Vamos tratar aqui da Astrologia Rosacruz, como nos fornecida pela Fraternidade Rosacruz, a fim de demonstrar a veracidade da Astrologia Rosacruz, não apenas como Ciência positiva, possível de ser comprovada na vida quotidiana, mas principalmente como Ciência espiritual. Oportunamente, todos poderão verificar que a Astrologia Rosacruz é, na realidade, uma fase da Religião, dela não se podendo separar e, por isso nós, os Estudantes Rosacruzes, a consideramos como sagrada, não a desvirtuando fazendo dela passatempo, nem meio divinatório (ou seja: usada para adivinhação ou aos instrumentos desta prática).
Vamos hoje apresentar uma interessante conferência pronunciada pelo nosso muito estimado Max Heindel, que consideramos como o maior conhecedor de Astrologia Rosacruz, sob o ponto de vista espiritual. Max Heindel jamais profanou os seus conhecimentos de Astrologia Rosacruz, dela se servindo apenas para explicar os “Mistérios” religiosos e para cumprir o sagrado mandamento de Cristo Jesus: “Curar os Enfermos”. Essa é, por certo, a mais recomendável e a mais legítima das aplicações da Astrologia Rosacruz. Mas deixemos esse assunto para quando chegar sua oportunidade e passemos à conferência de Max Heindel:
“Em nossos tempos se começou a considerar a Astrologia como uma superstição, assim como o Clarividente e o Astrólogo são considerados como charlatões, não sem razão, muitas vezes. Na maioria dos veículos de imprensa e mídia se encontram anúncios oferecendo horóscopos que abarquem desde o nascimento até o túmulo, pela ínfima soma de $ 10,00 e, às vezes, até em troca de um selo do correio.
O propósito dessa conferência é mostrar outro aspecto da Astrologia Rosacruz que, geralmente, é desconhecido: mostrar suas possibilidades e limitações.
Há duas classes de Astrologia e duas classes de astrólogos: uns não levantam nunca o horóscopo do solicitante, senão que somente perguntam o mês do nascimento para saber em que Signo estava o Sol quando nasceu a pessoa. Então copiam de um livro ou tomam uma série de doze folhas mimeografadas que correspondem aos doze meses do ano, e que dão a ‘sorte’ da pessoa.
Para qualquer Mente que raciocine é evidente que há mais do que doze classes de pessoas no mundo, e de acordo com esse método haveria completa semelhança de vida no caso de cada doze pessoas, porém sabemos que nem duas pessoas têm as mesmas experiências, que cada vida é diferente de todas as demais e que quaisquer métodos que não façam tais distinções devem ser completamente falso.
O ‘astrólogo’ de $ 10,00 é uma boa pessoa de negócios. Seus horóscopos mimeografados, escritos à mão, desenhados, gastos de correio, etc., não vão além de $ 5,00 ou menos; assim ela tira um bom lucro em cada horóscopo (?). Porém embora seja esse um bom negócio, não é o mais importante. O fato é que quando esses “astrólogos” obtêm a direção de uma pessoa qualquer inexperiente, se aproveitarão para iniciar um negócio muito mais rendoso. De tempos a tempos notificam aos seus clientes que certos fatos futuros irão ocorrer, e que mediante o pagamento de uma certa importância ele poderá revelá-los e ensinar como evitá-los. Continuam assim explorando as suas vítimas, sistematicamente, até que a experiência tenha ensinado a esses pobres ingênuos o valor nulo dessas predições. Essas vítimas são as que depois gritam contra a Astrologia, taxando-a de fraude, de charlatanismo e de loucura.
O método científico exige em primeiro lugar o dia, o mês e o ano do nascimento, pois leva em conta todos os nove corpos celestes do Sistema Solar, e sabe que em cada momento eles ocupam entre si certas posições relativas. A mesma posição não se repetirá outra vez senão depois de um Ano Sideral, que compreende uns 25.868 anos comuns. Assim, se uma criança nascesse hoje, seria necessário esperar uns 25.868 anos antes que pudesse nascer outra com o mesmo horóscopo. Porém esses dados ainda não são suficientes, pois, se calcularmos que em cada segundo nasce uma criança, em um dia teriam nascido 86.400 crianças, cujas experiências na vida seriam iguais, se fosse tomado em consideração apenas a data do nascimento. Por conseguinte, o Astrólogo científico pede também o horário e o lugar do nascimento, além do dia, mês e ano, pois há pessoas que nascem na mesma hora, mas em lugares muito afastadas um do outro; até mesmo os gêmeos podem nascer com diferenças de minutos e mesmo de horas, e isso produz, também, uma grande diferença.
