Arquivo de categoria Método para Adquirir o Conhecimento Direto

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Virtude Espiritual

Uma Virtude Espiritual

Em primeiro lugar, lembremo-nos da afirmação categórica de Max Heindel: “É parte de nosso trabalho pôr em prática nossas próprias linhas de esforço tanto como indivíduos como associação”. Max Heindel mesmo, mensageiro autorizado da Ordem Rosacruz, disse que depois de ter vivido um curto tempo na Alemanha, quando recebeu as instruções básicas expostas no “Conceito Rosacruz do Cosmos”, recebeu pouca instrução de seu Mestre. Em verdade ele constantemente se perguntava se seria correto chamar de “Mestre” ao irmão Maior, já que este dava unicamente uma palavra ocasional de conselho, e na maior parte das vezes deixava-o resolver seus próprios problemas e à sua maneira. Se aconteceu a Max Heindel, quanto mais então a todos os estudantes!
Ninguém tomará decisões por nós; devemos nós próprios tomá-las, em cada trecho do Caminho. Isto significa que os Irmãos Maiores da Rosacruz deixaram a Max Heindel e aos estudantes a liberdade de levar adiante o trabalho segundo seu melhor juízo e opinião. Mais tarde, na aurora da Era de Aquário, explicou o sr. Heindel: aparecerá publicamente um Mestre para dar um novo impulso à Obra.

Entretanto, nos aproximadamente seiscentos anos que medeiam entre nós e a Era de Aquário propriamente dita, o trabalho preparatório seguirá adiante com as linhas básicas assentadas na Filosofia Rosacruz. É supremamente importante compreender que o estudante Rosacruz não está “sob obediência”, no sentido em que estão os monges da igreja e a maioria dos cultos orientais. Os Irmãos não temem nem condenam a liberdade intelectual, nem os erros que resultam de seu exercício. Por suposto, todos cometemos erros e alguns até sérios. Mas, é muito melhor cometer erros no exercício da divina liberdade do que seguir cegamente os passos do Mestre, ou instrutor – ainda que o Mestre em questão fosse um Irmão Maior da Rosacruz e sublime Hierofante dos Mistérios.

Max Heindel disse que a Fraternidade Rosacruz é uma “escola preparatória”. Obviamente chegará o tempo em que o estudante da escola preparatória se graduará entrando para um colégio ou universidade para o qual esta escola o preparou. No caso, a “universidade” é a Ordem Rosacruz nos planos internos, onde o candidato “cola grau” como lrmão ou Irmã Leiga. O sr. Heindel escreveu que a meta e o propósito do método Rosacruz de desenvolvimento é emancipar o aspirante da dependência dos demais e fortalecê-lo de tal modo que possa confiar em si mesmo e permanecer só; de outra maneira o espírito se converte em presa dos demais tão logo quando entre nos mundo invisíveis e seja abandonado a seus próprios recursos. No processo de chegar a confiar em si mesmo, um grande obstáculo é removido do caminho do progresso, de modo que seja capaz de desenvolver a maior eficiência possível no serviço à humanidade, como colaborador consciente da Ordem Rosacruz, tanto exotérica como esotericamente.
Por que devemos considerar que temos que compartilhar com nossos amigos no Caminho esse fruto espiritual à medida que vá chegando a nós? Os mais fortes têm o dever de ajudar aos que sejam débeis. Os estudantes se convertem em Mestres. Os servidos se convertem em servidores. Note-se, particularmente que o estudante NÃO SE OBRIGA NEM AINDA COM OS IRMÃOS MAIORES DA ROSACRUZ. A razão pela qual não se deve obrigar a si mesmo é para que não reduza sua própria liberdade de pensamento e ação. Se a liberdade é preciosa aos olhos dos Irmãos da Rosacruz, obviamente eles não podem ser um partido para o zelo desviado e a devoção fanática do estudante ignorante que deseja “vender-se a si mesmo” como escravo. A tal estudante o Mestre poderá unicamente responder: “Desejas vender-te a mim como meu escravo? Talvez, mas eu não desejo comprar-te. Sou um objetante consciente de toda sorte de escravidão”.

Porque, pôr-se a si mesmo sob obrigação é, em verdade escravizar-se; e, portanto, os Irmãos da Rosacruz proíbem a qualquer estudante se obrigar com Eles ou qualquer outra pessoa. Nenhum estudante, nem Probacionista ou iniciado está sob obrigação com algum Irmão Maior da Rosacruz individualmente, e nem ainda à Ordem como um todo. Todos são agentes livres. Os Irmãos Maiores nos quereriam ver rebeldes e questionantes do que inquestionavelmente obedientes. Podemos rebelar-nos, questionar; podemos desafiar e acusar. Isto não nos fará perder o amor dos Irmãos Maiores da Rosacruz. Mas, o que com toda certeza nos cortará a linha espirituais de comunicação com a Ordem é a atitude de aderência infantil e submissão irracional à autoridade dogmática. Max Heindel expõe o assunto convincentemente: “Qual é o caminho para as alturas da realização religiosa e onde podemos encontrá-lo? A resposta é: QUE NÃO SE ENCONTRA EM LIVROS. Os livros são úteis na medida que nos subministrem pábulo para a meditação sobre os temas tratados. Podemos chegar ou não às mesmas conclusões que os autores dos livros, mas, contanto que levemos as ideias apresentadas a nosso ser interno e ali as consideremos cuidadosamente e com espírito de oração, o que resultar do processo será completamente nosso, e mais próximo da verdade que qualquer coisa que pudéssemos obter de alguém mais ou em quaisquer outras formas.

Portanto, o caminho para o estudante seria: não aceitar nem desprezar e nem obedecer cegamente a nenhuma autoridade, mas, esforçar-se por estabelecer o tribunal interno da verdade.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 7/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Paz de Deus

A Paz de Deus

De tempos em tempos ouvimos falar muito de paz; todavia, se pedirmos que nos deem uma definição da palavra “paz”, arriscamo-nos a obter uma resposta muito incerta e vaga. De um modo geral, pensamos que a paz é a ausência de guerra, ou a ausência de disputas, de ruídos ou qualquer ideia do gênero.

Essas coisas são, de fato, aspectos da paz, mas são todas negativas. De forma que somos levados a indagar se não há também um aspecto positivo. Uma coisa que é inteiramente negativa, se é que alguma coisa o pode ser, é sem dúvida insatisfatória e incompleta. Vejamos, pois, se não existe também um lado positivo.

Numa grande galeria de arte existe um quadro representando uma impetuosa queda de água, junto à qual cresce uma árvore. Num ramo dessa árvore, que se debruça sobre a queda de água, encontra-se um passarinho cantando em louvor a Deus. O quadro intitula-se “Paz”. Pensemos por um momento, e prontamente compreenderemos o que estava na mente do artista. Ele viu claramente, e representou com muito êxito, a ideia do aspecto positivo da paz.
Durante a primeira guerra mundial, foi uma coisa notável que, exatamente na “terra de ninguém”, por entre as granadas e as balas, os pássaros continuavam a sua vida normal, sem sequer saberem que o ser humano, que se imagina tão superior, lutava contra a sua própria espécie. Em certa ocasião, num castelo arruinado que se encontrava na linha de combate, eu e meus companheiros observamos um casal de andorinhas. Desde a madrugada até ao crepúsculo, esses dois passarinhos andaram de cá para lá, nas proximidades do seu ninho, trazendo ambos o bico cheio de moscas para os seus esfomeados filhotes. Viram também uma paz ativa.

Outro exemplo: Ouçam um pouco da música dos mestres — o “Largo”, ou o “Coro da Aleluia”, de Haendel, a “Sonata Patética”, de Beethoven, o “Noturnos”, de Chopin — e verão que essa música é ativa, que algumas dessas obras manifestam mesmo grande atividade, e, contudo, quando as tocamos ou ouvimos, sentimos uma intensa vibração de paz e conforto.

