Arquivo de categoria Estudos Bíblicos

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Bem-aventuranças – Apresentação – Introdução

As Bem-aventuranças

Apresentação

Felicidade é SER.

Ser o que?

Ser o que essencialmente somos, mas sem condicionamentos da persona; uma Centelha Divina sem deturpações da natureza inferior.

Quando conseguirmos SER, nossa evolução decorrerá sem dores e muito mais rapidamente.

No entanto, estamos fascinados pelo materialismo; condicionados pelos conceitos falsos de que somos uma personalidade à parte e separada de Deus, dependentes de nossos recursos pessoais e externos.

Isso nos vem desviando e retardando a evolução. Urgente se faz retornar ao próprio íntimo, e lá encontrar e desenterrar o “tesouro escondido”, que dissolverá o sentido humano e nos devolverá a verdadeira identidade, na unidade do Espírito.

Mas há um caminho a percorrer; há uma verdade a realizar acerca de nós mesmos, como já enunciada naquela antiga frase (a um tempo convite e desafio), inscrita na fachada do templo de Delfos: “Homem, conhece-te a ti mesmo”.

Os enganos e a astúcia estão no labirinto da personalidade falsa. O “fio de Ariadne” que nos orientara nesse labirinto, para descobrirmos a ilusão e retornar à liberdade é o “Sermão da Montanha”, notadamente as “bem-aventuranças”, que são como “setas nas encruzilhadas” do Peregrino, em busca do próprio SER.

Neste amoroso desejo de SERVIR, o CRISTIANISMO ESOTÉRICO, exposto pela Fraternidade Rosacruz, fundada por Max Heindel, lhe oferece este trabalho.

Nota: não leia de um fôlego só. Medite uma por uma das exposições e acrescente sua própria experiência e sentir, valorizando-as com seu dom epigenético; pois, são temas inesgotáveis.

Oração do Estudante Rosacruz

Aumenta o meu amor por Ti, Senhor,
Para que eu possa servir-Te melhor
A cada dia que passa!
Faze que as palavras de meus lábios
E as meditações de meu coração
Sejam agradáveis a Teus olhos,
O Senhor, minha Força e meu Redentor!

 

INTRODUÇÃO

O “Sermão da Montanha” é um dos mais importantes trechos da mensagem cristã; um código universal de conduta, cabível a qualquer religião ou credo.

Mahatma Gandhi o considerou “o documento máximo da espiritualidade”. Outros seres humanos ilustres são de opinião que ele unirá, futuramente, todas as religiões e filosofias, concretizando o ideal do Cristo: “Um só rebanho e um só Pastor”. Disseram mais: se se perdessem todos os documentos do mundo e apenas se salvasse o “Sermão da Montanha”, a humanidade não ficaria prejudicada, porque ele constitui, por si só, um completo método de orientação espiritual.

De fato: qual a solução para a paz mundial? Qual o modo de restabelecer a harmonia entre os seres humanos? Só mesmo levando cada indivíduo a conhecer-se, reconduzindo-o ao próprio íntimo, para retomar contato com sua Divina Essência, e entrar na posse de sua herança de Filho de Deus. Mas isto pressupõe – como sugerem as bem-aventuranças – que sejamos:

– desprendidos e servidores;

– puros de coração;

– coerentes na reta justiça, apesar de perseguições;

– mansos, pacificadores e misericordiosos;

– amorosos com os que nos odeiam sem razão; e

– retribuidores de bem, mesmo aos que nos fazem mal.

Segundo as normas atuais de conduta, isto parece impossível de ser praticado. Pedimos que o leitor conserve a mente livre e caminhe conosco através desta análise. Depois, meditando, certamente concordará conosco, dispondo-se a praticar também, com nova compreensão, estes maravilhosos princípios.

Notem que, ao contrário das diversas religiões e correntes espiritualistas, Cristo não dá instruções pormenorizadas acerca do que devemos ou não fazer. Ele foi antiritualístico e antidogmático. Rebatia severamente os fariseus, esclarecendo que as normas externas de nada valem. Sua mensagem se constitui de princípios gerais, para educar nosso estado mental. Ele mostrou que a causa da ação humana está na Mente: se o pensamento (a causa) é puro, logicamente os atos (os efeitos) serão corretos e edificantes.

Cabe a cada um de nós, segundo o nível de compreensão, extrair desses princípios gerais as consequências práticas.

Dos quatro Evangelistas que recolheram material para instituir seus métodos de Iniciação, foi São Mateus quem nos deu a versão mais completa do “Sermão da Montanha”, iniciando pelas bem-aventuranças.

Segundo São Mateus, as bem-aventuranças se constituem de nove passos. Nove é um número cabalístico, representativo do gênero humano, do que se deduz tratar-se de uma síntese para a libertação humana. Por seu profundo sentido, é compreensível que a maioria não a possa penetrar inteiramente. É um desafio, mesmo aos mais preparados internamente, porque sua prática prevê o despojamento do sentido humano vicioso.

As bem-aventuranças são uma síntese do espírito cristão e não meramente da letra. É uma sinopse espiritual e não literária. Uma súmula geral, semelhante àquelas que, na velha maneira oriental, sintetizavam os ensinamentos religiosos e filosóficos, tais como: os oito caminhos de Buda; os dez mandamentos de Moisés, etc.

Em comparação a São Mateus, São Lucas omite a 3ª, 5ª, 6ª e 7ª bem-aventuranças. Só apresenta as demais, com as respectivas condenações: “ai de vós…”.

No decorrer deste estudo apresentaremos os dois sinóticos, usando o texto evangélico tomado ao original grego do primeiro século pelo eminente prof. Carlos Torres Pastorino, em sua obra “Sabedoria do Evangelho”, cuja autorização agradecemos.

 

 

Salmo da Segurança pela União com o Cristo Interno

Aquele que habita no esconderijo secreto do Altíssimo,
à sombra do Onipotente descansará.
Direi ao meu Senhor: És o meu Deus, meu refúgio,
minha fortaleza; em ti confiarei!
Tu me livras do laço do passarinheiro
e da peste perniciosa.
Tu me cobrirás com tuas penas!
Debaixo de tuas asas estarei seguro:
tua verdade é escudo e broquel!
Não temerei espanto noturno,
nem seta que voe de dia;
nem peste que ande na escuridão;
nem mortandade que assole ao meio-dia.
Mil cairão ao meu lado
e dez mil à minha direita,
mas nunca serei atingido!
Somente com meus olhos olharei,
e verei a consequência dos ímpios.
Porque Tu, ó meu Deus, és meu refúgio
E o Altíssimo é Tua habitação.
Nenhum mal me sucederá,
nem praga alguma chegará à minha tenda.
Porque aos Anjos darás ordem a meu respeito,
para me guardarem em todos os meus caminhos.
Eles me sustentarão nas suas mãos,
para que eu não tropece em pedra alguma.
Pisarei o leão e o áspide;
calçarei aos pés o filho do leão e a serpente.
Pois tão encarecidamente Te amei
Também Tu me livrarás!
Pôr-me-ás num alto retiro
porque conheci o Teu Nome!
Eu Te invocarei e Tu me responderás.
Estarás comigo na angústia;
livrar-me-ás e glorificar-me-ás;
dar-me-ás abundância de dias
e mostrar-me-ás a Tua salvação!

(Livreto editado pela Fraternidade Rosacruz em São José dos Campos – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os dez mandamentos são indicações conducentes à consciência crística – Quinto Mandamento

Os dez mandamentos são indicações conducentes à consciência crística – Quinto Mandamento
5º Mandamento

“Honra teu pai e tua mãe”

Os ensinamentos de Cristo parecem contradizer este mandamento. Disse Ele: “Não chameis a ninguém de Pai sobre a Terra, pois um só é vosso Pai, a saber: o vosso Pai Celestial”. E mais: “Aquele que não deixar pai, mãe e irmãos, não pode ser meu Discípulo”.

Em verdade não há contradição. Cristo vem ampliar e definir o real sentido do mandamento. Ele, a personificação do Amor, jamais iria recomendar que descuidássemos, ingratamente, dos nossos deveres filiais. Referia-se aqui como em outros passos evangélicos, ao amor e dever desapegados.

A paternidade e a maternidade são funções divinas: transcendem o humano. A mãe durante o aleitamento é uma pessoa diferente, mais estreitamente ligada ao Divino. Há algo de transcendental na maternidade. Mesmo entre os animais há o chamado “pudor orgânico”, pelo qual a mãe e os filhotes não são atacados nesse período.

O pai e a mãe, meramente como seres humanos nada são, porque não podem manipular a vida. Lembremos que no “Paraíso” comemos da “Árvore do Conhecimento, do bem e do mal”, mas não da “Árvore da Vida”. Por isso não podemos vivificar nada. É função dos Anjos a vida, porque são hábeis manipuladores da força vital.

Que sabe um animalzinho da maravilhosa criaturinha que o gerou? Vemos graciosos gatinhos buscando andar, procurando mamar, manifestando vida e instintos, e isso nos ressalta a manifestação de um Criador que labora através de suas Hierarquias. Mesmo o ser humano, que sabe a mãe da complexidade do ser que gera? Meditem nisso.

