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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Origem do Natal

Os materialistas se recusam a aceitar o formoso relato sobre o nascimento de Jesus e frequentemente formulam esta pergunta: “Se Cristo veio ao mundo para salvar os seres humanos do pecado e da morte, quem salvará as milhões e milhões de almas que estavam em manifestação antes da Era Cristã, que data de apenas um pouco mais de 2000 atrás”?

Disse São João Evangelista: “Porque Deus amou de tal maneira o mundo que lhe deu seu Filho Unigênito para que todo aquele que n’Ele crê não se perca, mas tenha a vida eterna. Porque não O enviou Deus para condenar o mundo, mas para que o mundo se salve por Ele.” (Jo 3:16).

Essas palavras de Cristo-Jesus têm dado o que pensar a muitos e até fizeram que alguns se afastassem de sua fé em Deus, porque: “…como pode alguém acreditar na Paternidade de Deus e Sua Bondade: como pode alguém crer no amor desse grande Espírito e, também, pensar que Ele deixou de dar o necessário a Seus filhos, em todas as épocas? Quem pode continuar crendo n’Ele, se foi tão cruel a ponto de enviar Seu único Filho para salvar apenas uma pequena parte de seus outros filhos humanos? Quem pode crer, tal como o creem os ortodoxos, que esse amoroso Pai tivesse permitido que a maioria de seus filhos fosse arrojada às trevas para sofrer eternamente, apenas por que vieram antes de Cristo? Diante disso, é de surpreender que as Religiões de Buda, Maomé e Zoroastro continuem florescendo, embora reconheçamos que os ensinamentos do Mestre Cristo-Jesus preencham as necessidades da nova onda evolutiva?”.

Os ministros ortodoxos afirmam que o Natal começou a ser celebrado apenas uns quatrocentos anos depois de Cristo. De fato, nada existe na história para confirmar que os Cristãos tivessem celebrado esse acontecimento nos primitivos tempos do Cristianismo. Mas, isso é fácil de se compreender. Até sua oficialização, o Cristianismo sofria cruéis perseguições. Ademais, o paganismo fortemente espalhado então desvirtuaria a pureza de sua apresentação. Os essênios eram devotos e pouco dados a práticas externas, como o faziam os fariseus. Mais tarde, a própria exigência do povo pelo cerimonial estabeleceu essa prática. Vejamos o Antigo Testamento e leiamos sobre os grandes festivais promovidos pelo povo naqueles remotos tempos e que correspondem a nossos presentes festejos de Natal e Páscoa de Ressurreição.

Os antigos eram muito dados a cerimoniais. Seus festivais eram religiosamente observados, ainda mais do que as festas religiosas de hoje. Vejamos os festivais dos tempos de Abraão: Moisés deu instruções bem definidas a seus seguidores em relação a essas cerimônias, que deveriam acontecer com seus ritos Religiosos. Moisés é o autor dos cinco primeiros livros da Bíblia (Pentateuco) e seus Dez Mandamentos são a pedra angular de todas as atuais Religiões. Os antigos festivais eram terrivelmente desfigurados com ritos que as pessoas modernas considerariam repulsivos. Em algumas ocasiões não apenas eram imolados animais no Altar dos Sacrifícios, senão que o próprio sangue humano corria, para apaziguar a fúria dos deuses pagãos. Quase todos os festivais eram oferecidos ao Deus do Sol e muitas das Religiões antigas se achavam mescladas com os mitos solares. No Solstício de Dezembro, quando o Sol chega à sua mais baixa declinação sul e deve empreender a marcha ascendente rumo ao norte, converte-se num salvador de vidas e, então, renasce o deus-sol.

Em algumas das Religiões antigas, encontramos o relato da mãe e do filho divino. Na Índia, Krishna nasceu como um salvador e seus pais tiveram que fugir de sua terra devido ao decreto do Rei Karnsa de matar toda criança de sexo masculino recém-nascido. Na história do nascimento de Krishna encontramos os Anjos, os Pastores e os Magos. A história da vida deste deus-sol da Índia é muito parecida à de Cristo Jesus.

Na história da Babilônia encontramos o deus do sol, Tammuz, que nasceu de uma mãe virgem. Uma lenda similar é a do deus Apolo. Encontramos, também, o mesmo mistério em relação à data de nascimento desses deuses, que foi igual à de Jesus.

Em todos os relatos dos nascimentos dos grandes Mestres existe a aparição de um Anjo anunciando a uma Virgem que Deus a havia escolhido para mãe de uma divina criança. A história difere mui ligeiramente nas distintas Religiões. O idioma, o cerimonial e os costumes é que motivam essas diferenças secundárias.

