O Aspirante e a Solidão

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Aspirante e a Solidão

O Aspirante e a Solidão

A maioria das pessoas, pouco interesse sente de saber das Verdades ligadas a Realidade espiritual. Assim, em sua busca da Verdade, o aspirante deverá, às vezes, separar-se dos que praticam “vidas normais”, isto é, de acordo com os modismos de seu tempo, ou das congregações seguindo essa ou aquela interpretação religiosa e prosseguir o seu caminho rumo a Verdade, sozinho. O ser humano comum não está disposto ainda a esquecer-se de si mesmo, erguer voluntariamente a sua cruz e seguir a Cristo (Mt 16:20); não interessa, tão pouco, “entrar pela porta estreita” já que “é difícil o caminho que leva à Vida”. Assim, “são poucos que o acham” (Mt 7:13-14). Portanto, o aspirante deve estar preparado, se realmente quiser seguir a Cristo, trilhar o Caminho da Iniciação sem companhia, sozinho.

A Separação daquilo que é socialmente aceito, em nível de crença, ou de comportamento, trará problemas. Disse Max Heindel: “Meninos passam indiferentes, por uma árvore sem fruto, porém, se estiver carregada ricamente, jogarão pedras para despojá-la das frutas. Assim é também com os seres humanos: enquanto ocos, andando com a turba, não há problemas. Quando, porém, atitudes conscientes são tomadas, as mesmas serão sentidas como o caminho certo pela integridade interna das outras pessoas e o aspirante se torna, sem querer, censura viva, mesmo se os seus lábios não proferirem uma palavra de censura sequer. Para efeito de auto justificação, a sociedade costuma unir-se na cobrança das “excentricidades”, daquele que não reza pela sua cartilha. As lideranças, religiosas ou não, também se sentem ameaçadas em suas posições de poder por seres com foro íntimo independente, e pressões serão exercidas aos que não se encaixam devidamente com os seus ditames, que, afinal, podem, ou não representar a verdade. As críticas e as chacotas recebidas, após ousar a separação do que é tradicional, trarão sem dúvida, um ardente desejo de se afastar do mundo que não o compreende, a fim de ingressar no primeiro monastério que lhe permitisse continuar a sua vida espiritual em paz. Porém, adverte o Sr. Max Heindel, “o prêmio do vencedor é ganho quando se vence o mundo e não quando se foge dele”. “o meio ambiente em que fomos colocados pelos Anjos do Destino, foi de nossa própria escolha, quando no ponto de retorno a Terra, do Terceiro Céu, em estado de espírito puro, sem o empecilho da cegueira produzida pela matéria”.

Assim, o nosso ambiente contém lições preciosíssimas, e cometeríamos um grave engano evadir do mesmo por completo. Da mesma forma, a comunidade oferece oportunidades de serviço, que não poderão ser encontradas em monastérios ou em topos de montanha. É bom lembrar também que o serviço é um componente importante na Senda da Iniciação”.

Quando estamos à procura da Verdade através do caminho iniciático, encontramos também forças que nos se opõem, das quais também não devemos fugir. Como então, nos fortificar para essas batalhas com as quais devemos contar? Para resistir à crítica, devemos aprender a efetuar a nossa autocrítica, o julgamento de nós mesmos. Quando soubermos, sem sombra de dúvida que estamos certos, não deveremos permitir o ingresso, em nosso pensamento, do corrosivo da crítica alheia. Disse até Abraham Lincoln: “É difícil à tarefa de derrubar uma pessoa quando ela se sente digna e apoiada no parentesco com o Grande Deus que a criou”. Quanto a resistir às pressões daqueles que desejam nos tornar espelhos deles mesmos, nos armaremos com a Verdade e tentaremos diferenciar claramente, em nossas mentes, o certo do errado, nos capacitando, então, a uma explicação coerente dos motivos que impulsionam as nossas ações. São Paulo exortou os seguidores de Cristo assim: “Vistam toda a armadura de Deus… para que possam resistir no dia ruim, e tendo feito tudo fiquem de pé. Estais, pois, firmes, tendo cingido os vossos lombos com a verdade e vestido a couraça da justiça e calçados os pés com o zelo do evangelho da paz (Ef 6:10-15). É também alentador saber seguramente que no meio da tribulação Deus está presente e se “Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rom 8:31).

Cristo-Jesus sabia que os Seus seguidores seriam perseguidos por causa da sua fé e assim mesmo os encorajou a permanecerem firmes porque também sabia que o ganho espiritual pesaria muito mais do que o sofrimento causado pelas tribulações na Terra. No Sermão da Montanha Cristo-Jesus disse: “Bem-aventurados os que sofrem perseguições por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”. Bem-aventurados sóis vós quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus, porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mt 5:10-11). São Paulo ainda disse: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” (II Cor 4-17). Sustentando aquilo que achamos ser a Verdade e o Certo abaixo de todas as circunstâncias, desenvolvemos uma força interna que tornará possível a nossa ajuda no trabalho de erguer a humanidade das trevas espirituais e do sofrimento em que se encontra, já que no final o certo e a Verdade vencerão.

Quando caminhamos sozinhos, quando deixamos de colocar a nossa confiança em convenções, regulamentos ou indivíduos para nos mostrar o caminho certo, deveremos ser os nossos próprios guias e para isso, deveremos desenvolver a Luz interna. São Paulo conhecia as tentações que aparecem nesse ponto, porque escreveu: “Porque vós, irmãos, fostes chamados a liberdade, só não useis essa liberdade para dar ocasião a carne, mas servi-vos uns aos outros pelo Amor. Porque toda a Lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”…. “Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos” (GaI 5:13 e 6:10). Também Max Heindel advertiu: “o maior perigo que ameaça o aspirante nesse caminho é que fique preso na rede do egoísmo, e a sua única salvaguarda é o cultivo da fé, devoção e irradiação de amor sem restrições”.

O Cristo disse aos Seus discípulos quando os enviou ao serviço: “Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos; portanto sedes prudentes como as serpentes e inocentes como as pombas” (Mt 10:16). Em nosso andar nos passos de Cristo-Jesus e para sustentar o que é Verdadeiro e Justo, poderemos ganhar forças através desse pensamento-chave: “Se és Cristo, ajuda-te a ti mesmo”.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 08/84 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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