Vamos considerar a natureza como um conceito religioso. A Religião é o reconhecimento dos limites da competência humana na presença do incognoscível e do incontrolável, diante do qual todos os seres humanos ficam maravilhados. A natureza também. Como o incognoscível e sagrado, ela existe, existam ou não os humanos. Ela preexiste aos humanos. Portanto, devemos conceber a natureza como parte da nossa vida religiosa. A religião admite que nós, humanos, não somos mestres do universo; nem mesmo somos mestres da Terra. Em vez disso, somos coabitantes deste planeta, junto a uma multidão de outras criaturas e não podemos nem mesmo sonhar em controlá-lo.
Se não podemos controlar a Terra, então certamente não podemos controlar a natureza. Está essencialmente fora de controle. Ela pode ter sido abusada, sua vegetação destruída, seus animais quase extintos; contudo, depois de restaurá-la à saúde e enquanto continuarmos a administrar a maneira como as pessoas agem sobre ela, devemos deixar a própria natureza em paz. Natureza é o que não comandamos. A natureza selvagem é aquilo que está além da ansiosa autoafirmação dos humanos. É a metáfora desse vasto universo que, quando oramos, reconhecemos estar além da nossa compreensão.
A natureza é um conceito religioso porque exige nossa reverência e porque é uma ideia profundamente séria. Religião deve ser aquilo que levamos mais a sério. O que poderia ser mais sério do que uma resposta admirada ao desconhecido e incontrolável? O que é mais sério do que a reverência pela saúde da Terra? Além disso, a legislação da natureza é um reconhecimento dos nossos pecados — nossas delinquências como administradores das porções da terra selvagem sobre as quais presumimos assumir o controle — e da nossa responsabilidade de manter, restaurar e preservar o que ainda não corrompemos.
Cumprir nossa sagrada responsabilidade de reverenciar e proteger a natureza é uma tarefa muito grande para ser deixada apenas para a comunidade conservacionista. Se há algo em que todos os conservacionistas podem concordar, é que não somos o suficiente. Embora cada um de nós acredite ser uma multidão, juntas, nossas fileiras permanecem muito pequenas para alcançarmos a proteção da terra e dos lugares reverenciados pelos humanos, que é a nossa tarefa.
Todos nós estamos tentando muito; nenhum de nós recebe agradecimentos suficientes e não há o suficiente de nós. Devemos trazer novos recrutas para a causa, começando com um grupo de concidadãos que, à sua maneira, fizeram parte da nossa aliança o tempo todo; mas não ouviram muito de nós em termos de convite. Esses aliados naturais são, creio eu, as pessoas religiosas. O conceito central de vida religiosa é o mesmo que o conceito central de preservação da natureza. Esse conceito é um sentido de escala, de escala humana, na presença de coisas e assuntos maiores. Somos menos do que Deus; menos importantes, menos amplos, menos conhecedores.
As pessoas religiosas falam de si mesmas como humildes, na presença de Deus. Mesmo o mais secular dos conservacionistas admitiria, eu suponho, que muitas vezes se sente humilhado na presença da natureza — uma parte do mundo de Deus com seus dons maravilhosos. Esse sentimento vai além da reverência. A maioria das pessoas religiosas pensa no universo como intencional, uma Criação — não necessariamente feito de uma vez nem construído em apenas uma semana; mas intencional. Portanto, todas as suas partes têm valor, todas as suas espécies, todas as suas montanhas, águas, campos e oceanos. Os humanos, na tradição religiosa, não são as únicas espécies significantes na Terra. Nossos pomares, fazendas, bosques, vilas e cidades não são os únicos lugares dignos de respeito. Toda a criação é digna de respeito.
Reconhecemos que de fora de qualquer uma das nossas armadilhas, alçapões ou jaulas existem formas de vida que merecem nosso respeito. A natureza coloca tudo isso em um mapa. Suas fronteiras, grilhões e travas são limites para a pretensão humana, limites facilmente compreendidos e aceitos pelos religiosos, porque só afirmam na geografia o que foi afirmado desde o início na teologia. Em teologia, é dito que, além das fronteiras do conhecido, há um domínio negado à ciência, à história, a todo o aparato comum do conhecimento. Na geografia da natureza, afirma-se que, quando chegarmos à sua borda, podemos saber algo do que está além; no entanto, não devemos cruzar essa fronteira com a intenção de controlá-la.
Embora normalmente não façamos a genuflexão, ao passar por uma placa rotulada “área selvagem”, não seria estranho se o fizéssemos. A selva é um lugar, mas também é um mistério, um mistério profundo. É mais do que um pool genético, é um fundo de verdades insondáveis. Somos constantemente surpreendidos pela vida em formas inesperadas. Quando micróbios novos para nós, mas conhecidos por eles mesmos há milhões de anos, são repentinamente descobertos por nós, não é seu valor monetário o mais significativo, mas o religioso: embutido neles está o mistério da vida, em suas afirmações perpetuamente mutáveis, infinitamente diversas. Ser culpado de extinguir a vida por meio de intromissão descuidada ou tola é um tipo de pecado contra o qual devemos estar alertas.
Outro pecado com o qual se deve ter cuidado é não permitir espaço suficiente para o desconhecido florescer, de modo que possa se realizar. Nossa espécie orgulhosa, obstinada, muitas vezes descuidada e tola, está aprendendo o tempo todo quão pouco ela realmente sabe, quão pouco ela controla. Todos os elementos essenciais da vida — nascimento, morte, sacramentos — são intrusões do desconhecido e do essencialmente imprevisível em nossas vidas bem planejadas, escrupulosamente administradas e bem cuidadas. As áreas selvagens não são grandes zoológicos; nós é que estamos nos zoológicos. As áreas selvagens estão fora dos zoológicos. É por isso que devem ser grandes o suficiente para permitir toda a gama de vida dentro delas.
A natureza selvagem é necessária para nós, biologicamente. É necessária para nós, espiritualmente. Também é necessária para nós, psicologicamente, cada vez mais; e essa necessidade tem um caráter religioso. A natureza selvagem é uma espécie de sábado sagrado, físico e geográfico. Nela podemos encontrar a solução para as consequências da nossa má administração em outros lugares, do que fizemos ao mundo e a nós mesmos durante “o resto da semana”.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de novembro-dezembro/1995 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Max Heindel afirmou que o mito foi o recurso utilizado pelos Divinos Líderes da humanidade para orientá-la em sua infância espiritual. O vocábulo mito origina-se do grego Mythos que quer dizer relato. É um relato em linguagem simbólica capaz de projetar os arquétipos de verdades espirituais na consciência humana. Em sua obra “Mistérios das Grandes Óperas”, Max Heindel revela o significado oculto de vários mitos oriundos da Europa setentrional.
Os mitos confundem-se com as próprias religiões. Todas as grandes religiões mediterrâneas e asiáticas possuem sua mitologia. A Bíblia, tanto quanto outros livros sagrados, contém mitos.
Os mitos contam histórias sagradas, fatos ocorridos em tempos imemoriais. Relatam como, graças aos Seres sobrenaturais, uma realidade passou a existir, como algo começou a ser. São, geralmente, uma narrativa de uma criação, seja do Cosmos, seja de uma cultura, de uma nação ou de um comportamento. Explicam não apenas a origem do mundo, dos animais, das plantas e da humanidade, mas também de todos os acontecimentos através dos quais o ser humano converteu-se no que é hoje.
Como os mitos transmitem arquétipos de verdades cósmicas, é comum encontrarmos o mesmo relato em civilizações e religiões diferentes que se desenvolveram em épocas distintas e locais bem diferentes uns dos outros. É o caso do mito da Sagrada Família. O mesmo enredo da história cristã de Maria, José e Jesus se repete em tempos e épocas diferentes. Na antiga religião egípcia fala-se do salvador, o deus sol Horus, filho de Isis (uma virgem) e Osiris, Semiramis com Tammuz. No norte da Europa, Baldur (ou Balder), filho da virgem Freya (Frigga), nasce entre animais, numa estrebaria, sendo conduzido às montanhas para fugir dos perigos que o ameaçavam. Saga idêntica é a de Krishna, na Índia e Quetzacol entre os astecas, na América pré-colombiana.
