O Corpo Vital de Jesus
A lição do mês passado1 trouxe à luz um certo número de questões que, até agora, não haviam sido ensinadas publicamente. Mas outros mistérios acerca do alcance e das limitações das forças espirituais, e a explicação sobre a preservação do Corpo Vital de Jesus contra o ataque das forças negras, estão também envolvidos no diálogo entre Fausto e Lúcifer. Quando este pede que a estrela de cinco pontas seja retirada da porta para que ele possa sair, Fausto pergunta-lhe: “Por que não te retiras pela janela?”
Pessoas que estudam o ocultismo, frequentemente têm uma ideia muito exagerada da força que possui aquele que desenvolveu a visão espiritual. A verdade é que os investigadores ocultistas se acham limitados pelas leis da natureza pertencentes ao mundo invisível, da mesma forma que os indivíduos da ciência são forçados a ajustar-se às leis físicas.
A fim de que o equilíbrio possa ser mantido, algumas vezes as leis num reino da Natureza atuam de uma maneira diretamente oposta às leis de um outro reino. Aqui, no mundo físico denso, as formas gravitam em direção ao centro da terra. Se a solidez do Corpo Denso não impedisse, poderíamos alcançar Cristo sem esforço. É necessária força para levantar um Corpo, mesmo que este esteja a uma simples polegada do solo; por outro lado, as formas do espírito têm uma tendência natural para levitar. Portanto, é relativamente fácil a um mestre de magia negra ir até Marte impelido pela força sexual roubada de suas vítimas. Ele é naturalmente atraído para o planeta da paixão e, como a aura de Marte se mistura com a da Terra, a façanha está longe de ser difícil. Mas, ele não pode penetrar nem mesmo no primeiro dos nove estratos da Terra, os quais conduzem ao Senhor do Amor, que é o Espírito da nossa esfera. Tal penetração é o caminho da Iniciação, e é preciso força da alma, pureza e abnegação para alcançar o Cristo, e esta é a razão porque há tão poucos que tenham algo a dizer sobre a constituição interna da Terra.
Nós não vemos os objetos físicos fora do nosso olho; eles são refletidos na retina e nós vemos apenas a sua “imagem” dentro do olho. Como a luz é o agente de reflexo, os objetos que resistem à passagem da luz parecem opacos; outras substâncias, como o vidro, parecem claras porque admitem, prontamente, a entrada dos raios da luz. Quando usamos a visão espiritual, uma luz de superlativa intensidade é gerada dentro do Corpo, entre o Corpo Pituitário e a Glândula Pineal. Esta luz é focada “através” do chamado “ponto cego” no olho, diretamente sobre o objeto a ser investigado. O alcance do raio direto é inteiramente diferente do alcance do raio físico refletido. Penetra uma parede sem dificuldade, mas não há nenhum espírito no Mundo do Desejo que possa ver através do cristal. Nem Lúcifer ou qualquer outro espírito do mal consegue penetrar através de qualquer coisa feita daquele material, nem mesmo através do menor pedaço de vidraça.
Conhecendo estes fatos, os nossos Irmãos Maiores colocaram o Corpo Vital de Jesus num sarcófago de cristal para protegê-lo da vista dos curiosos ou profanos. Eles conservam este receptáculo numa caverna nas profundezas da Terra, onde ninguém que não seja Iniciado pode penetrar. Para dupla segurança, há vigilantes que montam guarda constante junto de tão precioso Corpo, pois é este veículo fosse destruído, o único caminho para a vinda de Cristo estaria eliminado, e Ele ver-se-ia obrigado a permanecer prisioneiro na Terra até que a Noite Cósmica dissolvesse seus elementos químicos no Caos. Se isso acontecesse, a missão de Cristo como nosso Salvador fracassaria; Seu sofrimento seria consideravelmente prolongado e a nossa evolução iria atrasar-se enormemente.
Trabalhemos, vigiemos e roguemos pelo dia glorioso da Sua libertação.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 32)
__________________________________________________________
[1]
Cristo e Sua Segunda Vinda
Um dos pontos principais desta lição mensal – que diz respeito às interpretações equivocadamente difundidas – é a que se refere à vinda de Cristo e ao veículo que Ele usará. A Bíblia transmite-nos isto de forma perfeitamente clara e os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental dos Rosacruzes estão completamente de acordo com ela, daí a nossa opinião diferir, radicalmente, da concepção comum sobre a matéria, tanto a da maioria dos cristãos como a dos que, involuntariamente ou por outras razões, exaltam falsos Cristos parra enganar os incautos. É de vital importância que os alunos da Escola Ocidental compreendam muito bem este assunto, por isso, reiteramos resumidamente os pontos principais dos Ensinamentos Rosacruzes contidos no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” e em alguns outros livros.
Cristo é o mais alto Iniciado do Período Solar; a Terra era, então, formada de matéria de desejos e Seu corpo mais denso foi formado desta matéria.
