Para entendermos o significado da Vara de Aarão (também conhecido como o Bastão que floriu) que floresceu, vamos rever o Esquema de Evolução em que estamos inseridos: esse esquema é efetuado através dos 5 Mundos (Mundo do Espírito Divino, Mundo do Espírito de Vida, Mundo do Pensamento, Mundo do Desejo e Mundo Físico) em 7 grandes Períodos de Manifestação. Estamos, atualmente no quarto desses Períodos, conhecido como Período Terrestre. Nesse Período estamos restritos a trabalhar em 3 Mundos: Pensamento, do Desejo e Físico. Cada Período é composto de 7 Globos: A, B, C, D, E, F e G. Estes Globos são renascimentos sucessivos da nossa Terra. Atualmente estamos no Globo mais denso, o D, nossa Terra atual.
Nesse Período Terrestre, uma parte da evolução se realiza no Globo A, situado na Região do Pensamento Concreto.
Gradualmente, a vida evolucionante é transferida ao Globo B, que se situa no Mundo do Desejo, algo mais denso, onde ela passa por outro estágio evolutivo. No devido tempo a vida evolucionante está pronta para entrar na arena do Globo C, composto da substância ainda mais densa da Região Etérica do Mundo Físico, onde está situado. Depois de aprender as lições correspondentes a esse estado de existência, a Onda de Vida segue até o Globo D, formado da substância da Região Química do Mundo Físico, onde também está situado. Este é o grau mais denso de matéria alcançado pela Onda de Vida durante esse Período. Esse é o estágio involucionário de modo que a substância dos mundos se faz cada vez mais densa. Ao longo do tempo tudo tende a fazer-se cada vez mais denso e mais sólido. Mas como o caminho evolutivo é uma espiral, é claro que, ainda que se passe pelos mesmos pontos, nunca mais se apresentam as mesmas condições, mas outras em plano superior e mais avançado. No estágio evolucionário (do Globo D para o G), os Mundos se tornam menos densos.
Desse ponto a Onda de Vida é levada para cima novamente, ao Globo E, situado na Região Etérica do Mundo Físico, tal como o Globo C, embora as condições não sejam as mesmas. Completado o trabalho no Globo E, efetua-se o passo seguinte para o Globo F, situado no Mundo do Desejo como o Globo B, dali subindo ao Globo G. Quando se efetuou esse trabalho, a Onda de Vida deu uma volta em torno dos 7 Globos; uma vez para baixo e outra para cima, através dos 3 mundos, respectivamente. Esta jornada da Onda de Vida denomina-se uma Revolução, e 7 Revoluções formam um Período. Durante um Período a Onda de Vida dá 7 voltas descendo e subindo através dos 3 mundos. Já demos 3 voltas e estamos na metade da 4° volta.
Nesse ponto, já construímos nossos 3 Corpos, temos a Mente, o elo que nos liga aos nossos Corpos e estamos agindo e nos expressando no Mundo Físico com a total consciência de vigília. Aqui, no ponto de maior materialidade, também estamos no ponto de maior separatividade ilusória. Assim, foi necessário evoluirmos em Épocas. A primeira que vivemos foi a Época Polar, depois a Hiperbórea, Lemúrica, Atlante e estamos na Ária. O nosso estudo se insere entre o final da Época Atlante e início da Ária.
Continuando a nossa revisão sobre o Esquema de Evolução, vemos que desde a separação dos sexos até a primeira parte da Época Atlante éramos guiados em tudo pelos Anjos e por outras Hierarquias Criadoras.
Nesse sentido, em particular, os Anjos eram os responsáveis pela nossa procriação, enquanto encarnados aqui na Região Química do Mundo Físico.
Isso porque até na primeira metade da Época Atlante nossa consciência não estava enfocada no Mundo Físico, estávamos inconscientes da propagação, do nascimento e da morte.
Os Anjos trabalhavam no Corpo Vital (o meio de propagação), regulavam a função procriadora e juntavam os sexos em certas ocasiões do ano.
