Quando acompanhamos o Espírito humano através de um Ciclo de Vida, do nascimento à morte e dessa ao renascimento, podemos ver quão imutável é a lei que governa cada um dos seus passos e quão rodeado ele se encontra pelo mais amoroso desvelo dos grandes e gloriosos Seres que são os ministros de Deus. Esse conhecimento é da máxima importância para os pais, já que uma boa compreensão do desenvolvimento que se efetua em cada período setenário capacita-os a trabalharem inteligentemente com a Natureza, podendo conquistar mais confiança do que aqueles pais que desconhecem os Ensinamentos dos Mistérios Rosacruzes.
O Corpo de Desejos é uma aquisição ainda mais recente do ser humano composto e só nasce em torno dos quatorze anos, na puberdade, enquanto a Mente só nasce em torno dos vinte e um anos, idade em que a lei reconhece e fixa a maioridade do indivíduo.
As tendências para a criança ser tentada em praticar o mal, de modo geral, não se manifesta até que o Corpo de Desejos nasça e suas correntes comecem a jorrar para fora do fígado. Essa é a época em que sentimentos e paixões começam a exercer domínio sobre o rapaz ou a moça, quando a matriz da matéria de desejos que protegia o nascente Corpo de Desejos é removida. Quando os desejos e emoções são libertados, o adolescente atinge o período mais perigoso de sua vida, aquele do ardor da juventude, entre os quatorze e os vinte e um anos. O Corpo de Desejos está, então, desenfreado e a Mente, como ainda não nasceu não pode atuar como um freio.
Nos seus primeiros anos de vida, a criança vê-se como uma propriedade de sua família, ela está subordinada aos desejos de seus pais e em maior grau do que após os quatorze anos. O motivo é que existe na garganta do feto e da criança uma glândula chamada Timo, a qual, sendo maior antes do nascimento, vai diminuindo de tamanho através dos anos da infância até desaparecer numa idade que varia de acordo com as características da criança. A finalidade desse órgão no corpo humano tem intrigado os anatomistas, que ainda não chegaram a um acordo sobre o seu verdadeiro papel. Supõem, contudo, que antes do desenvolvimento da medula dos ossos, a criança não é capaz de produzir seu próprio sangue e, portanto, a glândula Timo, contendo a essência fornecida pelos pais, responde pelo fabrico do sangue necessário desde os primeiros anos até a idade em que ela, já adolescente, possa produzi-lo por si mesma como parte da família e não como Ego. Mas a partir do momento em que passa a fabricar seu próprio sangue, o Ego inicia sua autoafirmação. Deixa então de ser “o menininho da mamãe” ou “a menininha do papai”, e passa a ter sua própria identidade. Chega então à idade crítica em que os pais começam a colher o que semearam. A Mente ainda não nasceu; nada mais consegue deter a natureza de desejos; e tudo passa, pois, a depender dos exemplos ministrados por eles ao adolescente em seus primeiros anos de vida. Nesse período, a fase da autoafirmação, o sentimento de “Eu sou eu” é mais forte do que em qualquer outra idade e, portanto, as ordens autoritárias devem ceder lugar a conselhos. É o tempo em que devemos ensiná-lo a investigar as coisas por conta própria e desse modo fazê-lo formar opiniões individuais a respeito. Procuremos gravar sempre nele a necessidade de investigar cuidadosamente antes de julgar e, também, o fato de que quanto mais fluídicas ele puder conservar suas opiniões, mais capacitado estará também para examinar novas ideias e adquirir novos conhecimentos.
Reafirmamos isso porque tão logo a criança alcance a puberdade e comece a produzir seus próprios corpúsculos de sangue, então ouvimos a menina ou o menino dizer: “Eu” quero fazer isto ou “Eu” quero fazer aquilo. Daí por diante as crianças começam a afirmar sua própria identidade e começam a emancipar-se da família. Através dos anos da infância, tanto o sangue, como o corpo, sendo uma herança dos pais, fazem com que as tendências para as doenças também estejam presentes. Não as doenças propriamente, mas apenas as tendências. Após os quatorze anos fica dependendo, em grande parte, do próprio Ego, a manifestação ou não dessas tendências em sua vida.
Na maioria das vezes esse é um período de provas, que não chega a ser tão difícil para o jovem que aprendeu a reverenciar seus pais ou mestres, pois esses podem, então, ser para ele uma âncora de apoio contra a erupção de seus sentimentos. Se ele se habituou a confiar na palavra dos mais velhos, e esses sempre lhe deram ensinamentos sábios, ele terá desenvolvido um inerente senso da verdade que o guiará com segurança. Porém, na mesma medida, se houve falha nisso, poderá estar sujeito a situações perigosas.
Assim, durante o período da adolescência os pais precisam ser tolerantes ao máximo, pois em nenhuma outra época o ser humano necessita tanto de simpatia quanto nos 7 anos que medeiam os 14 e os 21 anos, quando a natureza de desejos é irreprimível.
Para o adolescente que foi educado desde criança segundo os princípios de educação Rosacruz expressos pelos métodos resumidos de dos zero aos sete anos (veja mais detalhes aqui: https://fraternidaderosacruz.com/educando-nossos-filhos-naturais-ou-espirituais-dos-0-aos-7-anos/) os dois lemas que se aplicam nesse período são um para os pais e outro para a criança: Exemplo e Imitação; e dos sete aos quatorze anos (veja mais detalhes aqui: https://fraternidaderosacruz.com/educando-nossos-filhos-naturais-ou-espirituais-dos-7-aos-14-anos/): Autoridade e Aprendizado, esse período não será tão crítico, uma vez que seus pais podem, então, significar o amparo que ele precisa para superar os obstáculos próprios dessa fase até a maioridade, quando nasce a Mente.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Educando Nossos Filhos (naturais ou espirituais) dos 7 aos 14 Anos
Nos períodos setenários em torno dos sete aos catorze anos e dos catorze aos vinte um anos os veículos invisíveis Corpo de Desejos e Mente, respectivamente, se encontram ainda no útero da Mãe Natureza.
Nos seus primeiros anos de vida, a criança vê-se como uma propriedade de sua família, ela está subordinada aos desejos de seus pais e em maior grau do que após os quatorze anos. O motivo é que existe na garganta do feto e da criança uma glândula chamada Timo, a qual, sendo maior antes do nascimento, vai diminuindo de tamanho através dos anos da infância até desaparecer numa idade que varia de acordo com as características da criança. A finalidade desse órgão no corpo humano tem intrigado os anatomistas, que ainda não chegaram a um acordo sobre o seu verdadeiro papel. Supõem, contudo que antes do desenvolvimento da medula dos ossos, a criança não é capaz de produzir seu próprio sangue e, portanto, a glândula Timo, contendo a essência fornecida pelos pais, responde pelo fabrico do sangue necessário desde os primeiros anos até a idade em que ela, já adolescente, possa produzi-lo por si mesma como parte da família e não como Ego. Durante esse período, até o entorno dos catorze anos, ele é “o menininho da mamãe” ou “a menininha do papai”, “o menininho do papai” ou “a menininha da mamãe”.
Por volta dos sete anos, o Corpo Vital da criança alcança a suficiente perfeição que lhe permite receber os impactos do Mundo externo. Estendendo sua capa protetora de Éter sobre o Corpo Denso, começa então a viver independentemente. É aí que deve começar o trabalho do educador sobre o Corpo Vital, auxiliando-o na formação da memória, da consciência, dos bons hábitos, e de um temperamento harmonioso.
Autoridade e Aprendizado passam a ser as palavras chave dessa época em que a criança vai aprender o significado das coisas. Se temos um filho precoce, procuremos não estimulá-lo a cursos que exijam esforços mentais extremos. Criança-prodígio, geralmente, vêm a ser homens e mulheres de inteligência abaixo do normal. Neste particular deve-se permitir à criança seguir as suas próprias inclinações. Sua faculdade de observação precisa ser ensinada especialmente através dos exemplos. Mostre à criança uma pessoa embriagada e também o vício que a deixou em tão lastimável estado. Em seguida, mostre-lhe uma pessoa sóbria, e apresente-lhe ideias elevadas.
Neste período pode-se começar a prepará-la para economizar a força que principia a despertar em si, e que vai capacitá-la a reproduzir a espécie ao fim do segundo período de sete anos. Que ela nunca busque se informar a esse respeito através de fontes duvidosas porque seus pais, muitas vezes, tolhidos por um falso senso de pudor, evitam esclarecê-la devidamente. É dever do educador (pai e mãe ou o responsável pela criança) o esclarecimento apropriado da criança. A omissão nesse ponto equivale a deixá-la cruzar de olhos vendados uma área cheia de armadilhas, com advertência de não tropeçar nelas. Ora, ao menos tirem-lhe a venda. Ela já terá dificuldades suficientes mesmo sem ela.
A flor pode servir como lição objetiva, e todas as crianças, das maiores às menores, devem receber as mais belas instruções em forma de um conto de fadas. Pode-se ensiná-las que as flores são como as famílias, sem precisar confundi-las com termos de botânica. Mostrem-lhes então algumas flores, dizendo: “Aqui está uma família-flor em que todos são meninos (as estaminas); e aqui está uma outra onde estão meninos e meninas (uma flor que tem tanto estames como pistilos). Mostrem-lhes o pólen nas anteras. Digam-lhes que estas flores são idênticas aos meninos nas famílias humanas; que são destinados e estão sempre desejosos de sair pelo Mundo afora e lutar na batalha da vida. Mostrem-lhes as abelhas com as cestas de pólen em suas pernas e contem-lhes como os meninos-flores cavalgam nesses corcéis alados, tal como os cavaleiros de antanho iam pelo Mundo em busca da princesa aprisionada no castelo encantado (o óvulo oculto no pistilo); mostrem-lhes também como o polensinho – cada cavaleiro – abre caminho através do pistilo até alcançar o óvulo. Digam-lhes, então que esse encontro significa o casamento da flor-homem com a flor-mulher, os quais daí em diante viverão felizes e se tornarão pais de muitas flores-meninos e flores-meninas. Quando elas compreenderem isto perfeitamente, estarão também sabendo bastante sobre o acasalamento nos reinos animal e humano, uma vez que não existe diferença, pois a geração em um reino é tão casta, pura e santa quanto nos outros. A criança educada desta maneira sempre olhará a função criadora com reverência. Cremos que não há melhor modo de introduzi-la no assunto.
Esta narrativa pode variar e ser enriquecida de acordo com a fantasia do educador, como ainda pode ser suplementada por histórias de pássaros e outros animais. Isto despertará na criança a compreensão da origem do seu próprio corpo e emprestará ao amor mútuo dos pais todo o romantismo das flores-meninos e flores-meninas, além de prevenir o mais leve pensamento de repulsa associado ao parto, que possa surgir na Mente da criança. Quando assim preparada, ela estará pronta para o nascimento do Corpo de Desejos, na ocasião da puberdade.
