A Valorização da Vida; afinal a solução está dentro de você
No rol de deveres do ser humano, particularmente do espiritualista, enfatizamos um como sendo básico e, de certa forma, abrangendo todos os outros: valorizar a vida.
O espírito pouco afeito à solidariedade humana passa indiferente às carências alheias. A palavra carência, dentro do tema proposto, assume, também, dimensões abrangentes. Quando nos referimos a indivíduos carentes, a primeira ideia suscitada – e cremos ser mesmo assim – é a de que lhes falta algo indispensável à subsistência física: pode ser alimento, agasalho, medicamento, moradia, ou, então, algo passível de garantir-lhes o futuro, como instrução, por exemplo.
O enfoque dado habitualmente às necessidades humanas, raras vezes foge ao contexto acima mencionado. Há uma razão para isso: a extrema limitação do ser humano ao mundo material. O ser comum, ignorando sua condição essencial de espírito, não pode atinar com outra realidade a não ser a que o circunda e lhe é perceptível através dos sentidos físicos. Tão agregado ao terra-a-terra ele permanece, a ponto de não admitir a existência de causas suprafísicas como origem de manifestações fenomênicas.
A Mente não identificada com as profundas investigações sobre a origem, estado atual e futuro do ser humano e do mundo desponta fantasiosa e inverossímil à simples hipótese de que tudo é regido por Leis Cósmicas imutáveis.
Daí a dependência exclusiva de instrumentais meramente humanos para equacionar os mais intrincados e transcendentais problemas, ora inquietando a humanidade. E como nem sempre a solução é encontrada, a preocupação e o desespero tomam conta de muitos.
Com frequência cada vez maior, são debatidos e analisados, nas altas esferas, questões relativas ao meio ambiente e à qualidade de vida nos grandes centros urbanos. Nesses, a grita é geral contra algumas distorções da vida moderna: poluição, condições de vida cada vez mais desumanas, marginalidade, pressa (que a nada conduz), neurose, artificialidade, solidão, dizimação de áreas verdes, etc.
Discute-se o assunto, promovem-se congressos, legisla-se a respeito, mas o ser humano reitera suas transgressões.
Além desses problemas, outros parecem exigir também urgentes soluções, desafiando a humanidade: as perspectivas de uma superpopulação à mercê de uma assustadora insuficiência de alimentos e o esgotamento progressivo de reservas energéticas, ameaçando esmagar a economia mundial.
Ora, tais desequilíbrios foram engendrados pelo próprio ser humano através de sua ambição, de sua vivência egoísta, de sua sede de poder. Compete-lhe, por conseguinte, no cultivo das virtudes opostas, restaurar a harmonia.
A solução pode ser encontrada no interior do próprio ser. Basta desenvolver e expressar as amorosas qualidades de empatia, afabilidade, caridade e espírito comunitário. A ajuda mútua torna-se um imperativo nos agitados dias em que vivemos.
Muitas pessoas sentem-se deprimidas pela solidão; anseiam por uma voz amiga, capaz de lhes preencher o imenso vácuo interior. Outras carecem de autoafirmação; aspiram por ver reconhecidas suas qualidades. Há aquelas cujas idiossincrasias as tornam pouco atrativas; necessitam de um pouco, talvez de uma minguada gota de compreensão. Há o jovem desejoso de que o aceitem com sua espontânea autenticidade. Há o velho reclamando um pouco de atenção. Há o animalzinho querendo afago. Há a flor e a árvore clamando por cuidados e admiração. Há a criança necessitando de amparo. Há a natureza, expressão física de Deus, rogando para ser preservada, no interesse da própria humanidade. Há pessoas de todas as raças e nacionalidades, de variados níveis culturais, de diferentes camadas socioeconômicas, formando uma multidão; mãos estendidas, olhos suplicando amor, só amor.
Em cada um desses seres palpita a vida.
E se desejamos um mundo melhor, tratemos de valorizá-la.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 09/1975)
Psicometria, em Síntese
Nos dias que correm, mormente através da Parapsicologia, um fenômeno tem despertado a atenção de estudiosos e curiosos: a psicometria. Verifiquemos, sucintamente, o que a Filosofia Rosacruz nos diz a respeito, por meio da palavra autorizada de Max Heindel:
“O Éter interpenetra toda a matéria do Mundo Físico, de maneira que os átomos químicos de qualquer substância, por densa que seja, não se tocam. Cada um vibra em um campo de Éter.
“Todos os objetos emitem vibrações desse Éter, levando à nossa retina as imagens de todas as coisas que nos rodeiam. Essas imagens não se perdem.
“No Éter formador do nosso Corpo Vital existem gravações, imagens de todas as coisas que temos observado conscientemente. E nossa capacidade de evocá-las depende de as lembrarmos ou não.
“No Éter que interpenetra cada objeto há uma imagem de tudo quanto o rodeia. Nas paredes de nossas casas estão gravadas todas as cenas, todos os incidentes ali ocorridos. E ainda que sejam pintadas, não será possível eliminarmos as impressões ali deixadas. Se extrairmos um pedacinho de argamassa de uma habitação, levando-o a uma pessoa dotada de visão etérica, é possível que ela lhe observe o Éter e nos relate algumas cenas ocorridas naquele lugar. Se lhe mostrarmos um pedaço de pedra das pirâmides do Egito, poderá vê-las tão perfeitamente como se fosse uma fotografia, porque o Éter dos objetos é que imprime sua imagem na placa fotográfica. E a única diferença entre essa impressão e aquela que recebemos na retina é que a primeira podemos fixar na placa e observá-la novamente a qualquer momento. Por outro lado, não nos é dado vislumbrar tão claramente as cenas do nosso passado em circunstâncias ordinárias.
Contudo, o psicômetra, capaz de ver no Éter, tem uma possibilidade imensa à sua disposição.”
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/77)
Diálogos do Silêncio
– Conta-me, anjinho, por que esse ar feliz?
– Ainda não sabes, estrela amiga? Eu vou nascer. Deus já escolheu a minha família. Oh, estou tão feliz! O milagre da vida já aconteceu e eu nascerei do amor de meu pai e de minha mãe.
– Que bom! E quando será?
– Daqui a nove meses. O amor já fez o encontro sagrado das Sementes da Vida. Já existe o pequeno ser que será meu corpo. Estou tão impaciente! Não vejo a hora de nascer.
– E agora, conta-me, anjinho, por que estás sorrindo?
– É de felicidade. Deus deixou que eu conhecesse meu pai e minha mãe. Ele é forte e bonito e ela… oh, ela é maravilhosa! Conheci também meus dois irmãozinhos. São alegres e brincam muito. Não vejo a hora de nascer para brincar com eles. Estou tão orgulhoso da minha família!
– Isso vai ser logo.
– Vai, sim. Sabe? Meu corpinho já está crescendo. Mas ainda não dá para ver como serei. Você acha, estrela, que eu vou ser bonito?
– Claro que sim. Mas por que preocupas com isso?
– Não sei. É o único medo que eu tenho, mas é um grande medo. Se eu não nascer bonito, talvez não gostem de mim. Tenho tanto medo de não ser amado!
– Que bobagem, anjinho! Não percebeste como teus pais gostam de teus irmãozinhos? Pois, então gostarão também de ti.
– É. Acho que sim. Eles são muito bons e eu já começo a amá-los.
– O que é isso, anjinho? Por que estás tremendo? Por que esse ar tão triste e aflito?
– Estou com medo. Começo a não entender as coisas. Minha mãe descobriu que vou nascer e quando eu esperava grande alegria, houve grande tristeza. Eu estava ansioso para que ela contasse a meus irmãozinhos, porque precisava saber se eles ficariam contentes. Mas ela nem lhes deu a notícia. Falou só com meu pai e os dois discutiram muito.
– Não entendi bem o que disseram, mas acho que não me querem.
– Não diga isso, anjinho. Eles devem ter problemas, mas por certo não deixarão de querê-lo.
– Não entendo. Eu fiquei tão feliz por ser filho deles e eles não estão contentes por serem meus pais.
– Não fique triste! Não tenha medo!
– Impossível. Já não posso afastar a tristeza e o medo. Eu estou preso. Eu já os amo.
– Meu Deus, o que foi?! O que te fizeram? Calma! O que foi?
– Não compreendo! Não compreendo mais nada! Minha mãe matou o meu corpinho. Ela impediu que eu nascesse.
– Como?! Não é possível!
