nessa atividade particular. Profissionalmente isso já está mais do que comprovado. O indivíduo distraído ou carente de concentração acaba comprometendo seu próprio trabalho, perdendo muito em eficiência.
Do ponto de vista espiritual, a concentração do pensamento em objetivos elevados é condição essencial para se chegar ao êxito. Os ensinamentos rosacruzes alertam constantemente para a importância da observação e da atenção como meios de direcionamento correto do pensamento.
Assim, como estudantes da Sabedoria Ocidental não podemos ignorar que o caminho para a perfeição espiritual passa necessariamente pelo correto emprego da nossa capacidade de pensar.
(Publicado na revista Serviço Rosacruz de novembro/86)
A Fraternidade Rosacruz – uma das 7 Escolas – e a Era de Aquário
Pelos noticiários da TV e dos jornais, hoje, qualquer cidadão ou dona-de-casa está a par da situação geral do mundo. Os meios de comunicação aproximaram as nações e os seres humanos, para que se conheçam melhor, pois ninguém pode amar o que não conhece. Tudo está se transformando rapidamente e os meios são proporcionais à resistência: meios violentos — aparentemente um mal — são empregados para romper estruturas sociais milenares, pondo nações inteiras sob tensão e desafios terríveis, para que acordem à realidade da evolução. Sem meios de compreender a razão e a origem de tais transformações, deixamo-nos envolver pelas previsões pessimistas, quanto ao futuro da humanidade: em 8 horas o mundo pode ser destruído por teleguiados das grandes potências. Prenúncios da Era de Aquário!
Aqueles que estão afeitos ao estudo e à meditação das verdades espirituais sorriem confiantes e serenamente apontam um Governo Invisível do Mundo — muito mais poderoso que todos os governos comuns. Lá está a razão das grandes mudanças; lá estão os olhares penetrantes e amplos de Seres que romperam as limitações mundanas e se guindaram a amplitudes de consciência inconcebíveis à compreensão mediana. São os Altos Iniciados das diversas Escolas — Sete Altos Iniciados de cada RAIO CÓSMICO — que se misturam à Humanidade e influenciam-na, nos diversos campos de atividade: ciência, arte, religião, política, economia, etc. São grandes luzes desconhecidas para nós, que somos cegos e surdos. Temos ouvidos e não ouvimos; temos olhos e não vemos; estamos rodeados de imensas realidades espirituais que não percebemos; tal é a triste condição do ser humano comum. Mas os Iniciados menores, de tempos em tempos, cumprindo determinações desses Altos Seres — os vanguardeiros do gênero humano — trazem suas revelações, adequadas à nossa compreensão atual. Segundo essas revelações – e podemos falar convictamente da Ordem Rosacruz — Sete Irmãos Maiores trabalham incognitamente no mundo, exercendo influência incomum aos líderes que enfeixam poderes-chave. Embora respeitem o livre arbítrio humano, estão eles vigilantes para que nossa ignorância não desvie as linhas evolutivas gerais, traçadas para a humanidade.
Há sete escolas de mistérios no mundo. Cada uma delas tem diversas ramificações através da História. São nomes que se dão a movimentos que atendem às necessidades internas, de um grupo humano e de cada indivíduo desse grupo em particular, numa certa época.
A verdade é Universal e transcende as limitações humanas. Os seres humanos não podem alcançá-la em plenitude. Essa verdade está em cada Escola ou Raio.
De tempos em tempos, cada uma dessas escolas, através de um iniciado menor, funda um movimento externo, público, que constitui um MÉTODO adequado ao povo e a cada indivíduo, como regra geral, para levar-nos à própria realização interna. Logo, são os métodos que diferenciam as escolas — em cada época e nível evolutivo do povo a que se destina.
Quem determina tais métodos? São os Altos Iniciados. Eles veem, nos planos internos, com sua ampla visão, as tendências de cada povo e preparam tais métodos de desenvolvimento, para atender a certo período de tempo.
