Algumas partes da Bíblia foram escritas simbolicamente porque, na época em que essa obra foi escrita, a humanidade em geral não estava preparada para entender as verdades escondidas nos símbolos. O Apocalipse, também conhecido como o Livro da Revelação ( também chamado de Apocalipse de São João Evangelista) é uma dessas partes.
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Elsa M. Glover – Uma Interpretação da Revelação de São João
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UMA INTERPRETAÇÃO DA REVELAÇÃO DE SÃO JOÃO
por
Elsa M. Glover
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
An Interpretation of the Revelation to John
1ª Edição em Inglês, 1977
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
Uma Interpretação da Revelação de São João
Algumas partes da Bíblia foram escritas simbolicamente porque, na época em que essa obra foi escrita, a humanidade em geral não estava preparada para entender as verdades escondidas nos símbolos. A Revelação é uma dessas partes.
Para aqueles que conseguem ler os símbolos, no entanto, o Apocalipse descreve o caminho da Iniciação e as coisas que o iniciado pode investigar nos mundos superiores, como as Hierarquias Criadoras, o passado, o presente e o futuro da evolução do ser humano e a história da disputa entre Jeová e os Espíritos Lucíferos.
O Capítulo 1 do Apocalipse é de natureza introdutória, expressando as circunstâncias em que São João recebeu a Revelação. Os Capítulos 2 e 3 descrevem o Caminho da Iniciação. As sete igrejas descritas são os sete passos no caminho da Iniciação.
Diferentes pessoas podem desenvolver as qualidades necessárias à Iniciação em ordem diversa e é possível que algumas qualidades necessárias possam ser trabalhadas simultaneamente. Portanto, as sete etapas descritas não correspondem necessariamente à ordem em que devem ser tomadas.
A igreja de Éfeso representa a dedicação da força criadora à espiritualidade e não à paixão. Ao Aspirante (Ap 2:5) é dito para se lembrar que caiu, que se arrepende e que já fez isso anteriormente. Na Época Lemúrica, o ser humano caiu no uso apaixonado de sua força criadora (descrita no Livro do Gênesis, Capítulo 2).
No entanto, aqueles que obtêm sucesso podem comer da Árvore da Vida (Ap 2:7). A Árvore da Vida simboliza a energia que dá a alguém a capacidade de viver na Terra tanto quanto desejar. É a energia cujo poder curativo mantém o Corpo Denso indefinidamente. Assim, quem conseguir usar a força criadora de forma regeneradora ganhará o poder de curar.
A Igreja de Esmirna representa a superação das tentações associadas à riqueza material. Quem tem pobreza material, mas riqueza espiritual, pode ser ridicularizado pelas Mentes mundanas (Ap 2:9). O Aspirante pode ser jogado na prisão pelo demônio para ser testado (Ap 2:10).
Isso significa que o Aspirante pode necessitar viver em condições de restrição material por um tempo para demonstrar que considera algumas coisas mais importantes do que conforto ou prosperidade. Quem vencer essa tentação, não será derrotado pela segunda morte (Ap 2:11). A primeira morte é a elevação da consciência acima do material, de modo que o material não tenha valor intrínseco. A segunda morte é a morte do Corpo Denso. A consciência espiritualizada não se importa com a morte física.
A igreja de Pérgamon representa a condução da força criadora para cima com a intensidade necessária para que as Glândulas Pituitária e Pineal comecem a vibrar resultando em visão espiritual. As correntes da energia criadora residem no trono de Satanás (Ap 2:13). Satanás representa os Espíritos Lucíferos cujo trono é a medula espinhal, onde trabalham para estimular as paixões, o egoísmo e a imoralidade (ou o uso indevido da força criadora).
Aqueles que não se arrependem permanecem em conflito com aquele que tem sua espada na boca (Ap 2:16). A espada simboliza a justiça divina de acordo com a Lei. Portanto, aqueles que falharem diante das tentações dos Espíritos Lucíferos terão sua retribuição segundo a Lei da Causa e do Efeito.
Contudo, os que vencerem as tentações receberão uma pedra branca e um novo nome (Ap 2:17). A pedra branca é o corpo daquele que conseguiu elevar a força criadora (chamada pedra filosofal). Um novo nome representa um novo estado de consciência, ou seja, a percepção dos Mundos superiores.
A igreja em Tiátira representa o controle das emoções e sentimentos. As emoções elevadas se expressam como amor, fé, serviço e paciência em suportar. (Ap 2:19). As emoções básicas podem levar os servidores a praticar a imoralidade e a comer alimentos sacrificados aos ídolos (Ap 2:20). Os servidores são as faculdades que possuem. A comida sacrificada aos ídolos representa o dar e, em seguida, o tomar o que foi dado, ou dar apenas onde se pode obter algo em troca.
Aqueles que não se arrependem podem adoecer e sofrer atribulação, e seus filhos podem inclusive morrer (Ap 2:22-23). Paixões e emoções egoístas causam conflitos, doenças, sofrimento e destruição. As crianças representam pensamentos e desejos produzidos pela natureza apaixonada. Crianças mortas comunicam a necessidade de eliminar os pensamentos e desejos egoístas mais cedo ou mais tarde.
A quem conquista, é dado poder sobre as nações, que irá governar com uma vara de ferro (Ap 2:26-27). As nações são as faculdades do ser humano. Quem controla suas emoções tem o controle de si mesmo. O ferro é o metal regido por Marte, o lar dos Espíritos Lucíferos. Portanto, governar com uma barra de ferro significa controlar as energias de Marte e a habilidade de suportar as tentações implantadas pelos Espíritos Lucíferos.
A igreja em Sardis representa a construção do Corpo-Alma. Aqueles que nominalmente estão vivos, mas na verdade já estão mortos (Ap 3:1) são aqueles que têm um Corpo Denso com o qual funcionam no Mundo Físico (e, portanto, estão fisicamente vivos), mas que não têm uma alma capaz de funcionar nos Mundos superiores (e, portanto, estão mortos para os Mundos superiores). As obras dos que não possuem Corpo-Alma não foram perfeitas aos olhos de Deus (Ap 3:2). Considere que um bom trabalho (serviço) é necessário para construir o Corpo-Alma.
A segunda vinda de Cristo será em algum momento desconhecido (Ap 3:3), e ele virá nas nuvens (Ap 1:7), ou seja, no Corpo-Alma. Aqueles que não desenvolverem seus Corpos-Alma não poderão segui-lo nesse momento. Aquele que conquista, será coberto por roupas brancas (Ap 3:5). A roupa branca se refere ao Corpo-Alma (às vezes chamada de Vestimenta Dourada das Bodas).
A igreja na Filadélfia representa a separação do Corpo-Alma (que são os dois Éteres superiores do Corpo Vital) e da parte superior do Corpo de Desejos do Corpo Denso, dos dois Éteres inferiores do Corpo Vital e da parte inferior do Corpo de Desejos. Essa separação torna possível os voos anímicos. Cristo colocou diante do Aspirante uma porta aberta, que ninguém pode fechar (Ap 3:8).
Antes da crucificação, apenas alguns escolhidos receberam o treinamento e as condições necessárias para se preparar para os voos anímicos. Na Crucificação, o espírito de Cristo mudou as condições etéricas da Terra de tal maneira que depois disso qualquer um pode se preparar e aprender a alcançar a separação necessária, a fim de poder ser capaz de voos anímicos. Assim, Cristo abriu a porta dos Mundos superiores para todos.
Aqueles que entrarem pela porta aberta nos Mundos mais elevados serão mantidos a partir daquela hora em uma provação, que surge em todo o Mundo (Ap 3:10). Quando alguém entra nos Mundos superiores se encontra com o Guardião do Umbral, que é a soma de todos os seus atos passados não redimidos.
Alguns, então, assumem conscientemente a responsabilidade de pagar suas dívidas para com o mundo e, assim, apagar esses registros. “Quanto ao vencedor, farei dele uma coluna no templo do meu Deus, e daí nunca mais sairá. Escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da Cidade do meu Deus — a nova Jerusalém, que desce do céu, de junto do meu Deus — e o meu novo nome.” (Ap 3:12). Tornar-se um pilar no templo de Deus representa o fim da necessidade de renascer na Terra. Com o nome de Deus inscrito em si representa ter alcançado a consciência de Deus. A palavra “Jerusalém” significa “morada da paz”. Ter o nome da nova Jerusalém inscrito em si significa ter alcançado um estado de paz interior.
A igreja de Laodiceia representa o desenvolvimento da vontade necessária para tomar o caminho. Pessoas que não esquentam nem esfriam são jogadas pela boca de Cristo (Ap 3:15-16). Aqueles que não querem ou não fazem nenhum esforço não são conduzidos pelo caminho da Iniciação, mas são autorizados a tomar o caminho mais longo, escolhido pela humanidade em geral. Aqueles que não sentem a necessidade do ouro refinado pelo fogo (o Corpo espiritualizado, a Pedra Filosofal) ou da vestimenta branca (Corpo-Alma) ou do unguento para os olhos (que proporciona a visão espiritual) não trabalharão para eles e nem os alcançarão (Ap 3:17-18). Cristo está chamando à porta (da consciência do ser humano), e se o Aspirante abrir a porta, o Espírito de Cristo entrará nele (Ap 3:20).
Quando o Aspirante chega à Iniciação, obtém a capacidade de ver nos Mundos superiores.
Em primeiro lugar, São João indica os poderes criadores que podem ser contatados nos Mundos superiores (Ap 4). Quem São João viu sentado no trono central representa Deus. Os vinte e quatro anciãos ao seu redor representam os polos positivos e negativos dos doze Signos do Zodíaco.
As sete tochas representam os sete Espíritos Planetários (os Espíritos de Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno e Urano). O mar de vidro representa toda a sabedoria, a Mente Cósmica. Esse é igual ao Mar Fundido por Hiram Abiff na Lenda Maçônica. Os quatro seres vivos, que são as representações simbólicas dos quatro Signos Fixos do Zodíaco, podem ser associados aos quatro elementos, aos quatro estados de matéria ligados a esses elementos e aos seres que trabalham nesses estados de matéria. Assim, o leão (Leão, Fogo, Região Etérica) representa os Anjos; o boi (Touro, Terra, Região Química) representa o ser humano; o homem (Aquário, Ar, Mundo do Pensamento) representa os Senhores da Mente; e a águia (Escorpião, Água, Mundo do Desejo) representa os Arcanjos.
Um nível alternativo de interpretação da visão de São João sobre Hierarquias Criadoras é possível. Para cada poder criador no universo há uma parte desse poder criador dentro do ser humano. Assim, sob a perspectiva do microcosmos, alguém no trono central pode ser interpretado como o Deus interior (Ego); os anciãos e as tochas como as forças zodiacais e planetárias dentro do ser humano; e os quatro seres vivos como os Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente do ser humano.
Nos Mundos superiores, é possível ver a evolução passada do ser humano, a vida e as atividades cotidianas após a morte e a evolução pretendida do ser humano. São João descreve de forma simbólica isso (Ap 5:11). O Capítulo 5 fala de um pergaminho fechado com sete selos, que apenas um Cordeiro morto é digno de abrir. O Cordeiro representa a Consciência Crística. O pergaminho representa a sabedoria que pode ser alcançada nos Mundos mais elevados. No Capítulo 6, São João diz que viu um cavalo branco com um cavaleiro com um arco, partindo para conquistas, o que representa o ser humano no início de sua evolução. O cavalo branco indica inocência e o arco, as aspirações. Então aparece um cavalo vermelho e um cavaleiro, que leva embora a paz da Terra. Isso representa o ser humano agindo sob paixões egoístas. Em seguida, surge um cavalo preto e um cavaleiro com uma balança de pratos na mão. Essa cena representa o ser humano envolvido na materialidade (obscuridade espiritual). A balança indica que o ser humano nesse estado deve ser regido pelas leis. Acrescenta-se que o azeite e o vinho não devem ser danificados. O azeite é o óleo para a lâmpada da vida, que é a alma. O vinho é a força da vida. As leis devem guiar o ser humano de tal maneira que ele não vai deter o crescimento de sua alma e não usará indevidamente a força da vida.
Por último, um cavalo pálido aparece, cujo cavaleiro é a morte. Finalmente todos os seres humanos morrem fisicamente. Em Apocalipse 6:12-17 é descrito o processo de morrer. A partir de um nível microcósmico da interpretação, o Sol e a Lua representam as forças solares e lunares dentro do corpo, e os reis da Terra representam as forças que governam as diferentes partes do corpo.
As estrelas que despencam do céu para a Terra representam as forças cósmicas que tomam o corpo quando o espírito o abandona. O céu desaparecendo em um redemoinho que o envolve se relaciona com o movimento espiral pelo qual saem os Corpos Vital, de Desejos e a Mente, quando abandonam o Corpo Denso.
A consciência de São João, então, entra no Mundo do Desejo e vê o que acontece com os seres humanos no Purgatório e no Primeiro Céu. Em Apocalipse 8:1-5, São João descreve um Anjo com um incensário e a fumaça que se mistura com as orações dos Santos. Então o Anjo pega o incensário, enche de fogo e o atira sobre a Terra. O incenso retrata os sentimentos feridos de pessoas inocentes. Os incensários cheios de fogo e jogados sobre a Terra indicam que, na mesma medida que uma pessoa faz os outros sofrerem, ela sofrerá o mesmo, e assim a Terra (ou o aspecto inferior de sua natureza) será queimada (ou expurgada). Em Apocalipse 8:6-9, 19 descreve com mais detalhes o processo no Purgatório. Os quatro Anjos mencionados em 9:15 são os quatro Anjos do Destino ou Arquivistas que monitoram o funcionamento da Lei de Causa e Efeito. Em Apocalipse 9:20, ele cita “Os outros homens, que não foram mortos por estes flagelos, não renunciaram sequer às obras de suas mãos”. Essas partes de nossa natureza inferior, que não forem erradicadas na experiência do Purgatório, ainda estarão presentes em nossa natureza em nossa próxima vida. Não é possível aprender todas as lições em uma só existência.
Em Apocalipse 7:1-17, São João descreve as experiências do ser humano no Primeiro Céu. Os quatro Anjos mencionados em 7:1 são novamente os quatro Anjos Arquivistas ou do Destino. Eles alertam para não prejudicar as 144.000 pessoas que foram seladas como servos de Deus. De acordo com os procedimentos da simbologia numérica, 144.000 é igual a (somando os dígitos) 9, que representa o número do ser humano. Isso indica que praticamente todos os seres humanos (depois de passarem pelo Purgatório) alcançam o Primeiro Céu. Essa interpretação é comprovada em 7:9 que descreve que: “uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do trono e diante do Cordeiro, trajados com vestes brancas”. Em 7:14-17, ele ainda observa que “nunca mais terão fome, nem sede, … e Deus enxugará toda lágrima de seus olhos.”. A grande tribulação (em um nível microcósmico de interpretação) é o Purgatório. As vestes brancas indicam que o sofrimento no Purgatório limpou os Corpos de Desejos. “Eles não terão mais fome e sede” indica que o que eles desejarem na Terra (de natureza edificante) ali será realizado.
Quando o ser humano entra no Segundo Céu, passa algum tempo avaliando e assimilando as experiências de sua vida passada. Isso é descrito no Ap 10:8, 11, 2. São João conta como um Anjo lhe deu um rolo para comer que era doce em sua boca, mas amargo em sua barriga. O pergaminho representa sabedoria. Comer o pergaminho representa trazer sabedoria à consciência. Ser doce na boca representa ver a beleza ou a justiça de alguma parte da sabedoria. Ser amargo em seu ventre indica que quando chega a hora de usar a sabedoria e fazer o que você sabe que é certo (depois de retomar a vida na Terra) nem sempre é fácil ou agradável. A medição do Templo de Deus indica a avaliação das estruturas de seu Corpo Denso, seus hábitos, desejos e pensamentos da vida anterior. A São João foi dito para não medir o quintal. Isso indica que não se deve avaliar seus semelhantes e culpá-los por qualquer uma de suas falhas.
Já Ap 11:4-19 descreve, brevemente, a direção planejada para a evolução do ser humano. As duas oliveiras e os apoios de duas lâmpadas são as fontes de direção divina para o ser humano e as oportunidades para o crescimento da alma que chegam aos seres humanos (lembre-se que o azeite usado nas lâmpadas da vida representa a alma). A besta que se ergue do abismo pode travar uma guerra contra os profetas e matá-los. A besta é a paixão egoísta. A paixão pode tentar o ser humano a não seguir a direção divina e pode alcançar seu objetivo.
Contudo, os profetas voltam à vida. Embora a luz divina possa ser ignorada por um tempo, ela não pode ser extinta e retorna à consciência do ser humano. Finalmente, o Reino do mundo se converte no Reino de Cristo. Esta seção termina com a Arca da Aliança, vista no céu. A Arca é a representação simbólica do Iniciado (a arca continha as Tábuas da Lei, o Pote Dourado do Maná e a Vara de Aarão, que representam o Iniciado com a lei dentro do seu coração, o Corpo-Alma e os fluxos da força criadora espiritualizados).