Ninguém pode formar um veículo material que não tenha aprendido a moldar; por isso, o Espírito Cristo trabalhou com a nossa humanidade de fora da Terra – da mesma forma que os Espíritos-Grupo guiam os animais – até que Jesus abandonou os seus Corpos Vital e Denso no Batismo. Então, o Espírito Cristo desceu e entrou nesses veículos, levando fisicamente o Seu ministério aos seres humanos, até que o Corpo Denso foi destruído no Gólgota quando Ele se tornou o Espírito Interno da Terra. O Corpo Vital de Jesus foi posto de lado para esperar o segundo advento de Cristo.
Cristo advertiu-nos contra os imitadores, mas surge a questão: Como poderemos conhecer o falso do verdadeiro? São Paulo dá-nos a este respeito uma informação definida, e se nós a considerarmos, estaremos a salvo de qualquer decepção.
São Paulo diz (1a. Epístola aos Coríntios 15:50), que “a carne e o sangue não podem herdar o Reino do Céu”. Insiste que este corpo será mudado à imagem do próprio veículo de Cristo (Fel. 3:21), e em (1a. João 3:2), encontramos o mesmo testemunho.
Está perfeitamente claro que qualquer um que venha em corpo físico proclamando que é Cristo, é demente, um ente digno de compaixão, ou um impostor, merecedor de nosso escárnio e reprovação. Também não nos deixou na ignorância acerca da natureza do veículo no qual encontraremos Cristo e de que seremos como Ele. Na 1a. Epístola aos Tessalonicenses 4:17 é-nos dito que encontraremos o Senhor no ar. Portanto, nós forçosamente teremos que possuir um veículo de uma textura mais delicada do que a do nosso Corpo Denso atual. A transformação necessitará ainda de séculos para que a maioria dos homens a possa alcançar.
Na 1a. Epístola aos Tessalonicenses 5:23, São Paulo diz que o ser completo humano consiste de espírito, alma e corpo. Quando finalmente largarmos o nosso corpo denso, como Cristo o fez, nós funcionaremos num corpo chamado soma psuchicon (Corpo-Alma), 1a. Epístola aos Coríntios 15:44. Em nossa literatura, este é o “corpo-vital”, um veículo feito de Éter, capaz de levitação e da mesma natureza do Corpo usado por Cristo depois da Crucificação. Este veículo não está sujeito à morte como o nosso Corpo Denso, e é finalmente transmutado em espírito como aprendemos em nossa literatura e é confirmado na 1a. Epístola aos Coríntios, Cap. 15.
Por conseguinte, os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental estão em perfeita harmonia com a Bíblia quando afirmam, enfaticamente, que Cristo nunca voltará na carne (pois isto seria um retrocesso para Ele). Da mesma maneira que as larvas rompem o seu casulo e se transformam em borboleta que voa de flor em flor – processo deslumbrante de animada beleza – assim também nós, algum dia, deixaremos este instrumento mortal que nos prende à Terra e ascenderemos ao céu como almas viventes, radiantes de glória, ansiosas por encontrar o nosso Salvador na terra das almas, o Novo Céu e a Nova Terra. Este é um dos pontos principais da doutrina da Escola Rosacruz. Confiamos que nossos estudantes se esforçarão por assimilar totalmente este assunto, e assim seremos capazes de “dar uma razão” à sua fé.
Santidade das Experiências Espirituais
Recebemos muitas cartas dos estudantes que fizeram apreciações a respeito das lições anteriores, e isso foi para nós uma fonte de satisfação por notar o profundo amor que sentem pela Fraternidade e o desejo de saber “como tudo aconteceu”. Por isso é que me sinto com mais disposição do que no princípio para apresentar as minhas experiências pessoais.
Ao mesmo tempo, nunca será suficientemente salientado que o relato indiscriminado das experiências suprafísicas é uma das práticas mais prejudiciais, não importa qual o ponto de vista considerado. Na conferência nº 11, “Visão e Percepção Espiritual”, do livro “Cristianismo Rosacruz”, essa matéria foi amplamente explicada. O “tesouro descoberto” deve ser extraído em silêncio, e aprendemos, pelo mito grego, que Tântalo foi lançado às regiões do inferno por divulgar segredos espirituais. Por outras palavras, não podemos obter a verdadeira iluminação enquanto formos divulgando os nossos sonhos e visões, contando-os aos que, declaradamente, não desejam escutar. Ao proceder assim, profanamos e depreciamos o que deveríamos reverenciar, e a profanação é capaz de focalizar a nossa visão nas regiões infernais, os estratos inferiores do Mundo do Desejo.
Por outro lado, tais narrações sempre embaraçam a credulidade daqueles que as escutam. Não há medida alguma pela qual possamos avaliar a sua exatidão. Muitas vezes parece que eles não têm uma posição prática sobre o problema da vida. Mesmo que tenhamos fé na veracidade do visionário, as suas histórias não têm valor algum, a menos que possamos descobrir nelas uma lei fundamental ou um propósito.
Dessa forma, a declaração da lei é suficiente, não necessita de atavios. A melhor ilustração sobre esse assunto foi-me dada quando descobri a lei da mortalidade infantil, lei nunca publicada até aparecer em nossa literatura.
Um dia, meu Mestre encarregou-me de seguir a vida de certa pessoa através de duas encarnações anteriores e apresentar-lhe depois meu parecer. Eu não tinha a menor ideia de que estava sendo enviado em busca de uma lei, mas pensei que o objetivo era desenvolver a minha faculdade para ser capaz de ler na Memória da Natureza.
