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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: O Trabalho do Espírito de Raça

Julho 1916

Dentro de poucos dias celebraremos nos Estados Unidos da América “O Glorioso 4 de Julho”, Dia da Independência, e desperdiçaremos muita pólvora em perfeito estado e de grande utilidade que poderia ser mais bem aproveitada do que para demonstrar nosso “patriotismo”. Se julgarmos os acontecimentos que antecederam essa data[1], podermos prever que ocorrerá um considerável número de incêndios e acidentes.

Para que propósito tudo isso quando observamos o dilacerante espetáculo da guerra que, por quase dois anos, fez das lágrimas uma escárnio, pois nenhum símbolo da profunda angústia, tristeza e arrependimento é adequado para a ocasião. Percebamos que se não houvesse o “patriotismo”, poderia não ter havido a guerra; e compreendendo a sua influência funesta, aprendamos a dizer como Thomas Paine[2]: “O Mundo é minha Pátria, e fazer o Bem é minha Religião”. Esse – parece para mim – é o evangelho que devemos pregar aos nossos semelhantes em qualquer país em que estejamos, pois, essa atitude da Mente será um dos fatores que irá realizar nossa emancipação do Espírito de Raça, que fomenta o sentimento de “patriotismo”, a fim de manter o poder dele sobre um determinado povo tanto quanto for possível. Em um certo sentido, o Espírito de Raça se alimenta da guerra, pois, naquele momento, fará com que a nação que esse Espírito de Raça rege dissipe suas diferenças internas, durante um certo tempo, reunindo seu povo uns perto dos outros para defesa ou agressão contra o inimigo comum. Assim, eles vibram em harmonia numa extensão maior que a habitual, e isso fortalece o Espírito de Raça e, por isso em certa medida retarda o advento de Cristo. Enquanto o patriotismo mantiver as nações escravizadas aos Espíritos de Raça, o Reino Universal não poderá ser iniciado.

Por isso, eu solicito fortemente que os Estudantes Rosacruzes se abstenham de participar de quaisquer exercícios patrióticos que sempre tem uma natureza marcial. Pratique a Fraternidade Universal nunca mencionando ou reconhecendo as diferenças de nacionalidade, pois todos somos um em Cristo.

(Carta nº 68 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: O autor se refere à Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que, em 1916, ainda estava em curso.

[2] N.T.: Thomas Paine (1737-1809) foi um político britânico, além de panfletário, revolucionário, inventor, intelectual e um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos da América. Thomas Paine foi, a um só tempo, ator, intérprete e testemunho não apenas das Revoluções Americana e Francesa, mas também dos movimentos revolucionários ingleses em fins do século XVIII e, em menor medida, do movimento revolucionário nos Países Baixos e na Irlanda, onde ele era continuamente citado e admirado.

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