São muito comuns, também, entre várias civilizações, os mitos do “fim do mundo”. A Bíblia fala de Noé e de como ele sobreviveu ao Dilúvio. Em outras culturas o mundo foi destruído por um cataclismo e a humanidade aniquilada, com exceção de um casal ou de alguns sobreviventes. Esses mitos transmitem a ideia de que o mundo deve ser tanto quanto devemos recriá-lo e regenerá-lo ciclicamente. Mostram o final de um ciclo já exaurido em suas possibilidades evolutivas e o início de um novo, com lições inéditas para todos nós. Essa ideia de que o Cosmos encontra-se ameaçado se não for recriado inspirava a principal festividade dos índios californianos.
A função do mito é de revelar arquétipos, dando significado ao mundo e à existência humana, mostrando também a sacralidade inerente a todas as coisas.
A verdade é que a vinda do Cristo se constituiu no único e maior evento na história espiritual da humanidade. Todos os mitos, lendas e vidas de seres humanos de poder espiritual que precederam a Cristo serviram para preparar a consciência humana para aquele evento; apenas anteciparam um vislumbre daquilo que viria.
Em Cristo temos aquilo que foi enunciado; temos a realização daquilo que foi preparado. Em Cristo Jesus temos a verdadeira presença de Deus na Terra; a presença do Criador em Sua Criação. Todos os que vieram antes foram apenas Seus servidores. Todos os que vierem depois, seguirão Suas pegadas.
Portanto, se somos capazes de perceber corretamente isso dentro de nós mesmos, reconhecemos que certos mitos, lendas e vidas de seres humanos de poder espiritual prepararam o ser humano para entender essa verdade: “que ante o nome de Jesus Cristo todo joelho se dobra e toda boca deve confessar que Jesus Cristo é o Senhor, para a Glória de Deus Pai.”
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP – setembro-outubro/1993)
Quem pode contemplar a majestade dos céus sem que sua intuição lhe diga que existe um Deus de cujo poder, todo ser humano e toda constelação dependem totalmente para preservação e segurança?
O céu noturno com sua pompa de estrelas é um espetáculo que convida o observador a se contemplar, revelando a ele um pouco da sabedoria oculta que o indica ser tão grande e duradouro quanto todas as legiões da Via Láctea.
Quão imponentes são os céus salpicados de sóis flamejantes — Sirius, Arcturus, Vega, Capella, Rigel, Procyon, Betelgeuse, Altlair, Aldebaran, Spica, Pollux e Deneb e sua miríade de companheiros.
Como são belos os céus, brilhando com as constelações velozes — Andrômeda, Cassiopeia, Corona Borealis e seus numerosos parentes.
No entanto, o ser humano, um pigmeu microcósmico, é uma contraparte deles, pois ele é um universo vivo tão impressionante quanto o universo físico em que vive. Assim como é em cima, é embaixo!
Os problemas humanos perdem um pouco do seu volume, quando ficamos uma hora tranquila em comunhão com as estrelas. Experimente!
A fria indiferença delas mostra um gracioso conforto e uma garantia tranquila de que estará tudo bem conosco, assim como estará com elas.
Por todos os meios, leia a literatura celestial, porque esse estudo inspirador enriquece nossa reverência por Deus, o criador, e aumenta nossa benevolência para com a humanidade.
(Publicado na revista Rays from the Rose Cross de novembro-dezembro/1995 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Quando acompanhamos o Espírito humano através de um Ciclo de Vida, do nascimento à morte e dessa ao renascimento, podemos ver quão imutável é a lei que governa cada um dos seus passos e quão rodeado ele se encontra pelo mais amoroso desvelo dos grandes e gloriosos Seres que são os ministros de Deus. Esse conhecimento é da máxima importância para os pais, já que uma boa compreensão do desenvolvimento que se efetua em cada período setenário capacita-os a trabalharem inteligentemente com a Natureza, podendo conquistar mais confiança do que aqueles pais que desconhecem os Ensinamentos dos Mistérios Rosacruzes.
O Corpo de Desejos é uma aquisição ainda mais recente do ser humano composto e só nasce em torno dos quatorze anos, na puberdade, enquanto a Mente só nasce em torno dos vinte e um anos, idade em que a lei reconhece e fixa a maioridade do indivíduo.
As tendências para a criança ser tentada em praticar o mal, de modo geral, não se manifesta até que o Corpo de Desejos nasça e suas correntes comecem a jorrar para fora do fígado. Essa é a época em que sentimentos e paixões começam a exercer domínio sobre o rapaz ou a moça, quando a matriz da matéria de desejos que protegia o nascente Corpo de Desejos é removida. Quando os desejos e emoções são libertados, o adolescente atinge o período mais perigoso de sua vida, aquele do ardor da juventude, entre os quatorze e os vinte e um anos. O Corpo de Desejos está, então, desenfreado e a Mente, como ainda não nasceu não pode atuar como um freio.
Nos seus primeiros anos de vida, a criança vê-se como uma propriedade de sua família, ela está subordinada aos desejos de seus pais e em maior grau do que após os quatorze anos. O motivo é que existe na garganta do feto e da criança uma glândula chamada Timo, a qual, sendo maior antes do nascimento, vai diminuindo de tamanho através dos anos da infância até desaparecer numa idade que varia de acordo com as características da criança. A finalidade desse órgão no corpo humano tem intrigado os anatomistas, que ainda não chegaram a um acordo sobre o seu verdadeiro papel. Supõem, contudo, que antes do desenvolvimento da medula dos ossos, a criança não é capaz de produzir seu próprio sangue e, portanto, a glândula Timo, contendo a essência fornecida pelos pais, responde pelo fabrico do sangue necessário desde os primeiros anos até a idade em que ela, já adolescente, possa produzi-lo por si mesma como parte da família e não como Ego. Mas a partir do momento em que passa a fabricar seu próprio sangue, o Ego inicia sua autoafirmação. Deixa então de ser “o menininho da mamãe” ou “a menininha do papai”, e passa a ter sua própria identidade. Chega então à idade crítica em que os pais começam a colher o que semearam. A Mente ainda não nasceu; nada mais consegue deter a natureza de desejos; e tudo passa, pois, a depender dos exemplos ministrados por eles ao adolescente em seus primeiros anos de vida. Nesse período, a fase da autoafirmação, o sentimento de “Eu sou eu” é mais forte do que em qualquer outra idade e, portanto, as ordens autoritárias devem ceder lugar a conselhos. É o tempo em que devemos ensiná-lo a investigar as coisas por conta própria e desse modo fazê-lo formar opiniões individuais a respeito. Procuremos gravar sempre nele a necessidade de investigar cuidadosamente antes de julgar e, também, o fato de que quanto mais fluídicas ele puder conservar suas opiniões, mais capacitado estará também para examinar novas ideias e adquirir novos conhecimentos.
Reafirmamos isso porque tão logo a criança alcance a puberdade e comece a produzir seus próprios corpúsculos de sangue, então ouvimos a menina ou o menino dizer: “Eu” quero fazer isto ou “Eu” quero fazer aquilo. Daí por diante as crianças começam a afirmar sua própria identidade e começam a emancipar-se da família. Através dos anos da infância, tanto o sangue, como o corpo, sendo uma herança dos pais, fazem com que as tendências para as doenças também estejam presentes. Não as doenças propriamente, mas apenas as tendências. Após os quatorze anos fica dependendo, em grande parte, do próprio Ego, a manifestação ou não dessas tendências em sua vida.
Na maioria das vezes esse é um período de provas, que não chega a ser tão difícil para o jovem que aprendeu a reverenciar seus pais ou mestres, pois esses podem, então, ser para ele uma âncora de apoio contra a erupção de seus sentimentos. Se ele se habituou a confiar na palavra dos mais velhos, e esses sempre lhe deram ensinamentos sábios, ele terá desenvolvido um inerente senso da verdade que o guiará com segurança. Porém, na mesma medida, se houve falha nisso, poderá estar sujeito a situações perigosas.
Assim, durante o período da adolescência os pais precisam ser tolerantes ao máximo, pois em nenhuma outra época o ser humano necessita tanto de simpatia quanto nos 7 anos que medeiam os 14 e os 21 anos, quando a natureza de desejos é irreprimível.