Entretanto, quando duas crianças nascem ao mesmo tempo e no mesmo lugar há também uma semelhança marcada em suas vidas. São conhecidos vários casos desses. Um exemplo bastará: um senhor chamado Samuel Hemmings nasceu no mesmo lugar, em Londres, e na mesma hora e quase no mesmo minuto em que nascia o Rei Jorge III, em 4 de junho de 1738. Estabeleceu-se como negociante em ferragens no mesmo dia em que o Rei Jorge III foi coroado, casou-se no mesmo dia que Sua Majestade, morreram ambos no mesmo momento, e todos os acontecimentos das suas vidas se pareceram uns com os outros. A diferença de estado social impediu que ambos fossem reis, porém no mesmo dia que um era coroado como monarca de um reino, o outro se convertia num homem de negócios independente.
A Astronomia difere da Astrologia tanto quanto a Anatomia da Fisiologia. A Anatomia nos diz onde se encontram os órgãos do Corpo Denso, nos ensina a sua estrutura, e a Astronomia nos informa a respeito dos corpos celestes. Porém compete ao fisiólogo explicar a utilidade das diferentes partes orgânicas do Corpo Denso, porque isso é a única coisa que pode dar valor àquele conhecimento. E assim também é a parte que corresponde à Astrologia: explicar os significados das mudanças das posições relativas dos corpos celestes e a influência que elas possam ter sobre os atos da Humanidade.
Não se necessita de nenhuma argumentação para provar que as condições químicas da atmosfera terrestre durante a manhã diferem das da tarde, ou das do meio-dia. Vemos também as mudanças que se produzem nas diversas estações do ano, e sabemos que são devidas às mudanças de posição do Sol. Todos reconhecem o efeito da Lua sobre as marés. Esses corpos celestes movem-se muito depressa e estão produzindo constantemente mudanças nas condições atmosféricas da Terra. Nos dias de hoje, em que se verificam os extraordinários fenômenos do rádio, não é difícil compreender que outros corpos celestes também produzem seus efeitos. Como já vimos, essas alterações são tão numerosas que as mesmas condições químicas não se repetem senão depois de um intervalo de 25 mil e tantos anos. Vemos, pois, que as condições eletrostáticas da atmosfera quando a criança aspira o seu primeiro alento imprime em cada átomo do pequeno Corpo sensitivo uma característica individual. É como se se carregasse uma bateria elétrica nova, qualquer mudança nas condições atmosféricas afetará esse cérebro diferentemente de todos os demais, porque sua característica ou condição original é distinta da de todos os outros.
Muitas pessoas pensam que a Astrologia Rosacruz é fatalista. Se bem que possa parecer assim à primeira vista, um estudo mais aprofundado demonstrará que essa ideia é errônea, que todas as nossas penas e tristezas são o resultado da ignorância e que o conhecimento poderá prevenir qualquer infortúnio, se for aplicado em tempo. Com o objetivo de compreender a finalidade do nosso livre arbítrio, devemos reconhecer o fato de que o resultado de nossas ações passadas é obtido mediante um tríplice processo de amadurecimento.
Em primeiro lugar, há causas que seguiram o seu curso sem serem modificadas por outros atos, e estão tão próximas de produzir efeitos, que são semelhantes à bala disparada de uma arma: está fora do nosso alcance poder detê-la, e temos de deixar que siga o seu curso, para o bem ou para o mal. A isso se chama em ocultismo uma ‘causa madura’, que produz um Destino Maduro, que pode ser vista claramente no horóscopo quando ele é levantado devidamente. Assim, nem sempre nos será de benefício conhecê-las quando não podemos evitá-las, porém algumas vezes podemos alterar as condições pelas quais essa ‘causa madura’ se esgota a si mesma, e nisso reside a nossa maior esperança. Vemos as nuvens passageiras, sabemos quando terminará a sua fúria, e isso nos dá novas esperanças, que não teríamos a não ser pelo estudo do nosso horóscopo.