Afinal, por que a Virgem e um menino divino aparecem nessas Religiões antigas, inclusive na classificadas de pagãs? Isso não é uma prova que deve existir alguma conexão entre esses mitos, os quais coincidem maravilhosamente com o nascimento do Salvador e com a marcha do Sol através do Zodíaco? Em alguns desses relatos fala-se de um grande silêncio existente em toda a Terra, no momento do nascimento. Tudo era silêncio. Isso é uma realidade no Solstício de Dezembro. No hemisfério norte da Terra, a vida vegetal parece descansar. A força de Deus se aquieta por algum tempo. A seiva se recolhe nas raízes. Os ramos e os talos se desnudam. A vida dorme e o Sol penetra no reino de Saturno, Capricórnio. A Terra é uma massa vivente que respira, mas nesse tempo parece reter seu alento, como o faz uma pessoa quando vai realizar um ato muito importante.

O nascimento do Sol é como uma exalação da vida do Cristo, sentido por toda a Humanidade. O Natal, nascimento místico, é um período de regozijo para a Terra, bem como o é principalmente para a Humanidade, porque então os Anjos portam correntes de júbilos.

O mito do Sol existente nas Religiões antigas, encarado sob o ponto de vista da Astrologia e da Astronomia, fala-nos do grande Plano Cósmico. O Sol em seu caminho pelos Signos do Zodíaco é uma manifestação atual das glórias do Universo de Deus. Por enquanto é apenas uma manifestação externa de uma verdade maior, o Filho cósmico, o Cristo, por quem flui toda a vida de Deus em favor da Humanidade. Ele é o grande portador da vida, cujo veículo material nasceu há mais de 2000 anos atrás. Veio à Terra para que por Seu intermédio pudesse Deus acender em todo ser humano a chama do Amor divino, os atributos do Segundo Aspecto de Sua Natureza. Igualmente nessa época nasce o Sol em sua subida ao Norte, brilhante e com mais força e vigor, mais próximo da Terra, para renovar a vida em toda a Natureza.

Se examinarmos esse grande evento anual do Natal sob os dois pontos de vista, o pagão e o festival do deus-sol em sua jornada pelos Signos do Zodíaco e relacionamos com o relato do nascimento do Filho de Deus de uma Virgem, nosso Amor e reverência pelas Páscoas modernas em vez de decrescer, aumentarão, mesmo que os textos Cristãos ortodoxos afirmem que as festas que se celebravam nos tempos pré-Cristãos eram pagãs.

O exposto, que a história nos conta, revela que nós sempre buscamos uma Religião. Nossa alma sempre ansiou por Deus. Por mais cruel que haja podido ser essa concepção de Deus para conosco, não invalida nem diminui a realidade de Sua existência. Desde a época em que os nossos olhos foram abertos para o mundo e o véu do conhecimento de nós mesmos foi retirado, fomos buscando resolver os grandes mistérios da vida. À medida que cresçamos em Sabedoria e compreensão espiritual, a verdadeira luz nos será mostrada no caminho, essa luz que esteve escondida nas dobras dos séculos que passaram. Então poderemos verificar que os deuses, assim como a nossa Mente, crescem junto com as Religiões para ganhar em consciência. Assim também deve crescer nosso ideal do Natal, em amor e beleza. Quando o Cristo-menino nasça e se alimente em nossos corações poderemos entender perfeitamente o sentido destes versos de Angelus Silesius: “Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém, enquanto não nascer dentro de ti, tua alma estará extraviada. Olharás em vão a Cruz do Gólgota enquanto ela não se erguer em teu coração também”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1965-Fraternidade Rosacruz-SP)

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O Significado dos Mitos

Max Heindel afirmou que o mito foi o recurso utilizado pelos Divinos Líderes da humanidade para orientá-la em sua infância espiritual. O vocábulo mito origina-se do grego Mythos que quer dizer relato. É um relato em linguagem simbólica capaz de projetar os arquétipos de verdades espirituais na consciência humana. Em sua obra “Mistérios das Grandes Óperas”, Max Heindel revela o significado oculto de vários mitos oriundos da Europa setentrional.

Os mitos confundem-se com as próprias religiões. Todas as grandes religiões mediterrâneas e asiáticas possuem sua mitologia. A Bíblia, tanto quanto outros livros sagrados, contém mitos.

Os mitos contam histórias sagradas, fatos ocorridos em tempos imemoriais. Relatam como, graças aos Seres sobrenaturais, uma realidade passou a existir, como algo começou a ser. São, geralmente, uma narrativa de uma criação, seja do Cosmos, seja de uma cultura, de uma nação ou de um comportamento. Explicam não apenas a origem do mundo, dos animais, das plantas e da humanidade, mas também de todos os acontecimentos através dos quais o ser humano converteu-se no que é hoje.