Para o adolescente que foi educado desde criança segundo os princípios de educação Rosacruz expressos pelos métodos resumidos de dos zero aos sete anos (veja mais detalhes aqui: https://fraternidaderosacruz.com/educando-nossos-filhos-naturais-ou-espirituais-dos-0-aos-7-anos/) os dois lemas que se aplicam nesse período são um para os pais e outro para a criança: Exemplo e Imitação; e dos sete aos quatorze anos (veja mais detalhes aqui: https://fraternidaderosacruz.com/educando-nossos-filhos-naturais-ou-espirituais-dos-7-aos-14-anos/): Autoridade e Aprendizado, esse período não será tão crítico, uma vez que seus pais podem, então, significar o amparo que ele precisa para superar os obstáculos próprios dessa fase até a maioridade, quando nasce a Mente.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Educando Nossos Filhos (naturais ou espirituais) dos 7 aos 14 Anos
Nos períodos setenários em torno dos sete aos catorze anos e dos catorze aos vinte um anos os veículos invisíveis Corpo de Desejos e Mente, respectivamente, se encontram ainda no útero da Mãe Natureza.
Nos seus primeiros anos de vida, a criança vê-se como uma propriedade de sua família, ela está subordinada aos desejos de seus pais e em maior grau do que após os quatorze anos. O motivo é que existe na garganta do feto e da criança uma glândula chamada Timo, a qual, sendo maior antes do nascimento, vai diminuindo de tamanho através dos anos da infância até desaparecer numa idade que varia de acordo com as características da criança. A finalidade desse órgão no corpo humano tem intrigado os anatomistas, que ainda não chegaram a um acordo sobre o seu verdadeiro papel. Supõem, contudo que antes do desenvolvimento da medula dos ossos, a criança não é capaz de produzir seu próprio sangue e, portanto, a glândula Timo, contendo a essência fornecida pelos pais, responde pelo fabrico do sangue necessário desde os primeiros anos até a idade em que ela, já adolescente, possa produzi-lo por si mesma como parte da família e não como Ego. Durante esse período, até o entorno dos catorze anos, ele é “o menininho da mamãe” ou “a menininha do papai”, “o menininho do papai” ou “a menininha da mamãe”.
Por volta dos sete anos, o Corpo Vital da criança alcança a suficiente perfeição que lhe permite receber os impactos do Mundo externo. Estendendo sua capa protetora de Éter sobre o Corpo Denso, começa então a viver independentemente. É aí que deve começar o trabalho do educador sobre o Corpo Vital, auxiliando-o na formação da memória, da consciência, dos bons hábitos, e de um temperamento harmonioso.
Autoridade e Aprendizado passam a ser as palavras chave dessa época em que a criança vai aprender o significado das coisas. Se temos um filho precoce, procuremos não estimulá-lo a cursos que exijam esforços mentais extremos. Criança-prodígio, geralmente, vêm a ser homens e mulheres de inteligência abaixo do normal. Neste particular deve-se permitir à criança seguir as suas próprias inclinações. Sua faculdade de observação precisa ser ensinada especialmente através dos exemplos. Mostre à criança uma pessoa embriagada e também o vício que a deixou em tão lastimável estado. Em seguida, mostre-lhe uma pessoa sóbria, e apresente-lhe ideias elevadas.
Neste período pode-se começar a prepará-la para economizar a força que principia a despertar em si, e que vai capacitá-la a reproduzir a espécie ao fim do segundo período de sete anos. Que ela nunca busque se informar a esse respeito através de fontes duvidosas porque seus pais, muitas vezes, tolhidos por um falso senso de pudor, evitam esclarecê-la devidamente. É dever do educador (pai e mãe ou o responsável pela criança) o esclarecimento apropriado da criança. A omissão nesse ponto equivale a deixá-la cruzar de olhos vendados uma área cheia de armadilhas, com advertência de não tropeçar nelas. Ora, ao menos tirem-lhe a venda. Ela já terá dificuldades suficientes mesmo sem ela.
A flor pode servir como lição objetiva, e todas as crianças, das maiores às menores, devem receber as mais belas instruções em forma de um conto de fadas. Pode-se ensiná-las que as flores são como as famílias, sem precisar confundi-las com termos de botânica. Mostrem-lhes então algumas flores, dizendo: “Aqui está uma família-flor em que todos são meninos (as estaminas); e aqui está uma outra onde estão meninos e meninas (uma flor que tem tanto estames como pistilos). Mostrem-lhes o pólen nas anteras. Digam-lhes que estas flores são idênticas aos meninos nas famílias humanas; que são destinados e estão sempre desejosos de sair pelo Mundo afora e lutar na batalha da vida. Mostrem-lhes as abelhas com as cestas de pólen em suas pernas e contem-lhes como os meninos-flores cavalgam nesses corcéis alados, tal como os cavaleiros de antanho iam pelo Mundo em busca da princesa aprisionada no castelo encantado (o óvulo oculto no pistilo); mostrem-lhes também como o polensinho – cada cavaleiro – abre caminho através do pistilo até alcançar o óvulo. Digam-lhes, então que esse encontro significa o casamento da flor-homem com a flor-mulher, os quais daí em diante viverão felizes e se tornarão pais de muitas flores-meninos e flores-meninas. Quando elas compreenderem isto perfeitamente, estarão também sabendo bastante sobre o acasalamento nos reinos animal e humano, uma vez que não existe diferença, pois a geração em um reino é tão casta, pura e santa quanto nos outros. A criança educada desta maneira sempre olhará a função criadora com reverência. Cremos que não há melhor modo de introduzi-la no assunto.
Esta narrativa pode variar e ser enriquecida de acordo com a fantasia do educador, como ainda pode ser suplementada por histórias de pássaros e outros animais. Isto despertará na criança a compreensão da origem do seu próprio corpo e emprestará ao amor mútuo dos pais todo o romantismo das flores-meninos e flores-meninas, além de prevenir o mais leve pensamento de repulsa associado ao parto, que possa surgir na Mente da criança. Quando assim preparada, ela estará pronta para o nascimento do Corpo de Desejos, na ocasião da puberdade.
No entanto, para que a criança possa melhor colher os benefícios da orientação e ensino dos seus pais e de seus mestres, é fora de dúvida que precisará tê-los na maior veneração e sentir admiração por sua sabedoria. Cabe a nós, portanto, conduzir-nos à altura desse conceito, pois se ela observa em nós frivolidade, ouve conversas levianas e presencia algum comportamento duvidoso, privamo-la do mais forte apoio na vida que é a fé e a confiança em seus semelhantes. É nesta idade que se forjam os cínicos e céticos. Somos responsáveis perante Deus pelas vidas a nós confiadas, e teremos de responder perante a Lei de Consequência por termos negligenciado a grande oportunidade de guiar os primeiros passos de um ser no caminho certo. O exemplo é sempre melhor do que um conselho.
Há também a considerar a questão dos castigos corporais, os quais são importantes fatores no despertar da natureza sexual e assim este castigo deve ser totalmente evitado. É um crime infligir castigos corporais à criança, seja qual for sua idade. A força nunca foi um direito, e os pais e responsáveis, como os mais fortes, sempre devem ter compaixão pelo débil. Não há criança, por mais indócil que seja, que não reaja ao método de recompensa pelas boas ações e à supressão de privilégios como consequência da desobediência. Coloquemo-nos no lugar de uma criança: gostaríamos de viver agora com alguém de cuja autoridade não pudéssemos escapar, que fosse muito maior do que nós, e que nos batesse quase todos os dias? Ponhamos de lado essa prática, e notaremos que muitos dos males sociais desaparecerão em uma geração. Reconhecemos o fato de que o chicote dobra o espírito de um cão, ao mesmo tempo que deploramos os indivíduos sem fibra e de vontade fraca. Deve-se isto aos açoites impiedosos a que foram submetidos na infância. É deplorável que certos pais e responsáveis considerem como sua missão na vida quebrantar o espírito de seus filhos e filhas pela lei da vara. Como pais e responsáveis podemos e devemos orientar e sanar o mal guiando a vontade dos nossos filhos e das nossas filhas por linhas que a nossa própria razão amadurecida possa indicar. Deste modo ajudamo a eles e a elas a cultivar a fortaleza de caráter, ao invés da fraqueza e subserviência, que infortunadamente afligem muitos de nós. Por conseguinte, nunca bata numa criança. Quando a correção se fizer necessária, retire uma concessão ou suspenda um privilégio.