Em Ap 12-22 temos a descrição da luta (no processo evolutivo) entre Jeová e os espíritos de Lúcifer. São João descreve ter visto uma mulher vestida com o Sol, com a Lua sob seus pés, que trouxe à luz uma criança. Um dragão que se sentou para devorar a criança, mas a criança foi elevada até Deus e a mulher fugiu para o deserto (Ap 12:1-6). A mulher simboliza as forças da criatividade física dirigidas pelo Deus lunar, Jeová. A criança que nasce é a humanidade. O dragão representa os espíritos de Lúcifer. O dragão, impedido de devorar a criança levada à Deus indica que durante a Involução, quando a consciência do ser humano estava nos Mundos superiores, o ser humano tinha pouca consciência e não podia ser induzido a atos de paixão e egoísmo pelos espíritos de Lúcifer, mas ao invés disso seguia docilmente a Jeová. O deserto é algo que está longe da ação diária do ser humano. A mulher fugindo para o deserto indica que o ser humano não era geralmente consciente do ato procriador em tal época.
Miguel e seus Anjos lutaram com o dragão e seus Anjos, e o dragão e seus Anjos foram expulsos do céu. Então o dragão foi para a Terra e perseguiu a mulher. A mulher recebeu as duas asas da grande águia para que ela pudesse voar para o deserto, longe do dragão. O dragão derrama água de sua boca atrás da mulher, mas a Terra engole o rio (Ap 12:7-17). O dragão e seus Anjos lançados do céu referem-se ao fato de que os espíritos de Lúcifer estavam ficando para trás na onda de vida angélica e necessitavam para sua evolução de um ambiente mais denso do que o dos Anjos. O dragão perseguindo a mulher na Terra indica que os espíritos lucíferos tentaram fazer com que o ser humano usasse suas forças criadoras para servir seus interesses. Como os espíritos de Lúcifer precisavam de conhecimento físico para sua evolução, os seres humanos tinham que deixar de confiar na sabedoria orientadora de Jeová e agir por iniciativa própria (independentemente das suas ações serem imprudentes). Ao ser humano foram dados dois meios para resistir às insinuações dos espíritos de Lúcifer. Um é representado pelas duas asas da grande águia, que representam as asas da oração, que ajudam o ser humano a colocar sua consciência em contato com o divino. O outro é representado pela Terra engolindo o rio que jorra da boca do dragão da Terra. O rio que jorra da boca do dragão indica os desejos egoístas com os quais os espíritos de Lúcifer tentam o ser humano. A Terra que engoliu esse rio indica que as restrições físicas podem colocar limitações em desejos egoístas (pois o ser humano não tende a parar de querer o que é fisicamente impossível de realizar).
Uma besta saiu do mar. A besta tinha uma ferida mortal, que foi curada. “Os homens adoravam a besta.” (Ap 13:1-10). O mar é a paixão. A besta é a parte inferior da natureza onde se constrói a paixão. A besta se recuperar de uma ferida mortal indica que quando acreditamos que eliminamos alguma falha de nossa personalidade, ela ainda pode surgir novamente.
“Homens adorando a besta” indicam o ser humano que falha na luta contra sua natureza inferior, decide aceitá-la como natural e, portanto, que é bom seguir seus ditames. Uma besta também se levantou da Terra. Ela fez grandes sinais e decepcionou aqueles que habitaram na Terra e deu poder à imagem da besta da água que havia enganado. O número dessa besta era 666 (um número humano) e estava marcado na mão direita ou na testa de todos (Ap 13:11-18). A besta que surgiu da Terra é o materialismo. O materialismo pode fazer maravilhas, como evidenciado pelas conquistas da ciência atual. Contudo, o materialismo também pode enganar aqueles que habitam na Terra. Pode levar as pessoas à crença de que tudo pode ser feito fisicamente e que não há poderes mais além do físico. O materialismo também fortalece a imagem da besta da água. Isso significa que promove o egoísmo e a paixão. Somando os dígitos do número da besta, temos 18 e, portanto, 9, simbolicamente o número do ser humano. Assim, a besta é fabricada pelo ser humano.
Ap 14-18 descreve como aqueles que seguem a besta trazem sofrimento para si mesmos e como a parte maligna de sua natureza é reduzida e eliminada. A Cidade da Babilônia representa a falta de sabedoria e a resultante confusão associada à existência material (a palavra “Babilônia” significa “lugar de confusão”), e ela é vencida. Finalmente, a fumaça da prostituta (da Babilônia) sobe (Ap 19:3), o que significa que a força criadora sobe e supera a paixão egoísta.
Ap 19:6-8 conta como o som do poderoso trovão de muitas vozes foi ouvido quando o casamento do Cordeiro ocorreu. A Noiva tinha preparado para si mesma roupas em linho fino, brilhante e puro, que são as boas ações dos Santos. A Noiva é a humanidade. A roupa de linho fino da noiva é o Corpo-Alma (que é concebido pelo serviço). Os trovões são vibrações atmosféricas que ocorrerão na segunda vinda de Cristo e que libertarão o Corpo-Alma (daqueles que têm um) do Corpo Denso e permitirão que essas pessoas vivam na Região Etérica do Mundo Físico. O casamento do Cordeiro indica a unificação da consciência do ser humano com a consciência de Cristo.
Ap 19:11-16 dá uma descrição simbólica de um Iniciado. Seus olhos como chama indicam que ele tem uma visão interna. Seu manto de sangue indica que o que ele conseguiu foi através do sofrimento. A espada em sua boca com a qual ele governa as nações indica que ele governa suas próprias ações e as mantém alinhadas com a Lei Cósmica. Governar com uma barra de ferro significa que ele tem domínio sobre a paixão.
Em Ap 19:17-18, os pássaros são descritos alimentando-se da carne de reis, capitães, homens e cavalos. Os pássaros simbolizam a alma, e sua alimentação da carne representa que a alma cresce como resultado da experiência física.
Ap 21-22 descreve a próxima Era. Que “a morada de Deus estará com os homens” implica que os seres humanos terão a consciência de Deus. Que não haverá mais dor significa que quando os seres humanos tiverem a consciência de Deus, eles não criarão mais as desarmonias que resultam em dor. Essa sede será saciada pela água da vida, indicando que os seres humanos terão o poder de cura. A Árvore da Vida na Nova Jerusalém também indica a posse do poder criador. A cidade de Jerusalém que vem de Deus aponta que a paz de espírito está associada à consciência de Deus. Que a Nova Jerusalém não terá Templo ou necessidade do Sol ou da Lua representa que o Deus interior (Ego) será capaz de dirigir seus próprios corpos e que um Deus externo não será necessário para a direção. O objetivo de um Livro como o Livro da Revelação, que descreve o caminho evolutivo do ser humano, é inspirar os seres humanos a trabalhar em harmonia com os Seres que guiam sua evolução. Todos nós podemos aprender a perceber que somos pobres, cegos e nus e, então, decidirmos comprar o ouro refinado pelo fogo, o unguento para ungir nossos olhos e as roupas brancas para vestir nossos corpos.
FIM
Esse livreto foi escrito com o objetivo de ser um material introdutório simples e curto para um entendimento básico dos Ensinamentos Rosacruzes.
Elsa M. Glover – Fundamentos Básicos do Cristianismo Rosacruz
1. Para fazer download ou imprimir:
FUNDAMENTOS BÁSICOS DO CRISTIANISMO ROSACRUZ
por
Elsa M. Glover
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
Fundamentals of Christian Rosicrucian Teachings
1ª Edição em Inglês, 2002
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
1- PERGUNTAS
À medida que vivemos no Mundo Físico, vemos pessoas nascendo e outras vivendo e morrendo.
O que acontece quando nascemos e o que ocorre quando morremos?
Que eventos ocorrem em torno do nascimento e da morte?
Existe alguma parte de nós que exista antes de nascermos e que sobreviva após a morte?
Existe um Deus? Se sim, qual é a natureza de Deus?
Qual é a nossa relação com Deus?
A vida tem um propósito?
As pessoas realmente se safam mesmo agindo mal?
As pessoas colhem o que semeiam?
A relação entre criação e evolução é irreconciliável?
É possível obter respostas definitivas para perguntas como essas?
Os Ensinamentos Rosacruzes têm como objetivo fornecer informações e ensinar métodos para obter respostas a essas questões tão importantes.
2– FONTES DE INFORMAÇÃO
Há muitos caminhos através dos quais podemos obter informações. Nossos sentidos físicos nos permitem ver, ouvir, sentir, saborear e cheirar o mundo ao nosso redor. Os cientistas desenvolveram instrumentos que podem revelar coisas que nossos sentidos físicos desconhecem.
Os aparelhos de rádio e de televisão podem detectar ondas de rádio e televisão que não podemos sentir. Os contadores Geiger podem identificar emanações de materiais radioativos que não percebemos diretamente. Microscópios e telescópios nos permitem ver coisas que são muito pequenas ou muito distantes para serem vistas diretamente.
Os cientistas nos informam o que conseguem observar. Claro, eles cometem erros, às vezes. Contudo, quem se der ao trabalho de obter os instrumentos e usá-los para aprender pode verificar suas observações e conclusões. Quando muitos pesquisadores independentes chegam às mesmas observações e conclusões, o público em geral tende a acreditar no que se está dizendo.
Algumas pessoas expandiram seus sentidos ao ponto de poderem “ver” mais do que a maioria das outras. Elas podem ser chamadas de videntes, profetas, clarividentes, iniciados, professores ou xamãs e nos dizer o que veem. E, claro, às vezes elas apresentam informes falsos. Mas quando muitos videntes independentes fazem relatos semelhantes, começamos a suspeitar que eles estão vendo aspectos verdadeiros da realidade.
No entanto, para ter certeza do que é verdade, é recomendável que cada pessoa desperte sua própria capacidade de perceber a Verdade por si mesma.
3– A NATUREZA DO SER HUMANO
O ser humano é um Ego – um Espírito Virginal da onda humana manifestado – que ocupa um corpo. Qual é a natureza desse Espírito?
O Espírito tem as propriedades da consciência, que são o poder da vontade, da criatividade e da capacidade de iniciar ações. O Espírito também possui vida eterna.
Durante a vida na Terra, o Espírito, que é o ser humano de fato, funciona dentro e por meio de um Corpo Denso para obter experiência.
Quando chega o momento do corpo morrer, o Espírito abandona o corpo e continua sua evolução nos Mundos espirituais até que seja hora de retornar a outro Corpo Denso para ganhar mais experiência.
4– A NATUREZA DE DEUS
Se estudarmos o universo, podemos observar que muita sabedoria foi empregada em sua criação. A distância da Terra até o Sol e a revolução e rotação dela se combinaram para criar um ambiente apropriado para formas de vida na Terra. O ciclo da água na Terra fornece um suprimento contínuo de água doce à vida na Terra.
Nossos corpos são maravilhas da engenharia, com enorme poder de resiliência frente ao abuso e com habilidade de reparar danos por conta própria.
Deus é o nome que damos ao sábio Ser que planejou e colocou em manifestação este maravilhoso universo.
A criação de Deus não terminou. Ele ainda está trabalhando dentro do universo enquanto você evolui para o cumprimento de Seu plano.
5– O OBJETIVO DA EVOLUÇÃO
Nós, como Espíritos, estávamos inicialmente unidos com Deus. Nesse estado, sabíamos tudo o que Deus sabia. Tínhamos a consciência do todo. Por melhor que possa parecer, havia um problema. Não tínhamos autoconsciência. Ao não ter autoconsciência, não podíamos pensar: “eu farei isso”. Portanto, não podíamos ter iniciativa ou criatividade. Nós simplesmente existíamos, como faíscas da Luz do todo – sabedoria.
A fim de nos permitir o desenvolvimento da autoconsciência, Deus (e as Hierarquias Criadoras que trabalharam com Ele) nos ajudaram a construir corpos. Como os corpos encerram nossa consciência, pudemos finalmente nos ver e começar a aprender a exercitar nossa iniciativa e criatividade.
No entanto, a baixa vibração dos corpos nos separou da consciência do todo. Assim, não temos mais acesso direto à sabedoria Divina. Com frequência, exercitamos nossa iniciativa e criatividade de maneira tola e destrutiva e como resultado infligimos dor e sofrimento a nós mesmos.
Nosso objetivo agora é recuperar a consciência do Todo, enquanto mantemos a autoconsciência. Quando alcançarmos esse objetivo, seremos criadores sábios e trabalharemos em harmonia com o resto do universo.
6– OS CICLOS DA EVOLUÇÃO
Tendemos a ter a consciência do Todo, mas não autoconsciência, quando estamos fora de nossos corpos (como quando dormimos à noite, ou quando estamos nos mundos celestiais entre as vidas na Terra). Tendemos a estar cientes de nós mesmos, mas não da Consciência do Todo, quando estamos dentro de nossos corpos (como quando estamos acordados durante o dia, no transcorrer de nossa vida na Terra.)
Estamos aprendendo a funcionar de maneira autoconsciente e com consciência do Todo simultaneamente, alternando entre esses dois estados. Cada vez que passamos da autoconsciência para a Consciência do Todo, levamos um pouco de autoconsciência para a Consciência Total. Toda vez que passamos da consciência do Todo para a autoconsciência, trazemos um pouco da consciência do Todo para a autoconsciência.
Portanto, nosso ciclo entre estar despertos e adormecidos e nosso ciclo entre a vida na Terra e a vida nos Mundos invisíveis (entre os renascimentos) é o que nos permite evoluir até alcançar a fusão de nossa autoconsciência com a Consciência do Todo.
7– OS MÉTODOS DE EVOLUÇÃO
A vida na Terra é como uma escola. Aprender a resolver os problemas que surgem ao longo da vida nos incentiva a exercitar e desenvolver nossa autoconsciência, o poder da vontade, o amor, a sabedoria, a criatividade e a iniciativa.
Estamos aprendendo a mesclar a autoconsciência com a consciência do Todo. Já vimos como os ciclos alternados ajudam no processo de fusão. Os agentes que ajudam a guiar nossa evolução (chamados Anjos Arquivistas ou do Destino, ou ainda Anjos Relatores) estão acima de todo erro e dão a cada um exatamente o que necessita para seu desenvolvimento.
Nosso trabalho na vida é aprender a resolver os problemas que se apresentam em nosso caminho. Claro que, à medida que surgem problemas, às vezes não agimos com sabedoria. Para nos ajudar a perceber o que é certo e o que está errado, Deus instituiu a lei que diz: “O que o homem semeia, ele também colherá.”.
Ou, em termos simples, “aquilo que se faz, se paga”. Portanto, quando ferimos os outros, eventualmente ferimos a nós mesmos. Quando ajudamos os outros, finalmente sentimos a alegria que lhes proporcionamos.
O fato de as pessoas colherem o que semearam nem sempre é evidente na vida cotidiana. Algumas pessoas parecem trabalhar duro a vida toda e nunca são recompensadas. Alguns parecem cometer crimes e escapar da detecção e punição.
No entanto, nem todas as dívidas são pagas durante esta vida. É necessário a visão de um clarividente para poder seguir um Espírito em suas vidas anteriores para verificar como ações passadas explicam as circunstâncias atuais.
8- RETROSPECÇÃO
Na Escola da Vida progrediremos muito mais rapidamente se pudermos tomar consciência dos efeitos de nossas ações cotidianas, em vez de esperar que a lei natural nos chame à atenção.
Por isso, é recomendável todas as noites, quando nós nos retiramos para dormir em nossas camas, relaxarmos nossos corpos e revisar os acontecimentos do dia em ordem inversa, de modo que vejamos os efeitos de nossas ações e, em seguida, as causas desses efeitos.
Com isso podemos nós mesmos julgar perante o nosso tribunal interno se as ações produziram efeitos desejáveis ou não. Em cada momento em que nossas ações afetam os outros, devemos tentar sentir a alegria ou o sofrimento que causamos.
Quando o fizermos, estaremos colhendo o que semeamos e isso apagará o registro para que não tenhamos que enfrentá-lo mais adiante. Isso também aumenta nossa autoconsciência, nos ajuda a melhorar o caráter e nos ensina a nos comportar melhor.
9– CRISTIANISMO
Cristo nos deu dois novos mandamentos: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento… Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mt 22:37,39). Isso está alinhado com nosso objetivo de desenvolver a omnisciência. Cristo acrescentou: “Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13:35). Portanto, nosso objetivo é sermos Discípulos de Cristo.
Cristo também disse: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que seu senhor faz; mas eu vos chamo amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu vos dei a conhecer.” (Jo 15:15). Em outras palavras, Cristo não age como um ditador que requer obediência cega às pessoas.
Em vez disso, ele serve como amigo e conselheiro, deixando as pessoas totalmente livres para escolher, por si mesmas, o que elas vão ou não fazer. Somente tomando decisões as pessoas aprendem a exercitar sua autoconsciência, vontade, criatividade e iniciativa.