No entanto, para que a criança possa melhor colher os benefícios da orientação e ensino dos seus pais e de seus mestres, é fora de dúvida que precisará tê-los na maior veneração e sentir admiração por sua sabedoria. Cabe a nós, portanto, conduzir-nos à altura desse conceito, pois se ela observa em nós frivolidade, ouve conversas levianas e presencia algum comportamento duvidoso, privamo-la do mais forte apoio na vida que é a fé e a confiança em seus semelhantes. É nesta idade que se forjam os cínicos e céticos. Somos responsáveis perante Deus pelas vidas a nós confiadas, e teremos de responder perante a Lei de Consequência por termos negligenciado a grande oportunidade de guiar os primeiros passos de um ser no caminho certo. O exemplo é sempre melhor do que um conselho.
Há também a considerar a questão dos castigos corporais, os quais são importantes fatores no despertar da natureza sexual e assim este castigo deve ser totalmente evitado. É um crime infligir castigos corporais à criança, seja qual for sua idade. A força nunca foi um direito, e os pais e responsáveis, como os mais fortes, sempre devem ter compaixão pelo débil. Não há criança, por mais indócil que seja, que não reaja ao método de recompensa pelas boas ações e à supressão de privilégios como consequência da desobediência. Coloquemo-nos no lugar de uma criança: gostaríamos de viver agora com alguém de cuja autoridade não pudéssemos escapar, que fosse muito maior do que nós, e que nos batesse quase todos os dias? Ponhamos de lado essa prática, e notaremos que muitos dos males sociais desaparecerão em uma geração. Reconhecemos o fato de que o chicote dobra o espírito de um cão, ao mesmo tempo que deploramos os indivíduos sem fibra e de vontade fraca. Deve-se isto aos açoites impiedosos a que foram submetidos na infância. É deplorável que certos pais e responsáveis considerem como sua missão na vida quebrantar o espírito de seus filhos e filhas pela lei da vara. Como pais e responsáveis podemos e devemos orientar e sanar o mal guiando a vontade dos nossos filhos e das nossas filhas por linhas que a nossa própria razão amadurecida possa indicar. Deste modo ajudamo a eles e a elas a cultivar a fortaleza de caráter, ao invés da fraqueza e subserviência, que infortunadamente afligem muitos de nós. Por conseguinte, nunca bata numa criança. Quando a correção se fizer necessária, retire uma concessão ou suspenda um privilégio.
Agora um método para orientar os passos dos nossos filhos e das nossas filhas no caminho do bem agir, especialmente nesse período setenário dos sete aos catorze anos. Temos observado que o melhor é não notar as faltas menores, mesmo aquelas que consideramos ofensivas, ainda que ocasionalmente possamos insinuar, “Eu não faria isto, ou aquilo”; “Meninas bonitas não fazem isto ou aquilo”; “Você não vai querer que os outros pensem que você não é um garato bonzinho”. “papai do céu não gosta de criança levada”. Se vocês não derem liberdade à criança e não levarem em conta o fato de que os Éteres do Corpo Vital ainda não estão totalmente despertos durante esse período, vocês se equivocarão. O Corpo Vital é o veículo do hábito, portanto, a criança cria um hábito após outro, mas abandona os velhos quase tão rapidamente quanto se formam os novos.
Com isto em mente, vocês devem deixar de corrigir sua filha a todo instante, o que diminuirá o respeito dela por vocês, de modo que, quando tiverem de exigir-lhes obediência em coisas verdadeiramente importantes que ele a deve seguir para seu bem, vocês, por certo, não serão ouvidos. É importante saber do que ela mais gosta em relação a alimentos, brincadeiras, vestidos e também diversões fora de casa e, assim, podem começar a por em prática, suavemente a princípio, e aumentando gradativamente, este processo que vou tentar explicar-lhes, até que o objetivo em vista seja alcançado.
Nunca se priva uma criança em crescimento do seu alimento regular, porém, neste caso, seu prato pode ser-lhe entregue sem o acompanhamento esperado. Assim o “Suplício de Tântalo” é perfeitamente válido, isto é, tragam as sobremesas e deixem-na ver a mamãe e o papai saboreá-las e dizerem como são deliciosas, e também ver que estas coisas estão-lhe sendo negadas por ela não concordar em obedecê-los. Pensamos ser este um dos métodos mais eficazes para conseguir obediência. Se a menina gosta de roupas bonitas e tem um vestido que ache feio, façam-na usá-lo sempre que desobedecer. Assim vestida ela não desejará sair e ser vista pelas companheiras. E, se sair, logo será descoberto o motivo por que está vestida assim. Então, com aquela costumeira crueldade infantil, a criançada zombará da rebeldezinha que, por certo, receia mais esse tratamento do que qualquer coisa que mamãe possa fazer-lhe. Deste modo, a pressão exercida bem cedo poderá forçá-la à obediência resultando, talvez, em um pedido para que vocês livrem-na daquele vestido.
Existem vários outros métodos, dentro desta mesma diretriz, que poderão ocorrer aos pais. Tais corretivos, entretanto, só devem ser usados muito raramente e como último recurso, caso contrário, a criança poderá tornar-se insensível aos mesmos.
Em geral, ponderações sobre o amor filial e o reconhecimento do carinho com que os pais a cercam, fazendo-a compreender o objetivo da educação, é quanto basta para ajudá-la a ter uma conduta correta.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Educando Nossos Filhos (naturais ou espirituais) dos 0 aos 7 Anos
Um dos mais embaraçadores assuntos no aconselhamento educacional é o fato de que, na grande parte das vezes, são os pais da criança que necessitam de uma reformulação na maneira de ser e viver, pois o comportamento indesejável da criança nada mais é do que o reflexo de maus exemplos, descontroles e falta de harmonia na família.
Max Heindel quando tratou da educação das crianças, à luz dos Ensinamentos Rosacruzes, afirmou “Não há sob o céu um ser tão imitador quanto uma criança pequena, e sua conduta nos anos posteriores dependerá, em muito, do exemplo dado por seus pais na primeira infância (dos 0 aos 7 anos). Não adianta dizer a uma criança ’não faça isso’. Ela não tem uma Mente para discernir, mas segue sua tendência natural, como a água que corre por uma vertente abaixo. Portanto, os pais devem se lembrar sempre, de manhã até à noite, de que há uns olhos vigilantes pousados sobre eles, para fazer tudo quanto eles façam, seguir seus exemplos”.
Isso porque o Corpo Vital, por ser uma aquisição mais recente do ser humano, não nasce no mesmo momento que nasce o Corpo Denso, quando aqui renascemos mais uma vez. Consequentemente, demanda mais tempo construí-lo servindo-se de materiais ainda não utilizados no revestimento do arquétipo, e ele não nasce antes dos sete anos, em torno da época da segunda dentição.
Assim, as crianças cuja infância transcorre num ambiente harmonioso – em que os pais e demais familiares mantêm um relacionamento carinhoso e respeitoso, em que hábitos de vida (alimentação, lazer, trabalho, etc.) são pautados em normas de moral e moderação – terão maiores e melhores possibilidades de se desenvolver sem distorções físicas e intelectuais.
No tocante aos alimentos, grande cuidado precisa ser tomado nessa fase, pois um apetite normal ou exagerado nos anos seguintes dependerá de como a criança foi alimentada no primeiro período setenário. Aqui, também, o exemplo é o melhor mestre. Pratos excessivamente condimentados prejudicam o organismo. Quanto mais simples for o alimento, quanto mais aproveitado for pela mastigação, mais o apetite se tornará saudável, o que norteará o ser humano através da vida, proporcionando-lhe um corpo sadio e uma Mente sã, fatos que o glutão desconhece. Contudo, não façamos para nós um prato e outro diferente para nosso filho. Podemos impedir que ele coma certos alimentos em casa, mas despertamos nele um secreto desejo pelo alimento proibido e cuja satisfação buscará quando tiver idade suficiente para ter vontade própria. Aí sua capacidade de imitação prevalecerá. Compete, portanto, a cada pai e a cada mãe lembrarem-se, do princípio ao fim do dia, que olhos vigilantes nos seguem o tempo todo, esperando que ajam para lhes imitar o exemplo.
Quanto às roupas, certifiquemo-nos de que sejam sempre folgadas, para não irritarem a criança. Muito da natureza imoral que estraga uma vida tem sido primeiramente despertada pelas fricções das roupas demasiadamente apertadas, particularmente no caso dos meninos. A imoralidade é um dos piores e mais persistentes males que mancham a nossa civilização.
É preciso, também, lembrar da inutilidade dos castigos físicos em qualquer etapa do desenvolvimento do educando. Os pais nada conseguirão além de demonstrar a eles que são mais fortes e sem compaixão para com os mais fracos. Outro perigo na aplicação dos castigos corporais em jovens poderá despertar a natureza passional que, geralmente, está fora do controle dos jovens em crescimento.
Com relação à educação do temperamento, sabemos que as cores assumem aqui a maior importância, e sabemos também que o assunto envolve não somente o conhecimento do efeito das cores, mas particularmente o efeito das cores complementares, pois são essas que atuam no organismo da criança.
Esse conhecimento é da máxima importância para os pais, já que uma boa compreensão do desenvolvimento que se efetua em cada período setenário capacita-os a trabalharem inteligentemente com a Natureza, podendo conquistar mais confiança do que aqueles pais que desconhecem os Ensinamentos dos Mistérios Rosacruzes.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz-São Paulo-SP de julho-agosto/1991)
Como tornar-se Alguém
Faz mais de cem anos, em 1859, uma organização bancária suíça elaborou um fantástico plano de construir uma grande cadeia de moinhos farinheiros na região tritícola da Argélia. Essa empresa pensava abastecer de farinha todas as panificadoras da França. Era um plano atrevido, cujo êxito dependia da aprovação de Napoleão III. Um dos membros da firma, Jean-Henri Dunant, jovem de êxito e talento, de 30 anos de idade, foi designado para avistar-se com o imperador. Napoleão, entretanto, não se achava em Paris, mas em viagem para encontrar-se com o rei da Sardenha, para prestar-lhe auxílio em sua luta para expulsar os austríacos da Itália. Assim, Dunant tomou uma carruagem e foi em busca do imperador.
Duas semanas mais tarde chegou ao alto de uma colina, do qual se divisava a planície de Solferino, no Piemonte. Ali viu alguma coisa que jamais pôde esquecer. Os exércitos francês e austríaco estavam alinhados para se darem combate. Repentinamente, soou uma trombeta através do ar claro da manhã, espocavam os mosquetões, rugiram os canhões e as duas massas de homens correram ao encontro uma da outra e se confundiram em um caos de sangue. Quando o último eco de canhão se desfez, quarenta mil homens, entre mortos e feridos, cobriam o campo de batalha. Dunant permaneceu sentado ali contemplando por horas a cena hipnotizado pelo horror.