A segunda classe de causas gera-se e produz seus efeitos cada dia: é uma espécie de ‘negócio à vista’. Essas causas podem anular-se ou modificar-se, quando se conhece a Astrologia Rosacruz. As tendências individuais também podem ser vistas no horóscopo.
A terceira classe de causas é a que estamos pondo em movimento, porém, que não podemos notar os seus efeitos por agora. Dessas, podemos nos salvar mediante o cuidado apropriado nos últimos anos da vida, e em vidas futuras, quando chega o momento do ajuste das contas.
O horóscopo nos ajudará, mostrando-nos nossas tendências, de maneira tal que possamos ter cuidado nos momentos críticos, trabalhando com todo o nosso poder para aproveitar as boas oportunidades, e fazendo os esforços possíveis para livrar-nos de qualquer tendência adversa.
Para dar um exemplo de como age a Lei de Consequência, com relação às predições, podemos citar alguns casos que conhecemos pessoalmente.
Certa vez, um conferencista muito popular, o Sr. L. que não havia nunca estudado a Astrologia, sentiu interesse por ela e veio pedir que lha ensinássemos. Para que ele tivesse maior interesse, aproveitou-se como base o seu próprio horóscopo, pois dessa maneira ele poderia comprovar as interpretações do passado e chegar assim a uma melhor compreensão do assunto, do que se fosse empregado o horóscopo de qualquer outra pessoa. No curso dos cálculos, se comprovou que o Sr. L. estava sujeito a frequentes acidentes. Figuravam nos cálculos acidentes já passados, com indicação dos dias em que tais acidentes teriam acontecido, o que foi confirmado e impressionou muito o Sr. L.
Depois, viu-se que a 21 de julho de 1906 teria lugar outro acidente que afetaria a parte superior do peito, os braços, o pescoço e a parte inferior da cabeça e, também, que esse acidente se daria no curso de uma viagem curta. Foi, pois, recomendado ao Sr. L. que durante a Lua Nova, que teria lugar naquele dia e que era o fator que produziria o acontecimento, ficasse em sua casa e que também ficasse em casa no sétimo dia posterior, sendo esse último ainda mais perigoso que o primeiro. Ficou ele tão impressionado que prometeu atender ao conselho.
Um pouco antes do tempo crítico escrevemos ao Sr. L. para recordar-lhe o assunto e respondeu ele que se recordava muito bem e que teria todo o cuidado.
A próxima notícia que se teve, por intermédio de um amigo comum, dizia que no dia crítico, 28 de julho, o Sr. L. havia saído para uma viagem à Serra Madre, em um bonde, e que ao cruzar as linhas da estrada de ferro foi o bonde apanhado por um trem. O Sr. L. foi cuspido por uma janela, ficando ferido nas partes indicadas pela predição, sofrendo além disso uma lesão em um tendão, que não havia sido predita.
Era muito difícil compreender, entretanto, como o Sr. L. havia se descuidado da advertência, tendo ficado antes tão impressionado pela realidade do que havia sido predito. A resposta se obteve três meses depois, quando ele pôde escrever-nos. Dizia ele: ‘eu julguei que o dia 28 era 29’. Este é um caso de Destino Maduro, que não podia ser evitado.
Em outra ocasião, prevenimos outras pessoas contra acidentes: elas puderam escapar deles por seguirem as instruções dadas, porém tais pessoas costumam dizer: ‘você acredita mesmo que eu seria atingido se não seguisse os seus conselhos?’. Aí está toda a dificuldade! Ninguém considera uma predição seriamente, senão quando a experiência amarga os atinge, como aconteceu ao Sr. L. Ele nos escreveu depois: “esses acidentes fizeram-me ter um profundo respeito pela Astrologia Rosacruz”. Porém, se a amarga experiência é o único meio que aceitamos para aprender, então tanto pior para nós mesmos.
É uma verdade dizer-se que ‘nenhum homem vive para si mesmo’ (Rm 14:7). Todos nos afetamos uns aos outros e isso também se pode ver no horóscopo. A morte dos pais pode-se ver particularmente no próprio horóscopo, pois aqueles foram a fonte do Corpo Denso em que vivemos; e em geral, quando não se conhece o horário do nascimento, um bom astrólogo pode comprová-la, deduzindo-a dos principais acontecimentos da vida, especialmente se é indicado o tempo em que morreram os pais. O marido e a esposa estão também tão ligados, que os grandes acontecimentos da vida de um se veem no horóscopo do outro.
