A Alma de Billy

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Alma de Billy

A Alma de Billy

Desde quando podia se lembrar, a corcunda sempre estivera ali. Uma vez, ele perguntou à sua mãe sobre isso,mas ela apenas o pegou nos braços e disse:

– Filhinho, Filhinho, a mamãe te ama do mesmo modo.

Naturalmente Billy estava contente porque sua mãe o amava, mas queria encontrar alguém que lhe dissesse alguma coisa sobre a sua corcunda. Havia tantas, tantas perguntas que gostaria de fazer!

– Talvez, ele sussurrou para o seu cachorrinho, talvez os Anjos me deixaram cair quando me trouxeram para cá. O que você acha disso, Bob?

Mas o pequeno Bob apenas abanou seu rabinho e piscou seus olhos preguiçosamente, como que dizendo:

– É realmente uma pergunta muito grande para serrespondida por um cachorro tão pequeno como eu e então Billy viu que não podia obter qualquer informação.

Um dia, quando estava sentado no jardim em sua pequena cadeira de rodas, ele notou uma rosa particularmente bela. Quando ele se inclinou e a acariciou com seus dedinhos finos, murmurou sonhadoramente:

– Desejaria saber se as flores têm alma, como as pessoas.

– Naturalmente que temos.

Ele ficou atônito ao ouvir essa voz e, apesar de olhar para todos os lados, não viu uma única pessoa.

– Estou aqui, disse a voz alegremente.

Desta vez Billy olhou direto para a rosa e ficou surpreso ao ver uma fadinha muito delicada espiando de uma de suas pétalas.

– Quem é você?, perguntou Billy com seus olhos muito arregalados.

– Sou a alma desta rosa, respondeu a fada com um ar gracioso.

– E todas as flores têm alma, também? Perguntou Billy, um tanto surpreso.

– Naturalmente, disse a fada prontamente. Eu pensei que todos soubessem disso.

De repente, Billy lembrou-se da corcunda e rodando sua cadeira para aproximar-se mais da fada disse ansiosamente:

– Oh, você acha que poderia me falar sobre esta aqui o garotinho engoliu em seco, essa corcunda? Porque eu a tenho?

Por um momento, houve um silêncio no jardim, então, a fada disse muito vagarosamente e com firmeza:

– Tudo tem um propósito, você sabe.

– Mas eu não a quero, persistiu Billy. Parece inútil tê-la já que não tem a menor utilidade, ele continuou numa vozinha lamentosa e, além do mais, não posso brincar e me divertir como os outros meninos.

– Não sei se poderei fazer algo por você ou não, disse a fada. Entretanto, convocarei uma reunião de outras fadas para hoje à noite e decidiremos sobre isso.

-E você lhes dirá que quero ficar reto e forte como os outros meninos? disse Billy em tom tenso.

A fada meneou sua cabeça e disse:

– Esteja aqui amanhã à tarde e eu lhe darei a resposta.

Então, as pétalas da rosa se fecharam e a pequena criatura perdeu-se de vista.

Nesse momento, alguns visitantes chegaram ao jardim e, ao ver Billy, uma bela menina murmurou:

– Que horror!

Ela não queria que Billy ouvisse as suas palavras, mas ele as ouviu e, mais tarde, quando sua mãe foi buscá-lo, ele era apenas um ser frágil de sentimentos feridos.

– Meu Deus, filho! ela exclamou. Você não deve chorar tanto. Veja – isso me torna infeliz.

– Mas…, mas… ela olhou para mim horrorizada, mamãe, e, soluçando em seus braços, contou-lhe o caso como se passou.

– Veja, filho, disse sua mãe calmamente. Seu corpo é somente a casa onde você mora. É sua alma que está dentro dele, o que tem realmente valor.

Então, a face de Billy iluminou-se porque lembrou-se da fada e, durante o trajeto para casa, permaneceu murmurando:

– Amanhã eu saberei – amanhã eu saberei.