Na vida quotidiana encontramos a mesma coisa. Coloquemo-nos num grande edifício onde se produz força motriz, defronte de um grande gerador de corrente para uma cidade; ouçamos o seu constante e tranquilo sussurro, e sem dúvida experimentaremos uma sensação de paz.

Ou pensemos então no motorista de um carro, que segue por uma estrada adiante, e ouve o constante sussurro de um motor bem afinado. Ele está bem alerta, contudo descontraído na presença de um poder ativo, concentrado, mas dirigido.

Não, a paz não é negativa, não é um estado de inércia, mas sim uma sensação de atividade harmoniosa, pela qual nos sintonizamos com Deus.

Pensemos no ruído da máquina de escrever, que tem o poder de nos acalmar ou de nos irritar. Por que?

Simplesmente devido a forma como as nossas forças e emoções a ele reagem. E é sem dúvida aqui que se encontra a chave do mistério.

Não é a atividade ou a sua ausência que constituem a paz. É antes essa sensação íntima de harmonia e tranquilidade.

Mas, até aqui, temos estado a falar de paz simplesmente em relação a nossa condição humana. Para que possamos compreender a paz de Deus, não teremos de olhar ainda mais para dentro?

Em nossa vida quotidiana, estamos constantemente a encontrar condições propensas a perturbar e nublar os nossos Corpos de Desejos. Sempre que permitimos tal condição, perdemos imediatamente a sensação de paz, não é verdade? De forma que depende de nós defendermo-nos, reprimir a irritação ou a crítica em relação às ações do próximo; habituarmo-nos a dizer: “não a minha vontade, mas a tua”; aprender a considerar o ponto de vista das outras pessoas e, se se nos tornar necessário, dar a conhecer o nosso desacordo, fazê-lo com o devido espírito de amor e bondade. Quando procedermos assim — e concordamos que é uma coisa muitíssimo difícil de fazer — começaremos então finalmente a sentir aquela paz mais profunda, mais íntima, uma antecipação da verdadeira paz de Deus. Devemos observar que não há necessidade de nos retirarmos do contato com o mundo.

Evidentemente que não, pois dessa forma não podemos esperar senão os mais negativos aspectos da paz — a inércia, a qual de fato não é paz de forma alguma.

Não, nós não precisamos procurar a paz, temos é que harmonizar os nossos corações com o que nos rodeia. Tantas vezes ouvimos dizer: “Oh, se eu pudesse viver em outro ambiente!” Para quê? Uma vez que nos encontramos no ambiente mais propício para nós, nas verdadeiras condições escolhidas por nós próprios, antes de renascermos? Tantas vezes ouvimos, na verdade, e talvez o digamos a nós próprios: “Oh, se eu pudesse vir trabalhar aqui na Sede, como tudo seria simples para mim! ” Vejo um pequeno sorriso nas faces de alguns dos nossos obreiros.

Eles sabem perfeitamente que não é tão fácil. Aqui, como talvez em parte alguma do mundo, onde são enviados ensinamentos elevados e sublimes, onde as forças do bem são poderosas, exatamente aqui encontramos as forças negras do mal, concentrando-se para tentar anular todo esse bem. Ao passo que trabalhar na sede pode dar muita alegria e satisfação. É isso, sob certos aspectos, o mais difícil. Esses queridos amigos necessitam de todo o auxílio que pudermos dar-lhes. São apenas seres humanos, como nós próprios; cometem os seus erros; têm os seus problemas; conseguem fazer muito bem. Necessitam de pensamentos amorosos.

Devemos sempre lembrar-nos de que a Fraternidade não é apenas constituída pela Sede, mas sim pela soma total de todos os estudantes e Probacionistas, onde quer que se encontrem no mundo.

Por conseguinte, torna-se absolutamente óbvio que, ao procurarmos manter os nossos corpos sob fiscalização, ao tentarmos aprender a fé que se recusa a ser perturbada, então não somente começaremos a experimentar essa espantosa paz interior, a paz de Deus, mas começaremos também a irradiá-la para o mundo.

Com tudo isto, não conseguimos realmente definir a paz de Deus, não é verdade? Pois isso é algo que não se pode expressar devidamente. É qualquer coisa que apenas podemos sentir, à medida que nós formos nos reconciliando com aquela palavra espiritual de harmoniosa criação.

Mesmo assim, apenas entrevemos um fragmento da sua divina glória, pois é maior do que tudo que possamos imaginar.

Temos assim o aspecto positivo ou ativo da paz, e esse também é incompleto.

Para conseguir descobrir a verdadeira paz, temos necessariamente que equilibrar os dois polos. Ao passo que, em nossos múltiplos deveres e atividades, lutarmos por esse sentimento íntimo de paz, que é a presença de Deus, não devemos, contudo, negligenciar os nossos períodos de tranquila meditação, o silêncio das concentrações nos nossos serviços, a descontração e repouso das ocasiões em que nos encontramos a sós com os nossos pensamentos. Sim, ambas as coisas são muito necessárias, e quando conseguirmos abrir os nossos corações a esses dois aspectos da paz, experimentaremos essa paz divina de que tanto necessitamos nestes conturbados tempos.

“Possa a paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, manter o nosso coração e a nossa mente no conhecimento e amor Divinos”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 02/72)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Nossa “Bondade” tem que adquirir Força em Si Mesma

A Nossa “Bondade” tem que adquirir Força em Si Mesma

Durante a nossa jornada de purificação, quando nos esforçamos por mudar seriamente de vida e tornar-nos cada vez melhores corremos o risco de acabar parecendo tolos, dando ensejo a que pessoas mal informadas, interpretem nossa bondade baseadas em seus próprios padrões, como sinal de fraqueza. Daí podem surgir situações difíceis que vão exigir tremendos esforços de nossa parte, para que sejam corrigidos todos os enganos, e as coisas colocadas em seus lugares. Na verdade, leva um bom tempo até que nosso esforço para sermos melhores, apareça revestido de sua própria verdade, sob sua real aparência. Antes disso, há um longo incômodo interno até que se chegue a adquirir o aspecto de tranquilidade, paz e desprendimento real, que não poderá mais ser confundido com a aparência de uma pessoa tola e desavisada.

Para isso, nossa “bondade” deve adquirir força em si mesma, criada não só pelos nossos bons propósitos, mas principalmente pelas nossas boas realizações.

O exemplo máximo de força encontramos em Cristo Jesus, que era bom, justo, honesto e manifestava todas as qualidades superiores que eram raras na humanidade de seu tempo. Essas qualidades eram fortes e se sobrepunham às iniquidades e fraquezas dos que O cercavam, fazendo-O amado por uns e temido por outros. E foi por temor à força dessas qualidades que O crucificaram. Mas embora fosse Cristo um enviado do Pai para sacrificar-se por nós, redimindo nossos erros pelo seu sangue derramado na cruz, é seu exemplo que temos de seguir, para que seja possível despertar a força que existe em nós, e que é Deus em nosso próprio íntimo.
Porque, só quando pudermos nos apoiar nesta força, é que alguma coisa começará a dar frutos, no longo caminho de preparação que vimos trilhando. Esses frutos, porém, muitas vezes poderão parecer fugazes, como se a força conquistada em bem, nos esteja escapando, fazendo com que nos sintamos subitamente sós e desamparados. Mas, embora isso aconteça, não será prova de que Deus nos abandonou e retirou de nós a sua força.

Pelo contrário, vem provar que Ele está ainda mais próximo, a ponto de nos permitir experimentar nossa própria solidão, e nos fazer compreender e sentir que Ele é também esta solidão, que Ele também está no nosso desamparo.

Uma coisa é certa: nunca estamos sós. Deus está sempre presente, e é a nossa constância no Bem, nossa permanência na Verdade, que nos levará a sentir cada vez mais real a presença Divina. Mesmo que a impressão dessa Presença mude, que já não se manifeste como apoio, como graça, como auxílio, mas como percalço, como dura experiência, mesmo assim, ela, a Presença, está cada vez mais perto e mais sutil; não como uma força externa, mas como Poder dentro de nós mesmos, como aquisição conquistada pela nossa própria permanência na fé. E esta deve ser a nossa maior esperança quando tivermos que colocar à prova a nossa bondade, num mundo que nem sempre encontraremos preparado para recebê-la.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/73)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pó de Diamante

Pó de Diamante

Foi fascinante observar como um relojoeiro polia o delicado eixo de uma engrenagem de relógio. À medida que uma roda girava em minúsculo torno, o operário perito gentilmente comprimiu um pedaço de madeira macia contra a superfície estreita da espiga. Entremeio havia pó de diamante — o mais eficiente abrasivo conhecido na profissão.

