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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

RECEITA – BOLINHOS DE ESTUDANTES

BOLINHOS DE ESTUDANTES

INGREDIENTES:

  • 2 xícaras (chá) de TAPIOCA granulada
  • 2 xícaras (chá) de leite de côco
  • 1 1/2 xícara (chá) de coco ralado
  • 1 xícara (chá) de açúcar (ou a gosto)
  • 1 pitada de sal
  • 50 g de canela em pó
  • Açúcar de sua preferência para polvilhar
  • Óleo para fritar

MODO DE PREPARO:

  • Em uma panela, misture o leite de coco e o açúcar e deixe esquentar, mexendo sempre até diluir todo o açúcar.
  • Em uma travessa, coloque a tapioca e o coco ralado, e em seguida, despeje o leite de coco adoçado.
  • Adicione o sal, misture bem e deixe hidratar por cerca de 30 minutos.
  • Modele os bolinhos no formato desejado, aqueça o óleo vegetal de sua preferência e frite os bolinhos.
  • Em uma travessa, disponha os bolinhos em papel toalha para escorrer.
  • Em outro recipiente, misture o açúcar e a canela em pó, passe os bolinhos nessa mistura e sirva.
  • Rende 10 bolinhos do tamanho de almôndegas.
PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Pequena Árvore Perturbada

A Pequena Árvore Perturbada

A pequena árvore estava assustada. Bem, talvez não exatamente assustada, mas terrivelmente perturbada.

No entanto, não era a primeira vez que ela se sentia assim. Houve aquela vez quando ela estava dormindo de forma tão confortável. Be-e-em, não era propriamente dormindo, mas dormitando no solo gostoso, escuro e muito bem aquecido. Tinha sido tão delicioso permanecer lá, no solo amigo, espreguiçando-se de vez em quando para se desenferrujar. Mas, um dia, uma esticada ambiciosa tirou sua cabeça do solo e um exuberante bocejo transformou-se em um grito assustado. A situação foi efetivamente muito difícil. Por mais que ela tentasse, não podia retirar sua cabeça debaixo do solo amigo.

O solo tinha sido um tanto desalmado, também. Antes, tinha sido sempre muito amigo, aconselhando a arvorezinha a espalhar suas raízes para fora, a fim de colher alimento com mais facilidade. Esse mesmo solo tinha sido tão prestativo em armazenar alimentos e umidade no local adequado – como se estivesse colocando uma mesa de banquete bem em frente dela, apesar da arvorezinha nada entender sobre mesas. Mas, agora, o solo tinha apenas rido de sua terrível situação.

– O que posso fazer? lastimou a arvorezinha. É tão estranho ter minha cabeça descoberta.

– Estranho, realmente, zombou o insensível solo. Meu Deus, será que terei de suportá-la durante toda sua vida?

Pare de se lastimar e absorva tudo o que você puder dessa maravilhosa luz do Sol.

– O que é a luz do Sol? perguntou a arvorezinha.

– Boba, disse o solo, olhe para cima e você verá o Sol. Não há engano!

Naturalmente, a arvorezinha não o conhecia, como tudo isso aconteceu logo pela manhã, o Sol estava apenas iniciando sua jornada através do céu, assim, quando a arvorezinha olhou para cima, lá estava o Sol. Ele sorriu da maneira mais gentil possível, de forma que a arvorezinha retribuiu o seu sorriso sentindo-se muito bem. Esta situação era excelente e ela parou para pensar sobre isso.

– Por que você não me falou antes sobre este adorável lugar? Disse a árvore, repreendendo o solo, olhando-o fixamente. Você sabia disso o tempo todo, ela acusou.

O solo não lhe deu qualquer resposta, mas sorriu de maneira cordial. A arvorezinha suspirou aliviada. Mais uma vez ela virou sua face para o Sol. Ela olhou tão fixamente para esse Astro amigo que quase ficou cega. Então, transferiu seu olhar para o solo, piscou e piscou até que sua visão se tornou normal outra vez. Aí começou a olhar para todos os lados. Ela estava cercada por uma verdadeira floresta ou qualquer outra coisa, porque não sabia como chamá-la. E algumas de suas companheiras eram bem maiores que ela.

– Olá, ela saudou a árvore mais próxima, que era muito maior que ela.

– Você está se dirigindo a mim? perguntou friamente a árvore alta, com grande dignidade. A arvorezinha nada sabia sobre dignidade, e espantou-se, e isto fez com que ela se sentisse encabulada.

– Sim, senhora, a arvorezinha rapidamente respondeu, recuperando-se. Que lugar é este?

– Este é um viveiro, explicou a árvore grande.

– O que é um viveiro? quis saber a arvorezinha.

– É um lugar, disse a árvore grande, onde as arvorezinhas como você são cuidadas até que chegue a hora de partir.

-Partir? A arvorezinha estava se tornando cada vez mais perplexa. O que significa partir?

– Bem, é – partir.

A árvore grande estava evidentemente em dificuldades – talvez nem mesmo soubesse a resposta.

– Você não sabe o que significa partir? a arvorezinha persistiu.

Mas, antes que a grande árvore pudesse responder, as companheiras que estavam ao seu redor puseram-se a rir, agitando-se em contentamento, enquanto a árvore alta parecia agitar-se de desgosto. Só que toda essa agitação devia ser por causa de uma brisa brincalhona que veio dançando e balançava as árvores para lá e para cá.

As demais árvores não deram opinião, e até mesmo o solo não a ajudou, pois ele tinha aconselhado:

– Não faça tantas perguntas. Somente espere, que no devido tempo você saberá.

– O que é o tempo? a arvorezinha quis saber.

Porém, o solo não deu resposta. Depois disso, a pequena árvore passou o dia entretida olhando para o Sol e para suas companheiras.

Depois, ficou novamente perturbada, mais ainda do que quando retirou sua cabeça do solo. Notou que o Sol estava fazendo uma espécie de jogo. Parecia estar perseguindo ou correndo atrás de alguma coisa no céu, mas a arvorezinha não foi capaz de saber o que era. E, de repente, o Sol sumiu de vista. Isto a surpreendeu tanto, que perguntou novamente, e desta vez em um tom mais digno de uma árvore.

– O que aconteceu? a arvorezinha indagou timidamente, para ninguém em particular.

– É noite, bobinha, as outras árvores responderam em coro.

– O que é noite? desejava saber a arvorezinha.

– Hora de dormir, disse a árvore maior, que tinha respondido durante o dia, às suas perguntas.

Então, como que sentindo um pouco de vergonha de si mesma pela impaciência anterior, acrescentou:

– O Sol foi dormir para estar revigorado de manhã e seria melhor você fazer o mesmo.

A arvorezinha queria saber o que era manhã, mas achou melhor não perguntar. Estava ainda perturbada e em nenhum momento sentiu sono e sequer sonhou durante toda a noite.

Na manhã seguinte estava muito surpresa. Naturalmente lá estava o Sol e todas as outras árvores e o solo. Mas, o surpreendente era que, embora não se lembrasse de ter se esticado – isto devia ter ocorrido pois sua cabeça estava muito mais alta – estava mais próxima do Sol do que quando fora dormir. Todas essas coisas surpreendentes aconteceram e tudo muito de repente.

A arvorezinha estava feliz – mesmo com todos os seus sobressaltos – e, à medida que os dias passavam, ela notava com satisfação que, mesmo durante o dia, sua cabeça tornava-se mais alta, cada vez mais próxima do Sol.

Ela aceitou o conselho do solo e raramente fazia qualquer pergunta agora. O ambiente que a cercava já não a incomodava – acostumara-se a ele. Sabia, sem que lhe dissessem, que o seu corpo se chamava tronco, e ficou orgulhosa o dia em que uma folhinha tinha aparecido no seu próprio tronco! Lá ela permaneceu fazendo uma bela decoração, pensou a arvorezinha. Ela nada mencionou, pois notou que algumas de suas companheiras estavam enfeitadas com duas e até com três folhinhas. Ela não as invejou. Absolutamente. Parecia a ela que muitos enfeites não significavam bom gosto. De qualquer forma, ela decidira esperar e ver como as coisas se desenrolariam. E assim o tempo passou meses naturalmente, apenas a arvorezinha não sabia disso porque não sabia ler um calendário.

Um dia, algo que se movia caminhou por entre seu grupo e amarrou alguma coisa no seu tronco. A princípio ela se sentiu desconfortável, mas logo habituou-se com aquela coisa. Como decoração deveria ter o seu valor, exceto que todas as suas amigas tinham as mesmas coisas amarradas em seus troncos, assim ela não levava nisso qualquer vantagem. Essas coisas que se moviam entre o seu grupo eram muito estranhas. Não pareciam árvores, isto é, não muito. E emitiam sons esquisitos enquanto falavam. A arvorezinha desejou saber como seria movimentar-se como elas, embora jamais pudesse se mover dessa maneira, pois elas tinham dois troncos. Ela tentou arrancar suas raízes do solo, de maneira que pudesse tentar a experiência, mas teve que desistir porque o solo estava tão aderido a elas, que não conseguiu movê-las. E a única resposta que recebeu ao questionar o solo foi de censura: “Não seja boba”. Ela gostaria de saber, um tanto ansiosa, o que significava ser boba, mas decidiu não perguntar.

Depois de desfrutar de uma vida sem problemas por alguns meses, durante os quais sua cabeça continuou cada vez mais próxima do Sol, ela estava novamente pen…. Não, desta vez ela estava realmente assustada. Aquelas coisas que frequentemente se moviam entre seu grupo tinham vindo novamente e olhado, com atenção, a coisa amarrada em seu tronco e uma delas disse:

– Aqui está exatamente o que você procura, um vigoroso pessegueiro dourado.

Isto lhe soou tão engraçado que a arvorezinha quase entrou em convulsão de tanto rir. Uma daquelas coisas que se movia a chamara de vigoroso pessegueiro dourado, quando ela e todas as suas amigas sabiam, com toda certeza, que ela era uma árvore. Mas, seu sorriso foi sufocado quando algo duro passou através do solo muito rudemente e quase cortou uma parte de suas raízes. De repente, suas raízes estavam fora do solo e ela estava se movendo diretamente através das fileiras de suas companheiras, sem mesmo tocar no chão. Ela tentou gritar, mas estava obstruída em sua seiva e mal conseguiu respirar. Ela ouviu debilmente a voz da árvore mais alta,que tinha respondido a tantas de suas perguntas, dizer:

– Agora, você sabe o que significar partir.

Se isso significava partir, a arvorezinha decidiu que não gostava disso, nem um pouco. De fato, quando se recuperou de seu susto, ela ressentiu-se enormemente. O fato de ter perguntado o significado de partir, não queria dizer que ela realmente quisesse saber. Não podia entender porque mostravam a ela as coisas, quando simplesmente se interessava em saber como eram e aí nem sempre recebia resposta. A vida realmente estava se tornando muito complexa.

