A reverência pela Vida, pelo Amor e pela Luz, perfeitamente compreendida em toda intensidade do significado dessas três poderosas palavras, só pode ser conseguida depois que o significado transcendente do sagrado Sol se torne parte do nosso conhecimento interior como Sabedoria e Amor.
Os êxtases divinos que vêm, como recompensa aos “puros de coração”, trazem consigo um conhecimento de Deus e esse conhecimento encerra em si a majestade do nosso Deus Solar, cujos poderes estão por trás do Sol físico, visível.
A glória do nosso Deus Solar é muito pouco avaliada por nós. Não somos agradecidos pelo Seu enorme sacrifício.
Por trás do Sol físico há o Sol Espiritual, invisível aos nossos olhos mortais. Este Sol Espiritual é, na realidade, nosso Pai que está nos céus. “N’Ele vivemos, nos movemos e temos a nosso ser”[1].
Não nos maravilha que os antigos Caldeus, com sua sabedoria divina que era parte inerente de sua consciência, consciência essa muita diferente da nossa atual, adorassem o Sol. Pois eles conheciam diretamente, em primeira mão, que esse grande Espírito Solar era, na realidade, seu Pai e que a Vida, o Poder e a Luz de todo o nosso Sistema Solar eram Seus.
No poderoso movimento que agora sacode a Terra com a finalidade de nela fermentar o amor e a inteligência espiritual, no movimento da Fraternidade Rosacruz, mais uma vez a Astrologia Rosacruz encontra seu lugar, lugar sagrado que conservou durante muito tempo nas civilizações passadas. Em vista desse fato, é aconselhável mostrar qual o propósito real do Sol na Astrologia Rosacruz, isto é, seu propósito como veículo de Deus e como o horóscopo de nascimento é um mapa sagrado; é uma assinatura nossa – um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui – escrita nos céus.
O Sol é o centro do nosso Sistema Solar. É a Luz, o Amor e a Vida que alimentam nosso Sistema Solar. A Luz Espiritual é o Pai, o aspecto Vontade; o Amor é o aspecto Filho (Cristo) e a Vida é o Espírito Santo (Jeová), o aspecto atividade ou fecundante. Essa Trindade Divina forma o Deus Trino e Seu Poder é representado na Astrologia Rosacruz pelo Sol que alimenta e serve nosso organismo como um todo.
Conhecendo esses fatos é nosso dever auxiliar, prestar assistência e servir aqueles que necessitam. Tanto isso é verdadeiro que na Era de Aquário aqueles que fizeram mau uso dos seus conhecimentos da Astrologia Rosacruz para fins egoístas, como meio de obter ganho (seja financeiro ou de fama ou de poder), perderão o seu conhecimento. A Astrologia Rosacruz será conhecida somente por aqueles que olham essa Ciência Divina e Sagrada com santa intenção.
À luz dos fatos precedentes, consideremos o lugar e a força do Sol num horóscopo. O Sol, como centro de toda vida e de todo ser, é a nota-chave de qualquer horóscopo. A força básica, inerente ao motivo, é determinada pela força e posição do Sol, completada pela da Lua. Os Planetas são os distribuidores de destino, e o Ascendente significa o ser humano físico.
A força do Sol pode, é logico, ser modificada pelo Signo que o contenha. Os Signos Fixos lhe dão mais força, seguindo dos Signos Cardeais (ou Cardinais) e depois os Signos Comuns. Um Sol numa Casa Angular também mostra a força com a qual somos fortalecidos para enfrentarmos as adversidades da vida psicofísica.
A 1ª Casa é um angulo feliz para o Sol. É um lugar de força e fornece abundância de vitalidade, quando ele não está afligido por Aspectos adversos (Quadratura, Oposição e algumas Conjunções adversas). Reconhece-se facilmente uma pessoa com o Sol na 1ª Casa, porque tem Personalidade que ela consegue comandar. É o que pode ser chamado de “Dignidade Solar”. As “almas mais velhas” é que têm o Sol na 1ª Casa e são caracteres esplendidos. Dessas, temos exemplo notável em Max Heindel que tinha o Sol nos primeiros graus de Leão. Nesses indivíduos, se vê o Sol em seus rostos, pois possuem o que chamamos de expressão solar. Tais indivíduos conseguem grande desenvolvimento espirituais com Aspectos benéficos ou adversos. Uma pessoa já despertada, mesmo com um horóscopo cheio de Aspectos adversos, transmuta os obstáculos e os egoísmos, fazendo-os de degraus para o altruísmo, dependendo da força e do modo de aplicação da vontade despertada.