Para dar-lhes uma ideia do que expusemos, tomemos o exemplo da Bíblia: é um livro sagrado como outro qualquer de outros povos. Mal interpretada, defeituosamente compreendida, tem-se pensado que a Bíblia é uma estória do povo hebreu. Depois tivemos o advento do Cristianismo, com a mensagem, ainda mal vislumbrada — do maior Ser que a Humanidade jamais conheceu: Cristo. A mensagem cristã foi ajuntada aos ensinamentos dos judeus, formando o Velho e Novo Testamentos. Inadvertidamente associamos que as duas dispensações foram reunidas porque Jesus e seus apóstolos eram judeus. Nada mais errado. Muito acima disso, a Bíblia, à semelhança dos outros livros sagrados, é “UMA ESTÓRIA DO SER HUMANO” — uma estória minha e de cada um de vocês. Cada um de nós é a própria Bíblia. Cada acontecimento, cada personagem bíblico, é representação de circunstâncias e de pequenos “Eus” psicológicos de nosso íntimo, como na obra hindu — o BHAGAVAD GITA.
A Rosacruz — representando a parte esotérica do Cristianismo e havendo partido das raízes essênias – revela-nos a Bíblia com uma nova face, bem adequada ao desenvolvimento de nosso povo. Cada derrota e cada vitória; cada miséria e cada glória na Bíblia, se reportam à derrota e à vitória, à miséria e à glória de cada um de nós, na luta da existência.
A escravidão no Egito, as limitações e sofrimento do povo hebreu sob o jugo do Faraó — nada mais são do que nossas próprias limitações materialistas; os condicionamentos escravizantes que nos impõe a falsa personalidade — em sua ilusão de separatividade — buscando apoiar-se em coisas externas — este faraó que usurpou o trono do divino em nós.
Há muitos indivíduos mergulhados nas trevas dessa escravidão, sonhando com uma Terra prometida de leite e mel — com uma vida mais livre e plena — pois sentem interiormente que o Criador não os fez para sofrer.
Quando já estão enfarados de sua escravidão; humilhados com sua condição, algo dentro deles se levanta, disposto a tudo. É algo que lhes nasce do íntimo, de uma origem celestial — porque somos todos, sem distinção — feitos à Imagem e Semelhança de Deus. E, como o Filho pródigo revoltado de comer a comida dos porcos do materialismo — se levantam e resolvem tornar à Casa Paterna — ou voltar ao centro de seu Ser — mediante o autoconhecimento.
Neste ponto nasce, no íntimo o Moisés — que não concorda com o Faraó da falsa personalidade e que transforma a vara de Arão — o poder acumulado na coluna, numa serpente de sabedoria que devora todas as serpentes dos conhecimentos inferiores dos magos do Egito. É um método novo, mais adequado, que mostra as tábuas de uma Lei Divina, que devem ser inscritas na tábua de carne de nosso coração, para que nos tornemos uma lei em nós mesmos, consonantes com a Lei Universal que mantém a harmonia do Universo.
Para que esta lei se inscreva em nosso íntimo leva tempo. Tempo variável para cada indivíduo. Toma vidas inteiras de experiências. É o que representa o cabalístico número 40 — que significa muitos. 40 anos de peregrinação no deserto — 40 anos na aridez de uma vida de dúvidas — em que somos tentados a fundir, com o ouro de nossas realizações internas, o bezerro das condições antigas — num esforço de voltarmos e nos apoiarmos ao que já conhecemos.
Mas o Moisés interno protesta e nos desperta. É preciso adorar o cordeiro. O cordeiro é uma condição humana mais doce e elevada. Não devemos desanimar na travessia. Cuidando não cair nas miragens do deserto, podemos arrancar a água viva dos ensinamentos da pedra de nossas realizações internas. E assim vamos evoluindo, armando e desarmando as tendas de nossos corpos, como peregrinos e nômades dos planos evolutivos. Até que cheguemos e nos instalemos na Terra prometida — naquela condição interna em que devemos esperar pela chegada do Messias. Ele há de nascer de uma virgem. A profecia de Isaías usa um adjetivo hebraico mui expressivo para designar o caráter dessa pureza: A PUREZA INTERNA.
O adjetivo é ALMAH — virgindade interna — bem diferente da BETULAH: a virgindade externa, muitas vezes comprometida pelas impurezas internas dos pensamentos e emoções viciosos, dos fariseus modernos.
Essa virgem é uma imaginação pura — que havemos de conquistar. E unir-se-á a JOSÉ — um viúvo que se desligou da esposa do mundo — e que representa uma VONTADE pura. A imaginação é o lado feminino do Ser — a devoção, o coração. É Maria que deixou de ser Maya. José é o lado masculino do Ser — a vontade, a inteligência iluminada — que se libertou das limitações. Dos dois nascerá o MESSIAS — o HIMMANU-EL — que significa: DEUS CONOSCO!