Existe apenas um princípio criador, que é o PAI-MÃE – seja para judeus, para gentios, brancos, negros ou índios, feras, animais ou plantas. Max Heindel trata muito bem dessa dual força criadora – os dois polos referidos pelo primeiro versículo do Gênesis. Essa dupla energia manifestada sabiamente por Deus em tudo, é que reverenciamos, sabendo que nada somos de nós mesmos como pessoas, como pais ou mães. O que nos enobrece como canais dessa manifestação criadora é a Vida Divina:

“Eu, de mim mesmo, nada posso; o Pai em Mim é quem faz as obras”.

Portanto, não vamos subestimar nossa mãe e pai carnais, aqueles que amorosamente serviram de canais para o suprimento de material físico em nosso renascimento na Terra. O Esoterismo é claro: “assumimos um dever de gratidão por tudo que recebemos de nossos semelhantes e um dia, nesta ou em outras vidas na Terra, teremos ensejo de lhes retribuir para que se cumpra a lei: dar e receber”.

Mas, a grandiosidade de um pai ou mãe humano está, indubitavelmente, na compreensão de que eles, por si, nada são – predispondo-se a servir ao Divino Universal e ao Divino que deseja renascer – fazendo tudo o que possam no cumprimento de seu trabalho evolutivo.

Para honrar este causal princípio Pai-Mãe, devemos aprender a vê-lo e reverenciá-lo em todas as coisas e pessoas.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os dez mandamentos são indicações conducentes à consciência crística – Quarto Mandamento

Os dez mandamentos são indicações conducentes à consciência crística – Quarto Mandamento

4º Mandamento

“Guarda o sábado, pois é a Dia do teu Senhor”

Eis outro ponto de muitas controvérsias e discussões. Exceto os sabatistas, os cristãos adotaram a o Domingo para dia de descanso e adoração.

Antes de Cristo, a evolução humana era regida pela Lua. O Calendário e as festas religiosas se baseavam nos movimentos lunares. Os povos árabes ainda conservam símbolos lunares. A Lua está associada à Saturno (ambos regem a Corpo Denso e se caracterizam pela tendência cristalizante), Regente do Sábado (Saturday).

A dispensação cristã, ao contrário, está relacionada com o Sol. Todas as religiões falavam de alguém “que havia de vir,.. do Sol”. O Sol é a morada dos Arcanjos, dos quais o Cristo é o maior Iniciado. Ele é o Leão de Judá, o Cristo Solar, ligado à positiva Luz que veio conquistar a Terra por dentro.

Sábado quer dizer “descanso”; por extensão: “Dia de descanso”. Foi instituído na lei mosaica com finalidade bem definida: obrigar o povo a deixar seus negócios e atividades e, um dia por semana, ir à Sinagoga ouvir as leituras de textos sagrados. Só por obrigatoriedade da Lei a o povo, eminentemente materialista, iria à sinagoga assimilar as verdades adequadas ao seu nível (o nível da pedra, da letra, da Lei).

Domingo significa “Dia do Sol” (Sunday). Etimologicamente, a palavra “Sol” está ligada aos sentidos de “Deus, Júpiter, Luz e Dia”. Perto do fim do primeiro século, a igreja cristã primitiva transferiu para o domingo o dia semanal de descanso e adoração, preceituado no quarto mandamento, por ser o dia da Ressurreição de Cristo Jesus e, por isso, denominado “o Dia do Senhor” (Ap 1:10). Assim como fez Deus no trabalho criador, também nós trabalhamos seis dias e no sétimo devemos descansar no Senhor, aquietando-nos, ouvindo, lendo coisas sagradas, para nutrir e desenvolver o nosso íntimo, pois tudo depende de exercício e de alimento. Tudo se desenvolve em períodos setenários: seis dias criamos e evoluímos na atividade externa, e um dia dedicamos para entregar a essência dessa Obra à Deus em nós, em comunhão, saindo fortalecidos para uma semana ainda melhor que a anterior.

Note-se que Cristo costumava curar nos sábados. Os fariseus, ignorantes do interno sentido do sábado, atacavam-no por isso. Mas disse o Mestre: “Eu sou o Senhor do sábado”; “O sábado foi feito para o ser humano e não o ser humano para o sábado”. Ele quis que isso significasse que nesse dia o ser humano abdicasse de si mesmo, de sua parte humana, e deixasse que Deus laborasse em e através de si, no restabelecimento de suas forças internas, na definição de sua natureza divina, no entendimento das coisas sagradas. Portanto, nenhum dia seria mais indicado para a Cura. Curar e pregar a boa nova são a mesma coisa, pois, ambas restituem a integralidade do Ser. Sabemos que a palavra “são” quer dizer sadio e santo: ambas são expressões de integralidade, e de harmonia global do ser.

Assim; não importa o dia e lugar, sempre que nos dedicamos às coisas sagradas, estamos realizando essa finalidade (prevista na lei mosaica aos sábados, e pela igreja cristã aos domingos – para disciplina dos rebeldes que não compreendem e nem avaliam a graça dessa comunhão interna).

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os dez mandamentos são indicações conducentes à consciência crística – Terceiro Mandamento

Os dez mandamentos são indicações conducentes à consciência crística – Terceiro Mandamento

“Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão”

Cristo confirmou no “Pai Nosso” ou “Oração do Senhor” esse mandamento de forma positiva, ao ensinar: “santificado seja o teu Nome”.

Para o povo hebreu, o “nome” (shem) tinha significação mais ampla e profunda do que a que lhe atribuímos hoje para identificar uma pessoa ou coisa. Embora se fale de “bom nome”, referindo-nos à reputação ou ao caráter de uma pessoa, a palavra “shem” dá a entender a natureza, a essência ou a honra do indivíduo.

A locução “em vão” significa, basicamente “de forma inútil” ou “por nada, por vaidade, por falsidade, por leviandade”.

“Tomar” era usado no sentido de “elevar, carregar, proferir ou aceitar”.

Assim, o “proferir ou aceitar o nome ou a natureza de Deus” é, ao mesmo tempo, uma honra e um desafio que não devem ser tomados levianamente.

O uso da palavra era, é e será algo sagrado. Empregada conscientemente e de forma ajustada, a vibração de uma palavra tem poder. Hoje, infelizmente, é deplorável o abuso nesse campo.

Deus é inominado. Quando Moisés recebeu a revelação e a missão na “montanha”, sabendo que tinha de enfrentar pessoas comuns que só conheciam a forma e o nome, perguntou: “Senhor, se me perguntarem quem foi que me enviou que direi?” E o Senhor respondeu-lhe: “Dize que foi o “EU SOU”.

Basta ser. Eis a mais expressiva conjugação: “eu sou, tu és, nós somos . . . espíritos. Simplesmente.

Mas o mundo precisa de identificação. Quem nomeou as coisas foi Adão. É um esforço de isolar o que parece isolado.

Não devemos confundir a realidade espiritual com um conceito mortal. Dizemos: raios de Sol, porque sabemos que eles continuam unidos a sua Fonte, apesar de haverem caminhado 149 milhões e 400 mil quilômetros em 8 minutos, quando chegam à Terra. E nós, não somos também, por acaso, centelhas divinas, uma vez que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”?

Não tomemos, pois, levianamente, os nomes pelas coisas que representam, principalmente em relação à verdadeira identidade de semelhante. Em que ele é semelhante a ti? Senão pelo Espírito?

Ainda mais quando nos referimos a Deus: se a palavra Deus foi tomada para representá-lo (e a palavra “Deus” está ligada a ideia de Luz e Dia: “Deus é Luz” – Jo), usemo-la de forma sagrada, erguendo nossa mente ao Inominado, ao Imanente e Transcendente, ao Onisciente, Onipotente e Onipresente Criador.

A essência desse mandamento nos exorta a não tomar a aparência pela realidade. Ainda que surjam as pessoas, coisas e lugares, por meio do testemunho dos cinco sentidos, saibamos que são expressões provisórias do real e divinamente infinito.

 

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os dez mandamentos são indicações conducentes à consciência crística – Segundo Mandamento

Os dez mandamentos são indicações conducentes à consciência crística – Segundo Mandamento

“Não farás para ti imagem de escultura nem alguma semelhança do que tenho criado. Não te encurvarás a elas nem as servirás”.

Os protestantes acusam ferozmente os católicos de usarem imagens e esculturas em seus templos; algumas, por sinal, maravilhosas, verdadeiras obras-primas concebidas por artistas notáveis como Raphael, Michelangelo, Rubens, etc.

A nosso ver, não reside aí a mensagem principal deste mandamento. A pedagogia e a psicologia educacional afirmam que “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Modernamente exploram as ilustrações e com elas enriquecem os planos de aula, a fim de que o aprendizado se torne mais completo: áudio visual.

Nossa Mente ainda está num estágio mineral. Só as pessoas mais elevadas podem conceber ideias abstratas e atingir outra esfera ou cosmos da verdade essencial das coisas. Daí a necessidade dos símbolos, desde que bem escolhidos. O mal não está nos símbolos, mas no tomar os símbolos pela realidade que transmitem. Se conhecemos a essência de uma verdade e, no esforço de transmiti-la buscamos as representações mais fieis estamos prestando uma ajuda a outros menos aquinhoados.