Cristo também disse ao povo: “Vós sois deuses.” (Jo 10:34) e “Deixei que brilhe tua luz.” (Mt 5:16). Ser um verdadeiro Cristão exige desenvolver nossos poderes criativos divinamente concedidos e deixar nossa luz brilhar para a elevação do mundo.
10– ASTROLOGIA
O universo é o corpo de Deus. Assim como o sangue flui entre todas as partes do nosso corpo, vários tipos de energia circulam entre todas as partes do corpo de Deus. São essas correntes energéticas que o Astrólogo estuda.
O importante a compreender sobre as correntes de energia astrológica é que elas não forçam ninguém a fazer nada. O astrólogo não está fazendo previsões sobre o que vai acontecer. Em vez disso, ele simplesmente descreve para as pessoas as energias com as quais têm que trabalhar.
O que as pessoas fazem com essas energias é escolha delas. Nosso trabalho na vida é aprender a usar de maneira construtiva as energias astrológicas que estão disponíveis para nós.
11– CURA
Cristo instruiu seus discípulos a pregar o Evangelho (a Verdade) e curar os doentes (Mt 10:7-8).
A doença advém de quebrarmos, de contrariarmos, as Leis da Natureza. À medida que encontramos a Verdade, aprendemos a viver em harmonia com tais leis naturais e, assim, aprendemos como prevenir e curar enfermidades. À medida que aumenta nosso amor pelos outros, cresce o nosso desejo de ajudar aqueles que necessitam da cura.
O método Rosacruz de cura envolve:
12– COMO PODEMOS ENCONTRAR A VERDADE POR NÓS MESMOS?
Primeiro, precisamos ser totalmente livres para buscar a Verdade. Para isso, devemos nos desprender de todas as ideias preconcebidas. A Verdade pode não ser o que inicialmente pensamos que é.
Devemos, ainda, nos desapegar de nossos desejos mundanos, porque a Verdade não é necessariamente o que nós (do nosso ponto de vista terrestre) queremos que seja. Devemos nos desvincular de seguir cegamente os outros e começar a buscar a Verdade dentro de nós mesmos.
Em segundo lugar, da mesma forma que é necessário um lago tranquilo para refletir a paisagem circundante também, quando buscamos a Verdade, precisamos fazer com que nossas Mentes estejam calmas e em paz.
Em terceiro lugar, devemos buscar ativamente a Verdade. A busca cria uma força de atração (em um nível espiritual) que nos ajuda a atrair a Verdade que buscamos. Cristo disse: “Procurai e encontrarás” (Mt 7:7).
Como ainda estamos no processo de aperfeiçoar nossas faculdades, é desejável que possamos verificar se o que acreditamos ser verdadeiro seja, de fato, verdadeiro. A verdade deve formar um todo unificado. Cada parte deve ser consistente com as outras. Precisamos comprovar se nossas concepções da Verdade são coerentes. Se não são, há algum engano em alguma parte.
Outra prova da verdade é usá-la e ver se funciona. Se a nossa concepção de Verdade nos diz que um determinado curso de ação produzirá bons resultados, então podemos descobrir se essa concepção é verdadeira seguindo o curso da ação e observando aonde nos conduz.
13– O QUE A ESCOLA ROSACRUZ EXIGE DOS ESTUDANTES
A resposta é: nada. Max Heindel escreveu no livro “Cartas aos Estudantes”: “Na Fraternidade Rosacruz deve haver absoluta liberdade pessoal”.
No livro “O Conceito Rosacruz de Cosmos”, Max Heindel afirmou que “procura desde o princípio emancipar o Discípulo de toda dependência dos outros, tornando-o autoconfiante no mais alto grau, de maneira a poder permanecer só em todas as circunstâncias e enfrentar todas as condições. Somente aquele que for tão bem equilibrado pode ajudar ao débil”.
14– O QUE EXIGIR DE NÓS SE QUISERMOS PROGREDIR?
De acordo com a concepção rosacruciana, se quisermos ser sábios, devemos desejar a sabedoria com a mesma intensidade com que uma pessoa debaixo d’agua deseja o ar. Devemos procurá-la excluindo qualquer outro propósito na vida. A sabedoria deve ser nossa única aspiração, dia e noite.
Além disso, “Temos que aprender a lição do trabalho para um fim comum, sem lideranças e, cada um, impulsionado pelo Espírito do Amor interno, deve esforçar-se pela elevação física, moral e espiritual do mundo até alcançar a estatura de Cristo – Senhor e Luz do Mundo”. (Carta nº 20 do livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel).
F I M
A Era de Aquário é uma era astrológica que está chegando em torno de 2638, onde os seres humanos terão a capacidade de ler Mentes por ressonância e terão visão de raios-x, não processando o reflexo da imagem na retina, mas realmente olhando e vendo a coisa em si.
Isso não é ficção científica, mas predito por uma PhD em física que dedicou sua vida ao estudo de Astrologia e espiritualidade. Ela mostra como a Era de Aquário ajudará as pessoas a romper com a ignorância, a falta de auto-estima e o medo, para que possam se tornar, pela primeira vez na história, verdadeiramente livres.
À medida que as pessoas se tornem livres para explorar suas próprias naturezas interiores, o mundo a sua volta e outros povos, avanços sem precedentes serão feitos na auto-atualização, compreensão científica, invenção e amor universal.
1. Para fazer download ou imprimir:
Livro: A Era de Aquário – Elsa Margaret Glover
2. Para estudar no próprio site:
A ERA DE AQUÁRIO
por
Elsa M. Glover
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
The Aquarian Age – Elsa M. Glover
1ª Edição em Inglês, 1987
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
Sumário
I- A NATUREZA DAS INFLUÊNCIAS ASTROLÓGICAS
II – A ERA DE AQUÁRIO
III – VALORES AQUARIANOS
IV – A IDEIA AQUARIANA DO EU
V – A LIBERDADE VERSUS AS LEIS
VI – IMITAR OU EXPLORAR?
VII – A INICIATIVA PESSOAL NA ERA DE AQUÁRIO
VIII – A CRIATIVIDADE
IX – A RESSONÂNCIA
X – A AMIZADE UNIVERSAL
XI – A CIÊNCIA E RELIGIÃO NA ERA DE AQUÁRIO
XII – A VISÃO ETÉRICA
XIII – A SOLUÇÃO DE CONFLITOS COM MÉTODOS AQUARIANOS
XIV – MÉTODOS DE ENSINO AQUARIANOS
XV – O GOVERNO AQUARIANO
XVI – A POLÍTICA NA ERA DE AQUÁRIO
XVII – A JUSTIÇA NA ERA DE AQUÁRIO
XVIII – MÉTODOS AQUARIANOS DE CURA
XIX – EXERCÍCIOS MENTAIS PARA A ERA DE AQUÁRIO
XX – AUTOCONTROLE NA ERA DE AQUÁRIO
XXI – ALEGORIAS PARA A ERA DE AQUÁRIO
I- A NATUREZA DAS INFLUÊNCIAS ASTROLÓGICAS
“Deus é luz… se andamos na luz, como Ele está na luz, seremos fraternais uns com os outros…”
(IJo 1:5-7)
“Um é o brilho do sol, outro o brilho da Lua, e outro o brilho das estrelas. E até de estrela para estrela há diferença de brilho.”
(ICor 15:41)
Quando falamos ou cantamos geramos ondas sonoras que viajam em todas as direções a partir de nossos corpos e que podem produzir um efeito naqueles que as ouvem. Nossos corpos geram calor e o irradiam para o ar e os corpos físicos próximos, aquecendo-os consequentemente. Nossos corpos também geram ondas mais sutis (ondas etéricas, emocionais e de pensamento) que igualmente saem de nossos corpos e podem produzir um efeito sobre aqueles que nos rodeiam se estiverem “sintonizados” com elas. O tipo de ondas etéricas, emocionais e mentais que irradiamos depende de nosso caráter. Se somos gananciosos, irradiamos ganância. Se somos generosos, irradiamos generosidade. Se somos amorosos, irradiamos amor.
O Sol, os Astros que giram no seu entorno e as Luas nas órbitas desses Astros são os corpos de exaltados seres espirituais. Assim como nós irradiamos diferentes ondas de nossos corpos, também esses exaltados seres espirituais irradiam ondas de diferentes tipos. Da mesma forma como as ondas que irradiamos dependem da natureza da nossa personalidade, a natureza das ondas do Sol, dos Astros e das Luas dependem da natureza dos seres que trabalham nesses corpos cósmicos. Os astrólogos observam que os Astros irradiam ondas que tendem a estimular os seguintes aspectos no ser humano:
Astros | Qualidades estimuladas |
Sol | Independência, emprego do poder da vontade |
Mercúrio | Pensamento lógico, autoexpressão |
Vênus | Harmonia, beleza e amor próprio |
Lua | Memória, imaginação |
Marte | Desejo |
Júpiter | Devoção, generosidade, entrega |
Saturno | Retrospeção, previsão, persistência |
Urano | Superação, altruísmo, independência, criatividade |
Netuno | Intuição |
Plutão | Regeneração, perdão. transformação |
Assim como o ângulo dos raios solares determina quando a Terra experimentará o verão e o inverno, igualmente os diferentes ângulos dos raios emitidos pelos Astros afetam a natureza da influência das radiações astrais. Para determinar os diversos ângulos e seus efeitos, o céu, visto da posição de uma pessoa na Terra, é dividido em doze seções chamadas Signos do Zodíaco. A primeira Casa começa no horizonte oriental. O primeiro Signo, Áries, começa no ponto do céu onde o Sol se encontra no meio do mês de março.
Os astrólogos observaram que a Casa ocupada por um Astro indica a área da vida na qual as radiações planetárias tendem a se concentrar.
Número da Casa | Área da Vida |
1 | Personalidade |
2 | Posses materiais |
3 | Mente Concreta |
4 | Casa |
5 | Liderança |
6 | Serviço |
7 | Parcerias |
8 | Desejo |
9 | Mente Abstrata |
10 | Fama |
11 | Amigos |
12 | Isolamento |
Os astrólogos observaram ainda que o Signo em que se encontra um Astro determina a parte do corpo humano onde os raios planetários se concentrarão e o nível do Ser e de Consciência no qual estarão focados:
Áries | Parte superior da cabeça | Fogo – Cardeal |
Touro | Mandíbula inferior, pescoço | Terra – Fixo |
Gêmeos | Braços, pulmão | Ar – Comum |
Câncer | Estômago | Água – Cardeal |
Leão | Coração | Fogo – Fixo |
Virgem | Intestinos | Terra – Comum |
Libra | Rins | Ar – Cardeal |
Escorpião | Genitais | Água – Fixo |
Sagitário | Quadris, coxas | Fogo – Comum |
Capricórnio | Joelhos | Terra – Cardeal |
Aquário | Tornozelos | Ar – Fixo |
Peixes | Pés | Água – Comum |
Os Signos Cardeais estimulam a atividade do corpo físico; os Signos Fixos, a tenacidade na natureza emocional; os Signos Comuns, a investigação através da Mente. Os Signos de Fogo focam na consciência e na vitalidade, os Signos de Terra, na consciência na Mente; os de Água, na consciência dos sentimentos.
Quando uma criança nasce, o momento exato em que é tomada a primeira respiração é que servirá de base para levantar seu tema natal. A razão disso é que o primeiro sopro de ar (inspiração) carrega consigo a vibração da atmosfera naquele instante.
Essa vibração é transmitida dos pulmões para o sangue e depois para todas as partes do corpo, colocando cada átomo físico em uma determinada vibração. Assim o corpo está em sintonia com os padrões astrológicos de vibração do momento em que a criança tomou sua primeira respiração. Essa sintonização persiste durante toda a vida. À medida que os Astros se movem no céu durante a vida da pessoa, eles estimulam um aspecto ou outro do padrão vibratório natal. A pessoa sente então um impulso ou uma energia dentro dela que a leva a querer fazer algo, dependendo dos Astros específicos envolvidos e seus respectivos ângulos. Um dos objetivos da evolução é ser plenamente capaz de responder aos estímulos de todos os Astros. Todas nossas energias vêm dos Astros e das estrelas e somente quando nos tornamos capazes de recebê-las, elas estarão disponíveis para nosso uso. Outro objetivo da evolução é ter controle consciente sobre o uso das energias. Ter a energia necessária para fazer algo não significa que isso seja apropriado para fazer. Nem todas as energias se combinam harmoniosamente. Necessitamos aprender quando e como empregar as energias disponíveis e quando simplesmente as deixar passar através de nós.
II – A ERA DE AQUÁRIO
A Terra gira sobre seu eixo, dando uma volta completa a cada 24 horas. À medida que move suas diferentes partes até o Sol, a vida na Terra experimenta alternadamente o dia e a noite. As criaturas da Terra ajustam suas atividades de forma a, durante o dia, desenvolver atividades que são favorecidas pela luz e pelo calor e, à noite, desempenhar as que requerem condições mais escuras e frias.
Imagine que vejamos o Sistema Solar a partir de uma espaçonave espacial em pleno voo, de maneira que o centro da Terra nos parece imóvel. Visto a partir da nave, o Sol parece se mover em um círculo ao redor da Terra. Sua rota é inclinada de forma que parte dele fica acima do Equador na Terra. Quando a rota do Sol está acima do Equador (de 21 de março a 21 de setembro), os dias são mais longos que as noites no Hemisfério Norte, que experimenta a primavera e o verão. Quando a rota do Sol está abaixo do Equador (de 21 de setembro a 21 de março), os dias são mais curtos que as noites no Hemisfério Norte, que experimenta então o outono e o inverno. Na Terra, toda a vida ajusta seu ritmo às mudanças de estações, empregando a primavera e o verão para procriação e crescimento e o outono e o inverno para a colheita e a hibernação.
O momento em que a rota do Sol cruza a linha do Equador para o Norte (próximo de 21 de março) se denomina Equinócio de Março. A partir da posição do Sol neste preciso período, o caminho solar se divide em doze seções, chamadas Signos do Zodíaco. Assim como o átomo parece ter uma estrutura similar à do Sistema Solar, também a estrutura dessas doze seções aparece em vários níveis no universo. O corpo humano pode se dividir em doze partes, cada uma delas com uma sensibilidade especial às radiações solares que procedem da parte correspondente da rota solar. Além das doze partes do corpo humano e das doze partes do caminho solar (os Signos do Zodíaco) existem doze formações de estrelas fixas, denominadas constelações.
Devido a um lento movimento de oscilação no eixo de rotação da Terra, a linha do Equador muda sua orientação gradualmente. Isso faz que o Equinócio de Março mude sua posição em relação às constelações. Visto a partir da Terra, o Equinócio de Março ocorreu na constelação de Touro entre 3700 A.C e 1.600 A. C. aproximadamente. Dizia-se que a Terra estava na Era de Touro e a adoração ao touro se destacava em várias religiões. Na época do Equinócio de Março, tudo na Terra está impregnado de vida, de modo que quando ele estava na constelação de Touro, o Sol enfocava uma influência taurina em todas as plantas e criaturas, no seu momento de renovação, a cada conjunto dos meses referentes a março, abril, maio e junho.
O Equinócio de Março aconteceu na constelação de Áries entre 1600 A. C. e 498 D. C. aproximadamente. Então se iniciou o culto ao cordeiro. O sangue do cordeiro foi empregado para proteger os semitas originais quando tentaram escapar da terra do Touro, chamada de “Egito” nos relatos bíblicos. Cristo denominou a si mesmo o Cordeiro de Deus. O Equinócio de Março entrou na constelação de Peixes por volta de 498 D.C. e continuará nela até aproximadamente 2638 D.C. Cristo chamou seus Discípulos para serem “pescadores de homens” e a mitra dos bispos tem a forma de uma cabeça de peixe. O Equinócio de Março permanecerá na constelação de Aquário a partir de 2638 D.C. até o ano 4700 D.C.
Uma vez que o Equinócio de Março ainda não atingiu a constelação de Aquário, podemos nos perguntar por que temos de pensar sobre a Era de Aquário no tempo presente. Uma razão para olhar para frente é que é bom ter em mente a meta em direção a qual seguimos e avançar diretamente para ela. Outra razão é que, apesar do equinócio não entrar na constelação de Aquário até 2638 D.C., o Sol não focaliza apenas as influências de um ponto específico do céu, mas de uma faixa que ultrapassa seus limites físicos. Mesmo agora, a influência aquariana começa a ser sentida por algumas pessoas.
Outra razão é que, entre os milhões de pessoas na escola da vida chamada Terra, existem algumas delas suficientemente precoces para avançar mais rapidamente que outras e preparadas para entrar em uma nova era antes do tempo definido para a humanidade como um todo. Da mesma forma, algumas pessoas podem precisar permanecer em uma era antiga mesmo depois que a maior parte da humanidade as tenha ultrapassado.
