Já faz algum tempo que estou entre os doentes e muitos dos que me cercam estão gravemente aflitos. Nós os encontramos todos os dias falando sobre medicamentos, alimentos, climas e tratamentos diversos para uma doença ou mais das quais procuram a cura. Isso é natural; não parece razoável para um sofredor negligenciar o uso de meios físicos nos quais ele tenha fé. Existem medidas físicas que aliviarão as doenças e ajudarão a efetuar uma cura e, se não as empregarmos, seremos negligentes em nosso dever. Mas, é correto para um paciente colocar sua fé inteiramente em algo fora de si mesmo para uma cura? Não acreditamos que seja. Acreditamos que ele é responsável por sua condição e a cura deve vir principalmente como o resultado de seus próprios esforços, consciente ou inconscientemente.
Doença, de qualquer natureza, é evidência de discórdia — desarmonia. Mostra que violamos uma Lei da Natureza — pecamos. Muitas vezes não nos lembramos de uma violação compatível com a gravidade da nossa doença. A Astrologia Rosacruz nos dará luz. Sabemos que é possível traçar o horóscopo de uma criança assim que ela nasce e encontrar as partes fracas do seu Corpo Denso e suas tendências a certas doenças. A hereditariedade, por si só, não explica satisfatoriamente essas tendências. Não acreditamos que um Deus justo permita que qualquer alma nasça com predisposição para certas doenças, a menos que as mereça. A criança não pecou ou violou as Leis da Natureza nessa vida. Parece haver apenas uma resposta razoável para o que a faz nascer com essas tendências: ela pecou em alguma vida passada. Naquela vida anterior, manteve certas ideias falsas e distorcidas que construíram esse Corpo Denso, quando renasceu. Construímos nossos próprios Corpos e os construímos de acordo com nossos pensamentos e nossas ideias anteriores. Aprendemos a construir certo construindo errado. Só atraímos harmonia ou saúde na medida em que as manifestamos anteriormente.
Se pecar ou violar as Leis da Natureza é a causa da doença, o remédio se sugere: devemos mudar nossa vida. Devemos viver em harmonia com Deus — a boa Lei Universal. Devemos buscar, sinceramente, saber onde pecamos. Devemos nos esforçar para controlar as fraquezas que trouxeram discórdia ao nosso Corpo Denso. E, se crescemos até a maturidade, sabemos quais são essas fraquezas, pois elas já se manifestaram como tentações ou violações nesta vida.
Cristo ensinou a doutrina Cristã do Perdão dos Pecados. Ele nos ensinou que, se aprendêssemos nossas lições, a Lei não permitiria que violações anteriores, os pecados, reagissem sobre nós e nos causassem sofrimento. Ele poderia nos perdoar e “apagar a lição escrita na lousa”; isto é, se tivéssemos mudado nossa vida e houvesse pouca chance de cometermos a mesma ofensa novamente. Nesse ensinamento há uma grande esperança para nós.
Acreditamos que ao efetuar a cura de qualquer doença, o meio mais eficiente, além de usar todas as medidas físicas nas quais temos fé, é buscar fervorosamente e em oração as nossas fraquezas para erradicá-las. Para alguns de nós isso não é fácil, pois exige uma mudança de vida e requer tempo, paciência e perseverança. Mas, vivendo em harmonia com a Lei Universal, tornamos possível para nosso Pai, o Grande Médico, restaurar a harmonia em nossos corpos: tal cura é uma cura permanente. Buscamos e estamos manifestando “o Reino dos Céus e sua Justiça; e todas as coisas nos serão acrescentadas” — inclusive a saúde.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de julho/1917 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Resposta: Lamentavelmente as pessoas atribuem suas más qualidades a hereditariedade, culpando seus pais por elas, ao passo que o mérito das boas qualidades atribui a si mesmos. Contudo, o fato mesmo de diferenciarmos o que se herda do que é propriamente nosso demonstra que existem dois aspectos da natureza humana: a forma e a vida.
Somos atraídos ao nascer e viver com as pessoas que convivem conosco devido a Lei de Causa e Efeito (ou Consequência) e a lei de Associação (ou Atração). A mesma lei que faz com que os músicos procurem a companhia de outros músicos e ser reúnam nas salas de concertos, ou que os apostadores se juntem nos hipódromos ou nas casas de jogo ou que as pessoas estudiosas se reúnam nas bibliotecas ou nos centros de cultura, também faz com que as pessoas de tendências e gostos semelhantes nasçam na mesma família.
Quando ouvimos uma pessoa dizer: “Sei que sou extravagante, mas não posso evitá-lo, é característica da minha família”.
Isso é a expressão da Lei de Associação (Atração) e quanto mais cedo reconhecermos que devemos vencer os nossos maus hábitos e cultivar a virtude em seu lugar, em vez de atribui-los alei da Hereditariedade, tanto melhor para nós.
O ser humano é essencialmente Espírito e vem para o Mundo Físico, em cada novo renascimento, equipado com uma natureza mental e moral que é absolutamente sua, tomando dos seus pais somente os materiais necessários para formar o seu corpo físico, o Corpo Denso.