Empregavam as forças solares e lunares, nos momentos e condições mais propícias para a fecundação.
A gestação decorria sem incômodo algum e o parto realizava-se sem dor.
As condições propícias para a fecundação significa que, além dos pais terem configurações estelares favoráveis (combinações favoráveis estelares benéficas na quinta e/ou décima primeira casa, signos férteis ou duplos na cúspide da quinta e/ou décima primeira casa), essas configurações deveriam ser mutuamente benéficas entre o homem e a mulher e nos momentos mais propícios, marcados nas progressões (lunações) – que ativavam essas configurações mútuas. Além disso, ainda, para se ter as mais perfeitas condições, o casal teria que estar na longitude ideal. Daí serem levados para determinados lugares. As viagens de lua de mel é uma reminiscência daquele impulso migratório relacionado com o acasalamento.
Os Anjos são os Espíritos Grupos das Plantas, a onda de vida vegetal. A planta é inconsciente de toda paixão, desejo, e inocente do mal. Desconhece a paixão, e realiza a fecundação da maneira mais pura e casta, isto é, ela projeta seus órgãos geradores, a flor, para o Sol, um espetáculo de rara beleza. Portanto, ela gera e perpetua sua espécie de modo tão puro, tão casto, que propriamente compreendida é um exemplo para a decaída e luxuriosa humanidade, a qual deveria venerá-la como um ideal.
Como vimos, a geração efetuava-se sob a direção dos Anjos que, em certas épocas do ano, nos agrupavam, homens e mulheres, em grandes templos onde se realizava o ato criador, mas nós não tínhamos a consciência de vigília disso. Nossos olhos ainda não tinham sido abertos, embora fosse necessária a colaboração de um ser que tivesse o outro polo, ou metade da força criadora necessária para a geração.
A princípio um homem não conhecia uma mulher e vice-versa.
Na vida comum estávamos encerrados dentro de nós mesmo, pelo menos no que dizia respeito ao Mundo Físico.
Nesse tempo vivíamos em um lugar simbolicamente conhecido como Jardim do Éden (reino etérico das forças espirituais).
A Bíblia fala-nos desse lugar, onde vivíamos em contato direto com Deus, puros e inocentes como as crianças. Obedecíamos, incondicionalmente, qualquer ordem que nos fosse dada pelos nossos guias divinos, como uma criança em seus primeiros anos faz o que seus pais desejam, porque ela não tem consciência de si. Faltava-nos individualidade.
Simbolicamente, havia 2 árvores: a do Conhecimento e a da Vida. Não devíamos comer o fruto de nenhuma das duas.
Entretanto, sob a custódia dos Espíritos Lucíferos, nós comemos da árvore do Conhecimento e começamos a perpetuar a nossa raça sem levar em conta as linhas de força interplanetárias. Transgredimos a lei, e os nossos corpos assim formados cristalizaram-se impropriamente e tornamo-nos sujeitos à morte, de maneira muito mais perceptível do que haviam estado até então. Por isso, fomos forçados a criar novos corpos com mais frequência à medida que o nosso período de vida se encurtava.
Os guardiães celestiais (conhecidos na terminologia Rosacruz como Querubins) da força criadora (simbolicamente, a Árvore da Vida) nos expulsaram do jardim do amor (o Jardim do Éden) para o deserto do mundo, e nos tornamos responsáveis por nossas ações sob a lei cósmica que governa o universo.
Desde então, e através das eras, estamos lutando para conseguir nossa própria salvação, e a Terra, em consequência, cristalizou-se cada vez mais.
Assim, tudo começou a mudar quando o ser humano foi posto em íntimo contato com outro ser, como no ato gerador, então, por um momento, o espírito rasgou o véu da carne e “Adão conheceu Eva”. Essa é a natureza daquela “Árvore”.