O partir não tinha sido tão mal, como descobriu depois, pois suas raízes encontraram um novo solo amigo que imediatamente as abrigou de maneira mais reconfortante. Assim, a pequena árvore voltou ao seu estado normal de fazer perguntas enquanto olhava ansiosamente o seu novo lar, o Sol ainda apostava corrida no céu, o que era reconfortante, e o solo era tão amigo como tinha sido o outro. Aí, deu um olhar mais atento para as redondezas.

Suas companheiras estavam bem mais distantes umas das outras do que estavam antes, e aparentemente ela era a única árvore pequenina neste estranho novo lugar.

Uma grande e velha árvore estava por perto e a arvorezinha pediu a ela uma informação.

– Isto é um viveiro? ela queria saber.

A velha árvore respondeu, de maneira cordial, dizendo:

– Não, isto é um pomar.

– O que é um pomar? perguntou a arvorezinha.

– Um lugar onde as árvores vivem, foi a resposta.

– Mas pensei que este lugar onde as árvores vivem fosse um viveiro, pelo menos foi o que me disseram as outras arvorezinhas.

– Bem, explicou a velha árvore, há lugares e lugares. As árvores moram em ambos; no viveiro quando são pequenas e no pomar quando são mais velhas.

– Oh, murmurou a arvorezinha excitadamente e, em seguida agitou os seis galhos que lhe tinham crescido, enquanto permaneceu no viveiro. Entendi, um viveiro é um viveiro, mas um pomar é um partir.

– Um partir?

A velha árvore ficou muito surpresa até que a arvorezinha explicou sobre como a árvore mais alta, no viveiro tinha lhe dito que haveria uma época de partir.

– Sei, a velha árvore riu. Não, um pomar não é um partir. Um viveiro é um viveiro, um pomar é um pomar, e o que acontece entre dois é que é partir.

Essa explicação não ajudou muito a arvorezinha, mas ela decidiu nada mais perguntar sobre o assunto.

– Você é quase uma árvore grande, disse-lhe a velha árvore.

Isso deu à arvorezinha um sentimento de importância que era muito agradável – algo como o agradável sentimento que tinha quando se esticava.

– O ano que vem, disse-lhe a velha árvore, você dará frutos.

– O que é fruto? perguntou a arvorezinha.

– Espere e verá, respondeu a velha árvore e, então, como o solo lhe havia dito uma vez, acrescentou: espere e no tempo certo você saberá.

Respostas estranhas, pensou a arvorezinha com irritação. Por que não respondiam suas perguntas? Parecia-lhe que era tão fácil responder suas perguntas quanto dizer que ela esperasse. Logo esqueceu disso, pois estava interessada em descobrir e conhecer o que estava à sua volta. Ela tinha muitas folhas agora, mas em vez de estarem no seu tronco, estavam nos seus galhos. Davam-lhe um bom efeito, ela pensou.

E assim, muitos meses se passaram. Mais galhos brotaram e os mais velhos tornaram-se maiores e mais folhas surgiram. A arvorezinha realmente estava emocionada até às raízes. Aí, começou a acontecer uma coisa. Ela não ficou assustada nem perturbada, mas desejava saber por que sua seiva se dirigia as suas raízes, em vez de ir para seu tronco e seus galhos.

– Não pense nada sobre isso, a velha árvore aconselhou. Você está se preparando para o sono do inverno.

– Mas eu durmo todas as noites, protestou a arvorezinha. E se eu devo dormir durante esse inverno o que é isso? O inverno vem entre o dia e a noite ou entre a noite e o dia?

– Nem uma coisa nem outra, respondeu a velha árvore. Você já passou por isso no viveiro, mas era muito jovem para se lembrar. Apenas espere e, no tempo devido, você saberá.

Mas a arvorezinha estava experimentando uma sonolência tão grande que nem se ressentiu da resposta que tantas vezes já ouvira. E ela estava cada vez mais sonolenta, de maneira que nem percebeu que suas folhas caíram. E logo se esqueceu de tudo e entrou num sono profundo.

Mais tarde acordou – a velha árvore lhe disse que era primavera. Naturalmente a arvorezinha agora mais do que quando dormira – queria saber o que era a primavera, mas estava muito ocupada para perguntar. Sua seiva, ela percebia, estava fluindo fortemente através de seu tronco e de seus galhos. O Sol brilhava alegremente, e suas folhas estavam brotando de uma forma maravilhosa. A vida, parecia a ela, era algo que valia a pena. Este sentimento, ela pensou, devia ter alguma relação com a coisa chamada primavera, mas ela percebeu que não adiantava querer saber como a primavera tinha chegado, pois tanto ela como as suas amigas tinham dormido, e assim não havia ninguém para lhe responder sobre tais assuntos.

Então, um dia, ela ficou terrivelmente surpresa, pois pequenas coisas brancas e rosadas estavam em todos os seus galhos. Nada de assustar naturalmente e eram bem decorativas, mais ainda do que as folhas. Ela estava bastante orgulhosa dessa nova contribuição ao seu guarda roupa. Notou que a árvore velha também tinha as mesmas coisas em seus galhos, só que em maior número; assim sendo, pediu a ela explicações.

– São botões, explicou a árvore velha. Primeiro os botões, depois os frutos.

A arvorezinha decidiu nada perguntar sobre os frutos – ela já havia perguntado uma vez, sem resultado. De qualquer forma, ela estava muito ocupada com os acontecimentos. Passarinhos e abelhas ficavam em volta dela o tempo todo. Soube de seus nomes pela velha árvore. Eles eram ótimos companheiros e divertidos. Os passarinhos sentavam-se em seus galhos e faziam um barulho agradável – eles eram efetivamente bem alegres e simpáticos. Naturalmente que a linguagem deles era muito mais forte do que a do suave suspiro das árvores. E as abelhas pareciam se deliciar com os botões, pois ficavam à sua volta e dentro deles a maior parte do dia.

Mas, aí chegou um dia de consternação, seus botões estavam caindo. Ela apelou para o conselho da árvore velha.
Meus botões estão caindo, ela disse excitadamente. Será que eu também vou cair?

– Absolutamente, assegurou-lhe a árvore velha. Você está se preparando para os frutos. Você é um pessegueiro e os seus frutos serão pêssegos.

– Oh! a arvorezinha recebeu a informação dolorosamente. É uma pena eu perder os botões quando eles são tão atraentes.

Ela tinha certeza que se sentiria nua, ou como alguém se sentiria com um mínimo de adornos.

Porém, sobreviveu à tragédia e permaneceu bem atenta observando o crescimento de seu primeiro fruto. De início, sentiu-se um tanto desapontada. As pequenas coisas verdes, nodosas, não eram tão bonitas como seus botões e, de qualquer forma, ela tinha esperado algo diferente. Não podia explicar bem o que esperava – a única coisa que sabia é que não estava satisfeita. Mas, pouco a pouco, dia após dia, refez sua opinião. Não se podia negar o fato de que se tornavam mais bonitos cada dia – todos os seus seis frutos. Ela tinha ficado muito entusiasmada e tinha até mesmo se vangloriado um pouco de sua proeza para a árvore velha. Esta tinha sorrido, afavelmente.

Entretanto, tinha chegado o dia da grande tragédia o dia em que outros tomaram conhecimento da arvorezinha. Ela tinha notado que aquelas mesmas coisas que se moviam sobre o solo, no viveiro, também se moviam e do mesmo modo, no pomar. De início, suspeitou muito delas, pois teve medo que ela fosse partir novamente. Porém, como nada aconteceu, ela gradualmente deixou de suspeitar deles e até mesmo lhes deu boas vindas, especialmente quando admiravam suas vestes de folhas e botões. Mas, ultimamente, elas estavam admirando seus frutos – até mesmo os tocavam. Ela não se importava muito. Coitados, eles não possuíam os frutos dourados que ela possuía.

Mas, que horror! Aquelas coisas que se moviam no pomar tinham arrancado seus belos frutos – todos os seis, covardemente! Como ela poderia sobreviver a isso? Seus belos frutos – seus únicos frutos!

Com sofrimento, ela contou para a árvore velha o terrível golpe. Contou-lhe todo o cuidado que tomara com seus frutos, do orgulho que tinha deles – tudo reduzido a nada.

E a árvore velha com carinho a consolava:

– Arvorezinha, você completou um ciclo de sua Vida. Você veio aqui para cumprir uma missão.

– Quem fez isso? perguntou a arvorezinha. Nunca ninguém me contou sobre uma missão. Houve partidas, tempos, invernos e primaveras, mas nunca ninguém me falou sobre missão.

Diante disso, a árvore velha sorriu com ternura, através de seus muitos troncos.

– Ouça, ela disse, as coisas que pegaram os seus frutos chamam-se homens. Eles pensam que colocaram você aqui, mas não é bem assim. Deus, que criou você, é que o fez. E Deus lhe deu uma missão a cumprir. Ele quis que você tivesse folhas, após lhe dar galhos vigorosos. Assim, os passarinhos puderam descansar e gozar de sua sombra.

– Quem fez os passarinhos? perguntou a arvorezinha. Eles têm uma missão? E por que não criam sua própria sombra?

– Bem, bem, reprovou a árvore velha, não faça muitas perguntas. Estou falando sobre você, apesar de falar sobre os passarinhos, Deus os criou, como criou as outras coisas.

Deus é uma árvore como nós? a arvorezinha quis saber.

– Não, respondeu a velha árvore. Agora deixe-me terminar sua história. Depois que suas folhas cresceram, vieram os botões. Isto foi a primeira tarefa para, em seguida, crescerem os frutos. Mas você também foi feita para enfeitar o mundo – e isso é tão importante quanto frutificar – pois você estava muito bela com suas folhas verdes e botões cor-de-rosa.

A arvorezinha aprumou-se. Era bom ser apreciada, pensou.

– Também, continuou a velha árvore, os botões continham alimento para as abelhas que você tanto admirou. Aí vieram os frutos que os homens comerão, pois eles não podem comer a luz solar, como faz você.

– Eu não gosto que eles comam os meus frutos, disse a arvorezinha. Meus pêssegos são tão belos!

– Esse é o motivo de você ser uma árvore, continuou a velha árvore, como se não tivesse sido interrompida. Olhe o que você fez: abrigou os pássaros, alimentou as abelhas, foi uma coisa de grande beleza e agora alimenta os homens. Esta é sua missão. Deus lhe deu uma grande participação no trabalho da vida. No próximo ano, você fará tudo novamente.

– Bem, murmurou a arvorezinha, espero que Deus esteja satisfeito. Quanto ao próximo ano – esperarei e saberei, no devido tempo – talvez.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Jornada com as Fadas

Uma Jornada com as Fadas

O pequeno Tiago parou atrás do alpendre da linda casinha branca onde ele, sua mãe, papai e seu cachorro Jobi estavam passando os belos e quentes dias de verão.