Deixemos, por enquanto, a sublime manjedoura com os animaizinhos dos instintos domesticados e voltemos à História Humana, para explorar outra fonte: a ASTROLOGIA ESOTÉRICA – os Astros são o relógio do destino e determinam, em linhas gerais, a marcha evolutiva.
Quando o Sol, pelo movimento da precessão dos equinócios, retrogradava pelo Signo de TOURO, a humanidade era muito embrutecida e, por isso, gerava condições e circunstâncias adversas e terríveis. A evolução exigia muita fibra, perseverança e paciente resistência, qualidades próprias desse Signo. É a escravidão do Egito, já citada. Daí que o símbolo seja o antigo boi ÁPIS, do Egito. A vaca sagrada da Índia é ainda uma reminiscência desse período.
Surgiu então Moisés, tendo um chapéu com chifres de carneiro — para mostrar sua condição de arauto de Áries, quando o Sol, por precessão dos equinócios, retrogradava pelo Signo do Carneiro. Foi a peregrinação pelo Deserto. E assim, como Moisés não pôde entrar na Terra Prometida, mas simplesmente conduziu o povo a ela, assim também a Era de Áries transferiu a consciência humana para um estágio mais alto: a Era de Peixes – quando o Sol começou a retrogradar, por Precessão dos Equinócios, por esse Signo. Então veio Cristo inaugurando a Dispensação Pisciana: notem que o símbolo do Cristianismo são dois peixes cruzados; que os Apóstolos eram chamados “pescadores de homens”; que os Evangelhos usam parábolas de pescas, de redes; e o chapéu dos bispos (mitra) tem a forma de uma cabeça de peixe, cuja boca, aberta, entra na cabeça.
A Era de Peixes constitui o Cristianismo Popular – que esqueceu os antigos mistérios e conhecimentos sobre o RENASCIMENTO, LEI DE CAUSA E EFEITO, COSMOGÊNESE, ANTROPOGÊNESE – se bem que esses conhecimentos estejam nas entrelinhas dos evangelhos, como poderei demonstrar em outra ocasião.
Por que se retirou dessas verdades antigas? Porque, propositadamente, devia mergulhar o povo ocidental na conquista científica, religiosa e artística mais intensa e diversificada – conforme reclamava a evolução.
A CIÊNCIA, A ARTE E A RELIGIÃO eram unidas no passado. Tudo incluía esses três ramos – como nos tempos da Grécia áurea, em que a poesia, a música, a dança, a literatura, a história, a ciência, etc., se reuniam nas atividades humanas, por inspiração das nove musas (número do ser humano). Depois se diversificaram: a religião governou quase sozinha durante a Idade Média, chamada Idade das Trevas, sufocando as demais manifestações, para o desenvolvimento predominantemente religioso. Quando já se tornava prejudicial, a Renascença trouxe a Arte, com a glória de iluminados artistas em todos os seus ramos, até a Idade Moderna. Finalmente rompeu soberana a Ciência, na Idade Contemporânea, amordaçando com mãos de aço as demais manifestações. É a Ciência que dá a última palavra e que merece maior crédito do mundo. Logo descambamos para o materialismo, sob influência de Augusto Comte, de Freud, de Karl Marx e outros que, havendo recebido vislumbres da Verdade Universal, desvirtuaram-na quando criaram seus métodos. Infelizmente acontece isto: a verdade mais alta não pode ser exposta num Cosmos inferior, sob pena de PROFANAÇÃO. Por isso o Cristo usou as parábolas e símbolos: para que cada um extraia delas o que seu grau de consciência pode ver e suportar.
Em meados do século passado, o Sol, em seu movimento de precessão dos equinócios, entrou na órbita de influência do Signo de Aquário. Aquário é governado por Urano, descoberto (não por acaso) em 1781, para ir fermentando a consciência do mundo com suas qualidades de Inovação, de Originalidade (Epigênese), Inconvencionalismo (para romper as tradições cristalizadas), Inventiva, Intuição, etc. Urano preparou a ciência para a conquista de seu elemento – O Éter — que nos levou à conquista do espaço: começando pela máquina a vapor, passou pela eletricidade, telégrafo, telefone, rádio, televisão, aviação, radar, foguetes e plataformas espaciais, aproveitamento da luz solar, etc. Telescópios poderosos foram perscrutando os espaços siderais, ao passo que os microscópios e aparelhos ainda mais delicados foram penetrando nas partículas menores da matéria, deslumbrando os cientistas com a Realidade de uma Inteligência que agora aprende a descobrir por si só e a venerar. Não há físico que não tenha veneração pelo Cosmos. Não importa o nome que dê, o importante é que ele descobriu algo que assume para ele o sabor de uma conquista. É assim mesmo: as coisas velhas se tornam novas quando são redescobertas pelo despertar do Ser.