Quando terminei a observação, apresentei o resultado ao meu Mestre, que quis conhecer as circunstâncias em que essas mortes ocorreram. Respondi-lhe que a primeira morte daquele homem aconteceu num campo de batalha e a segunda, por doença, quando criança. O Mestre aprovou as minhas observações e encarregou-me de investigar as duas mortes de outra pessoa. Constatei que havia morrido a primeira vez por doença e, tal como no caso anterior, na segunda vez morreu ainda criança. Observei depois uma terceira pessoa, que morreu pela primeira vez num incêndio e na segunda vez me pareceu muito criança. Digo “pareceu-me”, porque dificilmente podia crer na evidência dos meus sentidos e sentia-me tímido quando informei isso ao meu Mestre. Surpreendi-me ao ouvi-lo dizer que a observação estava correta. Essa convicção foi aumentando à medida que investiguei a vida de quatorze pessoas. Na primeira vez tinham morrido por diversas circunstâncias: na guerra, em acidentes vários, por doenças etc., mas todas rodeadas pelas lamentações de seus familiares. Na segunda morte, todos passaram para o além quando crianças.
Então, meu Mestre pediu-me que comparasse essas mortes até encontrar o porquê de terem morrido em tenra idade. Por várias semanas analisei esses fatos, sem encontrar qualquer semelhança com essas várias formas de morte. Até que, num domingo pela manhã, justamente ao entrar em meu corpo, a solução irrompeu no meu cérebro. Despertei lançando o grito – Eureca! Quase caí no meio do quarto pelo salto que dei com a alegria que senti por ter encontrado a solução. Os horrores das batalhas, incêndios, acidentes, assim como as lamentações dos familiares, os privaram da profunda impressão do panorama da vida. Por conseguinte, o valor de uma vida, terminada sob tais condições, perder-se-ia se não fosse seguida da morte na infância e o subsequente ensinamento no primeiro céu, plenamente demonstrado na nossa literatura. A lei, como já foi explicada, logicamente decifra o mistério da vida, independentemente da veracidade da minha história. Como a relatei unicamente para complementar a nossa lição, sinto-me com firmeza para exortar os outros a que guardem em silêncio as suas experiências espirituais.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 19)
O Equilíbrio é de Grande Ajuda nos Momentos de Tensão
Nestes dias em que os nossos costumes, hábitos e negócios estão sendo tão radicalmente mudados pela guerra, não importa em que lugar da Terra em que vivamos; quando os nossos homens estão sendo ceifadas aos milhões pelos canhões; quando a mulher tem que abandonar as atribuições próprias do lar para tomar parte na titânica luta atrás das linhas de fogo; quando os fracos, os muito velhos ou os muito jovens sucumbem pelas privações; como pode alguém evitar sentir-se perturbado pelo sofrimento alheio, e pelo mar agitado de ódio e de dor na França ou nos lugares onde se travam as batalhas?
Permanecer indiferente parece impossível. Ninguém pode permanecer insensível à vista de tal sofrimento. Um estudante, depois de descrever a devastação de uma cidade bombardeada, pergunta: “Pode alguém evitar sentir-se fortemente abalado a respeito disso tudo?”. Não. Até Cristo sentiu-se intensamente abalado quando chorou pelos pecados de Jerusalém, e Ele mostrou uma indignação justa quando expulsou os mercadores do Templo. Mas, o equilíbrio é, indubitavelmente, uma das grandes lições que podemos aprender desta guerra.
É muito fácil para alguém permanecer tranquilo se vai para a montanha e ali vive a vida de ermitão. Mas, qual é o mérito em conservar nosso equilíbrio quando ninguém nos mortifica, nos injuria ou se opõe a nós? Certamente é mais difícil conservar a tranquilidade numa cidade industrial, onde a guerra se trava incansavelmente com a espada da competição, e onde a existência está circunscrita por leis e costumes. No entanto, pode ser feito e está sendo conseguido por muitos que não têm qualquer pretensão de espiritualidade, mas que comprovam que a perda do equilíbrio prejudica as suas ambições. Assim, exercitam-se na prática do equilíbrio. Foi uma experiência indiscutível que beneficiou extraordinariamente tais pessoas. A sua saúde melhorou assim como a sua felicidade, e até os seus negócios prosperaram.
Se tal domínio próprio pode ser alcançado pelas pessoas no mundo, e tão grande benefício pode advir disso no controle das condições normais da vida, nós, que aspiramos coisas mais nobres e elevadas, e que durante vários anos esforçamo-nos por seguir o caminho, devemos ser exemplos de fé e de esperança nestes momentos críticos.
Devemos ser torres de fortaleza para os que não tiveram o privilégio da grande iluminação que obtivemos. Acima de tudo, devemos exercer uma influência construtiva e edificante nesta crise mundial.