– Ela era tão bonita e gostava tanto dos meus irmãozinhos! Estou certo de que não seria capaz de matar um deles. No entanto a mim ela matou sem pena, dentro do seu próprio corpo. E eu a queria tanto, precisava tanto do seu amor!
– Acalma-te! Talvez ela não entendesse bem. Talvez as circunstâncias.
– Não. As mães têm que entender tudo. Eu já era seu filho. Eu já tinha vida dentro dela. Nenhuma circunstância a obrigaria a matar um dos meus irmãozinhos. E, no entanto, comigo ela foi mais cruel. Muito mais. Ela não me deu nenhuma chance! Por que não esperou ao menos que eu nascesse? Não saberia falar, mas olharia para ela, poderia até sorrir. Talvez ela começasse a gostar de mim. Então, eu poderia tentar ser amado.
(Publicado na Revista Rosacruz de fevereiro de 1976)
Como é o seu Domínio Próprio nos Estudos Ocultos?
O ser humano real, o Ego, é um Tríplice Espírito. Ele projetou de si mesmo um Tríplice Corpo, empregando-o para funcionar nos Mundos inferiores e para adquirir aquela experiência a ser, mais tarde, assimilada como Tríplice Alma. O Mundo Físico, portanto, é o laboratório e o campo de experiência do espírito para aquisição de conhecimento e sabedoria.
O Ego é, por si mesmo, potencialmente onisciente. Não quer significar que o seja desde já, embora já tenha capacidade de adquirir sabedoria pelo estudo e aplicação, atingindo alturas nunca imaginadas. Isso só pode ser realizado mediante trabalho, conhecendo e experimentando todas as verdades por si mesmo, exclusivamente. O ser humano pode receber lições, naturalmente, e seus esforços podem ser orientados. Mas só se obtém o conhecimento real por meio da experiência. A princípio, a experiência deve ser pessoal. Mais tarde, quando o indivíduo progrediu suficientemente, pode, então, aprender observando a experiência alheia.
A ideia de que o ser humano vem a este Mundo simplesmente para ser feliz é um terrível engano. Ele aqui está para aprender e trabalhar e seu ambiente atual é fruto de seu próprio trabalho. Muitos problemas lhe são apresentados para que sejam solucionados e não ignorados. Algumas vezes, esse esforço pode causar sofrimento, induzindo o indivíduo a deles tentar escapar. Poderá até julgar tê-lo conseguido, entretanto, deverá encará-los novamente, sob condições menos favoráveis. Enquanto não os solucionar, deles não se livrará.
O ser humano não é um imitador. A ideia de que a involução de um Tríplice Espírito e a evolução de um Tríplice Corpo consiste apenas no desabrochar de algumas possibilidades latentes é errônea. O ser humano não é um modelo, e muito menos o Universo. Se assim fosse o único futuro seria a imitação de algo pré-existente, com suas eventuais falhas. O ser humano é uma entidade pensante e consciente, capaz de adquirir e assimilar conhecimentos. Ele pode empregar sua Mente para acionar causas novas que produzirão efeitos físicos, modificando o ambiente que o rodeia.
Aquilo que a humanidade criou em sua infância espiritual tem sido muito prejudicial. A razão disto é que o ser humano prefere a vida sensual e suas reações dizem respeito à satisfação dos sentidos, apoiada e estimulada pela ignorância. Essa fase da existência, necessária à salvaguarda da individualização, não é propriamente má. O mal consiste em o indivíduo persistir nos mesmos erros, quer por falta de vontade de aprender, quer por ignorância.
Para agir consoante as Leis Cósmicas, o ser humano deve aprender a distinguir entre o bem e o mal, entre a verdade e o erro, a criar somente o que for harmonioso, visando sempre a um nobre objetivo. Ao mesmo tempo, deve aprender a empregar suas faculdades criadoras.
Existe uma ideia na Mente. Não importa que isto ocorra em virtude das atividades mentais ou se foi recebida de fontes externas. Essa ideia envolvida pela matéria mental, toma-se uma forma pensamento, tendo, em estado embrionário, forma e vida. Esta vida provém da Região do Pensamento Abstrato, ao passo que a forma pertence da Região do Pensamento Concreto. Se ela evoca apenas um interesse casual e passageiro, permanece adormecida, na Mente. Futuramente, se houver necessidade, poderá ser acionada. Muitas vezes ela desperta quando as condições se transformam, tomando-se favoráveis ao desenvolvimento da ideia. Se houver interesse, a Mente impele a forma-pensamento para o Mundo do Desejo, onde ela se reveste da matéria desse plano. Se, ao invés de interesse, a forma-pensamento encontra indiferença, ela se estiola e se desintegra, antes de que o espírito tenha ensejo de levar a ideia à manifestação.
O tempo necessário para manifestação depende inteiramente da intensidade do desejo e da força de vontade que o alimenta. Nem todos os pensamentos se materializam, embora deixem sempre na memória uma recordação do seu nascimento e de sua existência. Porém, quando foram projetados no Mundo do Desejo e o desejo de manifestação esteve ativo, nada pôde impedi-los. O processo torna-se absolutamente automático e não tem qualquer relação com a natureza, caráter ou valor do pensamento. Portanto, “como o homem pensa, assim ele é”.
A concentração sobre qualquer ideia ou pensamento, obriga-os a manifestarem-se fisicamente. Demonstrar interesse por uma ideia é o mesmo que cuidar de uma flor com terno carinho. Toda vez que alguém quiser desembaraçar-se de condições desagradáveis, não deve lamentar-se, nem se concentrar nos meios de poder destrui-las. Se elas forem simplesmente esquecidas, dissolvem-se, desintegrar-se.
O ser humano cria, contra si próprio, toda espécie de condições indesejáveis e desnecessárias. Ele assim age por não saber controlar seus pensamentos e depois clama contra o destino. Uma importante verdade a ser aprendida pelo estudante do ocultismo é que as condições que o cercam são inteiramente criadas por ele mesmo. A ninguém mais deve ser atribuída a culpa. Buda assim afirmou: “Se Deus realmente criasse todas as coisas que fazem a humanidade sofrer, Ele não seria justo. E não sendo justo, Ele não pode ser Deus”.
Se a origem do pensamento está em nós mesmos, ou se foi sugestionado por uma fonte externa, o resultado é o mesmo. A regra é a mesma tanto nos Mundos superiores como no físico. Ignorar a Lei não escusa ninguém.
Todos devem prestar cuidadosa atenção ao seu modo de pensar, imprimir sabedoria a seus pensamentos e dar vida somente àqueles que são desejados com justiça e retidão. Uma pessoa nunca deve agir de modo impulsivo, mas sim julgar seus pensamentos imparcialmente, pesando a ideia, seu valor e suas consequências. Se for inconveniente, deve esquecê-la e substituí-la por outra melhor. Se a ideia for aceitável, a pessoa deve procurar materializá-la o mais rapidamente possível pela concentração e fé no resultado. Fazer isto não é tarefa das mais fáceis: trata-se de um desvio da velha rotina, implicando na destruição de muitas ideias enraizadas em nossa mente desde a infância, e quiçá até antes do nascimento.
Nenhum ser humano pode alcançar destaque ou êxito efetivo em qualquer campo de atividade, enquanto não for capaz de controlar-se, ao menos em alguma extensão. Não pode haver saúde permanente enquanto o indivíduo não exercer domínio sobre suas próprias emoções. Estas, debilitam o Corpo Denso por sua ação sobre o sistema nervoso e perturbam o ambiente individual, pela concentração sobre condições discordantes. Sem algum grau de autodomínio não se pode pretender progresso no ocultismo.
É necessário evitar, a todo custo, as emoções negativas. Como emoções negativas classificamos o ódio, a paixão, a inveja, a malícia, a vaidade. Todas podem ser atribuídas a uma só causa: o medo. O medo está sempre presente em nossas atividades diárias e em nosso ambiente. Tememos perdas, moléstias, velhice, morte, críticas e um sem número de coisas reais ou imaginárias.
O ser humano deve convencer-se de que, nada, além dele próprio, pode prejudicá-lo. O medo da escuridão física ou espiritual pode facilmente ser destruído pela luz. Nada há a temer da obscuridade. O único perigo existente nas sombras é a desarmonia na própria consciência humana. Para dissipá-lo basta cultivar pensamentos sadios e construtivos e sentimentos tais como o amor, a fé, a alegria, compaixão, caridade.