Deixando conhecer-se a si mesmo, perdeu, correspondentemente, sua percepção interna, quando a consciência cada vez mais se concentrou no mundo externo, a Região Química do Mundo Físico.
Não comer da Árvore da Vida foi realmente uma bênção.
Se tivemos comido, teríamos a capacidade de tornar imortal o nosso Corpo Denso.
Afinal quem de nós possui um Corpo Denso totalmente saudável e perfeito, segundo o nosso próprio julgamento, para poder viver nele para sempre?
Por isso, a morte é um benefício e uma benção, tanto quanto nos possa capacitar a regressar aos reinos espirituais periodicamente, para aí construirmos melhores corpos para cada retorno à vida terrestre.
Vimos, até aqui, que a Árvore da Vida significava como adquirir a imortalidade na Região Química do Mundo Físico e a aplicação da força criadora aqui nessa Região.
Uma vez feita essa revisão onde recordamos os conceitos das palavras utilizadas na terminologia Rosacruz para descrever o Esquema de Evolução que estamos inseridos, vamos ver qual foi a aplicação da Vara de Aarão naqueles tempos em que ela foi fornecida à Aarão, o irmão mais velho de Moisés (Ex 6:20), e um profeta do Deus de Israel servindo como o primeiro sumo sacerdote dos hebreus, e muito bem descrita na Bíblia:
“Javé disse a Moisés e Aarão: ‘Se o Faraó pedir que vocês façam algum prodígio, você dirá a Aarão que pegue a vara de você e a jogue diante do Faraó; e ela se transformará em cobra’. Moisés e Aarão se apresentaram diante do Faraó e fizeram o que Javé lhes havia mandado. Aarão jogou a vara diante do Faraó e seus ministros, e ela se transformou em cobra. O Faraó, porém, mandou chamar os sábios e os encantadores de cobras e, também, eles, os magos do Egito, fizeram o mesmo com suas ciências ocultas: cada um jogou a sua vara e elas se transformaram em cobras. No entanto, a vara de Aarão devorou as varas deles. Javé disse a Moisés: ‘Diga a Aarão: ‘Estenda a vara e toque o pó do chão, e ele se transformará em mosquitos por todo o território egípcio’. Aarão estendeu a mão com a vara e tocou o pó do chão, que se transformou em mosquitos, que atacavam homens e animais. E todo o pó do chão se transformou em mosquitos por todo o país do Egito. Os magos do Egito tentaram fazer o mesmo, usando suas ciências ocultas para produzir mosquitos, mas não conseguiram. Os mosquitos atacavam homens e animais. Então os magos disseram ao Faraó: ‘Isso é o dedo de Deus’. (…) Javé disse a Moisés: ‘Diga a Aarão: ‘Tome a vara e estenda a mão sobre as águas do Egito, sobre os rios, canais, lagoas e sobre todos os reservatórios, para que se convertam em sangue. Haverá sangue em toda a terra do Egito, até nas vasilhas de madeira e de pedra’. Moisés e Aarão fizeram como Javé tinha mandado. Aarão ergueu a vara, tocou a água do rio diante do Faraó e de sua corte; e toda a água do Nilo se transformou em sangue. Os peixes do rio morreram, o rio ficou poluído, e os egípcios não podiam beber a água do rio. E houve sangue por todo o país do Egito. Os magos do Egito, porém, fizeram o mesmo com suas ciências ocultas.” (Ex 7:8-15 e 19-22).
“Javé disse a Moisés: “Diga a Aarão: ‘Estenda a mão com a vara sobre os rios, canais e lagoas, e faça subir rãs sobre todo o território egípcio’. Aarão estendeu a mão sobre as águas do Egito, e fez subir rãs que infestaram todo o território egípcio. Os magos do Egito, porém, usaram suas ciências ocultas e fizeram o mesmo: fizeram subir rãs por todo o território egípcio.” (Ex 8:1-3).