Creio ter delineado nesta lição mensal, as causas secretas pelas quais, no passado, foram geradas e fertilizadas as sementes que agora florescem neste atual cataclismo. Embora ligeiramente indiquei como estamos semeando, bem ou mal, as sementes do nosso futuro, tenho a esperança de que os estudantes concentrarão os seus pensamentos na direção indicada, e advogarão na sua esfera de ação, os pontos de vista aqui apresentados. Muita dor poderá ser evitada no futuro porque os pensamentos são coisas, e se eles estiverem em harmonia com a finalidade cósmica de fazer todas as coisas trabalharem juntas para o bem, certamente florescerão.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 94)
Todo Desenvolvimento Oculto começa no Corpo Vital
Um amigo que há alguns meses vem fazendo o curso por correspondência escreveu-me recentemente pedindo um esclarecimento sobre um ponto que lhe causa alguma preocupação. Como essa dúvida pode ocorrer a outros estudantes que não tenham oportunidade de expressá-la, resolvi destinar esta carta para esclarecê-los. O assunto será de grande utilidade mesmo para os que não o tenham observado sob o ponto de vista do nosso amigo. Ele não pretendeu censurar, mas disse que solicitou o curso por correspondência com a esperança de obter algo de interesse para o seu posterior desenvolvimento oculto. Em vez disso, recebe mensalmente um pequeno sermão amável e, ainda que admita que isso possa ser útil para os principiantes e até para os estudantes adiantados, pergunta onde está propriamente a instrução? Outras filosofias prescrevem certos exercícios que ajudam os seus alunos, e pergunta se podemos oferecer-lhe alguns exercícios que desenvolvam sua faculdade de escrever.
Não, não podemos fazer isso. Os Ensinamentos Rosacruzes aplicam-se mais ao progresso espiritual do que à prosperidade material, e não sabemos de algum exercício oculto que possa trazer fortuna, quer diretamente quer por um estímulo anormal de um talento latente.
Mesmo que pudéssemos oferecer-lhe isso, não o faríamos, pois, usar para tal fim um poder oculto seria realmente magia negra. “Buscai primeiro o Reino de Deus e Sua justiça, e todas as outras coisas vos virão por acréscimo”, disse Cristo, e nós nunca nos enganaremos se seguirmos o Seu conselho. Se o nosso amigo quer desenvolver uma faculdade latente somente para o bem, ele pode fazê-lo, e essa aspiração espiritual irá converter-se em realidade se for persistentemente executada e fortalecida pelo esforço físico por meio do trabalho. Dessa forma, a pessoa alcançará o fim desejado sem necessidade de algum exercício oculto especifico.
Acerca das lições que são “pequenos sermões amáveis” podemos dizer que assim parecem se lidas superficialmente. Mas estudadas a fundo, há nelas uma grande substância de conhecimento oculto, encerram um valor muito maior para o estudante do que os exercícios que o nosso amigo pede. Além disso, há “método em nossa loucura” ao dar os cursos dessa forma. Talvez isso não esteja ainda aparente para os estudantes, por isso procuraremos esclarecer melhor o assunto. Peço aos leitores que considerem o que se segue como uma comparação feita com um legítimo propósito, não como uma crítica.
Além do fato que a Escola Oriental de Ocultismo baseia os seus ensinamentos no Hinduísmo, enquanto a Escola Ocidental de Sabedoria adota o Cristianismo – a religião do Oeste – há uma grande discrepância fundamental e irreconciliável entre os ensinamentos dos modernos representantes do Leste e dos Rosacruzes. Segundo a versão do Ocultismo Oriental, o Corpo Vital – chamado “Linga Sharira” – é comparativamente pouco importante, pois é incapaz de desenvolvimento como um veículo de consciência. Serve somente como canal para a força solar, “prana”, e é um “elo” entre o Corpo Físico e o Corpo de Desejos, chamado “Kama Rupa” e também “Corpo Astral”. Este, dizem eles, é o veículo do Auxiliar Invisível.
A Escola de Sabedoria Ocidental ensina, como sua máxima fundamental, que todo o desenvolvimento oculto começa no Corpo Vital, e o autor, como seu representante oficial, tem estado constantemente empenhado, desde o princípio do nosso movimento, em reunir e disseminar os conhecimentos referentes aos quatro Éteres e ao Corpo Vital. Muitas informações foram dadas no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e nos livros que se seguiram, mas as lições e cartas mensais contêm os resultados das nossas investigações recentes. Constantemente estamos dissertando sobre esse Corpo Vital (Vital num duplo sentido) para que os nossos estudantes, conhecendo e refletindo sobre ele, lendo e considerando os “pequenos sermões amáveis” contidos nessas informações, possam, consciente e inconscientemente, tecer o “Dourado Manto Nupcial”. Aconselhamos que estudem essas lições cuidadosamente, ano após ano. Nelas pode haver algum cascalho, mas há muito mais ouro a procurar.
Nossos sinceros votos para um abundante desenvolvimento espiritual durante o Ano Novo.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 74)
Exercícios Diários para o Cultivo da Alma
Quando Cristo visitou Marta e Maria, a primeira estava muito mais preocupada com o seu conforto material do que com os assuntos espirituais que Ele ensinava; daí a repreensão que recebeu por ocupar-se com coisas sem importância, em vez da “única coisa verdadeiramente necessária”. Indubitavelmente, não devemos descuidar do cumprimento dos nossos deveres, das obrigações que nos são apresentadas na nossa vida diária. Infelizmente, muitos cometem o grande equívoco de reputar como primordiais os deveres e as tarefas materiais, pensando que o desenvolvimento espiritual pode esperar até um tempo propício em que não tenham outra coisa para fazer. Cada vez mais, as pessoas admitem que deveriam dedicar mais atenção aos assuntos espirituais, mas encontram sempre uma desculpa para não o fazer naquele momento. “Os meus negócios requerem toda a minha atenção”, dirá um. “Tenho as horas tão contadas e o meu trabalho exige tanto de mim que não sobra tempo para mais nada.