Há alguns anos prevenimos uma senhora para o perigo assinalado, em seu horóscopo, sobre a ruptura de relações com o seu marido. Eram pessoas da alta sociedade, e as indicações diziam que teriam de desistir de uma viagem, o que ela certificou imediatamente dizendo que realmente tinham planejado uma viagem à Europa, porém, como não tinha nenhuma intenção de abandonar o seu marido, perguntou se, por acaso, não estava ele em perigo de morte. A nossa resposta foi: ‘Pior do que isso!’. Porém como era assunto delicado e ela era uma estranha, não se podia dizer nada mais, salvo que o desastre teria lugar no mês de novembro. No dia 14 desse mês, o marido dela foi sentenciado a cinco anos de penitenciária por haver cometido um crime infame. A viagem foi suspensa e o ostracismo social se fez sentir imediatamente.
Esse caso demonstra particularmente a delicada posição do astrólogo. Ainda que possa ver e deseje ajudar, os convencionalismos o impedem de dizer o que vê. No caso mencionado isso foi evidente. Desejando impedir o sofrimento, não lhe foi possível evitá-lo. Portanto, sustentamos o princípio de que todos devem estudar a Astrologia Rosacruz. Nem o melhor astrólogo, que no fim das contas não é mais do que um estranho, pode olhar tão bem as nossas vidas e a dos nossos queridos como nós mesmos, que conhecemos já muito do caráter deles, nem os convencionalismos seriam obstáculo, como quando acontece quando tratamos com um estranho. Além disso ‘comprar um horóscopo’ não poderá nunca engendrar em nós mesmos a capacidade real de auxiliar os outros, que certamente alcançaríamos com o conhecimento pessoal da Astrologia Rosacruz.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1978-Fraternidade Rosacruz-SP)
É o mundo árabe que assume a tocha da Astrologia-Astronomia e da matemática (que lhe estão associadas).
O advento da Religião Muçulmana no século VII não interrompeu essa pesquisa, o Alcorão não proibindo a Astrologia. Ao contrário, na Sura III, podemos ler: “Na criação dos céus e da terra, na alternância dos dias e das noites, há indubitavelmente sinais para os homens dotados de inteligência”.
Ao príncipe árabe Albategni (850-929) é creditado o primeiro processo de construção de casas usando trigonometria esférica (um processo bastante próximo ao usado ainda hoje).
Os árabes constroem Astrolábios que permitem ler diretamente os pontos dessas casas.
A partir do século XII, o conhecimento preservado e desenvolvido no mundo árabe começou a penetrar nos círculos intelectuais ocidentais. Citemos na confluência da corrente cabalista judaica com o conhecimento árabe, a obra de Abraham Ibn Ezra, nascido em Toledo, em 1089, autor de uma enciclopédia Astrológica escrita em Béziers, na qual tenta conciliar as influências cósmicas e o livre arbítrio.
Essa é, aliás, ainda uma questão que embaraça aqueles que não reconhecem a existência das Leis gêmeas de Renascimento e de Consequência.
No século XIII, o teólogo Albert-Le-Grand (1206-1280), fortemente influenciado pela obra de Aristóteles e de Dénys L’Aréopagita, interessou-se pela alquimia e pela Astrologia. Ele reconhece a influência dos Astros, mas considera que é o instrumento da vontade divina e que por seu livre arbítrio o ser humano permanece senhor de seu destino.
No entanto, sua obra deve ter “cheirado um pouco a enxofre”, aos olhos da Igreja, já que demorou mais de seis séculos para sua canonização (1931).
Seu discípulo, São Tomás de Aquino (1225-1274), Doutor da Igreja, revisando a posição de Santo Agostinho, produzirá a obra mais explícita, entre os teólogos católicos, a respeito da crença na ação dos Astros.
Em sua Summa, ele escreve: “As impressões produzidas pelos corpos celestes podem se estender indiretamente às faculdades intelectuais e à força volitiva, assim como essas permanecem sob a influência das funções orgânicas”. Mas, acrescenta: “O homem sempre pode agir, sob a influência da razão, contra a inclinação produzida pelos corpos celestes”. É precisamente a partir do século XIII que Universidades como as de Paris, Montpellier, Bolonha, Oxford ensinam Astrologia.