“Javé falou a Moisés: ‘Diga aos filhos de Israel que tragam varas, uma para cada chefe de família, no total de doze, e cada um escreva nela o próprio nome. Na vara de Levi, você deverá escrever o nome de Aarão, pois haverá uma vara para cada chefe de tribo. Coloque as varas na tenda da reunião, diante do documento da aliança que eu fiz com eles. A vara daquele que eu escolher, florescerá. Desse modo eu acabarei com os protestos dos filhos de Israel contra vocês’. Moisés pediu que os filhos de Israel lhe trouxessem doze varas, uma para cada chefe de tribo, e entre elas a vara de Aarão. Moisés colocou as varas diante de Javé, na tenda da aliança. No dia seguinte, Moisés entrou na tenda da aliança, e viu que havia florescido a vara de Aarão, representante da tribo de Levi: estava cheia de brotos, tinha dado flores e produzido amêndoas. Moisés tirou as varas da presença de Javé e as levou aos filhos de Israel. Eles verificaram o fato e cada um recolheu a sua vara.” (Nm 17:17-24).
Uma antiga lenda relata que quando Adão foi expulso do Jardim do Éden, levou consigo três mudas da Árvore da Vida, que foram plantadas por Seth. Seth, o segundo filho de Adão, é de acordo com lenda Maçônica pai da hierarquia espiritual dos clérigos que trabalham com a humanidade através do Catolicismo, enquanto os filhos de Caim são os Artesões do mundo. Esses últimos estão ativos na Maçonaria, promovendo o progresso material e industrial, como deveriam ser os construtores do Templo de Salomão, o universo. As três mudas plantadas por Seth tiveram importantes missões no desenvolvimento espiritual da humanidade, e uma delas é a Vara de Aarão. No início da existência concreta, a geração era realizada sob a sábia direção dos Anjos, que assistiam para que o ato criador fosse realizado nos momentos em que os raios de força interplanetários eram propícios, e o ser humano também foi proibido de comer da Árvore do Conhecimento. A natureza dessa árvore foi prontamente determinada a partir de sentenças como “Adão conheceu sua esposa e ela deu à luz Caim”; “Adão conheceu sua esposa, e ela deu à luz Seth”. “Como posso dar à luz a uma criança visto que não conheço um homem?”, como foi dito por Maria ao Anjo Gabriel.
À luz dessa interpretação, a afirmação do Anjo (não foi uma maldição), quando descobriu que seus preceitos foram desobedecidos, “morrendo morrerás”, também é compreensível, pois os corpos gerados independentemente das influências cósmicas não esperariam que persistisse.
Por isso, o ser humano foi exilado dos reinos etéricos da força espiritual (Éden), onde cresce a árvore do poder vital; exilado para a existência concreta em Corpos físicos Densos que ele gerou para si. Certamente foi uma bênção, pois quem de nós possui um corpo totalmente saudável e perfeito, segundo a nossa opinião e quem gostaria de viver nele para sempre?
Por isso, a morte é uma dádiva e uma bênção, na medida em que nos permite retornar aos reinos espirituais periodicamente e, assim, construirmos melhores veículos para cada retorno à vida terrena. Como disse Oliver Wendell Holmes[1]:
“Constrói alma minha, as mais belas mansões
Enquanto as estações se sucedem!
Deixa teu humilde passado!
Que cada novo templo, mais nobre que o anterior,
Te separe do céu com um domo mais amplo,
Até que, por fim, possas ficar livre,
Abandonando tua pequena concha no revolto mar da vida!”
No decorrer do tempo, quando aprendemos a evitar o orgulho da vida e a luxúria da carne, o ato gerador deixará de minar nossa vitalidade. Então, a energia vital será usada para a regeneração, e os poderes espirituais, simbolizados pela Vara de Aarão, serão desenvolvidos.
A varinha do mágico, a lança sagrada de Parsifal, o Rei do Graal, e a Vara de Aarão que floresceu são símbolos (ou emblemas) dessa força criadora divina, que faz maravilhas as quais chamamos de milagres.