Mas, assim que ficar mais livre, preocupar-me-ei com os assuntos espirituais e darei mais atenção a eles”. Outros alegam que tem a seu cargo seus familiares, mas tão logo cumpram suas obrigações para com eles, estarão prontos a consagrar o seu tempo ao desenvolvimento da alma.
Sem dúvida, em muitos casos e até certo ponto estas desculpas são legítimas, e aqueles que as apresentam estão se sacrificando real e verdadeiramente por alguém ou por alguma coisa. Lembro-me do caso de uma Probacionista que, cheia de angústia, escreveu dizendo que os seus dois filhinhos requeriam sempre a sua atenção quando ela pretendia fazer os seus exercícios matutinos e vespertinos.
Desejava ardentemente avançar no caminho da vida superior, mas o cuidado dispensado aos seus filhos parecia um obstáculo e perguntou o que deveria fazer. Cuidar dos seus filhos, naturalmente, foi o que eu lhe respondi. O sacrifício ao substituir o desejo de seu próprio progresso pela segurança e cuidado com seus filhos, proporcionar-lhe-ia, indiretamente, um desenvolvimento de alma mil vezes maior do que se houvesse negligenciado os seus filhos em função do seu próprio interesse egoísta.
Mas, por outro lado, existem muitos outros que carecem do verdadeiro vigor mental para fazer o necessário esforço. Por muito extenuante que seja o trabalho de cada um, é sempre possível dedicar algum tempo, diariamente, de manhã e à noite, à espiritualidade. É uma prática extraordinariamente boa a de concentrar a nossa Mente num ideal durante o tempo que dispendemos no trânsito, no trajeto de casa ao trabalho e vice-versa. O próprio fato de existir tanto ruído e confusão que torna o esforço de concentração mais difícil e é, em si mesmo, uma ajuda, pois, quem consegue dirigir seu pensamento para um ponto definido sob tais circunstâncias, não encontrará qualquer dificuldade em obter iguais ou até melhores resultados em circunstâncias mais favoráveis. O tempo assim empregado será muito mais proveitoso do que se o utilizarmos lendo um jornal ou uma revista com assuntos que estão muito longe de ser elevados.
A Mente de muitas pessoas é como uma peneira. Os pensamentos escoam através dos seus cérebros como a água através da peneira. Esses pensamentos podem ser maus, bons ou indiferentes, mas estes últimos são os mais frequentes. A Mente não retém suficientemente nenhum deles para poder conhecer a sua real natureza e, ainda mais, concebemos a ideia de que não podemos impedir que esses pensamentos sejam como são. Por causa disso, muitas pessoas acostumaram-se a pensar displicentemente, o que as torna incapazes de se concentrarem em qualquer assunto e aprofundá-lo. Pode ser difícil conseguir este controle do pensamento, mas aquele que o conseguir tem em suas mãos a chave mestra do êxito em qualquer caminho que empreenda.
Eu recomendaria que, juntamente com esta série de lições, os estudantes refletissem com profundidade sobre o “Efeito Oculto das Emoções”, e reservassem diariamente alguns momentos para conseguir o controle do pensamento. Existem muitos métodos valiosos dados por vários autores. De minha parte, considero que já transmiti muitas ideias e dei vários conselhos a respeito. Reconheço que é um treino difícil, dependendo muito do temperamento de cada pessoa. Por isso, creio que os melhores resultados são obtidos quando esse treino e esse esforço são realizados individualmente.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 65)
O Sofrimento Atual e a Paz Futura
De um passado obscuro e distante, chega-nos a voz de Isaias, numa das maiores profecias que a alma inspirou:
“Um menino nasceu entre nós, um filho foi-nos dado: e o governo há de passar sobre os seus ombros e o seu nome será o de Maravilhoso, Consolador, Deus Todo Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Do desenrolar do seu governo e paz, não haverá fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, e para ordená-lo e estabelecê-lo com juízo e justiça, desde então pelos séculos dos séculos”.
Também não é menos potente o canto do coro de Anjos sobre a Galileia para elevar as almas com seu sublime ideal:
“Paz na Terra e Boa Vontade entre os homens”.
Mas, vendo realmente os acontecimentos atuais do mundo, tais ditos parecem que soam como zombarias e, sob o ponto de vista habitual do ser humano, todas as banalidades oferecidas pelos religiosos não podem tornar menos odiosa à situação no chamado “mundo Cristão”.