Para muitos, esse tipo de vivência torna-se difícil, porque atormentar-se é humano. Também é humano justificar nossos tormentos, atribuindo sua causa a outrem. Porém, deve o ser humano conscientizar-se de que constitui lhe divina prerrogativa sublimar qualquer emoção capaz de gerar desarmonia. A conquista do autodomínio não é questão de meses ou de alguns anos. Na maioria dos casos, muitas encarnações são necessárias. Contudo, isso não quer dizer que o mesmo trabalho deva ser repetido constantemente. Qualquer progresso feito agora, permanece como parte integrante da consciência. Persiste através da existência como uma posse do Ego. O indivíduo em qualquer existência futura, pode não se lembrar de seus esforços anteriores. Os resultados, entretanto, permanecem e os problemas encarados e resolvidos nunca mais aparecem.
Alcançado esse estágio, a vitória está próxima. Quando o indivíduo se capacitou de todas as suas possibilidades, pode então compreendê-las e encontrar os meios de realizá-las. Muitos deixaram-se dominar pelos maus hábitos. A melhor maneira de vencê-los é criar hábitos de natureza oposta. Toda vez que um pensamento ou uma figura mental aflorarem nossa Mente, devemos proceder a uma análise. Se pertencerem ao medo, à morte, ou qualquer outra coisa indesejável, há que se lhe opor algo em contrário.
Todos devem convencer-se da divindade do Ego, de suas possibilidades e oobjetivo de sua evolução. Certas faculdades que se encontram adormecidas na maioria das pessoas, devem ser despertadas. As mais importantes são: o amor, o espírito de sacrifício, a abnegação, a humildade de coração, a renúncia de poderes para uso pessoal, um intenso desejo de ser útil, uma firme resolução de respeitar a liberdade alheia, fé e confiança nas verdades eternas, etc.
Como os seres humanos ainda são fracos, é de grande proveito uma precediária. Geralmente pensamos em Deus, julgando-o muito distante de nós. Não o alcançamos por causa de nossas próprias concepções errôneas de separatividade.
Se orarmos pedindo sabedoria, já estaremos em condições de recebê-la, pois “tudo quando suplicais e pedis, crede que o tendes recebido e tê-lo-eis”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro de 1979)
O Que a Teoria de Renascimento Revela: mitiga o temor da Morte
Vejamos o que a crença no renascimento pode fazer por nós em nossa vida neste plano físico. Primeiramente revela o fato de que o ser humano sendo consciente de si e agindo de acordo com seus desejos, torna-se responsável por suas ações. Essas ações, sob a Lei de Consequência, (isto é, o efeito que resulta da causa) ajudam a modelar sua vida. Aprende que colhe bons frutos pela ação reta e dores e sofrimentos pelos maus atos.
Não pode escapar dessas consequências, pois se não aparecerem na vida atual, aparecerão em vida posterior como destino maduro a ser dissolvido, às vezes em situação mais difícil, quando é maléfico. Portanto, o ser humano tem muitos incentivos para se tornar melhor. O renascimento vem ao encontro da doutrina da Ressurreição, pois, por seu intermédio, o aguilhão da morte é removido e perdida a vitória do túmulo, porquanto o que desapareceu tornará a aparecer.
O renascimento revela a eternidade da vida, proporcionando alegria de viver e aspirações na evolução. Os fracassos nesta vida poderão tornar-se vitórias na vida futura por meio de novas oportunidades para vencer o que hoje nos cerceia.
As repetidas vidas no correto viver nos habilitam a conhecer de onde viemos, para onde vamos e porque estamos aqui, bem como o que o futuro nos reserva acerca da liberdade de escolha.
O renascimento revela a sabedoria de Deus e a justiça das Suas Leis, a Santidade da vida e, sobretudo, a grandeza do ser humano feito à imagem Divina.
A crença no renascimento não é coisa recente; existe na Índia desde tempos antigos; é encontrada no Budismo; contida no Corão, o livro sagrado de Islã; é conhecida dos Lamas do Tibete. Foi ensinada por Pitágoras e dos gregos foi transmitida à primitiva Igreja Cristã. É religiosa, filosófica, e também podemos dizer, científica.
Na verdade, a morte não existe. O que assim parece é uma perda temporária de consciência num período de transição, quando passamos de um degrau para outro superior na escada da evolução.
Erradicando o temor da morte de nossas vidas pelo conhecimento do renascimento, a transmutação e a transfiguração guiam o curso das nossas vidas para os portos celestes da paz e do amor.
“E quando tenha terminado meu trabalho na Terra
E meu novo trabalho no céu comece,
Esqueça eu os louros que ganhei
Enquanto trabalho pelos outros”.
Autor Desconhecido
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. São João 3:3
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz em 9/1975)
Os Desafios do Aspirante Espiritual da Fraternidade Rosacruz baseado nos Preceitos para o Estudante Rosacruz
Os Preceitos para o Estudante Rosacruz (originalmente publicados pela The Rosicrucian Fellowship – Precepts for the Rosicrucian Student) são em número de 10:
1. Cristo-Jesus será seu ideal;
2. Recordando a exortação do Cristo – “que o maior entre vós seja o servo de todos” – se esforçará diariamente por servir seu semelhante, em qualquer oportunidade que se apresente, com amor, simplicidade e humildade;
3. Tendo fé inquebrantável na sabedoria e bondade de Deus, trabalhará de acordo com a Lei de Evolução, se esforçando para falar, agir e ver somente o bem nas relações diárias com seus semelhantes e com tudo que o rodeia;
4. Sendo a Verdade, a Honestidade e a Justiça qualidades fundamentais da Divindade Interior procurará expressá-las em seus pensamentos, suas palavras e ações;
5. Sabendo que suas condições atuais são um resultado das ações que praticou no passado e que pode construir o seu futuro destino, melhorando-o por meio de uma atuação reta no presente, não gastará seu tempo invejando os outros, dedicando, pelo contrário, suas aspirações a exercitar a prerrogativa divina do Livre Arbítrio, semeando boas sementes para o amanhã;
6. Considerando que o silêncio é um dos maiores auxiliares para o crescimento da alma, procurará sempre que, no ambiente onde se encontre predomine a paz, a harmonia e a calma;
7. Sendo a autossuficiência uma virtude fundamental para o Aspirante Espiritual, fará o possível por praticá-la tanto em pensamentos como em atos;
8. Sabendo que a Divindade Interior é o único Tribunal Real da Verdade, se esforçará para estabelecê-lo submetendo todos os assuntos ao seu Verdadeiro Final;
9. Reservará, todos os dias, um certo período à Meditação e à Oração, procurando se elevar nas asas do Amor e da Aspiração ao próprio Trono do Pai;
10. Sabendo que o fracasso reside apenas em deixar de lutar ante qualquer obstáculo, procurará paciente e persistentemente atingir o alvo proposto, procurando realizar os elevados ideais ensinados por Cristo.
Desses preceitos advêm os desafios. Vamos detalhá-los a seguir.
O Aspirante Espiritual da Fraternidade Rosacruz deve prestar a atenção e estar pronto, vigilante e encarar os seguintes desafios: ter sempre o Cristo, nosso Salvador e Redentor, como o seu ideal. Aquele que ele procura imitar na sua vida cotidiana. Para isso o Aspirante precisa conhecê-Lo. O Livro O Conceito Rosacruz do Cosmos já fornece TODA a informação necessária e suficiente sobre quem Ele é e qual é a Sua missão para com o Aspirante, um ser da onda de vida humana. O Aspirante precisa conhecer o que Ele fez na sua primeira vinda. Os 4 Evangelhos da Bíblia fornecem farto material para ele saber e entender como Cristo se portou, o que ensinou, como ensinou e o que deixou para ele aprender e praticar. Afinal, como enfatiza Max Heindel: “os Evangelhos são fórmulas de Iniciação” e “cada passagem da vida do Cristo é exatamente cada passagem que o Aspirante viverá no seu caminho”. Assim, o bom Aspirante é um assíduo estudante da Bíblia, todos os dias.
Seguindo um dos dois Mandamentos do Cristo, que é enfatizado na Fraternidade Rosacruz, o Aspirante tem o desafio de um dia chegar a ser um Auxiliar Invisível Consciente que tem a principal missão de Curar definitivamente a doença e a enfermidade de cada pessoa (ou seja, curar o Corpo, a Alma e o Espírito). É a Cura Espiritual.