“A espiga é a superfície externa da roda”, esclareceu-me ele. “Se esta peça não tem exatamente o formato que deve ter, é preciso poli-la de novo. O balancim é o coração do relógio, e se houver nele alguma dificuldade, qualquer coisa poderá acontecer depois”.

Aquela substância branca aparentemente inócua, aplicada com tanta suavidade pelo relojoeiro era que dava polimento a espiga e restituía ao balancim sua primitiva eficiência. O pó de diamante é o melhor dos abrasivos. O pó branco desfaz as asperezas e restitui as coisas a sua superfície lisa.

Muitas vezes na vida, nossa maquinaria mental e emocional deixa de funcionar com suavidade porque alguma coisa não está em perfeito estado. O balancim da vida faz atrito em muitos lugares porque a espiga está sulcada de deformidades desagradáveis, e crivada de depressões de pecado. Naturalmente, ficamos angustiados e ansiosos, porque não estamos com o nosso tique-taque correto.

Tudo parece andar errado quando alguma coisa no coração não funciona bem. O reconhecimento disto é o primeiro passo a tomar para prover uma solução para o problema. Portanto, certificai-vos de que o passo seguinte seja tão sábio quanto o anterior.

Ide ao Relojoeiro. Não vos desmontes sozinhos, e, por vós mesmos, remonteis. Evitai pensamento demasiado que reflita o próprio eu. Por que tentar por vós mesmos o conserto do balancim da vida? O Operário celestial consertá-lo-á. Sede pacientes e submissos ao trabalhar. Ele é seu torno, enchendo os vácuos do pecado e nivelando as detestáveis asperezas do egoísmo. Ele poderá usar um aparente abrasivo para polir a espiga, mas justamente isso é necessário para endireitar as coisas. Reponhamos, então, o balancim no relógio e observemos-lhe o funcionamento. Funciona suavemente de novo, não é verdade?

A Vida não é tão má quando aprendemos esse segredo, e buscamos de seu Autor, fortaleza e segurança. Teremos todos, alguma dificuldade com nosso balancim, cedo ou tarde; mas o Relojoeiro sabe solucionar a situação se Lhe concedermos a oportunidade de fazê-lo.

E os métodos que emprega para corrigir-nos são para o nosso bem. O pó de diamante é um aparente abrasivo, mas remove as asperezas e torna-nos de novo suave a vida.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fev./69)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um Desvirtuamento altamente perigoso

Um Desvirtuamento altamente perigoso

Quase todas as nações estão padecendo de um mal cada vez mais crônico: a utilização desvirtuada dos meios de comunicação. Para alguns, pode até parecer que temos algo contra a televisão, por exemplo. Mas isso não é verdade. Apenas lamentamos a destinação irresponsável desse abrangente veículo. Cremos ser possível fazer bons programas. Por que isso não acontece?

Sabemos quão negativo é criticar ou verberar em demasia. Porém, nossa consciência de estudantes rosacruzes não nos permite o comodismo da omissão. Sentimo-nos na obrigação de alertar para o perigo que constitui o emprego de um meio de comunicação – diariamente invadindo nossos lares – para uma finalidade nada construtiva.
Alguns programas são instrutivos e esclarecedores. Não nos iludamos, contudo.

São raros e de baixíssima audiência, pois as emissoras não lhes dão destaque nas “chamadas”. Parecem levá-los ao ar apenas por desencargo de consciência. Afinal, as massas apreciam viver ao sabor das ondas da emoção. Não lhes interessa pensar, porquanto julgam ser esse exercício enfadonho e incômodo, mormente após um estafante dia de trabalho. Nessa linha de raciocínio puramente útil esbarram os argumentos das pessoas bem intencionados. Como o objetivo final da televisão é lucro, não é difícil deduzir porque predominam os programas de auditório, os “enlatados” e as telenovelas.

Encontramo-nos numa fase de transição da Idade de Peixes para a de Aquário.

Todo período de transição caracteriza-se por transformações bruscas e uma generalizada sensação de insegurança. Os espíritos, principalmente os menos evoluídos, renascem em grande número. Sentem necessidade de passar pelo “tratamento de choque”, ou seja, pelas duras experiências, comuns a esse marcos evolutivos.

Como “semelhante atrai semelhante” é fácil imaginar porque os programas de baixo nível registram grande audiência. Eles “alimentam” o íntimo de um número espantoso de seres.

Agora, o leitor tenderá naturalmente, a perguntar: como o problema poderá ser resolvido?

Bem, uma solução que nos ocorre no momento seria uma tentativa dos seres humanos conscientizados do problema, em sensibilizar os empresários do ramo. Eles devem sentir a responsabilidade que lhes cabe quanto à formação do caráter das pessoas. Vale lembrar que o maior segmento da nossa população abrange crianças e adolescentes, justamente nas faixas etárias em que se plasmam os caracteres. Portanto, nossos líderes de televisão devem admitir que em suas mãos exista uma faca de dois gumes. Perante a Lei de Consequência responderão pelo uso que fizerem desse veículo de tão grande alcance.

Os malefícios da televisão, entretanto, não param por ai. Em outros aspectos esse poderoso meio de comunicação merece ser revisto, e até reformulado. E por que não? Outra das acusações que lhe pesam é a de isolar as pessoas, tornando-as pouco sociáveis. Se alguém duvida dessa afirmação, então procure visitar alguém durante o horário das novelas. Faça-o e depois confira. Ora, o ser humano é gregário por natureza. O relacionamento é parte indissociável de sua existência, por compreender um intercambio de sentimentos, ideias e aspirações. Quebrar essa reciprocidade significa violentar a própria natureza de cada um. Vocês notaram como o diálogo no lar torna-se cada vez mais raro?

Há quem diga, também, ser a televisão responsável pelo fato de nossos jovens quase não apreciarem a leitura. Por essa razão, muitos têm dificuldade em redigir corretamente até um simples bilhete. Os vestibulares a cada ano atestam isso. O audiovisual televisivo acomoda muito a capacidade intelectual das pessoas, roubando-lhes o estimulo para raciocinar e deduzir.

Mas não se julgue que tal problema ocorra apenas no Brasil. Um artigo publicado recentemente pela revista norte-americana “NEWSWEEK” revela a existência, nos Estados Unidos, de pelo menos 23 milhões de analfabetos. O problema agrava-se, a tal ponto, do governo americano estar elaborando, para os próximos anos, programas intensivos de alfabetização de adultos.

De acordo com os especialistas, três fatores estão concorrendo para a gradativa deseducação do povo norte-americano: o “bombardeio” ininterrupto de determinados programas de televisão, “que, decididamente, não melhoraram o nível cultural da população”; as estruturas educativas, que, atualmente, não correspondem mais as suas finalidades e, por último, o semanário menciona o tipo de vida predominante no país.

Esse último fator, acrescenta ”NEWSWEEK”, “isola pavorosamente o indivíduo em mini-comunidades, através de seus múltiplos jargões”. Prossegue a revista, ”com isso, cria-se uma condição de vida totalmente anômala, na qual não parecem ser necessários outros meios de comunicação, além daqueles proporcionados pela televisão”.
Vê-se, por conseguinte, um panorama não muito diferente daquele observado aqui no Brasil. Alguma coisa deve ser feita para, pelo menos, amenizar tal situação.