No entanto, quando aplicamos a escala cósmica de medida e perspectiva, tudo é muito diferente. Goethe disse muito bem:
“Quem nunca comeu seu pão em amargo afã,
Quem nunca acordado à meia-noite viu passar
Chorando, esperando pelo amanhã,
Os poderes celestiais não sabe ainda avaliar”
Passa-se o mesmo tanto com os indivíduos como com as nações. Infelizmente, a dor e o sofrimento parecem ser os únicos mestres que querem ouvir. Daí a necessidade dessas lições. Sabendo que a vida é eterna, não nos desanima o incidente chamado “perda da visão” na guerra atual. Os que morrem voltarão a nascer e, por esta experiência, serão melhores do que foram antes. A paz e boa vontade estão empenhadas em manifestar-se a seu devido tempo, quando aprendermos a abolir a guerra e a regozijar-nos com essa perspectiva, orando ardentemente pela sua consumação. De uma maneira especial, peço aos estudantes da Fraternidade Rosacruz que se unam a nós nesta prece, à meia noite da Noite de Natal, quando o serviço usual na nossa Pro-Ecclesia será celebrado pelos que trabalham em Mt. Ecclesia.
Todos que trabalham em Mt. Ecclesia enviam saudações próprias desta estação natalina. Anexamos nesta carta o folheto: “A Bíblia num relance”, esperando que esse artigo lhes seja instrutivo e proveitoso.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 85)
CONSTRUINDO PARA UMA VIDA FUTURA
Sabemos que a Fraternidade ensina o renascimento como sendo um fato na natureza. Cremos nesta doutrina porque explica tantos fatos na vida que, de outra forma, não poderiam ser compreendidas. Contudo, eu me pergunto: quantos estudantes têm utilizado realmente desta verdade, fixando sua atenção sobre ela, modelando consciente e sistematicamente a construção do seu ambiente para vidas futuras?
É verdade que, no Segundo Céu, dedicamos todo o nosso tempo formando o meio ambiente para nossa vida futura, moldando a terra e o mar, provendo as condições da flora e da fauna, geralmente dando forma as coisas que nos darão um campo propício para nossa próxima vida. Mas, faremos tudo isso de acordo com a maneira como tenhamos vivido nesta existência. Se formos preguiçosos e negligentes, vivendo de uma maneira descuidada e fútil, é certo que, ao entrarmos no Segundo Céu, não estaremos preparados para formar um terreno fértil que mais tarde possamos cultivar. Assim, na nossa próxima existência nos encontraremos, provavelmente, com precários meios de existência e, sob o açoite da necessidade, aprenderemos a agir melhor.
Da mesma forma acontece com a nossas qualidades morais. Quando estamos preparando um novo renascimento, só podemos introduzir em nossos novos veículos o que temos no atual. Por conseguinte, é sensato que comecemos agora essa tarefa, enquanto nossa próxima vida está, ainda, no estágio de moldagem. Devemos formar os nossos ideais como gostaríamos que eles fossem elaborando o ambiente no qual almejaremos ser colocados.
Em primeiro lugar e sem dúvida alguma, estamos de acordo que os nossos corpos atuais não são como desejaríamos que fossem. Doenças de todos os tipos atormentam muitas pessoas; algumas estão sujeitas a dor durante toda sua existência. Ninguém consegue atravessar a vida, desde o berço até o túmulo, sem ter experimentado algum sofrimento. Por isso, cada um de nós pode imaginar-se numa existência futura, provido de um Corpo pleno de saúde, livre das doenças que constituem agora a nossa pior herança.
Em relação às nossas faculdades morais e mentais, estamos longe de ser perfeitos, portanto, cada um de nós deve procurar o aperfeiçoamento dessas faculdades. Percebemos que temos um espírito crítico, uma língua mordaz, um temperamento irritável ou outras falhas que nos indispõem com os outros e tornam a vida ao nosso redor pouco agradável? Pois bem, visualizando o nosso desejo e fixando na Mente o nosso próprio ideal para o futuro – conservar o equilíbrio em todas as circunstâncias, ser dóceis e comedidos no falar, atentos e afetuosos, etc. – construiremos esses ideais como pensamentos-forma que levaremos, já formados dentro de nós para a próxima vida. O resultado estará de acordo com a intensidade de concentração aplicada nessas metas. Na medida em que nos esforçamos, agora, para cultivar e aspirar tais virtudes, nós a possuiremos, e isto se aplicará igualmente às faculdades. Se agora somos desmazelados, o desejo de manter ordem em nossa vida dará corpo a essa virtude. Carecemos do sentido de ritmo? Podemos obtê-lo no futuro se o pedirmos agora? Habilidade mecânica ou outra aptidão que seja necessária para uma experiência de vida pode ser adquirida da mesma forma.
Devemos reservar certo tempo nos intervalos dos nossos deveres para refletir e planejar para o próximo renascimento, que tipo de corpo, faculdades, virtudes e ambientes desejamos ter.
Quando estivermos aptos para fazer, inteligentemente, a nossa escolha teremos dado um significativo passo e amplidão às nossas vidas futuras. Isto se realmente não olvidarmos o assunto.