Para isso precisa conhecer o que realmente é isso, se preparar e praticar. Para conhecer, ele começa por entender como isso é feito. Volta aos Evangelhos e aos Milagres de Cura executados por Cristo e estuda os seus tipos, quando pode ocorrer e quando não pode, quando é obsessão e não é doença ou enfermidade e todos os outros detalhes de cada um deles. Para se preparar, ele começa com a leitura de livros e textos da Literatura da Fraternidade Rosacruz sobre a Cura Rosacruz, qual é o método utilizado, os diversos papéis que se exercem, o que é a Panaceia Espiritual e os outros detalhes do processo. O livro Princípios Ocultos de Saúde e Cura é a base e o Livro Astrodiagnose e Astroterapia: um Guia de Cura é o melhor para entender como se deve (e não de outra maneira) ser aplicada a Astrologia Rosacruz. Há muito outros em assuntos como O Mistério das Glândulas Endócrinas, O Papel da Música na Cura, A Teia do Destino, Princípios Rosacrucianos de Educação Infantil e outros.
Para praticar, ele faz, todos os dias, os exercícios para o seu treinamento esotérico denominados Rituais (Devocional do Templo, todos os dias; o de Cura nos dias específico; Equinócios e Solstícios nas vésperas desses acontecimentos cósmicos e de Véspera de Natal e outros específicos, dependendo do ponto onde está no Caminho da Preparação Rosacruz). Concomitantemente, faz, todos os dias, os dois Exercícios, o noturno de Retrospecção e o matutino de Concentração. Com o tempo de repetições e persistências em fazê-los cada vez com maior qualidade, sobrará tempo, à noite, para fazer parte das atividades como Auxiliar Invisível Inconsciente, nos trabalhos de Cura espiritual. Esse é o começo!
Outro Desafio é o sublimar o modo como é feito o seu relacionamento com as outras pessoas (independentemente de gênero, posição social, financeira, emocional, simpatia/antipatia, se tem algo que lhe interessa ou não, profissionalmente ou não). Aprende a olhar e somente considerar nos outros a “divina essência”, oculta em cada um, que é a base da Fraternidade, que será uma realidade para cada um na próxima Época, a 6ª, a Nova Galileia, onde o amor se fará altruísta e a razão aprovará seus ditames. E é somente nessa “divina essência” que ele foca quando se relaciona em pensamentos, sentimentos, emoções, desejos, palavras e/ou atos com alguém. Assim, e somente assim, ele garante que qualquer relacionamento é o servir seu semelhante, em qualquer oportunidade que se apresente, com amor, simplicidade e humildade.
Mais um desafio é a pratica da fé inquebrantável na Sabedoria e Bondade de Deus. No início de Estudante e no início de cada etapa se esforça por praticar a “fé infantil”, típica de quando se é criança, na qual não existe sombra de dúvida, conservando os Ensinamentos que recebe até comprovar para si mesmo a certeza ou o erro. Com certeza absoluta ele nada considera como fato estabelecido, porque compreende perfeitamente quanto é importante manter a sua Mente no estado fluídico de adaptabilidade que caracteriza a criança. Compreende, com todas as fibras do seu ser, que “agora vemos como em espelho, obscuramente” e está sempre alerta, anelando por “luz, mais luz”. E é assim que chegará à fé inquebrantável na Sabedoria e Bondade de Deus. E é por meio dela que ele chega ao ponto de viver amando o bem por ser o bem.
Procura ordenar sua conduta de acordo com este princípio, sem ter em conta seu benefício ou sua desgraça presente, ou os resultados dolorosos em algum tempo futuro. E é por meio dela que demonstrará a sua “fé por obras”, trabalhando de acordo com a Lei de Evolução, procurando falar, atuar e ver somente o Bem nos relacionamentos diários com seus semelhantes e com tudo que o rodeia. E aqui cabe salientar que o Aspirante já entendeu e procura viver sabendo que primeiramente satisfaz, buscando se provar no entendimento de que, no universo tudo é razoável. Isso o ajudará a triunfar sobre o seu rebelde intelecto. E, junto a isso, não mais fazer crítica a nada.
Junto à fé inquebrantável, cultiva e executa a verdadeira disposição de aceitar, provisoriamente, como verdade provável, afirmações que, de imediato, não pode constatar. Pois já sabe que então, e somente então, desenvolverá as faculdades superiores pelo treinamento esotérico. É nesse ponto que ele deixa de ser um simples ser humano de fé, para passar ao conhecimento direto.
Apesar disso, conforme progride no conhecimento direto e se habilita a investigar por si próprio, o Aspirante entende que há sempre outras verdades além do seu alcance. Sabe serem verdades, mas seu insuficiente avanço não lhe permite investigar. Ou seja, pratica a máxima de “um véu atrás do outro é levantado para se encontrar um véu após o outro por detrás”. E enquanto estiver usando somente a sua Mente concreta é isso que encontrará.
Outro Desafio é o de seus pensamentos, sentimentos, emoções, desejos, palavras e atos serem sempre norteados pela Verdade, Honestidade e Justiça que são as qualidades fundamentais do Espírito Virginal, o “você verdadeiro”, quando não manifestado em Ego (o Tríplice Espírito). E o fato de cair na tentação, não conseguindo expressá-los nos seus pensamentos, sentimentos, emoções, desejos, palavras e atos será um dos principais motivos de purgação quando fizer o Exercício de Retrospecção. Tendo uma certeza absoluta e inexorável de que ele é o que ele próprio escolheu; ele tem exatamente o que precisa, em bens materiais e suprafísicos; o que ele não tem é porque não precisa, no momento; quando ele precisar de mais alguma coisa, ela lhe será dada na medida e no momento exato; se ele a tivesse agora, lhe atrapalharia e o impossibilitaria de aprender o que precisa para dar um passo à frente, pelo que não inveja a nada e nem a ninguém. E se prepara para lançar sempre boas sementes para o amanhã, pois sabe que deve exercitar a prerrogativa divina do Livre Arbítrio. Enquanto o Aspirante não alcança a capacidade de poder ver, de um só relance, o passado e o presente e assim determinar as causas, as crises e as condições atuais para diagnosticar, conhecer a si mesmo e saber exatamente que lições tem a aprender, utiliza as muletas que tem – diagramas, livros, infográficos – dentre elas a Astrologia Rosacruz (vejam mais detalhes sobre isso no livro Cartas aos Estudantes nº 57). E aqui está a razão principal para todo e verdadeiro Aspirante Espiritual da Fraternidade Rosacruz se esforçar por aprender, por si só, a levantar seu tema astrológico, utilizando a Astrologia Rosacruz, desde o início até o seu final, com suas Progressões e Trânsitos, tanto para lhe ajudar, como para lhe dar a segurança necessária quando trabalhar na Cura Rosacruz.
Pratica o silêncio. Como um exercício bem preliminar que irá exercer como um voto quando for Iniciado, já na 1ª Iniciação Menor da Ordem Rosacruz. Entende e vivencia o ensinamento que nos diz que o silêncio, em verdade, é um dos maiores auxiliares para o crescimento da alma. Está convicto que está aqui encarnado para adquirir experiência, conquistar o mundo, se sobrepor ao eu inferior (criado, alimentado por ele mesmo) e alcançar o domínio próprio. E é por esse domínio próprio que busca, incessantemente, praticar o bom hábito da autossuficiência, repetidamente, de modo a transformá-la em uma virtude fundamental. Para isso procura se emancipar de toda dependência dos outros, se tornando autoconfiante no mais alto grau, de maneira a poder permanecer só em todas as circunstâncias e enfrentar todas as condições. Isso é o que difere o Método da Fraternidade Rosacruz de todos os outros sistemas existentes de desenvolvimento cristão espiritual.
Afinal, somente aquele que for tão bem equilibrado pode ajudar ao débil. Eis a razão do porquê de todo Estudante da Fraternidade Rosacruz efetuar seus exercícios esotéricos de Retrospecção, Concentração, Observação, Discernimento, Meditação, Contemplação e Adoração sozinho. Seguindo este método, se obtêm resultados mais lentamente. Porém, quando tais resultados aparecerem se manifestarão como poderes cultivados por ele mesmo, e poderão ser empregados independentemente dos demais.
Com essa técnica apurada, consegue retirar dos Ensinamentos Rosacruzes o que precisa para construir um caráter que, ao tempo em que desenvolve suas faculdades espirituais, lhe resguarda da tentação de perverter os poderes divinos, em busca do prestígio mundano.
Outro desafio muito importante é o estabelecimento do seu Tribunal Real da Verdade. O Verdadeiro Aspirante Espiritual da Fraternidade Rosacruz já chegou à conclusão de que o Eu Interno é o único tribunal da verdade.