Portanto, a hereditariedade só é verdadeira no que se refere aos aspectos materiais do Corpo Denso, mas, não relativamente às qualidades anímicas que são absolutamente individuais.
O Ego que renasce faz algum trabalho em seu Corpo Denso, incorporando nele a quinta essência das suas qualidades anímicas físicas passadas (para a grande maioria das pessoas é um trabalho bem pequeno em comparação com o que herda dos pais). De qualquer modo, nenhum corpo é uma mistura exata das qualidades dos pais, embora o Ego se veja limitado a utilizar os materiais fornecidos geneticamente pelo Corpo do pai e da mãe. Daí um músico renascer onde possa obter o material preciso para formar mãos ágeis e ouvidos delicados com suas sensitivas fibras de Corti e o ajuste correto dos três canais semicirculares. A composição destes materiais está, todavia, sob o controle do Ego, até o ponto citado.
No feto, na parte inferior da garganta, bem por cima do esterno, existe uma Glândula Endócrina chamada Glândula Timo, que é maior durante o período da gestação e que vai se atrofiando gradualmente com o crescimento da criança e sua função desaparece quase que completamente em torno dos quatorze anos, em geral, quando os ossos já estão devidamente formados. A ciência tem ficado muito intrigada com a utilidade dessa Glândula e várias teorias foram propostas a respeito. Uma dentre essas teorias, sustenta que essa Glândula fornece o material necessário à formação dos corpúsculos vermelhos do sangue, até que os ossos estejam devidamente formados na criança, de modo que esta possa fabricar seus próprios corpúsculos. Essa teoria é correta. Durante seus primeiros anos, o Ego que habita o corpo da criança não está na plena posse do mesmo e reconhecemos que a criança não é responsável pelos seus atos, pelo menos antes dos sete anos e, às vezes, até os quatorze. Durante este período a criança não é responsável legalmente pelos seus atos e assim deve ser, porque o Ego que está no sangue só pode agir adequadamente no sangue de sua própria criação, de modo que no corpo infantil, no qual o sangue é fornecido pelos pais mediante a Glândula Timo, a criança na realidade não é dona de si mesma.
É por esse motivo também que as crianças não falam de si como “eu”, mas se identificam com sua família. São o “filhinho da mamãe ou a filhinha do papai”. As criancinhas dizem: “Maria quer isto” ou “Joãozinho quer aquilo”, porém tão logo alcancem a idade da puberdade e começam a gerar seus próprios corpúsculos sanguíneos, começam a ouvir de forma positiva: “Eu farei isto”, “Eu quero aquilo”. Desde esse momento começam a afirmar a sua própria individualidade e a se distinguir de sua família.
Em vista de tudo isto, podemos concluir que o sangue, bem como o corpo, durante os anos da infância é herdado dos pais. Por esse motivo a tendência a certas enfermidades também vem com o sangue: não a enfermidade, mas a tendência. Depois dos quatorze anos, quando o Ego começa a gerar seus próprios corpúsculos sanguíneos, dependerá muito da própria pessoa o fato de tendências se manifestarem ou não.
(Extraído do livro: Princípios Ocultos de Saúde e Cura” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Pergunta: Como explicam o fato de uma criança herdar tão frequentemente as características negativas dos pais?
Resposta: Explicamos dizendo que isso não é a realidade. Infelizmente, as pessoas parecem atribuir suas características negativas à hereditariedade, culpando seus pais pelas suas falhas, não obstante creditando a si mesmas o mérito das boas qualidades que acaso possuam. O próprio fato de diferenciarmos o que herdamos daquilo que nos é próprio mostra que a natureza humana tem dois lados: o da forma e o da vida.
O ser humano, o pensador, vem parar aqui equipado com uma natureza mental e outra moral, que são exclusivamente suas, tomando de seus pais apenas o material para o Corpo Denso, o físico. Somos atraídos para certas pessoas pela Lei de Consequência e pela Lei de Associação. A lei que induz o músico a procurar a companhia de outro músico nas salas de concerto; os jogadores a se reunirem nos cassinos e nos hipódromos; os intelectuais a se juntarem nas bibliotecas, etc., é também a lei que leva as pessoas de análogas tendências, características e gostos a nascerem na mesma família. Quando ouvimos uma pessoa dizer: “Sim, sei que gasto muito, mas minha família nunca foi acostumada ao trabalho, sempre tivemos empregados” isso demonstra que basta a semelhança de gostos para justificar o caso. Quando outra diz: “Oh! Sim, sei que sou extravagante, mas não posso evitá-lo, é mal de família”, vemos mais uma vez a Lei de Associação se manifestando. Por conseguinte, quanto mais cedo reconhecermos que, ao invés de usar a Lei de Hereditariedade como desculpa para nossos maus hábitos, procurássemos dominá-los e cultivássemos as virtudes, seria muito melhor para nós. Não consideraríamos válida a desculpa de um ébrio que dissesse: “Não, não posso deixar de beber. Afinal, todos os meus companheiros bebem! ”. Recomendaríamos a eles simplesmente que se afastasse deles o mais depressa possível e procurasse se auto-afirmar em sua individualidade. Aconselharíamos, também, a parar de escudar-se atrás de seus ancestrais como desculpa para seus maus hábitos.
(Pergunta nº 30 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)