Bem no fundo do nosso coração existe o anseio místico que foi implantado no primeiro Natal, quando a luz de Cristo fixou um lugar definido dentro e sobre este denso Planeta Terra.
A história do nascimento de Cristo quer seja entendida literal, mística ou simbolicamente, traz a cada um de nós uma verdade fundamental que eleva todo o nosso ser a uma altura não alcançada até então, à medida que nossas faculdades espirituais evoluem e funcionem para perceber e aceitar tal verdade.
Para o Aspirante à vida superior, as palavras de Cristo, “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:6) carregam um significado transcendente. Parsifal pergunta: “Quem é o Graal?”. E a resposta indica uma elevada percepção espiritual:
Se tu foste por Ele convidado,
De ti o fato não será afastado…
À terra para Ele nenhum caminho conduz,
E a busca só nos afasta mais d’Ele, até,
Quando Ele próprio o Guia não é.
Uma verdadeira interpretação da lenda do Natal requer, antes de tudo, um entendimento. Por mais obscuro que ela seja no início, o nascimento do menino Jesus na manjedoura, no estábulo entre os animais, simboliza o primeiro e tênue nascimento da consciência de Cristo dentro de nós.
A minúscula chama interior, que é a chama de Cristo, está adormecida dentro de nós. Ela agora recebe um estímulo suficiente para crescer e se ampliar até que, afinal, nos tornemos um fator poderoso na nossa própria e o primeiro passo em direção a Deus-Pai, por meio do Cristo, o Deus-Filho.
Já alcançamos um estágio nesse Esquema de Evolução que percebemos o nosso veículo de expressão, um conjunto de Corpos e uma Mente, já o vivificamos, de modo que, entre os “animais” da nossa natureza inferior, na manjedoura ou no local de alimentação das nossas faculdades animais, o “bebê” da Consciência Crística nasce. A manjedoura, o berço do Menino Jesus, é um lugar de santuário.
Uma grande manifestação solar se concretiza no Natal. Os grupos de forças que compõem essa manifestação foram personalizados ao longo dos tempos. A história bíblica, quando interpretada corretamente, contém uma aproximação da verdade real. Toda a história do Natal é um símbolo universalmente aplicável.
Em uma data, que hoje chamamos de 25 de dezembro, nasceu o Irmão Maior Jesus, o ser humano que teve a benção de ceder seu Corpo Denso e o seu Corpo Vital – depois, quando tinha 30 anos de idade – ao Cristo, a Luz do Mundo, o portador da Luz espiritual para todos nós. Desde a antiguidade, muitos mitos dizem respeito ao nascimento do “Cristo místico”. Quer tenha nascido em uma caverna, um estábulo ou em outro lugar, esse nascimento tem dois grandes significados simbólicos:
1. O nascimento da “paz na terra aos homens de boa vontade”. A entrega de uma nova Lei a nós, expressa aqui: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros.” (Jo 13:34).
2. O nascimento da consciência Crística para aqueles que, verdadeiramente, aspiram às alturas da verdade espiritual. Nenhuma contradição pode contrariar essa verdade universal.
Em sentido Cósmico, o Natal celebra a descida da Luz Divina, o Espírito penetrando e permeando a matéria. No sentido humano, é a descida do Filho de Deus, a Luz Espiritual, à matéria, a entrada do “Ego no Corpo Denso”.
A Véspera de Natal, entre 24 e 25 de dezembro, é considerada a noite mais sagrada do ano, porque nessa meia-noite as influências espirituais são as mais fortes. Na Iniciação, o candidato, por meio da visão espiritual, vê a mística Estrela de Belém, o Sol espiritual que brilhou na Noite Santa, que o conduz ao Cristo interior. Em seu coração ecoa uma canção profética e imortal: “Paz na terra e boa vontade para os homens. (Lc 2:14). Alegrai-vos, filhos da Terra, porque hoje vos nasceu um Rei” (Lc 2:11), os Serafins cantaram naquela Noite Santa, muito tempo atrás.
Presentes foram trazidos para o nascimento de Jesus no casebre do pastor — preciosas dádivas de ouro, incenso e mirra: poder espiritual, sabedoria e movimento foram derramados sobre a criança recém-nascida, a Luz Crística no coração humano, o bebê nos braços de sua mãe, a grande mãe Terra que carrega, nutre e preserva o minúsculo veículo vital. Esses dons, ou qualidades, foram derramados pelos gloriosos Magos dos reinos Cósmicos, que abençoam e enriquecem cada nascimento espiritual e individual.