Contudo, que fique bem claro que ninguém que chegue a tal ponto na evolução, simbolizado pela Arca da Aliança na Sala Oeste do Tabernáculo, jamais usará esse poder para fins egoístas. Quando Parsifal, nome dado ao herói do mito da alma, tendo testemunhado a tentação de Kundry e provado estar emancipado do maior de todos os pecados, os da luxúria e a falta de castidade, ele recuperou a lança sagrada roubada pelo mago negro Klingsor, do rei do Graal caído e impuro, Amfortas. Então, viajou por muitos anos pelo mundo procurando novamente o Castelo do Graal, e disse: “Muitas vezes eu fui atormentado por inimigos e tentado a usar a lança em defesa própria, mas sabia que a lança sagrada nunca deveria ser usada para ferir, e tão somente para curar”.
E essa é a atitude de todo aquele que desenvolve, dentro de si, o florescimento da Vara de Aarão. Embora ele possa transformar essa faculdade espiritual em condições de prover pão para uma multidão, ele nunca pensaria em transformar uma pedra em pão para si mesmo, para aplacar a própria fome. Mesmo que ele tenha sido pregado à cruz para morrer, não se libertaria dela com o poder espiritual que havia exercido prontamente, para salvar os outros da sepultura. Apesar de ter sido insultado todos os dias de sua vida como impostor e charlatão, nunca utilizaria indevidamente seu poder espiritual para revelar qualquer sinal pelo qual o mundo pudesse conhecer, sem sombra de dúvida, que ele era regenerado ou nascido no céu. Essa foi a atitude de Cristo-Jesus, que tem sido e é imitada por todo aquele que é um Cristo em formação.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
[1] N.T.: (1809-1894) – médico americano, professor, palestrante e autor
A Arca da Aliança é importante e repleta de grande significância mística, merecendo nossa atenção, que o aroma do serviço voluntário seja representado como uma doce fragrância perfumada de incenso, enquanto o odor do pecado, do egoísmo e das transgressões da lei, representado pelo sacrifício compulsório no Altar do serviço, é nauseante. Não se precisa, pois, de muita imaginação para compreender que a nuvem de fumaça, que subia continuamente das carcaças queimadas dos animais sacrificados, exalava um cheiro nauseante, forte e muito ruim para mostrar a destacada repugnância disso, enquanto o contínuo incenso oferecido no Altar, antes do segundo véu, por antítese, mostrava a beleza e a sublimidade do serviço altruísta, exortando o Maçom Místico, como um filho da luz, a deliberadamente evitar um e a continuar a acreditar firmemente no outro.
Também é bom deixar bem claro que o serviço não consiste, somente, em realizar grandes feitos. Alguns que são chamados de heróis foram, em suas vidas cotidianas, bons e simples, e se destacavam apenas nas ocasiões em que era necessário. Os mártires foram inseridos no calendário dos santos porque morreram por uma causa; entretanto, o maior heroísmo, o grande martírio é, às vezes, fazer as pequenas coisas que ninguém nota e se sacrificar no serviço simples aos outros.
Vimos, anteriormente, que o véu na entrada do pátio exterior e o véu em frente à Sala Leste do Tabernáculo eram confeccionados em quatro cores – azul, vermelho, púrpura e branca. Porém, o segundo véu, que dividia a Sala Leste do Tabernáculo da Sala Oeste, diferia em relação à caracterização dos outros dois. Foi forjado com as figuras dos Querubins. Porém, não consideraremos o significado desse fato até que abordemos o assunto da Lua Nova e da Iniciação, mas agora examinaremos o segundo recinto do Tabernáculo, a sala ocidental, chamado de Santíssimo ou Santo dos Santos. Atrás do segundo véu, nessa segunda sala, nenhum mortal poderia passar a não ser o Sumo Sacerdote e, mesmo assim, era permitido a ele entrar somente uma vez por ano, a saber, no Yom Kippur, no Dia da Expiação, e somente após a mais solene preparação e com o maior reverente cuidado. O Santo dos Santos era revestido com a solenidade de outro mundo; estava repleto de uma grandeza sobrenatural. O Tabernáculo inteiro era o santuário de Deus, mas, aqui nesse local estava a certeza absoluta da Sua presença, a morada especial da Glória Shekinah, e qualquer ser mortal tremia ao se apresentar dentro desses recintos sagrados, como deveria acontecer com o Sumo Sacerdote, no Dia da Expiação.