Leva, consciente e persistentemente, todos os seus problemas e dificuldades ante este tribunal. Pois entendeu que assim desenvolve, com o tempo, um senso superior da verdade que, instintivamente, onde ouvir uma ideia avançada, sabe se ela é ou não correta e legítima. A Bíblia, em várias passagens, exorta para que ele esteja atento a todas as espécies de doutrinas que flutuam no ar e ao nosso redor, porque muitas são perigosas e perturbam a Mente. Livros são lançados para promover este, aquele ou outro sistema de filosofia. A menos que tenha estabelecido ou começando a estabelecer este Tribunal Interno da Verdade, ele pode ficar vagueando de um lugar para outro, sem encontrar descanso na sua vida e, no final, sabendo pouco mais ou talvez até menos do que no princípio. O Verdadeiro Aspirante Espiritual da Fraternidade Rosacruz nunca aceita, nunca rejeita ou nunca segue cegamente qualquer autoridade. Ele se esforça para estabelecer internamente o Tribunal Interno da Verdade.
Remete todos os assuntos a esse tribunal. Comprova todas as coisas e absorve firmemente tudo o que nele existir de bom. Dentre os instrumentos que são fornecidos pela Fraternidade Rosacruz, os Exercícios de Retrospecção noturna e de Concentração matutina são os melhores para ajudá-lo a construir e desenvolver esse Tribunal Interno da Verdade (veja mais detalhes no livro Cartas aos Estudantes nº 83).
Sabe que o assunto Oração merece uma profunda atenção e estudo. E pratica a verdadeira oração científica, pois já entendeu ser ela um dos métodos mais poderosos e eficazes para encontrar graça diante de nosso Pai, e receber a imersão na luz espiritual, que transforma alquimicamente o pecador em santo e o envolve com o Dourado Manto Nupcial de Luz, o luminoso Corpo-Alma. “Ora e Labora” é seu jeito de ser, pois também aprendeu que a oração por si só não pode efetuar essa transformação. Mas sim a sua vida inteira, tanto desperto como em sono, se torna uma oração para a iluminação e santificação.
Sabe que o fracasso reside apenas em deixar de lutar ante qualquer obstáculo. Como diz Max Heindel muito bem: “O único fracasso é deixar de lutar”. Por isso, procura, paciente e persistentemente, atingir o alvo proposto, ou seja, realizar os elevados ideais ensinados por Cristo através da sua vivência diária. Afinal, o Aspirante Espiritual só pode mostrar o que é na hora de adversidade. Pois, como se lê: “Deus prova aqueles a quem ama”, mas também lemos que “se Ele dá o fardo, dá juntamente, as forças para suportá-lo”. A luta valoriza o esforço e a vitória do Aspirante Espiritual da Fraternidade Rosacruz. E, se vez por outra ele cai, que importa?
Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz
Os Ensinamentos Rosacruzes e a Teoria do Renascimento
Desde os mais remotos tempos as almas avançadas vêm demonstrando grande interesse em elucidar o enigma da vida e da morte. Hoje, entretanto, esse ardor ganha maior amplitude. As catástrofes, as guerras, os problemas socioeconômicos se agravando, a autodestruição pelas drogas e neuroses, as questões ecológicas, a violência urbana, formam um delicado painel a desafiar o ser humano. Embora esta seja a época dos ‘QIs’ assombrosos, dos PHDs, da tecnologia ultrassofisticada, nunca houve tamanha sensação de insegurança.
Essa grande provação está induzindo os seres humanos a procurarem respostas satisfatórias, em fontes não convencionais. Muitos já estão se embrenhando no campo do espiritualismo profundo, na esperança de encontrar soluções para os problemas que os afligem. Daí o crescimento das Escolas Esotéricas e a venda em escala crescente de obras ocultistas nas livrarias.
Motivando mais ainda essa busca, notamos os modernos meios de comunicação social apresentando, constantemente, reportagens e artigos sobre a “vida após a morte”, reencarnação, clarividência e outros temas apaixonantes.
Isso é muito significativo, mesmo a despeito de alguns programas de televisão darem um tratamento superficial e sensacionalista a tais questões. Porém, sempre resta um saldo positivo.
Qual dos temas acima referidos cerca-se de maior interesse? Cremos ser o da reencarnação, nos ensinamentos da Sabedoria Ocidental, divulgados pela Fraternidade Rosacruz, conhecida como RENASCIMENTO.
Lemos no Antigo Testamento, Jó queixando-se da natureza efêmera da vida humana e dos dissabores por ela causados: “O homem nascido de mulher vive breve tempo, cheio de inquietações”. E em outro versículo indaga: “Quando o homem morre, tornará a viver?”.
A essa pergunta sumamente importante, os ensinamentos rosacruzes responde com toda segurança: sim. No capítulo IV do Conceito Rosacruz do Cosmos – Renascimento e Lei de Consequência – Max Heindel aborda a questão, alinhavando considerações, ilustrações e argumentos. É um dos pontos básicos do rosacrucianismo, porque faz emergir as causas de muitos fatos e fenômenos intrigantes.
O ocultista aceita o renascimento como um fato indiscutível, não como uma possibilidade ou hipótese. Não afirma “crer”, porquanto “crença” é algo meio vago, subjetivo. Ele conhece, sabe. Os mais avançados, inclusive, têm a oportunidade de acompanhar a trajetória de um Ego, desde que desencarna, passando por algumas etapas “post-mortem”, até o próximo renascimento. Logo, não necessitam crer.
Três teorias principais procuram esclarecer o enigma da vida e da morte: (1) a Materialista, (2) a Teológica e (3) a do Renascimento. Segundo a primeira, delas, nada há que transcenda os limites da matéria física. A Mente é o resultado de certas correlações da matéria, o homem é o ser mais elevado do Universo e sua inteligência perece quando da sua morte. Fora disto, dizem os apologistas dessa teoria, tudo é produto da imaginação, de alucinações ou fruto da ignorância. O mundo material é a única realidade.
Essa teoria, entretanto, a cada dia que passa se torna mais insustentável. As pesquisas efetuadas pelas sociedades parapsicológicas das nações mais desenvolvidas; os estudos realizados por pessoas cultas e séria; os depoimentos de pessoas comprovadamente sãs e idôneas, envolvendo fenômenos suprafísicos, evidenciam a descoberta e confirmação de uma nova realidade.
A Teoria Teológica nega a possibilidade de o espírito renascer aqui no Mundo Físico. Assevera que, em cada nascimento uma alma recém-criada por Deus adentra a arena da vida; que ao fim de certo período deixa essa existência, passando pelo umbral da morte; que as condições “post-mortem”, eternas por sinal, dependerão de seus atos e conduta (segundo algumas seitas cristãs) ou de sua fé em Cristo como seu Salvador (segundo outras) durante a vida terrena. Portanto, aqueles cujo procedimento foi reprovável ou não tiveram fé deverão sofrer eternamente, enquanto os outros serão recompensados.
Ora, é fácil encontrar uma grande, uma flagrante contradição nessa teoria, decorrente da injustiça que ela carrega em seu bojo. Se nos Evangelhos o próprio Cristo nos exorta a perdoar não sete vezes, mas setenta vezes sete, isto é, infinitamente, como Deus pode condenar alguém ao sofrimento eterno, sabendo-se que o ambiente ou qualquer circunstância podem induzir facilmente à transgressão?
Que Divindade é essa, responsável pelo nascimento de um indivíduo numa favela, em meio à fome, ignorância e delinquência, e de outro numa mansão, cercado de todos os cuidados e educação esmerada? Se a própria justiça dos seres humanos, falível em si mesma, ainda tem a nobreza de conceder “sursis”, liberdade condicional e oportunidades de recuperação a quem comete delitos, por que Deus – suprema Perfeição – condenaria alguém?
Não, não é possível que seja assim. A Teoria Teológica projeta a imagem de uma Deidade antropomórfica, ou seja, concebida à imagem e semelhança do ser humano. Mas não é a própria Bíblia que afirma termos sido criados, nós, à Sua imagem e semelhança? O bom senso não consegue admitir tamanho absurdo. Conclui-se, portanto, da insustentabilidade dessa teoria.
Por fim, resta-nos analisar a Teoria do Renascimento, chamada pelos espíritas, teosofistas, budistas, etc., de reencarnação.
Se observamos a vida do ponto de vista ético-lógico não há como deixar de aceitar o renascimento. O Universo é regido por leis sábias, e, certamente, uma mente lúcida não poderá atribuir-lhe um sentido injusto. Tudo tem sua razão de ser.