Quando o iniciado atinge o conhecimento direto das realidades espirituais, nos planos supra físicos verifica a dificuldade de transmiti-las. Max Heindel observa, por exemplo: “Quando falo dos mundos em que o Universo se divide e os represento num diagrama, uns acima dos outros, não quero dizer que se achem assim nos planos espirituais. Em verdade eles se compenetram em graus diferentes de densidade e vibração”. E deu o exemplo da esponja, da água e da areia. Depois acrescenta: “Os diagramas podem ser uma ajuda e um entrave ao mesmo tempo, porque involuntariamente podemos induzir uma ideia falsa da realidade”.

Isto nos leva a meditação das palavras. Vivemos num universo de palavras e, neste século de comunicação entendemo-nos através de palavras e de símbolos. Você já pensou que representam as palavras? Já observou como os seres humanos discutem e pelejam em torno de palavras? Às vezes discutem por usarem palavras diferentes para a mesma coisa; outras vezes divergem pela mesma palavra, com a qual pensam em coisas diferentes. Ora as palavras não são as coisas: constituem apenas um esforço de representação e devemos ter muito cuidado com elas, porque podem ser uma ajuda e um entrave na comunicação. Melhor ainda, as palavras são a nossa interpretação das coisas e não as coisas mesmas. Tanto é assim que, à medida que nossa compreensão vai melhorando, nossa representação por palavras também muda. A evolução em tudo, é uma gradativa transformação das definições anteriores.

No futuro Período de Júpiter será diferente. A mentira será impossível, pois teremos a capacidade de materializar a ideia em nossa aura mental, sem necessidade de palavras. Os Mestres espirituais possuem por conquista antecipada, de sua evolução, esta capacidade: projetam com as palavras a imagem do que falam. Essa capacidade é uma das provas de um verdadeiro Mestre.

Já que entramos na meditação sobre as palavras, consideremos outro ponto: a “onda portadora”. Além das palavras que pronunciamos, comunicamos a outra pessoa algo mais: a intenção como uma “onda portadora” que muitas vezes o interlocutor capta. E, como vivemos num mundo hipócrita, é comum que a pessoa diga uma coisa e pense outra. Ouvimos as palavras e sentimos uma indefinível divergência, uma estranha incoerência. Além disso notamos sinais externos confirmadores da hipocrisia, na mudança do tom de voz, no evitar nosso olhar, etc.
Mas, que relação tem tudo isto com o segundo mandamento?

É que este mandamento trata da idolatria, em muitos sentidos. De maneira geral, sabemos que a idolatria consiste em tomar uma forma em lugar da realidade que ela representa; e considerar a letra e não a ideia essencial que ela busca expressar; é tomar o corpo pelo ser humano integral, como fazem os materialistas.

O fato de os nossos sentidos estarem limitados à forma, não justifica nossa ignorância das verdades essenciais, numa época de tão rica literatura a respeito. A evidência lógica tem levado eminentes cientistas a reverenciar o Divino Arquiteto, cuja Presença é indiscutível em toda a Criação. Anteriormente as Sociedades de Pesquisas Psíquicas; agora a Parapsicologia; demonstram à sociedade revelações confirmadas por meios científicos, de realidades além da capacidade sensorial. Na Suécia e na Alemanha, principalmente, se estabelecem ligações com os planos espirituais com auxílio de aparelhos eletrônicos sensíveis. Hoje não é mais uma questão de crença, mas de atualização, o conhecimento dos planos espirituais, causais, que sustentam este plano visível.

Mas; se não temos possibilidades de conhecer a realidade última das coisas, somos todos idólatras? Não, este mandamento não refere ao esforço louvável de buscarmos entender as verdades divinas, embora estejamos sempre aquém delas. Não há como evitá-lo no desenvolvimento da consciência. Tudo evolui assim. A ciência foi deixando os conceitos ultrapassados, com sua verdade relativa, substituindo-os por outros mais corretos e atualizados. Mas foram as verdades relativas que serviram de degraus nesta escala evolutiva de aprimoramento.

Isto se dá em todos os assuntos, se bem que nas questões espirituais temos o testemunho avançado de altos Iniciados que podem ver as realidades supra físicas com muita amplitude. Esse testemunho serve de orientação segura, não excluindo, no entanto, o esforço de cada Aspirante e a liberdade de cada um ir confirmando o que recebeu.

As teologias e doutrinas várias andaram antropomorfizando Deus. Na impossibilidade de subir a Ele, forçaram-no a descer à sua limitada concepção. Isto é idolatria.

Cristo ensinou à mulher samaritana: “Deus é Espírito e Verdade e cumpre adorá-lo em Espírito e Verdade”. O espírito é intangível. E que é a verdade? Cristo respondeu a Pilatos? Não. Porque todos nós estamos limitados a nosso nível de evolução e não podemos admitir a Realidade total e absoluta.

Idolatria é o pecado do materialismo, que toma a manifestação pela Essência que a vivifica. Por isso, o primeiro passo no Ocultismo é o estudo dos Mundos Invisíveis.

Querem um exemplo simples para destacar o corpo do ser humano?

Observem uma pessoa dormindo; ela não pensa, não vê, não age, não ama, não tem consciência de si nem dos outros; apenas as funções vitais, involuntárias estão mantendo o corpo que respira, digerem e fazem circular o sangue ritmicamente, etc. Depois ela acorda, abre os olhos e algo estranho ocorre: toma consciência de si, vê-nos, reconhece-nos, abraça-nos, ama-nos, fala-nos. Que aconteceu? ALGO que não estava no corpo enquanto ela dormia; voltou e o despertou dando-lhe todas as capacidades que antes não manifestava. Esse algo é o ser humano REAL que anima o corpo que construiu. Tanto assim que, ao abandoná-lo definitivamente, o corpo se decompõe.

O Espirito é a causa; a matéria e é a consequência. Primeiramente existiu a luz; depois a luz criou o olho que a pudesse ver. O poder está no Espírito criador e sustentador da forma e não nesta. O galho que se destaca da árvore, seca-se. A matéria é mutável e transitória; mas o Espírito é eterno, manifestando-se gradativamente melhor, à medida do crescimento de consciência (alma) e originalmente, segundo seus pendores epigenéticos.

Assim, não devemos adorar nem temer nem odiar o externo, a forma.

Vemos uma cobra e a associamos com a ideia de perigo, sentimos repulsa e violência e vamos matá-la. Podemos vê-la como ela é, sem preconceitos, com toda a sua beleza e respeitando-lhe o instinto de defesa?

Vemos a figura de Sócrates e a imagem nos suscita, no íntimo, tudo o que dele sabemos. Vêm-nos sentimentos de admiração, de reverência, de gratidão. Podemos vê-lo como ele é, apenas gratos pela mensagem que ele trouxe, e não pela pessoa em si? O mesmo deverá sentir em relação a Jesus; o Buda, a Einstein: não o canal, mas a Essência que através deles fluiu de forma diferente, para alimentar a Humanidade.

É a essência que valoriza a forma e não a forma que valoriza a essência. “A letra mata, mas o Espírito vivifica”. Devemos ir além da forma limitadora e sentir a amplitude da Essência Universal.

A infinitude de Deus está oculta em cada coisa criada, mas nossos sentidos não na percebem. As realidades objetivas se tornam em realidades subjetivas, por causa de nosso conceito finito delas. Estamos condicionados pelos preconceitos e por nosso nível de consciência. A melhor atitude mental é admitir todas as coisas como possíveis. Embora firmados no sentir e saber internos, mantenhamos a humilde atitude de nossa limitação.

O 1º e 2º mandamentos abordam, pois, a única realidade, o único poder essencial. Mas o primeiro mandamento nos adverte a não nos apoiarmos nas realidades evanescentes deste mundo; a não dependermos delas, não as temer nem as odiar: o único valor ou poder que elas têm são os que nós mesmos lhes atribuímos por nossas crenças.

Já o segundo mandamento se refere especificamente as representações e seus perigos para que não nos detenhamos nelas, mas busquemos a essência que desejam comunicar, como diziam os autores do Torah – o livro sagrado: “Ai daquele que toma as vestes do Torah pelo próprio Torah! Os mais simples só notam os ornamentos e versos do Torah, mas os esclarecidos não prestam atenção alguma ao exterior, senão à essência que ele encerra”.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: O que significa, no Credo dos Apóstolos e na Bíblia, a ressurreição do Corpo?

Pergunta: O que significa, no Credo dos Apóstolos e na Bíblia, a ressurreição do Corpo?