E, à propósito, não podemos deixar de mencionar Anabela.

No entanto, no momento Tiago não estava pensando em guloseimas ou pastéis, estava pensando em algo mais.

Ele tinha ouvido uma amiga de Anabela falar sobre um eco que poderia ser ouvido na praia, perto de casa. Tiago, que gostava de saber sobre tudo, desejava conhecer o que um eco podia ser. Então, aquela noite, quando sua mãe o mandou para cama, ele disse:

– Por favor, mamãe, diga-me o que é um eco?

– Um eco, filhinho, repetiu mamãe. Onde você ouviu falar sobre o eco?

Ouvi alguém falar a Anabela sobre um eco que pode ser ouvido da praia, respondeu Tiago.

– Oh, sim, sorriu sua mãe. Bem, Tiago, um eco é uma fada, e uma fada normalmente vive em uma grande caverna ou numa casa vazia.

– Uma fada. Oh! mamãe, você já viu uma? Como elas são? E o que elas fazem? exclamou Tiago.

– Resposta à primeira pergunta, respondeu mamãe com um sorriso. Não, eu nunca vi um eco. Ninguém pode ver, nós só o ouvimos. O que eles fazem? Quando alguém grita próximo de sua casa, eles sempre respondem,

repetindo o que foi dito.

– Mas isso é falta de educação, observou Tiago.

– Oh, não, respondeu Mamãe seriamente, eles fazem isso de uma maneira gentil e amigável.

– Eu gostaria de saber, Tiago replicou, seus olhos quase fechando. Eu gostaria de saber se eu fosse à praia e me sentasse muito quietinho, se apareceria para mim uma fada do eco.

– Talvez não, querido, disse sua mãe, enquanto apagava a luz do quarto. Agora, durma bem e tenha sonhos agradáveis.

Na manhã seguinte, Tiago e Jobi permaneceram fora de casa.

– Eu acho, Jobi, disse Tiago, que nós devemos ir lá embaixo e procurar uma das fadas do eco. Você não acha? perguntou gravemente.

Jobi respondeu de forma afirmativa abanando seu rabo. Jobi era uma companhia tão agradável que sempre concordava, independente do que lhe fosse proposto. Assim, ambos saíram, quase esquecendo de mencionar seu destino. Logo chegaram à praia, mas não sabiam bem onde poderiam encontrar a fada. Eles andaram sem destino. Finalmente, foi Jobi que a encontrou. Ele parou para latir a um atrevido esquilo vermelho, que imediatamente começou a repreendê-lo com muito barulho. Tiago não percebeu isso, pois à medida que Jobi latia, de algum lugar atrás deles vinha o som de mais latidos.

– É a fada do eco, Jobi, exclamou Tiago. Você a encontrou. Você a encontrou.

Depois, Tiago gritou o mais alto que pôde, e imediatamente o som voltou para ele, doce e claro, como só uma fada seria capaz de o fazer. Tiago continuou gritando, mas a fada, mesmo assim, não parecia ficar cansada ou impaciente.

– Oh! Jobi, disse Tiago, como eu gostaria que ela aparecesse para que pudéssemos vê-la. Talvez se ficarmos bem quietinhos, ela pense que fomos embora e resolva aparecer. Vamos experimentar.

O garotinho e o cachorro esconderam-se sob um salgueiro e esperaram. Eles ficaram muito quietos. Pareceu-lhes um longo tempo; estava muito quente e logo a cabeça do garotinho começou a inclinar-se. Ele não conseguia mais ficar acordado.

Então, algo aconteceu, pois, embaixo das árvores; dirigindo-se a ele estava a mais linda criaturinha que qualquer pessoa gostaria de contemplar. Ela era tão pequenina, não maior do que um dos soldadinhos de brinquedo de Tiago, e estava toda vestida de marrom avermelhado.

Em cada ombro havia asas de um tom delicado de verde, sua cabeça coberta com cachos dourados e em seus pés ela calçava minúsculos chinelinhos dourados.

Tiago estava tão certo de que esta era a fada do eco,que ele não ousou mexer-se de medo que ela pudesse desaparecer. Então, ela chegou mais perto, abanou sua varinha e disse alegremente:

– Bem, Tiago, você e Jobi estavam esperando para me ver. Eu sou a fada do eco.

– Oh! Eu sabia, tinha certeza disso, exclamou Tiago, e nós sabíamos que você viria se nós a esperássemos. Você não se importa, não é? ele perguntou.

– Porque me importaria? Sorriu a fada, quando viu o olhar ansioso no rostinho de Tiago. Eu sabia que você estava aqui; se não quisesse que você me visse, você não me veria.

– Mas, diga-me, disse Tiago, há muitas fadas do eco e todas são tão lindas como você?

Novamente a fada sorriu, e seu sorriso parecia o tilintar de sinos de prata.

– Sim, há muitas de nós, ela respondeu, e somos todas iguais. Se você encontrar qualquer uma das outras, não nos distinguiria.

– Como se chamam as outras fadas? Tiago queria saber.

– Chamam-se Eco; todos nós temos o mesmo nome. Agora vou dar um passeio. Vocês gostariam de vir comigo? Se quiserem podem vir.

– E onde é que você vai? Tiago perguntou.

Em resposta, Eco colocou uma flauta dourada em seus lábios e emitiu uma nota clara, suave.

Os olhos de Tiago estavam grandes e brilhantes de admiração. Como ele estava se divertindo! Então, ele viu uma grande tartaruga nadando em direção a eles através das ondas.

– Oh! Que tartaruga grande, exclamou ele. Nunca vi uma tartaruga tão grande como essa.

A fada sorriu:

– Será o nosso cavalo, disse a ele. Que bonito passeio faremos.

Tiago olhou-a atônito.

– Oh! Eu não posso ir com você. Sou muito grande.

Então, ela tocou suavemente em Jobi e em Tiago com sua varinha, e imediatamente eles começaram a diminuir até que ficaram do tamanho da fada. Como tudo parecia fantástico e a tartaruga, que todo esse tempo ficou quietinha, esperando, parecia maior que nunca. Ela era tão grande que Tiago sentiu um pouco de medo dela, até que viu um alegre brilho em seus olhos.

Eco pegou Tiago pela mão e foi para a água, mas Tiago voltou.

– Ficarei molhado, ele exclamou, eu e Jobi poderemos nos afogar.

Mas a fada sorriu e disse novamente:

– Você deve confiar em mim. Cuidarei para que você e Jobi voltem a salvo.

Então, os três subiram nas costas da tartaruga que vagarosamente saiu nadando para o mar. De repente, a tartaruga mergulhou e Tiago descobriu, para sua surpresa, que tanto Jobi como ele podiam respirar tão facilmente sob as águas, como em cima delas.

Que coisas maravilhosas Tiago viu! Eles passaram por enormes peixes que os olhavam curiosamente, e muitos deles se aproximaram bastante; viram enormes cavernas, todas cobertas com lindas algas marinhas. O chão dessas cavernas estava forrado com pedras de todas as cores e, em volta delas, havia inúmeros peixinhos brincando felizes, como fazem as criancinhas.

Uma vez, passaram por algo que parecia grande e escuro.

-Isso, disse a fada, é um navio naufragado.

Tiago sabia tudo sobre naufrágios, pois o irmão de Anabela era marinheiro e, quando ele vinha visitá-la, frequentemente contava a Tiago maravilhosos contos sobre naufrágios e terras estrangeiras.

Durante todo esse tempo a tartaruga continuou nadando, guiada pela fada que a tocava levemente com sua varinha, quando queria que ela se virasse.

– Seria melhor voltarmos agora, a fada disse a Tiago. Viemos longe demais.

Ela virou a tartaruga e eles começaram a voltar, mas, aí, algo aconteceu. A tartaruga parou e recusou-se a ir mais longe.

– Devo comer algo antes de voltar, disse ela firmemente e, a despeito de tudo o que Eco podia dizer e disse, ela recusou-se a levá-los de volta antes de jantar.

– Oh! Meu Deus, o que poderei fazer? Disse a fada.

Devo chegar à casa cedo e devolver você e Jobi, sãos e salvos. Quanto egoísmo da tartaruga! Nunca mais confiarei nela para trazer-me às águas. Vamos andar e ver se podemos encontrar alguém que nos ajude.

Enquanto andavam pelo fundo do oceano, Tiago disse:

– Por favor, Eco, diga-me como eu e Jobi podemos respirar debaixo d’água? E por que não ficamos molhados?

Eco levantou sua varinha:

– É isto, respondeu. Quando eu os toquei com isto, vocês se tornaram iguais a mim. Assim que retornarmos, farei vocês voltarem a ser o que eram.

Nesse momento, eles estavam andando em volta de uma grande rocha e viram diante deles um enorme castelo.

– Oh! aqui é onde vivem as fadas das ondas, exclamou Eco com alívio. Tenho quase certeza que elas nos ajudarão.

– Quem são as fadas das ondas? perguntou Tiago. Eo que fazem?

– Elas são as que, nos dias calmos, fazem as ondas que você vê na superfície das águas, disse Eco. Vamos ver se tem alguém em casa. Já é tempo de voltarmos.

Ela bateu na porta enquanto falava. Esta foi aberta por uma fada do tamanho de Eco, só que estava vestida toda de verde, e Tiago não sabia qual das duas era a mais linda.

– Oh! Onda, gritou Eco. Estou feliz que você esteja em casa, pois estamos em apuros. Espero que você nos ajude.

– Naturalmente que sim, sorriu Onda, isto é, se puder. Mas, quem são esses que estão com você? ela perguntou, dando a Jobi e a Tiago um sorriso de boas-vindas.

– São dois amiguinhos meus, respondeu Eco. Eu os trouxe para um passeio.

E aí contou como a tartaruga os tratara mal.

– Foi muito perverso da parte dela, respondeu Onda. Contarei às minhas irmãs sobre isso e teremos que a punir.

Mas entre, e eu tentarei encontrar uma forma de ajudá-los.

Tiago, Jobi e Eco entraram e Tiago olhou tudo com admiração; eles estavam numa sala grande e aqui havia mais daquelas pedras coloridas que ele tinha visto nas cavernas. Eles se sentaram numa grande pilha de musgos macios, e olharam com muito interesse o minúsculo peixe dourado que nadava para lá e para cá, pulando de um canto para o outro, espiando curiosamente por detrás das cortinas de algas marinhas, os estranhos visitantes.
Nesse momento, entrou na sala a fada das ondas.

– Nossa carruagem estará pronta em um momento,ela disse. Mas eu gostaria que vocês pudessem ficar mais tempo, pois há muitos lugares maravilhosos aqui que, tenho a certeza, Tiago e Jobi gostariam de ver.