Se os próprios seres humanos de ciência admitem, no campo material, um processo denominado “evolução”, por que não admitir que o mesmo se estenda a todos os campos?
Em todos os lugares contemplamos o esforço da natureza para atingir a perfeição. Não há processos súbitos de criação e destruição. Tudo caminha e se aperfeiçoa, lenta, mas seguramente.
Observemos a organização social, política, econômica, religiosa e familiar dos povos. Confrontemos com o panorama de quinhentos, mil ou dois mil anos atrás. Houve uma transformação radical, uma evolução, um aprimoramento, sem dúvida alguma. Não é lógico supor-se, entretanto, que os subsídios para promover essa evolução tenham sido colhidos apenas e tão somente nos bancos escolares ou nos templos, em um determinado lapso de tempo.
Há um cabedal de experiências, um lastro cultural e psicológico, impossível de ser formado no curto espaço correspondente a uma vida. Não nos esqueçamos, também, de um aspecto importante: todos esses avanços extraordinários tiveram a conduzi-los, a inspirá-los, a traçar-lhes as diretrizes, seres humanos dotados de qualidades incomuns, alguns até gênios na mais pura expressão do termo. Não adquiriram asas faculdades maravilhosas em poucas décadas.
A evolução é a história do progresso do espírito no tempo. São necessárias muitas vidas para que se consolide um atributo excepcional. Não fosse isso verdade, como explicar o fato de um Mozart tocar e compor em tenra idade, sem submeter-se a um aprendizado metódico?
“Por toda parte, observando os variados fenômenos do Universo, vê-se a espiral do caminho evolutivo. Cada volta da espiral compreende um ciclo. As espirais são contínuas. Cada ciclo submerge-se no próximo e é o produto melhorado do precedente, criando estados de maior desenvolvimento”, afirma Max Heindel.
Renascendo alternadamente em corpos masculinos e femininos, os seres humanos adquirem conhecimentos e experiências variados. Alguma imperfeição desta vida poderá ser corrigida numa ou em várias existências futuras. Uma qualidade atual poderá ser aprimorada a níveis nunca dantes imaginados. E, o que é muito importante, novas causas poderão ser deflagradas, novos cursos de ação eleitos, no exercício de uma divina faculdade, alavanca mór de todo progresso: a Epigênese.
Até poucas décadas atrás, o assunto “renascimento” ou “reencarnação”, era tratado com certa reserva fora dos ambientes esotéricos. Bastava que se o mencionassem para, de imediato, alguém, associá-lo com espiritismo. Verdade seja dita: os seguidores de Kardec também são reencamacionistas. Entretanto, essa associação de ideias revela como se desconhece o assunto. Afinal, ele é igualmente familiar a outras denominações filosóficas e religiosas. Nas rodas acadêmicas, todavia, era considerado “tabu”. Ninguém se aventurava a mencioná-lo, por temor ao ridículo.
Hoje, o quadro acima se encontras em franca mudança. A realidade ou não do renascimento vem merecendo debates até nos meios científicos. As pesquisas se intensificam. Casos interessantes estão sendo estudados e catalogados, objetivando-se, mais cedo ou mais tarde, provar-se alguma coisa.
E por que razão alguém se vexaria em admitir, publicamente, sua crença no retomo do espírito à vida terrena? Se é por temor ao ridículo, então…nossos pêsames. Se alguém se envergonha de suas convicções, então por que não as abandona de uma vez? Na realidade não está convencido de coisa alguma.
Mergulhamos no passado. Veremos a doutrina do renascimento constituindo um dogma fundamental dos sistemas religiosos dos antigos egípcios, dos Druidas e de outros povos. Quase todas as religiões orientais são reencarnacionistas.
Nos países ocidentais, vários seres humanos célebres confessaram publicamente sua crença nessa verdade. Pitágoras, insigne filósofo e matemático grego do quinto século antes de Cristo dizia, lembrar-se de ter sido Hermotino e de ter lutado na guerra de Tróia.
Ovídio, poeta latino (43 A.C. a 17 D.C.) afirmava ter assistido, numa encarnação anterior, ao cerco de Tróia, chegando a relatar em seus versos, acontecimentos de diferentes existências pelas quais teria passado.
Empédocles, filósofo e médico (quinto século A.C.) ensinava que os “seres se separavam pela repugnância, e pelo amor atingiam a união; que a alma para alcançar os conhecimentos necessários, reencarnava até chegar à perfeição”. Afirmava lembrar-se de duas encarnações, uma delas como homem e a outra como mulher.
O célebre escritor e político francês Lamartine, cria nas vidas sucessivas. No seu livro “Viagem ao Oriente” diz ter reconhecido o vale do Terevento e o túmulo dos macabeus.
Guerra Junqueiro meditando sobre os males que afligem o gênero humano, inclinava-se a crer que sejamos réprobos expiando faltas de outras existências.
Theophile Gautier, Alexandre Dumas (pai), Ponson de Terrail, Pierre Loti e outros escritores externam, por diversas vezes sua crença no renascimento.
Encontramos no Novo Testamento vários pontos alusivos ao renascimento, se bem Cristo não o tenha revelado abertamente. Mas fê-lo aos Discípulos, reservadamente. Por razões de ordem evolutiva, o conhecimento dessa verdade permaneceu oculto das massas durante vários séculos. Para os esoteristas cristãos e alquimistas, contudo, essa doutrina nunca foi novidade.
Cresce, dia a dia, o número de pessoas que, não só aceitam essa teoria, como se dispõem a estudá-la com profundidade. E, na Idade de Aquário, a iniciar-se dentro de uns 600 anos, aproximadamente, sua aceitação deverá ser total.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/79 – Fraternidade Rosacruz)
Valorizar a Vida
Trabalho dos mais complexos é o que o Ego executa nos planos internos no intervalo entre duas existências objetivas.
Na Região do Pensamento Concreto, também denominada Segundo Céu, a vida é extremamente dinâmica. O Ego, além de assimilar o valor educativo das experiências de sua última manifestação no plano físico, prepara o arcabouço dos veículos a serem utilizados no próximo renascimento. E mais: prepara o ambiente de sua nova manifestação. É lógico, não realiza seu trabalho sozinho, nem a seu bel prazer. Outros Egos também participam desse processo, pois de uma forma ou de outra os destinos dos seres humanos se interligam. O clima, a flora, a fauna, as variadas condições da Terra são alteradas pelo ser humano sob a direção de elevados Seres. O mundo é um reflexo do nosso trabalho individual e coletivo.
Na Região do Pensamento Concreto desenvolve-se todo esse maravilhoso processo que nos desperta a mais profunda reverência. Tudo se desenrola sob a égide da Inteligência Cósmica Criadora.
O ser humano, como microcosmos, é parte integrante dessa Inteligência Cósmica Criadora. Seu destino é converter-se também em Inteligência Criadora. Sendo assim, na Região do Pensamento Concreto ele se ocupa ativamente em aprender a construir um corpo que seja o melhor meio para expressar-se. Ninguém pode habitar um corpo mais eficiente do que aquele que é capaz de construir. Aprende-se primeiramente a construir o corpo, e, depois, aprende-se a viver nele.
Todos os seres humanos durante a vida ante natal trabalham inconscientemente na construção de seus corpos, até chegar o momento em que retida quintessência dos veículos anteriores seja neles amalgamada. Além disso, realiza, também, um pequeno trabalho original, isto é, sempre se acrescenta algo novo.
É importante lembrar que na Região do Pensamento Concreto encontram-se os arquétipos de todas as formas existentes no Mundo Físico. Os arquétipos não são simples modelos ou desenhos das formas que vemos ao nosso redor. São modelos viventes, vibrantes. Preexistem às formas e quaisquer modificações que estas sofram ocorrem primeiramente nos arquétipos.
O Ego, logicamente, antes de renascer forma o arquétipo de seu futuro Corpo Denso. Toda e qualquer deficiência no corpo indica um arquétipo igualmente deficiente. Isto nos traz à Mente um importante ensinamento oculto: é possível prolongar a vida acrescentando vitalidade ao arquétipo.
Todas as nossas ações produzem um efeito direto no arquétipo do nosso corpo. Se pensamos, sentimos e agimos em harmonia com as leis cósmicas; se entendemos os verdadeiros objetivos da vida e procuramos contribuir conscientemente para o avanço da raça humana, os Seres Exaltados que dirigem nossa evolução se interessarão em prolongar nossa vida. Assim, o arquétipo será vitalizado com o consequente prolongamento da nossa existência. Isso é sumamente importante, pois aprenderemos mais e adquiriremos valiosas experiências.