Resposta: A Doutrina dos Apóstolos só foi composta séculos depois dos Apóstolos terem falecido, e foi concebida de forma a englobar o que eles acreditavam. Nem eles nem a Bíblia ensinam a ressurreição do Corpo. Essa frase nunca é encontrada na Bíblia. Na versão do Rei James, lemos (Jó 19:26), “E serei novamente revestido da minha pele e na minha própria carne verei o meu Deus”; e esta passagem é o principal fundamento dos que se esforçam para estabelecer esta doutrina absurda. No entanto, os tradutores indicados pelo Rei James eram pobres estudantes hebreus, e muitos deles morreram antes da tradução estar completa. Em sua versão revisada, encontraremos outra interpretação, que diz: “E depois da minha pele, mesmo que meu corpo seja destruído, então, sem a minha carne verei a Deus”. A carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus; portanto, qual seria a utilidade de ter um corpo tal como o que temos agora? Além disso, este corpo deve perpetuar-se atualmente, e aprendemos que na ressurreição não haverá casamentos – outro argumento que mostra que será usado um veículo diferente do carnal. Por outro lado, é um fato científico conhecido e já estabelecido, que os átomos de nossos corpos estão constantemente em movimento. Assim, se houver uma ressurreição do corpo, quais seriam os átomos que apareceriam no corpo ressuscitado? Caso todos os átomos que passaram por nosso corpo, desde o nascimento até a morte, devessem ressuscitar, não haveria uma enorme aglomeração, visto que teríamos então corpos imensos compostos de várias camadas? Seria, de fato, um enigma científico. Como diz São Paulo, a semente é lançada ao solo cada vez para formar um novo corpo (ICor 1:15).

(Do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Pergunta Nº 75 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os dez mandamentos são indicações conducentes à consciência crística – Primeiro Mandamento

Os dez mandamentos são indicações conducentes à consciência crística – Primeiro Mandamento

O povo judeu esperava o Messias e não o reconheceram em Cristo; ainda o esperam e nisso mostram a carência e o desamparo deles.

Os cristãos populares aceitam que o Cristo veio e cumpriu Seu Plano Salvador num ministério de três anos entre nós. Depois nos deixou como paráclito, como consolador, o Espírito Santo, que nos preparará para a segunda Vinda, “nas nuvens”. Como não entendem o sentido profundo dessas afirmações, revelam também sua carência.

A realização cristã é interna, pessoal, intransferível. Enquanto encararmos a Bíblia (particularmente o Novo Testamento) como algo externo, estaremos protelando nossa realização. Paulo foi bem claro: “Deveis inscrever as Leis na tábua de carne de vosso coração”. É um convite para que cada ser humano seja uma lei em si mesmo.
Cristo não veio revogar a Lei e os profetas, senão complementá-los com a nova lei do Amor (ou da Graça), que Ele exprimiu em Mateus 22:37-40: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a esse, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. “Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”. E em João, 1:17, lemos: “A lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”.

João Batista veio como precursor, pregar a metanoia (mal traduzida por “arrependimento dos pecados”). Metanoia significa transcender o intelecto, ou melhor, ir além da Mente concreta e vivenciar a Mente abstrata. Por quê? A Mente concreta está comprometida, desde que se uniu ao Corpo de Desejos, em meados da Época Atlante, formando uma espécie de “alma animal”, que nos dá a ilusão de vivermos separados e à parte do Espírito. Embora não possamos viver sem Ele, essa ligação com a natureza de desejos nos concentra na persona e desvirtua os intentos do Cristo interno.

A Mente Abstrata é a fonte da ideia pura do Espírito Humano; e o plano em que funciona o paráclito, o consolador prometido. Devemos aprender a funcionar plenamente nesse plano mental abstrato – o mais elevado de nosso atual campo evolutivo – antes de podermos reencontrar o Cristo Interno – que funciona no Espírito de Vida, além da Mente Abstrata. Lembremos que o Cristo disse: “para onde vou não podeis seguir-me agora, seguir-me-eis depois” (Jo 13:36).

A maioria da humanidade é incapaz de abstrair-se porque não formou a Mente Abstrata. A Filosofia Rosacruz indica aos estudantes, como eficazes meios: a meditação em assuntos elevados, a música pura, a matemática, a astrologia espiritual – no desenvolvimento da Mente Abstrata, impessoal e verdadeira, que nos põe acima dos condicionamentos da personalidade. Nela podemos compreender e viver a lei espiritual. Dela podemos acompanhar as manhas da natureza inferior, aprendendo a ser mais alertas, compreensivos, prudentes e não resistentes conosco mesmos, no trabalho de uma inteligente transfiguração. Só então, podemos “inscrever a Lei na tábua de carne de nosso coração”, ou seja, praticá-la espontaneamente, por meio do serviço amoroso altruísta, que por si constitui a síntese ensinada por Cristo.

Até lá estaremos sob o efeito doloroso da Lei e não podemos nos considerar autênticos cristãos, pois ainda não vivemos esses princípios. O sofrimento e as limitações do mundo aí estão a testemunhar eloquentemente que ainda não aprendemos a viver em harmonia com as Leis do Universo. Há muita gente que se denomina cristã. Mas não se trata de uma aceitação superficial. Gandhi aceitava e reverenciava o Cristo dos Evangelhos, mas recusava o Cristo ensinado pelas Igrejas. São bem distintos. Sabemos que mal estamos engatinhando no Cristianismo, cuja expressão mais pura e formosa nos virá na Época de Aquário, a iniciar-se daqui uns 600 anos. A Fraternidade Rosacruz promulga esse Cristianismo Esotérico às almas atualmente preparadas. Ele nos leva à busca e ao consciente encontro do Cristo interno, por meio do “Corpo-Alma” (que Paulo chamou “soma psuchicon” numa de suas Epístolas). Esse novo veículo de expressão é a chave de entrada na “Nova Época” evolutiva que nos espera e se forma por um método definido de espiritualização da criatura. Constitui-se dos dois Éteres Superiores , quando estes estejam devidamente desenvolvidos e possam se desligar dos dois Éteres inferiores, para cumprir sua função sensorial nos voos da alma.

Até agora estivemos peregrinando no deserto evolutivo (aridez interna da condição humana comum, carente), armando e desarmando as tendas de nossos corpos (renascimentos) nesta escalada pela imensa “escada de Jacó”, numa abertura gradual de consciência, como bem exprimiu São Paulo: “Morro todos os dias; Despojai-vos do velho ser com seus vícios e revesti-vos do novo ser, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem d’Aquele que vos criou; Em Cristo só há virtude o que importa é ser uma nova criatura” (ICo 15:31; Col 3:10; Gl 6:15).

Cristo não veio – como se supõe para salvar a humanidade. Ele purificou nosso Globo conspurcado pelas transgressões humanas, possibilitando-nos material mais elevado, mental, emocional e físico, que assegure a evolução nos renascimentos. Desse modo indireto é que Ele nos ajudou; além do impulso altruístico que Ele comunica aos que Lhe estejam afins nos períodos do Natal à Páscoa. A rigor, a tarefa de cristificação é individual e interna.

Há uma razão profunda para que a Bíblia enfeixe o Velho e o Novo Testamento: sem superarmos conscientemente a velha dispensação, não podemos atuar dinamicamente na nova.

Max Heindel descreve os passos da evolução religiosa, através da qual se foi aprimorando nossa concepção de Deus e descortinando-se nosso entendimento da verdade universal.

Primeiramente concebemos um Deus terrível, vingativo, cruel, ciumento, cuja ira aplacava com sacrifícios sangrentos. Só tal Deidade imporia respeito à incipiente humanidade. Depois nosso conceito de Deus se ampliou um pouco e concebeu-se o Deus dos Exércitos que impunha derrotas e propiciava vitórias sobre o inimigo; que punia, arrasando rebanhos e plantações e premiava, multiplicando-os. Daí que se Lhe oferecessem sacrifícios no templo, com objetivos egoístas. Era o Deus de Israel. Mais tarde veio o Deus dos católicos populares, que pela primeira vez promete um céu após a morte, aos bons, mas continua ameaçando com castigos na terra e tormentos no inferno, os transgressores. Agora já estamos concebendo um Deus que se manifesta por Leis justas, não interferindo diretamente no livre arbítrio humano; o ser humano, por seus atos, é que suscita consequências boas ou más, em virtude da ação das Leis Divinas. Vamos tomando consciência de nossa natureza e da natureza de Deus, agindo por dever, até que possamos fazê-lo espontaneamente, por Amor.

Esses passos da evolução religiosa estão descritos simbolicamente na Bíblia e correspondem à história humana até nossos dias:

1. Perdemos a condição inocente e protetora do Paraíso. Fomos embrutecendo pelo materialismo até que perdemos a consciência interna e sentíamos saudades de Deus, um vácuo indefinível, uma falta daquela antiga ligação com as Hierarquias. O íntimo nos acusava de faltas. As condições evolutivas eram mui adversas e a consciência mui obscura.

2. Passamos ao jugo do Faraó do Egito (escravos de nossa personalidade egoísta e viciosa). Sofríamos as limitações de uma vida material duríssima (quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, transitava pelo Signo Zodiacal de Touro). Só mesmo o caráter e resistência passiva de Touro (boi Ápis) nos possibilitava suportar as vicissitudes dessa época de violência e egoísmo.