Ao entardecer, desceu tropeçando até a aldeia, onde as igrejas, as casas e toda espécie de prédio em que havia um teto, estavam sendo usados como hospital de sangue. Quando passava em frente a uma igreja, na qual se atendiam os feridos, saiu de seu estupor ao ver que dois prisioneiros feridos eram lançados fora do edifício. Involuntariamente gritou: “Não façam esta barbaridade. Somos todos irmãos!”. Seu grito atraiu a atenção dos espectadores e logo ele organizou os trabalhos de primeiros socorros. Movido por uma febril compaixão, o banqueiro trabalhou pelos feridos e moribundos durante três dias e três noites. Durante essas horas aconteceu alguma coisa com Jean-Henri Dunant que lhe mudou a vida inteiramente.
Ao estar de volta aos tranquilos corredores de seu banco, um forte interesse pela paz e uma piedade pelos desamparados estavam como que a arder dentro dele. Nem ele próprio nem o mundo podiam ver então o alcance de sua ideia, pois foi ele o germe da Cruz Vermelha Internacional.
Durante anos Dunant viajou de uma capital para outra às próprias custas, falando e lutando em favor da paz entre as nações. Foi recebido e honrado por todas as famílias reais, e na primeira conferência de Genebra foi o homem que condenou acerbamente a crueldade das guerras. Aí se chegou a um acordo internacional sobre o comportamento dos exércitos em luta acerca do uso de determinados instrumentos de guerra e o tratamento de prisioneiros o que, com algumas modificações, ainda permanece em vigor.
Por esse tempo, entretanto, Dunant havia gastado sua fortuna e perdido sua posição no mundo financeiro. Foi a Paris e ali viveu praticamente nas ruas, dormindo nas salas de espera das estações de estradas de ferro e comendo onde podia. Suas finas camisas de linho se rasgaram e acabaram; seus sapatos reduziram-se a refugos; e, quando ele procurava falar a respeito da Cruz Vermelha, as pessoas o evitavam. Dessa maneira, foi esquecido do cenário, assim permanecendo por 15 anos. Finalmente, um jornalista o descobriu morando em uma casa de mendigos. Estando ali recebeu, em 1901 o prêmio Nobel da paz. Poderia ter vivido comodamente com o dinheiro do prêmio pelo resto da vida, mas não ficou com um só centavo para si. Deu-o todo às sociedades filantrópicas e à sua querida Cruz Vermelha. Finalmente, morreu só, na casa de mendigos, e a seu pedido sua sepultura não foi indicada nem ao menos por uma pedra. Jean-Henri Dunant era um homem que estava disposto a não ser ninguém para levar avante o seu sonho de paz e misericórdia no mundo. Todos querem tornar-se alguém, mas poucas pessoas seguem pelo caminho que leva à grandeza pela renúncia.
A época dos cavalheiros cunhou uma frase do ideal cristão – nobreza obriga – que significa simplesmente que todo aquele que possui riqueza, posição social ou linhagem ilustre, tem deveres para com os menos favorecidos. Por essa razão, uma vez ao ano o rei e a rainha, os nobres e as damas da corte levavam a lavagem dos pés aos mais pobres mendigos que podiam ser encontrados e em seguida lhes davam presentes de roupas e alimento. Era uma recordação para os que viviam em altas posições, de que eles deviam seguir a Cristo nos serviços humildes. Embora no restante do ano seguissem os seus próprios caminhos, era bom que cada um, tanto nobre como plebeu, recordasse no gesto humilde anual o exemplo de Cristo.
Certa vez Carl Sandburg se encontrou com duas senhoras em uma festa. Disse a uma delas:
– Admira-me que você seja uma atriz. Você parece mais uma pessoa.
Ao que ela lhe respondeu:
– Penso que sou ambas as coisas.
Em seguida, voltou-se para a outra senhora e lhe perguntou:
– E a senhora, o que é?
– Eu não sou ninguém, respondeu a interrogada.
Imediatamente Sandburg replicou:
– Bem, eu sou seu irmão. E os dois passaram a tarde conversando como se fossem velhos amigos.
Muitos dos verdadeiramente grandes no mundo classificam-se a si mesmo como ninguém. Juntamente com Sandburg queremos mencionar o caso de Madame Schumann-Heink, que constantemente ia aos concertos e voltava no assento dianteiro do táxi junto ao motorista, para poder falar com ele sobre suas famílias e seus problemas.
Quando Guilherme Allen White, editor de a Gazzette, de Emporia, Estados Unidos, estava juntamente com outros para receber um diploma de honra da Universidade de Colúmbia, o homem que se achava diante dele lhe perguntou de onde era.
– Eu não sou daqui, respondeu White. Não sou mais do que um editor provinciano de Kansas.
– Bem, respondeu o companheiro, e eu não sou mais do que um médico provinciano de Minnesota.
O médico provinciano não era outro que não o famoso cirurgião Guilherme J. Mayo, de Rochester.
Essas pessoas estavam mais preocupadas em partilhar os seus talentos e interesses com os seus semelhantes, do que em se salientarem como figuras importantes.
Faz muitos séculos um jovem nobre renunciou a todas as riquezas e poder deste mundo para seguir a Cristo e encontrar sua vocação no trabalho humilde. Seu grande coração estava aberto para o afeto e a solicitude para com todos os seres viventes. Vem-nos de sua pena esta prece que deveria ser a de todos os que estão dispostos a alegre e serviçalmente, não serem ninguém:
“Ó Divino Mestre, faze que eu não procure tanto ser consolado como consolar; ser entendido como entender; ser amado como amar; porque é dando que se recebe; é perdoando que somos perdoados; é morrendo que nascemos para a vida eterna. Amém.”
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1968)
Os Espíritos-Grupo dos Animais: quem são e como trabalham
Os animais pertencem a uma onda de vida que iniciou sua peregrinação no Período Solar desse Grande Dia de Manifestação, como denominado na terminologia Rosacruz.
É importante termos em mente que nós, Espíritos Virginais da onda de vida humana, iniciamos nossa peregrinação no Período de Saturno desse mesmo Grande Dia de Manifestação, que é um Período anterior ao Período Solar. Por isso que reconhecemos os animais como nossos irmãos menores a quem devemos proteger.
Lembremos que os antropoides (bonobos, chimpanzés, gorilas e orangotangos) não pertencem à onda evolutiva dos animais, mas a onda de vida dos seres humanos. Na verdade, eles são os Atrasados da nossa onda de vida e poderão, em um futuro, alcançar a nossa evolução. Atualmente, eles ocupam os exemplares mais degenerados daquilo que foi, antes, uma forma humana.
Os animais têm os seguintes Corpos:
Não possuem uma Mente, o que não os capacita a funcionar na Região do Pensamento Concreto. Portanto, os animais não são capazes de projetar ideias, ou seja: as conclusões que estabelecemos na Região do Pensamento Abstrato, revestindo-as de matéria mental da Região do Pensamento Concreto formando os pensamentos-forma.
Ou, em outras palavras, não são capazes de despertar voluntariamente o sentimento que impele à ação imediata, seja através do Interesse (sentimento presente na quarta Região do Mundo do Desejo), pondo em ação ou a força de Atração ou a de Repulsão (forças presentes da primeira a terceira e da quinta à sétima Região do Mundo do Desejo), seja através da Indiferença (o outro sentimento presente na quarta Região do Mundo do Desejo).
Vamos falar um pouco dos sangues dos animais: animais que possuem vitalidade e movimento, mas não possuem sangue vermelho, não possuem Corpo de Desejos separado. Tal ser encontra-se em um estado de transição da planta para o animal.
Por outro lado, animais que possuem sangue vermelho, mas frio, como por exemplo: peixes e répteis, já possuem um Corpo de Desejos separado. Nesse caso o espírito que anima tal forma está completamente fora do Corpo Denso.
Finalmente, animais que possuem sangue vermelho e quente, também têm um Corpo de Desejos separado, entretanto, nesse caso, o espírito que anima tal forma está parcialmente fora do Corpo Denso.
É por isso que o animal não é um ser completamente “vivo”, se considerarmos o ponto de vista do Mundo Físico. Eles possuem uma consciência análoga a que possuíamos, quando sonhávamos (consciência análoga a sono com sonhos), vivendo no Mundo do Desejo. Portanto, a consciência dos animais está focada no Mundo do Desejo.
Dali para baixo, ou seja, na Região Etérica e na Região Química do Mundo Físico eles são inconscientes. E é, justamente, por toda essa condição de dependência de evoluir no Mundo Físico, mas sem terem a consciência de vigília nesse Mundo (ainda não possuem o elo que liga o Tríplice Espírito ao Tríplice Corpo – a Mente – o que os tornaria indivíduos separados e únicos) é que os animais precisam ser guiados no seu caminho de evolução. E quem são os responsáveis por isso são os Espíritos-Grupo.
A responsabilidade de serem Espíritos-Grupo dos animais, atualmente, constitui um dos trabalhos dos Arcanjos, seres especialistas em matéria de desejos, assim como nós somos especialistas em matéria química do Mundo Físico. O Corpo mais denso de um Arcanjo é o Corpo de Desejos, assim como o nosso é o Corpo Denso.
Há diversos graus de inteligência entre os seres humanos. Do mesmo modo, também acontece entre os seres superiores. Os Arcanjos menos evoluídos governam os animais como Espíritos-Grupo e, dessa maneira, se desenvolvem adquirindo capacidade superior. Podemos entender o que é um Espírito-Grupo fazendo uma analogia com o nosso Corpo Físico. Nosso Corpo Físico é composto de muitas células, tendo cada uma sua própria vida celular, mas todas estão sob o nosso comando, utilizando ainda, o sangue como ponto de aderência ao Corpo Físico.
Assim, também, o Espírito-Grupo é um ser que funciona nos Mundos espirituais e possui um corpo espiritual composto por muitos espíritos animais separados. Guia seus protegidos de fora para dentro. O Espírito-Grupo guia os animais através do sangue. O Espírito-Grupo não funciona no Mundo Físico. Como Arcanjos, eles funcionam no Mundo do Desejo, mesmo lugar aonde o Ego dos animais se encontra.
Recordem-se: no Mundo do Desejo a distância não existe. Por isso o Espírito-Grupo do animal pode influenciar esse em qualquer lugar em que o animal se encontre. Sua evolução se dá enviando os diversos espíritos animais a formas de Corpos Físicos que o Espírito-Grupo ajuda a criar.