Esses poderes, em relação à e irradiados pela luz prateada da esplêndida Estrela Crística, derramam sobre nós, ainda que fracos e sofredores, sua influência e força estimulantes, sem as quais o curso nesse Esquema de Evolução seria, para cada um de nós, muito mais difícil e prolongado.
Os Magos, elevados Iniciados, foram atraídos para o lugar sagrado por sua percepção interior e pelo conhecimento do evento cósmico que aconteceria: o nascimento do “Salvador do mundo”. Os três Reis Magos representam aqueles Egos avançados que foram reunidos em propósito comum das três Raças primárias. Seus dons significam as várias faculdades ou invólucros humanos que entram no processo de manifestação. Eles são conduzidos pela gloriosa Estrela ao “Salvador do Mundo”, cujo objetivo da forma física era fornecer um veículo material e etérico para um Espírito universal, o Cristo.
Um dos Reis Magos trouxe ouro, designado simbolicamente como o emblema do Tríplice Espírito.
O outro trouxe o incenso, que é uma substância física de natureza muito leve, frequentemente usada em serviços religiosos, simbolizando o nosso Tríplice Corpo.
E o outro trouxe mirra. É o extrato de uma planta aromática muito rara. Simboliza aquilo que nós (por meio do nosso Tríplice Espírito), trabalhando sobre o nosso Tríplice Corpo, extraímos por meio da experiência no Mundo Físico: a Tríplice Alma.
Maria, a mãe, era o foco da luz, o sagrado crisol etérico onde acontecia a transmutação dos elementos. Ela representa o ideal da pureza, devoção e humildade que torna possível o renascimento do mais evoluído dos Egos humanos.
Os pastores que viram a Estrela caracterizam a visão interior do Fogo Divino, conforme esse Fogo vem para aqueles no plano terrestre, cuja piedade abriu a janela da alma e ativou a Clarividência. O discernimento deles lhes permitiu ver a glória nos Céus e sentir os impulsos espirituais irradiando da Estrela maravilhosa.
A Estrela que simboliza a chama de forças concentradas para trazer à expressão material uma apresentação física do Logos, o “Salvador do mundo”.
Naquele dia o ar estava reverentemente silenciado, como se prendesse a respiração, pois naquele momento estava arrebatadoramente focado em Belém (que significa nascimento). Silêncio, solidão e adoração desenvolvem o olho perspicaz, o ouvido interno e o Espírito sensível.
Especialmente neste Natal não devemos centralizar nosso pensamento nessas verdades? Não devemos meditar sobre a verdadeira interpretação da sublime narrativa do Natal, aprofundando nosso conhecimento e avivando nossa compreensão sobre esse evento místico? Não devemos centrar nossos esforços na expansão de nossa capacidade de servir?
Celebremos este Natal prestando ao Menino Jesus o amor e a homenagem que Lhe são devidos, além dos nossos dons e bênçãos.
Regozijemo-nos com os pastores: “Porque vimos a Sua Estrela no oriente e viemos adorá-Lo” (Mt 2:2). Ele, que ilumina a cada um de nós que viemos ao mundo, permanecendo iluminando o nosso Caminho (querendo a gente ou não).
Afinal, como símbolo da Verdade e da Vida, a Estrela de Belém revela o caminho que conduz a Deus-Pai. Pois foi Cristo que nos ensinou: “Para onde Eu vou, vós também ireis” (Jo 14:2).
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross novembro/dezembro/1995 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Há muitos Estudantes Rosacruzes que ainda não vislumbraram a sublime analogia existente entre os ensinamentos da Astrologia Rosacruz fornecidos pela Fraternidade Rosacruz, a história nos Evangelhos e o Treinamento Esotérico que direcionará adequadamente as nossas forças no Corpo Denso, o qual, segundo a máxima oculta Hermética de “Como é em cima, assim é embaixo”, é um reflexo do ser humano Cósmico. Esse esquema é dado como alimento para o pensamento; há muitas relações não mencionadas que, não obstante, serão reveladas na meditação.