Contrariando a opinião popular a respeito, vemos que a 4ª Casa é uma posição muito forte para o Sol. Podemos chamar a 4ª Casa de ângulo magnético-psíquico. Em geral, como se passa nessa Casa como real, espiritual, esse ângulo é o mais forte dos quatro. O Sol na 4ª Casa fornece a maior parte dos obstáculos e impedimentos durante a vida física. Contudo, quando o Sol está fortalecido, proporciona à pessoa coragem e habilidade ativa para se sobrepor aos obstáculos e se ela tiver força de vontade já desenvolvida, ganhará grande crescimento anímico com isso. Seu estado evolucionário se elevará, conforme a quantidade de trabalho progressista que tenha feito durante esse renascimento. Com o Sol nessa posição há abundância de possibilidades espirituais latentes, trazidas dessa vida ou de vidas passadas. Todavia, essas possibilidades serão, por certo, cerceadas e incapazes de terem expressão completa. O nadir é um ponto psíquico e oculto, e traz abundantes dificuldades; mas também fornece força suficiente para que a pessoa se sustenha em todas as situações difíceis. O “teste supremo da alma” vem, em geral, àqueles que têm o Sol na 4ª Casa.
O Sol na 7ª Casa fornece um esplêndido campo de ação para os sentimentos mais nobres e para as emoções mais elevadas. De acordo com o estado e Destino Maduro da pessoa, assim serão as experiências que terá com o púbico e suas relações. Na Era de Aquário, agora próxima, as pessoas com o Sol na 7ª Casa serão procuradas para serem elevadas a posições em que muito beneficiarão a Humanidade. Esse ângulo, portanto, é um ponto estratégico para a alma sábia se expressar em suas relações com os companheiros de viagem do porto do Nascimento ao porto da Morte.
O Sol na 10ª Casa está em posição idêntica à da primeira. No entanto, a 10ª Casa lhe aumenta o poder. Habilita a pessoa para os lugares de autoridade e da dignidade. Essa posição proporciona às pessoas força e propósito e não importa a esfera em que vivam, serão bem conhecidas, tanto no bem como no mal.
Todos os Aspectos, benéficos ou adversos, deverão ser cuidadosamente considerados. Os Aspectos adversos fornecem incentivo e força para melhorar no caminho espiritual. Proporcionam desejos de transmutar o que é inferior no que é mais elevado. Os Aspectos adversos do Sol impelem as almas despertadas para a sua realização e se elas possuírem a coragem necessária, obterão vitórias genuínas, que lhes fornecerão simetria anímica, isto é, “a cabeça e o coração” unidos em perfeito equilíbrio, como é o ideal Rosacruz.
Há horóscopos com Aspectos benéficos cujos possuidores são pessoas indolentes, preguiçosas e que não tem inclinação para tomarem os negócios de Deus-Pai; por outro lado, há horóscopos com Aspectos adversos, cujas pessoas são impelidas por uma fome anímica enorme que as fazem ativas, determinadas, que tudo fazem para se sobreporem a vida material, grosseira. Quando um horóscopo está com muitos Aspectos adversos há, em geral, uma grande necessidade interna de luz, quer isso se manifeste ou não, o que depende da Vontade espiritual.
Os Aspectos adversos, especialmente entre o Sol (Espírito) e Marte (os sentidos), invariavelmente oferecem os melhores caminhos para o nosso avanço espiritual, se soubermos escolhê-los. Tais Aspectos proporcionam a nós excelente oportunidade para muito desenvolvimento espiritual. De fato, estando despertados espiritualmente quase sempre mudamos o nosso temperamento e a nossa Personalidade pelo uso correto das forças dinâmicas ativas entre o Sol e Marte. Além disso, é axiomático que todas as pessoas ativas têm, indubitavelmente, algum Aspecto entre Marte e o Sol, pois, onde há Aspecto, seja ele benéfico ou não, há ação! Onde não há, dificilmente há ação.
Os que são espiritualmente “vivos” sabem como pôr sua força anímica (a Lua) como mediadora entre as forças de Marte e as altas vibrações do Sol. Dessa alquimia mística, dessa divina sublimação surgirá uma essência que confere poder e liberdade espiritual.
O segredo do Sol é o segredo da vida. Aquele que ordena sua vida sabiamente, com inteligência aquariana, será purificado e transmutado por meio do caminho do Sol constituído pelos doze símbolos divinos, os doze Signos de Zodíaco.
Pelo estudo reverente da Astrologia Rosacruz pode-se chegar à união espiritual com a consciência do Cristo.
O poder do Sol vitaliza todo o Cosmos, rico em diversidade, embora esplêndido na unidade. A variedade unitária da natureza é espantosa em sua glória, estupenda em sua magnificente beleza. Tempo virá em que as pessoas que estão imersas em pompa e nos desejos físicos, deverão sair da escuridão em busca da Luz.