3. Aí fomos libertados por Moisés e passamos a peregrinar no deserto, durante os simbólicos quarenta anos (período indeterminado de tempo) rumo à Terra Prometida de leite e mel. Moisés é o impulso evolutivo que nos leva a algo mais. No deserto, muitas vezes nos sentíamos inclinados a retornar ao passado, que se nos afigurava mais seguro do que a livre aventura de um porvir incerto, fundia com o ouro de nossas possibilidades internas o bezerro de ouro já ultrapassado. Mas o irresistível impulso interno (Moisés) nos renascia, mostrando-nos que a nova dispensação de Áries (o Cordeiro) nos esperava. E contava como a vara de Arão transformada em serpente (sabedoria de Áries) havia devorado as serpentes dos sábios do Faraó (dispensação de Touro), revelando, assim, sua superioridade. Com muita dificuldade chegamos à Terra Prometida e, fato expressivo, Moisés não pôde entrar nela com seu povo, porque atribuiu a si os méritos de seus prodígios e liderança, em vez de atribui-los ao Divino; condescendendo com a personalidade, foi castigado. É um bom símbolo: a Lei que Moisés havia recebido na Montanha para orientação de seu povo, não pode, por si mesma, levar à realização espiritual. É preciso ser complementada pelo Amor. Sua missão terminava ali. Assim, com nosso desenvolvimento interno, a Mente, sozinha, inclina à vaidade, à pretensão, à ambição. Mas unida ao coração, gera a Sabedoria.

4. Entramos na Terra Prometida e, com o Advento da Dispensação de Pisciana chegou o Cristianismo, cujo precursor – João Batista (reencarnação do mesmo espírito que havia animado Moisés e Elias) veio pregar a metanoia (já mencionada atrás), de modo a alcançarmos a verdade interna (Mente Abstrata) e compreensivamente corrigirmos a intenção causal, para que nossos pensamentos, sentimentos, palavras e atos sejam conforme a Lei. E, quanto aos hábitos, “com paciência ganharemos nossas almas”, compreendendo os vícios gravados e persistindo no Bem, pouco a pouco as trevas da noite ir-se-ão dissipando, para que surja a alva. Por enquanto estamos sofrendo as justas e automáticas reações da Lei. Mas, na medida de nossa espiritualização, a Lei se vai convertendo em colaboradora nossa, como bem observou Max Heindel: “antes era o Espírito Santo como Lei corretiva, um Deus terrível e implacável; no futuro o Consolador prometido, que revela as bênçãos dos céus àqueles que vivem em harmonia com o Universo”.

É importante, pois, conhecermos a Lei conducente à Graça. Se a conhecemos bem e a vivemos, ela nos será o Paráclito. Lembremos que o moço rico (internamente prendado) foi interrogado por Cristo se cumpria a Lei. Ele disse que sim, mas em realidade só a cumpria no aspecto literal, como veremos pelo sentido esotérico do Decálogo. Se a compreendemos e vivemos realmente, estaremos aptos a nos consagrarmos com segurança ao “serviço amoroso e altruísta”, sem os vícios de seu mau entendimento.

O DECÁLOGO

Eis o Decálogo dado a Moisés na “montanha”:
1. Não terás outros deuses diante de mim;
2. Não farás para ti imagem de escultura nem alguma semelhança do que tenho criado. Não te encurvarás a elas nem as servirás;
3. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.
4. Lembra-te do dia do sábado e santifica-o, porque é o dia do Senhor teu Deus;
5. Honra teu pai e tua mãe para que se prolonguem os dias na terra que o Senhor teu Deus te deu;
6. Não matarás;
7. Não adulterarás;
8. Não furtarás;
9. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo; e
10. Não cobiçarás coisa alguma de teu próximo: nem a casa, nem a mulher, nem o servo ou a serva, nem o boi ou jumento.

Esse decálogo figura em Êxodo 20:3-17, quer na Bíblia traduzida por João Ferreira de Almeida (usada pelas igrejas evangélicas), quer na vulgata, anotada pelo padre Matos Soares (adotada pelos católicos) .

1º Mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim”

Notem que não só a Lei, mas também as normas dos seres humanos, em sua maioria constituem-se de proibições.

Por quê? Porque a Lei é uma súmula do que devemos observar obrigatoriamente. O resto fica por conta do livre arbítrio de cada indivíduo e seu modo de ser.

O primeiro mandamento é básico. Deixa subentender a onipresença de Deus. De fato, Ele está infuso em toda a Sua Criação e, além dela, no misterioso Caos. Manifesta-se de forma diferente, conforme o grau de consciência do reino ou do indivíduo em evolução.

Quanto a nós, a Bíblia é claríssima: “Não sabeis que sois o santuário de Deus que em vós habita?” (ICor 3:16). “O Reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17:21).

Apesar dessas e outras afirmações da Bíblia, a humanidade o tem buscado fora de si, num céu distante e inacessível, à semelhança de “Sir Launfal” em busca do Graal. Se o tivesse buscado no único lugar em que pode e deve ser encontrado, por certo já o teria realizado nesses vinte séculos. Mas a evolução é lenta mesmo. Estamos num progressivo acordar e ressuscitar para a realidade de nós mesmos e de Deus: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo resplandecerá sobre ti” (Ef 5:14).

Eis a mensagem do primeiro mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim”; nem riquezas, nem poder, nem amor, nem fama. Ninguém pode servir a dois senhores: ou servimos a Deus ou a Mamom – o deus da cobiça. E isso não quer significar que devemos ser materialmente pobres, que recusemos cargos influentes, que fujamos da fama, que nos afastemos do amor. Busquemos o sentido na intenção, no íntimo estarmos desapegados.

Exercermos a administração dos talentos que Deus nos põe à disposição, como meios evolutivos que não nos pertencem, mas que devemos gerenciar zelosamente. A pobreza material não é virtude; antes, na maior parte das vezes é sinal de omissão, irresponsabilidade ou má fé em vidas anteriores. Virtude é ter e não possuir, é trabalhar como um ambicioso e manter-se desapegado dos frutos, não obstante administrar o melhor possível para o Senhor, a quem tudo atribui.

A ausência de poder ou de fama pode ser sinônimo de egoísmo, de comodismo, de restrição de destino, etc., no exercício do poder e da fama em vidas anteriores.

A carência de amor é quase sempre uma resposta do desamor.

Mas é feliz quem vê em tudo o provimento de Deus no atendimento perfeito à necessidade interna e coletiva. E, sabendo que nada nos pertence, buscar devolver os bens, acrescidos de nossa administração, à Fonte que os jorrou. Tal é o sentido da evolução na Terra. De fato, não há mal em nada, mas no mau uso que fazemos de tudo.
Max Heindel diz que os Probacionistas são os que “tomaram consigo mesmos uma obrigação definida, pela qual o eu pessoal (personalidade) compromete-se a amar, honrar e obedecer ao EU verdadeiro e Superior, dedicando-se a uma vida de serviço, como meio de se aproximarem do véu e atingirem a realização consciente do Deus interior”.

Notem que esse compromisso se refere diretamente ao primeiro mandamento: “não terás outros deuses (personalidade) além do Eu verdadeiro e Superior o mesmo que foi dito em Mateus 6:33: “Busca em primeiro lugar o Reino de Deus (que está dentro de ti) e teu ajustamento a Ele, pois tudo o mais te virá por acréscimo”. Buscar o Reino interno e o conhecer a si mesmo, ajustar-se a Ele é o compromisso de viver segundo as Leis do Ser (reto pensar, reto sentir e reto agir) – o correto modo de amar, honrar e obedecer ao Eu verdadeiro e Superior, manifestado pelo mesmo amar, honrar e obedecer ao divino de cada irmão, cujos defeitos devemos esquecer, buscando-lhe a Divina Essência – pois isto constitui a verdadeira fraternidade.

A personalidade está atualmente ativa, comandando nossa vida de forma egoísta e contraditória. Deve tornar-se passiva, serva fiel do Espírito. Para chegarmos a esse ponto é mister exercitar paciente e perseverantemente a observação de si, praticarmos o discernimento, aprendermos a não nos identificarmos com as manobras sutis da natureza inferior em seus constantes esforços de justificação. Sobretudo, a prática da meditação ficando como testemunha da atividade interior. Ainda não sabemos silenciar. Podemos estar calados e, ao mesmo tempo, numa intensa atividade interior. Silenciar é aquietar internamente para que “a pequenina e silenciosa voz” se faça ouvir e nos intua. É a promessa do Salmo 91: “Aquele que habita o esconderijo secreto (interno) do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará”. É o convite do Salmo 46:10: “Aquieta-te e sabe: eu sou Deus”.

Atentemos à exortação do primeiro mandamento e busquemos a única fonte de nosso bem: o EU SOU em nós.
O método Rosacruz procura desenvolver no Aspirante, desde o princípio: a confiança em si (no Eu superior); o domínio próprio (pela não identificação com a natureza inferior); o esclarecimento a respeito de sua própria natureza intrínseca e de Deus que o criou, – para que cada um se torne um pilar no templo universal de Deus e se coloque em condições de servir de forma esclarecida, amorosa e altruísta o seu próximo, ajudando-o a atingir as mesmas desejáveis condições.

Somos o Melquisedeque, sem genealogia, a quem a personalidade (Abraão) deve render seu tributo e despojos a luta diária para que se cumpra mais rapidamente nossa realização evolutiva. Essa soberania do Eu verdadeiro e superior se exerce pela união da Mente e do Coração, que geram a Sabedoria. E se não nos devemos submeter aos desmandos da natureza inferior, igualmente não devemos ensejar qualquer domínio externo pela mediunidade, hipnose ou outra qualquer forma de alienação, pois seria contrário ao primeiro mandamento.