A Universidade de Paris, naquela época, tinha de 15.000 a 20.000 alunos divididos em quatro Faculdades: Teologia, Direito Canônico, Medicina, Letras.
As Artes incluem:
• o Trivium (Gramática, Retórica, Filosofia);
• o Quadrivium (Aritmética, Geometria, Música, Astronomia-Astrologia).
Naquela época, a ciência das estrelas formava um todo:
• sciencia motus é a ciência do movimento das estrelas (= Astronomia):
• sciencia judiciorum, a ciência dos julgamentos (= Astrologia).
Max Heindel, para ilustrar isso, faz uma comparação interessante com a área médica: “A Astronomia tem com a Astrologia a mesma relação que a Anatomia com a Fisiologia. A Anatomia explica a posição e a estrutura dos órgãos do corpo; A Astronomia fornece os mesmos dados sobre os corpos celestes. É reservado à Fisiologia afirmar o funcionamento e a utilidade dos órgãos do corpo, assim como é à Astrologia interpretar as posições relativas dos corpos celestes, em relação à humanidade” (do Livro “Cristianismo Rosacruz” – Conferência X – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz).
Um médico dessa época só é realmente considerado se for capaz de determinar os períodos favoráveis aos tratamentos (sangramento, laxantes) de acordo com as posições da Lua, de Saturno e Marte.
Sem ser exaustivo, vamos, no entanto, apontar quatro figuras importantes do século XIII:
• Roger Bacon (1214-1294), monge franciscano inglês que é um dos mais famosos seguidores da Astrologia.
Considera que as três bases das ciências naturais são a alquimia, a Astrologia e a magia, e recomenda a experimentação como verdadeira fonte de conhecimento (o que é revolucionário para a época).
Roger Bacon não deve ser confundido com seu homônimo filósofo do século XVI, Francis Bacon (1561-1626), de quem Max Heindel nos diz: “alguns acreditam que ele não seria estranho aos escritos Rosacruzes: Fama e Confessio”. Francis Bacon escreveu “a Nova Atlântida” que descreve uma sociedade cujas ideias são próximas às dos manifestos Rosacruzes; também é dito que ele seria o autor das obras de Shakespeare…
• Raymond Lully (1235-1315), teólogo espanhol que também estudou alquimia e Astrologia (foi beatificado).
• O rei Afonso X de Castela (1221-1284) apelidado de Sábio ou “o Astrólogo”, que mandou elaborar tabelas para a dupla utilização dos Astronômicos e Astrologia chamada “tabelas alfonsinas”.
• Campanus de Novara (1232-1296), astrólogo e matemático italiano que desenvolveu um sistema de casas que leva o seu nome e sobre o qual direi uma palavra.
Sendo o plano do horizonte e o plano do meridiano perpendiculares, Campanus teve a ideia de dividir cada um dos quatro ângulos retos em três setores de 30° cada, determinando então os pontos correspondentes na Eclíptica. Sendo a Eclíptica, em geral, “em ângulo” em relação ao horizonte, as Casas já não medem 30° cada.
No século XIV, citemos o Papa Urbano V (1310-1370), conhecido por ter praticado a Astrologia.
Os reis da França, Carlos V (conhecido como o Sábio) (1338-1380) e Carlos VI (conhecido como o Amado) (1368-1422) tinham astrólogos em sua corte (assim como outros soberanos da Europa).
No século XV, um acontecimento importante facilitou a expansão da Astrologia: a imprensa desenvolvida por Gutenberg em 1453.
As primeiras Efemérides foram impressas por Johann Müller de Königsberg (1436-1475), mais conhecido como Regiomontanus; foi astrólogo na corte da Hungria durante o reinado de Mathias I (1440-1490).
Diz-se que ele previu um grande terror para 1788 (dentro de um ano…).
Ele aperfeiçoou um novo sistema de Casas que leva seu nome, consistindo em dividir o equador em doze setores de 30° cada a partir do ponto leste e, como Campanus, deduziu disso na Eclíptica, os pontos de Casas. O ponto leste é um dos dois pontos de interseção do horizonte celeste com o Equador (sendo o outro o ponto oeste).
Este ponto não deve ser confundido com o Ascendente, que é um dos dois pontos de interseção do horizonte celeste com a Eclíptica.
Observe que o ponto leste e o Ascendente estão bastante próximos um do outro (e até mesmo coincidentes quando o Ascendente está a 0° do Signo de Áries ou Libra).