Aqueles que vibram com a força do Sol estão, agora, tentando destruir as condições cristalizadas do mundo; está fornecendo verdades que fermentarão toda a Terra no futuro, verdades que darão maior incentivo a nós para viver a Vida de Cristo, verdades que terão de ser praticadas e compreendidas antes que a Era de Aquário chegue.
A avareza, a luxúria, o ódio, a ignorância e todas as outras limitações que nos mantêm presos devem ser afastadas, devem ser repelidas pelos processos de limpeza promulgados pelos vanguardeiros. Estamos num dia de transição, num dia de purificação. A força do Cristo está cada vez mais se fortificando na Terra e saiba a maioria ou não, creia ou não, o regime de Cristo está se estabelecendo, apesar da aparente contradição das atuais condições do mundo. A harmonia, a cooperação, o altruísmo se tornarão realidade e substituirão os mitos que hoje são ensinados e que são discutidos por aqueles que menos os praticam no mundo.
Deste fervente caldeirão da idade moderna surgirá, todavia, a democracia de Aquário, a Democracia de Cristo, um estado de vida agradável e harmonioso que vem sendo previsto. A simpatia, a compreensão, a tolerância, a amizade, a compaixão e a fraternidade humana serão fatos e não teorias. Pois, acreditemos ou não, somos os guardiões dos nossos irmãos e das nossas irmãs, e os verdadeiros aquarianos serão aqueles que farão a Sua Vontade, a Vontade d’Aquele que os enviou a Sua “Vinha”.
E em cada horóscopo do ser humano, o Sol nos fornece a conhecer seu estado aquariano, se tivermos conhecimento bastante para ler essa mensagem mística.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro/1960 – Fraternidade Rosacruz – SP – Traduzido de “Rays from the Rose Cross” pela Fraternidade Rosacruz do Rio de Janeiro em 1935)
[1] N.T.: At 17:28
À medida que deixamos para trás as vinte e quatro horas de tempo, pouco pensamos nos fenômenos naturais que estão envolvidos na formação do dia.
Quando falamos apenas do dia, especialmente se formos versados em Ciências e tivermos uma consideração pedante pelo uso exato dos termos, podemos significar duas coisas bem diferentes. O dia que todos conhecemos e normalmente temos em mente é conhecido pela ciência como dia solar.
Os fenômenos do dia solar são claramente aparentes à observação. Nenhum cálculo é necessário para determinar suas características. Primeiro vemos o Sol no leste. Observamos então seu movimento aparente do horizonte leste para o oeste, embora o movimento seja apenas ilusório. O fenômeno é realmente causado pelo constante giro da Terra, do oeste para o leste, em seu eixo. Ele então permanece oculto à vista, enquanto a noite cai sobre nós, até que o vejamos novamente no leste. Fomos assim testemunhas da passagem de um dia solar.
A outra coisa que podemos ter em mente quando falamos geralmente do dia é o que podemos chamar, por falta de um nome melhor, de dia estelar; a palavra que agora empregamos é derivada do latim stella, uma estrela. Esse dia é medido pela rotação da Terra sobre seu eixo em relação às estrelas fixas, como se não houvesse Sol no céu e como se a Terra não estivesse, durante sua rotação contínua, correndo ao longo da sua órbita ao redor do Sol.
Ao falar do nosso dia solar que foi observado, tivemos as vinte e quatro horas começando ao nascer do Sol. Os astrônomos medem o dia a partir do meio-dia. Assim, eles definiram o dia solar como sendo o intervalo de tempo que decorre entre dois retornos consecutivos do mesmo meridiano terrestre ao Sol. Falando com menos exatidão, pode-se dizer que é o tempo gasto em uma volta completa da Terra sobre seu eixo, pois é essa volta, ou rotação que, em média a cada vinte e quatro horas, apresenta um dado meridiano terrestre ao Sol.
Vamos agora entender por que não é estritamente correto dizer que o dia solar é marcado por uma volta completa do nosso globo em seu eixo gigantesco. O dia que está tão bem definido é realmente o que chamamos de dia estelar. Deve ser lembrado que, à medida que gira, nossa esfera viaja rapidamente ao longo de um caminho ou órbita ao redor do Sol. Mais uma vez devemos notar que a taxa na qual a Terra se move ao longo da sua órbita está longe de ser uniforme ao longo do ano. A órbita não é um círculo, mas uma elipse, e o globo está mais próximo do Sol em alguns estágios do seu movimento do que em outros.