Como estudantes da ciência esotérica cabe-nos viver de acordo com esse ensinamento oculto, valorizando ao máximo nossa vida aqui na Terra.
(Publicado na Revista – Serviço Rosacruz – Set/88)
A Força do Seu Pensamento
O Pensamento é uma força ARQUIPOTENTE.
LIVRA-TE, LIBERTA-TE de sentimentos sombrios.
DEUS, o Supremo Bem, está presente em cada partícula do teu sentimento-pensamento.
Ora sempre com o pensamento aberto, fluindo indistintamente, atingindo o Universo e a todas as criaturas do PAI.
O pensamento é vibração super-etérica, e que pode atingir distâncias sem fim, dependendo tudo, unicamente de ti.
Em ti, está a Força, o Poder e a razão de todas as coisas. Consubstanciado, o PENSAMENTO-FORÇA dirige teus passos, ora certos, ora incertos, de acordo com o que sejas: firme ou tíbio.
“PENSA GRANDE e teus pensamentos levar-te-ão às ALTURAS. PENSA PEQUENO e teus pensamentos levar-te-ão retumbantemente ao chão”.
Necessário se torna que aprendas a pensar: com firmeza, na direção certa, tendo sempre presente o bem, só o bem, o eterno bem.
A DIREÇÃO É INTERNA. A ordem é interna. Do INTERIOR de cada TEMPLO-VIVO, a voz sutil dá a direção, indica a senda. Não penses que é fácil! Três são as exigências: CAPACIDADE, FIRMEZA E CORAGEM. Capacidade adquirida na vivência, no estudo, na meditação e no discernimento. Capacidade adquirida em vidas vividas e na honestidade de propósito na procura.
Viver a verdade, proceder na verdade, desejar acima de tudo a verdade.
“Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida”! Eu Sou!!! Retumba vibrantemente no Universo!
É uma Canção de Força, Poder Arquipotente, Pensamento concentrado em tudo o que há de Bom, Belo, Nobre, Altruístico, Realização do SUBLIME! O pensamento, unicamente, torna-nos capazes, pois é nossa única arma, que devemos aprender a manejar com sabedoria e capacidade. O sofrimento é a Grande Chave. Ele vai nos conscientizando e quando isto acontecer, ele deixa de ser sofrimento e se transforma em EXPERIÊNCIA-GUIA. Não desesperes no sofrimento: faze dele uma Dádiva Sagrada e vai capacitando tua vida para os grandes embates. Eis o Canto do poeta:
“Sonha, mocidade, forte e viril;
Sonha, que teus sonhos são profetas”.
O Pensador não sonha! Pensa! Mas, necessário se torna, que vigies teus pensamentos, porque eles poderão causar grandes males. No meio ambiente, no seio da família, no local de trabalho, no Universo, enfim. Tudo se resume em capacidade. Capacidade de bem pensar. Capacidade de bem vigiar, capacidade de bem concentrar e conscientizar. Firme, encara o Céu e a Terra, e, com limpidez no olhar, observa todas as coisas. A luz que vem de dentro desvenda todos os mistérios, e a prática te exercita a tal ponto que não há matéria densa que teus pensamentos não penetrem. Pensar retamente, orientado pelo PENSADOR INTERNO, transforma rapidamente as condições de qualquer que assim o tente. Tuas vistas tornar-se-ão mais límpidas, penetrantes e firmes. O Sol brilhará com mais fulgor, teus sentimentos para com as criaturas do Pai serão mais harmoniosos, confiantes, amáveis; o trato será mais sincero, e, num átimo, desaparecerão todas as canseiras físicas. O repouso do teu Corpo Denso será mais perfeito, sem necessidade de muitas horas de sono para a reparação. Serão outros os sentimentos para com os teus familiares e o mundo que te rodeia. Tudo é muito sutil! O Espírito da Música perpassa num átimo de segundo, e se estiveres capacitado, sua melodia permanecerá e abençoará tua existência com o glorioso bálsamo da vida, tornando-te capaz de transmitir alegria e bem-estar ao teu redor.
Oh! Quão bela, nobre, digna, venturosa e divina será tua existência. Compartilhando, servindo, dando de ti mesmo, quanta felicidade espalharás, como dádivas dos Céus! Não é fácil viver nesse estado de eterna bem-aventurança.
É uma experiência suprema! É um estado de serenidade superior, que inspira todas as atividades da vida.
O outro atributo é a firmeza. Delinear a direção e dela não se afastar em momento algum. Firmeza e Coragem.
Enfrentar todas as coisas que a vida te impõe, com atitude equânime, confiança plena, só próprio das almas de escol. Não há nisto nenhuma Proteção Divina, nem escolha arbitrária. É um mérito hierárquico, é prática dos conhecimentos adquiridos, é a filosofia aplicada num crescendo infindo, de acordo com a Luz que se vai descortinando. Não esqueças, porém, que a quem muito é dado, muito será exigido. Não podemos esconder nossa agulha no palheiro. Nossa vida precisa ser de ações claras, exemplos edificantes. O que importa tudo o mais se nada te falta? Viver assim, é viver no Eterno Agora, fruindo da Eterna Fonte de todas as coisas e não das migalhas atiradas da “MESA DOS FESTINS”. Senhor e não escravo, não importa a posição que ocupes aos olhos dos demais. Quando compreenderes claramente a Parábola do Cristo: “Dai a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”, saberás que as coisas Divinas não se podem confundir com as coisas mundanas. É necessário que tenhas bem presente esta distinção. Não podes fugir do mundo, mas precisas te desfazer em definitivo das coisas pegajosas. Toma cuidado: o orgulho e a vaidade acompanham o santo, bem como ao ser humano comum. Estes dois impostores transmutam, quando estiveres nas alturas, aparentando virtudes e purezas. É necessário o coração puro de uma criança. “Deixai vir a mim os pequeninos…” O Modelo é o Cristo. Ele, tão e só, no seu Sublime Amor e edificante sacrifício, te serve de modelo. Não podes fugir! Não podes recuar ou estagnar. É preciso caminhar sempre, confiante no destino superior, certo de que, “Na Casa do Pai há muitas moradas” e a todas devemos ir conhecendo paulatinamente. É uma dinâmica, é uma constante, é uma batalha sem quartel. O Poder Criador deve ser exercido com a consciência clara, o conhecimento pleno, a majestade do sereno vencedor!!! No silêncio extraordinário da tua alma, Ele está Ali, no lugar recôndito, Silente, Certo, Inconfundível, Único e Absoluto.
É necessário que haja plena, completa, absoluta firmeza, porque a responsabilidade é só tua, e responderás por todo e qualquer deslize.
Que extraordinário, que estupendo! A ninguém devemos dar contas a não ser ao SILENTE INTERNO e OBSERVADOR! Ao Poder Crístico, ao Pai, enfim.
Caminha, passos firmes, cabeça ereta, despido do mesquinho, cônscio da tua única responsabilidade ante a LUZ INTERNA!
Que a areia do tempo não detenha teus passos, deixando apenas em ti, a consciência, a certeza, da grande escola que é a vida.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – Fraternidade Rosacruz – jan. /76)
O Diálogo e a Evolução
Toda coexistência é, necessariamente, uma forma de diálogo; de evocação e invocação do íntimo; de recurso ao outro e a si próprio.
É contraditório que, numa época em que os meios de comunicação se aprimoram, aproximando os seres humanos pela eliminação das distâncias – estejamos tão carentes de um autêntico diálogo, que consiste em nos comunicarmos essencialmente, íntimo a íntimo.
A maioria considera que uma pessoa civilizada é a que adquire a habilidade de viver com todos, sem chocar-se com ninguém. Chamam, a isso, a virtude da diplomacia, tacto, “savoir-vivre”, prudência, etc. Examinemos melhor esta atitude.
A experiência da vida nos vai revelando que é perigoso entrar na intimidade de uma pessoa; é delicado tocar numa existência. Uma palavra a mais, uma palavra ocasional mal colocada e sem intenção, basta para desencadear reações surpreendentes, desproporcionadas. Sabemos porquê. O ser vai gravando experiências e cada uma delas constitui uma “máscara” ou um “eu”. Esse “eu” reage sempre, de forma positiva ou negativa, quando ocorre algo semelhante ao fato que ele guarda. É uma associação. Uma interferência do passado.