Nesta frase de Max Heindel consubstancia-se o ideal de cada aspirante: “Cada um guiado pelo Espírito do Amor Interno, deve trabalhar sem lideranças, pela elevação física, moral e espiritual da humanidade, à estatura de Cristo, o Senhor e a Luz do Mundo”. O estudante Rosacruz, ouvindo os apelos de sua consciência, deve contribuir da maneira que puder, para que os meios de comunicação atinjam uma finalidade cada vez mais construtiva. Pode parecer uma tarefa quixotesca. Mas a união de consciências, voltadas para o bem, é capaz de remover montanhas. Vale a pena tentar.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Chaves do Reto Pensar

Chaves do Reto Pensar

O que, na ausência de melhor título, é chamado “Chaves do Reto Pensar” é baseado na antiga verdade de que existe uma harmonia e ordem interiores, que sempre estão presentes, constituindo uma eterna e imutável Realidade. Daí se conclui que as inarmonias da vida se devem ao distanciamento, por parte dos seres humanos, dessa harmonia e ordem inerentes. A vida é governada por certas leis que, se obedecidas, resultam em saúde, integralidade, júbilo e toda suficiência.

É natural que a vida seja harmoniosa, ordeira e bela. A criação desses estados não nos exige imensos esforços, porque eles são a ordem natural das coisas que se manifestarão, tão logo deixemos de deformar a vida, por assim dizer. Podemos deformar uma bola de tênis quando a apertamos, mas se deixamos de pressioná-la, retoma sua forma redonda original, simplesmente porque essa é sua forma natural. Não precisamos de tornar a bola redonda: simplesmente devemos deixar de comprimi-la. O mesmo se dá com a vida: logo deixemos de deformá-la, ela manifesta sua ordem natural de beleza e perfeição inerentes.

A ideia original de perfeição, ordem, beleza e harmonia, sublinham nossa vida. As discórdias da vida, por exemplo: a doença, a nostalgia, a pobreza e outros males, decorrem da dissociação da ordem e da harmonia inerentes e fundamentais, sempre atuantes. No mundo exterior dos sentidos vemos muitas imperfeições, mas há uma ordem e harmonia ocultas, sempiternas e onipresentes. Quando uma tempestade ruge sobre o oceano, imensas vagas se debatem em fúria. Todavia, alguns metros abaixo o oceano permanece perfeitamente calmo e imperturbado. O mesmo se dá com a vida. Se vamos além da superfície, encontramos uma tranquilidade interior e uma perfeita ordem e harmonia.

Os sábios sempre falaram de um Mundo de Realidade interior. De forma nenhuma é uma ideia nova, embora o possa parecer a quem nos lê. A elucidação desse assunto não nos vem enquanto não estejamos preparados para recebê-la. Contudo, uma coisa é ter conhecimento a respeito do Centro Interior de Harmonia e Ordem, e inteiramente outra é estabelecer contato e pôr a nossa vida em correspondência com ela. Mas os sábios nem sempre informaram que o Centro de Harmonia está em nosso íntimo. Nem sempre disseram que em nosso íntimo existe esse reino de harmonia e de perfeição. Mas veio Alguém, há quase dois mil anos que o declarou: o reino da ordem e da harmonia está em nosso íntimo. Quando contatamos o “Centro mais íntimo em todos nós, onde a Verdade habita em plenitude”, descobrimos também estar ligados a uma harmonia e ordem universais interiores, que sublinham o mundo da aparência.

Tudo em nossa vida é resultado do pensamento, seja ele consciente ou inconsciente. “A Mente é criativa – o pensamento governa o mundo”. Se o todo de nossa vida-pensamento correspondesse à Ordem Interior – ou Verdade como a chamamos – então nossa vida exterior, por consequência, seria ordeira, harmoniosa e perfeita. Assim, o que chamamos de “Chaves do Reto Pensar” ensina como pensar retamente, ou seja, em sintonia com a Verdade. É desígnio da vida que sejamos felizes, jubilosos, sadios, verdadeiramente prósperos e bem-sucedidos. Não nos referimos ao êxito mundano, que pressupõe a impiedosa desconsideração aos demais. Queremos significar uma vida cheia de bênçãos, de harmonia, de ordem e do mais alto bem. Aludimo-nos as coisas preciosas que nenhuma riqueza pode adquirir: a felicidade, a paz, a harmonia, o jubilo, a beleza, a ordem, o amor, enfim, tudo o que legitimamente podemos aspirar e possuir, para termos uma saúde integral. Basta vivermos e pensarmos em harmonia com as leis de nosso ser.

Uma das verdades mais difíceis para um principiante aceitar é esta: “a vida é amistosa para conosco”. Eles estão inclinados a supor que seja realmente muito bom fazermos essa afirmação, porque a vida que levamos é de fato harmoniosa, ordenada e cheia de todo o bem possível! Podem pensar que nos seja fácil falar dessa maneira, porque desfrutamos harmonia: mas se tivéssemos de viver a vida deles, haveríamos de cantar uma canção diferente. Poderão pensar e mesmo dizer que se fossemos arrastados do pelourinho ao tronco, como eles o são, ou se nossas vidas estivessem cheias de discórdias, desapontamentos, inimizades, fracassos, doenças e outros males, como eles, então seríamos forçados a confessar que a vida está mui longe de ser amistosa. Pelo contrário. Contudo, o que afirmamos é verdadeiro. A Vida deseja que sua vida seja harmoniosa e abençoada, como a daqueles que atingiram isso. É da intenção divina que sua vida seja repleta de harmonia, de ordem, de bênçãos e de todo o bem possível. Não queremos significar que a vida se torne insipidamente fácil, sem qualquer colorido, experiência ou desafio, senão que você deve triunfar sobre qualquer situação quando as dificuldades se apresentem. O objetivo dessas explanações não é prometer coisas fáceis, mas tornar as pessoas fortes. Para citar Phillips Brooks: “Não oramos por uma vida fácil, mas para sermos indivíduos fortes; não oramos por tarefas a altura de nossas forças, mas por forças a altura de nossas tarefas”. Ensinamos a viver uma vida de poder e de superação.

Coisas, tais como: complexo de inferioridade, só podem existir quando alimentadas. Em vez de olharmos para trás, caminhemos para a frente e para cima. Em vez de evitar a disciplina da vida, cooperamos com ela! Tudo isto poderá parecer impossível a muitas pessoas. Poderão alegar que sabem muito bem o que devem fazer, mas que acham impossível consegui-lo. “As Chaves do Reto Pensar” mostram que, por meio da aplicação do pensamento (poder do pensamento criativo), podemos atingir o que parece impossível. Issoporque passamos a controlar as emoções e nos fortificamos, mercê do Poder Infinito que mantém o Universo. Não divulgamos domínio egoístico de uns sobre os outros, senão uma amorosa cooperação com a vida e com o próximo. Pela mesma forma como superamos a natureza, pela obediência as suas leis, assim também podemos triunfar na vida mediante a cooperarão com suas experiências e pela aceitação de seus desafios.

As pessoas criam suas próprias dificuldades na vida porque ignoram as leis que governam seu Ser; porque usam erroneamente sua imaginação; porque não sabem pensar retamente; porque suas emoções e desejos são desordenados e mal dirigidos; porque focalizam seus poderes e atenção sobre assuntos inadequados. A harmonia passará a substituir a discórdia quando aprendermos a viver de acordo com as leis que regem nosso Ser e quando os nossos pensamentos e emoções sejam controlados e dirigidas a objetivos dignos. Isso poderá parecer excessivamente difícil à maioria das pessoas, mas em realidade não o é. E não o é porque podemos sempre apelar a um Infinito Poder e Infinita Inteligência, a vontade. Não somos nós (a personalidade) que produzimos essas coisas extraordinárias, mas o Infinito Poder (o Espírito) é uma Infinita inteligência operando em e através de nós e de nossas circunstâncias.

A média das pessoas isola-se de sua Fonte e torna-se qual uma bateria descarregada. Em decorrência, executam dificultosamente seu trabalho e ao fim do dia encontram-se fatigadas. Também não veem diante de si nenhum horizonte, além da monótona repetição dos afazeres e das circunstâncias. Aquele que conhece a Verdade e a vive, é como uma bateria diariamente recarregada. Executa seu trabalho sem esforço e no fim do dia não está cansado.