No Livro do Êxodo, na Bíblia, em 25:10-22 e 37:1-9 lemos: “Fareis uma arca de madeira de acácia; seu comprimento será de dois côvados e meio, sua largura de um côvado e meio, e sua altura de um côvado e meio. Tu a recobrirás de ouro puro por dentro, e farás por fora, em volta dela, uma bordadura de ouro. Fundirás para a arca quatro argolas de ouro, que porás nos seus quatro pés, duas de um lado e duas de outro. Farás dois varais de madeira de acácia, revestidos de ouro, que passarás nas argolas fixadas dos lados da arca, para se poder transportá-la. Uma vez passados os varais nas argolas, delas não serão mais removidos. Porás na arca o testemunho que eu te der.
Farás também uma tampa de ouro puro, cujo comprimento será de dois côvados e meio, e a largura de um côvado e meio. Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro, fixando-os de modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão esses querubins suas asas estendidas para o alto, e protegerão com elas a tampa, sobre a qual terão a face inclinada. Colocarás a tampa sobre a arca e porás dentro da arca o testemunho que eu te der. Ali virei ter contigo, e é de cima da tampa, do meio dos querubins que estão sobre a arca da aliança, que te darei todas as minhas ordens para os israelitas.”
A Arca da Aliança ficava na parte mais ocidental da Sala Oeste (o Sanctum Sanctorum), extremo oeste de todo o Tabernáculo. Era um receptáculo vazio que continha o Pote de Ouro do Maná, a Vara de Aarão que floresceu e as Tábuas da Lei, que foram dadas a Moisés. Enquanto essa Arca da Aliança permanecia no Tabernáculo no Deserto, as duas varas ficavam colocadas sempre dentro dos quatro anéis da Arca, para que ela pudesse ser levantada e transportada a qualquer momento. Mas, quando a Arca finalmente foi transportada para o Templo de Salomão, as varas foram retiradas. Isso tem um significado simbólico de grande importância. Sobre a Arca pairavam os Querubins, e entre eles habitava a não criada glória de Deus.
“Aqui”, disse Ele a Moisés, “Eu virei a ti, e, de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho, falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel.”[1].
A glória do Senhor, vista acima do Propiciatório, tinha a aparência de uma nuvem. O Senhor disse a Moisés: “Fala a Aarão teu irmão: que ele não entre em momento algum no santuário, além do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca. Poderá morrer, pois apareço sobre o propiciatório, em uma nuvem”[2].
Essa manifestação da divina presença foi chamada entre os judeus de Glória Shekinah. Sem dúvida, sua aparência era de uma maravilhosa glória espiritual, da qual é impossível formar qualquer concepção adequada.
Fora dessa nuvem, a voz de Deus era ouvida com uma profunda solenidade quando Ele era consultado em prol do povo.