Contra essa ameaça, a tradição de “bem viver em sociedade” foi catalogando normas para as pessoas “bem-educadas”. São fórmulas pré-fabricadas e temas de conversa sem perigo para ninguém, fala-se do tempo, fatos do dia etc., tal como na peça crítica “Pigmaleão” de Bernard Show, em que se provou que podiam transformar uma moça de baixo nível social numa perfeita “mademoiselle”, mediante a observação cuidadosa de certo verniz convencional.
É corrente que devemos manter a discrição reticente, que permita a cada indivíduo escapar, tanto quanto possível, ao perigo dos outros. E nisto as pessoas estão fugindo também de si mesmas, para evitar a reação de seus “eu’s”, quando se expõem a certas experiências e ultrapassam os limites de seu modo de ser.
Do ponto de vista esotérico, isto é um extremismo inconveniente, que anestesia o desenvolvimento interno.
A fuga à experiência, para assegurar uma vida tranquila e descuidada é, no fundo, acomodação à personalidade viciosa que não quer mudar. O desafio é inevitável, apesar da reação dos “eu’s”, convidando o indivíduo ao mais alto nível de consciência. Toda transformação é uma revolução que instala insegurança no antigo e sua resistência ao novo, que a evolução solicita. O processo de evolução se desenvolve mais rapidamente quando nos abrimos às contribuições dos outros, com seus diferentes e novos ângulos de visão.
Permanecer em torno de suas próprias possibilidades é entrar num círculo vicioso, onde nos cansamos de andar, na ilusão de ir em direção à meta.
Quando um camponês vem à cidade grande, choca-se facilmente na rua com os transeuntes; porque está habituado a muito espaço e não desenvolveu a habilidade de caminhar entre multidões. Já o que mora na cidade, por força do hábito, tem grande maleabilidade e sabe manter distância com os outros, apesar da proximidade e promiscuidade.
É interessante estabelecermos correlação psicológica. O camponês é simples e usa de uma franqueza rude ao morador da cidade. Este, num outro extremo, usa de uma insinceridade falsa, como num esforço de definir uma zona de segurança contra a ameaçada e constante usurpação dos outros.
Para este é uma virtude social a arte da reticência, que permite continuar mascarado e cruzar com os outros, sem pensar em ver neles alguma coisa mais que a máscara.
Assim, torna-se inevitável o choque, antes de haver o autêntico diálogo.
Pela experiência social, ocorre o encontro entre duas existências que se revelam, uma à outra e cada uma a si própria, pelo choque da presença que nos obriga a nos descobrirmos tal como somos – e não como pensamos que somos.
Feliz de quem pode se conhecer, através do diálogo e confronto com outro estado de consciência afim. O destino está sempre atuando pela lei de “atração de semelhantes”, pondo face-a-face dois caracteres afins para que ambos se descubram, através dos defeitos do outro, que são os defeitos de si mesmo – e que por isso mesmo inconscientemente detesta.
Se chegam à essa experiência e sem despertar, têm possibilidades de manter relativa harmonia matrimonial e nos relacionamentos em geral, “conservando a prudência nos justos limites”. Só através de uma vida de atenta auto-observação é que vamos aprendendo a definir os limites da prudência de trato, que varia segundo o meio, a educação, etc.
Regra geral, porém, as pessoas fogem de si mesmas; negam-se ao diálogo e quando a vida as lança numa intimidade obrigatória, os choques culminam em separação, porque dificilmente chegam a admitir suas próprias falhas, para poderem encontrar-se num espaço de harmonia, cada um compreendendo e aceitando a si mesmo e ao outro, tal como é.
No estágio atual, o amor, a amizade, provocam esse desvelar-se e revelar-se, para que cada um chegue à uma consciência de si próprio, que lhe faltava antes. A cada desdobramento o indivíduo se abre e se afirma, dinamizando potencialidades latentes. Mas nesse revelar-se, nesse abrir do íntimo, surgem também à tona da consciência, o melhor e o pior de cada um de nós, num antagonismo chocante, o que faz com que o eu e o tu se liguem e se desliguem, na procura de uma unidade que os englobe, conciliando seu egoísmo maior ou menor. Só a compreensão e aceitação de si mesmo pode fazer nascer o terceiro elemento que concilie os opostos, internamente e na relação com o outro.
O relacionamento social é marcado por um constante religar-se e desligar-se dos outros. Um aborda o outro e se deixa abordar, ensejando uma experiência sempre nova, de tristeza ou de alegria, convidando-nos a atingir mais altos níveis de evolução e de compreensão, no fluxo e refluxo das vicissitudes cotidianas.
Observem a dificuldade que a maioria tem, de participar de um debate que resulte em mútuo proveito e edificação. No debate, cada um se expõe ao perigo do outro, cada um levando seus condicionamentos e complexos, comprometendo a universalidade do tema, a impessoalidade da verdade. Ninguém pode dizer antecipadamente como irá terminar a aventura, de finalidade comum. Raros são os indivíduos que se situam, um e outro, em relação a uma mesma verdade, manifestando fidelidade aos mesmos valores que lhes motiva o trabalho de equipe.
Muita gente, tida por instruída, incorre nessa falha de equipe. É um contrassenso porque o sentido etimológico de instruir (do latim) é construir, edificar. A mesma deficiência ocorre nos meios profanos e religiosos, quando seria de desejar, que os verdadeiramente religiosos (ligados ao Divino interno) estivessem mais vigilantes com sua natureza inferior.
Só o que sinceramente busca a verdade impessoal está preparado para o diálogo. O que justifica o diálogo é a vocação comum que incita duas pessoas a transcenderem a si mesmas. A verdade constitui o terceiro elemento que enseja o diálogo e o converte numa relação a três termos.
Na obra “Timon de Atenas”, Shakespeare desmascara a falácia da usual generosidade. Timon gasta sua fortuna em banquetes com falsos amigos e quando chega à falência, recorre a eles e ninguém o ajuda. Sensibilizado e com mágoas incuráveis contra os homens, condena-se a um exílio voluntário entre animais, como sinal de alienação e confissão de fracasso no diálogo da vida. Ora, a verdadeira generosidade guarda os limites da prudência e discernimento. Sobretudo, compreende e aceita cada qual como ele é sem permitir que o relacionamento exorbite sua integralidade.
Mais que generosidade, o que suscita, justifica e valoriza o diálogo é o AMOR. O amor, com seu impulso de coalizão e no sentido lato, é, no fundo uma forma de pedagogia; e toda pedagogia é uma forma de amor. Sem este fator essencial, qualquer expositor não atinge seu fim.
A educação não tem sentido se não há convergência de vontade de todos os participantes, a um fim mais alto, em que suas intenções se juntam. A despeito das diferenças de níveis, há uma confraternização de almas.
Diz Saint Exupéry que “o diálogo, com amor, em vez de fazer um olhar para o outro, leva os dois a buscarem um ideal comum”. De fato, amar é ajudar-nos mutuamente a alcançar o objetivo comum, razão de nossa existência. Ninguém pode furtar-se a esse dever, uma vez que o sente. Eis a regra de moral kantiana: “Deves, logo, podes”. O sentido amoroso de dever já traz consigo as condições e possibilidades de realização. Ora, onde melhor se pode realizar esse ideal, senão na Fraternidade? Nela, todos devem empenhar-se, através de um diálogo baseado no amor, no desejo de servir, inspirado na verdade que recebemos, para a missão educativa conducente à Universalidade.
O diálogo é o princípio do aprendizado. Ele defronta duas pessoas num propósito definido para que deem mútuo testemunho de suas possibilidades internas.
Pode parecer que o diálogo limite a verdade a um mecanismo de debate entre duas inteligências. Se forem duas personalidades auto afirmativas com pseudo-sentido de superioridade, essa limitação existirá. Mas se for a sinceridade e o amor que motivam o encontro, o diálogo, ao contrário, abre caminho à verdade, pelo circuito da pluralidade de pontos de vista que buscam conciliar-se, alargando os horizontes.
Cada um se ajuda, aceitando provisoriamente não ter razão e ser ignorante nas coisas que o outro expõe. Aceitando todas as coisas como possíveis, pondo de lado conceitos preconcebidos, o diálogo transpõe o monólogo, o monopólio da palavra, dando começo a um processo em que a verdade se expressa, não pela pessoa mesma, senão pela atmosfera indefinível de elevação, na qual é possível cumprir-se a promessa do Cristo: “Onde dois ou três se reunirem em Meu nome, ali estarei neles”. Em tal circunstância, a luz far-se-á, com toda a segurança.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/76 – Fraternidade Rosacruz – SP)