A natureza encerra ciclos dentro de outros ciclos. No ciclo dia-noite, a temperatura é mais quente durante o dia e mais fresca à noite. No ciclo verão-inverno, a temperatura é mais cálida no verão e mais fria no inverno. Como o ciclo verão-inverno se sobrepõe ao ciclo dia-noite, os dias de verão tendem a ser mais quentes que os do inverno e as noites de verão mais suaves que as do inverno.
Similarmente, durante uma Era, as características que lhe são próprias se sobrepõe às dos ciclos menores que estão ocorrendo. Na Era de Peixes, o Sol viaja pelos doze Signos do zodíaco anualmente, projetando as influências de cada um, mas a influência de Peixes se sobrepõe a todo momento. Na Era de Aquário, o Sol se moverá através dos doze Signos anualmente, mas a influência aquariana se sobreporá a cada instante.
Os astrólogos observaram que a influência de Peixes estimula as pessoas a respeitarem a autoridade, a acreditarem no que as autoridades lhes dizem para fazer e obedecerem às leis promulgadas por elas. As “autoridades” de Peixes podem obter seu lugar por herança (reis e outros indivíduos de “bom berço” ou classe social alta), pelo uso do poder físico (líderes militares e ditadores), ou por uma dispensação divina (sacerdotes e clérigos). Tradições e costumes são tidos como “autoridades” e se tornam guias de conduta.
Uma influência aquariana, por outro lado, estimula o desejo de romper com a tradição e com regras autoritárias, impulsionando a ânsia de exercer livremente a própria iniciativa. Aquário é regido pelo Planeta Urano e uma das características principais de Urano é a independência. Outra característica básica desse Planeta é a superação. À medida que as pessoas são incentivadas a desenvolver novas ideias, se envolvem em pesquisas científicas e desenvolvem sua própria criatividade. Se superam a incompreensão em relação a pessoas de outros grupos, religiões, raças e nações, o amor universal se desenvolverá. Aquário também é governado pelo Planeta Saturno, cuja característica principal é o estabelecimento de conexões entre passado, presente e futuro. Na Era de Aquário, portanto, as pessoas serão incentivadas a entender melhor a relação causa-efeito e usá-la para obter autocontrole.
A vida é uma escola. As diferentes Eras podem ser comparadas com cursos escolares. Em uma escola comum, há certas coisas que os Estudantes devem aprender em cada série, assim como em cada Era existem certas coisas que a humanidade deve aprender. Muitos aprendem inconscientemente. Todavia, ao ignorar seu objetivo, vagueiam e dão muitos passos desnecessários que não os levam diretamente até a sua meta. Se, pelo contrário, estudarmos o plano da evolução, tal como ensinado pelas estrelas, poderemos conhecer as lições que deveríamos estar aprendendo e nos mover diretamente e com segurança até a meta, sem desperdiçar esforços.
III – VALORES AQUARIANOS
“É a virtude e não o nascimento o que nos faz nobres. Os atos valiosos falam de Mentes grandes, aquelas que nos deveriam governar.”
John Fletcher
À medida que o mundo fizer a transição da Era de Peixes para a Era de Aquário, a avaliação sobre o que realmente tem valor também mudará.
Na Era de Peixes se dá grande importância a se relacionar com personalidades importantes. Se alguém tem uma árvore genealógica impressionante, ou é convidado para festas da alta sociedade ou se atribui relacionamento com a realeza ou com alguma autoridade religiosa, se torna objeto de admiração e inveja. Na Era de Aquário, o que contará não será com quem a pessoa se relaciona, mas o que ela pode fazer por si mesma. As habilidades pessoais, o aprendizado e o caráter terão grande valia. Qualquer pessoa, independente do seu nascimento ou relações, poderá desenvolver suas habilidades.
Na Era de Peixes a aprovação das autoridades dá às pessoas um sentimento de valor. Por consequência, as pessoas se curvam ao poder, concordam com ele e seguem as leis ditadas pela autoridade. Não se questiona se as determinações da autoridade são sábias ou não. Na Era de Peixes, por sua vez, a aprovação dos semelhantes dará às pessoas o mesmo sentimento de valorização.
Como os semelhantes só possuem a visão física na Era de Peixes, baseiam seus julgamentos nas aparências. Portanto, para conseguir a aprovação de seus semelhantes, as pessoas se cercam de posses ostensivas de materiais, preenchem suas Mentes com qualquer assunto para conversas ou com fofocas sobre a atualidade, aprendem a seguir todos os costumes e regras da etiqueta. Não se discute o real valor das posses materiais, da conversação trivial ou dos modismos.
Na Era de Aquário as pessoas fortalecerão sua autoestima mediante a auto aprovação. Cada um será consciente de sua própria divindade. Cada um estabelecerá suas próprias metas de autodesenvolvimento e serviço. Cada um julgará a si mesmo e se louvará ou criticará de acordo com suas ações. Como uma pessoa capaz de julgar a si mesma já não está presa ao que pensam os demais, a análise de si mesmo promoverá liberdade e a criatividade.
Na Era de Peixes se dá muita importância à segurança e ao conforto. Na Era de Aquário, o espírito de investigação, o valor e a coragem serão as aspirações comuns, mesmo que a segurança e o conforto tenham de ser sacrificados em algum grau.
Se desejamos ajudar o mundo a adotar um sistema de valores aquariano, eis aqui algumas coisas que podemos fazer:
IV – A IDEIA AQUARIANA DO EU
“É difícil fazer um homem infeliz se ele se sentir digno de si mesmo e filho do grande Deus que o criou.”
Abraham Lincoln
A influência aquariana estimulará a consciência de si mesmo, nos levará a afirmações do tipo “Eu sou filho de Deus”, “Sou valioso e tenho potencial”, “Posso fazer qualquer coisa se trabalho o tempo necessário com a dedicação suficiente”, “Posso pensar por mim mesmo e tomar decisões”.
Depois que tomarmos consciência de nosso valor intrínseco, já não poderemos ser silenciados ou subjugados por outros. Não desejaremos fazer por mais tempo o papel de capacho, peão ou escravo. Se tomarmos consciência de nossa capacidade de raciocinar e tomar decisões, descobriremos que podemos tomar decisões tão boas como as de qualquer outra pessoa, já não ficaremos felizes se outros decidirem por nós. Desejaremos ser livres para determinar o que pensamos, em que acreditamos, para onde iremos e o que faremos.
Uma vez que descobrirmos nosso potencial, vamos querer ter liberdade para desenvolvê-lo. Sermos livres para realizar novas tarefas que nunca tentamos antes (talvez nem outra pessoa), mesmo que isso envolva assumir riscos, cometer eventualmente erros, e, às vezes, fracassar e ter de começar de novo.
Como compartilhamos a Terra com outras pessoas, é lógico que as tratemos como gostaríamos que nos tratassem. Como esperamos que os outros nos respeitem, devemos respeitar o próximo. Devemos ter em mente que toda pessoa é filha de Deus e tem um valor e um potencial intrínsecos. Assim como queremos ter liberdade para tomar decisões, deveremos igualmente permitir que as outras pessoas vivam suas próprias vidas. Assim como queremos ser livres para tomar iniciativa, deveremos permitir que os outros façam o mesmo.
V – A LIBERDADE VERSUS AS LEIS
“Mas se o Espírito o guia, já não estais sob o domínio da Lei.”
(Gl 5:18)
A promulgação de leis para o governo do povo é um conceito de Peixes. A liberdade individual é o ideal de Aquário. À medida que fizermos a transição da Era de Peixes para a de Aquário, necessitamos reconsiderar o papel que as leis representam na sociedade e pensar seriamente em que grau estamos preparados para avançar sem leis.
As leis podem salvar as pessoas da obrigação de pensar. Talvez seja por essa razão que as pessoas consultam livros sobre regras de etiqueta para aprender a celebrar uma festa de casamento ou batizado ou como se comportar em um funeral. Evitar que as pessoas pensem equivale a paralisar seu crescimento intelectual. Da mesma forma como os músculos e ossos de um indivíduo se deteriorariam se ele estiver preso em um molde de gesso, o poder criativo, o raciocínio e a capacidade de resolver problemas se deterioram se nosso comportamento for constantemente restringido pelas leis.
Outro problema com as leis é que são promulgadas para governar sob certas condições e, se a situação mudar, as leis deixam de ser apropriadas. A história de Epaminondas ilustra este ponto.
Um dia enviaram Epaminondas para comprar manteiga no mercado. Estava muito quente e, a caminho de casa, a manteiga derreteu. Quando chegou em casa, sua mãe lhe disse: “Quando trouxer manteiga do mercado, embrulhe-a em folhas frescas e, ao atravessar o rio, coloque a manteiga na corrente de água para esfriá-la”.
Na semana seguinte, sua mãe o enviou ao mercado para comprar um cachorro. Ele comprou, enrolou o animal em folhas frescas e quando chegou ao riacho, quase o afogou ao mergulhá-lo na água. Quando chegou em casa, sua mãe disse: “Não é assim que se trata um filhote. Você deveria ter amarrado uma corda no pescoço dele para trazê-lo para casa”.
Na outra semana, ela o enviou para comprar um pedaço de pão. Epaminondas comprou o pão, o amarrou em uma corda e arrastou até sua casa.
Se uma criança só recebe normas e não é ensinada a pensar por si mesma, o que fará quando crescer e se encontrar em um mundo em constante mudança? Como enfrentará situações e problemas que seus pais e professores nunca sonharam?
Outro problema com as leis é que, às vezes, quem as cria pode estar equivocado. Tennyson[1] refletiu uma dessas situações em seu poema “A Carga da Brigada Ligeira”[2]. As duas primeiras estrofes dizem o seguinte:
“Meia légua, meia légua,
meia légua em frente,
todos no Vale da Morte
cavalgaram com os seis centos.
“Para a frente a Brigada Ligeira!
Carreguem contra as armas!”, disse ele.
Para o Vale da Morte
cavalgaram os seiscentos
Para a frente a Brigada Ligeira!
Havia algum homem desanimado?
Todavia, o soldado não sabia
De algum que tivesse disparatado.
Eles não têm de responder,
eles não têm de se perguntar,
Apenas vencer ou morrer
No Vale da Morte
Cavalgaram os seiscentos.”
Se uma pessoa comanda seiscentos homens e comete um erro, esse erro se repete seiscentas vezes. Se cada pessoa pensa por si mesma, ao menos cada erro se comete uma só vez.
As leis podem guiar o ignorante. Se uma criança não compreende os perigos de um fogão quente, é possível lhe dar a ordem “Não toque” para que não se queime. No entanto, ao dissipar sua ignorância, a lei deixa de ser necessária. Uma vez que a criança compreenda o efeito que o calor excessivo exerce sobre o tecido humano, já não é necessária ordem alguma para se manter longe do fogão quente. Na Era de Aquário se espera que as pessoas tenham desenvolvido a luz dentro de si de modo que não sejam mais necessárias leis para guiá-las.
Outro problema com as leis é que elas podem produzir uma ação correta, mas não podem gerar sentimentos retos. Um gerente de loja pode exigir que seus funcionários tratem os clientes com amabilidade, mas não consegue forçá-los a colocar amor e sentimento em suas palavras. Ordens podem obrigar os seres humanos a firmar contratos, mas não que se entreguem ao trabalho. As regras podem fazer com que as pessoas se comportem adequadamente em circunstâncias em que temem punição, mas não os faz responsáveis por suas ações.
As leis podem impedir que as pessoas roubem umas às outras e podem até forçá-las a dar dinheiro para outros por meio de impostos e programas de assistência social, mas não conseguem – de forma alguma – forçar as pessoas a amar, respeitar e cuidar umas das outras. De fato, as leis impedem o desenvolvimento de sentimentos retos. Se nossa atenção está focada em obedecer às leis, talvez não permitamos ao nosso coração percorrer seu caminho.
Se leis nos obrigam a contribuir com uma boa causa, talvez o coração não se preocupe em desenvolver empatia ou real interesse pela causa. “Uma Mente que se adapta a qualquer padrão de autoridade, interna ou externa, não pode ser sensível”[3].
Uma criança não pode aprender a caminhar se for mantida presa à cama pelo medo de cair. Para a criança aprender a caminhar precisa praticar e a prática inclui esforços vacilantes e muitas quedas. Na Era de Aquário se espera que todos desenvolvam a Luz interna que guiará suas vidas. As pessoas só conseguem aprender a dirigir suas vidas se forem livres para fazer suas próprias escolhas, se puderem ver as consequências das mesmas e consequentemente, aprender com suas experiências.
Quando tem liberdade, as pessoas podem cometer erros. Todavia, esse é o único caminho para aprender a exercitar a livre escolha e crescer. Somente à medida que os indivíduos de uma sociedade crescem, a sociedade como um todo cresce. “Aceito sinceramente o lema ‘O melhor governo é o que menos governa’, e gostaria de vê-lo em prática de forma mais rápida e sistemática. Bem desenvolvido, acabará por levar a algo em que também acredito: ‘O melhor governo é aquele que não governa em absoluto’. Quando os seres humanos estiverem prontos para isso, esse será o tipo de governo que eles terão”.[4]
VI – Imitar ou Explorar?
“Amarre dois pássaros juntos. Eles não serão capazes de voar, embora agora tenham quatro asas.”
Jalaludin Rumi
Na Era de Peixes, as pessoas tendem a copiar o que os outros fizeram. Seguem tradições e costumes. Uma vez estabelecido um determinado padrão de comportamento, ele se perpetua pelo hábito. Na Era de Aquário, as pessoas se afastarão do passado e explorarão novos campos. Ao nos aproximarmos dessa nova Era, precisamos considerar quando devemos imitar os outros, quando repetir o que já fizemos ou quando romper com o passado e encontrar novas maneiras para fazer as coisas.
Uma situação em que as pessoas, às vezes, imitam outras é aquela em que se sentem subordinadas e tentam ganhar favores com seus superiores. Shakespeare ilustrou isso em sua peça teatral Hamlet, na qual acontece esta conversa:
Hamlet: Vês aquela nuvem cuja forma se assemelha um camelo?
Polônio: Pela massa! Realmente parece um camelo!
Hamlet: Isso me lembra uma doninha.
Polônio: Tem as costas de uma doninha.
Hamlet: Ou de uma baleia.
Polônio: Exato, parece uma baleia!
Hamlet era o príncipe da Dinamarca e Polônio sem dúvida pensou que poderia ganhar seus favores lhe sendo agradável. À medida que se aproxima a Era de Aquário, as pessoas se tornam menos inclinadas ao jogo de subordinado e superior, pois conhecerão seu próprio valor e o dos outros. Na Era de Aquário, as pessoas não sentirão mais necessidade de concordar com algo para se dar bem e todos buscarão ouvir novas ideias e obter novas perspectivas.
Outra situação em que as pessoas tendem a imitar os outros é aquela em que não entendem o que está acontecendo e carecem de base para decidir por si mesmas o que fazer. Copiar às cegas é certamente perigoso. O estudante que não compreende uma matéria determinada copia a resposta escrita por outro colega, apenas para descobrir mais tarde que o parceiro estava respondendo outra pergunta. Pessoas distintas passam por situações diferentes na vida e o que é apropriado a um pode não ser para o outro. Com frequência, descobrimos na vida que aqueles a quem decidimos copiar não têm realmente compreensão maior que a nossa da situação, de modo que, no final, um cego guia outro cego. O único caminho seguro para definir uma linha de ação é, em primeiro lugar, compreender a situação e depois decidir por conta própria o que fazer.
Se apenas copiarmos, nunca poderemos ir aonde os outros não tenham chegado. Não poderemos nos tornar líderes que exploram novos campos e mostram aos outros o caminho, a menos que estejamos dispostos a nos separar da multidão ou tentar novas coisas, trilhar caminhos desconhecidos. Se apenas repetimos o que os outros fizeram no passado, não poderemos evoluir ou alcançar novos objetivos.
Se paramos de imitar e começamos a experimentar o novo, devemos estar prontos para uma aventura. No livro “O Hobbit”, de Tolkien, o mago Gandalf diz a Bilbo que tinha dificuldades em encontrar alguém que gostaria de empreender uma aventura e ele responde: “Acredito, aqui somos pessoas bastante tranquilas e não temos o hábito de nos aventurar. Aventuras são histórias desagradáveis e incômodas que mudam tudo! As aventuras fazem você chegar atrasado no jantar! Não entendo o que as pessoas veem nelas”. No devido tempo, Bilbo é convencido a empreender uma aventura. Algo que ajudou a convencê-lo foi uma música dos anões, com um trecho assim:
Longe, das geladas e enevoadas montanhas
Para masmorras profundas e cavernas antigas
Devemos ir, antes do romper do dia,
Buscar o pálido e encantado ouro.
Isso é, em geral, o que move as pessoas para empreender aventuras: buscar algo que não tem ou não pode ser encontrado na loja da esquina ou nos caminhos muito trilhados.
Além de nos atrasar para o jantar, as aventuras podem nos fazer sentir desconfortáveis e inseguros. Um ditado sufi, retirado de Idries Shah, na obra “El sendero del sufi” (“O Caminho Sufi”), diz:
Nas profundezas do mar existem
riquezas incomparáveis.