A personalidade não ama. Ela se caracteriza pela busca de retribuição: ama para ser amada; ama quando é amada. Não compreende que o amor é a própria recompensa; o dar gera o receber, mas não depende do receber para viver no amor, porque é Deus quem ama através de nós. Buscar a retribuição do amor é um reclamo da personalidade por aquilo que lhe não pertence. À medida que nos fundimos ao Eu superior vamos desenvolvendo um autêntico sentido de fraternidade, porque Ele é amor e quem vive em amor vive n’Ele e Ele nos leva a perceber e Amar o Divino em cada semelhante.

A verdadeira liberdade pressupõe a vivência no Espírito. Enquanto não alcançamos essa liberdade, ficamos condicionados pela falsa segurança que nos leva ao apoio nas coisas externas. Ora, ter outros deuses significa também acreditarmos nos falsos valores e deixar que eles nos possuam, em vez de os possuirmos.

Se usarmos todos os valores externos e internos como meios evolutivos provisórios a serviço do Eu superior, tornamos impossível qualquer interferência negativa em nossa harmonia básica ou no justo usufruto de uma vida plena, harmoniosa, aqui e agora mesmo.

Isto requer preparo interno, por meio de método adequado. A raiz de todo o mal está na identificação com a personalidade; está no ignorante modo de conduzir nossas faculdades. A chave da libertação está no conhecimento de si e no retorno da Presença e do Poder internos, esse espírito da verdade que o Cristo nos prometeu.

Não há, pois, nenhuma outra presença ou poder além da Consciência Universal que se expressa individualmente como uma consciência individual. Cada um de nós existe como um Infinito dentro de outros Infinitos. Funcionamos como Consciência Espiritual individualizada. Não somos o corpo, nem as emoções, nem os hábitos, nem a Mente. Somos o criador e dono deles. Por isso dizemos: meu corpo, minhas emoções, meus hábitos, minha Mente. A posse não pode ser maior que o possuidor.

A posse não pode dominar o possuidor. Eis o significado do primeiro mandamento: há somente um poder. Temer o que? “Se Deus é por mim, quem é contra mim?”. Odiar por quê? Quem odeia é a personalidade e não o Eu divino, que é amor. Quem ama ao Divino ama também a seu irmão. Temer, odiar, é negação do único poder. Se aprofundarmos esse sentido pela meditação, veremos que o bem e o mal existem apenas no campo da personalidade, como um nível provisório de consciência, que pode e deve ser transcendido. Aí chegaremos a um ponto em que não haverá um bem superando o mal – porque simplesmente existe um único Poder. O que parece mal é um esforço do Bem para devolver a harmonia. Portanto, é um convite de regeneração, uma advertência amorosa e sábia do que devemos corrigir.

Toda a grandiosidade do Cristo estava em Sua excelsa condição de Servo perfeito: “Eu de mim mesmo nada posso, mas tudo posso n’Aquele que me fortalece; o Pai em mim é Quem faz as obras”. Quando os discípulos Lhe perguntaram do Pai, Ele esclareceu: “Quem vê a Mim, vê ao Pai que me enviou”. Sua personalidade era um canal perfeito.

São Paulo compreendeu e aproveitou essa lição. Ele disse: “Quando sou fraco, quando sou nada, aí é que sou forte e sou tudo”. Ele sabia que a personalidade deveria tornar-se passiva e fiel serva do Eu superior.

Quando Cristo foi a Nazaré não pôde curar muitas pessoas porque se detiveram na pessoa d’Ele: “Não é este o filho de José, o carpinteiro? “. Mas Pedro, iluminado pelo Espírito Santo (Mente Abstrata) disse-Lhe: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, ao que o Mestre lhe responde: “Bem-aventurado és tu, Simão Bar-Jonas, porque não foram os olhos que te revelaram”. Essa é, também, a verdadeira identidade do ser humano, que chamamos homem ou mulher.

É certo que devemos ser prudentes, porque a maioria das pessoas vive condicionada à falsa personalidade com sua violência e egoísmo. Mas isso não nos deve distanciar da realidade essencial das criaturas, confiando no bem imanente.

Ao mesmo tempo, a conscientização da verdadeira identidade, ou seja, do Deus individualizado como eu ou como tu, não nos dissolve o sentido de individualidade nem exige que matemos nossa personalidade, como sugerem algumas filosofias. Ao contrário, a personalidade, – constituída pela Mente Concreta, Corpo de Desejos e Corpo Físico (Etérico e Denso) -, é indispensável à nossa evolução. Por meio dela é que haurimos experiências e dinamizamos as faculdades latentes, convertendo-as em Alma ou Consciência Espiritual. A conscientização da verdadeira identidade consiste numa inversão do atual materialismo, situando o ser humano como um Eu divino a manipular uma personalidade – e não uma personalidade à parte e independente de Deus. Não imaginemos que ocorra um vácuo; ao contrário, há aumento de consciência própria nessa transição gradativa da persona ao Eu real. Não se trata de nós perdermos no Todo o que nos confundimos. Éramos inconscientes de nós mesmos, como Centelhas, quando iniciamos a evolução no estado de consciência mineral. Depois disso, fomos desenvolvendo a consciência até o estado de vigília consciente atual, rumo à oniconsciência que nos espera. Deus se exprime como individualidades n’Ele separadas, cujas consciências se formam pela dinamização das faculdades divinas herdadas.

Pela eternidade afora seremos mantidos na própria individualidade pelo exercício da Epigênese. Somos notas próprias na sinfonia universal. Importante é que estejamos afinados ao Divino Concerto.

Afirmar a Deidade interna é definir sua identidade espiritual pela união ao Eu superior. Não deve ser confundida com a afirmação da personalidade que a maioria busca para o êxito mundano, em apoio na persona ativa. O verdadeiro êxito parte de dentro. Não há outra autoridade, senão aquela que nos vem de dentro e de cima.
O único modo de vivenciarmos essa profunda verdade é o estudo das verdades espirituais, a prática dos exercícios recomendados e sua expressão em nossa vida diária. Eles nos guindarão a níveis gradativamente mais elevados e claros. Então compreenderemos a afirmação do Batista (persona) referindo-se ao Cristo (Eu superior): “É preciso que eu diminua e Ele cresça”. Só assim nos converteremos em valioso e fiel precursor do Eu real neste mundo, tendo-o como Único Deus, em nós e nos outros.

 

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Cristo ressuscitou ou não os mortos?

Pergunta: Em “PERGUNTAS E RESPOSTAS” lemos que Cristo não ressuscitou os mortos. Em São João, Capítulo 11, versículo 11, Cristo disse, “Nosso amigo Lázaro dorme”, e, em seguida, no versículo 14, Jesus disse-lhes claramente, “Lázaro está morto”. Isso nos leva a pensar que Cristo se enganou na primeira passagem. O que está correto? Novamente em São Mateus, Capítulo 1, versículo 8, os Apóstolos recebem a missão de ressuscitar os mortos, etc.

Resposta: A maior dificuldade e os equívocos que resultam da leitura dos Evangelhos surgem do fato da maioria das pessoas acreditarem que os Evangelhos têm como finalidade relatar a história da vida de um indivíduo chamado Jesus Cristo. É a pura verdade que os Evangelhos tiveram como modelo a vida de Jesus, relatando a grandeza dessa vida e como ele serviu de exemplo para os que registraram as quatro diferentes Escolas de Iniciação. No entanto, o que esses homens pretenderam realmente escrever foram as fórmulas de Iniciação, e os quatro Evangelhos incorporam, ocultas debaixo de uma camada externa de fatos não essenciais, as fórmulas de Iniciação de quatro diferentes Escolas de Mistérios. A passagem mencionada, a ressurreição de Lázaro, ou o filho da viúva de Naim, não significa que um Espírito que partiu tenha sido chamado a retornar ao veículo descartado.

Isso não foi feito. Uma vez rompido o Cordão Prateado, o Espírito volta para Deus que o enviou e ao pó de onde foi tirado. Quando um candidato atinge o ponto em que deverá ser elevado a um nível superior e a um maior poder do que já possuía antes, deve, então, primeiro morrer para as coisas passadas, que ficaram para trás. O caminho torna-se mais e mais estreito a cada passo, e ele não pode entrar pelo portão que conduz direto a um reino mais elevado da natureza, enquanto não largar o Corpo que o prende ao reino inferior imediato. É por isso que, no momento em que ele está pronto para essa transição, diz-se que ele está morto. Se lermos o livro Maçonaria e Catolicismo verificaremos que Lázaro foi anteriormente Hiram Abiff, o Mestre Maçom, e construtor-chefe do Templo de Salomão; que Jesus incorporou anteriormente como Salomão; e que o Espírito de Cristo, habitando em Jesus na época da citada ressurreição de Lázaro, foi o grande Iniciador que ergueu Lázaro e tornou-o um Hierofante dos Mistérios Menores. Ele é conhecido atualmente como Christian Rosenkreuz, o chefe da Escola da Sabedoria Ocidental, trabalhando juntamente com Jesus para unir a humanidade e conduzi-la ao Reino de Cristo.