Agora um método para orientar os passos dos nossos filhos e das nossas filhas no caminho do bem agir, especialmente nesse período setenário dos sete aos catorze anos. Temos observado que o melhor é não notar as faltas menores, mesmo aquelas que consideramos ofensivas, ainda que ocasionalmente possamos insinuar, “Eu não faria isto, ou aquilo”; “Meninas bonitas não fazem isto ou aquilo”; “Você não vai querer que os outros pensem que você não é um garato bonzinho”. “papai do céu não gosta de criança levada”. Se vocês não derem liberdade à criança e não levarem em conta o fato de que os Éteres do Corpo Vital ainda não estão totalmente despertos durante esse período, vocês se equivocarão. O Corpo Vital é o veículo do hábito, portanto, a criança cria um hábito após outro, mas abandona os velhos quase tão rapidamente quanto se formam os novos.
Com isto em mente, vocês devem deixar de corrigir sua filha a todo instante, o que diminuirá o respeito dela por vocês, de modo que, quando tiverem de exigir-lhes obediência em coisas verdadeiramente importantes que ele a deve seguir para seu bem, vocês, por certo, não serão ouvidos. É importante saber do que ela mais gosta em relação a alimentos, brincadeiras, vestidos e também diversões fora de casa e, assim, podem começar a por em prática, suavemente a princípio, e aumentando gradativamente, este processo que vou tentar explicar-lhes, até que o objetivo em vista seja alcançado.
Nunca se priva uma criança em crescimento do seu alimento regular, porém, neste caso, seu prato pode ser-lhe entregue sem o acompanhamento esperado. Assim o “Suplício de Tântalo” é perfeitamente válido, isto é, tragam as sobremesas e deixem-na ver a mamãe e o papai saboreá-las e dizerem como são deliciosas, e também ver que estas coisas estão-lhe sendo negadas por ela não concordar em obedecê-los. Pensamos ser este um dos métodos mais eficazes para conseguir obediência. Se a menina gosta de roupas bonitas e tem um vestido que ache feio, façam-na usá-lo sempre que desobedecer. Assim vestida ela não desejará sair e ser vista pelas companheiras. E, se sair, logo será descoberto o motivo por que está vestida assim. Então, com aquela costumeira crueldade infantil, a criançada zombará da rebeldezinha que, por certo, receia mais esse tratamento do que qualquer coisa que mamãe possa fazer-lhe. Deste modo, a pressão exercida bem cedo poderá forçá-la à obediência resultando, talvez, em um pedido para que vocês livrem-na daquele vestido.
Existem vários outros métodos, dentro desta mesma diretriz, que poderão ocorrer aos pais. Tais corretivos, entretanto, só devem ser usados muito raramente e como último recurso, caso contrário, a criança poderá tornar-se insensível aos mesmos.
Em geral, ponderações sobre o amor filial e o reconhecimento do carinho com que os pais a cercam, fazendo-a compreender o objetivo da educação, é quanto basta para ajudá-la a ter uma conduta correta.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Educando Nossos Filhos (naturais ou espirituais) dos 0 aos 7 Anos
Um dos mais embaraçadores assuntos no aconselhamento educacional é o fato de que, na grande parte das vezes, são os pais da criança que necessitam de uma reformulação na maneira de ser e viver, pois o comportamento indesejável da criança nada mais é do que o reflexo de maus exemplos, descontroles e falta de harmonia na família.
Max Heindel quando tratou da educação das crianças, à luz dos Ensinamentos Rosacruzes, afirmou “Não há sob o céu um ser tão imitador quanto uma criança pequena, e sua conduta nos anos posteriores dependerá, em muito, do exemplo dado por seus pais na primeira infância (dos 0 aos 7 anos). Não adianta dizer a uma criança ’não faça isso’. Ela não tem uma Mente para discernir, mas segue sua tendência natural, como a água que corre por uma vertente abaixo. Portanto, os pais devem se lembrar sempre, de manhã até à noite, de que há uns olhos vigilantes pousados sobre eles, para fazer tudo quanto eles façam, seguir seus exemplos”.
Isso porque o Corpo Vital, por ser uma aquisição mais recente do ser humano, não nasce no mesmo momento que nasce o Corpo Denso, quando aqui renascemos mais uma vez. Consequentemente, demanda mais tempo construí-lo servindo-se de materiais ainda não utilizados no revestimento do arquétipo, e ele não nasce antes dos sete anos, em torno da época da segunda dentição.
Assim, as crianças cuja infância transcorre num ambiente harmonioso – em que os pais e demais familiares mantêm um relacionamento carinhoso e respeitoso, em que hábitos de vida (alimentação, lazer, trabalho, etc.) são pautados em normas de moral e moderação – terão maiores e melhores possibilidades de se desenvolver sem distorções físicas e intelectuais.
No tocante aos alimentos, grande cuidado precisa ser tomado nessa fase, pois um apetite normal ou exagerado nos anos seguintes dependerá de como a criança foi alimentada no primeiro período setenário. Aqui, também, o exemplo é o melhor mestre. Pratos excessivamente condimentados prejudicam o organismo. Quanto mais simples for o alimento, quanto mais aproveitado for pela mastigação, mais o apetite se tornará saudável, o que norteará o ser humano através da vida, proporcionando-lhe um corpo sadio e uma Mente sã, fatos que o glutão desconhece. Contudo, não façamos para nós um prato e outro diferente para nosso filho. Podemos impedir que ele coma certos alimentos em casa, mas despertamos nele um secreto desejo pelo alimento proibido e cuja satisfação buscará quando tiver idade suficiente para ter vontade própria. Aí sua capacidade de imitação prevalecerá. Compete, portanto, a cada pai e a cada mãe lembrarem-se, do princípio ao fim do dia, que olhos vigilantes nos seguem o tempo todo, esperando que ajam para lhes imitar o exemplo.
Quanto às roupas, certifiquemo-nos de que sejam sempre folgadas, para não irritarem a criança. Muito da natureza imoral que estraga uma vida tem sido primeiramente despertada pelas fricções das roupas demasiadamente apertadas, particularmente no caso dos meninos. A imoralidade é um dos piores e mais persistentes males que mancham a nossa civilização.
É preciso, também, lembrar da inutilidade dos castigos físicos em qualquer etapa do desenvolvimento do educando. Os pais nada conseguirão além de demonstrar a eles que são mais fortes e sem compaixão para com os mais fracos. Outro perigo na aplicação dos castigos corporais em jovens poderá despertar a natureza passional que, geralmente, está fora do controle dos jovens em crescimento.
Com relação à educação do temperamento, sabemos que as cores assumem aqui a maior importância, e sabemos também que o assunto envolve não somente o conhecimento do efeito das cores, mas particularmente o efeito das cores complementares, pois são essas que atuam no organismo da criança.
Esse conhecimento é da máxima importância para os pais, já que uma boa compreensão do desenvolvimento que se efetua em cada período setenário capacita-os a trabalharem inteligentemente com a Natureza, podendo conquistar mais confiança do que aqueles pais que desconhecem os Ensinamentos dos Mistérios Rosacruzes.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz-São Paulo-SP de julho-agosto/1991)
Como tornar-se Alguém
Faz mais de cem anos, em 1859, uma organização bancária suíça elaborou um fantástico plano de construir uma grande cadeia de moinhos farinheiros na região tritícola da Argélia. Essa empresa pensava abastecer de farinha todas as panificadoras da França. Era um plano atrevido, cujo êxito dependia da aprovação de Napoleão III. Um dos membros da firma, Jean-Henri Dunant, jovem de êxito e talento, de 30 anos de idade, foi designado para avistar-se com o imperador. Napoleão, entretanto, não se achava em Paris, mas em viagem para encontrar-se com o rei da Sardenha, para prestar-lhe auxílio em sua luta para expulsar os austríacos da Itália. Assim, Dunant tomou uma carruagem e foi em busca do imperador.
Duas semanas mais tarde chegou ao alto de uma colina, do qual se divisava a planície de Solferino, no Piemonte. Ali viu alguma coisa que jamais pôde esquecer. Os exércitos francês e austríaco estavam alinhados para se darem combate. Repentinamente, soou uma trombeta através do ar claro da manhã, espocavam os mosquetões, rugiram os canhões e as duas massas de homens correram ao encontro uma da outra e se confundiram em um caos de sangue. Quando o último eco de canhão se desfez, quarenta mil homens, entre mortos e feridos, cobriam o campo de batalha. Dunant permaneceu sentado ali contemplando por horas a cena hipnotizado pelo horror.