Mas se o que busca é segurança,
você a encontrará na praia.
Alguém que reconhece a bondade e a onipresença de Deus estará mais disposto a entrar em regiões desconhecidas do que alguém sem esta compreensão. Cristo encorajou seus discípulos quando começaram a pregar o Evangelho em um mundo hostil: “Não temais aqueles que podem matar o corpo, mas não podem matar a alma.” (Mt 10:28). São Paulo escreveu em sua Epístolas aos Gálatas: “Não tenha ilusões: ninguém zomba de Deus. Aquilo que cada um semeia, colherá” (Gl 6:7). Se nos alinharmos com as forças da Luz e servimos a Luz, então as forças do mal não podem nos prejudicar. Onde quer que formos, mesmo que façamos nossa cama no Sheol (mundo dos mortos) ou “nas asas do amanhecer, vamos habitar na parte mais distante do mar” (Sl 139:9), Deus está presente e seu amor, justiça e caridade prevalecem.
VII – A INICIATIVA PESSOAL NA ERA DE AQUÁRIO
“No largo campo de batalha no mundo, no acampamento da vida, não seja um cordeiro submisso. Seja um herói na luta.”
Longfellow
Às vezes, forças externas podem nos induzir a atuar de determinado modo. Outras pessoas podem nos dizer ou pedir para fazermos algo, ou esperar ou implorar por algo e até mesmo nos culpar por fazermos determinadas coisas. O Tempo ou as vibrações astrológicas podem nos estimular a fazer algumas coisas antes de outras. As pessoas, no entanto, necessitam não se deixar levar pelos ventos. Não devem se mover na direção que as forças externas as pressionam, mas decidir se e como vão responder às forças externas. As pessoas podem, inclusive, decidir agir quando nenhuma força externa está presente. Sempre que alguém inicia uma ação que não é uma resposta a uma força externa, se diz que a pessoa mostra iniciativa.
Na Era de Peixes, não se espera e nem se incentiva que as pessoas tenham iniciativa. Os líderes dizem o que devem fazer e o povo age de acordo com as instruções, sem discutir. Na Era de Aquário, no entanto, a iniciativa deverá ser desenvolvida. Aquário é regido pelo Planeta Urano, que tem como uma de suas características o autoaperfeiçoamento, a superação. À medida que as pessoas se abrirem para novas ideias, encontrarão formas diferentes de fazer as coisas e, consequentemente, empreenderão novas ações.
Em qualquer época, a constelação oposta à regra mostra os ideais esotéricos que serão combatidos naquele momento. Assim, Leão, Signo oposto a Aquário, nos mostra os ideais esotéricos para a Era de Aquário. O Sol governa Leão, o qual incentiva as pessoas a desenvolverem o poder da vontade. Na Era de Aquário, a constelação de Leão despertará o Espírito interno do ser humano até o ponto em que exerça o poder da vontade, para que as pessoas tenham suas próprias motivações.
Se quisermos responder às irradiações de Aquário, devemos nos esforçar para desenvolver iniciativa. Ao fazermos isso, precisamos ter em mente certas coisas:
Max Heindel escreve em “Carta aos Estudantes” (Carta nº 20) que devemos aprender a trabalhar sem liderança, cada um impulsionado internamente pelo Espírito do Amor para lutar pela elevação física, moral e espiritual do mundo. Adicionalmente, no livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. 2, pergunta nº 70, afirma que os Irmãos Maiores, que guiam os Discípulos das Escolas de Mistérios do Ocidente em seu crescimento espiritual, “… nunca pedem, nunca elogiam, nunca censuram. O desejo deve vir de dentro do discípulo e eles lhe ensinam, a julgar a si mesmo. Em todo o sentido, o educam para se defender, sem o apoio deles ou de qualquer outro.”
Necessitamos examinar continuamente as circunstâncias em que nos encontramos, decidir o que fazer e logo iniciar ações que nos levem aos objetivos desejados.
VIII – A CRIATIVIDADE
“A opinião pública é uma tirana vulgar e impertinente que faz a vida deliberadamente difícil para quem não concorda em ser uma pessoa comum.”
Deán W.R. Inge
As irradiações aquarianas estimularão a criatividade. Portanto, responderemos mais eficientemente se realizarmos um esforço consciente nesse sentido. Prestemos atenção, consequentemente, às atitudes e técnicas que facilitam a criatividade. A pessoa criativa tem a coragem de ser diferente e tentar algo novo. Enquanto alguém sentir que deve pensar ou agir como os demais, não será criativo.
Enquanto alguém tiver medo de fazer algo diferente porque outros poderiam rir dele, não será criativo. A pessoa criativa geralmente tem senso de humor e se diverte em relacionar ideias de um modo lúdico e pouco usual e frequentemente ri junto com os outros do curioso de suas criações.
O criativo observa os acontecimentos comuns sob perspectivas novas, faz perguntas que aos outros não ocorreria formular e busca respostas a essas perguntas. Afasta de sua Mente as velhas ideias e enxerga o mundo com os olhos de uma criança. Se permite esquecer que lhe disseram que sapatos são para os pés e se pergunta o que aconteceria se os colocasse nas mãos. Se permite esquecer que, ao escrever, a caneta se move e o papel permanece fixo. Ela não está satisfeita com o que aprendeu na escola, que “A gravidade atrai os objetos para a Terra”, e começa a se perguntar o que é gravidade e como essa atração realmente acontece. Já viu as roupas penduradas para secar muitas vezes, mas ainda consegue contemplá-las com admiração e se perguntando como faz a água para sair das roupas.
A pessoa criativa consegue imaginar algo que não viu ou viu parcialmente. Pode imaginar a aparência do quarto se os móveis mudarem de lugar, ou de que maneira uma nova ferramenta facilitaria o trabalho, ou o que uma cadeia de acontecimentos pode ter originado determinados resultados.
O criativo tem um pensamento flexível. Está ansioso para mudar seus pensamentos à medida que a situação exija. Ele anseia por considerar muitas soluções diferentes para um problema específico. Quando uma das soluções proposta se mostra ineficaz, está disposto a tentar outra. A pessoa criativa julga suas criações por seus próprios critérios, não pelo que os outros pensam. Ela é guiada por sua visão interior, não por elogios ou críticas do exterior.
IX – A RESSONÂNCIA
“As vibrações da Mente podem ser acalmadas e a consciência retirada completamente dela. Dessa forma, um impacto externo formará uma imagem exatamente igual à original.”
Annie Besant
“Ressonância” é um termo empregado para descrever o que acontece quando um sistema emite ondas que viajam para outro sistema e se põe em vibração com ele. Para haver ressonância, ambos os sistemas devem ter a mesma frequência natural de vibração. Dessa forma, um diapasão em vibração pode emitir notas que coloquem em vibração outro diapasão similar. Uma emissora de rádio envia ondas que podem fazer um receptor funcionar se estiver sintonizado na mesma frequência da estação.
As pessoas também emitem ondas. Quando se forma um pensamento, ele cria ondas mentais, emocionais e etéricas que partem da pessoa que o criou. Se essas ondas são claras e potentes, e se alguém é capaz de se sintonizar e ressoar com elas, o receptor se torna consciente dos pensamentos e sentimentos do emissor. No plano emocional, a ressonância produz empatia no receptor. No plano intelectual, a ressonância provoca compreensão no receptor.
As irradiações de Aquário estimulam o desenvolvimento da ressonância entre as pessoas. Se quisermos acelerar o progresso até a Era de Aquário, deveríamos tentar conscientemente aumentar nossa habilidade para ressoar com os outros. Para obter esta ressonância, o receptor deve ser capaz de se sintonizar com o emissor. Se o receptor tem suas próprias opiniões sobre o que o emissor deveria estar pensando ou sentindo, ou se o receptor estiver inclinado sobre o que o emissor poderia pensar ou sentir, o receptor sintonizará sua Mente com suas próprias ideias preconcebidas e a ressonância não terá lugar. Se o receptor quiser mesmo se sintonizar com o emissor, deve limpar sua Mente de suas próprias ideias e permanecer aberto à chegada de qualquer pensamento que o emissor envie, seja lá o que for. Os pensamentos de superlatividade, tais como orgulho, superioridade, desgosto ou ira, tendem a diminuir a ressonância. Praticando, aprenderemos a ressoar com uma variedade de tipos humanos.
A ressonância pode se estender igualmente a animais, plantas e objetos. No devido tempo, aprenderemos a ter empatia com os animais e a ver os objetos a partir do seu próprio ponto de vista, a sintonizar o ser interior das plantas e a entender a vida que as anima, incluindo a compreensão dos minerais e as construções feitas com a matéria desse reino. As obras de arte (escritos, pinturas, esculturas e composições musicais) têm incorporados os sentimentos e os pensamentos de seus criadores e apenas podem ser apreciadas adequadamente se o observador for capaz de se sintonizar com a obra e permitir que esses sentimentos e pensamentos internos ressoem dentro dele, em sua alma.
Na Era de Aquário se espera que as pessoas sejam seus próprios guias. Para guiarem a si mesmas, as pessoas necessitarão uma Luz interior. Para obtê-la, os indivíduos precisarão desenvolver a capacidade de se sintonizar e ressonar com os outros, com o mundo ao seu entorno e com a Consciência Cósmica, que é Deus. Quando ressoamos com os outros, simpatizamos com eles, os entendemos e, portanto, podemos resolver os conflitos que enfrentam. Quando ressoamos com o entorno, podemos aprender a viver em harmonia como ele. Quando ressoarmos com a Consciência Cósmica, seremos capazes de compreender a Lei e o Plano Divinos, bem como o que precisamos fazer para avançar no esquema evolutivo.
X – A AMIZADE UNIVERSAL
“O mundo é minha pátria e fazer o bem minha religião.”
Thomas Paine
As vibrações espirituais de Aquário promoverão descobertas científicas e pessoais, assim como o desejo de compreender outras pessoas cujas origens são diferentes das nossas. À medida que as pessoas aprenderem a responder as vibrações aquarianas, a mostrar iniciativa e tomar decisões por si mesmas, escaparão aos Espíritos Nacionais. “Cada nação da Terra, com exceção dos Estados Unidos, tem recebido um arcanjo que guia este povo no desenvolvimento da linguagem, costumes e religião, e que impulsiona o patriotismo e um sentimento de unidade entre as pessoas daquele país. Tal arcanjo se denomina “Espírito Nacional”. Os Espíritos Nacionais não serão mais capazes de dirigir os indivíduos de uma nação como um único corpo, pois cada cidadão decidirá por si mesmo o que é certo e o que é errado.
Como as vibrações aquarianas promovem a pesquisa científica, facilitam a comunicação entre as pessoas. Os telefones, as rádios, as televisões e satélites já fazem com que falar, ver e escutar uma pessoa do outro lado do mundo seja quase tão fácil como o contato próximo com um vizinho; automóveis, ônibus, trens e aviões nos permitem viajar para qualquer lugar do globo em algumas horas.
Como as vibrações aquarianas promovem o desejo de compreender pessoas de diferentes origens, os indivíduos aprenderão a abrir suas mentes para entender como os outros pensam ou sentem. Quando as pessoas compreenderem como pensam e sentem os membros de uma nação, surgirá a empatia e o sofrimento de um será sentido por todos. Então chegará a Amizade Universal, e toda a Humanidade se unirá em uma Fraternidade. Todos poderão dizer como Thomas Paine: “O mundo é minha pátria e fazer o bem minha religião.”.
Se desejamos ajudar o mundo a caminhar para a Era de Aquário, faremos tudo ao nosso alcance para promover a Amizade Universal. O que podemos fazer especificamente?
Em primeiro lugar, podemos aprender sobre as pessoas de outros países. Podemos tentar compreender suas necessidades, suas esperanças e medos, o que consideram importante, o que lhes agrada e desagrada. A rádio, a televisão, os jornais, livros e filmes podem ser fontes de informação. Viagens nos fornecem informações em primeira mão. Aprender outros idiomas igualmente pode nos ajudar a ver as coisas de outro ponto de vista e estabelecer laços de simpatia.
Em segundo lugar, podemos aprender a considerar os problemas do mundo de um ponto de vista universal. Ao considerar o comércio internacional, não devemos nos preocupar com a pergunta “O que é mais vantajoso para meu país?”, pelo contrário, devemos buscar o maior benefício para o mundo como um todo. Ao considerar conflitos internacionais, a pergunta deveria ser “O que é justo e correto neste caso?”.
Em terceiro lugar, quando desastres atingirem diferentes partes do mundo, outras nações podem ajudar a reconstruir as vidas de suas vítimas. Quando qualquer pessoa está sofrendo por qualquer motivo, outros podem ajudar os que sofrem a retornar para o caminho do bem-estar e da prosperidade.
Por último, podemos evitar mencionar ou reconhecer as diferenças de raça ou nacionalidade. Ao lidar com pessoas, devemos nos esforçar para ignorar sua aparência externa (características físicas, roupas, costumes e idioma) e dirigir nossa atenção para a essência divina que escondem, a qual não pertence a nenhuma raça ou nação.
XI – A CIÊNCIA E RELIGIÃO NA ERA DE AQUÁRIO
“Experimente tudo.”
ITes 5:21
Aquário é uma constelação do Ar. Portanto a Era de Aquário se caracterizará pelo desenvolvimento intelectual. Na Era Aquariana, as pessoas buscarão razões para suas crenças e tentarão, tanto quanto possível, adquirir conhecimento por si próprias, em primeira mão. O ponto de partida para adquirir conhecimento em primeira mão implica uma postura observadora. Para se chegar à verdade, é necessário observar com precisão. As coisas devem ser vistas e ouvidas com clareza. Os sentimentos pessoais não devem interferir na observação. As pessoas não devem confundir o que veem ou ouvem com o que pensam que deveriam escutar ou com o que gostariam de escutar.
Se você quer chegar à verdade, suas observações devem ser tão completas quanto possível. Com a chegada da Era de Aquário, as pessoas expandirão o alcance e o tipo de observações. Elas empregarão sua criatividade para inventar máquinas que possam detectar ondas com frequências além do espectro da visão e audição humana, que possam ajudar a humanidade a conseguir informações de lugares onde não poderiam chegar de outra forma. As pessoas também aumentarão a sensibilidade de seus corpos às vibrações do entorno, de modo a perceber as ondas etéricas e detectar outras vibrações, inclusive as mais sutis.
Aquário é regido por Urano, que também governa as ondas etéricas. Max Heindel escreve no Livro: “Ensinamentos de um Iniciado”:
“Quando o Sol entrar em Aquário por precessão, o resto da umidade do ar será eliminada e as vibrações visuais, que são melhor transmitidas em uma atmosfera seca e etérica, se tornarão mais intensas, de modo que as condições sejam particularmente favoráveis para que se produza a ligeira extensão da nossa visão física atual necessária para abrir nossos olhos à Região Etérica. (…) A visão etérica é semelhante aos Raios-X, pois permite a quem a possui ver através dos objetos, só que é muito mais potente e apresenta todas as coisas de forma tão translúcida como o vidro”.
À medida que as pessoas aumentarem sua capacidade de ressoar, serão mais capazes de conhecer os sentimentos e pensamentos de outras pessoas.
A Era de Aquário será uma época da razão. Portanto, as pessoas na Era de Aquário não se contentarão em deixar suas observações em forma de fatos sem sentido ou sem relação entre eles. Elas tentarão ordenar suas observações, encontrar padrões e finalmente, tirar conclusões. As pessoas usarão o raciocínio lógico para estabelecer relações de causa e efeito.
O acima exposto indica um crescimento e expansão da ciência na Era de Aquário. A religião também experimentará mudanças. Uma religião baseada em um conjunto de crenças que devam ser aceitas por meio da fé, sem questionamentos, já não satisfará as pessoas. Elas pedirão razões para suas crenças e que tudo se encaixe em uma estrutura lógica. Serão pedidas explicações lógicas sobre nossa origem, porque estamos aqui, porque alguns sofrem muito e outros pouco. Max Heindel, no Conceito Rosacruz do Cosmos afirma: “Nada que não seja lógico pode existir no universo e (…) a lógica é o guia mais seguro em qualquer mundo”. Na Era de Aquário cada pessoa desenvolverá o amor em seu coração, que lhe proporcionará orientações muito mais confiáveis para sua conduta do que as normas externas. A ideia de Peixes era que a revelação divina viria apenas para alguns poucos. A atitude aquariana é que todos podem, igualmente, despertar a Luz interior.
XII – A VISÃO ETÉRICA
“O espanto apoderou-se de todos e glorificavam a Deus. Ficaram cheios de medo e diziam: ‘Hoje vimos coisas estranhas!’.”.
