Que o mundo de hoje está trabalhando de maneira nova com a luz é inquestionável. Continuamos a aprender como a ciência física está tendo uma tremenda experiência com o desenvolvimento do poder da luz, inclusive para as maravilhas LASER, que, embora capaz de projetar um feixe na lua distante, também pode ser usado para realizar a cura delicada de um órgão interno do corpo como, antes, só era possível por meio de cirurgia.
No entanto, embora não possamos questionar que o mundo esteja experimentando uma vasta liberação de luz, podemos e questionamos a maneira como o ser humano responde a essa experiência, porque, ao enfrentarmos o grande poder dela, devemos também enfrentar o fato de que qualquer poder, incluindo o da luz, se canalizado incorretamente ou mal direcionado, será um desastre em potencial. Mesmo a própria luz do conhecimento muitas vezes conduz apenas ao desespero e à destrutividade, enquanto a luz do amor, por si só, frequentemente contribui apenas com a soma total da instabilidade emocional e da loucura humana. É evidente que até mesmo o poder da luz requer um agente direcionador seguro, se for para servir à intenção divina.
Essa direção segura está disponível através do Cristo que, como mediador entre a humanidade e o Mundo da Luz, libera a luz e dirige na extensão de onda do Amor-Sabedoria de tal maneira que ela pode ser verdadeiramente efetiva na vida espiritual da humanidade. Todo o Seu ensino durante Sua encarnação aponta nessa direção. Ele ensinou, sempre, que os Ritos da Páscoa, marcando a conclusão de um ciclo de objetividade no plano físico, nunca eram o fim, mas o início de uma experiência nova, especial e mais profunda, bem como de um relacionamento aprofundado com Ele, por meio de uma liberação divina conhecida em termos da Trindade como o Aspecto de Luz de Deus: Deus, o Espírito Santo.
Quando, por meio do uso correto do poderoso impulso do Amor, que é o poder transformador da vida humana, a humanidade tiver respondido a tudo que o Cristo trouxe à Terra e reconhecer esse poder como o aspecto do Amor de Deus, então será possível para o ser humano entrar no estado exaltado prometido por Cristo, a Iluminação de Fogo. Nas palavras da Bíblia, “Todos os livros do mundo não poderiam conter o que poderia ser dito…” sobre um verdadeiro contato da alma com a própria natureza de Deus como Luz. Para todos os que buscam essa iluminação divina com reverência e sinceridade, a Luz do Espírito Santo concede três grandes dons de consciência.
O primeiro desses três dons é o autoconhecimento. “Homem, conhece-te a ti mesmo” é um conselho antigo. Os Iniciados da antiguidade afirmavam que Deus, o Incognoscível, tornou-Se conhecível na medida em que o ser humano, uma criação à imagem e semelhança de Deus, tornou-se realmente conhecido por si mesmo. A Luz do Espírito Santo serve para aumentar esse conhecimento. Ela abre caminho para a Iluminação. Os estudantes da Bíblia reconhecem essa Luz como o Espírito interior da Verdade, o Santo Consolador, o paráclito predito por Cristo. Seja qual for o nome, todos podem reconhecê-lo como um aspecto do Ser interior que atua como professor e guia. Quando aquele guia interior é fervoroso e reverentemente chamado para iluminar o caminho e a resposta da “Voz do silêncio” é ouvida e amorosamente obedecida, a Luz do Espírito Santo torna-Se potentemente operativa na experiência diária do nível humano. Com a elevação da consciência acompanhando a percepção que surge desse conhecimento de primeira mão da atividade do Espírito Santo, segue-se a espiritualização progressiva, ou o Cristianismo, da mente humana, que é a meta suprema para a realização da atual humanidade.
O segundo grande dom da Luz do Espírito Santo é o entendimento. É a Luz que ilumina o caminho da experiência, revelando as leis que o governam e os propósitos por trás dele. É a Luz que nos mostra onde estamos, por que é o que devemos fazer a respeito. Esse ensino é a base da cena comovente do Novo Testamento na qual o Cristo chorou por Jerusalém. Sua tristeza não era só pela cidade que estava diante de Seus olhos físicos, mas pelo que Sua visão interior considerava o grande centro da humanidade. Foi a esse centro inclusivo, que chamamos de onda de vida humana, que Ele disse tristemente: “Não Me vereis mais até que abençoes todas as coisas que vêm em Meu nome”. Com efeito, Ele estava aqui dizendo: “A partir de agora, até que Eu volte, sua tarefa é usar a Luz para me encontrar nos fenômenos da existência do plano físico, para Me ver em cada experiência, para Me encontrar em todas essas coisas. Não posso voltar até que vocês façam isso, porque vocês não vão Me conhecer a menos que tenham aprendido a Me ver — na vida”. Sob a tutela do Espírito Santo, o ser humano aprende a abençoar todas as experiências vividas, percebendo que elas vêm em Nome do Cristo e para fins de desenvolvimento da alma. Então, ele não pede mais para ser aliviado da experiência, não importa o quanto ela seja dolorosa, mas aprende a dizer, como Jacó: “Não vou deixar você ir até que me abençoe com a sua bênção”. Então, também ele pode falar, igual a Jacó, no amanhecer do novo dia: “Eu vi Deus face a face nesta experiência e minha vida foi preservada”. Assim, poderemos falar quando da noite da alma.