Também recebe ideias em seu consciente, as quais, quando seguidas, podem melhorar grandemente suas perspectivas. Além disso tudo, ele vai se tornando, a pouco e pouco, mais harmonioso e seguro. Em vez de assolado pela vida, do pelourinho ao tronco, permanece em estado de calma. Em lugar da desordem, sua vida passará a exprimir harmonia e plenitude.

“Pelo pensamento errado, o homem transforma as forças boas da vida em enfermidades, carências, ansiedades e todas as demais manifestações de desarmonias. Contrariamente, quando o ser humano pensa em Deus em vez de contra Ele (ou no Bem, em vez de contra Ele), seguramente manifestará a saúde, abundância, harmonia e as mais altas realizações. Pode, então, conhecer a paz; pode viver em superação e indescritível júbilo”.

Nossa vida precisa de ser transformada a semelhança e beleza do Divino. É necessário retornarmos ao nosso Centro, a unida Fonte de toda a vida, em nosso Ser. Em vez de procurarmos remendar os efeitos, devemos nos voltar para as causas. Se nossa vida está errada, é mister procurar a causa de nossa desarmonia, ou melhor, buscar a Fonte da vida em si mesma. Até agora, com poucas exceções, a humanidade concentra seus esforços no combate aos efeitos – com resultados desastrosos. Assim que um mal é aparentemente superado e suprimido, outro maior surge, em desafio. Realmente, quanto mais combatemos os males, mais difíceis eles se vão tornando, porque lhes acrescentamos poderes que, em si mesmos, não possuem. Vemos, então, que o combate aos chamados males, em nossa vida, jamais, poderá removê-los, senão apenas aumentá-los. Os principais “males” em nossa vida são: a penúria, as preocupações financeiras, os cuidados relativos a “suprimento”, as enfermidades físicas, morais e mentais, a fraqueza, as inarmonias, os vazios internos, as insatisfações, os recalques, etc. Todos eles provem da mesma causa: a falta de sintonia com nossa Fonte Divina e com as Leis da Vida e do Ser. Inútil, pois, remediar os problemas, combatendo-lhes os efeitos. Os males aparentes são meros efeitos. É necessário remover-lhes as causas. Então a harmonia interior retornará e a natureza divina brilhará novamente em nossos horizontes, tal como naturalmente é: saudável, alegre, otimista, inteligente, equilibrada, farta, amorosa, dadivosa, pois Deus é felicidade.

Desejamos ser mui claros: a causa de todos os fenômenos é o pensamento. Tudo o que nos sucede de bom ou de mau é resultado dos nossos pensamentos e das emoções e atos deles decorrentes. O pensamento é um poder espiritual muito mais poderoso que a forma material. O Universo Real e Perfeito, invisível aos nossos sentidos, é a expressão de uma ideia Divina, um pensamento feito forma, o Verbo feito carne, pela Mente de Deus. O universo que conhecemos através dos sentidos é apenas um reflexo material do universo espiritual; é apenas um aspecto vibratório inferior e diminuto de Algo muito mais amplo e elevado. Nosso Universo físico pode também ser descrito como a criação da Mente carnal, mencionada em “o Novo Testamento”. Nenhuma dessas descrições é inteiramente satisfatória, mas cada uma delas é parcialmente verdadeira e satisfaz o propósito destas explanações. As palavras limitam as profundas verdades espirituais, mesmo os termos metafísicos e as explicações cientificas. Além do mais, desejamos ser objetivos e simples. É suficiente reconhecermos este fato essencial: todo o pensamento que esteja em harmonia com a Eterna e Absoluta Verdade, atrai para nossas vidas as naturais condições de felicidade, pois somos filhos e herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo. Mas, se, ao contrário, nossos pensamentos estiverem em desacordo com as Leis de Harmonia mantenedoras do Universo, passaremos a expressar em nossa vida, ambiente e circunstâncias, os efeitos correspondentes do chamado “Mal”.

Nosso mundo mental é como um “iceberg”: uma pequena parte acima da superfície das águas e enorme proporção mergulhada no oceano. A parte visível se pode comparar à Mente consciente. A Mente subconsciente é uma vasta área, abaixo do consciente. Aí é que a maioria de nosso pensamento é levado a efeito para nós. Se na Mente subconsciente existe uma ideia dominante de fracasso, de medo ou de fraqueza, ela afastará as decisões do indivíduo, levando-o ao fracasso. Se essa ideia dominante na Mente subconsciente é de enfermidade, começará a manifestar-se como condição mórbida, baixando o teor do corpo e esgotando o sistema nervoso. É uma triste condição na vida dessa pessoa.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/73 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Caminho Chamejante para o Interno

O Caminho Chamejante para o Interno

1º PASSO: A Inteligência começa ao pé do diagrama, ponto esse em que o estudante procurará, por autodeterminação, passagens bíblicas relacionadas à vida e obra de Cristo e as decorará. Uma singular escolha se refere:

  • aos Capítulos 14-15 e 16 do Evangelho segundo São João;
  • a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios;
  • as Bem-aventuranças do Sermão da Montanha em São Mateus, Capítulo 5;
  • os Salmos 23 a 91;
  • a Oração do Senhor (O Pai Nosso) e outros tantos textos auxiliares.

A escolha dos textos bíblicos para a memorização deverá ser feita de forma cuidadosa, a fim de haver perfeita compreensão, por parte do Aspirante, dos temas escolhidos e que contribuirão para nortear sua jornada no Caminho Luminoso . A escolha das palavras não deverá ultrapassar a casa das 1000 a 1200 para, dentro de seu raio de ação e domínio da consciência, fornecer o substancial, o âmago arquetípico.

De preferência essa escolha se relacionar à principal via da evolução humana. Os trechos escolhidos serão, praticamente, a soma dos ideais éticos e espirituais que o Aspirante tomará como guia, começando da Região Concreta do Mundo do Pensamento até os Mundos superiores, onde a vida pessoal tem seu destino totalmente erigido. A Oração perscrutadora e a Meditação ajudarão ao EU SUPERIOR, ao INTERNO, o CRISTO pessoal, a cooperar na coordenação dos textos bíblicos, bem como na finalidade que se tem em mira. O ajuntamento das formas verbais que simbolizam os ideais pessoais escolhidos e os contornos dos passos, como são demonstrados nesse artigo, trazem, com o passar dos tempos, o pleno desabrochar desses princípios na vida do Aspirante.

Guiado pelos passos aprendidos durante a memorização feita nas meditações matinais, a força racional e a atenção do pensamento inferior serão transferidas da forma seguinte:

1º – Através do Centro Cardíaco para as células físicas;
2º – Do Centro Cardíaco para os 5 pontos Estigmáticos;
3º – Logo, para os 3 Centros da Cabeça e, finalmente
4º – Elevado, com o autoconsciente intelecto e a espiritualizada essência de seus corpos, ao superior Reino da Trindade, alcançando o Fogo Cósmico do Espaço na Iniciação Superior, que o liberta da Terra com suas Revoluções, que são a origem de toda manifestação, se apresentando como ser humano Perfeito em nosso Universo.

2º PASSO: o coração é mais complicado. Seu desenvolvimento pode levar meses, e até anos. O sucesso, neste ou em outro caminho, depende daquilo que se consiga alcançar nos passos seguintes: REPETIR REGULAR E PERSISTENTEMENTE OS IDEAIS E MÉTODOS ESCOLHIDOS. Todos os escritores esotéricos da antiguidade, bem como os contemporâneos, são unânimes nesse ponto. A repetição é um fator determinante na evolução interna. Max Heindel chama constantemente a atenção dos estudantes a respeito dela, como a chave para o desenvolvimento oculto. Favor ler o Capítulo XVII – Método para Adquirir o Conhecimento Direto – Os Primeiros Passos do Livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos” de Max Heindel (edição brasileira), onde se diz: “os guias recomendavam que orassem sem cessar …”.