Lc 5:26
A matéria do mundo existe em sete estados, que recebem os seguintes nomes: Sólidos, Líquidos, Gases, Éter Químico, Éter de Vida, Éter Luminoso (ou Éter de Luz) e Éter Refletor. A matéria adquire uma taxa vibratória crescente, conforme passa de um estado para outro. As partículas da matéria sólida possuem uma taxa vibratória mais baixa. Ao aquecer um sólido, as moléculas recebem energia que aceleram sua taxa de vibração e rompe suas ligações de moléculas sólidas, o que faz o sólido virar líquido. Ao aquecer um líquido, as moléculas aceleram sua taxa vibratória e adquirem energia suficiente para saltar do líquido e flutuar livremente, formando-se assim um gás. Similarmente, as taxas vibratórias das moléculas gasosas podem ser aumentadas com o resultado da sua decomposição em átomos, e em seguida, em partículas elementares: prótons, nêutrons, elétrons, fótons, grávitons etc. A matéria se encontra então no estado de Éter Químico. Aumentos posteriores na taxa vibratória levarão a matéria aos estados de Éter de Vida, Éter Luminoso e Éter Refletor. No curso da evolução, o ser humano desenvolveu a habilidade de ver sólidos e líquidos. Os raios de luz visíveis (que são raios do Éter Químico), se refletem nos objetos, atingem o olho e formam uma imagem dentro dele, na retina.
À medida que nos aproximamos da Era de Aquário, a atmosfera da Terra vem mudando. Cristo, com seu ministério benéfico, atrai cada vez mais Éter interplanetário para a Terra, de modo que o Éter que a rodeia está se tornando mais denso e luminoso. Nossos olhos estão sendo modificados para se acomodarem a essas novas condições. O chamado “ponto cego” do olho se tornará sensível e olharemos através do olho e veremos diretamente o objeto em vez da imagem formada na retina. Perceberemos uma frequência vibratória maior que a atual e o reino etérico se fará visível. A abertura da visão etérica trará um número grande de mudanças no que as pessoas pensam e fazem:
Esta incapacidade para ocultar ações e os objetos pode atuar como prevenção ao crime. Também exigirá que as pessoas desenvolvam: força interior suficiente para se mostrar frente aos demais como realmente são, sem aparências nem máscaras, e compaixão para aceitar os outros como realmente são, seja qual for sua fragilidade.
As pessoas poderão observar que o Corpo Vital necessita de alimento para trabalhar e que frutas e legumes frescos, assim como o leite, possuem fluido vital (Éteres Químico e de Vida) que favorecem a nutrição do Corpo Vital, enquanto as refeições cozidas têm pouco fluido vital. As pessoas poderão apreciar como o fluido vital solar entra no Corpo Denso (o físico) pelo baço, circula pelos nervos do corpo e em seguida, sai através dos poros da pele, arrastando venenos e impedindo, com sua corrente centrífuga, a entrada de micróbios no corpo. Poderemos observar quando o fluxo do fluido vital se debilita, devido a alterações tóxicas ou psicológicas, e seremos capazes de agir para eliminar a obstrução.
As pessoas poderão observar que o sono é um meio de reparar e limpar o Corpo Vital. Outro meio é o banho. A água absorve o fluído vital, de modo que durante o banho seja eliminado o fluido vital utilizado e impuro, que é substituído por fluido vital limpo. As pessoas poderão ver por si mesmas que um curador extrai fluido vital impuro de um paciente impondo as mãos úmidas. O curador pode, por um ato de vontade, impedir que o fluído suba até acima dos cotovelos e depois, lavar suas mãos em água corrente para se livrar dele.
As pessoas serão capazes de ver como os doentes podem absorver fluido vital de quem os rodeia e podem usar este fato para aliviar os enfermos, embora devam ser tomadas precauções no sentido de assegurar que os que proporcionam fluido vital passem tempo suficiente afastados dos doentes para repor sua própria fonte de fluido vital.
Ter a capacidade de ver o fluido vital ajudará as pessoas a dirigir seu fluxo mediante o poder do pensamento. A capacidade de dirigir esse fluxo facilitará a cura.
A parte do Corpo Vital formada pelos Éteres de Luz e Refletor é retida, no entanto, durante mais tempo. Assim, quando a visão etérica for desenvolvida, os fisicamente mortos se tornarão visíveis para os vivos e poderemos nos comunicar com eles durante um tempo depois da sua morte. A morte deixará de ser tão terrível para os falecidos ou tão penosa para os que ficam na Terra como quando não conseguimos ver os mortos.
XIII – A SOLUÇÃO DE CONFLITOS COM MÉTODOS AQUARIANOS
“Dentro de cada ser humano mora um rei. Fale com o rei e o rei se manifestará”.
Provérbio escandinavo
Na Era de Peixes, as pessoas vivem sob o domínio de ditadores como reis, sacerdotes e outros, que estabelecem leis e proclamam o que é verdadeiro e justo. Como todos em uma mesma sociedade seguem o ditador, o conflito interno é mínimo. Se duas pessoas tiverem diferenças, podem ir até o ditador e ele diz quem tem razão e quem não e o que se deve fazer para resolver o conflito. Dessa forma, tudo transcorre em paz e harmonia.
Na Era de Aquário não existirá uma cabeça que tome todas as decisões e pense em tudo. Em vez disso, cada um pensará por si mesmo. Quando muitas pessoas têm ideias de forma independente, partindo de perspectivas distintas e exercendo sua criatividade de diferentes formas, surge uma grande variedade de opiniões, algumas das quais podem entrar em conflito. O grande problema que surge é como resolver esses conflitos. Não haverá mais autoridade a quem recorrer e que forneça aos indivíduos uma solução definitiva para os conflitos. De alguma maneira, deveremos trabalhar juntos para resolver nossos conflitos.
A Era de Aquário será uma época de raciocínio. Assim, a razão será usada para resolver os conflitos. Veremos as causas e soluções para os conflitos à luz da razão. As pessoas têm necessidades e desejos de ordem física (comida, roupa, moradia), de segurança, de companhia, estima e autorrealização (criatividade, independência, alcance de objetivos pessoais). Se as necessidades e desejos de uma pessoa chocam com os da outra, surgirá um conflito.
Uma situação em que os desejos e necessidades entram em conflito é a superpopulação: pessoas demais; comida, roupas e moradias insuficientes. A solução para este tipo de conflito será diminuir o número de pessoas em uma região ou zona determinada e/ou trabalhar para aumentar o volume de comida, roupas e moradias disponíveis.
Outra situação em que o conflito aparece é aquela em que alguém excede o que seriam suas necessidades legítimas e interfere com as necessidades e desejos do outro. Isso acontece quando alguém rouba, ameaça ou atinge o outro sem motivo, quando alguém impõe sua presença ou suas ideias, quando alguém tenta ficar por cima ou dominar outros. Quando aparecer este tipo de conflito, as pessoas deverão ser colocadas em posição de ver a partir do ponto de vista do outro e deste modo, poder reconhecer que todos têm desejos e necessidades, de modo que, para viver em paz e harmonia, ninguém pode satisfazer suas necessidades e desejos às custas do outro.
Alguns que excedem seus desejos e necessidades legítimas podem desconhecer outros caminhos para satisfazê-las. Seria inútil explicar a um ser humano faminto que não é certo roubar. Em tais casos, o único meio de solucionar o problema seria ajudar a pessoa necessitada a encontrar uma forma de satisfazer suas necessidades. Dê algo para comer ou um emprego para o faminto e, provavelmente, ele não roubará mais. Se alguém sente a necessidade de ser escutado e incomoda todo mundo com sua conversa, o problema não será resolvido com um “cale-se”. Em vez disso, alguém deveria escutar o que a pessoa fala até que sua necessidade de ser escutado seja satisfeita. Se alguém necessita de reconhecimento e, consequentemente, alardeia suas faculdades, o problema não se soluciona lhe dizendo que não realizou nem metade dos méritos que afirma ter. A questão seria melhor resolvida satisfazendo sua necessidade de reconhecimento, elogiando a pessoa até certo ponto para que comece a se sentir apreciado.
Às vezes, as necessidades e desejos das pessoas podem entrar em conflito porque uma delas está se excedendo em seus direitos, embora a pessoa que está sendo escravizada poderia evitar o conflito renunciando a seus desejos. Esta técnica é especialmente útil em assuntos triviais que não merecem os esforços de uma confrontação. Também se pode recorrer a essa solução quando uma pessoa ama a outra e está disposta a assumir cargas com a finalidade de tornar as coisas mais fáceis para a outra pessoa. É perigoso agir assim a menos que uma das pessoas realmente renuncie a seus desejos. De outra forma, aparecem tensões internas.
John Powell cita no livro “Why Am I Afraid to Tell You Who I Am?” (“Por que tenho medo de lhe dizer quem sou?”): “ficarei tentado acreditar que é melhor não mencionar isso. Nossa relação será mais pacífica…. Então, guardo para mim e cada vez que você faz isso de novo meu estômago acumula tensões… 2… 3… 4… 5… 6… 7… 8… até que um dia você faz o que sempre fez e o inferno se abre. Durante todo tempo que você estava me irritando, eu guardava isso dentro de mim e, secretamente, aprendia a odiar você. Meus bons pensamentos se transformaram em bílis. Quando, finalmente, tudo veio à luz, numa grande explosão emocional, você não entendia. Pensava que esse tipo de reação era totalmente injustificado”.
Algumas pessoas sofrem necessidades e desejos conflitantes em seu interior. Querem duas coisas que não se pode ter simultaneamente. Querem sair para a rua e ficar em casa também. Comer de tudo e ao mesmo tempo, permanecer magras. Fazer o trabalho e jogar ao mesmo momento. Essas pessoas tendem a estar em conflito com seu entorno porque tudo que é feito por elas está de alguma forma equivocado. Tais conflitos só podem ser resolvidos ajudando a pessoa a entender que não pode estar na missa e também no celular, e a incentivando a aclarar seus objetivos e o que deve fazer para alcançá-los.
Outra situação na qual aparecem conflitos é quando alguém pensa que suas necessidades e desejos estão em conflito devido a mal-entendidos. Observe-se que as necessidades e conflitos não estão realmente em conflito, de modo que ao se esclarecer o mal-entendido, o conflito desaparece. Os mal-entendidos podem se dissolver por meio da comunicação. A comunicação deve ser contínua, aberta e bidirecional. Ambas as partes necessitam escutar o outro, livres de preconceitos para que possa existir ressonância e se produzir empatia e compreensão entre as duas partes. Cada um deve ser capaz de ver o ponto de vista do outro. As pessoas precisam aprender a ver o pensamento atrás das palavras utilizadas para expressar esse pensamento, de modo que duas pessoas com a mesma ideia não discutam mais devido às palavras.
Muitas pessoas estão em conflito não por um enfrentamento de suas necessidades e desejos presentes, senão por um enfrentamento antigo, persistindo aquele fato na memória. Tais conflitos desapareceriam com facilidade e deixariam de esmagar as pessoas, se elas desapegassem de suas memórias dolorosas e perdoassem a seus devedores. Alguns não querem perdoar seus devedores, pois sentem que não foi feito justiça. O ser humano, no entanto, é um péssimo juiz, pois pode observar alguns incidentes, mas não é capaz de formar um quadro completo com todos os débitos e créditos, alguns que tiveram lugar em vidas anteriores na Terra. Assim, o ser humano faria melhor se deixasse a justiça nas mãos de Deus. São Paulo escreveu em “Carta aos Romanos” (12,19): “Não façais justiça por vossa conta, caríssimos, mas dai lugar à ira, pois está escrito: A mim pertence a vingança, eu é que retribuirei, diz o Senhor”.
Se os conflitos devem ser resolvidos, devem ser enfrentados com atitude adequada. É importante compreender que as pessoas podem discordar e seguir sendo amigos. Os desacordos devem ser mantidos no nível intelectual e não degenerar em ataques emocionais de uma pessoa contra a outra. Os insultos nunca resolveram uma disputa. É possível resolver um desacordo se cada parte explica a outra, com calma, as razões de suas crenças. Se uma das partes considera um erro o raciocínio da outra, pode indicar cordialmente o que considera um equívoco e por quê. Se a outra parte aceita a correção, pode mudar de opinião. Se vê um erro na argumentação pode replicar cordialmente. Em tal discussão é de maior importância que ambas as partes escutem o que o outro tem a dizer, permaneçam abertos às ideias novas, flexíveis e capazes de mudar uma opinião que se mostre insustentável.
Da mesma forma, ao tentar resolver conflitos, as pessoas devem tentar ver a situação em seu conjunto e determinar o melhor para todos os implicados e não apenas procurar obter a maior vantagem para si. Os princípios da justiça deveriam ser aplicados igualitariamente para todos os envolvidos, em vez de para alguns e outros não. Os direitos humanos de todos deveriam ser respeitados.
Finalmente, os conflitos deveriam ser enfrentados com a atitude mental de que podem ser resolvidos. Nada se consegue quando duas pessoas perderam a esperança. As pessoas podem fazer tudo o que pensam que podem fazer.
XIV – MÉTODOS DE ENSINO AQUARIANOS
“O objetivo primordial da educação é a manifestação das faculdades potenciais e não a imposição de ideias externas.”
Geoffrey Hodson
Na Era de Peixes, os indivíduos de qualquer sociedade são geralmente de origem e crenças semelhantes e se ensina às crianças as crenças compartilhadas pelos outros membros da sociedade para que as adotem. Na Era de Aquário, ao contrário, as crianças estarão expostas a um amplo número de crenças por meio da televisão, do rádio, do cinema e das viagens.
Assim, as crianças aquarianas provavelmente questionarão a validade de qualquer sistema de valores, porque saberão que outras pessoas possuem outras crenças. Elas resistirão à tentativa de simplesmente lhes impor um sistema de valores.
Na Era de Peixes, o volume de conhecimento disponível é relativamente escasso. O conhecimento se encontra em livros, nos quais as crianças devem aprender. A Era de Aquário será uma época de investigação e à medida que se avança nesse sentido, o campo de conhecimento cresce. Chegará um momento em que o volume de conhecimento será tão extenso que – nem mesmo em um só campo – será possível uma pessoa conhecer tudo. Portanto, o objetivo da educação na Era de Aquário já não poderá ser ensinar aos jovens tudo o que se conhece. Não é possível prever que tipo de conhecimento uma determinada criança necessitará no futuro.
Na Era de Peixes, a maioria dos trabalhos exige a repetição de certas tarefas predefinidas. Ao preparar os jovens para o mercado de trabalho, seus professores ensinam a lembrar o que foi dito e seguir as instruções. Com a chegada da Era de Aquário muitas tarefas repetitivas e predefinidas serão realizadas por máquinas (gravadores, câmeras, maquinário industrial, computadores e robôs). Assim, o jovem que aprendeu a fazer apenas o que lhe disseram, não encontrará trabalho com facilidade. Na Era de Peixes as condições são relativamente estáveis. Os usos, tradições e maneiras de lidar com os problemas humanos são bastante semelhantes, geração após geração. Consequentemente, as crianças são instruídas nos mesmos usos, tradições e formas de lidar com os problemas humanos herdados de seus pais, de modo que o aprendizado da infância seja útil na idade adulta. Elas recebem respostas a cada uma das situações que podem encontrar pela vida. Na Era de Aquário, a vida já não será tão simples. Pessoas de terras distantes carregam consigo novos modos de fazer as coisas. As estruturas sociais mudam. São inventadas novas máquinas que transformam radicalmente os sistemas de produção, os tipos de trabalho e os estilos de vida. A mudança será tão rápida e imprevisível que é quase impossível dar soluções predeterminadas para os problemas da vida.
Se na Era de Aquário será inútil tentar impor um sistema de valores aos jovens (pois eles não vão acreditar em nós), se será impossível tentar ensinar a eles umas realidades ou técnicas (já que as realidades e as técnicas que realmente precisarão conhecer após sua graduação podem ser diferentes), se será inútil tentar dar soluções para os problemas da vida (uma vez que os problemas reais que encontrarão no futuro podem ser diferentes), qual será então a função das escolas?
As crianças na era aquariana necessitarão ter a oportunidade de observar o mundo. Elas vão acreditar no que virem por si mesmas. Elas necessitam que lhes ensinem a realizar experimentos controlados, nos quais as variáveis são controladas de forma que o efeito produzido ao modificar uma única variável por vez possa ser observado, para que possam estabelecer relações de causa e efeito. Necessitam que as incentivem a se formular perguntas e em seguida, fazer as observações e pesquisas necessárias para obter a informação que responda às suas questões. Precisam que lhes ensinem a analisar dados, a encontrar relações lógicas nesses dados e extrair suas conclusões. Necessitam que lhes ensinem técnicas para solucionar problemas para que gerem por si próprias tanto soluções para novos problemas como novos modos para fazer as coisas.
Na sala de aula de Peixes, as duas principais técnicas são leitura e repetição. Na aula aquariana, a leitura e a repetição serão reduzidas ao mínimo. O professor incentivará muito o pensamento individual nos alunos, lhes fazendo perguntas e estimulando todos a participarem no debate de ideias. Quando o professor quiser que os alunos considerem um determinado conceito, formulará uma série de perguntas que os incentivarão a emitir comentários relevantes e raciocinar de modo a chegar a uma conclusão a partir desses comentários. Esse é o método socrático.