O terceiro dom divino do Espírito Santo ao ser humano é o sentimento de totalidade. É a Luz que revela Deus, a Natureza e o Ser humano como o tecido perfeito da existência universal. É a Luz que abre visões para o Reino de Deus externado na Natureza e conscientemente cooperativo dentro do “Reino do Homem”. É a Luz na qual o ser humano experimenta sua divindade essencial: de fato e verdade, em Deus o ser humano “vive, move-se e tem o seu ser”.
O Espírito Santo é Deus em manifestação, é Deus em forma. A natureza constitui Seu corpo cósmico. Na temporada de verão, que representa o meio-dia da Sua atividade Criativa, a evidência da Sua obra está em toda parte. Todos os reinos da natureza estão soando Sua nota de criação e é especialmente nesse momento, quando a expansão da luz física tem sua maior potência, que, pela beleza terrena assim revelada, o ser humano também encontra dentro de si a capacidade de se expandir e entrar em uma unidade abrangente com o Cosmos.
Essas verdades foram provadas por grandes pessoas do passado. Foi assim com Moisés. Como o portador de luz para as mentes dos homens, o Espírito Santo falou a Moisés através da sarça ardente para revelar o plano de Deus à onda de vida humana e dar a lei que governaria o plano. No entanto, havia mais na revelação. As palavras “Moisés, tira os sapatos, pois o lugar em que estás é solo sagrado” foram usadas para indicar algum local sagrado; um antigo santuário, talvez. No entanto, tirar os sapatos, na linguagem dos Mistérios, significa remover as limitações do entendimento, feitas pelo ser humano, para que a Luz do Espírito revele a verdade. Aquele que experimentou a iluminação do Fogo espiritual obtém uma revelação, sobre a vivência da Terra e tudo que nela vive, que lhe permite saber que todo terreno, em todos os lugares, é o corpo de uma Entidade espiritual, sendo, portanto, sagrado, um santuário, a morada de Deus.
Foi assim com o profeta Esdras. Na época do Solstício de Junho, o profeta jazia de bruços no Campo de Ardath, um deserto rochoso “onde não cresciam flores”, e chorava por causa da esterilidade da existência terrena. Então o Arcanjo Uriel veio a ele como Mestre e Emissário do Espírito Santo, revelando a ele o propósito da vida e o significado da experiência de tal modo que o campo antes tão estéril se tornou um campo de flores. Esdras foi capaz de “comer das flores onde nenhuma flor crescia”. Ele foi capaz de colher o florescimento do espírito no terreno pedregoso da experiência. Contudo, novamente havia mais, porque Uriel ensinou a Esdras a vastidão da Sabedoria Antiga, a magnitude do plano para o ser humano e sua própria parte nele; Esdras foi transformado. Ele enxugou as lágrimas e começou a trabalhar — seu trabalho era transcrever os livros do Antigo Testamento, dando a ele, em grande parte, sua forma atual.
As verdades com as quais estamos lidando também se tornaram impulsos vivos e criativos na vida dos discípulos de Cristo. Reunidos em união com o Cristo místico e interior, Sua promessa foi cumprida. Em um batismo de fogo eles receberam do Espírito Santo. Então foram também transformados de mortais assustados em imortais que nada poderiam deter ou amedrontar. Também foram elevados acima da limitação humana para contemplar o passado, o presente e o futuro do plano. Eles viram, pela primeira vez, o propósito do Cristo e a parte que interiormente foram chamados a levar adiante.
Para alguém chegar a tal consciência, mesmo que em menor medida, é necessário olhar para a vida de maneira nova e diferente. A pessoa então fica entre todas as dualidades da experiência humana — noite e dia, dor e alegria… — mas, não escolhe qualquer uma, rejeita nenhuma, mas aprende, na Luz, a encontrar a base da realidade espiritual em ambas. E essa consciência da base espiritual da vida permite ao espírito humano colher seu próprio florescimento do seu próprio deserto rochoso de Ardath.
Em tal consciência, também, a Luz do Espírito Santo torna-Se uma luz LASER individual, cortando todas as barreiras em todos os mundos: as barreiras da ignorância, crueldade e medo, autocriadas entre os homens, grupos, nações e outros reinos do mundo de Deus. Só pode haver um resultado de tal conhecimento. Conhecer a unidade da vida só pode trazer a compreensão de que somos os “irmãos guardiões” e que não pode haver pensamento, impulso ou ação que não afete, para o bem ou para o mal, todos os seres vivos.
Viver com tal consciência é saber que, assim como o Fogo do Céu, emanando como o calor do verão, acelera o ventre da natureza e libera a vida em fruição, assim também, quando esse mesmo Fogo divino toca o coração do ser humano, ele é retirado de suas limitações anteriores para viver uma nova vida e liberdade por meio de uma compreensão mais profunda da beleza essencial da existência humana, em uma reverência mais profunda pela vida e um parentesco alegre com cada criatura viva. É então que sente, como o poeta que “a Terra está abarrotada de Céu e cada feixe de luz está em chamas junto a Deus”.
(Publicado na Revista New Age Interpreter – do segundo trimestre de 1964)
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