Quando o Aspirante tinha se qualificado para entrar nesse local, atrás do segundo véu, ele encontrava tudo escuro (aos olhos físicos), e era preciso que ele tivesse outra luz, interior. Quando ele chegou pela primeira vez ao portão oriental do Templo, estava “pobre, nu e cego”, pedindo LUZ. Então, lhe foi mostrada a luz fraca que surgia na fumaça acima do Altar do Sacrifício, e lhe disseram que ele deveria desenvolver, para avançar, dentro de si mesmo essa chama, resultado do remorso pelas transgressões à Lei. Mais tarde, ele recebeu a luz mais brilhante na Sala Leste do Tabernáculo, que procedia do Candelabro de Sete Braços; em outras palavras, ele recebeu a luz do conhecimento e da razão para que por ela pudesse avançar, ainda mais, no caminho. Contudo, era necessário que ele desenvolvesse, dentro de si e ao seu redor, pelo serviço, outra luz, o “Traje de Bodas” dourado, que também é a luz do Cristo do Corpo-Alma. Por meio de vidas dedicadas ao serviço, essa gloriosa essência da alma penetrava, gradualmente, em toda a sua aura até ficar envolta por uma luz dourada. Só quando tivesse desenvolvido essa luz interna, ele poderia entrar nos recintos sombrios do segundo Tabernáculo, como às vezes é chamado, o Santo dos Santos.
“Deus é luz; se andarmos na luz como Ele está na luz, seremos fraternais uns com os outros.” Isso geralmente é usado para indicar apenas a Fraternidade dos Santos, mas, de fato, se aplica também à Fraternidade que temos com Deus. Quando o Discípulo entra no segundo Tabernáculo, a LUZ dentro de si vibra com a LUZ da Glória Shekinah entre os Querubins, e ele realiza a Fraternidade com o Fogo do Pai.
Assim como os Querubins e o Fogo do Pai, que pairavam sobre a arca, representam as Hierarquias Divinas que guiavam a humanidade durante sua peregrinação pelo deserto, assim também a Arca que era encontrada ali representava o ser humano em seu desenvolvimento mais elevado. Havia, como já foi dito, três coisas dentro da Arca: o Pote de Ouro do Maná, o Bastão que floriu e as Tábuas da Lei.
Quando o Aspirante estava no portão oriental como filho do pecado, a lei estava fora dele, como orientador para trazê-lo a Cristo. Exigia com severidade implacável um “olho por olho e dente por dente”. Cada transgressão trazia uma recompensa justa, e o ser humano estava circunscrito por todos os lados por leis que o ordenavam a fazer certas coisas e a não fazer outras. Contudo quando, por meio de sacrifício e serviço, ele finalmente chegou ao estágio de evolução representado pela Arca na sala ocidental do Tabernáculo, as Tábuas da lei estavam dentro dele. Então, ele se emancipou de toda a interferência externa em suas ações – não que ele infringisse alguma lei, mas porque ele trabalhava com elas. Assim como aprendemos a respeitar o direito de propriedade dos outros e, portanto, nos tornamos emancipados do mandamento “Não furtarás”, também aquele que guarda todas as leis, porque deseja fazê-lo, não precisa mais de um orientador externo, mas de bom grado obedece em todas as coisas, porque ele é um servo da lei e trabalha com ela, por escolha e não por necessidade.
[1] N.T.: Ex 25:22
[2] N.t.: Lv 16-2
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
Antes de tudo, pode-se perguntar: por que um Estudante Rosacruz deve se aplicar em estudar com afinco o Tabernáculo no Deserto?
O Apóstolo São Paulo nos ensinou que o Tabernáculo no Deserto era uma sombra de grandes coisas que vêm. Por isso, pode ser interessante e proveitoso ao candidato que vem ao Templo em tempos atuais descobrir qual é o significado desse Altar de Bronze, com seus sacrifícios e a queima da carne. A fim de que possamos compreender esse mistério, primeiro de tudo, devemos assimilar a grande e absoluta ideia essencial que fundamenta todo verdadeiro misticismo; a saber, que essas coisas estão dentro e não fora de nós. Afinal, não é o Cristo externo que salva, mas o Cristo Interno. O Tabernáculo foi construído no passado; é claramente visto na Memória da Natureza quando a visão interior tenha sido suficientemente desenvolvida para tal; porém, ninguém deve esperar qualquer ajuda do símbolo externo. Devemos construir o Tabernáculo dentro dos nossos corações e da nossa consciência. Devemos vivenciar, como uma real experiência interna, o ritual completo do serviço lá demonstrado.
