O Ser Humano é um Portador de Luz Divina
O Oficio Devocional da Fraternidade Rosacruz ressalta em um de seus mais belos parágrafos que “DEUS É LUZ”.
Na impossibilidade de definir o indefinível, João Evangelista procurou dar uma ideia, a mais aproximada possível da natureza da Divindade. O termo “LUZ”, em sua acepção mais elevada, foi usado pelo “Discípulo amado” para corporificar uma imagem de algo transcendente.
Lemos no Antigo Testamento que fomos “criados a imagem e semelhança de Deus”. Isto deixa transparecer, em termos esotéricos, nossa identidade com o Pai Celestial, do qual herdamos um manancial infinito de potencialidades. Por enquanto, são apenas poderes latentes, aguardando as várias etapas da evolução para manifestarem-se em todo seu esplendor.
Para o ser humano comum, tudo isso não passa de fantasia, se loucos devaneios. Ledo engano. A humanidade, em sua maioria, ainda se encontra muito impermeável aos raios da verdade.
Cristo, Espírito incomensuravelmente mais avançado que qualquer ser humano, expressou essa grande possibilidade nestas palavras: “Vós fareis o que eu faço e coisas maiores ainda”.
Em termos potenciais, nossa relação com Deus pode ser entendida mediante a comparação da árvore com a semente. Esta contém todas as possibilidades de desenvolvimento da árvore. Contém, germinalmente, a árvore em si mesma. Porém, ainda não é uma árvore. Para chegar a esse ponto requer certos cuidados e um trabalho especial.
Com o ser humano ocorre algo análogo. Ele é possuidor de todas as faculdades de seu Divino Pai, mas em estado latente. Para chegar à estatura divina, só mediante os cuidados e o trabalho especial promovido pelas Grandes Hierarquias. Um sábio esquema evolutivo fornece todos os meios para que o ser humano desenvolva, com segurança, todos os seus poderes. Pelo menos no que diz respeito ao ser humano, “Involução, Evolução e Epigênese”, constituem a tríade responsável pelo seu progresso.
Vemos, portanto, que se “Deus é Luz”, essa luz brilha também dentro de nós. E se projeta para fora à medida que estamos conscientes de sua presença, agindo e vivendo como seres autenticamente divinos. A paz e pureza irradiadas por um ser humano, seu amor a verdade, seus atos de bondade e compaixão, seus sentimentos de ternura, tudo é manifestação dessa luz divina.
Alguém nos comparou a diamantes brutos, carentes de lapidação para poder brilhar. Quando a crosta opõe resistência a ação de Deus — o Grande Lapidador — necessário se torna o emprego do esmeril. É quando a pedra geme, fazendo desprender a matéria grosseira que a envolvia em trevas. Observamos aí uma alegoria ao sofrimento. O ser humano não deve resistir a luz divina, ansiosa por perpassá-lo, sob pena de transgredir uma lei natural e colher o resultado em forma de dissabores.
Devemos ser como um transparente cristal permitindo à divina luz irradiar seu fulgurante brilho. Para lograrmos ser esse foco luminoso, é indispensável alimentarmos somente pensamentos e sentimentos positivos, traduzindo-os em atos realmente edificantes.
“Pelos seus frutos os conhecereis”. A vida de uma pessoa é o indicador da medida em que a luz divina dela é irradiada. A consciência de nossa identidade com Deus, faz crescer nossa responsabilidade em face aos problemas dos nossos semelhantes e do mundo em que vivemos. Não há como fugir dessa realidade.
Temos uma missão a cumprir, missão essa consubstanciada naquelas expressivas palavras de Cristo: “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo”.
Irradiemos, portanto, essa luz superior.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)
O Ego e suas manifestações
Pode-se comparar o Ego a uma pedra preciosa, a um diamante bruto. Quando este é retirado da terra está muito longe de ser formoso. Uma crosta grosseira oculta «o esplendor que ela encerra, e antes que o diamante possa converter-se em uma gema, deve ser polido sobre uma pedra duríssima de esmeril. Cada aplicação contra o esmeril arranca uma parte da crosta e modela uma faceta através da qual entra a luz, refratando-se em ângulo diferente pela luz que as outras facetas refletem. O mesmo acontece com o Ego. Como diamante bruto entra na escola da experiência, sua peregrinação através da matéria. Cada vida é como uma aplicação da gema à pedra de esmeril. Cada Vida na escola da experiência arranca uma parte da crosta do Ego e permite a entrada da luz da inteligência sob um ângulo novo, dando uma experiência diferente. Assim como os ângulos da luz variam nas muitas facetas do diamante, assim também, o temperamento, o caráter do Ego difere em cada vida.