O PASSO 2 pode ser praticado durante o dia, fora do tempo normal da meditação. A ideia básica consiste na exata redação dos textos bíblicos, tomados pela Mente inferior concreta, do PASSO 1, e levados, diretamente, pelo PASSO 2, ao Centro do Coração onde deverão ser “pronunciados” até que, por força da repetição, os demais Centros são postos em movimento, conduzindo o candidato aos PASSOS 3 e 4 onde a subconsciência, até então subjugada, é libertada na Consciência Cósmica.

Durante a memorização mais profunda ou então na meditação costumeira, a Voz Criadora, situada no Centro da Garganta, aprende, por meio das múltiplas repetições das formas verbais construtoras, a inteirar-se dos escolhidos textos bíblicos e assimilá-los. O ponto principal consiste no fato de que a Mente concreta, racional, utiliza -se dessas formas verbais e as liga as suas formas arquetípicas abstratas para conseguir a união entre o coração e a Mente Abstrata.

A “pequenina e silenciosa Voz” do Mundo Criador “fala”, pela primeira vez, no Centro do Coração, sendo ouvida pelo ouvido interno, no movimentado ponto de consciência transferido para o interior do coração.

No capítulo “A ‘Queda do homem'” do livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos” está escrito o seguinte: “A LARINGE ESPIRITUALIZADA E PERFEITA FALARÁ A PALAVRA CRIADORA” (leia todo o parágrafo). Max Heindel, continua: “A voz silenciosa e íntima do coração volta a falar cada vez mais intensamente, a fim de ensinar o caminho”. Para transferir com menor dificuldade as palavras aprendidas ao Centro Cardíaco, o estudante deverá imprimi-las fortemente no coração através do cérebro (via mental) e aguardar as respostas da voz silenciosa provindas de dito Centro e que não serão ouvidas senão por si mesmo. A partir de então, o aspirante passa a viver e pensar, verdadeiramente em seu coração. Então, a consciência ouvirá, partindo dali a palavra criadora dos verbos aprendidos. Mediante os esforços pacientes da vontade, virá o resultado almejado. No princípio, titubeante, porém, mais tarde, com toda a intensidade da voz silenciosa”.

Dominadas as primeiras palavras, junta-se mais uma ou duas, depois uma frase, um parágrafo; palavra por palavra, até que todas as filas do texto aprendido são transferidas ao Centro do Coração, ali ouvidas calmamente, por meio do transferido ponto de consciência. As formas verbais, bem como o espírito-arquetípico dos textos aplicados nas meditações cotidianas se tornarão a chave do canal pelo qual a Mente Concreta se transfere à Mente Abstrata, através do Centro Cardíaco. Por esse método o aluno passa a viver no espírito das formas verbais bíblicas, tornando-se uma parte da forma arquetípica, da qual originou. A partir de então, durante a Meditação, serão abandonadas todas as coisas materiais, que antes eram consideradas reais e que agora esfumaram-se devido à transferência do ponto ou foco de consciência que mencionamos acima.

3º PASSO: o Corpo de Desejos. Para se obter êxito nesse ponto, o estudante deverá ler atentamente o livro “Iniciação Antiga e Moderna” de Max Heindel e ter à mão um livrinho com anotações relativas aos textos que se referem ao FOGO NETUNIANO DA ESPINHA DORSAL, DO CORPO DE DESEJOS, E DOS CENTROS ENIGMÁTICOS, para estudos comparativos. Entre os temas anotados, os “Santos Centros” serão de grande auxílio durante a Meditação. Nas condições de total absorção do discípulo no Espírito Santo, no Espírito de Vida e em superiores Fontes de Inspiração e Instrução, é-lhe dada a possibilidade de se inteirar dos princípios científicos, propositadamente omitidos no “Conceito Rosacruz do Cosmos” pelos Irmãos Maiores, por meio dos seus próprios recursos e esforços. Se o estudante se dispuser realmente a acelerar sua evolução interna, sem dúvida alguma, não mais se verá impedido na busca da Luminosa Tocha da Sabedoria Iniciática, porque a revelada Aura do Mestre é transferida à sua luz crística, ou em outras palavras, o discípulo passa a viver na Luz de seu Mestre.
Regras e restrições feitas por seres humanos não têm valor algum no domínio transcendental da Mente Abstrata. Aqui, o Voto do estudante obriga-o a servir ao “Eu Superior”, que lhe proporciona uma visão exata de sua carreira evolutiva. Por meio dos pensamentos arquetípicos e das formas verbais dos textos bíblicos memorizados, emanados do Centro Cardíaco ao Centros Estigmáticos, e desses às células físicas, o candidato sente a libertação interna como consequência da obra criadora, pelos ensinamentos e auxílio curador, enquanto que o Fogo Netuniano da espinha dorsal, originado no Plexo Sacral, transmite intensas energias eletrônicas e magnéticas incandescentes aos centros físicos e às células. Por sua vez, o Espírito, pelo laço da consciência transcendental que o liga ao Fogo do Espaço (agora fluindo através de seu “Ser Crístico”), é unido ao ESPÍRITO que também estava em Cristo-Jesus.

4º PASSO: O TRÍPLICE SER DO ASPIRANTE NA TRINDADE. Por meio da consciência-fogo-espírito elevada, ligada ao Fogo do Espaço, funde-se a inteligência (Intelecto) do aspirante, agora mais e mais acelerada, com o Espírito Virginal de seu Eu Superior. Durante os períodos de Meditação, ele sente que a Tríplice Divindade: Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano, ou seja, a Tríplice Forma Espiritual, é nutrida (pabulum) pelas Almas: Consciente, Intelectual e Emocional, extraídas dos Corpos: Denso, Vital e de Desejos, purificados pelas experiências diárias (Favor estudar o Diagrama 5 do Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”):

 

A espiritualizada essência divina na consciência transcendental do Aspirante junta-se, em virtude do “Batismo de Fogo” do Tríplice Espírito, à parte permanente da Trindade Superior. No Diagrama 5 acima, o transformado Espírito do estudante (Espírito Humano) eleva-se, com o auxílio do Corpo Pituitário, à sua contraparte macrocósmica, o Espírito Planetário, no centro da Terra, demonstrado no centro do desenho. O segundo princípio espiritual do estudante (Espírito de Vida), eleva-se, com o auxílio da Hipófise (Glândula Pineal) em busca do segundo nascimento no Cristo Cósmico, encontrando na “Aura” que circunda a Terra, o purificado Espírito de Vida, sua contraparte macrocósmica. Finalmente, o Espírito Divino do estudante eleva-se com o auxílio do Centro localizado no Sinus Frontal (Raiz do Nariz) para unir-se, no anel externo, com o Pai do Cosmos, de Quem toda a vida manifesta flui. Não obstante, a despeito do processo espiritual aprendido no princípio da caminhada consciente, o Aspirante, desde algum tempo, já e um aluno adiantado por força do Voto feito ao seu “Eu Superior”, de amá-lo e servi-lo.

Finalmente, Cristo entregará a perfeita obra ao Pai. Quando o Espírito Planetário for libertado por meio do estado de salvação do ser humano, para que “Deus possa ser em todas as coisas”. Englobando todos os “passos” do Diagrama 5, reaparecem os Fogos do Espaço – da origem – que passam a atuar em cheio no “Batismo de Fogo” sobre a nova criatura e em sua adiantada consciência motivando seu progresso como Espírito autoconsciente.

No “Batismo de Fogo” do Pai, do Filho e do Espírito Santo, demonstrado pelo centro do Diagrama, o consagrado Mestre e curador será levado, por seu amor e compaixão cristificados, ao serviço daqueles que buscam auxílio e passam por toda sorte de sofrimentos e enfermidades, pois, para isso, agora tem autoridade. A partir desse momento, aquele que vier em busca de socorro, despertará, em virtude de sua fé inabalável no Espírito, a Essência Espiritual Crística que lhe é inerente, recebendo, dessa forma, a Força Curadora provinda diretamente do Pai.