Vamos a um resumo do mobiliário do Tabernáculo no Deserto:
Vamos detalhar algumas peças e mobiliários do Tabernáculo no Deserto:
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
O Tabernáculo no Deserto, o que foi e para que serve hoje: um resumo
O Pai nos fala na linguagem simbólica que ao mesmo tempo encobre e revela as verdades espirituais que devemos entender antes de voltarmos a Ele.
O Tabernáculo no Deserto foi dado para que pudéssemos encontrar Deus quando nos qualificássemos pelo serviço e tivessem subjugado a natureza inferior pelo “eu superior”.
Foi a nossa primeira igreja, quando o “caminho de volta para Deus” tinha que ser começado a ser trilhado por nós (fim da Involução e início da Evolução).
Sua localização estava relacionada aos pontos cardeais, e foi colocada na direção leste para oeste (o caminho da evolução espiritual) – leste a sua entrada e oeste onde estava o lugar mais sagrado do Tabernáculo: o lugar da Arca da Aliança.
A natureza ambulante do Tabernáculo no Deserto é a representação simbólica da nossa natureza migratória, já que somos um eterno peregrino passando sempre do limite do tempo para a eternidade para voltar novamente (ciclo de nascimentos e mortes).
Sob a aparência material e terrena, estava esquematizada uma representação de fatos celestiais e espirituais que continham instruções a todos os candidatos à Iniciação daquela época
Antes que o símbolo do Tabernáculo no Deserto possa, hoje, realmente nos ajudar, devemos transferi-lo do espaço do deserto para o lar em nosso coração. Assim teremos alcançado o verdadeiro significado da espiritualidade. E aqui já vemos que não é o Cristo externo que nos salva, mas o Cristo Interno.
Vamos a um resumo do mobiliário do Tabernáculo no Deserto:
Vamos detalhar algumas peças e mobiliários do Tabernáculo no Deserto:
Tendo percorrido os dois primeiros passos no caminho do Tabernáculo no Deserto, o Aspirante tinha acesso à Sala Leste, em cuja entrada pendia um Véu ou cortina nas cores azul (cor do Pai), vermelho (cor do Espírito Santo), púrpura (resultado do azul + vermelho) e o branco (que contém todas as cores). O amarelo (cor de Cristo) não estava presente de forma manifestada, mas oculto na composição da cor branca, mostrando-nos, assim, a realidade espiritual da humanidade da época.
Se visualizarmos em nossa Mente a disposição dos objetos no interior do Tabernáculo, nitidamente perceberemos a sombra da cruz. Começando pelo Portão Oriental, havia o Altar dos Sacrifícios; um pouco além, em direção ao Tabernáculo mesmo, encontramos o Lavabo de Bronze, no qual os sacerdotes se lavavam logo depois de entrarem na Sala Leste do Tabernáculo no Deserto.
Encontramos no extremo esquerdo o Candelabro de Sete Braços; e no extremo direito a Mesa dos Pães da Proposição, os dois formando uma cruz no caminho que estamos seguindo ao longo e dentro do Tabernáculo. No centro, em frente ao segundo véu, encontramos o Altar de Incenso que forma o centro da cruz, enquanto a Arca da Aliança, colocada na parte mais ocidental (o Sanctum Sanctorum), representa a parte superior da cruz.
Desse modo, o símbolo do desenvolvimento espiritual, que é o nosso mais elevado ideal nos dias de hoje, já estava delineado no antigo templo de Mistérios.
São Paulo em sua Epístola aos Hebreus (8:5), nos fala do tabernáculo como “… uma sombra das coisas celestiais …”
“Se visualizarmos em nossa Mente a disposição dos objetos no interior do Tabernáculo, perceberemos nitidamente a sombra da cruz.” (veja mais detalhes no Livro Iniciação Antiga e Moderna).
Que as rosas floresçam em vossa cruz