De maneira semelhante, e numa escala menor, os Apóstolos receberam o poder de ressuscitar os mortos. Aos inexperientes eles deram somente leite, mas aos fortes eles deram a carne da doutrina, instruindo-os nos mistérios até que eles atingissem um certo ponto em que, após viverem a vida, morressem, e fossem elevados a uma vida mais plena em uma esfera de utilidade maior. No entanto, como já foi dito, essas mortes não implicam no que, comumente, chamamos de morte do Corpo.

(Do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Pergunta Nº 73 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Três Graus do Discipulado – Parte I – Grau Mestre – São Tiago, São João e São Pedro

OS TRÊS GRAUS DO DISCIPULADO

Parte 1

Grau Mestre

São Tiago, São João e São Pedro

 

Os 12 Discípulos foram divididos em 3 agrupamentos, de acordo com sua preparação e desenvolvimento no Discipulado. Estas 3 divisões podem ser listadas como segue:
• Grau Mestre: os 3 pilares: São Tiago Maior, São Pedro (Simão) e São João.
• Grau Fraternidade: Santo André, São Tomé, São Mateus, São Filipe e São Natanael (São Bartolomeu)
• Grau Aprendiz: São Tiago Menor (o Justo), São Judas Tadeu, São Simão e Judas Iscariotes.

Maria Salomé1, irmã da Virgem Maria, casou com Zebedeu de Cafarnaum, um homem abençoado com abundância material e espiritual. Salomé e Zebedeu, junto com seus dois filhos: São Tiago e São João, eram muito queridos no coração de Cristo Jesus. Esta família estava entre os seguidores mais devotos. Zebedeu dispendeu tempo e dinheiro para a causa do novo Cristianismo, enquanto Salomé cuidava das necessidades físicas dos Discípulos. A lenda relata que Salomé acompanhou Maria e José em sua fuga arriscada para o Egito. Ela é também proeminente entre as mulheres Discípulas ao longo da narrativa do Evangelho.

São Tiago, São Pedro e São João compunham o círculo mais interno dos Discípulos, chamado de “pilares”, porque eram avançados o suficiente para receber os ensinamentos esotéricos mais profundos dados por Cristo.
Contundência, poder e força eram as palavras chaves do caráter de São Tiago. Antes de suas transformações em graças espirituais, estes muitos atributos produziram muitas reações não-Cristãs. Por exemplo, ordenou que fogo viesse do Céu para destruir um vilarejo que não queria receber o Mestre; também solicitou seu lugar mais proeminente no Reino.

Tiago

São Tiago aprendeu rapidamente, contudo, a seguir o caminho onde a vingança é suplantada pelo Amor, percebendo que ninguém pode receber qualquer benefício permanente que não seja ganho pelos esforços pessoais. Após sua iluminação ele disse que “seus pensamentos respiraram e suas palavras queimaram”.

O destemor absoluto de São Tiago, conjugado com a dedicação sincera para com as causas do Mestre antecipou o seu Discipulado. Ele ganhou o profundo e permanente amor de Maria, Mãe de Jesus. Por causa de seu fervoroso zelo, São Tiago foi o primeiro Discípulo a viajar por terras estrangeiras levando a gloriosa mensagem de Cristo, e foi o primeiro a seguir o seu Senhor no martírio. Desdenhando todos os perigos físicos ele se estabeleceu na Espanha: a primeira terra estrangeira a receber a mensagem de Cristo.

Uma das supremas dádivas do Discipulado é saber, verdadeiramente, que não existe tempo ou distância para o espírito. São Tiago teve o privilégio de se aconselhar com a amada Maria, de quem recebeu orientação e direcionamento. Muitas vezes ele teve sua proteção em ocasiões de cansaço extremo e de crise.

Após o seu retorno da Espanha, uma feliz reunião em Éfeso com seu irmão, São João, e a Divina Dama foi abençoada e santificada. Eles estavam cientes de que os dias de companheirismo nesse mundo exterior estavam chegando ao fim, e que o retorno de São Tiago para Jerusalém significava a preparação para o seu martírio.

Maria foi transportada em espírito para a cena de seu martírio. Com uma série de Ministério de Anjos, Maria assistiu e apoiou São Tiago na hora de sua transição. A morte pode não aterrorizar a consciência de um Iniciado, já que este aprende a participar, conscientemente, das águas da Vida Eterna.

Alegremente este nobre espírito colocou de lado seu vestuário de carne. Cercado da glória transcendente dos Anjos, envolto no brilho e na bênção da Virgem, ele também pode entoar o mesmo grito triunfante, de quem tem o conhecimento direto, como assim fez o outro ungido de Deus um pouco mais tarde. “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?”2.

Segundo o Pentecostes, São Tiago tornou-se líder da igreja em Jerusalém. Sua contundência, força e poder, agora transmutadas em qualidades espirituais, floresceram em tal beleza de vida e ação que quando Herodes, irmão de Herodias, que causou a decapitação de São João Batista, desejou suprimir a heresia do Novo Cristianismo, a figura imponente de São Tiago tornou-se o principal alvo de suas hostilidades. Apenas catorze anos após a Crucificação, São Tiago seguiu seu Senhor para libertação da cruz do martírio.

De acordo com os escritos de Clemente de Alexandria, citado por Eusébio, São Tiago transmutou de tal forma seu espírito de vingança em compaixão, que o homem que o entregou para Herodes ficou tão inspirado, pela nobre atitude de São Tiago, que se tornou seguidor e foi recebido pela fraternidade da pequena igreja Cristã. O último ato terreno de São Tiago foi outorgar uma benção sobre este homem; e suas últimas palavras endereçadas para Herodes foi “que a paz esteja em ti”.

 

João

João foi o idealista entre os Discípulos. Ele foi o mais espiritualmente desenvolvido entre os 12, e seu Evangelho é o mais esotericamente profundo de todos que sobreviveram. Os Capítulos 14 a 17 contém os ensinamentos referentes a mais elevada religião a suceder o Cristianismo – conhecido pelos esoteristas como a “Religião do Pai” – que chamará seus Discípulos para o reino do Espírito Divino. Maria, mãe de Jesus, e João, seu melhor Discípulo amado, foram os únicos avançados suficientemente para entrar em contato com estas elevadas verdades. Um exemplo deste fato aparece na cena aos pés da cruz, quando Jesus apela a Maria para cuidar de João como se fosse seu filho (em Seu lugar), e diz a João para cuidar de Maria como se fosse sua própria mãe; assim, claramente, nomeou João Seu sucessor na Terra.

Pedro foi designado como Apóstolo ou emissário para o Ocidente bárbaro, onde seu caráter rude e simples, sua inteligência assertiva fez dele um líder e professor ideal. João, culto e erudito, falando a língua dos filósofos Helênicos, foi enviado para estabelecer sua escola em Éfeso, com seu conhecimento de civilizações antigas. É dito que Maria peregrinou com ele por um tempo. João é um grande Apóstolo da Gnose. Na Nova Era ele terá seu lugar no Mundo da Cristandade, que Pedro tem ocupado durante a Era de Peixes na Cristandade da Europa.

De “Filho do Trovão”, João se transformou em o mais perfeito exemplo no mundo da encarnação do amor. Sua humanidade foi purgada e saneada em toda chama consumidora do amor. Seu trabalho mais notável, fora de seus escritos, foi fundar a igreja em Éfeso – que foi depois liderada por João Presbítero e que trouxe à cena Policarpo e Inácio, dois dos mais ilustres cristãos primitivos.

Há uma lenda apócrifa que relata que durante o reinado Domiciano3, João foi preso e trazido ante ao imperador que o ordenou tomar o veneno mortal. Domiciano queria aprender se este Mestre, sobre quem João ensinou, protegeria ou não o seu Discípulo. João pegou o copo e disse: “Em teu nome, Oh! Cristo, eu tomo esta poção. O veneno se misturará com o Espírito Santo e se tornará um cálice de vida eterna”. Ele então o bebeu e permaneceu calmo e ileso. Quando um prisioneiro foi trazido e deram-lhe a mesma poção, ele morreu em convulsão, quase que instantaneamente. Por causa desta lenda uma arte sacra foi retratada de João abençoando um pequeno dragão alado, que ergueu sua cabeça de um cálice. Esotericamente, isto nos lembra que o Evangelho de João é correlato à Hierarquia Zodiacal de Escorpião e do mistério da regeneração, por meio do qual o veneno letal no sangue é transmutado em elixir da vida.

A lenda continua ao dizer que o temor supersticioso do Imperador alterou a sentença de morte de João para banimento em Patmos4, ilha onde ocorreu sua grande Iniciação, como descrito no Livro da Revelação5. Em consequência da morte de Domiciano, Trajano, seu sucessor, permitiu que o reverenciado exilado retornasse para Éfeso. A história relata que João, em sua última reunião com seus seguidores, os homens mais jovens carregaram o venerável Apóstolo em seus ombros até o local do encontro, onde todos poderiam reverenciá-lo uma vez mais. Em sua chegada ele estendeu sua mão em benção sobre o grupo reunido, e deu a todos uma ordem de despedida: “Pequenas Crianças amem-se uns aos outros”.