– Sei que há, replicou Eco, mas devo voltar tão logo possível, pois devo devolver Tiago e Jobi antes que notem a falta deles.

Tiago se perguntava como seria a carruagem, quando ela apareceu diante da porta de entrada. Era uma pérola imensa, na forma de um barco, e ligados a ela, por cordas de algas marinhas, estavam seis lindos peixes dourados guiados por uma fada minúscula, da metade do tamanho de Onda. Ela os saudou amigavelmente e desapareceu em seguida.

– Logo você estará em casa, disse Onda.

Ela tinha subido na carruagem com eles e carregava uma varinha com a qual guiava os peixes, que estavam inquietos e ansiosos para iniciar a jornada.

Como esta jornada pareceu curta para Tiago! Ele pensou que apenas tinham começado, quando Onda parou a carruagem em águas rasas, no exato lugar onde tinham embarcado nas costas da tartaruga.

– Bem, Tiago, você e Jobi se divertiram?” a fada do Eco queria saber.

– Sim, replicou Tiago, e tenho certeza que Jobi também se divertiu, não é Jobi?

Jobi pulava para cima e para baixo e latia de um modo muito engraçado; ele estava tão pequenino!

A fada do Eco sorriu, e estendendo sua varinha tocou a ambos e desapareceu rapidamente na direção da caverna onde morava.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Pequena Sombra

A Pequena Sombra

A carinha de Betina estava muito vermelha e as lágrimas rolavam de sua face, enquanto ela batia com seu pé no chão iradamente e gritava:

– Eu não me importo! Essa é minha boneca e Maria a pegou. Eu dei umas palmadas nela e não me arrependo!

Ela segurou a boneca desafiadoramente em seus braços e bateu seu pé no chão novamente, ainda soluçando.

Mamãe sacudiu sua cabeça com tristeza e disse:

– Oh! Betina, Maria é apenas uma garotinha. Ela mal completou três anos e você já é uma menina de cinco. Foi muito errado de sua parte bater nela. Você poderia tê-la deixado brincar com sua boneca por um momento, pois sabe que suas coisas sempre voltam para você. Agora, o que devo fazer? Eu quero que entenda e seja gentil. Especialmente gentil com os que são menores que você. As crianças menores não entendem ainda muito bem as coisas que você já entende. Sabe disso e é por esse motivo que deve ser gentil e prestativa até que elas sejam de seu tamanho. Quando Maria tiver a sua idade, ela não pegará as coisas porque ela entenderá melhor.

Betina ficou quieta enquanto sua mãe falava. Ela se envergonhou, mas não quis admitir. Era o que sempre acontecia. Seu temperamento explodia dentro dela como uma grande nuvem negra, e ela se esquecia de ser carinhosa e boa. Ficava realmente brava e magoava as pessoas. Chorava, chorava e batia o pé. Mais tarde, quando pensava sobre isso, não conseguia entender. Era como se houvesse outra menina dentro dela fazendo todas essas coisas más.., pois ela sabia que a verdadeira menininha que ela era não queria fazer isso, absolutamente. E, mesmo assim, acontecia todas as vezes. Não sabia o que fazer sobre isso. Simplesmente esquecia e ficava furiosa novamente.

Mamãe tomou sua mão e a conduziu até o alpendre ensolarado que ficava no fundo do quintal.

– Olhe, disse ela, veja, você tem sua sombra. Veja como é bem maior que você. Veja como ela se dirige para frente, se você estiver de costas para o Sol. Veja também como ela pula para trás e a segue, se você se virar. Às vezes, ela fica até menor que você, mas sempre a segue enquanto você estiver à luz do Sol.

Betina olhou para sua mãe, com surpresa. Ela gostaria de saber o que isso tinha a ver com o fato dela ser uma menina má. Sabia que devia existir algo nisso. Sua mãe não a repreendia com frequência. Em vez disso, costumava contar-lhe histórias que faziam com que ela tentasse ser melhor. A repreensão devia produzir esse mesmo efeito, mas mamãe preferia a história.

Mamãe sentou-se nas escadas do alpendre e colocando Betina gentilmente ao seu lado, começou a falar:
– Vou contar a você uma história sobre uma sombra. Quero que ouça bem atentamente, depois deixarei você aqui sozinha por uns minutos, para que possa pensar sobre ela.

Este era o modo com que mamãe fazia as coisas. Depois da história, você devia pensar sobre ela e saber o que fazer a fim de adaptar a história à realidade de sua vida. Algumas histórias podem ajudá-la, como essa.

A voz suave de mamãe continuou:

Era uma vez uma menininha bonita e que tinha uma bela casa. Tinha tudo o que uma menininha necessitava para ser feliz. Às vezes, algumas meninas não têm tudo o que necessitam. É difícil a vida para essas garotinhas, mas isto não era desculpa para a menininha da qual estamos falando. Ela tinha tudo o que precisava – só que não tinha beleza dentro dela. Quando queria ela sabia ser muito educada, mas, às vezes, tinha um gênio muito ruim. Quando ficava nervosa fazia coisas terríveis. Chegava a ser cruel. Com muita frequência tornava as outras pessoas muito infelizes. Depois, quando conseguia controlar o seu temperamento ruim, sentia-se infeliz. Mesmo assim, continuava com o mesmo temperamento. Mas, um dia, algo muito estranho lhe aconteceu. Ela estava terrivelmente nervosa, tinha dado um tapa na sua melhor amiga. Depois bateu seu pé no chão, gritou e chorou tanto que feriu o ouvido de quem a ouvisse. Ninguém queria se aproximar dela. Iam embora e a deixavam sozinha, e foi aí que essa coisa estranha aconteceu.

– Você, Betina, pode adivinhar o que foi?

– Bem, deixaram-na sozinha no jardim. O Sol estava se pondo e sua sombra pulava para cima e para baixo, do mesmo jeito que ela fazia. De repente, e muito simplesmente, sua sombra se afastou dela e disse-lhe: “Garotinha, estou cansada de a seguir. Não vou mais ficar com você. Será a única menina no mundo que não terá uma sombra. 

E não voltarei até que pare de fazer com que os outros sofram. Olhe o jeito que você está me sacudindo, para cima e para baixo, cada vez que tem um desses seus acessos de mau humor. Nenhuma sombra gosta disso. A sombra gosta de seguir as pessoas boas. Só voltarei quando você se tornar boa. Até logo!”. E a sombra foi-se embora.

– Ela começou logo a sentir-se muito só. Não queria nem gostava mais de andar ao Sol, porque todos perceberam que ela não tinha sombra e ninguém se aproximava mais dela. Eles a apontavam à distância e diziam: “Olhem que menina estranha. Ela não tem sombra! Ela deve ser muito má, pois nem sua sombra quis segui-la mais! “. Isto tornou a menina muito infeliz, e ela começou a lastimar a maneira pela qual tratava as outras pessoas. Assim, começou a tentar ser mais gentil e considerar seus sentimentos em relação aos outros, bem como se descontrolar. Ela tentou tanto, que logo não teve mais acessos de mau humor. Descontrolar-se é um mau hábito realmente, e as pessoas podem aprender a formar o bom hábito de NÃO perder o controle se tentarem. A garotinha estava um tanto surpresa ao perceber que isso era realmente verdade, apesar de sua mãe já lhe ter dito. Agora, sua sombra voltara e seus amigos voltaram também. Ela era novamente uma adorável companheira.

Mamãe se levantou.

– Por favor, pense sobre essa história, Betina. Eu acho que ela ajudará você a controlar seu mau temperamento.

Betina ouviu a porta fechar-se atrás dela, silenciosamente, pois mamãe tinha entrado na casa para preparar o jantar. Era apenas um conto de fadas naturalmente – ela sabia disso. Ninguém neste mundo ouviu contar tal coisa, que uma sombra não acompanhasse alguém. Mas ela sabia o significado da história. Ela sabia como a garotinha devia se sentir. Se essas coisas pudessem acontecer, seria terrível. Para ela seria o mesmo que estar sem o vestido, se não tivesse consigo a sua sombra. Ela sabia que a história serviria para lembrá-la que não deveria mais ficar zangada. Cada vez que olhasse para sua sombra, deveria lembrar-se disso.

Ela saiu do alpendre e sua sombra a seguiu alegremente. Atravessou o quintal e se dirigiu à casa de Maria. Sentiu-se muito mal quando viu no rosto de Maria uma acentuada marca vermelha, no lugar onde, pouco antes, havia lhe dado um tapa. Ela sentou-se e entregou a boneca à Maria dizendo:

– Aqui está, Maria, você pode brincar com ela. Eu sinto muito.

Maria sorriu feliz, o perdão estampado nos seus olhos. Querendo fazer as pazes, Betina disse a Maria:

– Vou contar-lhe uma história.

E falou sobre a história da sombra que sua mãe acabara de lhe contar. Elas estavam sentadas juntas, felizes, quando Betina ouviu sua mãe chamando-a para jantar.

Ela foi saltitando para casa, com sua sombra saltitando atrás dela. Atirando-se nos braços da sua mãe, disse:

– Mamãe, minha sombra me seguiu. É divertido olhar para ela e tentarei lembrar-me de não ficar sacudindo-a para cima e para baixo, procurando não me zangar mais.

Mamãe, deu-lhe um beijo e respondeu:

– É isso mesmo que espero que você faça, querida. Eu quero vê-la tão bonita por dentro, como você é por fora.

Betina sorriu feliz, pois tudo agora estava bem. Ela também queria ser linda por dentro como mamãe lhe dissera. Era tão melhor ser assim!

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco – A Terra do Arqueiro

NA TERRA DO ARQUEIRO

 

   

Os meninos estavam muito contentes diante dos portões da terra seguinte, pois mesmo de fora, pareciam agradáveis e acolhedores. Lembraram os meninos o fogo que sua mãe acendia na lareira, no inverno, porque lançavam chamas azuis e depois esverdeadas.

Havia figuras em movimento sobre estes portões, como os primeiros que eles visitaram, mas não puderam vê-las bem, devido às luzes cintilantes que saíam da sua superfície. A única coisa que eles puderam ver claramente foi um rolo de papel com letras prateadas perto da parte superior dos portões. Depois de observá-lo cuidadosamente durante algum tempo, os meninos viram que lá estava escrito:
“APONTA PARA A ESTRELA E ACERTA NA LUA”

– “Que quer dizer isso? Perguntou Rex.

– “Tem algo a ver com atirar”, respondeu Zendah, “devemos procurar alguma coisa para atirar”.

Procuraram em redor e logo acharam um arco muito pequenino pendurado de um lado do portão, e também uma pequena bolsa de setas ao lado.

– “Não podemos, ambos, usá-lo ao mesmo tempo”, explicou Rex. “Eu, penso que sou melhor atirador”.

Apanhou o arco e apontou uma seta para o portão, mas errou e acertou no pilar da esquerda. Apontou novamente e acertou o pilar da direita.