Conjuntos de Corpos Densos compõe uma espécie de animal e os Espíritos-Grupo guiam essa espécie mediante sugestões que chamamos de instinto. Portanto, os animais não estão sujeitos a Lei de Causa e Efeito.
A orientação dos Espíritos-Grupo aos animais é dada pelas fortes correntes de matéria de desejos colocadas pelos Espíritos-Grupo e que giram em torno do Planeta Terra. Por isso que a espinha dorsal do animal se mantém na horizontal.
A força vital emanada do Sol, da Lua e dos Planetas é também absorvida pelos animais, mas não diretamente. Isso porque eles possuem somente 28 pares de nervos espinhais e estão harmonizados com o mês lunar de 28 dias dependendo, portanto, de um Espírito-Grupo para preparar os raios astrais a fim de serem utilizados como força vital para: geração, nutrição, crescimento e ação.
Quando um Corpo Denso de um animal morre, o Ego do animal adquiriu, mesmo que inconscientemente, uma quantidade de experiência por ter trabalhado nesse veículo.
E depois de certo tempo, tais experiências também são absorvidas pelo Espírito-Grupo. E é assim que os Espíritos-Grupo dos animais vão evoluindo, assim como vão evoluindo os animais. Os Espíritos-Grupo dos animais são vistos no Mundo do Desejo em uma forma humana e com cabeça de animal. Vemos isso nos templos egípcios, onde se retratam seres com Corpos Densos humanos e cabeças de animal. Aliás, aqueles que possuem visão espiritual do Mundo do Desejo não encontram nenhuma dificuldade em conversar com eles e, muitas vezes, ficam maravilhados pela sabedoria que eles expressam.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
O Milagre do Nascimento de um Novo Tipo de Ser Humano
Novos tipos, novas mentalidades, novas classes de intelecto aparecendo são certamente evidências de que a semente de um novo tipo de ser humano está irrompendo. Cada nova geração está mostrando uma maior evidência de originalidade de pensamento e inspiração e nunca, em outras gerações, houve pessoas tão relutantes em aceitar teorias, dogmas e superstições dos mais velhos. Sua independência está realmente trazendo novas faculdades de pensamento, uma consciência mais elevada e novos fatores mental e espiritual.
O assunto das influências pré-natais é de vital importância e está ainda pouco entendido. A história grega nos diz que era costume das mulheres, quando grávidas, ficarem retiradas, permanecendo tranquilamente em seus lares. Elas se rodeavam de coisas bonitas, se ocupavam de forma útil e agradável, lendo ou estudando filosofia, música ou arte, a fim de desenvolver a Mente e ter alguma coisa elevada e superior para pensar. Elas faziam isso para imprimir beleza e uma pura atmosfera espiritual sobre a criança que estava para vir, porque elas estavam convencidas de que todos esses fatores ajudariam a dar à criança um melhor caráter e uma forma mais bonita.
Os Essênios, que viviam em suas próprias comunidades privadas no Egito e na Terra Santa, deram ensinamentos superiores como parte do seu trabalho no Templo. Antes de entrarem no casamento, homens e mulheres, igualmente, seguiam certas práticas de purificação e por um ano todos se alimentavam de comidas especiais prescritas pelos mais velhos. Outras prescrições eram dadas para as mulheres no estado de gravidez. A abençoada Maria, mãe de Jesus de Nazaré e Isabel, a mãe de João Batista, foram duas mulheres que receberam essa educação e elas deram à luz as mais maravilhosas e desenvolvidas crianças que o mundo conheceu. Elas não tinham dúvidas quanto à escolha de se tornarem os instrumentos para as vidas de dois seres que desempenharam um papel tão importante na história do mundo, por causa de sua pureza de pensamentos e treinamento espiritual.
O espiritual é a compreensão do amor onipotente e onipresente, que está dentro de cada Espírito vivente. Quanto mais a mãe envolver o Ego que está para vir com amor, mais a criança será capaz de vibrar em uníssono com o mais alto.
Assim, através da mãe, os mais elevados tipos da humanidade podem ser incorporados e ela deve estar absolutamente consciente disso. Honestidade e bondade devem começar em casa, onde toda a verdadeira reforma começa. Deve começar com a própria pessoa, neste caso a mãe, e seu desejo deve ser o de trazer para o Mundo Físico, o mais elevado ser humano.
Os pais não estão isentos de responsabilidade. A condição mental da mãe depende muito do tratamento que seu marido der a ela, durante o período de gestação. É dever do homem, nessa fase especial, provir a mulher de todas as necessidades e confortos da vida que estão ao seu alcance e lhe demonstrar a maior ternura e carinho. Ele deve procurar desenvolver suas mais nobres qualidades da Mente e do Coração, pois a impressão que ele marca na mãe durante esse período será, em última análise, o que ele imprimirá sobre a criança, através da mãe.
A vida e a obra de Maria, José e Jesus são proféticas da Nova Era, quando todo Ego será bem nascido, concebido em Amor pelos pais que são puros e castos. Somente então, haverá um novo tipo de seres unidos em amizade e amorosa fraternidade que farão manifestar um mundo novo, onde habitarão a paz, a alegria, a saúde e a abundância. Será, verdadeiramente, mostrado no futuro a “santidade perante o Senhor”.
Nós reconhecemos que somos de natureza tríplice — física, mental e espiritual — e que essas três partes do nosso ser devem ser desenvolvidas juntas e equilibradas. Devemos considerar isso também quando pensamos nas influências pré-natais. Devemos tentar equilibrar o desenvolvimento espiritual com o mental. Quando pensamos sobre tais manifestações da vida, como nós as vemos no fenômeno do nascimento de uma criança e nas influências pré-natais, devemos considerar isso ao lado dos fatores físicos e materiais que a ciência descobriu, mediante longos e pacientes estudos. Há, também, verdades espirituais e mentais que têm igual importância e que devem ser consideradas. Se cada um pudesse saber sob que condições pré-natais nasceria, estaria mais habilitado a explicar muitas coisas a seu próprio respeito.
É interessante observar que a semente do novo tipo de ser humano está começando a nascer entre nós. Olhem as crianças! Como são diferentes se nós as comparamos com nós próprios quando éramos jovens. Elas têm uma nova mentalidade, uma nova resistência nervosa e novas qualidades espirituais. Não as levemos para trás com nossas ideias fixas e antiquadas. As crianças desse novo dia têm olhos mais brilhantes, um aspecto mais claro, a Mente mais perspicaz; elas não são absolutamente do tipo musculoso. São mais vivas e interpretam a vida sob um ponto de vista mais espiritual. Elas aplicam a inteligência nos seus trabalhos diários. Elas têm os mesmos problemas que nós tivemos, mas elas os veem sobre um plano mais elevado. Elas têm um entendimento intuitivo maior e mais profundo sobre a vida e nós devemos estar preocupados com o nosso próprio desenvolvimento se quisermos acompanhá-las. Devemos ainda lhes dar instrução espiritual, conselhos e lhes ensinar a pureza do coração.
Se entendermos que cada um de nós é uma parte componente da onda de vida humana, nossa visão da vida mudará completamente. Trazer crianças para este Mundo é uma boa maneira de nos fazer sentir ligados à humanidade como um todo. Alguns nunca conceberiam crianças se dependesse meramente do instinto primitivo da multiplicação. Eles desejariam trazer uma criança para este Mundo se, por esse meio, sentissem que estavam fazendo uma contribuição para a onda de vida humana, como uma coisa mais perfeita e mais refinada do que antes. A pessoa altamente desenvolvida tem sempre o desejo de levar adiante alguma coisa nova e sentir a responsabilidade de fazer o melhor para ajudar o aprimoramento e a perfeição da onda de vida humana.
Tudo o que fizermos sinceramente em serviços elevados — tanto no trabalho de um ideal como para um ser humano — se reflete sobre nós mesmos, não somente agora, como nas vidas que virão. Se pudermos educar nossas crianças, despertando-as para o sentido da responsabilidade, tanto individual como coletivo, inspirá-las-emos a viver saudável, bela e inteligentemente para benefício das futuras gerações. Devemos trabalhar continuamente por meio dessas linhas. A assim chamada influência pré-natal pode começar dentro de cada menina que poderá algum dia se tornar mãe e dentro de cada menino que poderá algum dia se tornar pai. Essas crianças serão os pais da próxima geração. Nós ficaremos surpreendidos com que entusiasmo e naturalidade as crianças respondem a essas ideias, se nós as conduzirmos ao caminho certo.
Toda mulher é uma expressão e uma representação do aspecto feminino da Deidade. No nascimento, a mãe desempenha sua parte do drama eterno da evolução. Paternidade é um sacramento e não simplesmente um mero acaso, que os homens saibam disso. À medida que o conhecimento cresce, o autocontrole é praticado. O amor aumenta em grandeza, beleza e o ideal da paternidade espiritual regulará as vidas dos homens e das mulheres. Um belo novo tipo de ser humano nascerá, então, que deixará muito para trás a beleza imortal dos gregos antigos. Conhecimento e forças espirituais serão adicionadas à beleza clássica e isso formará a trindade essencial para que uma humanidade e uma civilização perfeitas possam imperar.
Com a ajuda de Sua Mãe, Jesus fez do seu corpo um puro, santo e belo santuário para a morada do Espírito Cristo. Ele mostrou à humanidade o maior grau de perfeição que um Corpo Denso pode alcançar e sustentou a humanidade com um modelo supremo sobre o qual o novo tipo de ser humano será moldado e perfeito. É possível, por meio da dedicação completa à missão de pais, parentesco, atrair um Ego avançado que venha dos Mundos celestiais e que favoreça o conhecimento entre os humanos e os leve para a Nova Era.
Paracelso escreveu: “uma criança no útero da mãe, durante sua formação, está tanto nas mãos e debaixo da vontade da mãe, como a argila nas mãos de um oleiro que dela faz o que mais lhe agradar. Qualquer desejo forte, apetite ou inclinação podem ser imprimidos sobre a criança. É, também, possível para uma mulher, por persistentes pensamentos sobre um sábio ou grandes seres humanos como Platão, Aristóteles, Goethe, como um grande músico (como Bach, Beethoven, Mozart) ou um pintor (como Leonardo da Vinci, Raphael, Michelangelo, Dürer) trabalhar sobre as tendências plásticas de sua prole. Mas também deve haver alguma coisa na mãe que corresponda aos talentos especiais que ela imaginou”.
Paracelso também nos disse que a imaginação do pai e da mãe exercem grande influência sobre o desenvolvimento da criança e fala sobre o que nós chamamos da Lei da Associação, sob a qual “semelhante atrai semelhante”. Assim nós podemos explicar certas semelhanças entre as crianças e seus pais. Isso enfatiza a importância de um viver puro, pensamentos elevados e santos por parte dos pais durante o tempo no qual o Ego está sendo preparado para a nova experiência terrena.