Na escola de Peixes se coloca ênfase em copiar e memorizar. Na escola aquariana, a ênfase se deslocará da memorização de fatos para raciocinar sobre ideias. A ênfase nas escolas mudará de copiar os outros para criar a si mesmo. Na escola de Peixes, se espera que os alunos se encaixem em um ou vários moldes. Na escola aquariana, os alunos poderão pensar e agir de forma diferente entre si, desenvolver tendências individuais e seguir processos de aprendizagem distintos.
Na escola de Peixes, o professor deve controlar os alunos, estabelecer normas e ordens. Na escola aquariana, o aluno terá mais responsabilidade sobre sua conduta. As próprias crianças poderão planejar o que farão, quando e como.
Na escola de Peixes os conflitos são “solucionados” mediante o uso da força. Os professores obrigam as crianças a obedecer, espancando ou castigando de outras formas aqueles que não obedecem. Na Era de Aquário, a razão será usada para resolver os conflitos. Quando um conflito surgir entre professores e alunos, a questão será debatida. Cada parte tentará compreender o ponto de vista da outra e se buscará uma solução satisfatória para todos.
O treinamento da empatia será tópico relevante na educação dos alunos aquarianos. Se ensinará aos estudantes evitar o preconceito, que impede o surgimento da empatia. Eles aprenderão sobre astrologia, o que poderá ajudar a entender os pontos de vistas alheios. Estudarão literatura, belas artes e música, que exigem empatia para serem realmente compreendidas. Se ensinará ainda a desenvolver um sentimento de paz e tranquilidade interior, assim como a reverenciar todos os seres viventes e a Deus, atitudes tão necessárias para que exista uma verdadeira empatia.
XV – O GOVERNO AQUARIANO
“Sustentamos que as seguintes verdades são evidentes por si mesmas: que todos os homens são criados iguais e que lhes são outorgados por seu criador certos direitos inalienáveis, entre eles se encontram a vida, a liberdade e a busca da felicidade.”
Thomas Jefferson
Na Era de Peixes, as pessoas frequentemente carecem de educação e de informação sobre os assuntos da atualidade. Os governantes, tanto reis como personalidades nobres, se rodeiam de conselheiros e sábios que lhes assessoraram, cabendo a responsabilidade de guiar o povo exclusivamente ao governante. Na Era de Aquário, no entanto, a informação e as oportunidades educativas estarão igualmente disponíveis para todos. Qualquer pessoa terá acesso a bibliotecas, rádio, televisão e bancos de dados digitais. Por meio dos sistemas de comunicação eletrônica, os sábios compartilharão seus pensamentos com todos tão facilmente como fazem antes com uma única pessoa. Assim, o governo da Era de Aquário já não poderá reclamar a exclusividade da sabedoria. Já não haverá razão alguma para acreditar que o governo tenha maior capacidade que o povo para julgar o que é correto e o que não é. A crença de Peixes sobre a decomposição da sociedade se o governo deixar de dizer ao povo o que é correto e o que não é, ou não os forçar a fazer o que é correto, será substituída gradualmente pelo ponto de vista aquariano de que as pessoas têm tanta capacidade moral para eleger e tomar decisões como o próprio governo.
Na Era de Aquário se supõe que as pessoas estejam desenvolvendo a Luz dentro delas e aprendendo a dirigir suas vidas. As pessoas só poderão aprender a dirigir sua vida se tiverem liberdade para tomar decisões, se experimentarem as consequências dessas decisões e se, em seguida, empregarem suas mentes para estabelecer relações entre as escolhas (causas) e os efeitos resultantes, de modo que no futuro possam escolher melhor. Em seu livro “Liberty and Consciousness” (“Liberdade e Consciência”), Michael Newbrough escreve: “O crescimento não pode surgir da repressão… De forma que quanto antes aceitarmos os riscos e erros da vida, antes aprenderemos o que funciona e o que não funciona, onde reside a felicidade e a realização e onde não. Para começar a conhecer a virtude e a excelência, devemos pagar o preço de enfrentar o autodestrutivo e o indigno. Não sabemos quando tivemos o suficiente de uma experiência até chegarmos ao excesso… A paz interna não será apreciada até nos cansarmos de perseguir as ilusões do mundo material relativo e sujeito à tirania do tempo…A experiência é o mestre supremo.”
Na Era de Aquário, o governo deverá evitar interferir no processo de desenvolvimento. Permitir ao povo escolher livremente desde que não violem os direitos que todos têm de escolher com idêntica liberdade seus próprios caminhos. O governo deverá permitir que as pessoas decidam suas crenças, seus sistemas de valores, seu estilo de vida, o que dirão e o que farão, como votarão, etc., contanto que as pessoas não interfiram no direito de liberdade que tem igualmente os outros de fazer escolhas.
Os governos deverão permitir às pessoas experimentar as consequências de seus atos. Se as pessoas estão convencidas de que o governo se ocupará delas, façam o que fizerem, deixam de se sentir responsáveis por evitar problemas ou cuidar de suas próprias necessidades.
Se o governo não tenta controlar as pessoas e tampouco tomar decisões por elas, nem as protege dos efeitos de suas decisões, para que existe o governo então? O governo pode atuar como uma organização centralizada para ajudar as pessoas a intercambiar informações, estimular os diferentes setores sociais a se relacionar melhor, facilitar acordos ou tomada de decisões conjuntas.
Na Era de Aquário, as pessoas que compartilham valores similares poderão se unir em grupos pequenos e pouco estruturados para se apoiar, enriquecer umas às outras, compartilhar e cooperar. Esses pequenos grupos poderão ter autonomia para se criar, organizar e dissolver. O acesso a tais grupos habitualmente estará aberto a todo aquele que desejar. A liderança poderia passar de uma pessoa a outra, segundo as necessidades do momento. Um grupo poderia mudar suas atividades ao longo do tempo, de acordo com as necessidades e interesses dos seus membros. As associações de grupos formariam redes, embora em tal situação os grupos de base seguiriam sendo autossuficientes.
XVI – A POLÍTICA NA ERA DE AQUÁRIO
“O homem que só pode se gabar de seus antepassados ilustres
é como uma batata, o único bem que
lhe pertence está enterrado.”
Sir Thomas Overbury
Na Era de Peixes, os regimes monárquicos dirigem os países. Na Era de Aquário, os países serão governados democraticamente por presidentes eleitos. Como alguém se torna rei é significativamente diferente de como alguém chega a ser presidente. Algumas pessoas chegam a reis por inspiração divina. Todo aquele que seja considerado emissário ungido por Deus tem a liderança assegurada na Era de Peixes. Na Era de Peixes, algumas pessoas se tornam reis por seu nascimento. Se as leis estabelecem que o primogênito do rei reinante serás o futuro rei, então o Ego nascido nessa circunstância assume a tarefa de governante, a menos que alguém o impeça à força. Outro caminho para se tornar rei na Era de Peixes é a riqueza material. Alguém com grande riqueza pode comprar o apoio do povo e contratar um exército para defender sua posição. Na Era de Peixes, algumas pessoas chegam a reis graças a sua força física ou coragem. O guerreiro com mais valor pode chegar a ter o comando das tropas e, portanto, do país. Na Era de Aquário, a pessoa que aspire a governar empregará sua inteligência para identificar o que o país necessita, para convencer intelectualmente as pessoas de que pode liderá-las para alcançar esses objetivos e, consequentemente, será eleito pelos cidadãos para o cargo de presidente.
Na Era de Peixes, a responsabilidade das massas é ser fiel ao chefe. Independentemente de quem sigam, enquanto todos seguem o líder, há paz no país. Na Era de Aquário, a responsabilidade do povo será estar informado e votar com sabedoria. O cidadão aquariano deverá evitar ser influenciado por subornos, falsidades, nomes ressoantes, poderio militar, pelo que outros pensem ou votem ou por pressões sociais. Deverá exercer de modo independente suas faculdades de raciocínio.
O líder de Peixes costuma ser colocado em um pedestal sobre as massas, reverenciado e admirado. As pessoas não precisam entender o que ele enxerga a partir de seu elevado ponto de vista ou o que ele fazia. O líder aquariano, por sua vez, não deverá estar em um pedestal sobre as massas, as pessoas deverão compreender o que faz e por que faz, se manter informadas sobre suas ações. Elas serão livres para criticar o líder aquariano e ele deverá acolher essas críticas, explicar satisfatoriamente o que faz e estar disposto a mudar sua conduta. Cristo nos deu o exemplo quando disse aos seus discípulos: “Já não vos chamo de servos, pois o servo não sabe o que faz seu senhor, mas digo amigos, pois tudo o que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.” (Jo 15:15).
XVII – A JUSTIÇA NA ERA DE AQUÁRIO
“Todo santo tem um passado. Todo pecador tem um futuro.”
Oscar Wilde
A Era de Aquário será uma época de liberdade individual e de responsabilidade. O governo aquariano não fará leis para tentar controlar as vidas das pessoas individualmente. Não haverá leis coercitivas desse tipo. Se as pessoas estiverem treinadas em ressonância, de modo a compreender e sentir empatia uns pelos outros, e na lógica, será necessário apenas uma lei para reger as relações interpessoais, a saber, “Faz aos outros o que gostaria que fizessem a ti”. Na era aquariana, as pessoas compreenderão que, assim como não gostam que outros interfiram em sua liberdade pessoal, igualmente não devem interferir na liberdade dos demais. Reconhecerão que, da mesma forma que não apreciam que seus bens materiais sejam roubados, tampouco devem roubar, agredir ou julgar o próximo. Quando surgirem conflitos entre pessoas, elas deverão se reunir, discutir suas diferenças, aprender a compreender o ponto de vista alheio e considerar a situação objetivamente, de modo que possam chegar por si mesmos a uma solução satisfatória para seus problemas.
Se alguns membros da sociedade persistirem em interferir na liberdade dos outros e se as negociações entre os envolvidos não resolverem o problema, então o governo será obrigado a prender o acusado, promover seu julgamento e detê-lo, se sua culpa for provada. Nos julgamentos, a reconstituição dos fatos será facilitada pelo desenvolvimento da visão etérica a qual capacita as pessoas a lerem os registros do passado acumulados no Éter Refletor. O método socrático poderá ser empregado para induzir o culpado a sentir o dano que causou a outros, a reconhecer as consequências de seus atos, o que o levou a cometer o crime e que caminhos poderia ter seguido para manejar a situação apropriadamente. O culpado também poderá, voluntariamente, decidir o que fazer para restituir os danos causados e ser incentivado a cumprir sua restituição.
As pessoas cometem crimes devido a desejos egoístas tais como avareza, ira, luxúria, desejo de experiências intensas, etc., que assumem o controle. Se com o método socrático elas puderam ser levadas a considerar as situações intelectualmente e a considerar os sentimentos e direitos dos outros, assim como as consequências de suas ações, então suas mentes e seus Egos podem tomar o controle de suas vidas e o crime nunca mais será atrativo.
XVIII – MÉTODOS AQUARIANOS DE CURA
“Aquilo em que a mente se ocupa constantemente será,
de forma inevitável, o que o homem se converterá”.
Annie Besant, “In the Outer Court”.
Na Era de Peixes, a doença é aceita como um designo de Deus ou um acidente da natureza. Na Era de Aquário, as pessoas reconhecerão como certas ações, sentimentos e pensamentos conduzem à enfermidade e identificam quais as condutas concretas produzem cada doença. À medida que a Era de Aquário se aproxima, começarão a ser determinados os efeitos de certos alimentos sobre o corpo, do estresse emocional no organismo e a necessidade física de certas doses de exercício e de repouso, assim como de higiene.
Na Era de Peixes, a natureza da enfermidade de uma pessoa, com frequência, permanece desconhecida. Ao nos aproximar da Era de Aquário, serão desenvolvidos instrumentos científicos que servem para observar as diferentes partes do corpo e para identificar anormalidades em seu funcionamento. Como a Era de Aquário estimulará a visão etérica e a visão etérica permite ver através da matéria sólida, as pessoas serão capazes de detectar, de relance, os órgãos doentes e as dificuldades nas correntes de energia etérica que vitalizam os diferentes órgãos do corpo. Na Era de Aquário se empregará a Astrologia como um meio de investigar as causas subjacentes à doença.
Na Era de Peixes, as pessoas tendem a ter fé em seu médico e nos medicamentos que ministra; às vezes sua fé é o fator determinante mais importante em sua cura. Na Era de Aquário, as pessoas vão querer entender por si mesmas a natureza e as causas de sua enfermidade de modo que possam decidir o que necessitam para se recuperar.
Na Era de Peixes, as pessoas tendem a se abandonar passivamente nas mãos do médico e a esperar que promova a cura. O médico continua administrando medicamentos que controlam partes do corpo, à margem do Ego, e forçam o corpo a realizar certas funções. Ou o médico pode sugerir massagens ou manipulações que geram novamente certos efeitos corporais. Na Era aquariana, no entanto, as pessoas buscarão o autocontrole. As pessoas aprenderão a usar o poder da vontade para dominarem suas Mentes e, portanto, donos de suas ações. As pessoas aprenderão a controlar mentalmente seus sentimentos e a dissolver as tensões internas. As pessoas aprenderão a controlar sua Mente subconsciente, a qual influi no funcionamento dos diferentes órgãos corporais. As pessoas aprenderão a dirigir o fluxo das forças etéricas em seus corpos e empregá-las para tarefas curativas.
XIX – Exercícios Mentais para a Era de Aquário
Para aqueles desejosos de adiantar seu aprendizado das lições de Aquário foram dados dois exercícios. Um deles se denomina Retrospecção e o outro, Concentração.
O exercício de Retrospecção é feito à noite quando o Aspirante se deita para dormir. Ele relaxa seu corpo e, em seguida, revisa os acontecimentos do dia, em ordem inversa, começando com os noturnos e em seguida, gradualmente, prosseguindo em ordem inversa, os da tarde, os que aconteceram pela manhã até chegar no momento do despertar. Ao trazer cada cena a sua Mente, tenta sentir os efeitos que suas ações tiveram sobre outras pessoas. Se seus atos causaram dor a alguém, tenta sentir essa dor. Se alegraram alguém, tenta sentir essa alegria. Ao tentar ver as relações de causa e efeito, quando observa que certas ações tiveram efeitos indesejáveis, ele decide reformar sua vida. É importante que o corpo esteja relaxado ao praticar esse exercício de Retrospecção, porque quando está tenso os desejos pessoais ainda se mantêm firmes e dificultam a obtenção de uma visão objetiva, impessoal e superior dos acontecimentos do dia. A razão para reviver os acontecimentos do dia em ordem inversa é que desse modo vemos primeiros os efeitos e em seguida, as causas, facilitando o julgamento de que ações produzem efeitos desejáveis.
O exercício da Retrospecção nos ajuda a desenvolver a habilidade aquariana de autoanálise e, portanto, de autocontrole. Proporciona uma compreensão crescente das relações de causa e efeito e ajuda a desenvolver a Luz interior. A tentativa de sentir como os outros se sentiram aumenta nossa habilidade de ressonar com os outros e ajuda a resolução de conflitos. Como Aquário é regido por Urano, que influencia o sistema nervoso, um dos problemas que as pessoas vão enfrentar na era aquariana será a tensão nervosa. A liberdade, a iniciativa e a exploração que a Era de Aquário promoverá estão associadas a uma certa tensão. O exercício de Retrospecção, se realizado com o corpo relaxado, ajudará a superar a tensão nervosa progressivamente.
O exercício de Concentração se realiza pela manhã, tão logo o Aspirante tenha despertado. Se o corpo estiver confortável, ele deve relaxar e iniciar logo a Concentração. Caso contrário, o Aspirante pode se levantar para solucionar o desconforto antes de se concentrar, mas muito da eficácia da Concentração pode se perder com esse atraso. O Aspirante foca seus pensamentos em um objeto, tema, imagem ou citação e tenta manter sua Mente sem distração alguma durante, aproximadamente, cinco minutos.
O exercício de Concentração ajuda a desenvolver a ressonância, se um objeto ou uma citação forem escolhidas para a Concentração. Criar uma imagem mental ou observar um tema, incentiva a criatividade.
XX – AUTOCONTROLE NA ERA DE AQUÁRIO
“De todas as amarras que mantém o mundo acorrentado, o homem se liberta quando consegue o controle sobre si mesmo.”
A Era de Aquário será uma época de liberdade individual. As vidas das pessoas estarão libertas do domínio de reis, sacerdotes, mestres, opinião pública, arcanjos (Espíritos de Raça) e influências astrológicas. Cada pessoa deverá aprender a dirigir sua própria vida. Vamos examinar o que significa ter controle sobre nossas próprias vidas.
A Bíblia afirma que “Deus é espírito” (Jo 4:24) e que “Deus criou o homem à sua imagem” (Gn 1:27). Portanto, o ser humano é um espírito. Cada espírito humano construiu para si mesmo, com alguma ajuda externa, uma Mente, um Corpo de Desejos, um Corpo Vital e um Corpo Denso, o físico. A Mente pode ser usada para raciocinar e criar planos. No Corpo de Desejos tomam forma os desejos, aspirações e emoções da pessoa. O Corpo Vital recebe as percepções sensoriais e ali se gravam os hábitos e as lembranças. O Corpo Denso é o instrumento através do qual o Espírito pode interagir com os sólidos, líquidos e gases do mundo físico. Aprender a controlar seus veículos é responsabilidade do Espírito. Ao tentar controlar seus veículos, um problema que o Espírito encontra são as suas limitações. Um Espírito não pode fazer voar um Corpo Denso se este carecer de asas e outras estruturas apropriadas. Para resolver esses problemas, o Espírito precisa reestruturar o arquétipo do corpo, trabalho que efetua habitualmente entre duas vidas terrestres, quando a consciência do Espírito está focada nos mundos superiores.
Outro problema que encontra o Espírito ao tentar controlar seus veículos é que eles podem ser insensíveis às ordens do Espírito. Por exemplo, mesmo que os veículos tenham as estruturas exigidas para tocar uma música formosa e inspiradora no piano, o Espírito pode ter dificuldades para se fazer obedecer em seu impulso de tocar música. É necessária prática para superar esse tipo de dificuldade.
Outro problema que encontra o Espírito é que os veículos com a organização e sensibilidade necessárias podem deixar de funcionar apropriadamente, a menos que recebam os cuidados adequados. Quando os veículos deixam de funcionar adequadamente, o Espírito já não consegue conduzir com facilidade. Esse problema se resolve ao se conhecer o que os veículos necessitam para se manter saudáveis e em seguida, exercitar o poder da vontade para realizar o que se sabe ser o correto.
Os veículos são também difíceis de governar porque têm desejos próprios que são contrários à vontade do Espírito. Os veículos se deleitam em atos, sentimentos e pensamentos selvagens e descontrolados. A Mente vagueia antes de se concentrar em resolver um problema que o Espírito colocou frente a ela. Os desejos preferem reagir ao ódio com ódio, em vez de se submeter ao autocontrole e transformar o ódio em amor. O Corpo Vital e o físico se sentem mais confortáveis fazendo o que estão acostumados a fazer, em vez de se sujeitarem ao tipo de controle necessário para mudar seus padrões de comportamento. Os veículos desfrutam os prazeres sensuais que se podem obter do álcool e outras drogas, embora estas lhes arrebatem o controle do Espírito. Os veículos querem estímulos sexuais, mesmo às custas da força criadora que o Espírito quer empregar para construir a Mente e fazê-la operar criativamente. Os veículos buscam conforto e descanso, enquanto o Espírito quer obter experiência. Os veículos querem satisfazer suas necessidades e desejos egoístas, enquanto o Espírito cresce servindo os outros.
Paulo estava consciente dessas coisas quando escreveu: “Andai em Espírito, e não deis satisfação à concupiscência da carne. Porque a carne tem tendências contra o Espírito, e o Espírito contra a carne… Porque as obras da carne são manifestas, a saber: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, ódio, discórdias, emulações, iras, brigas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, embriaguez, orgias e outras como essas…Os frutos do Espírito são: caridade, alegria, paz, paciência, bondade, fé, mansidão, temperança.” (Gl 5:16-23)
O que necessita o Espírito para que prevaleça sua vontade sobre as tendências dos veículos? O ponto de partida para conseguir é o controle da Mente. Quando os veículos inferiores tomam o controle, levam a Mente a racionalizar e fornecer razões para que as coisas sejam como dizem. O Espírito deve insistir para que a Mente pense de forma objetiva e lógica, parando com racionalizações. O Espírito necessita que a Mente aprenda a distinguir entre desejos dos veículos inferiores e objetivos do Espírito. Uma vez que essa distinção se estabeleça, o Espírito pode obter o compromisso da Mente de planejar apenas aquilo que conduz às metas do Espírito. Assim, os desejos e atos podem ser alinhados com a decisão da Mente. Quando a Mente toma uma determinação sob a direção do Espírito, então essa determinação deve ser mantida a menos que se prove que é um erro. Se a decisão for alcançar um determinado objetivo, adiamentos, atrasos e fracassos repetidos não deveriam enfraquecer a determinação inicial. Se a determinação era realizar uma tarefa em benefício da sociedade ou de uma pessoa, a gratidão ou ingratidão recebidas não devem influenciar suas ações.
Uma vez que uma pessoa já desenvolveu autocontrole, pode decidir por si mesma aonde irá e o que fará. Será capaz de afirmar como William Henley:
“Sou o amo do meu destino. Sou o capitão da minha alma”.
XXI – ALEGORIAS PARA A ERA DE AQUÁRIO
Una alegoria é um conjunto de ideias sobre um assunto familiar, material ou concreto, que ilustra por comparação outro tema menos familiar, de natureza abstrata ou espiritual. As alegorias interessam ao ser humano aquariano porque o ajudarão a colocar em atividade e desenvolver seu próprio raciocínio com a finalidade de obter mais compreensão das realidades espirituais. Apresentamos a seguir algumas alegorias para consideração do leitor.
O carvalho que não queria crescer
Em certa ocasião, uma pequena semente caiu na terra. Era tão pequena que nem sequer olhava para o mundo ao seu redor, apenas permanecia enrolada em sua forma. Pouco a pouco, as folhas a cobriram, assim como os outros detritos trazidos pelo vento. Logo, o solo abaixo dela cedeu com as chuvas e deu lugar à semente, que se afundou nele. Ao passar do tempo, a semente se tornava vagamente consciente de si mesma. Também começou a perceber que seu entorno era escuro e sem ventilação. Começou a sentir necessidade, mais inconsciente do que consciente, de luz e de liberdade. Começou a brotar. Ela mesma não sabia bem em que direção crescer, mas enquanto se esforçava, espíritos da natureza estavam ali a guiá-la para a direção correta.
Finalmente, ela brotou da terra. Olhou ao seu redor e ficou encantada pela luz e beleza que a rodeavam. “Ah”, disse, “agora estou iluminada. Agora posso ver tudo. Que glorioso e magnífico estado de existência. Agora alcancei o propósito da minha vida.” “Não”, replicaram os espíritos da natureza, “Observa essa grande árvore ali adiante. Deves crescer tanto como ela!” “Mas isso é impossível”, disse o pequeno carvalho. “Nunca poderei ser tão alto. Uma só folha é maior que eu. Observe seu tronco largo, a casca tão grossa e seus grandes ramos. Olha, mesmo que eu cresça tudo o que puder neste verão, nunca alcançarei este tamanho”.
Assim o pequeno carvalho se deixou desanimar, sem fazer nenhum esforço para alcançar uma meta considerada por ele impossível e suas pequenas folhas começaram a amarelar e cair. “Deves tentar”, o animaram os espíritos da natureza. “O Deus que está no céu não lhe teria designado uma tarefa impossível. Com certeza, ele ajudará”. – “Bem, não me sinto nada bem quando minhas folhas ficam fracas. Talvez deva tentar”, disse o pequeno carvalho.
Logo que se reanimou, Deus enviou chuva quando o pequeno carvalho necessitava, e igualmente, Ele enviou ventos fortalecedores e exaltados raios de Sol. Assim, o pequeno carvalho foi crescendo durante todo o verão. Estava tão ocupado crescendo que teve pouco tempo para se preocupar se chegaria ou não a ser tão grande como o velho carvalho.
O outono chegou e o pequeno carvalho começou a perder suas folhas. Isso o entristeceu muito. “Trabalhei duramente para fazer crescer estas folhas”, dizia, “Como posso chegar a ser algo se mesmo o que consegui me foi tirado de mim? -“Não se apresse”, disseram os espíritos da natureza.” Você não perderá nada que seja essencial para o seu progresso”.
Assim, o pequeno carvalho foi dormir e dormiu o inverno todo. Na primavera, quando despertou e olhou ao seu redor, observou um carvalho muito menor que ele, recém surgido do solo. “Olha como sou grande comparado com esse menino”, disse o pequeno carvalho. “É ele que precisa se esforçar em crescer e não eu”. Assim novamente cessou seus esforços para crescer e deixou amarelarem e caírem suas novas folhas, que ainda estavam brotando. “Mas olha o velho carvalho”, disseram os espíritos da natureza. “Não deves se dar por satisfeito até alcançar seu tamanho e mesmo assim não deves se contentar, até mesmo ele tem crescimento a frente”.
O pequeno carvalho continuou crescendo, verão após verão. E chegou a ser tão alto que podia ver a uma grande distância os campos. O pequeno carvalho ficou grande e forte e adquiriu a capacidade de produzir numerosas sementes e de dar sombra e proteção a inúmeras plantas e animais menores sob seus amplos e firmes ramos.
Lenha e casacos
Existiam há algum tempo duas ilhas separadas por um oceano. A ilha do sul foi chamada de País do Sul. Desfrutava de um clima ameno e era a mais habitada. A ilha do norte se chamava País do Norte. Seu clima era verdadeiramente frio e as pessoas só iam lá se tivessem uma boa razão. E certamente havia uma boa razão para ir ao País do Norte pois lá se encontravam pedras preciosas impossíveis de encontrar em outros lugares.
Quando as pessoas tinham de viajar do País do Sul para o País do Norte, compravam bilhetes de ida e volta no barco que as transportava. No bilhete figurava tanto a data da ida como a do retorno. Durante a viagem, elas recebiam um casaco grande e pesado, um chapéu quente e botas. Bebiam vinho durante a travessia na crença de que manteriam seu sangue quente no País do Norte. Infelizmente, o vinho as fazia esquecer o que tinham vindo buscar no País do Norte. Às vezes, acontecia de passaram o tempo brincando umas com as outras ou recolhendo lenha, geralmente muito mais do que necessitavam em toda a sua estadia ali. Quando lhes sugeriam que buscassem pedras preciosas, as pessoas riam e respondiam “As joias não aquecem! Por que alguém iria querer essas pequenas pedras?”.
O vinho também fazia que esquecessem a aparência que seus companheiros tinham antes de vestir os casacos, chapéus e botas para a viagem e então começavam a os identificar pelas roupas que vestiam. Quando um dos companheiros partia em regresso no barco, com frequência encontravam seu casaco na praia e choravam, pois, ele não mais iria brincar com eles ou os ajudaria a recolher lenha.
Finalmente chegava o momento de regressar e tentavam carregar no barco toda a lenha que tinham reunido. O capitão do barco nunca permitia isso. Era um barco pequeno e não havia espaço para transportar lenha em vez de pessoas. Além disso, o capitão sabia bem que não necessitariam dessa lenha no País do Sul, embora não tentasse discutir esse ponto com os passageiros, limitando-se a dizer que era contra lei levar esse tipo de bagagem no barco.
Quando esses passageiros desorientados chegavam de volta ao País do Sul e se dissipavam os efeitos do vinho, recordavam com amargura que partiram em busca de pedras preciosas e não as haviam trazido com eles. Então começavam a se preparar para uma nova jornada.
Uma ilha enevoada
Em algum lugar, no meio do oceano, se encontra uma grande ilha. Uma montanha se eleva no seu centro. Ao redor dela, uma grande quantidade de colinas obriga o viajante a subir e descer, uma e outra vez, se quiserem se aproximar da montanha. O clima é tal que a maior parte do tempo uma neblina espessa cobre a costa e também boa parte da terra em seu redor. À medida que se aproxima da montanha, a atmosfera se aclara mais e mais. O motivo pelo qual a ilha interessa para muitas pessoas é que no alto da montanha há um castelo mágico e quem entra nele tem visões maravilhosas e adquire sabedoria acerca de tudo o que foi criado.
Em qualquer momento, é possível encontrar com numerosos viajantes na ilha, todos com o propósito de alcançar o topo da montanha. Eles vêm navegando de todos os países, desembarcam em algum ponto da costa e em seguida, adentram a pé na ilha.
O maior problema é que os viajantes se perdem facilmente devido à neblina. Alguns deles não são conscientes de que o castelo mágico se encontra no topo da montanha. Tendem a vagar sem rumo, confiando que algum dia atingirão acidentalmente com o castelo. Como costumam transitar pelas trilhas mais confortáveis, caminham por vales entre as colinas que rodeiam a montanha. Os vales estão dispostos em círculos e, portanto, nunca conseguem ir longe. Se diz, no entanto, que os que caminham pelos vales gradualmente se aproximam da montanha, da mesma forma que um micróbio que seguir os sulcos de um disco de vinil se acerca gradualmente do centro do disco. Essa trilha é tão longa que, mesmo entre os que chegaram primeiro na ilha e percorreram esse caminho, ninguém alcançou o castelo ainda. Outros viajantes sabem que o castelo está no alto da montanha, mas não são conscientes das colinas que o rodeiam. Pensam que para chegar lá em cima é suficiente caminhar sempre para cima. Seu problema é que quando chegam no alto de uma colina, às vezes, pensam que estão em cima da própria montanha e param ali. Depois contam a todos os que podem ouvir que chegaram lá em cima e que já são sábios, se sentindo cheios de superioridade com relação aos que andam atrás deles naquele vale e com aqueles que estão em um vale próximo da montanha.
Ocasionalmente, o vento dissipa a neblina e se faz um clarão no céu. Se alguém estiver alerta nesse momento, pode divisar a colina seguinte e inclusive excepcionalmente, a própria montanha. Se segue avançando com determinação em direção de sua visão, pode fazer um progresso considerável antes de perder novamente a orientação e com ela a direção em que deveria caminhar.
Quando alguém tem um vislumbre desse tipo, talvez possa dar orientações aos que o possam ouvir, de modo que eles sejam também capazes de se encaminhar para a montanha. Quando isso acontece, alguns de seus companheiros não prestam atenção porque pensam que se eles não podem ver através da neblina, então ninguém pode fazer isso e quem afirme o contrário não é digno de confiança. Outros seguem as orientações que escutam com a atitude de “vamos tentar e ver o que acontece”. Se caminham até a montanha e são observadores, comprovarão que a neblina se tornou menos densa. Um problema que experimentam os que tentam seguir instruções de outros é que não se encontram no lugar preciso de quem está dando as orientações e descobrem que o que essa pessoa disse nem sempre se aplica a eles, podendo acabar perdidos.
Às vezes, alguém pode ter um vislumbre da montanha e do caminho que leva até ela e deixar instruções por escrito de como alcançá-la, que podem ser transmitidas de pessoa para outra e inclusive terminar no lado oposto da montanha de origem. Então, as pessoas que seguem as instruções, com grande surpresa, se encontram de novo na costa, em vez de ter chegado na montanha.
Os viajantes que alcançaram o topo da montanha frequentemente acendem luzes ali com a esperança que brilhem e sirvam de guia para o resto dos caminhantes. Quanto mais viajantes alcançarem o cume e acenderem luzes, mais brilhante será a luz e mais profundamente a luz atravessará a neblina. Mas a luz tende a se tornar difusa e dispersa na neblina, de modo que os caminhantes têm grande dificuldade em determinar em que direção devem avançar para alcançar a fonte da luz.
Algumas pessoas idealizaram um outro método, que pode ajudar todos os viajantes que ainda não alcançaram o topo da montanha. Sugerem que todos eles se encontrem na costa, juntem suas mãos e formem um círculo imenso que rodeie completamente a ilha. Depois poderiam diminuir o círculo gradualmente, unindo suas mãos e de quando em quando, um deles se soltar dentro do círculo, com os demais unindo de novo suas mãos atrás dele. Assim, o círculo seria cada vez menor e todos se aproximariam necessariamente do topo. Algumas tentativas foram feitas nesse sentido, mas até agora não tiveram êxito porque os viajantes não têm a paciência de permanecer em seu lugar enquanto o círculo vai se formando. Inclusive, suspeito que se o círculo se formasse, alguns diriam que os mais próximos se movem com muita lentidão e sairiam do círculo para avançar cegamente. Bom, não devemos perder a esperança. Algum dia, depois de vagarem o suficiente, podem estar enfim desejosos de formar um círculo e permanecer nele até alcançar a montanha.
FIM
[1] N.T.: Alfred Tennyson (1809-1892) foi um poeta inglês. Estudou no Trinity College, em Cambridge. Viveu longos anos com sua esposa na ilha de Wight por seu amor à vida sossegada do campo.
[2] N.T.: “A Carga da Brigada Ligeira” é um 1854 poema narrativo por Alfred, Lord Tennyson sobre a Carga da Brigada Ligeira na batalha de Balaclava durante a Guerra da Criméia. Ele escreveu em 2 de dezembro de 1854, e foi publicado em 9 de Dezembro de 1854 em The Examiner. Ele era o poeta laureado do Reino Unido no momento.
[3] N.A.: J. Krishnamurti, na obra “The First and The Last Freedom” (“A primeira e última liberdade”).
[4] N.A.: Henry David Thoreau se alinhou com o ideal aquariano quando escreveu (“Desobediência Civil”, 1849).