– “Pensei que você fosse melhor atirador”, riu Zendah. “Experimente apontar mais alto”.

Rex apontou para um lugar acima do portão e acertou num pequeno escudo bem abaixo do rolo de papel que ele não havia percebido antes.

Imediatamente todo o portão ficou iluminado, podendo- ver-se ao centro uma seta grande, de fogo. De cada lado estava um personagem, metade homem e metade cavalo; um deles estava vestido com linda armadura e o outro com peles grosseiras como um selvagem.

Uma voz pediu a senha e os meninos responderam: “Liberdade”.

– “Entre livremente, Rex e Zendah, na terra do Arqueiro”, ouviu-se em resposta. Como nas outras terras, os portões abriram-se imediatamente.

Um jovem vestido com uma pequena túnica azul, pernas nuas e sandálias como os antigos gregos, correu ao encontro dos meninos. Segurava, com uma correia dois elegantes galgos. Levantando sua mão direita num gesto de saudação, deu-lhes as boas vindas e convidou-os a segui-lo.

Era uma terra linda com planícies onduladas, cobertas de grama e cercadas de pequenas cadeias de montanhas.

Aqui e ali, graciosos templos com pilares resplandecentes de diferentes pedras coloridas, como aqueles que ainda se podem ver na Grécia ou em Roma. Levando um apito de prata aos lábios, o guia fez soar uma nota limpa e imediatamente surgiram quatro magníficos cavalos.

– “Sabem montar?”, perguntou ele.

– “Sim”, gritaram as crianças.

Porque já haviam passeado a cavalo nos campos próximos de sua casa. Rex montou num cavalo preto; Zendah, num cavalo branco e o guia ficou de pé, com um pé sobre um cavalo baio e o outro num tordilho. Com as rédeas nas mãos, ele dirigia os quatro cavalos. Partiram e com alegres gritos de animação os cavalos voavam como o vento pelos caminhos. Os cavalos, não estavam encilhados e os meninos seguravam nas crinas dos cavalos, porque estes iam tão velozes que era necessária toda atenção para não caírem.

Por toda parte viam quantidade de cavalos de todas as cores e tipos perseguindo caça e correndo, alguns com cavaleiros, outros com cabeça de homem e corpo de cavalo da cintura para baixo. Havia também muitos cães ajudando na brincadeira. Pararam repentinamente defronte de um pátio pavimentado com pedras quadradas, brancas e pretas. Desmontando, o jovem amarrou as rédeas dos cavalos em um anel em um dos postes do portão.

Os meninos seguiram-no do centro do pátio até uma curiosa construção feita de metal branco brilhante, com nove lados e nove janelas, uma em cada lado. Não parecia haver caminho de entrada, a não ser voando através de uma janela!

 

Em torno de cada janela havia uma guarnição de pedra, entalhada com folhas e sinais fantásticos, e em cima de cada uma, uma espécie de pássaro surgindo de chamas.

Seu guia fez um som baixo, interessante, e de súbito toda a frente do edifício abriu-se, e eles se encontraram olhando para dentro de um estábulo feito inteiramente de pedra purpúrea, polida como espelho.

– “Veja, Rex, veja!”, gritou Zendah, “É Pégaso, o cavalo voador”.

Na verdade, vindo em direção dos meninos, estava o mais bonito cavalo branco que eles jamais viram. Seu pelo era brilhante como seda, e logo atrás dos seus ombros haviam duas grandes asas prateadas que ele mantinha dobradas ao longo do seu dorso enquanto não voava. Zendah chegou-se perto dele e fez-lhe uma carícia no focinho.

– “Podemos dar um passeio nele?”, perguntou ela.

– “Não creio que vocês possam dirigi-lo”, disse-lhes o guia sacudindo a cabeça, “‘ e se vocês não puderem, como ele pode voar por toda parte, até mesmo para as estrelas que vocês têm dificuldades para ver, poderá levá-los para uma delas de onde será muito difícil vocês voltarem.

Quando tiverem aprendido todas as senhas das terras do Zodíaco, talvez então estejam aptos a montá-lo e a darem um passeio pela via Láctea. Nosso Rei dará a vocês um apito de estanho; não será fácil soprar a nota exata para chamar Pégaso, mas quando vocês conseguirem, ele virá e vocês poderão montá-lo.

Depois de deixarem o estábulo, desceram uma planície coberta da mais linda grama curta e musgo; um verdadeiro tapete de relva, por toda a parte havia bancos cobertos de relva uns diante dos outros como se fossem degraus de uma escada.

Homens, mulheres e crianças estavam sentados nessas ondulações, olhando outros que estavam no espaço central, tomando parte em toda a espécie de corrida e de jogos.

– “Como parecem alegres e bem-humorados”, disse Rex depois de ter observado uma das corridas. “Parece que não se preocupam nada com o que percam ou ganham”.

Mal foram pronunciadas essas palavras, os meninos viram dois outros que acabavam de terminar uma corrida, ao mesmo tempo, empatados, e estavam discutindo para ver a quem cabia a coroa de folhas de figueira, que era o prêmio da corrida.

O jovem que acompanhava Rex e Zendah foi até eles e disse: “Se vocês não chegam a um acordo terão de ir à presença do Rei”.

Chamando mais dois cavalos para aqueles meninos, todos eles montaram e saíram percorrendo as verdes campinas até chegarem a um castelo que tinha nove torres com espirais agudos. Homens vestidos com longas túnicas e capacetes brancos vieram ao seu encontro, e os acompanharam desde a entrada até a sala principal. Aí eles viram sentado no seu trono, o mais alegre Rei jamais visto, com face rosada e olhos azuis e pestanejantes.

– “Com certeza esse rei tem algum parentesco com o velho Rei Repolhudo”, pensaram as crianças, pois parecia que ele estava pronto para rir, mesmo quando estava sério! Não era possível a ninguém ficar triste olhando para ele; tinha que se sentir feliz”.

Os pajens que estavam de serviço, mostraram a Rex e Zendah algumas almofadas nos degraus próximos do trono, e depois de se curvarem para o Rei que lhes deu um dos seus alegres sorrisos, eles se sentaram.

Dois outros pajens trouxeram os dois contendores à presença do Rei Júpiter (pois esse era o seu nome), que pareceu sério por alguns minutos, enquanto ouvia a história.

– “Que malucos são vocês”, disse ele, “Não tem a mínima importância quem chegou primeiro, pois que ambos vocês correram o mais que puderam. Vocês conhecem o ditado que está por cima da entrada, desta terra: TODOS PODEM APONTAR PARA A ESTRELA, MAS ENQUANTO NÃO TIVEREM PRÁTICA, NÃO ESPEREM ALCANÇÁ-LA”.

Então Júpiter dividiu a coroa entre os dois que ficaram muito satisfeitos. Júpiter levantou-se do trono e bateu palmas.

“Tragam o banquete, e que meus alegres músicos toquem suas melhores músicas para mostrarem a Rex e Zendah como os súditos do Rei Júpiter podem ser alegres e felizes”.

 

Em poucos minutos apareceram mesas e grandes pratos com frutas, bolos e doces que foram colocados diante deles. Havia abundância de tudo, todos procuraram fazer com que os meninos se sentissem em casa, e encheram-nos de presentes de figos e abricós para que os levassem consigo.

Eles não sabiam o que fazer primeiro: se agradecer a todos, se comer as frutas ou se ouvir a música que era muito bonita. Nesse momento, um homem idoso que estava sentado no extremo da mesa levantou-se e ergueu sua mão.

Todos silenciaram e ele disse: “Cantemos nossa canção de gratidão aos Anjos; por nos terem auxiliado a cultivar todas estas lindas frutas”.

Um glorioso hino de agradecimento foi cantado por todos. Terminado o hino as crianças foram levadas de novo diante do trono de Júpiter.

Aí, Rex recebeu o prometido apito, e Zendah recebeu uma estrela de nove pontas feita de carbúnculo; e para seu desapontamento, disseram-lhe que era tempo de partirem.

Jamais eles estiveram antes em um lugar onde todos fossem tão generosos, nem de onde ficassem tão tristes por terem de sair. Seus guias trouxeram seus cavalos até a porta do palácio e eles montaram. Desta vez permitiram que eles mesmos dirigissem os cavalos de volta ao portão de entrada. Centenas de pessoas acompanhavam os meninos para se despedirem. Quando chegaram do lado de fora dessa terra maravilhosa e os portões aos poucos se fecharam, eles ouviram vozes gritando:

– “Adeus, adeus; voltem em breve; ficamos muito contentes em ver vocês”.

– “Eu amo essa terra do Arqueiro”, disse Zendah.

– “Por certo”, replicou Rex. “É o seu Signo!

 

(The Adventures of Rex and Zendah In The Zodiac – por Esme Swainson – publicado pela The Rosicrucian Fellowship – publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61; As Aventuras de Rex e Zenda no Zodíaco (as Ilustrações são originais da publicação) –Fraternidade Rosacruz – SP – publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980-81)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Lúcia encontra as Fadas do Pensamento

Lúcia encontra as Fadas do Pensamento

Lúcia e Ana eram primas. Lúcia estava visitando Ana e como elas estavam se divertindo! Ana era dois anos mais velha que Lúcia, mais alta e mais forte. Mas ela era muito boa para sua priminha menor. A maior maçã, o pêssego mais suculento e o doce mais confeitado sempre iam para Lúcia. Lúcia cavalgava no pônei de Ana e brincava com suas bonecas e pratinhos. Mesmo quando ela quebrava um dos minúsculos pratos de porcelana de Ana, esta não ficava brava.

Mas, finalmente Lúcia e Ana brigaram. Elas queriam brincar de escola, mas cada uma queria ser a professora. Ana achava que devia ser a professora porque era mais velha e Lúcia achava que devia ser a professora porque – bem, porque…

Então, elas brigaram. E Ana deitou-se na grama macia, debaixo da macieira e chorou até que adormeceu. E Lúcia deitou-se na grama macia debaixo do pessegueiro e teve pensamentos de raiva, maus pensamentos sobre Ana.

De repente, ela admirou-se de ver uma multidão de criaturas minúsculas, feias, anãs deformadas, paradas todas em volta dela. Todas estavam mostrando os dentes para ela e Lúcia escondeu sua face, aterrorizada. A mais horrenda criatura de todas, que parecia ser a líder, falou-lhe numa voz dura, ríspida:

– Nós somos as Fadas do Ódio, Lúcia, ela disse. É nosso trabalho levar pensamentos de ódio, ira e maldade de uma pessoa para outra. Nós tivemos que trabalhar muito esta tarde levando esse tipo de pensamentos de você para Ana e de Ana para você. Agora, você irá para a Terra das Fadas do Ódio e lá você deverá viver até encontrar o caminho da saída.