O primeiro grande caráter na históriado Evangelho é a Virgem Maria. É pura e imaculada, mas dá Nascimento ao Redentor. Na Astrologia celestial vemos o Signo de Virgem, a virgem, sempre pura e, não obstante, a “Mãe de todas as coisas criadas”. A Hierarquia Criadora (Elohim) relacionada com esse Signo Zodiacal é a dos Senhores da Sabedoria. O seu reflexo terrestre é a Terra, como produtora de sementes e cachos de uvas, que o ser humano, com o seu engenho, transforma em “pão e vinho”. O ser humano cria com o que Deus deu e pode instrumentalizar ou tornar essa criação mais eficiente, pelo uso do poder de Mercúrio, o “pensador”. Mercúrio, “o mensageiro de Deus”, rege a Mente Concreta; esse é o refletor entre o Espírito, a Alma e o Corpo. Mercúrio é o Regente de Virgem.
No microcosmo, reflexo do macrocosmo, Virgem rege a região abdominal. Virgem governa o baço, o qual é a porta de entrada da energia solar, que pela alquimia de Mercúrio é transformada no rosado fluído vital. Virgem, assim como as vísceras, é o alambique no qual o alimento, que tomamos, é transmutado dentro do Corpo Denso em células renovadas, a fim de que os nossos veículos não morram de inanição. A Terra Mãe provê a substância necessária.
Pois bem, o nascimento de Jesus aconteceu desta maneira: um Anjo (Gabriel) anuncia a Maria, que é uma virgem casada com José (Tekton), da casa de Davi: “Encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo.”[1]. Maria era clarividente e podia perceber o Ministério dos Anjos nas concepções.
“O pai de Jesus, José, era um Iniciado de elevado grau, que uma única vez na sua vida deixou o caminho do celibato. Em anteriores renascimentos tinha esgotado o tempo de ser pai de Família” (Livro: Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel). Somente um Mestre pode ser pai do Corpo de outro Mestre. José era um Iniciado e podia discernir o Mistério dos Anjos.
Jesus nasceu em Belém, quando José e Maria ali foram pagar os seus tributos. Belém (de Bethlem) significa “um lugar de pão” (Virgem). Mas, a hospedaria estava tão cheia e o nascimento teve lugar na “cova de Davi” que desde remotos anos tinha sido usada como estábulo. E “o menino foi colocado num presépio”.
Surpreende a muitos de nós que o nascimento do Redentor fosse rodeado de tal ambiente. Mas, devemos aprender que o simbolismo da história dos Evangelhos tem um significado para todos da educação esotérica.
Herodes, o mundano governante da Terra, procurou matar o pequeno porque lhe tinham dito que o menino seria maior do que ele e que governaria em seu lugar.
Os “três reis magos” advertiram José e Maria e esses levaram o menino e fugiram para o Egito. Quando Herodes morreu, voltaram à Terra e subiram a Jerusalém (a cidade da Paz). Ali Jesus ensinou no Templo e mais tarde expulsou dele os agiotas e aqueles que vendiam animais para os sacrifícios.
O grande capítulo da analogia evangélica que se segue refere-se ao grande trabalho, o “Caminho da Cruz”, aos trabalhos desde Jerusalém ao Gólgota, a Crucificação, Ressureição e Pentecostes.
Na Astrologia Rosacruz é-nos ensinado que há três grandes correntes de fogo espiritual simbolizado pelo Signo de Fogo de Áries (a cabeça, regente da triplicidade intelectual), de Leão (o coração; regente da Triplicidade Maternal) e de Sagitário (regente da Triplicidade Reprodutora). Estão relacionados com a Trindade de Deus, com as três grandes Hierarquias e com três centros espirituais do ser humano.
Áries significa o Fogo Intelectual, Leão, o Fogo Vital Funcional e Sagitário, o Fogo Reprodutor. Têm os seus grandes centros, respectivamente, na cabeça e no cérebro; no coração e no Plexo Celíaco; na região sacra e no órgãos sexuais. O grande trabalho da evolução é o de aumentar e equilibrar a ação dessas três grandes correntes de Fogo Espiritual Único.
Aprendemos que antes que o ser humano desenvolvesse o cérebro e a inteligência, os fogos reprodutores e funcionais eram mais poderosos e durante algum tempo tivemos duplo sexo, as fases positiva e negativa do fogo reprodutor aparente nas gerações. O grande trabalho de equilibrar esses três fogos mencionados não está ainda cumprido e é nos mistérios do Redentor, em que achamos escondida a indicação dos processos conducentes a esse objetivo. Esses processos estão relacionados com os grandes Mistérios Solares e com a Transmutação. Têm relação com o Mistério do Tabernáculo no Deserto. Esses processos estão indicados nos ensinamentos esotéricos de todas as Religiões, ali colocados para aqueles que “têm olhos para ver”.