Compreendemos que a mais elevada forma de aspirar à virtude é constante esforço em praticá-la em nossas vidas diárias. Enquanto nos esforçamos para cultivar as virtudes pela prática é científico planejar sobre a nossa vida futura, exatamente como fazemos hoje em relação ao dia seguinte. Confio que esta ideia se enraíze em cada estudante e seja consistentemente levada a uma legítima consumação. Desse modo, redundará num resultado maravilhoso sobre nosso próprio futuro e o mundo.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 70)
Um Tribunal Interno da Verdade
Uma visita que esteve em Mount Ecclesia na semana passada, disse-me que passou uns vinte anos estudando todas as diferentes filosofias que conseguiu obter, e que havia comentado nos últimos anos os estudos dos Ensinamentos Rosacruzes, que lhe pareceram encerrar a verdade absoluta. Naturalmente ela esperava que concordasse com tais manifestações, e sentiu-se atônita e emudecida quando lhe disse que eu não considerava assim os Ensinamentos que me foram dados pelos Irmãos Maiores, e que foram transmitidos em nossos vários livros.
Para os aborígenes australianos e africanos que podem desenvolver um temperamento religioso – até onde lhes seja possível entender isso – provavelmente aceitarão como uma grande verdade, que haja um Ser Divino de natureza superior à humana. Para tais seres humanos e para tal concepção de religião, tem havido um gradual avanço quanto às filosofias transcendentais que inspiram reverência nas espécies mais adiantadas da raça humana.
Acreditamos que a evolução do ser humano também requer uma evolução da sua religião. Nós viemos ascendendo dos planos de uma ignorância infantil, ao ponto em que hoje nos encontramos, e seria absolutamente contrário às Leis de Analogia supor que qualquer conquista na linha religiosa, que atualmente possuímos, seja a definitiva, pois se não houvesse mais progresso religiosos, também não haverá mais progresso humano.
Então, qual é o caminho que conduz às alturas da realização religiosa e onde podemos encontrá-lo? Esta parece ser uma pergunta lógica. Podemos responder que isto não se encontra nos livros, sejam os meus ou os de outros. Os livros são úteis, à medida que nos dão alimento ao pensamento através dos assuntos que fornecem. Podemos ou não chegar às mesmas conclusões do escritor, mas quando absorvemos as ideias apresentadas em nosso próprio íntimo e trabalhamos sobre elas com cuidado e devotamento, o que resulta deste processo é nosso, e está mais perto da verdade do que qualquer coisa que possamos obter através de outros ou por outras vias.
O Eu Interno é o único tribunal da verdade. Se nós, consciente e persistentemente, levarmos nossos problemas ante este tribunal, desenvolveremos, com o tempo, tal senso superior da verdade que, instintivamente, onde ouvirmos uma ideia avançada, saberemos se ela é ou não correta e legítima. A Bíblia, em várias passagens, exorta-nos para que estejamos atentos a todas as espécies de doutrinas que flutuam no ar e ao nosso redor, porque muitas são perigosas e perturbam a Mente. Livros são lançados para promover este, aquele ou outro sistema de filosofia. A menos que tenhamos estabelecido ou começando a estabelecer este tribunal interno da verdade, poderemos ficar como a pessoa referida acima – vagueando de um lugar para outro, sem encontrar descanso na vida e, no final, sabendo pouco mais ou talvez até menos do que no princípio.
Meu conselho aos estudantes é que nunca aceitem, rejeitem ou sigam cegamente qualquer autoridade. Esforcem-se para estabelecer internamente o tribunal da verdade. Remetam todos os assuntos a esse tribunal, comprovando todas as coisas e absorvendo firmemente tudo o que nele existir de bom.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 83)
Domando os Membros Insubordinados
Os nossos estudantes devem saber que temos em Mt. Ecclesia um pequeno serviço pela manhã e a tarde, no qual incluímos uma leitura da Bíblia. Mrs. Heindel e eu gostamos de ler, de tempos em tempos, o terceiro capítulo de São Tiago, porque nele encontramos uma lição muito importante. Pensei que não seria mal submetê-lo a atenção de todos, especialmente por causa de um incidente que aqui ocorreu há pouco tempo e que teve a virtude de gravar, fortemente, aquela passagem bíblica em minha consciência. Creio que todos podem tirar proveito se a infiltrarmos em nossos corações. Permitam-me que cite alguns versículos do capítulo mencionado, e contarei depois o incidente a que me referi.
“Aquele que não peca no falar é realmente um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo. Quando pomos freio na boca dos cavalos, a fim de que nos obedeçam, conseguimos dirigir todo o seu corpo. Notai que também os navios, por maiores que sejam, e impelidos por ventos impetuosos, são, entretanto, conduzidos por um pequeno leme para onde quer que a vontade do timoneiro os dirija. Assim também a língua, embora seja um pequeno membro do corpo, se jacta de grandes feitos! Notai como um pequeno fogo incendeia uma floresta imensa. Ora, também a língua é um fogo. Como o mundo do mal, a língua está posta entre os nossos membros maculando o corpo inteiro e pondo em chamas o ciclo da criação, inflamada como está pela geena. Com efeito, toda espécie de feras, de aves, de répteis e de animais marinhos é domada e tem sido domada pela espécie humana. Mas a língua, ninguém consegue domá-la: ela é um mal irrequieto e está cheia de veneno mortífero. Com ela bendizemos ao Senhor, nosso Pai, e com ela maldizemos os homens feitos à semelhança de Deus” (Tg 3; 3-9). “Com efeito, onde há inveja e preocupação egoística, aí estão as desordens e toda sorte de más ações. Por outra parte, a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, indulgente, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, isenta de parcialidade e de hipocrisia. Um fruto de justiça é semeado pacificamente para aqueles que promovem a paz” (Tg 3; 16-18).