O dever e responsabilidade de todos que entendem da missão de paternidade é muito grande. Corpos puros, sensíveis, refinados e saudáveis são necessários para Egos avançados que vão comandar e guiar a humanidade na construção de uma nova civilização. Tais corpos somente podem ser produzidos por pais que reconhecem sua responsabilidade para a formação desse novo tipo de ser humano. Os pais das crianças da Nova Era devem ser inspirados pelos mais velhos e pelos mais elevados ideais espirituais e devem, também, reconhecer que o poder do ser humano para procriar é um atributo divino. Casamento e paternidade são realmente sacramentos, em sua natureza. Maternidade é sagrada e, como tal, deve ser reverenciada. Crianças devem nascer de uniões inspiradas pelo amor mais profundo e altruísta e ideais espirituais os mais elevados possíveis, porque assim, e somente assim pode a promessa de uma mais nobre humanidade ser cumprida e as crianças de um novo tipo de ser humano nascerem.
Nossos sistemas educacionais são deploravelmente deficientes em não prover para a juventude a instrução suficiente que possa ajudá-los a assumir a maior responsabilidade da vida — ser pai ou mãe.
O maior poder conquistado do universo é o Amor e um elemento poderoso pode produzir esse poder e força — a maternidade. O amor de mãe poderá, algum dia, reger o mundo. Então, não mais haverá guerras e brigas.
Quando nós reconhecermos essa gloriosa missão de produzir crianças que criarão um estado de harmonia, paz, boa vontade e amor fraternal, isso nos fará compreender a resposta à prece: “O Reino vem; Ele será feito na Terra tanto como no Céu”. Então entenderemos verdadeiramente: “Paz na terra e a boa vontade entre os homens”.
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na Revista O Encontro Rosacruz – dezembro/1982)
Os Conceitos sobre: Espíritos Obsessores, Espíritos Apegados à Terra e Purgatório e seus correlacionamentos
Hoje trataremos do tema “Obsessão”. Apesar de ser um assunto complexo, é fundamental abordá-lo para que possamos nos proteger contra estes espíritos obsessores.
Entres os espíritos obsessores existem os elementais que são de uma classe de espíritos sub-humanos. Trata-se de uma onda de vida em adição às Hierarquias Divinas e às ondas de vida dos espíritos que se acham agora evoluindo no Mundo Físico por meio dos quatro Reinos: mineral, vegetal, animal e humano.
Inicialmente seria bom esclarecer a relação de inferno e Purgatório. O “inferno” é tido popularmente como o lugar que ficaremos sofrendo depois da morte, se praticarmos o mal nesta vida. Nos Ensinamentos Rosacruzes o chamado inferno, nada mais é do que o Purgatório.
O Purgatório está localizado nas três regiões inferiores do Mundo do Desejo, para onde vamos logo após a morte. Aqui os registros gravados de nossas ações errôneas na vida terrena provocam uma reação da força de repulsão e esses sofrimentos são três vezes mais curtos e de maior intensidade, pois não temos o Corpo Denso para amenizar essa dor.
Nesse processo purgatorial desenvolvemos, por meio da dor, a consciência. Essa é aquela voz interna que nos permite discernir entre o bem e o mal, quando despertos neste Mundo Físico.
No Conceito Rosacruz do Cosmos, Max Heindel nos mostra que trabalhamos nos três Corpos. E que somos um Espírito Tríplice. Porém, somente o Corpo Denso é visível aos nossos olhos físicos.
Na Primeira Epístola aos Coríntios, Capítulo 15, Versículos de 40 e 44, São Paulo diz o seguinte: “Há corpos celestes e corpos terrestres… e há corpo animal e há corpo espiritual”.
O Corpo Denso está interpenetrado por um corpo chamado Corpo Vital, que mantém a saúde do Corpo Denso uma vez que este é destruído pelos desejos inferiores que nós criamos, no nosso dia a dia. Durante a vida no Mundo Físico temos a chance de desenvolver nossos corpos e veículos invisíveis e superiores por meio de bons hábitos (Corpo Vital), pensamentos (Mente), desejos e emoções (Corpo de Desejos).
Mas, quando os nossos desejos deixam de ser direcionados para a construção dos veículos superiores e nos negligenciamos desses bons desejos e boas emoções, acabamos sendo atraídos até a região purgatorial, após a morte, e lá deveremos nos purgar desses maus hábitos.
Se não nos apegamos a esta existência terrestre, seguimos o nosso caminho rumo aos Mundos superiores: Regiões superiores do Mundo do Desejo e Mundo do Pensamento.
Porém, existem alguns irmãos nossos que após a morte se apegam à vida terrena e não deixam seus veículos espirituais aprenderem novas lições. E os chamamos de “espíritos apegados à Terra”, enquanto estiverem nessa situação.
E como não possuem um Corpo Denso para manifestarem-se, ficam perambulando na atmosfera da Terra e tentando e utilizando os Corpos Denso e Vital de outros irmãos que entram em sintonia ou vibração com esses espíritos apegados à Terra. Sabemos que ao nosso redor existem milhões de “espíritos sem luz” (pois “espíritos de luz” não tenta reencarnar em alguém, nem parcial, nem totalmente), pobres irmãos apegados à vida terrestre.
Chamamos de “espíritos sem luz” porque após a morte não seguiram seu caminho de aceitação aos Mundos superiores.
E por não aceitarem a separação do seu Corpo Denso e tudo o que aqui deixaram, ficam presos a atmosfera tentando satisfazer seus prazeres, resolver suas preocupações ou fazer o mal.
Quando esses espíritos desencarnados desejam influenciar seres encarnados, precisarão de um veículo da mesma densidade de vibração da sua para atingir os centros cerebrais. Mas, quem são esses espíritos desencarnados?
Max Heindel, no Conceito Rosacruz do Cosmos, nos diz que a região inferior do Mundo do Desejo está cheia de espíritos apegados à Terra ou espíritos obsessores que estão em contato com o Mundo Físico.
Quando deixam este Mundo Físico cheios de ódios e desejos baixos se encontram despreparados para viver nos planos invisíveis.
Nessa Região inferior do Mundo do Desejo encontramos muitos irmãos e irmãs que foram, na vida recém-finda, drogados, alcoólatras, assassinos, outros que morreram em guerras, pessoas que nutrem ódio, rancor e vingança, pessoas apegadas a bens materiais como casas, terras, joias, etc. Estes últimos espíritos são os que mais têm nos dias de hoje.
Exemplifiquemos o caso do assassino que cumpre sua pena perante a sociedade na prisão.
Poderá ocorrer que o remorso pelo seu ato cometido o leve, mediante a oração e íntimo arrependimento, a apagar o ódio nutrido a sua vítima.
E quando seu Espírito estiver livre no Mundo do Desejo poderá caminhar feliz e quem sabe numa vida futura procurará ajudar aquelas pessoas a quem maltratou na vida anterior.
Mas, se a sociedade quiser se vingar do criminoso e levá-lo à pena de morte pelo crime cometido, ele, achando que foi injustiçado, permanecerá por muito tempo entre os encarnados, incitando outros a cometerem o mesmo crime. E toda vez que isso acontece, e quando a vítima cai nas garras da justiça esses espíritos obsessores conseguem se realizar e deixam a pessoa para ir atrás de outras.
Se isso sempre acontecer, certamente teremos uma epidemia de assassinatos espalhados em comunidades.
Podemos classificar a Clarividência em duas classes:
1) As de caráter positivo, tornando-se assim um clarividente treinado e um Auxiliar Invisível;
2) As de temperamento negativo, submissa à vontade dos outros que se desenvolve com ajuda desses espíritos apegados à Terra.
Esses espíritos apegados à Terra, normalmente, se intitulam como “guias espirituais” e agem como espíritos de controle em busca de sua satisfação. Para manifestarem-se no Mundo Físico podem retirar o Corpo Vital da pessoa por meio do baço e usar temporariamente o Éter, do qual é composto, a fim de se materializar, devolvendo o Éter à pessoa após terminada a sessão.
Transformando suas vítimas em “médiuns de transe” ou em “médiuns de materialização”.
O espírito obsessor tomando posse do corpo de sua vítima utiliza-o à mercê de sua vontade, e mesmo que a pessoa tente deter a influência dele não conseguirá, pois houve a permissão para a posse.
Lembrando que o nosso Corpo Denso é o bem mais precioso que temos nesta vida terrestre. Sabemos que existem famílias inteiras à mercê desses espíritos obsessores. Por isso que Max Heindel nos orienta para não assistir às sessões ou reuniões em que invoquem a presença de espíritos de irmãos ou irmãs desencarnados – seja para reencarnarem parcial ou totalmente, seja para se manifestarem de quaisquer formas -, demonstrações hipnóticas; não frequentar lugares em que são queimados incensos, defumadores, bola de cristal, etc.
Normalmente toda vez que você frequenta tais ambientes, os chamados “guias” o convocam para desenvolver sua mediunidade, só que de forma negativa. Essa é a maneira de estarem formando sua grande falange de controle.
É evidente que a grande maioria das pessoas que evocam a presença de espíritos de irmãos ou irmãs desencarnados ou os médiuns não compreendem o grande perigo que os aguarda após a morte.
E mesmo nesta vida não sabem o perigo que está por vir, pois enquanto fazem tudo que seus obsessores ordenam, estes são dóceis e compassivos. Mas, se algum deles tentar recusar a ceder seu corpo ao desencarnado, logo sentirá a espada do obsessor.
Todos nascemos com a Clarividência. Se quisermos desenvolvê-la, façamos de maneira positiva por meio dos exercícios para um Treinamento Esotérico positivo, dados pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz.
Sabemos que existem pessoas que em determinados momentos de sua vida deixam se arrastar por pensamentos e emoções negativas, chegando a ficarem perturbados, irritados e, às vezes, desequilibrados emocionalmente e muitas vezes não encontram o caminho de volta à razão. É bom lembrar que essa crise foi gerada pela própria pessoa, e é neste momento que damos abertura ou permissão para a invasão de espíritos obsessores. Tornamo-nos, assim, joguetes desses espíritos perturbadores e essas entidades jamais se preocuparão com a reputação daqueles cujos corpos violaram.
Isso acontece diariamente sem saber se aquela pessoa está possuída ou não. Mas existe uma forma infalível de descobrirmos se uma pessoa está possuída: através do diagnóstico dos olhos.
Max Heindel fala que “os olhos são as janelas da alma”, pois somente o verdadeiro dono do corpo é capaz de contrair e dilatar a íris.
Naquele que estiver possuído, notaremos que a íris de seus olhos não se dilatará quando penetrar em um quarto escuro ou quando fixar um objeto distante. Isto é, a íris não responde nem à luz nem à distância.