Como os mitos transmitem arquétipos de verdades cósmicas, é comum encontrarmos o mesmo relato em civilizações e religiões diferentes que se desenvolveram em épocas distintas e locais bem diferentes uns dos outros. É o caso do mito da Sagrada Família. O mesmo enredo da história cristã de Maria, José e Jesus se repete em tempos e épocas diferentes. Na antiga religião egípcia fala-se do salvador, o deus sol Horus, filho de Isis (uma virgem) e Osiris, Semiramis com Tammuz. No norte da Europa, Baldur (ou Balder), filho da virgem Freya (Frigga), nasce entre animais, numa estrebaria, sendo conduzido às montanhas para fugir dos perigos que o ameaçavam. Saga idêntica é a de Krishna, na Índia e Quetzacol entre os astecas, na América pré-colombiana.

São muito comuns, também, entre várias civilizações, os mitos do “fim do mundo”. A Bíblia fala de Noé e de como ele sobreviveu ao Dilúvio. Em outras culturas o mundo foi destruído por um cataclismo e a humanidade aniquilada, com exceção de um casal ou de alguns sobreviventes. Esses mitos transmitem a ideia de que o mundo deve ser tanto quanto devemos recriá-lo e regenerá-lo ciclicamente. Mostram o final de um ciclo já exaurido em suas possibilidades evolutivas e o início de um novo, com lições inéditas para todos nós. Essa ideia de que o Cosmos encontra-se ameaçado se não for recriado inspirava a principal festividade dos índios californianos.

A função do mito é de revelar arquétipos, dando significado ao mundo e à existência humana, mostrando também a sacralidade inerente a todas as coisas.

A verdade é que a vinda do Cristo se constituiu no único e maior evento na história espiritual da humanidade. Todos os mitos, lendas e vidas de seres humanos de poder espiritual que precederam a Cristo serviram para preparar a consciência humana para aquele evento; apenas anteciparam um vislumbre daquilo que viria.

Em Cristo temos aquilo que foi enunciado; temos a realização daquilo que foi preparado. Em Cristo Jesus temos a verdadeira presença de Deus na Terra; a presença do Criador em Sua Criação. Todos os que vieram antes foram apenas Seus servidores. Todos os que vierem depois, seguirão Suas pegadas.

Portanto, se somos capazes de perceber corretamente isso dentro de nós mesmos, reconhecemos que certos mitos, lendas e vidas de seres humanos de poder espiritual prepararam o ser humano para entender essa verdade: “que ante o nome de Jesus Cristo todo joelho se dobra e toda boca deve confessar que Jesus Cristo é o Senhor, para a Glória de Deus Pai.

(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP – setembro-outubro/1993)

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Pergunta: Cristo não encarnou anteriormente em Gautama Buda e, ainda antes, em Krishna?

Pergunta: Eu entendo quando você diz que o Cristo encarnou uma única vez em Jesus. Ele não encarnou anteriormente em Gautama Buda e, ainda antes, em Krishna?

Resposta: Não. O próprio Jesus é um Espírito pertencente à nossa evolução humana, assim como também era Gautama Buda. O autor não tem informações a respeito de Krishna, mas tende a acreditar que ele também era um Espírito pertencente à onda de vida humana, porque as histórias indianas a seu respeito relatam como ele entrou no céu e o que lá aconteceu. O Espírito de Cristo, que entrou no corpo de Jesus quando o próprio Jesus o cedeu, é um raio do Cristo Cósmico. Podemos acompanhar Jesus em seus renascimentos anteriores e podemos acompanhar seu crescimento até os dias de hoje. O Espírito de Cristo, pelo contrário, não pode ser encontrado de maneira alguma entre nossos Espíritos humanos.

Podemos dizer que antes da vinda de Cristo, o próprio Cristo trabalhou na Terra a partir do seu exterior, assim como o Espírito-Grupo trabalha com os animais a partir do seu exterior, guiando-os e ajudando-os até que se tornem suficientemente individualizados para que seus Corpos sejam a morada de um Espírito individual. Não havia nenhum Espírito que habitava a Terra antes da vinda de Cristo, mas no momento em que o sacrifício no Gólgota foi consumado e o Espírito de Cristo foi libertado do corpo de Jesus, ele foi atraído para a Terra e agora é o Regente do Espírito da Terra, que São Paulo diz “gemendo e está com dores de parto, esperando o dia da libertação[1], pois, ao contrário da opinião aceita, o sacrifício no Gólgota não foi finalizado com a morte do corpo de Jesus; na verdade, podemos dizer que esse evento foi apenas o começo; o sacrifício continuará até que chegue o tempo em que tivermos desenvolvido o altruísmo e o amor que libertarão o Espírito da Terra das condições restritivas da existência material, quando não haverá mais a necessidade de guiar-nos.

(Pergunta nº 90 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” -Vol. I-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)


[1](Rm 8:22)

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