Cada ponto meditado deve estar impregnado da LUZ CRÍSTICA, possibilitando ao estudante sentir intimamente o ideal alcançado em PENSAMENTO-FORMA. O estado perfeito da Meditação – o ponto focal da consciência – pode prolongar-se por longo tempo, o que trará paz e rejuvenescimento.

PARA OBTER ÊXITO NA MEDITAÇÃO

A) Dormir sozinho e tranquilamente;
B) Purificar a vida, observando a dieta certa;
C) Libertar o espírito de tristezas e preocupações;
D) Afrouxar o espírito e o corpo – o segundo, deve, como sempre, estar comodamente deitado de costas e totalmente relaxado. Caso haja tensão nervosa ou mental, deve-se interromper a Meditação, até que a tranquilidade total retorne.
E) Geralmente, deitar-se bem cedo.

A prolongada Meditação pela manhã, quando possível, é permitida, depois do exercício de Concentração matutina.

Quando se trata de conhecimento imediato, inspirado pela fonte interna, o Eu Superior sempre desperta o Aspirante para a realização da importante Meditação matutina. Primeiramente, o corpo deverá estar tão relaxado e alheio ao meio-ambiente, à semelhança de quando se encontra em sono profundo. Só assim os veículos superiores põem-se em movimento, e nesse estado, todos os pensamentos elevados terão poder de rejuvenescer o físico. Os Centros-Espírito-Coração e os textos bíblicos memorizados, transmitidos às células, propõem-se como temas iniciais, pois, conduzem passo a passo, ao elevado ponto da consciência, na seguinte sequência: tais textos representam garantias convincentes como ideais condutores ao ponto focal da consciência nos passos da Meditação, sem os quais a prevista libertação do discípulo tornar-se-ia quase impossível. 

Na Meditação, que se prolonga por longos anos sobre os textos bíblicos, confirma-se que os princípios fundamentais da comunidade cristã contêm formas ocultas e místicas da evolução; o que torna, por isso, a Bíblia, o tema regular utilizado pelos grupos de investigadores no mundo inteiro, e ainda, os textos memorizados nos Centros-Espírito-Cardíaco-Celular formam vitalizados núcleos espiritualizados das experiências diárias que, finalmente, conduzem o discípulo à libertação no Cósmico.

PROPOSTOS OS PRIMEIROS PASSOS, PRESSUPÕE-SE QUE O INTERESSE PRINCIPAL DO CANDIDATO SERÁ O DE ENCONTRAR O CAMINHO INICIÁTICO COMO OCULTISTA OU MÍSTICO!

Nesse Diagrama revela-se ao Aspirante o seu Ser-Crístico. O método para trilhar o Caminho da Luz, zelosamente guardado pelos Irmãos Maiores, pode ser visto e aplicado para a edificação do Corpo-Alma-Templo, não edificado por mãos. Sabemos que todas as escolas esotéricas guardam um ensinamento interno e outro externo. A imensa e intrincada rede das partes de nossa consciência em desenvolvimento, que nosso Universo representa, deve ser entregue de forma inteligível à inteligência racional do aspirante, para que ele possa encontrar seu caminho.
Centenas de anos de pesquisas cientificas e práticas dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz baseiam-se nos imensos e reconhecidos princípios dos ensinamentos da Sabedoria Antiga, revelados nos princípios cristãos e enquadrados no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e de forma reduzida pelo nosso Diagrama.

EPÍLOGO
Entrega-te, pois, a essa Vida Divina e Infinita; a essa Atividade Cósmica misteriosa na qual submerges e nasces de novo. Confia-te a Ela e faz-te curar. Atira fora as algemas dos sentidos, os tropeços dos desejos, o que só o misticismo pode fazer. Faze do Interesse Universal o teu interesse; levanta-te para a Liberdade, a espontânea Vida Criadora que vive em teu SER individual que é a tua parte da Vida Universal.

Tu mesmo és o ESSENCIAL! – uma energia livre do centro – mas… acaso o sabeis? Poderás alçar-te aos Planos Superiores se assim o desejares, como bem diz Platão: “Semelhante a ostra, vives dentro da concha, a qual poderás abrir à Água da Vida, nutrindo-te da vitalidade imortal”.

Somente isso poderás realmente chamar de Verdadeiro. Cor ad cor loqitur… (falar de coração a coração).

Por outro lado, eleva-se a beneficiada personalidade do místico – sua autodisciplina, sua prontidão criadora ao serviço e ao sofrimento, e sua vontade irremovível – a finalidade superior a saber: a força normal do espírito sobre o corpo, força essa por todos possuída.

O estado contemplativo parece dinamizar a vida, resultante do descobrimento de graus mais profundos de personalidade. O “Eu” bebe das fontes que vivem e se alimenta do Universo.

O verdadeiro entusiasmo é uma total superação da vida. Nisso parece haver lugar para um contato de forças com a Verdade, sendo depois o sujeito, muito mais real. “Muitas vezes” – dizia Santa Tereza – “volta a saúde ao doente porque o êxtase das novas forças, algo imenso, foi dado à alma”. Foi efetuado um contato com um Superior plano da existência, que a rotina diária não abrange. Desse fator resulta a extraordinária força de perseverança e independência das circunstâncias externas que os grandes êxtases, muitas vezes, desenvolvem.

(Publicado na revista Rays from The Rose Cross, Evelyn Underhill, traduzida por F.P. Preuss e publicada na Revista Serviço Rosacruz de fev. /73 )

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Estar Receptivo

Estar Receptivo

Entre as várias instruções que são dadas pela Filosofia Rosacruz, encontramos sempre as que nos dizem: “orar constantemente” – “Estar receptivo à Força Curadora do Pai” – “Faça-se a Tua Vontade e não a minha”.

Quando nos é dito: “Orar constantemente”, compreendemos ser uma referência ao alimento que devemos dar ao nosso Cristo Interno, o Cristo que habita em nós. O eterno que está dentro de nós deve ser alimentado com o nosso trabalho diário; com a responsabilidade pelos deveres assumidos; com amor, perdão e alegria; com o encanto para o bem; com o respeito aos reinos da natureza; com o cultivo das artes; com os sentimentos positivos; com o conhecimento aplicado, com todas as manifestações de Deus. Quando nos é dito: “Estar receptivo”, compreendemos ser uma referência a estarmos abertos, preparados, dispostos para receber a Força Curadora do Pai. Para que o sol entre em um ambiente é necessário abrir a janela, assim como para receber um cumprimento é necessário estender e abrir a mão. É o estar receptivo a algo que nos vai favorecer, que realmente desejamos – é o esforço que temos de fazer, é a nossa própria participação no caso.

Quando nos é dito: “Faça-se a Tua vontade e não a minha”, estamos colocando toda a nossa fé e confiança na Sabedoria do Pai, pois não sabemos os desígnios que nos foram reservados e o porquê do nosso sofrimento. Mas sabemos que em todo o mal há sempre um bem em gestação e a força do nosso pedido, a sinceridade das nossas intenções pode, muitas vezes, modificar uma condição de sofrimento.

A força que nos leva a Deus é a e o ato de integrar-se na espiritualidade, é um ato tranquilo, de puro amor e confiança. O processo é interno e íntimo.

Deus é amor e através dele é que atingimos a plenitude de nossa consciência e evolução.

Que a paz de Deus e as doces bênçãos divinas encontrem, em cada um de nós, a receptividade e o alimento para permanecerem.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Os Dani e o Sexo

Os Dani e o Sexo

“A tribo Dani, composta por aborígenes de Nova Guiné, é um estranho caso de comportamento humano, pois contradiz um dos mais fortes instintos da natureza – o sexo. Os ‘danis’ se interessam bem pouco pelo sexo. Durante toda a sua vida se dedicam a outras atividades, para grande espanto dos cientistas que estudam sua civilização e costumes. “.