Nos tempos atuais são os Mistérios desvendados e o ser humano é posto sobre a sua própria responsabilidade, como Deus do Templo. À humanidade é ensinada a natureza das suas forças e os efeitos do pensamento, da emoção e das ações sobre o seu Corpo Denso; seu ambiente e a sua evolução espiritual. Não há nada oculto que não possa ser revelado.
Quando compreendermos a Individualidade e a relacionarmos com esta lição, veremos como os frutos da transmutação são incorporados ao Ser Imortal, esse “Eu Sou” que foi antes de Abraão: o Espírito Humano.
O veículo Espírito Humano é o terceiro aspeto do Trino Espírito Virginal. Funciona na Região do Pensamento Abstrato, o “lar” do Espírito Humano e Ego.
O Espírito Humano atua na eterna realização de princípios e poderes abstratos, tendo acesso a toda a sabedoria acumulada durante as duas grandes partes desse Esquema de Evolução: a Involução e a Evolução, veículo do Tríplice Espírito e da Tríplice Alma.
Todas as ordens de inerências espirituais agem na região do Pensamento Abstrato. As Hierarquias Criadoras não têm pensamento concreto. O seu trabalho está em harmonia com uma perfeita unidade espiritual e cumprindo a Vontade de Deus. Elas não conhecem o mal. As ordens criadoras conscientes de si mesmas, como a humanidade, especializam-se como Egos e recolhem experiências das relações do bem e do mal.
Do ponto de vista do Evangelho, José representa o iluminado Ego. Doponto de vista astrológico, Mercúrio, desenvolvendo-se por meio dos poderes de Gêmeos, Libra e Aquário, simboliza José.
Esse é preparado para a Matrimônio Místico. Maria é unida a José pelo Sumo Sacerdote. O Sumo Sacerdote é o Espírito Humano. Esse é representado astrologicamente por Júpiter e Sagitário e a nona Casa astrológica.
Recorde-se que o Sumo Sacerdote oficiava no Santo dos Santos e via a Glória de Sekinah. Recebia instruções para o povo, da Gloriosa Trindade, na Arca da Aliança. Do ponto de vista esotérico, o Ego, consciente de si mesmo como Personalidade com um nome definido, demasiado identificado com o organismo, pode despertar na sua real dignidade pelo Espírito Humano. Isso pode alcançar-se guiando-nos pelos ditames superiores antes que pelas atrações externas. E dessa forma instruídos com essas asas emancipadoras, chegaremos a amar e apreciar Maria, que é o fruto espiritual da vida pessoal.
Desta união da “Cabeça com o Coração”, consumada pela inteligência abstrata, nasce dentro de nós o Redentor, enquanto trabalhamos na senda do dever. Jesus nasce enquanto José e Maria estão em Belém para “pagar tributo”. Mas, as pousadas estavam cheias e o nascimento ocorre num estábulo onde dormiam animais e Jesus foi colocado num presépio. Esotericamente, o poder unido da inteligência iluminada e do coração purificado pode alcançar o fogo sexual e transmutar parte dele pela região sacra (Sagitário). José e Maria pegam o Menino Jesus e fogem para o Egito (Sagitário, um país estrangeiro). Fogem para o Egito para escaparem da perseguição de Herodes, que procura o menino para matar. Herodes representa Marte, o desejo, o eu inferior, a paixão e todos os vícios.
Neste estado do nosso estudo esotérico, o nosso egoísmo luta contra o ameaçador triunfo do “Eu Superior”. O Sol, todavia, governa Leão, onde Cristo é Rei. Paralelamente Herodes governa em Jerusalém. Judas (Marte e Escorpião) trai Cristo “com um beijo” (Vênus e Touro). Paixão que delata o Amor, enquanto o Redentor (o Sol em Leão) chega ao seu próprio lugar.
Quando Herodes morreu e o seu país foi governado por outro, José e Maria voltam a Israel e vão a Jerusalém. Jesus é encontrado ensinando no Templo, donde mais tarde Ele expulsa os mercadores e todos aqueles que vendiam animais para o sacrifício.