Quando sua mãe o colocou na cama aquela noite, ela se admirou ao ver o rosto feliz e em paz de Billy.Quando se inclinou para beijá-lo, disse ternamente:

– O que fez meu garotinho tão feliz esta noite?

E Billy murmurou sonolento:

– É um segredo, mãezinha querida – talvez amanhã, e sua voz arrastou-se e ele entrou na terra dos sonhos.
*****

No dia seguinte, ele estava completamente excitado. Mal podia esperar chegar a tarde de tão ansioso que estava para rever a fada. Quando sua enfermeira o colocou na cadeira de rodas, notou suas faces avermelhadas e disse, muito solene:

– Realmente espero, Billy, que você não vá pegar alguma doença.

– Oh, estou bem, enfermeira, respondeu Billy, seus olhos brilhando. Mas gostaria que você se apressasse.

Então, indicou a ela onde gostaria que colocasse suacadeira.

Assim que a enfermeira desapareceu dentro da casa, Billy exclamou suavemente:

– Estou aqui, fada-rosa e, no instante seguinte, a face da fada apareceu espiando através das pétalas.

– O que elas disseram? começou Billy ansiosamente.

– S…- sh, murmurou a fada. A Rainha decidiu fazer uma reunião aqui no jardim e aqui está ela agora.

Olhando para cima, Billy viu uma fada descendo pelo jardim. Estava vestida com uma roupa brilhante que resplandecia quando ela andava. Parou em frente a cadeira de Billy e disse:

– É você o garotinho que quer se tornar saudável e forte?

Billy aquiesceu, muito emocionado para falar.

A Rainha, então, sacudiu sua varinha sobre o jardim e imediatamente pequeninas faces surgiram de todas as flores.

– Ouçam, fadas, comandou a Rainha. Aqui está um garotinho que quer ser reto e forte.Quando as fadas começaram a falar, ela levantou sua varinha e disse:

– Esperem! Deixem que ele fale por si mesmo.
Billy sentiu-se um tanto tímido de ser o centro de tantas atenções, mas sabia que elas estavam esperando e começou:

Eu – eu quero ser como os outros meninos, de maneira que possa jogar os seus jogos. Além do mais, se eu não tiver uma corcunda, as pessoas não olharão para mim e dirão, ‘Que horror!’ Por favor, fadas, chorou Billy suplicando, tirem-me a corcunda!

As fadas falaram entre si por algum tempo e, apesar de Billy ouvir com atenção, não conseguiu entender uma única palavra do que elas diziam.

Por fim, houve um silêncio e então a Rainha disse:

– Billy, temo que não conseguiremos tirar-lhe a corcunda, mas nós o ajudaremos a construir uma alma tão bela que as pessoas o amarão em qualquer lugar que for – por você mesmo, e esquecerão completamente sua corcunda.

Naturalmente, Billy estava desapontado – amargamente desapontado. Ele escondeu seu rosto por algum tempo, pois sabia que estava banhado de lágrimas e sentia-se um pouco envergonhado de deixar que as fadas vissem que tinha chorado.

A fada Rainha continuou:

– E nós lhe daremos uma imaginação tão maravilhosa, que você será capaz de fazer jogos que outros garotos nem podem imaginar. E, toda vez que quiser, poderá entrar na “Terra do Faz-de-Conta” e ter as maiores aventuras lá.

Veja, essa terra é feita para meninos como você. A porta está fechada para crianças fortes e saudáveis.

De repente, Billy sentiu uma maravilhosa paz descer sobre ele e sentiu-se muito, muito feliz. Quando ergueu sua cabeça, descobriu que a Rainha e todas as fadas tinham desaparecido e que sua enfermeira estava chegando.

– Meu Deus, Billy – ela exclamou atônito, você parece tão diferente!

– Eu pareço diferente e estou diferente, querida enfermeira, respondeu Billy docemente enquanto se inclinava em sua cadeira. De hoje em diante, eu serei o menino mais feliz na face da Terra.

No seu rosto resplandecia uma expressão doce, estranha, que só possuem os que já sentiram a realidade das coisas sagradas.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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