Acrescentemos que a Astrologia contribuiu (indiretamente) para as grandes descobertas geográficas desse período, uma vez que Cristóvão Colombo (1451-1506), Vasco da Gama (1469-1524) e Magalhães (1480-1521) levaram Efemérides nas suas viagens.
Nesse século, pode-se notar que os Papas Paulo II (1417-1471) e Inocêncio VIII (1432-1492) praticaram a Astrologia.
Conta-se que Luís XI (1423-1483), insatisfeito com seu astrólogo Galeoti, quis que fosse executado e lhe disse: “Você que lê tão bem o futuro, poderia me dizer quando morrerá”. Esse teria respondido: “Senhor, não posso lhe dar a data exata, mas sei que morrerei três dias antes de Vossa Majestade”. Teria, assim, salvado a cabeça com um: “Vá em paz”.
Os astrólogos dessa época aperfeiçoaram as técnicas de previsões (direções secundárias e revoluções solares).
(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Existem muitas pessoas de natureza arrogante que estão sempre prontas para fazer uma piada sobre a Ciência Cristã e os métodos relacionados à cura divina, que ensinam a seus seguidores a cultivar uma atitude mental que não tem medo de nada sob quaisquer as condições. Contudo, com o um fato natural, uma enorme porcentagem das nossas doenças tem como causa e facilmente correlacionada a sentimentos de medo por parte do paciente.
Os viajantes que visitaram ilhas desabitadas relataram que os pássaros e animais encontrados ali, a princípio, não tinham medo deles, mas tão logo aprenderam a natureza predatória do ser humano, acabavam fugindo dele, por medo de que suas vidas estivessem correndo perigo. Assim, por séculos, a natureza cruel do ser humano espalhou o medo por toda a Terra; conquistamos, domesticamos e exploramos tanto os pássaros como os animais, e o que não pudemos conquistar, matamos; até chegarmos ao ponto de qualquer coisa que respire se esconder de nós por medo. Ou seja, entre os maiores animais, nenhum é tão grande que não teme e foge do ser humano.
Contudo, quando nós voltamos em direção as pequenas coisas, vemos que o caso é diferente, e o ser humano, achando que reina supremo na terra só porque colocou toda a criação sob um estado de medo, treme diante das pequenas coisas do mundo, e quanto mais ínfimas são, mais ele as teme. O microscópio nos mostra que uma criatura tão pequena como a mosca doméstica carrega no pelo de suas pernas milhares de parasitas que acreditamos serem inimigos a nossa saúde e, portanto, o medo nos leva a gastar milhões de dólares em armadilhas para mosca, telas mosqueteiras para proteção e outros dispositivos para nos livrarmos dessa praga, porém, nossos esforços em grande parte são em vão; embora essas vastas somas, anualmente, sejam gastas para exterminar com as moscas, a proliferação delas é mais rápida do que a quantidade que conseguimos matar.
Entretanto, tememos que seu primo mosquito seja ainda pior. O microscópio nos disse que esse pequeno inseto é um dos principais mensageiros do Anjo da Morte; portanto, nós o combatemos com receio por nossas vidas; mas ele prospera apesar da grande soma que se investe anualmente no seu extermínio. Depois, tem o leite que bebemos. Diz-se que, em condições normais, existem cem mil germes por centímetro cúbico, todavia, nas melhores condições sanitárias esse exército de destruidores pode ser reduzido a dez mil; mas por medo, pasteurizamos o leite antes de ousar dar às criancinhas. Diz o microscópio que em cada gota de água que bebemos encontramos um enxame de vida germinativa (micróbios), e até a moeda e mesmo o dinheiro de papel com as quais compramos as necessidades diárias na vida são veículos de morte, pois estão infectados com germes em uma extensão quase inacreditável. Depois que o dinheiro foi lavado, os banqueiros verificaram que não se conseguia detectar facilmente as falsificações, então abandonaram o processo. Ou tememos mais os falsificadores do que os germes; ou amamos mais o dinheiro do que a saúde.