Desde a infância até aos 14 anos, a medula dos ossos não forma todos os corpúsculos sanguíneos. A maioria deles é subministrada pela glândula timo, que é maior no feto, e gradualmente vai diminuindo conforme vai-se desenvolvendo a faculdade individual de produzir sangue, ao crescer a criança. A glândula timo contém, por assim dizer, certa existência de corpúsculos proporcionados pelos pais. A criança que haure o sangue dessa fonte não compreende sua individualidade. Até que a própria criança elabore seu sangue, não pensará em si mesmo como um “eu”.
Quando a glândula timo desaparece aos 14 anos, o sentimento do “eu” expressa-se plenamente, pois então o sangue é produzido e dominado inteiramente pelo Ego.
Contrariamente à ideia geralmente aceita, o Ego é bissexual. Se o Ego fosse assexual o Corpo seria também necessariamente assexual, porque não é mais que o símbolo externo do espirito interno.
O Ego tem vários instrumentos: um Corpo Denso, um Corpo Vital, um Corpo de Desejos e uma Mente. Estes são seus instrumentos, e de sua qualidade e seu estado depende a obra que poderá realizar para adquirir experiências.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 9/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Semente de um Novo Ser Humano: nossas crianças atuais
É interessante observar que a semente de um novo ser humano está começando a nascer entre nós. Olhem as crianças! Como são diferentes se nós a comparamos com nós próprios quando éramos jovens. Elas têm uma nova mentalidade, uma nova resistência nervosa e novas qualidades espirituais. Não os levemos para trás com nossas ideias fixas e antiquadas. As crianças deste novo dia têm olhos mais brilhantes, um aspecto mais claro, a Mente mais perspicaz; elas não são absolutamente do tipo musculoso. São mais vivas e interpretam a vida sob um ponto de vista mais espiritual. Elas aplicam a inteligência nos seus trabalhos diários. Elas têm os mesmos problemas que nós tivemos, mas elas os veem sobre um plano mais elevado. Elas têm um entendimento intuitivo maior e mais profundo sobre a vida e nós devemos estar preocupados com o nosso próprio desenvolvimento se quisermos acompanhá-los. Devemos ainda dar-lhes instrução espiritual, conselhos e ensinar-lhes a pureza do coração.
Se entendermos que cada um de nós é uma parte componente da raça humana, nossa visão da vida mudará completamente. Trazer crianças para este mundo é uma boa maneira de fazer-nos sentir ligados à humanidade como um todo. Alguns nunca conceberiam crianças se dependesse meramente do instinto primitivo da multiplicação. Eles desejariam trazer uma criança para este mundo se por esse meio sentissem que estavam fazendo uma contribuição para a raça humana, como uma coisa mais perfeita é mais refinada do que antes. A pessoa altamente desenvolvida tem sempre o desejo de levar adiante alguma coisa nova e sentir a responsabilidade de fazer o melhor para ajudar o aprimoramento e a perfeição da raça humana.
Tudo o que fizermos sinceramente em serviços elevados – tanto no trabalho de um ideal como para um ser humano – se reflete sobre nós mesmos, não somente agora, como nas vidas que virão. Se pudermos educar nossas crianças, despertando-as para o sentido da responsabilidade tanto individual como racial, estaremos inspirando-as a viver saudável, bela e inteligentemente para benefício das futuras gerações. Devemos trabalhar continuamente através dessas.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Aquele que deseja servir como Auxiliar Invisível deve, durante o dia, cultivar uma atitude benevolente, e, à noite, ao se deitar, depois de feito o exercício de Retrospecção, rogar ao Adorável Espírito de Cristo, que enquanto o seu corpo repousar dormindo, lhe seja concedida a graça de cooperar na Seara espiritual em benefício dos seus semelhantes.
