Mais uma vez chegamos ao ato final do drama cósmico que envolve a descida do Raio solar de Cristo na matéria de nossa Terra, que se completa no Nascimento Místico celebrado no Natal e, depois, na Morte Mística e na Libertação, que são celebradas logo após o Equinócio de Março, quando o Sol do novo ano inicia sua ascensão às esferas superiores dos céus setentrionais, depois de verter sua vida para salvar a Humanidade e revigorar todas as coisas sobre a Terra.
Pois os pontos dos Equinócios e Solstícios são marcos decisivos no caminho cíclico de um Planeta, marcados por festividades como o Natal e a Páscoa
Podemos partir com o marco decisivo no caminho cíclico da Terra na noite de Natal, quando a Terra dorme mais profundamente, quando as atividades materiais descem ao nível mais baixo, uma onda de energia espiritual carrega em sua crista a divina criadora “Palavra do Céu” para um nascimento místico no Natal; e como uma nuvem luminosa, o impulso espiritual paira sobre o mundo que “não o conheceu” porque ele “brilha nas trevas”, quando a natureza está paralisada e muda.
Essa “Palavra” criadora divina contém uma mensagem e tem uma missão. Nasceu para “salvar o mundo” e “para dar Sua vida pelo mundo”. Deve, necessariamente, sacrificar Sua vida para conseguir o rejuvenescimento da natureza. Gradualmente, um raio do Cristo Cósmico se enterra na Terra e começa a infundir Sua própria energia vital nas milhões de sementes que jazem adormecidas no solo. Ele sussurra a “palavra de vida” nos ouvidos dos animais e pássaros, até que o evangelho ou as boas novas seja pregado a todas as criaturas. O sacrifício é totalmente consumado quando o Sol cruza seu nodo oriental no Equinócio de Março. Então, a Palavra divina criadora expira. Em um sentido místico, Ele morre na cruz na Páscoa, enquanto profere um último brado triunfante: “Está Consumado” (Consummatum est).
Mas, do mesmo modo que um eco volta a nós, muitas vezes, repetido, assim também a canção celestial de vida é repercutida na Terra. Toda a criação entoa um cântico de louvor. Um coro de uma legião de línguas repete sem cessar. As pequeninas sementes no seio da Mãe Terra começam a germinar, brotando e despontando em todas as direções, e logo um maravilhoso mosaico de vida, um tapete verde aveludado bordado com flores multicoloridas, substitui o manto de imaculado branco invernal. Das espécies de animais de pelo e pena, a “palavra de vida” ressoa como uma canção de amor, impelindo-os ao acasalamento. Geração e multiplicação é o lema em toda parte – o Espírito ressuscitou para uma vida mais abundante.
Assim, misticamente, podemos notar todos os anos o nascimento, a morte e a ressurreição do Salvador como o fluxo e o refluxo de um impulso espiritual que culmina no Solstício de Dezembro – época do Natal – e sai da Terra logo após a Páscoa, quando a “palavra” sobe ao Céus, no Domingo de Pentecostes. Mas, não permanece lá para sempre. Foi-nos ensinado que “dali retornará”, “no Juízo”. Portanto, quando o Sol atravessa a linha do equador em direção ao sul do Planeta Terra, em outubro, através do Signo de Libra inicia a descida do Espírito do novo ano. Essa descida culmina no nascimento, no Natal.
(Trechos de Max Heindel sobre o trabalho cíclico anual do Cristo)
Já está marcado nos céus o início de uma ação predecessora, isto é, que precede a um grande acontecimento. A 21 de setembro iniciou-se, mais uma vez, a descida de um Raio do Cristo Cósmico, e no dizer de nosso irmão Max Heindel, “um cântico harmonioso, rítmico e vibratório”, maravilhosamente descrito na lenda do Nascimento Místico, como um “hosana” cantado por um coro angelical, enche a atmosfera planetária e opera sobre todos nós como um impulso à aspiração espiritual.
Pelo Natal o Cristo nascera, mais uma vez, no centro da Terra, para vivificá-la e para, de novo, dar Sua vida a todos os Reinos da Natureza que evoluem nesse Planeta. Já o trabalho maior que tem um paralelo: o trabalho menor. A uma ação macrocósmica corresponde uma ação microscópica. Há uma disposição de forças em cada criatura – em cada microcosmo – o que tende a levá-la, por esta época, a consciência de seu Cristo interno. Toda a vida se predispõe a esse grande acontecimento, tanto no maior como no menor…
Tudo se adapta ao desígnio maior. Toda a natureza se rende, toda a vida instintiva cede passo à ação hierárquica dos valores mais elevados. A ação adaptativa se mostra em toda a sua plenitude e a razão está, então, como nosso irmão Max Heindel quando diz que: “a adaptabilidade é a chave do progresso e da evolução”.
Todos os anos há uma tentativa, uma ação de ordem espiritual no sentido de tornar a matéria física mais sensível aos impactos do Espírito. Está, portanto, em ação, tal como nos anos anteriores, um processo mais direto de sutilização da matéria por força desse “cântico harmonioso, rítmico e vibratório” que teve início a 21 de setembro.
O trabalho de Cristo começou novamente. Novas condições de vida, embora imperceptíveis para a maioria, surgirão a contar desse dia, em relação aos anos anteriores.
O processo alquímico no Cosmo se desenvolve sem interrupção através da adaptação integral da Natureza à Ação Crística. No microcosmo, a ação do Cristo interno deveria ser paralela à do Cristo Cósmico, mas não o é. As razões de ordem pessoais tolhem essa ação e a adaptação, quando há, se processa intermitentemente. O ser humano sofre, principalmente por falta de visão, por não poder ou querer dilatar seu horizonte.
Porém, a criatura nunca está desamparada. Existe sempre um auxiliar de Cristo junto a cada ser e, entre esses Auxiliares estão os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, fornecendo os meios necessários para a criatura adaptar-se à Ação Crística.
Dizem eles: “Se aspiramos conhecer a Deus e obter a Sabedoria Divina, devemos estudar a atividade do Divino Princípio em nossos corações. Devemos escutar-lhe a voz com o ouvido da inteligência e ler-lhe as palavras com a luz do divino amor, porque o único Deus que o ser humano pode conhecer é o seu próprio Deus pessoal, Uno com o Deus do Universo” (Livro: Cartas Rosacruzes). Este é o símbolo proposto por Cristo quando disse: “ninguém pode conhecer o Pai senão por mim”, isto é, pelo princípio Crístico microcósmico interno.
Tomás de Kempes diz no Livro “Imitação de Cristo”: “Filho, eu devo ser o teu supremo e último fim, se desejas ser verdadeiramente feliz. Esta intenção purificará teu coração, tantas vezes apegado desregradamente a ti mesmo e as criaturas. Porque se em alguma coisa te buscas a ti mesmo, logo desfaleces e afrouxas. Refere, pois, tudo a mim, principalmente porque eu sou quem te deu tudo. Considera todos os bens como dimanados do Sumo Bem e, por isso refere tudo a mim como sua origem”.
A “Luz do Mundo” diz: “Procura primeiro o Reino de Deus… o Reino de Deus está dentro de ti”.
Cristo e Seus Auxiliares aí estão levando a criatura pela procura de um valor interior, à condição real de Filho de Deus.
Eis porque atualmente se faz ouvir “um cântico como um hosana entoado por um coro angelical, enchendo a atmosfera planetária, impulsionando-nos a aspiração espiritual”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)