Não é toda essa atitude ridícula e indigna de nosso elevado e nobre estado, como seres humanos, como filhos de Deus? É bem conhecido pela ciência que uma atitude de medo destrói o poder da resistência do corpo e, portanto, sujeita-o a doenças que de outra forma não seriam capazes de se sustentar. Do ponto de vista oculto, é perfeitamente claro e fácil de compreender por que isso acontece. O Corpo Denso que vemos com nossos olhos é interpenetrado por um veículo feito de Éter, e a energia do Sol que permeia todo o espaço está, constantemente, despejando em nosso Corpo por meio do baço, que é o órgão especializado para a atração e assimilação desse Éter universal. No Plexo Celíaco é convertido em um líquido cor-de-rosa que permeia o sistema nervoso. Isso pode ser comparado à eletricidade que percorre os fios de um sistema elétrico ou telegráfico. Por meio desse fluido vital, os músculos são movidos e os órgãos desempenham suas funções vitais para que o corpo possa se expressar em perfeita saúde. Quanto melhor for a saúde, maior será a quantidade desse fluido solar que somos capazes de absorver, contudo, só podemos utilizar uma parte dele e o excedente é irradiado do Corpo em linhas retas.
Você já deve ter visto as tiras de papel que se prendem à grade dos ventiladores elétricos nos estabelecimentos comerciais, como por exemplo, em uma loja que vende frutas e doces. Quando o ventilador está em movimento, essas serpentinas de papel se movimentam quase que perpendiculares às pás dos ventiladores. Da mesma forma, as linhas que fluem de toda a periferia do Corpo humano também se irradiam em linhas retas, quando gozamos de perfeita saúde. Essa condição é, assim, adequadamente descrita como de saúde radiante. Nós dizemos de tal pessoa que ela irradia saúde e vigor. Sob tais condições nenhum ser, por mais minúsculo que seja, e que seja capaz de carregar ou provocar uma doença, pode encontrar guarida nesse Corpo. Não pode penetrar vindo de fora, porque essas linhas de força invisíveis o impedem, da mesma que uma mosca não pode passar através de um ventilador em movimento. E aqueles microrganismos que entram no Corpo com o alimento, também, são expelidos rapidamente porque os processos vitais no Corpo são seletivos, como vemos, por exemplo, nos rins que expelem os detritos, enquanto retêm as substâncias vitais necessárias para a economia do Corpo.
No entanto, a partir do momento em que nós nos permitimos termos pensamentos de: medo, preocupação, raiva, o Corpo faz um esforço como que para fechar as portas contra os inimigos exteriores, imaginários ou reais. Então, o baço também se fecha e deixa de especializar o fluido vital em quantidades suficientes para as necessidades do Corpo e, assim, presenciamos um fenômeno que é análogo ao efeito que observamos quando se diminui a voltagem ou se coloca mais resistência em um ventilador elétrico. Neste caso, as serpentinas de papel começarão a decair e já não se mantém estendidas e ondulantes o suficiente para proteger os doces e as frutas, mantendo as moscas afastadas. Do mesmo modo, no Corpo humano quando os pensamentos de medo provocam o fechamento parcial do baço a força solar já não passa pelo Corpo com a mesma velocidade de antes. Não irradiam da periferia do Corpo em linhas retas, mas essas linhas se deformam, permitindo a passagem do ser, por mais minúsculo que seja, e que seja capaz de carregar ou provocar uma doença.
Quer conheçam ou não essa lei, os que praticam a ciência mental consistente ou aqueles que acreditam na cura divina, atuam de acordo com seus ditames quando eles afirmam que são filhos de Deus, que não há motivo para sentir medo porque Deus é o Pai deles e os protegerá, enquanto não violarem, deliberadamente, as leis da vida.
O fato real e a verdade nesse assunto é que o contágio vem de dentro. Enquanto vivemos uma vida sensata, alimentando nossos Corpos com alimentos puros, procedentes do Reino Vegetal, fazendo uma quantidade suficiente de exercícios físicos e nos mantivermos mentalmente ativos, podemos ficar seguros na promessa de que o “Senhor é nosso refúgio”. Nenhum mal nos atingirá, enquanto demonstrarmos a nossa fé com obras. Se, por outro lado, negarmos nossa fé em Deus, desobedecendo Suas leis, nossas esperanças de conservar a saúde serão vãs.