A psicologia, que começou desastrosamente (em aparência) pelas falhas interpretações de Freud — que não soube verter puramente certas verdades espirituais que captou — encaminha-se, a passos largos, para o autoconhecimento, sob influência da parapsicologia e de revelações que vão invadindo, irresistivelmente, a Mente dos seres humanos, provindas da Mente Universal.
Neste cenário crepitante e conturbado do mundo, ao início do século XX, os Irmãos Maiores da Rosacruz viram chegado o momento de entregar ao mundo uma nova mensagem. E, através de seu Iniciado Menor, MAX HEINDEL, nos deram o CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS, em 1909. Sob orientação dos Irmãos Maiores da Ordem, Max Heindel fundou a Fraternidade Rosacruz, após dois anos (1911), para atender à necessidade lógica do povo Ocidental. Todos desejamos saber a razão das coisas. Nossa Mente há de ser satisfeita, para que nosso coração comece a vibrar numa fé racional. O materialismo está perigando nossa evolução e todos os meios estão sendo envidados para chegarmos ao meio termo ideal, entre a Mente e o coração — esses dois elementos que se devem aprimorar, para chegarmos ao conhecimento e conquista de nós mesmos e alcançarmos o despertar de nossa verdadeira natureza.
O Ocidente se assemelha, agora, a um avião de asas desiguais: uma, enorme, da técnica, da ciência, do conhecimento, que se presume, de tal modo que o maior pecado atual é o ORGULHO INTELECTUAL. A outra asa é mirrada, subdesenvolvida, raquítica, esfomeada: uma asa pequena da fé, da devoção, de conquista interior, do coração. E nosso avião ameaça despencar e arruinar sua tripulação. É urgente desenvolvermos esta asa pequena e estabelecermos o equilíbrio de nossos voos evolutivos. De nada valem as asas de cera, porque logo se derretem no desafio da subida e nos precipita abaixo. As asas de cera são os superficiais conhecimentos que adquirimos e não chegamos a vivenciar. Diletantismo espiritual. Curiosidade ocultista de fenômenos que não conduzem ao fim mais alto. É preciso dirigir nossos esforços à realização autêntica para formar a asa pequena. Assim, devidamente apoiados na verdade espiritual, podemos conduzir todas as nossas conquistas para os propósitos evolutivos em vez de subordiná-los aos interesses mesquinhos da personalidade falsa.
O ser humano— esse desconhecido — é a Esfinge, que compõe os quatro Signos zodiacais de natureza Fixa, representado por 3 animais: o touro, o leão, a águia (o escorpião) e aquário (simbolizado pelo ser humano que engloba os três animais).
A Esfinge de nossa natureza continua a desafiar-nos: OU ME DECIFRAS, OU TE DEVORO! E os seres humanos se devoram porque não se conhecem; devoram-se pelos infartos, pelos derrames, pela diabete, úlceras, cânceres e neuroses, que são a consequência inequívoca de suas ignorantes transgressões à Lei da Natureza.
Através da Rosacruz — uma das Sete Escolas — os Irmãos Maiores — aqueles que foram na frente, que chegaram ao cume da Realização e depois voltaram para ensinar o caminho e prevenir os alpinistas sobre os perigos da escalada — oferecem suas mãos, a sua inteligência, o seu amor — pelos cursos gratuitos por correspondência, de Filosofia Rosacruz, de Astrologia Esotérica; da Bíblia e Cristianismo Esotérico, a todos os interessados.
Somos os seus canais e estendendo a mão direita: chamamo-los IRMÃOS, pelo reconhecimento de que todos somos filhos de um Pai comum — O Pai Celestial! Mais que irmãos, preferimos chamá-los AMIGOS, pondo-nos à vossa disposição.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1978)