Pela nossa lealdade à “Luz que está diante de nós” e o sagrado “Trabalho do Templo”, os Probacionistas e aqueles que se esforçam em ser Discípulos, estão ajudando a trazer Jesus do Egito a Jerusalém. Nessa analogia física e espiritual, o fogo reprodutor é, primeiramente, desviado do sexo (em alguma extensão) e centralizado na região sacra, além de vivificar o Plexo Celíaco. Esse, por sua vez, estimula a atividade harmoniosa das glândulas endócrinas das suprarrenais e do baço e o ritmo do sistema nervoso.
Paralelamente com esse trabalho, é subjugado o materialismo, abolida a alimentação carnívora (mamíferos, aves, peixes, crustáceos, répteis, anfíbios, frutos do mar e afins), assim como as paixões e o egoísmo. O ritmo amoroso do coração é mudado parcialmente desde a paixão egoísta do amor possessivo (Marte em Escorpião) até ao amor de Cristo (Sol em Leão). Jesus, em Jerusalém, afirma ser um Filho de Deus. Faz milagres provendo o que se necessita e curando os enfermos e doentes. Além disso, passa pelo “Caminho da Cruz” de Jerusalém ao Gólgota. Esforça-se por salvar “aos que estavam perdidos”, a consciência espiritual da multidão. “Ressuscita os mortos”, aqueles que acreditavam ser somente organismos físicos. Ajuda outros a chegarem a ser “Filhos de Deus”. “Segue-me e deixa que os mortos enterrem seus mortos”[2], reprende os Seus Discípulos. Ele ensina e cura, expulsa os demônios e fala com o poder da Palavra.
Do ponto de vista esotérico, o Redentor depois de purificar o “Templo” (o Corpo Denso), mudada a natureza do sangue e depois de ter dominado a “natureza inferior”, cumpre o seu ministério em prol da humanidade. Ensinando, curando, liberando com o poder da verdade, o Discípulo serve o Mestre. Mas, Jesus pode ser conduzido perante Pilatos. E o Grande Uno é julgado por um inferior. Pilatos representa a Mente Concreta, com grande desenvolvimento de faculdades; síntese do mentalismo não iluminado, não subjugado pelo Espírito Humano nem pela Sabedoria do Coração.
O “Tribunal de Pilatos” é a cabeça, o cérebro, a Mente pessoal. Pilatos representa esse último inimigo da consciência espiritual, enquanto luta para se estabelecer dentro de si mesmo e manifestar a sua divindade. Pilatos representa o Ego forte em poderes pessoais, mas ainda não preparado para se entregar ao “Eu impessoal”, e reconhecer a Cristo.
Muitos filósofos e mestres bem conhecidos passaram por essa prova ou julgamento de suas obras. Grandes dirigentes nacionais chegaram ao zênite da glória, do poder mundano, mas tendo sempre na sua Mente martelando a interrogação interna: “o que é a Verdade?”[3].
Devemos recordar aquelas palavras de Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim. Se me conheceis, também conhecereis a meu Pai”[4]. Recordemos a acusação de um mestre a Napoleão: “E agora que alcançaste o máximo do poder mundano a quem és útil: a Napoleão ou a França?”. O Egoísmo provocou a sua ruína. Esse “Eu Sou” chamado Napoleão abandonou o “Eu Sou Impessoal”, que era “antes de Abraão”.
Muitos Mestres espirituais passaram por essa prova. Depois de anos dedicados ao trabalho, autossacrifício e desinteressado serviço, veem acusada ou desafiada a sua autoridade e em vez de permanecerem fiéis ao Doce Nazareno, rebelam-se defendendo o seu direito e razão, entrando num período de megalomania ou supremacia egoística, até que, novamente, encontram a Luz. Cristo Jesus foi fiel à definição do amor espiritual que demonstrou com a Sua obra na Sua morte serena sobre a cruz. Nós, como Cristãos, passamos pelo Caminho da Cruz percorrendo uma parte dele, até que o Pai nos recolha em seu seio para nos fazer descansar e preparar-nos para outro dia na Escola da Vida Terrestre.
Aprendamos novas lições no “grande laboratório alquimista” seguido de outro passo de transmutação, até alcançar a meta. Pequeno menino em Cristo: “Sê de bom ânimo e perfeita inclinação para que conheça quem te enviou e para que estejas aqui. Segue a Luz, Nosso Senhor, que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Até que Cristo seja formado em ti, nós te ajudaremos”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – abril/1969-Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R.: Lc 1:30-32
[2] N.T.: Mt 8:22
[3] N.R.: Jo 18:38
[4] N.R.: Jo 14:6-7