Lúcia tentou gritar e correr, mas não pôde e sentiu-se carregada pela multidão de criaturas hostis que lhe mostravam os dentes. Entraram numa caverna escura que parecia estar no centro da terra. O ar dentro da caverna era frio e úmido, e Lúcia tremia e desejava ver um pequeno raio de sol. Não havia absolutamente luz em toda a caverna, mas Lúcia podia ver as faces brancas das pessoas doentes brilhando na escuridão.

– Pessoas que habitam a terra do ódio e ira geralmente são doentes, disse a líder que estava parada perto de Lúcia. E choram como você vê, pois nunca são felizes.

– Eu ficarei doente e infeliz como essas pessoas? Perguntou Lúcia, com muito medo.

-Se você permanecer aqui por muito tempo, ficará, respondeu a líder. E quanta mais tempo ficar, mais difícil será encontrar uma maneira de sair daqui. Esta caverna fica cada vez mais profunda, escura e mais distante do brilho do sol, da saúde e da felicidade.

– Oh! meu Deus! gritou Lúcia, quando uma fada muito má e horrível parou perto dela, pois ela estava pensando:
– Bern, talvez Ana venha para cá e, então, ficará doente, infeliz e eu me alegrarei.

Antes que ela tivesse terminado esse pensamento mal e pouco caridoso, a fada tomou seu braço, e dirigiu-a para um lugar mais distante ainda na negra caverna.

Agora Lúcia estava muito assustada. Como ela poderia sair desse lugar? Ela não podia, não queria ficar ali.

– Por que essas outras pessoas não saem? ela perguntou.

Virou-se para a líder e batendo seu pé no chão com raiva, exigiu que ela a tirasse da caverna imediatamente.

– Você mesma tem que encontrar a saída, ela disse calmamente. Essas outras pessoas infelizes poderiam ter saído se realmente quisessem, mas preferiram ficar aqui.

Não querem fazer a única coisa que poderia libertá-las.

– O que é? Indagou Lúcia. Eu o farei.

Mas as fadas somente arreganharam os dentes de uma maneira repulsiva. Ai, Lúcia viu Ana, que estava muito triste e chorava. De repente, Lúcia sentiu pena de Ana. Correu para a sua prima e colocou seus braços ao redor dela. E um pequeno raio de luz pareceu brilhar por um momento na caverna escura.

– Oh, Ana, Lúcia também estava chorando, oh, Ana, você está doente, infeliz e eu sinto tanto! Você foi tão boa para mim. Eu amo você, Ana.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco – A Terra do Escorpião

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco
A Terra do Escorpião

 

Depois que os portões da terra do Arqueiro se fecharam completamente, Rex e Zendah procuravam a entrada da próxima Terra, mas não viram nenhum vestígio dela.

– “Como podemos tentar abrir um portão que não parece existir?” – disse Rex. “Talvez Hermes venha nos ajudar”.

Para passar tempo, eles sentaram-se no chão e começaram a olhar para a lista da senha que Hermes lhes dera. Enquanto eles abriam a lista, Zendah percebeu pequenos pedaços de pedras brilhantes, que pareciam ir um em direção dos outros, quando ele os remexia com os pés.

Ela sentou-se quietinha e observou. Não eles não se moviam: deve ter sido sua imaginação. Nesse momento, Rex deixou cair o canivete que havia tirado do seu bolso; como isso acontecera ele nunca soube, mas, para seu espanto, os estranhos pedaços de pedra moveram-se para o canivete e arrumaram-se em volta dele.

– “Por que será – disse Rex – “que parecem partes de um quebra-cabeças?”.

Apanharam algumas pedrinhas.

– “Você acha que pode ser um quebra-cabeça?” – perguntou Zendah – “Vamos tentar fazer uma palavra juntando algumas”.

Juntaram uma quantidade dessas pedrinhas esquisitas, escuras e brilhantes e viram que podiam fazer várias palavras com elas. Afinal fizeram a palavra “SEGREDO”.

Imediatamente um ruído curioso por trás deles fez que eles se voltassem. Era um ruído semelhante ao ruge-ruge das sedas e eles viram algo que parecia água correndo ligeira sobre pedras num leito de rio, depois de muitas chuvas.

Viram então um movimento, onde antes parecia nada haver. No fundo do leito do rio havia inúmeras linhas movendo-se em espiral, elevando-se aos poucos, indo de um lugar para o outro, ligeiras, para cima e para baixo até formarem um funil, uma tromba d’água, tão alta, quanto uma casa e com cerca de oito pés de largura no alto.

No fundo, sua cor era púrpura escura quase preta; mas as linhas móveis tornaram-se mais claras, mais avermelhadas, até parecerem de uma linda cor carmesim. Então formou-se no fundo do funil uma bolha que aos poucos foi subindo até em cima, para rebentar sem ruído.

Mais sete bolhas, cada uma maior do que a outra, subiram, e quando a última, a oitava, rebentou, toda a água desapareceu e eles viram o portão que dava acesso àquela Terra. Era feito de ferro primorosamente trabalhado, com a figura de uma enorme águia bem por cima.

Nenhuma voz pediu a senha; o portão abriu-se subitamente com um plangor, e também subitamente fechou-se logo que os meninos o transpuseram.

Na sua frente o caminho estava bloqueado por grandes pedras sobrepostas que fechavam também os lados, até onde estava o portão que agora desaparecera.

Não era possível avançar nem retroceder, mas parecia haver uma entrada, pois uma corrente de água escura passava sob a pedra próxima dos meninos.

“Vamos tentar dando a senha” – disse Zendah – “Pode ser que aqui seja como a caverna de Ali-Babá”.

E eles murmuraram: “PODER”.

Oito vezes essa palavra ecoou pelas pedras, como se fora um coro de pessoas invisíveis zombando deles. Mas súbito apareceu uma passagem à sua frente. Do outro lado, havia um bote.

Os meninos entraram no bote, e sem qualquer aviso o bote partiu em grande velocidade, como se o rio descesse pela montanha. Passaram por cavernas tão negras como azeviche; atravessaram torrentes tão rápidas que o bote estremecia tanto ao ponto de pensarem que seria lançado fora dele! Por vezes as águas eram geladas e eles viam blocos de gelo, de todas as formas e tamanhos, espichando-se para cima, de ambos os lados como se fossem os pilares de uma catedral. Depois passaram por um lugar que era tão quente quanto era frio o lugar que haviam deixado. Fontes de água fervente lançavam-se para o teto da caverna e os meninos mal podiam respirar naquela atmosfera abrasadora.

Quiseram parar o bote, mas não puderam porque as paredes da caverna eram revestidas de vidros coloridos que pareciam as joias que sua mamãe usava no pescoço.

Afinal o bote foi lançado em terra aberta e parou ao lado de um outeiro onde cresciam sabugueiros e amieiro. No outeiro estava de pé um personagem que eles reconheceram. Era Marte. Pularam do bote e correram para ele.
– “Vocês não demoraram a encontrar o segredo da entrada da caverna, disse ele, “e estou muito satisfeito porque a viagem subterrânea não amedrontou vocês. Na terra do Escorpião-Águia vocês terão de descobrir muitas coisas por vocês mesmos. Agora escolham: querem ir para leste ou para oeste?”.

– “Oeste” – disse Zendah, falando primeiro, antes que Rex pudesse decidir. Logo que ela falou, desceu uma carruagem voadora puxada por quatro águias.

Subiram na carruagem e voaram sobre campos gelados, sobre quedas d’água; subiram até muitas milhas de altura, até que o ar se tornou mais quente e chegou até eles um perfume parecido com o de um jardim.

Desceram da carruagem. Estavam num terreno extenso e plano, cheio de canteiros com plantas. Algumas eram conhecidas porque no jardim de sua casa havia delas, mas a grande maioria, eles jamais haviam visto antes.
– “Como cheiram bem” – disse Rex indo de um canteiro para outro, apanhando aqui e ali uma folha enquanto iam e vinham pelas aleias – “Mas porque são precisas tantas?

– “Elas têm muitos usos como você verá” – respondeu Marte, levando-o mais longe. No meio do jardim das plantas havia uma casa comprida e baixa; dentro dela viram muitas mulheres pondo as plantas em bandejas para secar, e depois passando-as por peneiras e por fim colocando-as em garrafas. Viram as plantas, em outra parte da casa, sendo fervidas em grandes vasilhas para servirem de remédios que os médicos usam para curar pessoas doentes.
– “Existe uma planta para cada doença; basta que o povo se dê ao trabalho de descobri-la” – disse Marte.

No centro da construção havia um quarto com janelas de vidros pelas quais as crianças viram oito homens idosos em torno de uma mesa sobre a qual havia um vaso de vidro arrolhado. Para seu espanto, viram que o vaso estava cheio de um líquido de cor linda que se movia e pulava como se quisesse sair do vaso. Era de linda cor carmesim, semelhante a vinho com centenas de bolhas douradas. Era tão bonito que pediram para levar um pouco para casa, mas disseram-lhes que ainda não estava pronto e que quando ficasse pronto curaria qualquer doença.

– “É o Elixir da Vida que os antigos alquimistas sempre tentaram fazer, e eles vieram da Terra para esta terra para descobrirem como fazê-lo” – disse Marte.

Outra coisa interessante que eles viram foi uma porção de pessoas fazendo óculos. O interessante é que não havia dois pares de formato semelhante e cada um tinha vidros de uma cor diferente.

Pediram para olhar um desses óculos. Todas as pessoas puseram-se a rir e disseram em coro:

– “Vocês já têm um par”.

De onde vieram os óculos subitamente, eles não tinham ideias, mas Rex estava com óculos cor de rosa e Zendah com óculos azuis.

Que maravilha viram por esses óculos! Podiam ver dentro da terra, como se esta fosse transparente, ver onde estavam os poços de petróleo e ver correntes d’água subterrâneas. Olhando para os rios, viram que estavam cheios de ondinas brincando uma com as outras. No ar, viram milhares de figuras pequeninas que antes não haviam visto e perceberam algumas delas em torno das flores com pincéis e paletas de tinta, colocando as cores nos bastões que se abriam e nos frutos. Aqueles óculos eram mágicos; “Todo o mundo tem um par”, disse Marte, “mas muito poucas pessoas sabem como usá-los e a maioria nem sabe que os possui”.

Saindo da fábrica de óculos, viram, num pátio próximo, um poço profundo coberto com uma grande pedra mármore. 

Marte retirou a pedra e eles viram que o poço estava seco. Na areia do fundo do poço rastejavam alguns bichos escamosos que tinham um ferrão na extremidade das caudas que mantinham curvadas por cima de suas costas.

– “Estes não deviam estar aqui!”, disse Marte. “Já foram todas bonitas águias, mas toda vez que uma criança da terra diz uma palavra má ou grosseira, uma das nossas águias vira escorpião”.