Ao entardecer, desceu tropeçando até a aldeia, onde as igrejas, as casas e toda espécie de prédio em que havia um teto, estavam sendo usados como hospital de sangue. Quando passava em frente a uma igreja, na qual se atendiam os feridos, saiu de seu estupor ao ver que dois prisioneiros feridos eram lançados fora do edifício. Involuntariamente gritou: “Não façam esta barbaridade. Somos todos irmãos!”. Seu grito atraiu a atenção dos espectadores e logo ele organizou os trabalhos de primeiros socorros. Movido por uma febril compaixão, o banqueiro trabalhou pelos feridos e moribundos durante três dias e três noites. Durante essas horas aconteceu alguma coisa com Jean-Henri Dunant que lhe mudou a vida inteiramente.
Ao estar de volta aos tranquilos corredores de seu banco, um forte interesse pela paz e uma piedade pelos desamparados estavam como que a arder dentro dele. Nem ele próprio nem o mundo podiam ver então o alcance de sua ideia, pois foi ele o germe da Cruz Vermelha Internacional.
Durante anos Dunant viajou de uma capital para outra às próprias custas, falando e lutando em favor da paz entre as nações. Foi recebido e honrado por todas as famílias reais, e na primeira conferência de Genebra foi o homem que condenou acerbamente a crueldade das guerras. Aí se chegou a um acordo internacional sobre o comportamento dos exércitos em luta acerca do uso de determinados instrumentos de guerra e o tratamento de prisioneiros o que, com algumas modificações, ainda permanece em vigor.
Por esse tempo, entretanto, Dunant havia gastado sua fortuna e perdido sua posição no mundo financeiro. Foi a Paris e ali viveu praticamente nas ruas, dormindo nas salas de espera das estações de estradas de ferro e comendo onde podia. Suas finas camisas de linho se rasgaram e acabaram; seus sapatos reduziram-se a refugos; e, quando ele procurava falar a respeito da Cruz Vermelha, as pessoas o evitavam. Dessa maneira, foi esquecido do cenário, assim permanecendo por 15 anos. Finalmente, um jornalista o descobriu morando em uma casa de mendigos. Estando ali recebeu, em 1901 o prêmio Nobel da paz. Poderia ter vivido comodamente com o dinheiro do prêmio pelo resto da vida, mas não ficou com um só centavo para si. Deu-o todo às sociedades filantrópicas e à sua querida Cruz Vermelha. Finalmente, morreu só, na casa de mendigos, e a seu pedido sua sepultura não foi indicada nem ao menos por uma pedra. Jean-Henri Dunant era um homem que estava disposto a não ser ninguém para levar avante o seu sonho de paz e misericórdia no mundo. Todos querem tornar-se alguém, mas poucas pessoas seguem pelo caminho que leva à grandeza pela renúncia.
A época dos cavalheiros cunhou uma frase do ideal cristão – nobreza obriga – que significa simplesmente que todo aquele que possui riqueza, posição social ou linhagem ilustre, tem deveres para com os menos favorecidos. Por essa razão, uma vez ao ano o rei e a rainha, os nobres e as damas da corte levavam a lavagem dos pés aos mais pobres mendigos que podiam ser encontrados e em seguida lhes davam presentes de roupas e alimento. Era uma recordação para os que viviam em altas posições, de que eles deviam seguir a Cristo nos serviços humildes. Embora no restante do ano seguissem os seus próprios caminhos, era bom que cada um, tanto nobre como plebeu, recordasse no gesto humilde anual o exemplo de Cristo.
Certa vez Carl Sandburg se encontrou com duas senhoras em uma festa. Disse a uma delas:
– Admira-me que você seja uma atriz. Você parece mais uma pessoa.
Ao que ela lhe respondeu:
– Penso que sou ambas as coisas.
Em seguida, voltou-se para a outra senhora e lhe perguntou:
– E a senhora, o que é?
– Eu não sou ninguém, respondeu a interrogada.
Imediatamente Sandburg replicou:
– Bem, eu sou seu irmão. E os dois passaram a tarde conversando como se fossem velhos amigos.
Muitos dos verdadeiramente grandes no mundo classificam-se a si mesmo como ninguém. Juntamente com Sandburg queremos mencionar o caso de Madame Schumann-Heink, que constantemente ia aos concertos e voltava no assento dianteiro do táxi junto ao motorista, para poder falar com ele sobre suas famílias e seus problemas.
Quando Guilherme Allen White, editor de a Gazzette, de Emporia, Estados Unidos, estava juntamente com outros para receber um diploma de honra da Universidade de Colúmbia, o homem que se achava diante dele lhe perguntou de onde era.
– Eu não sou daqui, respondeu White. Não sou mais do que um editor provinciano de Kansas.
– Bem, respondeu o companheiro, e eu não sou mais do que um médico provinciano de Minnesota.
O médico provinciano não era outro que não o famoso cirurgião Guilherme J. Mayo, de Rochester.
Essas pessoas estavam mais preocupadas em partilhar os seus talentos e interesses com os seus semelhantes, do que em se salientarem como figuras importantes.
Faz muitos séculos um jovem nobre renunciou a todas as riquezas e poder deste mundo para seguir a Cristo e encontrar sua vocação no trabalho humilde. Seu grande coração estava aberto para o afeto e a solicitude para com todos os seres viventes. Vem-nos de sua pena esta prece que deveria ser a de todos os que estão dispostos a alegre e serviçalmente, não serem ninguém:
“Ó Divino Mestre, faze que eu não procure tanto ser consolado como consolar; ser entendido como entender; ser amado como amar; porque é dando que se recebe; é perdoando que somos perdoados; é morrendo que nascemos para a vida eterna. Amém.”
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1968)
Os Espíritos-Grupo dos Animais: quem são e como trabalham
Os animais pertencem a uma onda de vida que iniciou sua peregrinação no Período Solar desse Grande Dia de Manifestação, como denominado na terminologia Rosacruz.
É importante termos em mente que nós, Espíritos Virginais da onda de vida humana, iniciamos nossa peregrinação no Período de Saturno desse mesmo Grande Dia de Manifestação, que é um Período anterior ao Período Solar. Por isso que reconhecemos os animais como nossos irmãos menores a quem devemos proteger.
Lembremos que os antropoides (bonobos, chimpanzés, gorilas e orangotangos) não pertencem à onda evolutiva dos animais, mas a onda de vida dos seres humanos. Na verdade, eles são os Atrasados da nossa onda de vida e poderão, em um futuro, alcançar a nossa evolução. Atualmente, eles ocupam os exemplares mais degenerados daquilo que foi, antes, uma forma humana.
Os animais têm os seguintes Corpos:
Não possuem uma Mente, o que não os capacita a funcionar na Região do Pensamento Concreto. Portanto, os animais não são capazes de projetar ideias, ou seja: as conclusões que estabelecemos na Região do Pensamento Abstrato, revestindo-as de matéria mental da Região do Pensamento Concreto formando os pensamentos-forma.
Ou, em outras palavras, não são capazes de despertar voluntariamente o sentimento que impele à ação imediata, seja através do Interesse (sentimento presente na quarta Região do Mundo do Desejo), pondo em ação ou a força de Atração ou a de Repulsão (forças presentes da primeira a terceira e da quinta à sétima Região do Mundo do Desejo), seja através da Indiferença (o outro sentimento presente na quarta Região do Mundo do Desejo).
Vamos falar um pouco dos sangues dos animais: animais que possuem vitalidade e movimento, mas não possuem sangue vermelho, não possuem Corpo de Desejos separado. Tal ser encontra-se em um estado de transição da planta para o animal.
Por outro lado, animais que possuem sangue vermelho, mas frio, como por exemplo: peixes e répteis, já possuem um Corpo de Desejos separado. Nesse caso o espírito que anima tal forma está completamente fora do Corpo Denso.
Finalmente, animais que possuem sangue vermelho e quente, também têm um Corpo de Desejos separado, entretanto, nesse caso, o espírito que anima tal forma está parcialmente fora do Corpo Denso.
É por isso que o animal não é um ser completamente “vivo”, se considerarmos o ponto de vista do Mundo Físico. Eles possuem uma consciência análoga a que possuíamos, quando sonhávamos (consciência análoga a sono com sonhos), vivendo no Mundo do Desejo. Portanto, a consciência dos animais está focada no Mundo do Desejo.