1) O Corpo-Alma não é um extrato, como o é a Alma. É um dos veículos do Espírito, ou um dos seus Corpos. É composto dos dois Éteres Superiores do Corpo Vital: Éter Luminoso e Éter Refletor. O Corpo-Alma é construído por meio de uma vida abnegada de Amor e Serviço em favor da humanidade. Essa vida abnegada é que atrai e aumenta os Éteres Superiores. Com a união do Pensamento, poder do Amor, a ação correta e da constante repetição estamos realmente construindo e revestindo-nos com o Dourado Traje Nupcial, o qual ainda não pode ser visto pela maioria dos olhos mortais. Nenhum conceito humano nos pode dar uma ideia aproximada do que é o Corpo-Alma.
2) A Alma é a quintessência dos três veículos inferiores e as experiências adquiridas por esses instrumentos nos seus aspectos de retidão no pensar e no agir. Essa quintessência é extraída pelo nosso Espírito. Uma das mais maravilhosas experiências da vida para a Alma é quando despertamos a grande verdade de expressar o Divino Interno, que é a verdadeira finalidade de nossa vida terrena, e para expressá-Lo é necessário cultivarmos a ação que é o alimento para o crescimento da Alma.
3) Vemos, pois, que a Alma se atrofia quando deixamos de alimentá-la, e que as ações bondosas, pensamentos de amor e serviço aos outros são o alimento para o crescimento dela. A ação tem três principais campos de operação, ainda que ela derivasse seu poder do Espírito por raios de energia. A ação no plano mental é o pensamento, a ação na natureza emocional é o sentimento, a emoção, a paixão e o desejo, a ação na natureza física é movimento com o propósito de alcançar todas as relações da vida. O propósito de cada ato, seja mental, emocional ou físico, é induzido pelos pares de opostos como o Amor e o ódio, Altruísmo e egoísmo, generosidade e avareza, atividade e indolência etc., e seu fruto é incorporado na alma, como consciência, que nos avisa em tempo de tentação ou nos provê do dinamismo para tudo quanta é Bom, Reto e Altruísta.
4) Há em todas as pessoas duas naturezas inteligentes e distintas, chamadas o Eu Superior e o eu inferior, ou Individualidade e Personalidade. O Eu Superior ou Individualidade do ser humano completo está feito do Tríplice Espirito – Divino, de Vida e Humano, juntamente com a Tríplice Alma – Alma Consciente, Emocional e Intelectual. Enquanto a personalidade, ou eu inferior, é feita dos quatro Corpos – Denso, Vital, de Desejos e veículo Mente. O Elo entre a Individualidade e a personalidade é a Mente. Quando a pessoa responde ao impulso do Eu Superior, renuncia ao que lhe é cômodo e útil a favor do que seja proveitoso a muitos. Antepõe o Serviço de Deus a todos os valores materiais. Busca em todas as coisas e em tudo os valores eternos. Porém, quando na pessoa prevalece o eu inferior ou personalidade, a renúncia lhe é desagradável, prefere mais receber ao que dar, cuida mais dos bens materiais e transitórios do que dos espirituais, e o resultado é um grande obstáculo ao desenvolvimento espiritual.
5) Sim, é algo bastante deplorável encontrar-se algum espírito em um estado de inércia durante inconcebíveis milhares de anos, até que, em uma nova evolução, chegue ao estado de unir-se ao ciclo evolutivo e prosseguir em sua tarefa.
6) Conforme nos ensina Max Heindel por meio do Conceito Rosacruz do Cosmos, unicamente três quintas partes do número total de Espíritos Virginais que começaram a evolução no Período de Saturno passarão o ponto crítico da próxima evolução e continuarão até ao fim.
7) Queridas Irmãs e prezados Irmãos, a finalidade da Fraternidade Rosacruz é nos mostrar o caminho da iluminação para nos ajudar a construirmos nosso Corpo-Alma e desenvolvermos as potências de nossa Alma que nos permitirão entrar conscientemente no Reino de Deus e obter o conhecimento direto. É uma longa tarefa, porém se continuarmos com fé e persistente perseverança alcançaremos o Nosso Divino Objetivo.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/83 – Fraternidade Rosacruz – SP)