– “E nunca mais voltam a ser águias?” – perguntou Zendah, sentindo muita pena das pobres águias condenadas a rastejar em vez de voar.

– “Oh, sim, mas as crianças devem fazer três boas ações antes que eles possam virar águias de novo”.

Os meninos viram muitas outras coisas curiosas; todas estavam ocultas, e, para se tornarem visíveis, tinham de pronunciar uma palavra mágica. Afinal chegaram às escadas de um palácio.

Este palácio estava sobre oito pilares e tinha um fosso em toda a volta, de modo que todo o palácio se refletia na água do fosso; a ponte de acesso parecia feita de nuvens e cada passo que Rex e Zendah davam era como se andassem em flocos de algodão. Mulheres vestindo capas vermelho-escuro e com véus em suas cabeças, presos por um ornamento em forma de serpente, estavam em pé nas passagens e corredores para saudar a Marte e aos meninos levantando a mão. Meninos-pajens de olhos negros penetrantes e com cachos de cabelos escuros ondulados, afastaram as cortinas do salão central.

A parte superior do salão era feita de mármore preto e branco e o trono era uma grande pedra verde salpicada de pequenos pontos vermelhos. De cada lado havia grandes vasos de ferro nos quais cresciam brancas papoulas.

Uma lâmpada de luz vermelha pendia do teto defronte ao trono e braseiros de cada lado desprendiam nuvens de fumaça aromática. Havia alguém sentado no trono, vestindo roupa de cor carmesim róseo debruada com bordados de várias cores e ricamente cravejada de joias. Os meninos não puderam ver o rosto do rei porque estava coberto por oito véus, mas viram que usava uma coroa cravejada de joias cintilantes.

Uma voz profunda apresentou-lhes as boas-vindas e ordenou que seu assistente enchesse a taça e desse às crianças a bebida da lembrança. “Pois sem ela não seriam capazes de evocar o que haviam visto na Terra do Escorpião-Águia.” Uma mulher alta estendeu-lhes uma taça lindamente lapidada, cheia com líquido vermelho, ao mesmo tempo que passava a mão sobre os olhos dos meninos. Era uma beberagem estranha, muito doce enquanto bebiam, mas deixando um gosto amargo na boca depois de bebida.

Devolvendo a taça, olharam para o trono e viram atrás dele uma pessoa com asas – um grande Ser que atingia quase o teto do salão, tendo uma estrela cintilante na cabeça.

Era um dos quatro Guardiães dos Ventos, disseram-lhe, e a Quarta parte do mundo estava a seu cargo. Outro robusto Guardião vivia na Terra do Homem do jarro, mas como os meninos ainda não haviam bebido da água da lembrança, eles não tinham podido ver nenhum dos quatro Guardiães.

Estavam embevecidos olhando para as lindas asas e para a estrela cintilante do anjo até que a voz do rei os despertou.

 

– “Tragam o Capacete de Invisibilidade”, ordenou o rei.

Um pajem entrou trazendo uma almofada de cetim, mas eles não viram nada nela. Este “nada” foi posto na cabeça de Zendah. Ela sentiu como se tivesse pondo um chapéu na sua cabeça, só que não via o que era e quando o chapéu foi colocado nela, Rex não mais a viu; ela tornara-se invisível.

Em torno do pescoço de Rex foi pendurado um cordão vermelho com um pendente feito de um topázio em formato de águia.

– “O capacete invisível ajudará vocês a verem as coisas ocultas, e também servirá para torná-los invisíveis na terra, como ficaram aqui.

– “Vocês já ficaram muito tempo nesta terra, mas ainda tem muito o que ver”, disse o Rei, “e eu mandarei vocês rapidamente para a próxima Terra”.

O Rei levantou-se e elevando as mãos para cima da cabeça falou uma palavra estranha que os meninos jamais se lembraram qual foi.

O assoalho pareceu levantar-se, tudo ficou escuro, e a primeira coisa que eles perceberam é que estavam ao lado de fora do portão, e, como tinha acontecido antes de entrarem não viram nenhum sinal dele.

“Este é o segundo terremoto”, disse Zendah.

(The Adventures of Rex and Zendah In The Zodiac – por Esme Swainson – publicado pela The Rosicrucian Fellowship – publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61; As Aventuras de Rex e Zenda no Zodíaco (as Ilustrações são originais da publicação) –Fraternidade Rosacruz – SP – publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980-81)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

RECEITA – Bolinhos de Brócolis

BOLINHOS DE BRÓCOLIS

 

  • Ingredientes:

 

  • 1 brócolis
  • 2 dentes de alho
  • 1/4 de copo de queijo de sua preferência picadinho
  • 1/4 de copo de farinha de rosca, de aveia ou de trigo integral
  • sal a gosto
  • 1 ovo
  • Se gostar, uma pitada de pimenta do reino

 

Modo de preparo:

 

  • Cozinhe o brócolis no vapor com uma pitada de sal por 2 minutos.
  • Pique o brócolis bem picadinho ou passe pelo processador.
  • Misture todos os ingredientes.
  • Faça pequenas bolinhas com essa massa
  • Coloque para assar em forno pré aquecido, entre 10 a 15 minutos.
  • É super prático.
PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Menino Laércio – Palavra Chave: Oportunidade

O Menino Laércio
PALAVRA CHAVE: Oportunidade

Logo na esquina do enorme prédio de apartamento onde moravam Diego e Rosália, ficava uma antiquada casinha térrea. Ela tinha sido branca há muito, muito tempo atrás, pois agora era qualquer coisa menos branca, quando nossa história começou.

Diego e Rosália nunca tinham notado aquela casinha estranha. De fato, eles não sabiam que ela estava ali, até que certa manhã o jornal não chegou. O pai de Diego parecia perdido de manhã sem o jornal e já estava saindo para comprar um quando Diego disse:

– Por favor, papai, deixe-me ir.

E Diego saiu para comprar o jornal. Quando chegou a porta da frente, perguntou ao porteiro por que o jornal não tinha vindo.

– Bem, meu rapazinho, eu não sei, mas acho que deve ter havido algum tipo de problema na casinha da esquina.

Diego não estava interessado na casa da esquina, mas estava ansioso para conseguir um jornal para seu pai, por isso indagou:

– Você sabe onde eu posso conseguir um jornal da manhã?

– O entregador mora na casinha da esquina; você pode tentar lá. Não custa tentar.

Assim, Diego correu até lá para ver. Quando chegou sem fôlego, ia bater na porta, mas parou rapidamente porque ouviu vozes.

– Laércio, meu filho, por favor, comece logo a entrega. Você pode perder sua freguesia se você não for e amanhã você estará contente por continuar a fazê-lo. Laércio, meu filho, você deve ir – ainda que seja só para agradar sua mãe.

– Não posso fazer isso, nem mesmo para agradá-la, querida mamãe. Tenho que me transformar em um homem, agora. Não posso continuar sendo entregador de jornais a vida toda. Preciso ter mais oportunidades.

– Oportunidades, querido? Esta é uma palavra estranha para um garotinho. Você sabe o que ela significa?

– Sei mamãe, significa que eu posso ser livre e ter a oportunidade de fazer grandes coisas.

– Você é um menino inteligente, Laércio e eu tenho orgulho de você! Mas não acha que poderia aparecer uma oportunidade para um trabalho melhor que lhe dê liberdade, mesmo sendo entregador por mais algum tempo?

– Mas, mamãe, como posso cuidar de você neste mundo, sendo apenas um entregador de jornal?

– Meu querido, é por aí que a oportunidade virá. Se você continuar neste emprego por mais um pouco, ficará mais conhecido e seus fregueses vão encomendar revistas também. E aí não demorará muito para que possa até pintar a casa. Já pensei em tudo. Teremos a nossa casa limpa e bonita e logo estarei forte de novo.

Com as revistas e jornais, quem sabe, poderemos ter um verdadeiro negócio e você voltar para a escola.

– Oh, mamãe, eu realmente acredito que você tem razão. Você pensou em tudo. Eu queria uma oportunidade, mas não sabia como consegui-la depressa e ia jogar fora a única coisa que me daria liberdade e meios de progredir.

Sim, mamãe, vou entregar meus jornais agora mesmo. Estou um pouco atrasado, mas é a primeira vez, e acho que meus fregueses vão me perdoar.

Saiu bem na hora em que Diego bateu na porta. Imaginem a surpresa de Diego quando Laércio a abriu. Ele mal podia acreditar que, à sua frente, estava Laércio Gordon, o aluno mais brilhante da classe, que desistira repentinamente de estudar. E pensar que ele nunca soubera que Laércio morava ali na esquina.

Bem, vocês podem imaginar que Diego contou a seu pai tudo sobre o menino Laércio e sua “oportunidade”. Toda a família, o pai, a mãe, Rosália e Diego, decidiram ajudar Laércio a conseguir sua liberdade.

Um pouco mais tarde, a “casinha branca da esquina” conseguia a tão necessitada pintura, como Mamãe disse. Na janela havia flores coloridas e toda a casa era tão atraente que um dia chamou a atenção de um homem muito rico. Ele gostou tanto da casa que a comprou, pagando uma enorme quantia em dinheiro, suficiente para que Laércio e sua mãe tivessem várias e novas oportunidades, como também mais liberdade para Laércio estudar e se divertir.

Vocês veem, é fazendo realmente bem e com amor as coisas que temos que fazer todos os dias, que surgem novas oportunidades, por isso, vamos fazer com toda a nossa força o que nossas mãos e as nossas Mentes tem para fazer.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco – A Terra da Balança

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco
A Terra da Balança

 

No momento em que as crianças se voltaram e viram o portão seguinte, exclamaram: “Que lindo!”
De certo era o portão mais bonito de todos os que já viram. Os pilares eram semelhantes a pessegueiros, com cachos de frutos pendentes dos ramos. O portão propriamente dito era de cobre polido tendo em cima um sol de cobre meio mergulhado num mar também de cobre. Cada raio do sol terminava por um ponteiro.

No centro do portão erguia-se outro pilar em cuja extremidade, que ficava justamente sob o sol de cobre já mencionado, havia uma balança de dois pratos. Um dos pratos estava erguido e o outro abaixado; neste último estava uma bola que cintilava com muitas cores.

– “Esta é a terra da Balança”, disse Rex; “não me admira se antes de podermos entrar tivermos de procurar algo para botar no outro prato a fim de equilibrar a balança”.

– “O melhor que fazemos é procurar logo”, disse Zendah, examinando os bolsos. Neles encontrou apenas um lenço. Rex achou apenas o canivete que deixara cair nas proximidades do portão anterior.

Ficando nas pontas dos pés, colocaram esses objetos no prato da balança; nada aconteceu. Aquilo não era bastante para equilibrar a bola.