Dali para baixo, ou seja, na Região Etérica e na Região Química do Mundo Físico eles são inconscientes. E é, justamente, por toda essa condição de dependência de evoluir no Mundo Físico, mas sem terem a consciência de vigília nesse Mundo (ainda não possuem o elo que liga o Tríplice Espírito ao Tríplice Corpo – a Mente – o que os tornaria indivíduos separados e únicos) é que os animais precisam ser guiados no seu caminho de evolução. E quem são os responsáveis por isso são os Espíritos-Grupo.
A responsabilidade de serem Espíritos-Grupo dos animais, atualmente, constitui um dos trabalhos dos Arcanjos, seres especialistas em matéria de desejos, assim como nós somos especialistas em matéria química do Mundo Físico. O Corpo mais denso de um Arcanjo é o Corpo de Desejos, assim como o nosso é o Corpo Denso.
Há diversos graus de inteligência entre os seres humanos. Do mesmo modo, também acontece entre os seres superiores. Os Arcanjos menos evoluídos governam os animais como Espíritos-Grupo e, dessa maneira, se desenvolvem adquirindo capacidade superior. Podemos entender o que é um Espírito-Grupo fazendo uma analogia com o nosso Corpo Físico. Nosso Corpo Físico é composto de muitas células, tendo cada uma sua própria vida celular, mas todas estão sob o nosso comando, utilizando ainda, o sangue como ponto de aderência ao Corpo Físico.
Assim, também, o Espírito-Grupo é um ser que funciona nos Mundos espirituais e possui um corpo espiritual composto por muitos espíritos animais separados. Guia seus protegidos de fora para dentro. O Espírito-Grupo guia os animais através do sangue. O Espírito-Grupo não funciona no Mundo Físico. Como Arcanjos, eles funcionam no Mundo do Desejo, mesmo lugar aonde o Ego dos animais se encontra.
Recordem-se: no Mundo do Desejo a distância não existe. Por isso o Espírito-Grupo do animal pode influenciar esse em qualquer lugar em que o animal se encontre. Sua evolução se dá enviando os diversos espíritos animais a formas de Corpos Físicos que o Espírito-Grupo ajuda a criar.
Conjuntos de Corpos Densos compõe uma espécie de animal e os Espíritos-Grupo guiam essa espécie mediante sugestões que chamamos de instinto. Portanto, os animais não estão sujeitos a Lei de Causa e Efeito.
A orientação dos Espíritos-Grupo aos animais é dada pelas fortes correntes de matéria de desejos colocadas pelos Espíritos-Grupo e que giram em torno do Planeta Terra. Por isso que a espinha dorsal do animal se mantém na horizontal.
A força vital emanada do Sol, da Lua e dos Planetas é também absorvida pelos animais, mas não diretamente. Isso porque eles possuem somente 28 pares de nervos espinhais e estão harmonizados com o mês lunar de 28 dias dependendo, portanto, de um Espírito-Grupo para preparar os raios astrais a fim de serem utilizados como força vital para: geração, nutrição, crescimento e ação.
Quando um Corpo Denso de um animal morre, o Ego do animal adquiriu, mesmo que inconscientemente, uma quantidade de experiência por ter trabalhado nesse veículo.
E depois de certo tempo, tais experiências também são absorvidas pelo Espírito-Grupo. E é assim que os Espíritos-Grupo dos animais vão evoluindo, assim como vão evoluindo os animais. Os Espíritos-Grupo dos animais são vistos no Mundo do Desejo em uma forma humana e com cabeça de animal. Vemos isso nos templos egípcios, onde se retratam seres com Corpos Densos humanos e cabeças de animal. Aliás, aqueles que possuem visão espiritual do Mundo do Desejo não encontram nenhuma dificuldade em conversar com eles e, muitas vezes, ficam maravilhados pela sabedoria que eles expressam.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
O Milagre do Nascimento de um Novo Tipo de Ser Humano
Novos tipos, novas mentalidades, novas classes de intelecto aparecendo são certamente evidências de que a semente de um novo tipo de ser humano está irrompendo. Cada nova geração está mostrando uma maior evidência de originalidade de pensamento e inspiração e nunca, em outras gerações, houve pessoas tão relutantes em aceitar teorias, dogmas e superstições dos mais velhos. Sua independência está realmente trazendo novas faculdades de pensamento, uma consciência mais elevada e novos fatores mental e espiritual.
O assunto das influências pré-natais é de vital importância e está ainda pouco entendido. A história grega nos diz que era costume das mulheres, quando grávidas, ficarem retiradas, permanecendo tranquilamente em seus lares. Elas se rodeavam de coisas bonitas, se ocupavam de forma útil e agradável, lendo ou estudando filosofia, música ou arte, a fim de desenvolver a Mente e ter alguma coisa elevada e superior para pensar. Elas faziam isso para imprimir beleza e uma pura atmosfera espiritual sobre a criança que estava para vir, porque elas estavam convencidas de que todos esses fatores ajudariam a dar à criança um melhor caráter e uma forma mais bonita.
Os Essênios, que viviam em suas próprias comunidades privadas no Egito e na Terra Santa, deram ensinamentos superiores como parte do seu trabalho no Templo. Antes de entrarem no casamento, homens e mulheres, igualmente, seguiam certas práticas de purificação e por um ano todos se alimentavam de comidas especiais prescritas pelos mais velhos. Outras prescrições eram dadas para as mulheres no estado de gravidez. A abençoada Maria, mãe de Jesus de Nazaré e Isabel, a mãe de João Batista, foram duas mulheres que receberam essa educação e elas deram à luz as mais maravilhosas e desenvolvidas crianças que o mundo conheceu. Elas não tinham dúvidas quanto à escolha de se tornarem os instrumentos para as vidas de dois seres que desempenharam um papel tão importante na história do mundo, por causa de sua pureza de pensamentos e treinamento espiritual.
O espiritual é a compreensão do amor onipotente e onipresente, que está dentro de cada Espírito vivente. Quanto mais a mãe envolver o Ego que está para vir com amor, mais a criança será capaz de vibrar em uníssono com o mais alto.
Assim, através da mãe, os mais elevados tipos da humanidade podem ser incorporados e ela deve estar absolutamente consciente disso. Honestidade e bondade devem começar em casa, onde toda a verdadeira reforma começa. Deve começar com a própria pessoa, neste caso a mãe, e seu desejo deve ser o de trazer para o Mundo Físico, o mais elevado ser humano.
Os pais não estão isentos de responsabilidade. A condição mental da mãe depende muito do tratamento que seu marido der a ela, durante o período de gestação. É dever do homem, nessa fase especial, provir a mulher de todas as necessidades e confortos da vida que estão ao seu alcance e lhe demonstrar a maior ternura e carinho. Ele deve procurar desenvolver suas mais nobres qualidades da Mente e do Coração, pois a impressão que ele marca na mãe durante esse período será, em última análise, o que ele imprimirá sobre a criança, através da mãe.
A vida e a obra de Maria, José e Jesus são proféticas da Nova Era, quando todo Ego será bem nascido, concebido em Amor pelos pais que são puros e castos. Somente então, haverá um novo tipo de seres unidos em amizade e amorosa fraternidade que farão manifestar um mundo novo, onde habitarão a paz, a alegria, a saúde e a abundância. Será, verdadeiramente, mostrado no futuro a “santidade perante o Senhor”.
Nós reconhecemos que somos de natureza tríplice — física, mental e espiritual — e que essas três partes do nosso ser devem ser desenvolvidas juntas e equilibradas. Devemos considerar isso também quando pensamos nas influências pré-natais. Devemos tentar equilibrar o desenvolvimento espiritual com o mental. Quando pensamos sobre tais manifestações da vida, como nós as vemos no fenômeno do nascimento de uma criança e nas influências pré-natais, devemos considerar isso ao lado dos fatores físicos e materiais que a ciência descobriu, mediante longos e pacientes estudos. Há, também, verdades espirituais e mentais que têm igual importância e que devem ser consideradas. Se cada um pudesse saber sob que condições pré-natais nasceria, estaria mais habilitado a explicar muitas coisas a seu próprio respeito.