O Poder do Pensamento
“Como o ser humano pensa em seu coração, assim ele é”[1], disse Cristo e essa é uma proposição absolutamente científica; sendo algo que todo o mundo pode comprovar observando ao seu redor as condições da vida diária no lar, no trabalho, nas ruas. Vemos um homem de lábios grossos, com as bochechas estufadas para fora, com grande papada sob o queixo e, imediatamente, sabemos que se trata de um glutão, de um sensualista. Vem outro pela rua; seu rosto está coberto de rugas, seus lábios são finos e duros; logo sabemos que os arquitetos que modelaram tal face são os pensamentos imediatistas e as preocupações.
Cada um que passa a nossa frente expressa, exteriormente, seus pensamentos que estão no seu interior. Um é musculoso e ativo, porque os pensamentos que governam suas atividades construíram um Corpo cheio de atividade. Outro tem a parte do corpo que fica entre a pele e os ossos flácida, muita gordura ao redor do abdômen, e um andar com passos curtos e com o corpo pendendo de um lado para o outro, demonstrando que é avesso a exercícios físicos. Em cada caso o Corpo é uma exata reprodução da Mente; cada classe sofre das doenças peculiares às tendências gerais da sua atividade mental. O glutão e o sensualista sofrem de doenças engendradas quando seus pensamentos cristalizaram e debilitaram o trato digestório[2] e os órgãos criadores. Suas enfermidades são completamente diferentes das doenças nervosas que atacam pensador, e qualquer sistema de cura que não leve em consideração o fato de que o Corpo é mais uma expressão física da Mente do que a Mente é uma manifestação do ser humano físico, cometerá um erro radical. Em nossa natureza complexa, Mente e matéria agem e reagem reciprocamente, de tal maneira que é absolutamente necessário considerar o ser humano como um todo, cada vez que nós tentamos tratar das suas incapacidades.
É bem conhecido pelos fisiologistas[3] que a alegria, algumas vezes, é capaz de tirar o paciente do seu leito de enfermo muito mais depressa do que qualquer remédio. Se acontece algo que dê um bom impulso aos seus assuntos mundanos, uma mudança repentina ocorre e o torna otimista, a enfermidade parece desaparecer como por mágica; por outro lado, mesmo gozando de boa saúde se sobrevém uma influência deprimente nos seus negócios, ele começa a se sentir mal fisicamente. Uma carta que contenha más notícias pode deter a digestão totalmente e provocar na pessoa que a recebeu grave indigestão muito grave. Daí a verdade enunciada por nosso Salvador: “Como o ser humano pensa em seu coração, assim ele é” fica amplamente demonstrada na vida prática diária.
Quando compreendermos isso nós, também, veremos a necessidade de cultivar uma atitude de otimismo. Uma Mente cheia de esperança é o maior de todos os remédios e a reiteração constante da resolução de superar as doenças atuais é muito melhor do que todos os remédios do mundo. Quando alguém está com uma dor constante, sofrendo agudamente, talvez seja muito difícil manter uma atitude otimista; todavia, a fórmula mágica do Salvador, aplicada à saúde, nos ajudará a superar no devido tempo.
É uma lei que, se pensarmos em saúde, nós imperativamente a expressaremos, cedo ou tarde. Devemos viver uma vida racional e cessar os excessos, particularmente os da alimentação diária; isto nunca será demais enfatizar. De nada servirá parar diante de um espelho e dizer a si mesmo: “Tenho fé”, “Sou saudável” ou outras afirmações similares falsas. Basta deixar de falar das suas doenças para outros; tente, acima de tudo, distrair seus pensamentos da sua condição; acreditar na saúde como um direito de nascimento e que, como qualquer outra coisa, pode ser obtida por nós, sem hesitação.
Você deve ter ouvido a estória daquela velhinha que tinha ouvido o pastor pregar em um sermão que a fé poderia remover montanhas. Em seguida, ela procurou pôr à prova sua fé com um monte de cinzas, mas na manhã seguinte, quando foi vê-lo encontrou onde estava antes e exclamou: “Tal como pensei”. As coisas estavam tal qual ela esperava em seu coração, e não como ele afirmava acreditar com a sua língua, e o mesmo sucede com todo mundo. Portanto, acredite de coração na saúde.
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[1] N.T.: Pb 23:7; Lc 6:45 e Mt 12:34
[2] N.T.: junto com os órgãos anexos constituem o sistema digestório ou sistema digestivo.
[3] N.T.: A fisiologia é o ramo da biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos. Em síntese, a fisiologia estuda o funcionamento do organismo.
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