Quando João soube que chegou a hora de seu passamento, ele indicou Policarpo para sucedê-lo, como líder de sua igreja. Então ele ficou olhando o céu e glorificando a Deus. Como os Discípulos falecidos “eles viram-no encerrando-se junto aos demais”.

Essa é uma frase iniciatória que descreve o processo pelo qual o profeta eleva o ritmo vibratório de ambos: consciência e corpo; então ele fica imune à fome, ao frio, à doença e qualquer outro aspecto negativo da existência física. Esta técnica de espiritualização pode continuar até que a substancia física se desintegre ou fique invisível. O “encerramento completo de si para com todos” pertence apenas aos Mistérios Maiores.

Quando os Discípulos retornaram no dia seguinte, João não estava mais lá. Foi encontrado apenas seu manto e suas sandálias. Porém onde ele tinha erguido uma última fonte de água que jorrava, eles recordaram das palavras do Mestre para Pedro: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?” (Jo 21:22)
Este é, talvez, a mais bela descrição de todas as traduções da Terra em espírito puro. O Discípulo aprendeu a superar a morte. Num inquebrantável estado de consciência passou da Terra para o Céu.

João, o mais amado do Senhor Cristo, o mais espiritual de Seus Discípulos, fez esta gloriosa demonstração como supremo ideal a ser realizado eventualmente pela raça humana inteira. Ele foi o primeiro, após Cristo, a manifestar a vida eterna daquelas Águas que o Mestre lhe deu para beber. Ele deixou esta Fonte original com seus próprios Discípulos em Éfeso.

Pedro

É dito que Pedro era alto e robusto, com penetrantes olhos cinzas. Seu pesado cabelo negro circundava sua larga testa em cachos triplos como uma tiara. Ele foi um dos mais importantes e, talvez, o mais pitoresco dos Doze imortais.

O nome Simão significa “ouvinte compassivo”. O novo nome, outorgado sobre ele por Cristo, foi proporcionado com sua espiritualidade em evolução: Cephas ou Pedro, que significa “rocha”.

Maior, impulsivo, inconstante e temeroso são as palavras chaves que descrevem o humano Simão. Valente, destemido, leal, e determinado até a morte: estes são os principais traços do caráter do espiritual Pedro. Entre estes dois extremos estabelece-se um caminho sombreado pela dor, humilhação e fracasso, como poucos têm experimentado. Mas foi o Caminho da Iniciação, onde as deficiências humanas de um homem foram transformadas em atributos espirituais de um super-homem.

As marés inquietas e mutáveis do mar, pelas quais Pedro passou a vida, pareciam pulsar em seu sangue. Simão, o Discípulo prévio, foi verdadeiramente o “homem-água”. Foram pesadas as tempestades e ferozes as marés necessárias para efetuar a metamorfose do “homem-onda” para o “homem-rocha”.

Na Negação é para ser encontrado o primeiro grande incentivo da gradação da envergadura espiritual. Quanto mais escuro a sombra, mais brilhante a luz. Como mencionado antes, Pedro nunca escutou o galo cantar sem verter lágrimas e novamente implorar por perdão. Do começo ao fim de sua vida ele avidamente acolheu toda forma de perseguição como penitência pela traição ao seu Senhor. Após a negação, Pedro retornou ao Getsemani, cena de provação recente de seu Mestre, e o Jardim se tornou, novamente, Local de Agonia. Foi aqui que o verdadeiro Pedro nasceu. Ele veio diante de digna promessa: “tu és Pedro e sobre esta rocha construirei minha igreja”.

Tão prodigiosos eram os poderes do novo Pedro que o doente foi curado, quando sua sombra passou sobre ele e onde a sua presença era respeitada, produzia múltiplas bênçãos. Sua humildade cresceu, ainda mais, com sua grandeza. O Mestre reprovou sua arrogância no Ritual do Lavapés, mas pelo seu profundo arrependimento pela Negação, ele aprendeu bem sua lição de humildade. Em sua Primeira Epístola ele adverte seus Discípulos para se vestirem com humildade. O espírito da humildade predominou até o fim de sua vida. Ele mesmo pediu para ser pregado na cruz do martírio de ponta-cabeça, pois ele era indigno de morrer da mesma forma que o seu Senhor.

Pedro adentrou num grande acontecimento na sua transferência ao circo de Calígula de Roma, onde muitos Cristãos valentes sacrificaram suas vidas em nome da .

[1] N.R.: Salomé foi uma seguidora de Jesus citada brevemente nos evangelhos canônicos e que aparece nos apócrifos do Novo Testamento. Ela é por vezes identificada como sendo a esposa de Zebedeu e mãe de Tiago e João, dois dos apóstolos de Jesus. Em outras tradições, ela é a irmã de Maria e tia de Jesus. É conhecida na tradição católica como Maria Salomé, uma das “Três Marias”. Não confundir com a filha de Herodias, que exigiu a cabeça de João Batista.

[2] N.R. ICor 15:55

[3]N.T.: Tito Flávio Domiciano, habitualmente conhecido como Domiciano, foi imperador romano de 14 de setembro de 81 até a sua morte a 18 de setembro de 96.

[4]N.T.: é uma pequena ilha da Grécia a 55 km da costa SO da Turquia, no mar Egeu.

[5] N.T.: O Apocalipse na Bíblia

(do Livro: New Age Bible Interpretation, Vol VI, Corinne Heline – Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross – 11-12-2002)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Foi-nos dito que é um erro enviar missionários a países estrangeiros: as religiões praticadas lhes são apropriadas. Como explicam a ordem de Cristo aos seus Apóstolos: “Espalhem-se por todo o mundo e preguem o Evangelho a todas as criaturas”?

Pergunta: Em uma de suas conferências, foi-nos dito que é um erro enviar missionários a países estrangeiros, porque as religiões praticadas pelos chamados pagãos lhes são apropriadas. No entanto, esses missionários não causaram grande prejuízo. Como explicam a ordem de Cristo aos seus Apóstolos: “Espalhem-se por todo o mundo e preguem o Evangelho para todas as criaturas”?

Resposta: O significado das palavras de Cristo depende, obviamente, da interpretação da palavra “mundo”. Se por essa palavra entendemos toda a Terra, torna-se correto enviar missionários para países estrangeiros. Mas, a Bíblia diz-nos que os discípulos, aos quais essa ordem foi dada, retornaram após terem cumprido sua missão, mostrando que a palavra empregada nessa ordem não poderia referir-se ao mundo todo. A palavra “mundo” deveria ter sido dada a interpretação “polity” (forma de organização política), que também pode ser encontrada em alguns dos nossos dicionários com outros ignificado. Na época de Cristo, os povos não conheciam todo o globo terrestre. Encontramos relatos ainda hoje de que o cabo mais ocidental da Espanha é chamado Cabo Finisterre – o fim da terra. Esse termo, na época em que Cristo pronunciou a sua ordem, não poderia ter incluído toda a Terra tal como a conhecemos hoje. A declaração não é contrária aos ensinamentos da Bíblia. É errado enviar missionários para os povos que chamamos de “pagãos”, pois, o seu desenvolvimento, até agora, não os permite entender uma religião que prega o amor ao próximo, uma religião que, mesmo nós, ainda não aprendemos a colocar em prática. Se os Anjos do Destino, responsáveis pela evolução da humanidade, estão em condições de avaliar as nossas necessidades e colocar cada um no ambiente onde possa encontrar as influências mais proveitosas ao seu progresso, devemos acreditar, também, que eles deram a cada nação a religião mais apropriada para o seu desenvolvimento.

Quando um ser humano é colocado num país cristão, essa religião possui o ideal pelo qual deverá lutar, mas tentar impô-la a outras pessoas que foram colocadas numa esfera diferente seria colocar o nosso julgamento acima do julgamento de Deus e de Seus ministros, os Anjos do Destino. Como já foi mencionado, os missionários cristãos causaram pouco prejuízo aos povos que visitaram, mas poderiam ter feito melhor se permanecessem em casa. Não precisamos afastar-nos de casa para encontrar o pagão que necessita dos ensinamentos bíblicos. O professor Wilbur L. Cross de Yale menciona, por exemplo, que numa classe de quarenta alunos, ninguém pode identificar Judas Iscariotes. Ele tinha um aluno judeu que jamais ouvira falar de Moisés e que, em resposta a uma pergunta relativa à natureza da viagem dos “Pilgrims” (colonos puritanos fundadores da colônia de Plymouth), a melhor resposta conseguida é que isso foi a base da história da Nova Inglaterra. Se os missionários tivessem entrado em contato com esses pagãos, talvez tivessem agido melhor.

Todavia, o maior prejuízo é quando o Oriente envia os seus missionários para cá a fim de converter-nos ao hinduísmo e religiões afins. Esses hindus, frequentemente, ensinam exercícios de respiração que podem levar-nos a loucura ou ao definhamento do corpo, porque os corpos ocidentais não são afeitos a tais práticas. É mais seguro permanecer na religião do nosso país, estudá-la e praticá-la, deixando as outras nações o privilégio de fazer o mesmo com relação as suas próprias religiões.

(Livro: Perguntas e Respostas – Vol. I – pergunta 118 – Max Heindel)

Idiomas