O que podemos fazer para nos proteger contra a obsessão? Simplesmente manter uma atitude positiva da Mente, pois temer alguma coisa é atraí-la.
Devemos construir uma aura protetora e invulnerável contra qualquer classe de ataque ou influências negativas.
Max Heindel expressa que “ao vivermos existências de pureza, quando os nossos dias estão preenchidos com serviços a Deus e a nossos semelhantes, com atos e pensamentos da mais elevada nobreza, então construímos o ‘manto dourado nupcial’ (o Corpo-Alma), que é uma força radiante do bem, nenhum mal é capaz de penetrar por essa armadura e então é refletido em direção àquele que o emitiu”.
É sempre oportuno recordar uma frase de São Paulo que diz: “Orai e vigiai para não cair em tentação” e, assim, orar sempre.
Lembremos o seguinte: “Não temos mestres. Os Irmãos Maiores são nossos amigos e nossos instrutores. Nunca ordenam, nem exigem obediência a qualquer uma de suas sugestões, seja em que condição for. O mais que fazem é aconselhar, deixando-nos livres para seguirmos as suas sugestões ou não”.
Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz
Proteção aos Reinos Inferiores: apele para sua razão e sentimento para cumprir um dos Dez Mandamentos na íntegra, “não matarás!”
O dia 21 de setembro é particularmente dedicado às árvores, formas de expressão no Mundo Físico dos mais adiantados espíritos da onda de vida vegetal, ainda não individualizados, e por essa razão evoluindo sob a custódia de Espíritos-Grupo Angélicos.
Os poetas e prosadores têm decantado, sobremaneira, os benefícios que o ser humano aufere à custa das árvores. Constâncio Vigil assim as expressa sobre a árvore: “Cópia do Universo, e toda serenidade, beleza e harmonia“.
Os governos da maioria dos países se encontram, atualmente, empenhados numa campanha de incentivo ao reflorestamento, oferecendo inúmeras vantagens àqueles que aderirem a ela.
Louvamos tais atitudes, e não podemos deixar e reiterar nosso apoio a quaisquer movimentos dessa natureza, porém, nosso objetivo vai mais além. Não só exaltamos a magnitude da proteção ao Reino vegetal, como também propugnamos pelas mesmas atenções a todos os Reinos da natureza.
A vida no Mundo Físico manifesta-se por meio da forma, e é mister que essa se aprimore para que aquela venha a manifestar-se com mais desenvoltura. Nossa ação é importante no aperfeiçoamento de tudo quanto nasce, cresce, vive e se transforma na face da Terra. Partindo do princípio de que somos representantes de um Reino superior ao mineral, vegetal e animal, assumimos a responsabilidade de contribuir para que a manifestação da Vida, através daqueles Reinos, realize-se em ascensão constante.
A diligência e o esmero empregados no trabalho executado com os minerais contribuem para a sua ascensão. O Reino vegetal, nós o sabemos, é extremamente dadivoso. Contudo, quando se fala em proteção aos Reinos inferiores, nossa atenção volta-se para o Reino animal, contra o qual são perpetrados verdadeiros crimes.
Sob o pretexto de obter alimentos, o ser humano dedica-se a matança dos mais elevados representantes da escala animal, com isenção plena de compaixão, às vezes com frieza e sadismo deplorável. Não temos o direito de restringir a vida a seres que estão a um passo da individualização. Se necessitamos de alimentos, os mais adequados a nossa constituição encontram-se no Reino vegetal, pródigo em variedade e qualidade.
A Filosofia Rosacruz é objetiva no sentido de ensinar que toda partícula alimentar que ingerimos contém vida e, antes que esta partícula seja agregada ao nosso organismo pelo processo da assimilação, é necessária que a dominemos e sujeitemos a nós mesmos, o que trará harmonia ao corpo. Quanto mais individualizada for a partícula, tanto mais dificuldade haverá para que seja assimilada. O animal possui Corpo de Desejos.
Cada célula que compõe seu corpo possui uma alma individual, compenetrada pelas suas paixões e desejos. Eis porque a carne, como alimento, requer intenso esforço orgânico no processo de assimilação. Inclusive, a própria dentição humana não é apropriada a preparar tal tipo de alimento para ser trabalhado pelo aparelho digestivo. Então, seremos coerentes com a nossa própria condição de seres racionais, se procurarmos alimentos no Reino vegetal, sendo os mesmos menos individualizados, e amplamente adequados às nossas necessidades, substituindo, com maiores vantagens, os elementos nutritivos oriundos da dieta carnívora, principalmente pela facilidade com que são assimilados. Estudos científicos empreendidos sem preconceitos demonstraram ser o ser humano um animal frugívoro (que deve alimentar-se de frutas, folhas e raízes). Isso foi evidenciado pela anatomia comparada.
Analisando os fatos à Luz da Ciência Oculta, não nos causa estranheza que uns sem número de enfermidades venha afligindo a humanidade. As consequências só podem ser funestas quando os atos humanos colidem com as Leis da Natureza. Estas regem a conservação da vida, da espécie e da saúde.
Muitas debilidades orgânicas poderiam ser erradicadas pela adoção da dieta vegetariana.
Muitos podem objetar, afirmando que truncamos o desenvolvimento de um vegetal tirando-lhe a vida para usá-lo como alimento. Porém, isto pode ser esclarecido. Quando a fruta está madura, realizou o seu propósito de servir como matriz para o amadurecimento da semente. Se não é utilizada como alimento apodrece e perde-se. Além disso, está destinada a servir de alimento ao animal e ao ser humano, proporcionando-se assim, à semente, oportunidade de crescimento ao espalhar-se em solo fértil. E deste modo não se arrebata à vida, mas ampliam-se as possibilidades de que ela se manifeste.
Se a matança de animais com a finalidade de se obter alimentos constitui algo abominável, tal ato praticado por mera recreação ou esporte torna-se profundamente execrável porque envolve violência, sadismo e, evidentemente, covardia por tratar-se de vítimas irracionais.
A Filosofia Rosacruz apela para a razão e sentimento do Estudante Rosacruz, no sentido de que seja observada a primeira Lei da Ciência Oculta: “Não matarás”. Cada um deve compenetrar-se de sua responsabilidade como protetor dos mais fracos, inspirando-se nas belas elucidações de Max Heindel, contidas no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e nas piedosas palavras de Ella Wheeler Wilcox:
“Eu sou o defensor do meu irmão e lutarei a sua luta; falarei a palavra em nome do animal e da ave, até que o mundo saiba o que deve fazer”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro/1967 – Fraternidade Rosacruz – SP)
As Relações Humanas e o Estudante Rosacruz
Desde meados do século passado, com a entrada do Sol na órbita de influência de Aquário, pelo movimento da Precessão dos Equinócios, iniciou-se o evento da Nova Era, do elemento Ar, do intelectual e renovador Aquário. A par das conquistas de tudo que se relaciona com o ar, com o Éter (eletricidade, máquina a vapor, aviação, rádio, televisão, desintegração atômica, conquista e aparelhos espaciais), há em tudo e em todos um anseio de renovação, de autoafirmação, da revisão de todas as normas sociais à luz da razão e do direito humano. A isso muitos chamam de crise; mas nós, de renovação prevista pelos Astros. Pouco a pouco impõe-se o reconhecimento de que somos Espíritos, filhos de um Pai comum, Deus; portanto, irmãos em realidade e essência.
Os Irmãos Maiores prepararam a valorização do ser humano com a Revolução Francesa. Hoje, em várias partes do mundo vemos movimentações, manifestações, conquistas, leis e outros processos que demonstram a necessidade da eliminação do preconceito racial (seja de conceito de raça – branca, negra, amarela, vermelha – se entende) e muito já se conseguiu. Todos lutam pela igualdade humana, em bases democráticas nas relações humanas. Todos sabem que a base foi firmada pela pedra angular da nossa construção individual e social, o Cristo, quando disse: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. Sem essa prática, nada é satisfatório nas relações humanas.
O egoísmo, em suas múltiplas manifestações, como a Hidra de cem cabeças da mitologia, bloqueia e limita a natureza espiritual do ser humano para tirar-lhe preciosa porcentagem de experiência na escola do mundo. É preciso que o Estudante Rosacruz reconheça e comece a trabalhar pelo altruísmo, pela renúncia de si mesmo em favor dos outros, a fim de eliminar o egoísmo limitador.
A compreensão das próprias limitações é o primeiro passo para a libertação, o caminho à tolerância e à verdadeira renúncia Cristã. É uma questão de apenas desviar o olhar crítico para dentro de nós próprios e passar a observarmos sincera e imparcialmente como pensamos e sentimos a cada reação exterior, fazendo o balancete diário no exercício noturno de Retrospecção.
Ora, o maravilhoso do tapete humano são justamente as diferenças de cor e forma de seus fios humanos; essa heterogeneidade de indivíduos, com seus defeitos e virtudes; aí é que está a escola com todas as espécies de provas e incentivos. E os Anjos (também chamados de Senhores) do Destino, junto a Seus auxiliares, incumbem-Se de entrelaçar as coisas para atender a necessidade de cada indivíduo ou grupo social. Quem poderia pretender um tapete branco? É puro e é bonito; mas por enquanto nos cansa, se olhamos muito tempo. A harmonia musical e constante enfada. A cor e a desarmonia precisam aparecer para movimentar e nos exercitar a alma em formação. Olhemo-nos, pois, como indivíduos separados; vejamos nossa esposa e filhos, cada qual como um indivíduo, tendo algo de si mesmo. Não pretendamos nessa Era impor aos outros nosso ponto de vista. A orientação deve ser racional para ser eficaz.
O ser humano está ligado ao meio social de diferentes maneiras, porque essencialmente, por nossa natureza crística, coesora (Vênus e Urano), saímos juntos do Pai e não podemos nos separar, tendo necessidade um do outro. Pode-se dizer que é a busca da natureza biológica e de uma necessidade evolutiva, em todos os sentidos. Que seja. O fato é que, no transcurso de sua evolução cada Espírito foi desenvolvendo seu próprio modo de ser, foi potencializando os atributos divinos e herdados (vontade e poder, amor e sabedoria, atividade) diferentemente, segundo as experiências por que passava, sempre diferentes das de seus irmãos e de suas irmãs em alguma coisa. Isso lhe foi formando uma individualidade.
Assim, hoje temos uma sociedade maravilhosamente formada com indivíduos de profissões, tendências e habilidades variadas, em que aprendemos pela prática e observação o que jamais seria possível numa linha puramente individual. Essa sociedade nos proporciona conforto, alimento, experiência, provas e tudo o mais de que necessitamos como Espíritos peregrinos.