Quando estamos mais próximos do Sol, diz-se que a Terra está no periélio; quando estamos mais longe, diz-se que está em afélio. A mudança na distância do Sol, operando pela lei da gravidade, acelera e retarda sucessivamente a velocidade com que nos movemos em torno do grande luminar, que é o centro do Sistema Solar. Podemos agora ver que efeito o movimento orbital tem sobre a duração do dia solar. Nosso avanço ao longo da órbita a taxas variáveis de velocidade, sendo o avanço considerável durante cada rotação da nossa esfera sobre seu eixo, torna incerta a duração dos intervalos entre os sucessivos retornos dos meridianos ao Sol, por mais uniformes que possamos conceber os períodos realmente ocupados pela rotação a ser medida pelas estrelas fixas. Portanto, embora invariavelmente consideremos o dia solar como tendo vinte e quatro horas de duração, a verdade é que raramente podemos descrever esse período em sua duração; embora, como indicamos acima, vinte e quatro horas seja a sua duração média.
Como resultado das variações na duração do dia solar, os relógios, que mostram a hora de acordo com o dia estelar, muitas vezes não concordam com o relógio de Sol, que registra a hora solar verdadeira. Flammarion[1] nos dá a seguinte tabela de “tempos” que um relógio bem regulado mostraria ao meio-dia solar em certos dias do ano, em determinado local.
1º de janeiro 15 de janeiro 1º de fevereiro 11 de fevereiro 15 de março 1º de abril 15 de abril 1º de maio 15 de maio 1º de junho 15 de junho 1º de julho 26 de julho 15 de agosto 31 de agosto 15 de setembro 1º de outubro 15 de outubro 3 de novembro 16 de novembro 1º de dezembro 15 de dezembro 25 de dezembro | 12:04 P.M. 12:10 “ 12:14 “ 12:14 “ 12:09 “ 12:04 “ 12:00 meio-dia 11:57 A.M. 11:55 “ 11:57 “ 12:00 meio-dia 12:03 P.M. 12:06 “ 12:04 “ 12:00 meio-dia 11:55 A.M. 11:49 “ 11:46 “ 11:43 “ 11:44 “ 11:49 “ 11:55 “ 12:00 meio-dia |
Será entendido do que dissemos que é apenas do ponto de vista da nossa relação com o Sol que a duração do dia é variável. O tempo real consumido em uma rotação da Terra sobre seu eixo, sendo o que chamamos de dia estelar, é praticamente exato e é inferior a vinte e quatro horas. Se, então, considerarmos o dia como sendo coincidente com o período realmente ocupado por uma volta do globo sobre seu eixo, e não olharmos para o Sol como nosso mentor, uma inspeção das estrelas fixas ensina que a duração do dia é de vinte e três horas, cinquenta e seis minutos e quatro segundos.
As condições que declaramos são assim colocadas de forma impressionante pelo Professor Poynting[2]: “O Sol não é um cronometrista regular. Nosso dia de vinte e quatro horas é apenas a média entre meios-dias sucessivos ou momentos em que o Sol está no Sul. Se comparado com um bom relógio, o Sol está em algumas partes do ano muito adiantado e em outras, muito atrasado; às vezes, até um quarto de hora. A variação do dia solar se deve em parte à inclinação do eixo da Terra em relação ao plano em que se move em torno do Sol e em parte à variação do movimento da Terra em torno do Sol em diferentes épocas do ano. As estrelas fixas marcam um bom tempo, dando a volta em cerca de quatro minutos a menos de vinte e quatro horas. Por elas os relógios são avaliados. O dia delas é o verdadeiro horário da nossa revolução da Terra”.
O dia foi dividido em partes de vinte e quatro horas desde os primeiros tempos; embora, em diferentes partes do mundo e em diferentes períodos da história, seu início tenha sido colocado em diferentes pontos das vinte e quatro horas. Nos tempos atuais e na maioria dos países, geralmente considera-se que o dia começa à meia-noite, designando-se as doze horas antes do meio-dia como A. M. ou ante meridiem (antes do meio-dia), e aquelas depois do meio-dia, P. M. ou post meridiem (após o meio-dia).
Os antigos caldeus e os gregos modernos faziam o dia começar ao nascer do Sol, enquanto, pelo menos até alguns anos atrás, os italianos e os boêmios o começavam ao pôr do Sol. Os antigos gregos, em vez de dividir o dia inteiro em vinte e quatro partes iguais, cortaram o período de luz em doze porções iguais e o período de escuridão no mesmo número.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de agosto/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: Nicolas Camille Flammarion, mais conhecido como Camille Flammarion (-1925), foi um astrônomo, pesquisador psíquico e divulgador científico francês.
[2] N.T.: John Henry Poynting (1852-1914) foi um físico inglês.