“Um casal Dani realiza comedidamente suas relações conjugais. Só as inicia após dois anos de convivência. Como regra geral, abstém-se de relações durante cinco anos, após o nascimento de cada filho. “

“Esses inteligentes indígenas não conversam sobre sexo nem se manifestam frustrados pela abstinência sexual. O professor Karl G. Heider, da Universidade de Carolina do Sul, conviveu diversos anos com os Danis e acredita que tais fatos “têm importantes implicações para nossa compreensão do comportamento sexual humano. “

“Segundo Heider, essa descoberta parece desafiar a teoria de Freud, segundo a qual existe em todos os seres humanos certa quantidade de energia psicológica que se expande de uma forma ou outra: ou nas atividades sexuais ou na violência (guerra) ou em criações artísticas ou científicas. “

“Esclarecemos que os Danis são fortes, corajosos e gozam de excelente saúde. Às vezes lutam com tribos vizinhas, mas o fazem sem o ódio e agressividade, que são as características da maioria dos outros povos. O adultério é quase desconhecido entre eles e a abstinência sexual não parece torná-los insatisfeitos. “

“O prof. Heider se pergunta: ‘Os Dani terão de aprender de nossa sociedade, ou, pelo contrário, deveremos nós seguir o seu exemplo? “

É louvável o esforço dos cientistas e lamentável que fiquem condicionados à ciência acadêmica, limitada pelas estreitas possibilidades comuns. Se o dr. Heider se desse à abertura de ler um pouco da Filosofia Rosacruz, poderia encontrar uma clara resposta à sua dúvida.

A deturpação sexual é um vício profundamente arraigado na raça humana em geral; um ignorante hábito, bem antigo. Como sabemos do enorme poder do hábito, não recomendamos violentas e súbitas mudanças, que podem ocasionar recalques e frustações piores. O método Rosacruz baseia-se na reforma em geral no próprio veículo dos hábitos: o Corpo Vital (ou etérico). Pela persistente e gradual mudança de hábitos, para melhor (segundo as revelações mais elevadas que recebemos por Max Heindel), buscamos efetivar a transformação de modo racional e equilibrado.

Que é o ideal na questão sexual?

O apontado pela Bíblia: o sexo deveria ser utilizado apenas na fecundação, do modo mais puro possível, para gerar corpos puros, sem paixão, que leva a semente da discórdia e da enfermidade.

Após a fecundação, os atos sexuais, carregados de paixão, causam perturbações vibratórias e fazem sofrer a criança que se forma no ventre da mãe. Diríamos que é melhor fazer a abstinência sexual durante a gestação do que após o nascimento. No entanto, no caso da mãe amamentar o filho (já se vai tornando raro, infelizmente), também a paixão sexual afeta o leite.

Há uma distância entre o que somos e o que deveremos ser. Mas não devemos perder de vista o ideal, buscando aproximar-nos dele, por um método racional. Os conceitos científicos são muito relativos. Um espiritualista sincero tem possibilidades incomuns. Entretanto, o casamento implica diálogos e nenhuma decisão deve ser imposta unilateralmente. De comum acordo, num fraterno diálogo, a questão sexual deve ser resolvida, sem exageros, senão baseada numa atenta observação das possibilidades internas.

Com as gerações, a verdade se estabelecerá, mostrando que, pelo menos nesse aspecto, os Danis estão mais certos que os “civilizados”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz dez/76)

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O Poder do Pensamento

O Poder do Pensamento

“Persistência” e “Força de Vontade” – fatores de realização em qualquer área — são apenas expressões outras de “Pensamento Repetido”, que tanto pode estar sob o controle do Eu Superior quanto do eu Inferior humano.

A formação de hábitos se baseia nisso. Ensina a moderna Psicologia que “A repetição do ato produz o hábito; a repetição do hábito faz o vício”. Mas o que é o “ato”? Todos sabemos que é uma expressão do Pensamento, pois o primeiro só pode existir se formulado antecipadamente pelo segundo. Substituindo-se então a palavra “ato” por “pensamento”, podemos dizer, atingindo a raiz invisível do ensino acadêmico: “A repetição do pensamento gera o hábito; a repetição do hábito engendra uma nova natureza”. É que uma vez formado o hábito, aquilo que lhe seja inerente — de bom ou de mau, de superior ou de inferior — caminha decididamente para um estabelecimento poderoso. Em outras palavras: caminha para uma efetiva concretização. E de qualquer ângulo que se o contemple não deixa de ser um “pensamento repetido” se materializando.

Todavia, por que a repetição do pensamento produz tão ponderável efeito? À luz da ciência oculta isso se dá simplesmente porque a repetição do mesmo pensamento atrai maior quantidade de matéria de desejos, suficiente para impregnar nossa aura de um colorido peculiar.

Esse colorido é vibração, e seu tom afina-se com o da natureza da vibração do objetivo colimado. Pela Lei de Atração dos Semelhantes nossa aura total, como se fora um grande imã, passa a atrair cada vez mais fortemente aquele objetivo. E por força dessa atração, se o objetivo não puder vir até nós (caso de um pais estrangeiro, p. ex.) nós vamos até ele. Igualmente, e por efeito da mesma Lei, é que nossos pensamentos inferiores são reanimados por elementais de idêntica natureza.

‘Mas qual o mecanismo? Como funciona isso? Vejamos: a matéria de desejos que se agrega a nossa aura como pensamento-forma impele-nos à ação. De maneira que, quanto mais frequentemente repetimos os mesmos pensamentos mais matéria de desejos atraímos e, portanto, mais disposição sentimos para agir na mesma direção.

E que a dita matéria atua sobre o nosso Corpo de Desejos, que comanda os músculos e por sua vez age sob a dinâmica influência do Planeta Marte.

Por outro lado, a força de repetição do mesmo pensamento, o caráter e a natureza desse pensamento, além de se imprimirem no Átomo-semente do corpo físico, estampam-se também no Éter Refletor do Corpo Vital. E o que quer que se imprima fortemente nesse éter, atua, do mesmo modo (harmoniosa ou desarmoniosamente) sobre os éteres restantes e, consequentemente, reflete-se em todo o corpo físico, uma vez que esse é regulado e controlado pelas glândulas endócrinas – expressões desse corpo etérico. E aí está como o pensamento pode agir também sobre o nosso estado físico de tal modo que, se bons nos produzem saúde, se maus nos acarretam doenças. E eis ainda por que se pensarmos alegremente nas horas das refeições, isto concorre para uma melhor digestão e assimilação.

Essa mudança nos dois veículos físicos reflete-se por sua vez no Corpo de Desejos e fecha a cadeia novamente na Mente.

Formado esse elo – no centro do qual gravita o Ego – fica por conta da vontade desse o reforçar ou enfraquecer tal elo pela repetição dos mesmos pensamentos ou sua substituição por outros.

Por meio de tal experiência o Ego pode sentir-se “rodeado” de luz (aura brilhante) ou de sombras (aura “turva”), dependendo isso da natureza dos pensamentos gerados e alimentados e dos objetivos visados. E como o Ego é Consciência, a mudança em nossa natureza interna atua em nosso consciente, reforçando ou enfraquecendo o domínio do Espirito sobre os seus veículos,

Daí a importância de alimentarmos somente pensamentos superiores, pensamentos puros. Isso também explica esotericamente o contexto do enunciado paulino contido na Carta a Tito (Cap. 1 vers. 15): “Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente quanto a consciência desses últimos estão corrompidas” (consciência aqui é sinônimo de inteligência mercurial)”.

Com base em tal mecanismo é que Max Heindel afirma como porta-voz da Ordem Rosacruz: “Todo desenvolvimento oculto começa com o Corpo Vital, sede da memória”. Pela análise acima poderíamos acrescentar de nossa parte e em conclusão que de certo modo esse desenvolvimento se inicia primeiramente na Mente – sede do pensamento. E inegável, que nosso ambiente e circunstâncias (salvo naquilo que por destino é inalterável) são frutos do nosso pensamento. Criamos para nós o que de melhor ou de pior existe pelo simples pensar seguidamente nisso. E é dessa forma que comandamos nosso destino, que dirigimos nosso barco, ou “regemos nossas estrelas”. O barco é nossa vida, o timoneiro é nossa Vontade (atributo do Espírito), e o leme o Pensamento. O Poder do Pensamento.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz dez/76)

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