Todos nós somos devedores e credores uns dos outros; devedores pelo que recebemos todos os dias, até o amargor (pois a Lei de Consequência é justa e até o aparente mal é um bem em gestação) e credores pelo que damos de nossa deidade inimitável. O ser humano precisa do próximo. É o único ser desamparado, quando pequeno (e, às vezes, até mesmo grande), pois os animais irracionais têm a orientação de seu Espírito-Grupo, que a ciência chama de instinto.
Desde que nasce, o ser humano precisa de proteção e orientação dos pais, dos professores, dos amigos… Por isso, formamos, no transcurso da história humana, os diferentes grupos sociais: a família, a escola, a Igreja, o Estado, etc. A família é agrupada pelos Anjos; os Anjos Arquivistas (também chamados de Anjos ou Senhores do Destino) reúnem os Egos cuja relação prévia (em vidas anteriores) atraem de novo uns aos outros.
Os cônjuges ficam ligados toda a vida pelo Éter de Vida que trocam no abraço matrimonial. Por isso, a Bíblia diz que “o que Deus une não o desuna o ser humano”. É fato. Só pela morte de um dos cônjuges essa ligação é desfeita, por mais que fisicamente não estejam mais juntos.
Os filhos ficam ligados aos pais pelo sangue, pela essência dos pais na glândula timo, até a puberdade. Depois começam a se individualizar, pois esse vínculo domina, em certa extensão maior ou menor, os rasgos individuais. A família é a célula máter da sociedade.
A Escola pública e coletiva foi estabelecida com o tempo para repartir os conhecimentos humanos que foram acumulados e sistematizados mediante as experiências do nosso passado, a fim de atualizar nossos filhos em todas as conquistas humanas.
Na Atlântida, em virtude da maior sujeição do Ego ao sangue de seus ascendentes, porque só havia casamento dentro da mesma família (endogamia), bastava evocar à imaginação vívida e sensível da criança as experiências de seus ascendentes e dos heróis nacionais para atualizá-la nos conhecimentos. Esse hábito de veneração aos heróis e ascendentes foi conservado mesmo depois de abolida a endogamia e constituiu o método dos romanos, já sem fundamento.
Hoje, pelas conquistas modernas que aproximaram os seres humanos (rádio, literatura, televisão, navios, aviões, telégrafo, automóveis, etc.) podemos dar quase que em iguais condições programas de ensino às crianças do mundo inteiro. E o respeito aos pais e aos dirigentes do município, do estado, do país e outros líderes se funda em bases racionais, pelo que de Cristão podem realizar. Daí a desilusão a muitos de nossos líderes.
A Religião correspondeu a um anseio do ser humano que, após a chamada queda, sentiu o afastamento de seus antigos guardiães, obscurecida que lhe foi a visão, com o clareamento da atmosfera pós-atlante, com a bebida alcoólica, o abuso sexual e a eliminação da endogamia. Sempre sentiu a evidência de algo superior a que se identifica e a que tem necessidade de reunir-se. Por isso a Religião (religação). Quem ensinou o primitivo a adorar o Sol, a Lua, o fogo, senão esse chamado interior? À medida que evoluiu, foi conscientemente se apropriando de concepções mais altas de Deus e tornando sua religião mais racional. Respeitamos, pois, todos os estágios religiosos, que passaram da adoração de fetiches e elementos naturais para, entre os Semitas Originais, o Tabernáculo do Deserto e, mais tarde, por Hiram Abiff, para o Templo de Salomão, o Cristianismo Popular e, finalmente, hoje se expressa no Cristianismo Esotérico muito bem demonstrado no Símbolo Rosacruz até que tenhamos encontrado o Cristo em nós mesmos e por meio d’Ele possamos adorar a Deus em Espírito e Verdade.
O Estado surgiu das necessidades do agrupamento humano. Cada grupo, segundo seu estágio evolutivo, concebeu suas normas de conduta, suas escolas, seus serviços públicos, etc. Na Época Atlante, os líderes dos povos eram Reis preparados e formados pelos Senhores de Vênus (os dirigentes sociais) e pelos Senhores de Mercúrio (que eram os seus Iniciadores). Eram, pois, Reis e Sacerdotes, Sábios e Santos a dirigir com justiça seus povos. Contudo, depois se tornaram soberbos e déspotas, quando deixados por esses mensageiros divinos e entregues a seus próprios recursos. Isso começou a ocorrer no meio da segunda fase da Época Atlante, quando o povo sofreu muito com trabalhos forçados e escravidão até que aprendeu a defender seus direitos. Todos conhecem a história antiga, o feudalismo, a história moderna e o que sucedeu a cada povo; como viviam, como eram explorados para pagar impostos altíssimos e quão pequena a retribuição em benefícios que o povo recebia. Hoje caminhamos vertiginosamente por uma intervenção evidente dos Senhores do Destino e pela ação dos Irmãos Maiores em todos os campos, por inúmeras inovações rumo à Era de Aquário, em que teremos uma sociedade ideal e fraternal. Nós, Estudantes Rosacruzes, temos serena e absoluta confiança no futuro da humanidade e fazemos nossa parte o melhor que podemos, certos de que ela tem sua valia e função.
Todavia, o importante não é apenas conhecer tudo isso e, sim, a reforma de cada Aspirante Rosacruz. Ele precisa ataviar-se para esse estado futuro. Ele precisa rever tudo o que tem dentro de si, reformular sua vida, reformar o que está errado, à luz dos conhecimentos Cristãos esotéricos, expostos pela Filosofia Rosacruz. É preciso lembrar: a quem mais se dá, mais se lhe exige. O conhecimento é dado para que cada um comece a viver uma vida mais digna. Se não procuramos ser melhores para nos convertermos em canais conscientes de ajuda do alto, para auxílio ao próximo e reforma do meio social, pelo método silencioso do exemplo sadio, da convicção irremovível que não se abala com os rumores e pessimistas previsões, se não se tem esse sincero propósito, é melhor não continuar, porque a Lei de Consequência cobra na medida da consciência.
No entanto, a questão não é apenas pessoal. Começa por nós, de dentro para fora, sim; mas, por reflexo natural e lógico, nosso progresso tem de expressar-se no modo como tratamos nossa esposa, nosso marido, como orientamos nossos filhos, como agimos no trabalho e no meio social tratando os nossos irmãos e irmãs do nosso entorno. A vida e a evolução nos pedem novos métodos, atualização constante em todos os sentidos. Eis porque São Paulo, o Apóstolo, dizia que morria todos os dias: algo de inferior morria e algo de novo e melhor nascia, numa renovação constante, caminho à incorruptibilidade.
Contudo, voltamos a afirmar, essa evolução tem de ser firmada de maneira cristã; isto é, em humildade e amor, pois pode ocorrer que nos julguemos santos, superiores e nos consideremos deslocados em um meio de pecadores… Max Heindel afirmou que a adaptabilidade é a chave da evolução em todos os tempos, desde o início do Período de Saturno. Adaptar-se não é macular-se do que há de errado no meio social, não é fazer o que os outros fazem para agradá-los. Adaptar-se é identificar-se com o que há de bom em tudo. Isso pressupõe discernimento elevado, vontade de compreender os outros, procurar o que há de bom, esquecer o que há de mal e prudentemente defender-se. Lembram-se daquele exemplo do Cristo e dos Discípulos diante do cadáver em putrefação de um cachorro? Ele procurou e achou algo bonito em que tudo parecia feio, porque sabia dos benéficos efeitos em nossos Corpos e no Mundo do Desejo, quando criamos algo bom, pensamos no bem, sentimos nobremente e, sobretudo, agimos coerentemente com esses impulsos internos, porque os pensamentos e emoções não expressos em atos são estéreis.
Isso não é tão difícil como parece. O perigo é olhar para trás — lembrar-se e desejar o que seus antigos vícios suscitam. Quem toma o arado não deve olhar para trás. Deixem que os mortos enterrem seus mortos.
A natureza divina em nós reclama alimento puro. Basta que tenhamos vontade de desejar melhorar e as forças da luz nos encaminharão à fonte, como a agulha magnética da bússola em busca do norte. É uma questão de vibração uníssona. Basta desejar mesmo, persistentemente. “Buscai e acharás; pede e ser-te-á dado; bate e ser-te-á aberta a porta”. Não são promessas vãs. É o Cristo quem as profere, ontem, hoje e sempre, dentro de nossas consciências. E ao achar o caminho, nós, que nele estamos e ainda não avaliamos bem a bênção que isso representa, a importância da oportunidade que nos está sendo dada, basta usar a vontade e adquirir o preparo. Cristo em nós, a vontade de melhorar, sempre, o preparo e, pronto, estamos munidos para o trabalho: ação, experiência, humildade e fé para continuar serenos, apesar das provas, que são reflexos de nossas falhas e da resistência do meio. Quem não reconhece energia nas vibrações da luz que penetra as trevas?
Preparo significa abrir as barreiras da nossa personalidade, eliminar o egoísmo, o que não é fácil, porque ele se disfarça muito bem de saudosismo ou sentimentos que julgamos desculpáveis. Enquanto não estamos limpos, agradeçamos as experiências, porque elas vêm para limpar; se você não tem coragem, então não venha! Ninguém pode seguir o Cristo, se não tomar sobre si a própria cruz de cada dia. Essa limpeza nos permitirá ver compreensiva e humildemente cada qual como Ele é e recebê-lO assim, não lhe exigindo mais do que pode dar. Ninguém pode exigir amor, se não sabe amar; nem perdão, se não sabe perdoar. O mais claro indício de nossos defeitos está nas provas que recebemos. Não sabendo amar, encontramos muitas pessoas que nos desamam. É um aviso. Para vencer a prova temos de aprender a amar.
A limitação individual está em ordem inversa ao preparo interno. Quando amamos e crescemos em conhecimento, o coração dá intuição à sabedoria para penetrar as pessoas e avaliar-lhe o grau interno, de modo a assegurar em nossa mútua relação um perfeito entendimento, porque sabemos como devemos tratá-las e como ajudar. O conhecimento, sozinho, torna-nos vaidosos e intolerantes. É muito comum entre nós julgar alguma coisa pelo que já sabemos e, em vez de melhorar a vida, arranjamos discordância no lar, exigindo da mulher e dos filhos o que não podem dar. Acabam, então, os familiares, antipatizando-se com a Fraternidade Rosacruz, julgando ser ela um obstáculo à felicidade do lar. Não é! É falha do Estudante; isto, sim! É-nos ensinado o equilíbrio entre a Mente e o Coração. Atentem bem a isto, enquanto é tempo de conquistar os seus no seu entorno; primeiramente, ao estudo; depois, exemplificando pacientemente e esclarecendo para que possam amar e seguir o que, sendo bom para nós, desejamos para os outros, principalmente para os próximos de nós.