Em Mt. Ecclesia temos vários enxames de abelhas. Há algum tempo os jardineiros mudaram o sítio de um deles. As abelhas irritaram-se, por aquela intromissão na sua vida e no seu trabalho, e picaram os seus agressores, dolorosa e severamente, em inúmeras partes do corpo. Quando soube do sucedido e refletindo sobre ele veio-me o pensamento de que havia ali uma lição muito importante. A abelha perde o seu ferrão ao picar alguém e morre em seguida. Reflita bem nisto! Como se aplica rigorosamente a lei da justiça!
Automaticamente ela própria se mata ao ferir alguém. Não é obra de um Deus vingativo, mas a sua própria ação que lhe dá o retorno. Reflitamos bem nisto!
Se morrêssemos imediatamente depois de picar um semelhante com palavras mordazes, quantos de nós existiríamos? Por outro lado, se soubéssemos que morreríamos depois de termos dado a ferroada, não dominaríamos as nossas línguas para nosso próprio benefício e para de todos os outros envolvidos? Este é, por certo, um exemplo que deveríamos ter sempre presente, e considerá-lo repetidamente até aprendermos a cerrar os dentes, mantendo a boca fechada cada vez que somos tentados a empregar palavras maldosas.
Chegará o tempo em que deixaremos de ter o sentimento maldoso para o próximo, não importando o que nos possam ter feito.
Posso assegurar que, desde a nossa chegada a Sede Central, este capítulo da Bíblia tem sido para Mrs. Heindel e para mim de um proveito espiritual extraordinário. Ajudou-nos muito mais do que todos os outros juntos, ainda que estejamos longe, muito longe da perfeição. Mas, a forma como temos agido e os outros em relação a nós é a garantia plena para chamarmos a atenção especial de todos para esse capítulo, juntamente com a pequena história das abelhas.
Que essa leitura, feita uma ou duas vezes por semana, seja profundamente gravada em seus corações e lhes traga consideráveis benefícios.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 82)
Valor dos Sentimentos Retos
Espero que tenham gostado da lição do mês passado. Talvez tenham ficado surpresos, mas ela agradou-me inteiramente, pois elevou, de forma poderosa, a minha devoção, e pude meditar como a Vida Divina se derrama periodicamente em nós para que possamos ter uma vida mais abundante. Sem esse influxo da Vida de Deus, toda a vida, ou melhor, toda a forma deixaria de existir. Ao sentir as emoções superiores é que nos elevamos mais facilmente. É bom estudar e assim desenvolver nossas Mentes, mas há um grande perigo nos dias de hoje em sermos enredados nas malhas do intelecto. São Paulo vislumbrou isto quando disse: “O conhecimento ensoberbece, mas o amor edifica” (N.R.: ICor 8; 6). Todos desejamos saber, e é natural que assim seja. Mas, a menos que o nosso conhecimento seja utilizado para que nos tornemos melhores homens e mulheres e melhores servos de nossos semelhantes, esse saber não nos fará melhores aos olhos de Deus. Portanto, é de enorme importância cultivarmos o sentimento reto, e sinceramente espero que tenham sentido a lição da Páscoa, pois este é o único caminho de obter pleno benefício dela.
Mentalizem a grande onda de energia divina projetada do Sol invisível, que é a manifestação do Pai.
Procurem sentir o respeito que sentiriam se pudessem vê-la, tal como o sente o vidente exercitado.
Acompanhem-na em sua imaginação quando ela penetra na Terra durante a Sagrada Noite de Natal.
Deixem que esta energia os penetre da mesma forma que o faz na Terra e que é a causa ativa da germinação de todos os reinos. Cristo referiu-se, por analogia, às aves chocando os ovos ao descrever Seus sentimentos para com os outros seres e, se tentarmos sentir a germinação de todas as coisas da Natureza, como indicamos na lição da Páscoa, perceberemos outros aspectos do assunto.
Espero que utilizem bem esta lição como matéria de meditação, pois ela é diferente das lições intelectuais que facilmente se gravam na Mente e depois são esquecidas. Esta lição tem valor permanente, e quanto mais a estudarem, deixando-a penetrar fundo no coração, mais perto estarão do coração do todo que é Deus, o grande e amoroso Pai, que derrama igualmente a Sua vida tanto sobre a menor planta como sobre o maior espécime da floresta. Ele cuida dos animais selvagens e das aves; do pária sem lar e do potentado real em seu palácio, sem discriminação.
Que Deus os abençoe, abundantemente, revelando-lhes os tesouros de Sua riqueza, os quais ultrapassam todos os valores terrenos. Que sintam a onda de amor que Ele derrama, ano após ano, como uma realidade renovada. Assim, não se sentirão sós, mesmo estando sozinhos, e serão muito mais ricos – independentemente dos bens e do amor terreno que possuam – e mais preparados para irradiar o maior e a mais sublime de todos os sentimentos: O Amor Espiritual.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 05)