Olhando em torno, viram no pilar central uma pequena caixa onde se lia:

“PROCURA BEM; ESCOLHE SABIAMENTE”

Abrindo a caixa, encontraram dentro dela pequenos grãos de ouro, alguns corações também de ouro, pequenas espátulas e vários livros pequenos. Rex apanhou os grãos de ouro e empilhou-os no prato da balança, mas esta não se moveu. Apanhou então uma porção de espátulas que colocou no prato. Nada; a bola continuava em baixo. Tentaram com os livrinhos, mas não obtiveram resultados.

– “Bem só ficou faltando uma coisa”, disse Zendah; “talvez dê certo”. Apanhou os corações de ouro e colocou-os no prato da balança. Imediatamente a balança começou a movimentar-se, ora súbito um dos pratos, ora outro, até que ficou em equilíbrio, com os dois pratos nivelados…

Nessa ocasião ouviram-se vozes entoando um acorde, acompanhadas de sons musicais.

– “Dê a senha do equilíbrio perfeito”.

– “Harmonia”, responderam os meninos.

O portão abriu-se tão silenciosamente que os meninos ficaram maravilhados.

Lá dentro estava de pé o Pai Tempo. Os meninos olharam para ele espantados pois estava diferente daquele que já conheciam. Não estava com a capa que aparecera na Terra de Capricórnio; agora vestia uma túnica branca prateada, coberta de pedras cintilantes e de ornamentos verdes.

Vendo-o, as crianças lembraram-se daqueles magníficos dias de sol no inverno, quando a neve cintilava como diamante nos pinheiros. Pai Tempo sorriu vendo o espanto dos meninos e disse-lhes:

– “Eu só visto esta túnica quando venho visitar a Rainha Vênus. Em geral, nas outras terras, todos me julgam malvado, mas não sou assim tão severo. Vocês verão quando me conhecerem melhor. Aprendam tudo o que puderem aqui e reflitam. A Rainha Vênus lhes dirá como”.

Apanhou sua capa escura e sua ampulheta em um nicho próximo ao portão pelo qual saíra, fechando-o após passar.

– “Refletir, refletir em que? – Perguntou Rex.

– “Sei lá”, disse Zendah, “mas espero que logo saberemos”.

Olharam em volta; tudo era bonito; o céu iluminado pelo mais bonito crepúsculo como jamais viram. O perfume de várias flores chegava até eles, mas era difícil identificar tais flores porque a fragrância era muito diferente daquela a que estavam acostumados.

Sete estradas abriam-se defronte deles e por uma delas, vinha em direção aos meninos um homem e uma mulher de braços dados. Era agradável olhar para esse casal, mas o que surpreendia era que eles não caminhavam pelo chão, mas flutuavam. Ambos trajavam roupas da mesma cor azul que o mar mostra quando o sol quente do verão brilha. Em sua cintura traziam cintos de cobre com camadas de opalas. Não pareciam ser sólidos pois, por vezes as crianças julgaram ver através deles.

Quando chegaram perto de Rex e Zendah, a eles se juntou outro casal e os quatro entoaram o acorde que os meninos ouviram na estrada: Fá sustenido, lá sustenido, e fá sustenido, imediatamente surgiram centenas de pequeninas fadas segurando um tapete de várias cores que mais parecia uma nuvem ao pôr do sol. Com sorrisos e gestos, as fadas convidaram os meninos a se sentarem nesse tapete.

Os meninos sentaram-se e o tapete deslizava tão suavemente que os meninos nem perceberam quando ele se elevou nos ares. Viajando assim era muito mais fácil verem tudo. Esse meio de transporte foi que utilizaram na visita às Terras do Zodíaco, pensam os meninos. Coisa curiosa eles puderam observar: todas as casas estavam suspensas no ar; nenhuma estava construída em terra firme. Não puderam compreender como eram feitos os alicerces.

Por toda a parte viram lindos jardins cheios de flores nas quais as abelhas sugavam o néctar.

Ouvindo uma música em surdina, procuravam ver de onde vinha. Eram as fadas cantando para adormecer as flores a fim de poderem depositar nelas o mel que as abelhas encontrariam no dia seguinte, sobre suas cabeças precipitaram-se os sons de uma música gloriosa. Eles olharam para cima e viram um palácio.

O palácio era feito de nuvens; suas torres e ameias , multicores: vermelho, alaranjado, verde, púrpura e aquele azul bonito que você vê no céu durante o crepúsculo de um dia claro. Subindo sempre, os meninos chegaram à entrada. Ao seu encontro vieram fadas para saudá-los e orná-los com colares feitos de rosas que colocaram em volta dos seus pescoços.

Descendo do tapete, subiram os degraus mágicos do castelo e entraram na antecâmara. Por toda a parte, havia flores e fadas. Logo chegaram a um corredor com muitos quartos, sete dos quais tinham o mesmo tamanho, mas diferiam na cor; vermelho, alaranjado, verde, amarelo, azul, violeta e índigo.

Cada quarto parecia mais bonito que o anterior e quando os meninos passavam pelos seus umbrais, dos quartos, ouvia-se uma nota musical. Cada quarto agia sobre os meninos de modo diferente. Passando pelo quarto vermelho, eles sentiam-se cheios de vida e de energia; nada os perturbava e caminhavam através desse quarto como que marchando; de fato, a nota musical desse quarto soava como marcha para os meninos. No quarto alaranjado eles sentiam-se como se estivessem ao sol; queriam sentar-se a gozar desse sol e planejar sobre o que desejavam fazer.

O quarto amarelo fê-los sentirem-se capazes, Rex pensou nas notas que não conseguira no colégio e imediatamente achou todas as respostas às questões que não soubera responder. Zendah lembrou-se de todas as datas da História que, para ela, sempre foram difíceis de guardar.

No quarto verde Zendah lembrou-se que não havia dado comida aos seus coelhos na noite anterior e que não ajudara sua mãe na jardinagem conforme havia prometido. Rex lembrou-se do rapaz de perna quebrada que morava na casinha isolada da estrada e que lhe pedira para ler um livro para ele.

O quarto azul dava a sensação de estarem numa igreja e eles o atravessaram nas pontas dos pés e falavam baixinho, murmurando. Imaginaram ver Anjos em torno, e ouviram um órgão tocando, como ouviam aos domingos.
O quarto violeta, os meninos nunca puderam explicar exatamente como se sentiram dentro dele. Era uma sensação algo parecido com a que tiveram na terra dos Peixes e no Templo do Santo Graal.

Finalmente entraram no quarto azul marinho, no grande hall. Lá no fim, viram a Rainha Vênus sorrindo para eles, sentada em seu trono de marfim.

O trono era alto e seu espaldar curvava-se para a frente por cima da cabeça da rainha dando a impressão que ela estava sentada dentro de uma bola de marfim. No trono havia uma bonita almofada azul e por trás dele, nas paredes, pendiam cortinas de seda azul pintadas a várias cores. Por toda a parte viam-se vasos com flores e as pessoas presentes tinham grinaldas na cabeça. A Rainha Vênus estava vestida de pura seda branca bordada em azul com opalas. As crianças correram para ela e seguraram suas mãos.

– “Sentem-se nas almofadas, perto de mim”, disse ela, “e reflitam. Os meninos entreolharam-se e murmuraram:

– “De novo, refletir? Que quer dizer isso?”

Sentando-se nas almofadas que lhe foram designadas, eles observavam. Chegavam à sala muitas pessoas com o rosto triste, melancólicas e irritadas. A Rainha Vênus voltava-se para elas, murmurava algumas palavras nos seus ouvidos e mandava-as sair acompanhadas por um dos presentes.

Em pouco tempo voltaram, completamente diferentes, e beijando as mãos da Rainha, retiravam-se da sala.

– “Sabem o que passa com essas pessoas? Perguntou Vênus às crianças. Rex fez que não com a cabeça.

– “Todos sentem-se infelizes ou estão descontentes. Vem aprender a fazer a paz em vez de serem causadores de perturbações no mundo. Eles não compreendem que cada um tem sua nota musical particular, sua cor própria, e se eles não usarem sua nota própria, sairão do tom. Por isso mando tais pessoas através dos quartos pelos quais vocês já passaram, para que encontrem sua nota musical e aprendam a usá-la corretamente. Depois eles voltam para a terra com sua tonalidade restaurada e não mais se queixam.

Tudo tem sua nota própria; prestem atenção às quedas d’água e ao vento que sopra entre as árvores e vocês ouvirão suas tônicas. Até as estrelas tem seu acorde. Ouçam!”

A Rainha ergueu sua mão e fez-se silêncio na sala. Ela levantou-se e entoou algumas notas de um acorde. No ar, sobre os assistentes apareceu uma lira com sete cordas. A primeira corda vibrou e emitiu um som, depois a segunda, a terceira, a quarta, até que as sete cordas vibraram conjuntas. Sobre a lira relampagueou uma estrela que desapareceu em seguida. Os meninos jamais ouviram sons iguais, tão sublimes que eles sentiram medo e foram para perto da Rainha Vênus.

Rindo do receio dos meninos, disse Vênus:

– “Esta é a música dos sete Planetas; na Terra, somente os poetas e os grandes músicos podem ouvi-la. Os grandes músicos nunca ficam satisfeitos com o seu trabalho porque é muito difícil transportar a música das esferas para o papel, a fim de que outras pessoas possam tocá-la. Se vocês sempre pensarem em coisas bonitas e procurarem causar felicidade por onde andarem poderão voltar a esta Terra e ouvir de novo a música dos Planetas, porque esta é a “Terra da Harmonia”.

– “Foi isso o que o Pai Tempo quis dizer quando disse a vocês para refletirem; reflitam antes de falar, para que não pronunciem palavras más que vão ferir e prejudicar a harmonia do mundo. Reflitam antes de agir, para verem se o que vão fazer será de ajuda para os outros e não para vocês mesmos”.

– “Para que vocês se lembrem desta terra tomem esta estrela de opala com cinco pontas, Zendah. E você Rex, tome esta pequena lira de sete cordas para com ela tentar fazer músicas de verdade para o mundo”.

Os meninos beijaram as mãos de Vênus ao se despedirem dela, e disseram que se sentiam muito entristecidos por terem de deixá-la, mas Vênus sorriu e disse-lhes que eles a veriam de novo antes de regressarem para casa.
Fora do palácio retomaram o tapete mágico e voaram para o portão. Em vez de saírem pelo portão aberto, os meninos sentiram que passavam através do portão fechado.

O tapete e as fadas desapareceram, e os meninos desceram lentamente até o chão, no lado de fora.

A balança pendia novamente para um lado. O sol, que se punha no alto do portão, desapareceu sob o mar de cobre e aos poucos fez-se a escuridão.

(The Adventures of Rex and Zendah In The Zodiac – por Esme Swainson – publicado pela The Rosicrucian Fellowship – publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61; As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco (as Ilustrações são originais da publicação) –Fraternidade Rosacruz – SP – publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980-81)

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