O desenvolvimento unilateral é falho. Vejam as doutrinas sociais que sobem e caem, porque atendem apenas a uma coisa, sem levar em conta que o ser humano é um ser complexo que exige, para total satisfação, desenvolvimento moral, intelectual, liberdade e justiça, sobretudo amor e cuidados físicos. Temos necessidade de conhecimentos, de vivência moral, senso de ética, carência de boa alimentação e higiene; mas, para entender precisamente tudo isso em nós, precisamos primeiro nos conhecer. Por isso, nos antigos templos de mistério havia aquela frase: “Ser humano, conhece-te a ti mesmo”. E o Cristo reitera: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”, em um sentido mais amplo. Estamos na Fraternidade Rosacruz. Sabem o que isso representa, o que devemos fazer para nós e para os outros, o esforço que isso exige, a renúncia que reclama, a decisão que devemos tomar? Renovação! Regeneração! Sinceridade! Altruísmo! Pensem muito nisso e ajam, se estão dispostos a honrar as heranças sociais e o chamado espiritual do Cristo dentro de nós.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho de 1965 – Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP)
Como é Importante Expressarmos a Gratidão
A gratidão produz crescimento anímico. Devemos ser gratos por tudo que recebemos. Já ouvimos Estudantes argumentarem que os Aspirantes Rosacruzes estão na fase do dever e, portanto, não cabem em nossas mútuas ações e serviços o reconhecimento e a gratidão: não há sacrifício, pois fazemos prazerosamente.
É certo que agimos por dever e por amor desinteressado; mas que devamos dispensar a gratidão, isso não. Apenas não devemos exigir reconhecimento dos outros. Há de ser espontâneo. Contudo, que devemos aprender a ser gratos, isto é inegável e há razões ocultas para justificá-lo.
Vemos em “O Conceito Rosacruz do Cosmos” que a força mental pode ser dirigida a três direções. Tanto age dentro, como fora de nós. Quando age fora, pode ser para dar informações, como no caso da telepatia, ou para incentivar alguém, quando se quer fazer o bem.
No trabalho de Cura da Fraternidade Rosacruz fazemos uma ideia bem definida de ajuda e a vivificamos com um forte sentimento, um desejo de servir, de transmitir nossa vitalidade, decisão, otimismo, fé; enfim, todas as qualidades positivas de que precisam os doentes para vencer suas próprias limitações e ajudar-se na recuperação da saúde física e psíquica. Esse pensamento, sem o sentimento, seria vazio, fraco, frio, estéril.
Assim também, quando somos gratos a alguém, envolvemos o pensamento de gratidão com o sentimento correspondente e o enviamos ao nosso benfeitor, fazendo espontaneamente uma imagem mental dessa pessoa. Essa força vai até ele, lhe circunda a aura e a penetra, gravando-se em seu átomo-semente através do éter do ar que lhe penetra os pulmões e dali passa ao coração. Esse é o processo oculto-científico.
Após a morte do corpo, havendo passado pela purgação dos maus atos nas regiões inferiores do Mundo do Desejo, penetramos no Primeiro Céu e os acontecimentos bons da nossa passada existência começam a desfilar em ordem inversa. Ali, não só o que fizemos de bem, como o que recebemos de bem, voltam a ser sentidos. Numa cena em que ajudamos alguém, revivemos gostosamente o bem-estar que, em nós, o ato produziu, acrescido pelo sentimento de gratidão que o outro emitiu a nosso favor. Inversamente, todo sentimento de gratidão que tenhamos gerado pelos outros que nos ajudaram e favoreceram em diversas circunstâncias, tornamos a experimentar no estágio do Primeiro Céu.
Em decorrência, vemos que a gratidão, seja a nossa relação com os outros ou a dos outros em relação a nós, produz crescimento anímico. É desse modo que se vai alimentando o altruísmo, a filantropia e todos os sentimentos da vida superior da alma, para formação da vida, da luz e do poder anímicos. Primeiro é preciso vivermos nobremente, a fim de gerarmos a luz da alma e, por corolário, o poder da alma. É uma ordem lógica de desenvolvimento interno. A luz só pode nascer do bem. O lírio que nasce do lodo é símbolo da pureza que se extrai do sofrimento que passamos, por haver condescendido com as práticas inferiores de vida, e concluirmos que o “caminho do transgressor é muito duro”. Melhor é o caminho da virtude, que se alcança pela observação e equilíbrio, sem necessidade de passarmos pela experiência do mal.
Voltando à gratidão, observemos ainda que nos é recomendado, no exercício de retrospecção feito ao nos deitarmos para dormir, à noite, que devemos sentir fortemente o bem praticado ou recebido para imprimi-lo consciente e fortemente em nós. A razão é a que expusemos.
Em nossa oração diária, de íntima conversa com o Cristo interno e deste com o Pai, costumamos agradecer por tudo que recebemos. Isso aprendemos quando, mocinhos ainda, lemos sobre a vida extraordinária de Hellen Keller, que nasceu privada de visão, de audição e de fala e mesmo com essas limitações, ajudada por uma amiga, certamente uma companheira de outras vidas, aprendeu, tateando os lábios e a laringe de sua professora, várias línguas. Depois, ela se exprimia com o tato na mão da amiga e dirigia ao mundo mensagens de incentivo e de fé que abalaram vários continentes.
E nós? Temos tudo. Que fazemos como administradores dessas bênçãos de Deus? Por que não as usar adequadamente, agora e aqui, o melhor possível? Por isso agradecemos a Deus pelos olhos que nos permitem ver as belezas de sua criação, a luz, as cores, as mensagens evolutivas nos rostos das criaturas, os contrastes da natureza, as experiências legadas nos livros pelas gerações que se foram, poder ler a Filosofia Rosacruz.
Somos gratos pelos ouvidos que nos permitem ouvir o riso das crianças, o cantar dos passarinhos, a divina música, o modo de expressar dos seres humanos e dos animais, as vozes dos elementos da natureza.
Somos gratos pelo olfato que nos permite sentir o odor das flores e dos alimentos. Somos gratos pelo tato que nos permite sentir a aragem dos campos, a brisa do mar, a carícia de meus filhos, o conjunto de tudo que me rodeia, a percepção da densidade.
Somos gratos pelo paladar, que nos permite discernir entre o agradável e o desagradável, entre o sadio e o estragado, que nos permite incentivar as glândulas salivares e iniciar uma boa digestão.
Somos gratos pela saúde do corpo e pela enfermidade, que nos adverte, pela alegria e pela tristeza, pela sombra e pela luz, pelo feio e pelo bonito, esses contrastes que nós mesmos criamos, esse quadro que nós mesmos pintamos para aprender a apreciar a unidade branca, a pedra filosofal, e vender tudo o que temos para possuí-la. Aprender quando nos damos.
Disse Whitman: “Vede! Não me limito a dar. Ser grato é avaliar o que se recebe e o que se dá. Só o amor não basta. É preciso o entendimento. Os dois, mutuamente se ajudando, produzem o Amor-Sabedoria, a tônica do Filho, do Cristo, em nós. Isso, sem esmolas ou conferências. Dou-me a mim mesmo!”.
E quando aprendemos a ser gratos, aprendemos a amar também, com sabedoria e discernimento. E vemos que nos libertamos de nós mesmos, porque em nós estavam os bloqueios, os diques que impediam o livre fluxo do amor divino, de nós para os outros.
Tínhamos um propósito definido, ao falar-lhes de gratidão.
Vejamos a vida de Max Heindel: toda sua vida, como exemplo vivo, foi de ajuda à humanidade; ele era grato por tudo que o Senhor lhe dera e empregava seus dons físicos, psíquicos e espirituais como um administrador zeloso e fiel. Multiplicou seus talentos de forma admirável. Não pensava em sua própria evolução, mas apenas em servir. Com tais singulares virtudes e desenvolvimento interno, foi o escolhido pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Eles, que veem nosso interno amadurecimento na cor e expansão da aura individual, sabiam-no preparado. Todavia, submeteram-no a uma prova. Sem ele saber, ele venceu. Depois disso Max Heindel foi Iniciado e conscientemente pôde investigar nos mundos invisíveis todas as verdades transmitidas pelo “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Além desse livro básico de nossa Fraternidade, deixou-nos inúmeras outras obras, complementos valiosos daquela, condensados de suas observações e experiências, que constituem um patrimônio inestimável de orientação à posteridade, um guia seguríssimo de desenvolvimento, de preparação para o mundo de Aquário, normas lógicas e objetivas de como devemos vencer a transição que nos anunciam os Evangelhos: “Assim como nos dias de Noé será no dia do Senhor”; em que a religião do Filho, a religião Cristã, brilhará em sua mais pura expressão, escoimada dos vícios e egoísmos gerados pelas religiões de raça que ainda nos maculam as formas religiosas.
A grande mensagem dos Irmãos Maiores, através de Max Heindel, foi apresentar o Cristianismo, em sua prístina pureza, como um sublime ideal que devemos atingir. E deu-nos os meios, o método para alcançar esse fim glorioso do desenvolvimento humano; ele deu a maior ajuda, a de preparar cada ser de modo a emancipar-se de todas as dependências, de erguer-se e caminhar com suas próprias pernas, de ser autossuficiente, uma lei em si mesmo, à luz dos conhecimentos das Leis divinas que regem a Criação, particularmente o ser humano. Como disse o Iniciado Goethe: “O ser humano se liberta de todas as forças que encadeiam o mundo quando alcança o domínio de si mesmo”.
Na época áurea da Grécia antiga já ensinou Sócrates o “conhece-te a ti mesmo” e seu iniciado discípulo, Platão, completou-o, descrevendo o ideal de “ser atleta, santo e sábio”. Hoje, a Fraternidade Rosacruz realiza publicamente esse Ideal, que naquela época estava limitado a poucos escolhidos, mediante o lema deixado por Max Heindel: “Corpo são, Coração nobre, Mente pura”.
Max Heindel deu-se a si mesmo, inteiro, e hoje trabalha nos planos internos, em seu Corpo-Alma, realizando, pelo serviço, uma colheita que um ser humano comum levaria muitas vidas para ceifar. Ser-lhe grato é fácil para nós, que sentimos os benefícios dessa Filosofia Rosacruz em nossas vidas. Mais fácil ainda para os que, mais desenvolvidos e havendo penetrado mais profundamente em sua obra e sua mensagem, avaliam-lhe melhor pelo que deu ao mundo.
E somos gratos também à sra. Augusta Foss Heindel, sua companheira de lutas e de realizações, profunda em Astrologia oculta e continuou a obra da Fraternidade até 1949.
Ao relembrar, nesta descolorida síntese, o valor da gratidão e a oportunidade de expressá-la a esse casal admirável, lembremo-nos de um irmão Probacionista que sempre dizia: “Há coisas que não se pode expressar com palavras. Somente a alma pode senti-las integralmente”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1965)