É interessante observar que a semente do novo tipo de ser humano está começando a nascer entre nós. Olhem as crianças! Como são diferentes se nós as comparamos com nós próprios quando éramos jovens. Elas têm uma nova mentalidade, uma nova resistência nervosa e novas qualidades espirituais. Não as levemos para trás com nossas ideias fixas e antiquadas. As crianças desse novo dia têm olhos mais brilhantes, um aspecto mais claro, a Mente mais perspicaz; elas não são absolutamente do tipo musculoso. São mais vivas e interpretam a vida sob um ponto de vista mais espiritual. Elas aplicam a inteligência nos seus trabalhos diários. Elas têm os mesmos problemas que nós tivemos, mas elas os veem sobre um plano mais elevado. Elas têm um entendimento intuitivo maior e mais profundo sobre a vida e nós devemos estar preocupados com o nosso próprio desenvolvimento se quisermos acompanhá-las. Devemos ainda lhes dar instrução espiritual, conselhos e lhes ensinar a pureza do coração.
Se entendermos que cada um de nós é uma parte componente da onda de vida humana, nossa visão da vida mudará completamente. Trazer crianças para este Mundo é uma boa maneira de nos fazer sentir ligados à humanidade como um todo. Alguns nunca conceberiam crianças se dependesse meramente do instinto primitivo da multiplicação. Eles desejariam trazer uma criança para este Mundo se, por esse meio, sentissem que estavam fazendo uma contribuição para a onda de vida humana, como uma coisa mais perfeita e mais refinada do que antes. A pessoa altamente desenvolvida tem sempre o desejo de levar adiante alguma coisa nova e sentir a responsabilidade de fazer o melhor para ajudar o aprimoramento e a perfeição da onda de vida humana.
Tudo o que fizermos sinceramente em serviços elevados — tanto no trabalho de um ideal como para um ser humano — se reflete sobre nós mesmos, não somente agora, como nas vidas que virão. Se pudermos educar nossas crianças, despertando-as para o sentido da responsabilidade, tanto individual como coletivo, inspirá-las-emos a viver saudável, bela e inteligentemente para benefício das futuras gerações. Devemos trabalhar continuamente por meio dessas linhas. A assim chamada influência pré-natal pode começar dentro de cada menina que poderá algum dia se tornar mãe e dentro de cada menino que poderá algum dia se tornar pai. Essas crianças serão os pais da próxima geração. Nós ficaremos surpreendidos com que entusiasmo e naturalidade as crianças respondem a essas ideias, se nós as conduzirmos ao caminho certo.
Toda mulher é uma expressão e uma representação do aspecto feminino da Deidade. No nascimento, a mãe desempenha sua parte do drama eterno da evolução. Paternidade é um sacramento e não simplesmente um mero acaso, que os homens saibam disso. À medida que o conhecimento cresce, o autocontrole é praticado. O amor aumenta em grandeza, beleza e o ideal da paternidade espiritual regulará as vidas dos homens e das mulheres. Um belo novo tipo de ser humano nascerá, então, que deixará muito para trás a beleza imortal dos gregos antigos. Conhecimento e forças espirituais serão adicionadas à beleza clássica e isso formará a trindade essencial para que uma humanidade e uma civilização perfeitas possam imperar.
Com a ajuda de Sua Mãe, Jesus fez do seu corpo um puro, santo e belo santuário para a morada do Espírito Cristo. Ele mostrou à humanidade o maior grau de perfeição que um Corpo Denso pode alcançar e sustentou a humanidade com um modelo supremo sobre o qual o novo tipo de ser humano será moldado e perfeito. É possível, por meio da dedicação completa à missão de pais, parentesco, atrair um Ego avançado que venha dos Mundos celestiais e que favoreça o conhecimento entre os humanos e os leve para a Nova Era.
Paracelso escreveu: “uma criança no útero da mãe, durante sua formação, está tanto nas mãos e debaixo da vontade da mãe, como a argila nas mãos de um oleiro que dela faz o que mais lhe agradar. Qualquer desejo forte, apetite ou inclinação podem ser imprimidos sobre a criança. É, também, possível para uma mulher, por persistentes pensamentos sobre um sábio ou grandes seres humanos como Platão, Aristóteles, Goethe, como um grande músico (como Bach, Beethoven, Mozart) ou um pintor (como Leonardo da Vinci, Raphael, Michelangelo, Dürer) trabalhar sobre as tendências plásticas de sua prole. Mas também deve haver alguma coisa na mãe que corresponda aos talentos especiais que ela imaginou”.
Paracelso também nos disse que a imaginação do pai e da mãe exercem grande influência sobre o desenvolvimento da criança e fala sobre o que nós chamamos da Lei da Associação, sob a qual “semelhante atrai semelhante”. Assim nós podemos explicar certas semelhanças entre as crianças e seus pais. Isso enfatiza a importância de um viver puro, pensamentos elevados e santos por parte dos pais durante o tempo no qual o Ego está sendo preparado para a nova experiência terrena.
O dever e responsabilidade de todos que entendem da missão de paternidade é muito grande. Corpos puros, sensíveis, refinados e saudáveis são necessários para Egos avançados que vão comandar e guiar a humanidade na construção de uma nova civilização. Tais corpos somente podem ser produzidos por pais que reconhecem sua responsabilidade para a formação desse novo tipo de ser humano. Os pais das crianças da Nova Era devem ser inspirados pelos mais velhos e pelos mais elevados ideais espirituais e devem, também, reconhecer que o poder do ser humano para procriar é um atributo divino. Casamento e paternidade são realmente sacramentos, em sua natureza. Maternidade é sagrada e, como tal, deve ser reverenciada. Crianças devem nascer de uniões inspiradas pelo amor mais profundo e altruísta e ideais espirituais os mais elevados possíveis, porque assim, e somente assim pode a promessa de uma mais nobre humanidade ser cumprida e as crianças de um novo tipo de ser humano nascerem.
Nossos sistemas educacionais são deploravelmente deficientes em não prover para a juventude a instrução suficiente que possa ajudá-los a assumir a maior responsabilidade da vida — ser pai ou mãe.
O maior poder conquistado do universo é o Amor e um elemento poderoso pode produzir esse poder e força — a maternidade. O amor de mãe poderá, algum dia, reger o mundo. Então, não mais haverá guerras e brigas.
Quando nós reconhecermos essa gloriosa missão de produzir crianças que criarão um estado de harmonia, paz, boa vontade e amor fraternal, isso nos fará compreender a resposta à prece: “O Reino vem; Ele será feito na Terra tanto como no Céu”. Então entenderemos verdadeiramente: “Paz na terra e a boa vontade entre os homens”.
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na Revista O Encontro Rosacruz – dezembro/1982)
Os Conceitos sobre: Espíritos Obsessores, Espíritos Apegados à Terra e Purgatório e seus correlacionamentos
Hoje trataremos do tema “Obsessão”. Apesar de ser um assunto complexo, é fundamental abordá-lo para que possamos nos proteger contra estes espíritos obsessores.
Entres os espíritos obsessores existem os elementais que são de uma classe de espíritos sub-humanos. Trata-se de uma onda de vida em adição às Hierarquias Divinas e às ondas de vida dos espíritos que se acham agora evoluindo no Mundo Físico por meio dos quatro Reinos: mineral, vegetal, animal e humano.
Inicialmente seria bom esclarecer a relação de inferno e Purgatório. O “inferno” é tido popularmente como o lugar que ficaremos sofrendo depois da morte, se praticarmos o mal nesta vida. Nos Ensinamentos Rosacruzes o chamado inferno, nada mais é do que o Purgatório.
O Purgatório está localizado nas três regiões inferiores do Mundo do Desejo, para onde vamos logo após a morte. Aqui os registros gravados de nossas ações errôneas na vida terrena provocam uma reação da força de repulsão e esses sofrimentos são três vezes mais curtos e de maior intensidade, pois não temos o Corpo Denso para amenizar essa dor.
Nesse processo purgatorial desenvolvemos, por meio da dor, a consciência. Essa é aquela voz interna que nos permite discernir entre o bem e o mal, quando despertos neste Mundo Físico.
No Conceito Rosacruz do Cosmos, Max Heindel nos mostra que trabalhamos nos três Corpos. E que somos um Espírito Tríplice. Porém, somente o Corpo Denso é visível aos nossos olhos físicos.
Na Primeira Epístola aos Coríntios, Capítulo 15, Versículos de 40 e 44, São Paulo diz o seguinte: “Há corpos celestes e corpos terrestres… e há corpo animal e há corpo espiritual”.
O Corpo Denso está interpenetrado por um corpo chamado Corpo Vital, que mantém a saúde do Corpo Denso uma vez que este é destruído pelos desejos inferiores que nós criamos, no nosso dia a dia. Durante a vida no Mundo Físico temos a chance de desenvolver nossos corpos e veículos invisíveis e superiores por meio de bons hábitos (Corpo Vital), pensamentos (Mente), desejos e emoções (Corpo de Desejos).
Mas, quando os nossos desejos deixam de ser direcionados para a construção dos veículos superiores e nos negligenciamos desses bons desejos e boas emoções, acabamos sendo atraídos até a região purgatorial, após a morte, e lá deveremos nos purgar desses maus hábitos.
Se não nos apegamos a esta existência terrestre, seguimos o nosso caminho rumo aos Mundos superiores: Regiões superiores do Mundo do Desejo e Mundo do Pensamento.
Porém, existem alguns irmãos nossos que após a morte se apegam à vida terrena e não deixam seus veículos espirituais aprenderem novas lições. E os chamamos de “espíritos apegados à Terra”, enquanto estiverem nessa situação.
E como não possuem um Corpo Denso para manifestarem-se, ficam perambulando na atmosfera da Terra e tentando e utilizando os Corpos Denso e Vital de outros irmãos que entram em sintonia ou vibração com esses espíritos apegados à Terra. Sabemos que ao nosso redor existem milhões de “espíritos sem luz” (pois “espíritos de luz” não tenta reencarnar em alguém, nem parcial, nem totalmente), pobres irmãos apegados à vida terrestre.
Chamamos de “espíritos sem luz” porque após a morte não seguiram seu caminho de aceitação aos Mundos superiores.
E por não aceitarem a separação do seu Corpo Denso e tudo o que aqui deixaram, ficam presos a atmosfera tentando satisfazer seus prazeres, resolver suas preocupações ou fazer o mal.
Quando esses espíritos desencarnados desejam influenciar seres encarnados, precisarão de um veículo da mesma densidade de vibração da sua para atingir os centros cerebrais. Mas, quem são esses espíritos desencarnados?
Max Heindel, no Conceito Rosacruz do Cosmos, nos diz que a região inferior do Mundo do Desejo está cheia de espíritos apegados à Terra ou espíritos obsessores que estão em contato com o Mundo Físico.
Quando deixam este Mundo Físico cheios de ódios e desejos baixos se encontram despreparados para viver nos planos invisíveis.
Nessa Região inferior do Mundo do Desejo encontramos muitos irmãos e irmãs que foram, na vida recém-finda, drogados, alcoólatras, assassinos, outros que morreram em guerras, pessoas que nutrem ódio, rancor e vingança, pessoas apegadas a bens materiais como casas, terras, joias, etc. Estes últimos espíritos são os que mais têm nos dias de hoje.
Exemplifiquemos o caso do assassino que cumpre sua pena perante a sociedade na prisão.
Poderá ocorrer que o remorso pelo seu ato cometido o leve, mediante a oração e íntimo arrependimento, a apagar o ódio nutrido a sua vítima.
E quando seu Espírito estiver livre no Mundo do Desejo poderá caminhar feliz e quem sabe numa vida futura procurará ajudar aquelas pessoas a quem maltratou na vida anterior.
Mas, se a sociedade quiser se vingar do criminoso e levá-lo à pena de morte pelo crime cometido, ele, achando que foi injustiçado, permanecerá por muito tempo entre os encarnados, incitando outros a cometerem o mesmo crime. E toda vez que isso acontece, e quando a vítima cai nas garras da justiça esses espíritos obsessores conseguem se realizar e deixam a pessoa para ir atrás de outras.
Se isso sempre acontecer, certamente teremos uma epidemia de assassinatos espalhados em comunidades.
Podemos classificar a Clarividência em duas classes:
1) As de caráter positivo, tornando-se assim um clarividente treinado e um Auxiliar Invisível;
2) As de temperamento negativo, submissa à vontade dos outros que se desenvolve com ajuda desses espíritos apegados à Terra.
Esses espíritos apegados à Terra, normalmente, se intitulam como “guias espirituais” e agem como espíritos de controle em busca de sua satisfação. Para manifestarem-se no Mundo Físico podem retirar o Corpo Vital da pessoa por meio do baço e usar temporariamente o Éter, do qual é composto, a fim de se materializar, devolvendo o Éter à pessoa após terminada a sessão.
Transformando suas vítimas em “médiuns de transe” ou em “médiuns de materialização”.
O espírito obsessor tomando posse do corpo de sua vítima utiliza-o à mercê de sua vontade, e mesmo que a pessoa tente deter a influência dele não conseguirá, pois houve a permissão para a posse.
Lembrando que o nosso Corpo Denso é o bem mais precioso que temos nesta vida terrestre. Sabemos que existem famílias inteiras à mercê desses espíritos obsessores. Por isso que Max Heindel nos orienta para não assistir às sessões ou reuniões em que invoquem a presença de espíritos de irmãos ou irmãs desencarnados – seja para reencarnarem parcial ou totalmente, seja para se manifestarem de quaisquer formas -, demonstrações hipnóticas; não frequentar lugares em que são queimados incensos, defumadores, bola de cristal, etc.
Normalmente toda vez que você frequenta tais ambientes, os chamados “guias” o convocam para desenvolver sua mediunidade, só que de forma negativa. Essa é a maneira de estarem formando sua grande falange de controle.
É evidente que a grande maioria das pessoas que evocam a presença de espíritos de irmãos ou irmãs desencarnados ou os médiuns não compreendem o grande perigo que os aguarda após a morte.
E mesmo nesta vida não sabem o perigo que está por vir, pois enquanto fazem tudo que seus obsessores ordenam, estes são dóceis e compassivos. Mas, se algum deles tentar recusar a ceder seu corpo ao desencarnado, logo sentirá a espada do obsessor.
Todos nascemos com a Clarividência. Se quisermos desenvolvê-la, façamos de maneira positiva por meio dos exercícios para um Treinamento Esotérico positivo, dados pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz.
Sabemos que existem pessoas que em determinados momentos de sua vida deixam se arrastar por pensamentos e emoções negativas, chegando a ficarem perturbados, irritados e, às vezes, desequilibrados emocionalmente e muitas vezes não encontram o caminho de volta à razão. É bom lembrar que essa crise foi gerada pela própria pessoa, e é neste momento que damos abertura ou permissão para a invasão de espíritos obsessores. Tornamo-nos, assim, joguetes desses espíritos perturbadores e essas entidades jamais se preocuparão com a reputação daqueles cujos corpos violaram.
Isso acontece diariamente sem saber se aquela pessoa está possuída ou não. Mas existe uma forma infalível de descobrirmos se uma pessoa está possuída: através do diagnóstico dos olhos.
Max Heindel fala que “os olhos são as janelas da alma”, pois somente o verdadeiro dono do corpo é capaz de contrair e dilatar a íris.
Naquele que estiver possuído, notaremos que a íris de seus olhos não se dilatará quando penetrar em um quarto escuro ou quando fixar um objeto distante. Isto é, a íris não responde nem à luz nem à distância.
O que podemos fazer para nos proteger contra a obsessão? Simplesmente manter uma atitude positiva da Mente, pois temer alguma coisa é atraí-la.
Devemos construir uma aura protetora e invulnerável contra qualquer classe de ataque ou influências negativas.
Max Heindel expressa que “ao vivermos existências de pureza, quando os nossos dias estão preenchidos com serviços a Deus e a nossos semelhantes, com atos e pensamentos da mais elevada nobreza, então construímos o ‘manto dourado nupcial’ (o Corpo-Alma), que é uma força radiante do bem, nenhum mal é capaz de penetrar por essa armadura e então é refletido em direção àquele que o emitiu”.
É sempre oportuno recordar uma frase de São Paulo que diz: “Orai e vigiai para não cair em tentação” e, assim, orar sempre.
Lembremos o seguinte: “Não temos mestres. Os Irmãos Maiores são nossos amigos e nossos instrutores. Nunca ordenam, nem exigem obediência a qualquer uma de suas sugestões, seja em que condição for. O mais que fazem é aconselhar, deixando-nos livres para seguirmos as suas sugestões ou não”.
Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz