A Hora da Verdade
“Como vai a sua neurose?”. Lemos essa infeliz manchete na capa de uma revista. É o título de um artigo que aborda um dos males da época. Alarmante, é lamentável, mas não exagero. Retrata fielmente os tempos atuais. A neurose já é quase como o resfriado: quase uma doença comum. Muita gente recorre à Psicanálise, tentando erradicar essa mazela. Os consultórios estão sempre repletos. As fábricas de divãs estão sobrecarregadas de serviço. Cogita-se até mesmo criar um beliche-divã. Tudo por causa da neurose, o mal da época.
Amigo leitor, tudo isso que afirmamos acima pode parecer brincadeira, à primeira vista, porém essa não é a nossa intenção. Neurose, antes de qualquer coisa, é um conflito. E nós não brincamos com conflitos, por mais insignificantes que possam parecer. Neurose é um conflito sério, uma luta interna decorrente da superestima do material em detrimento do espiritual. Vivemos numa época em que o materialismo ainda prepondera. Engodados pelas exterioridades, os seres humanos extravasam loucamente seus desejos, suas paixões, seu imediatismo, seu apego às coisas transitórias. Pouco valor é dado à natureza interna, esse mundo desconhecido. Uma minoria cultiva devocional e racionalmente o lado espiritual da vida, mantendo-se em equilíbrio nos momentos mais desconcertantes, permanecendo incólume a todos os impactos do mundo material, extraindo-lhe pura e simplesmente as lições que eles possam proporcionar.
No frontispício do templo de Delfos, na antiga Grécia, lia-se: “Conhece-te a ti mesmo”. Passaram-se muitos séculos e, no decurso desse tempo, pouco se fez nesse sentido. O conhecimento interno tem sido relegado a um plano secundário. O ser humano parte para a conquista de outros Planetas sem haver conquistado nem conhecido a si mesmo. Seu mundo interior permanece ignoto.
Hoje em dia tudo está mecanizado, tudo obedece a esquemas previamente traçados, tudo é muitíssimo organizado; quando se intenta resolver um problema qualquer, basta apertar um botão; querem condicionar o sentimento humano ao complexo mecânico do computador. Alguém quer levantar um horóscopo? Ora, o computador pode fazê-lo! Dois jovens recém-casados querem saber quantos filhos terão? Isso não é problema! Para que existe o computador? O computador inclusive já indicou qual será o país vencedor do Campeonato Mundial de Futebol a ser disputado no México! É incrível como estamos tão automatizados, tão escravizados pelas máquinas, pelos códigos etc. Nos países mais desenvolvidos, as chamadas “grandes potências”, o panorama é alarmante, surpreendente. Nações organizadas, bem situadas economicamente, primando por grande desenvolvimento educacional, industrial ou tecnológico, apresentam um elevado índice de suicídios, enfartes, lares desfeitos, uso de tóxicos, conflitos entre gerações e NEUROSE. Tudo porque falta alguma coisa. Falta mais espiritualidade, falta equilíbrio entre mente e coração, falta a consciência de que a matéria é consequência. Matéria é espírito cristalizado. A causa de tudo encontra-se nos Planos espirituais. Quando esse conhecimento for de âmbito geral, as coisas mudarão. Quando a vida for encarada como sendo uma grande escola e nós, como alunos, simples administradores dos talentos que são concedidos a nós, os conflitos, as psicoses e as neuroses serão coisas do passado. Já não mais nos desesperaremos pelo temor de perder ou sofrer. Viveremos a vida em toda a sua plenitude.
Muito embora os tempos atuais não sejam luminosos, nós, como ocultistas cristãos, devemos ser otimistas. Lembremo-nos sempre da inspirada frase de Max Heindel: “QUANTO MAIS FORTE É A LUZ, MAIS PROFUNDA É A SOMBRA QUE ELA PROJETA”. O ser humano tem, infrutiferamente, procurado a felicidade fora de si mesmo. Um dia, abatido por tantas decepções, iniciará a jornada de volta para o seu “Eu interno”. Eis que chegará, então, a HORA DA VERDADE.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1970)
O Elogio Versus A Condenação
A Fraternidade Rosacruz enfatiza o serviço prestado a todos os seres vivos a nossa volta e, nesse contexto, muitas vezes esta pergunta é feita: “Como posso servir meus semelhantes? Parece que não tenho oportunidade”. Assim, será bom ressaltar que o serviço não significa apenas uma ação grande ou espetacular como, por exemplo, salvar a vida das pessoas que estejam dentro de uma carruagem cujos cavalos estejam em fuga, ou adentrar um prédio em chamas para resgatar aqueles que, de outra forma, queimariam até a morte. Tais oportunidades não chegam para todos, ou todos os dias; mas todos nós, sem exceção, temos a oportunidade de servir e, não importando qual seja o ambiente ou a linha de serviço que indiquemos neste artigo, é de valor ainda maior do que um ato único onde salvamos alguém da morte que, mais cedo ou tarde, será a parte que nos cabe a todos, porque certamente vale mais ajudar as pessoas a viver bem do que apenas a escapar da morte.
É fato deplorável que a maioria de nós seja egoísta até certo ponto. Buscamos o melhor que há na vida e fazemos isso desconsiderando quase totalmente nossos próximos. Uma das maneiras pelas quais esse egoísmo se expressa com mais frequência é a manutenção de atitudes de autossatisfação. Somos propensos a comparar nossos esforços, pertences ou faculdades aos dos outros e, onde for manifesto que eles tenham mais do que nós, que sejam mais realizados ou algo do tipo, haverá sentimentos de ciúme e inveja que nos levarão a minimizar o sucesso ou realizações deles sob a ilusão de que, por essa comparação, subiremos ao nível deles ou acima. Se, por outro lado, for manifesto que não possuam tanto quanto nós; se parecer que a posição social deles esteja abaixo da nossa e, assim, que pareça fácil estabelecer sua inferioridade, poderemos adotar uma atitude arrogante, falar sobre eles de modo paternalista ou condescendente, julgando que tal comparação nos eleve muito acima da nossa posição atual.
Se ouvimos alguém falar mal de outra pessoa, estamos sempre prontos e propensos a acreditar no pior porque, em comparação, parecemos bem melhores, muito mais sagrados ou, pelo menos por enquanto, exaltados acima do culpado. E onde o mérito é tão másculo que o elogio não possa ser retido, geralmente somos rancorosos, pois sentimos como se o louvor dado a eles se afastasse de nós ou, talvez, exaltasse-os sobre nós.
Tal é a postura geral do mundo. Por mais deplorável ou lamentável que seja esse fato, é uma evidência entre a maioria da humanidade — todos parecem preocupados em manter todos os outros atrás. Essa é uma das coisas mais desumanas que os seres humanos praticam contra si mesmos, gerando incontáveis lamentações que, em contrapartida, produzem outras incontáveis lamentações.
Que serviço maior pode alguém oferecer aos outros, senão auxiliá-los com uma atitude sistemática de encorajamento e elogio? Não há coisa mais verdadeira que este sentimento interior: “Há muito de bom no pior de nós e muito de ruim no melhor que, dificilmente, cabe-nos encontrar falhas nos outros”. Em casa, na loja, no escritório; em todos os lugares encontramos, dia após dia, pessoas diferentes e todas elas suscetíveis ao desejo de encorajamento.
O que o Sol é para a flor, uma palavra encorajadora é para todos, no mundo. Se alguém triunfou e proferimos uma palavra de elogio, ela o ajudará a melhorar ainda mais na próxima vez. Se alguém fez algo errado ou falhou, uma palavra de simpatia ou confiança em relação a suas capacidades de vitória ou recuperação o encorajará a tentar novamente e — vencer. Da mesma maneira que, certamente, a atitude de desânimo murchará e destruirá a vida que pudesse ter sido salva por uma palavra alegre. Quando alguém chegar com uma estória ruim sobre outra pessoa, sejamos muito lentos para acreditar e mais ainda para contar a um terceiro. Esforcemo-nos por todos os meios de persuasão para impedir que o que chegou até nós seja repetido para os outros. Nada de bom pode resultar para nós ou às outras pessoas, se ouvirmos e acreditarmos nessas estórias.
Esse tipo de serviço pode parecer bem fácil à primeira vista; entretanto, devemos ter em mente que, muitas vezes, seja necessário bastante autonegação para continuar o trabalho, porque estamos tão imbuídos de egoísmo que seja quase impossível para a maioria de nós afastar continuamente esse eu de maneira completa para nos colocar na posição dos outros e dar o encorajamento e os elogios pelos quais tanto nos dedicamos.
Contudo, se persistirmos nessa atitude e a cumprirmos consistentemente, com todos em nosso ambiente, sempre insistindo em dizer uma palavra de encorajamento quando encontrarmos oportunidade, descobriremos que as pessoas venham até nós não apenas com suas tristezas, mas também com alegrias e, assim, poderemos ganhar alguma recompensa. Sentiremos então que tivemos uma grande participação em suas realizações e em todos os seus sucessos haverá alegria e sucesso que legitimamente pertençam a nós mesmos, um triunfo além do que alguém possa tirar de nós, algo que irá conosco para além do túmulo como um tesouro no Céu.
Não nos esqueçamos de que todo pequeno ato seja gravado no Átomo-semente, em nossos corações; que o sentimento e a emoção que acompanham esse ato reagirão em nós na existência post-mortem; e que toda alegria, prazer ou amor que derramarmos sobre outras pessoas reagirá sobre nós no Primeiro Céu, o que nos dará uma experiência sublime, inculcando em nós a maravilhosa habilidade de oferecer cada vez mais alegria aos outros e prestar um serviço cada vez maior.
Lembremos também que essa seja a única grandeza verdadeira, a única pela qual vale a pena trabalhar — a que nos ajuda a prestar o serviço. Acima de tudo, mais do que incentivar outras pessoas em seu trabalho, lembremo-nos da parte do serviço que foi descrita e trata de descontinuar as estórias. Quando alguém vem até nós com isso, não importa o que possamos pensar nem qual seja sua justificativa, a repetição não tem qualquer valor. Ela faz mal. À medida que a bola de neve que desce a montanha acumula material, cresce cada vez mais; assim também, o conto que é levado de uma boca a outra se torna exagerado, causando muita tristeza e sofrimento pelas línguas de fofoca.
Portanto, não podemos oferecer maior serviço às partes envolvidas ou à comunidade do que tentar fazer com que aqueles que carregam estórias de maldade acabem com esse hábito. Lares foram destruídos, comunidades foram arrasadas, seres humanos foram para a forca inúmeras vezes ou à servidão em alguma instituição, o que é muito pior, por causa de estórias ociosas. Dessa forma, podemos fornecer um serviço muito bom tanto nos recusando a ouvir fofocas quanto incentivando quem falhou ou elogiando aqueles que tiveram sucesso. Todos os dias oportunidades batem à nossa porta, independentemente de onde estejamos ou qual seja a nossa posição na vida.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross, julho de 1915 – Traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz
Todos os Aspirantes que se colocam em linha ou “em espírito e em verdade” com a Fraternidade Rosacruz e os seus Ensinamentos colocam-se dentro da esfera de atenção e influência dos Iluminados da onda de vida humana: nós os conhecemos como Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. É uma grande vantagem para nós, como Aspirantes espirituais, compreender o pleno significado desse fato e nos esforçar zelosamente para colher todo o benefício de tão maravilhoso privilégio. Podemos atrair sua ajuda dedicando algum tempo à meditação sobre eles e os seus humanitários esforços, para lhes enviar nossa gratidão, amor e nos consagrar a servi-los em seus constantes esforços para elevar a humanidade.
Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz estão entre os seres Compassivos que, através de muitas vidas, desenvolveram em alto grau as faculdades internas, mediante o serviço amoroso e desinteressado à humanidade. Passaram por todas as Escolas de Mistérios Menores e Maiores, tendo alcançado, assim, um estado de evolução que os libera de todas as cadeias terrenas. No entanto, preferiram ficar aqui, na Terra, como Auxiliares, tendo sido dado a cada um deles um trabalho em harmonia com os seus interesses e inclinações particulares.
Esses Hierofantes dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental desenvolveram uma segunda medula espinal, atraindo para cima o raio do amor inferior de Vênus e transmutando-o em altruísmo, conquistando assim o domínio sobre o segmento simpático da primeira medula espinhal e o hemisfério cerebral esquerdo, agora governado pela apaixonada Hierarquia de Marte: os Espíritos de Lúcifer. Desse modo, cada Irmão é uma completa unidade criadora tanto no Plano físico como nos espirituais, sendo capaz de usar a força bipolar, masculina e feminina, ao longo dessa dupla medula, iluminada e elevada em sua energia potencial por meio dos fogos espirituais da coluna vertebral, regidos por Netuno (Vontade) e Urano (Amor e Imaginação). Essa energia criadora concebe nos hemisférios gêmeos do cérebro, regidos por Marte e Mercúrio, um veículo adequado para a expressão do Espírito, meio então objetivado e materializado no mundo por meio da Palavra Criadora que é falada. Através desse poder é capaz de perpetuar a sua existência física e criar um corpo, depois de abandonar o antigo.
Todos os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz possuem a capacidade de construir o Corpo Denso mais adequado que necessitarem. Agora, para participar as atividades do Templo Rosacruz, funcionam com veículos etéricos, pois esse Templo é de natureza etérica e diferente dos nossos edifícios ordinários; contudo, pode se comparar – não em intensidade, mas em composição – às atmosferas áuricas, às egrégoras, que existem nos Templos de todo Centro Rosacruz espalhados no mundo, desde que sejam templos solares e onde são oficiados fiel, constante e diariamente os Rituais Devocionais e que se mantenha, no interior de cada um deles, um ambiente de silêncio e oração. Essas atmosferas áuricas, as egrégoras, são etéricas e maiores que os edifícios físicos. Também, tais estruturas existem em volta das igrejas, desde que sejam templos solares, e em todas as construções onde habitam pessoas muito espiritualizadas.
O Templo Rosacruz é superlativo e não pode ser comparado a coisa alguma; as vibrações espirituais compenetram de tal modo o entorno que a maioria das pessoas não se sentiria ali muito confortável.
Capazes de dirigir suas ações e emoções, os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz evitam todo esforço desnecessário sobre os seus Corpos. Conhecem os elementos exatos requeridos para conservá-los e a proporção adequada em que devem tomá-los. Asseguram, desse modo, a máxima nutrição e o mínimo desgaste. Por essa razão podem preservar seus corpos em um estado de conservação juvenil com vigorosa saúde por centenas de anos.
Os Irmãos Leigos que estiveram em contato com o Templo por um lapso de tempo que vai de vinte a quarenta anos, desta vida, indicaram que os Irmãos Maiores têm hoje a mesma aparência que tinham há trinta ou quarenta anos. De acordo com os padrões dos indivíduos comuns parecem ter agora aproximadamente quarenta anos de idade.
Disseram, alguns Irmãos Leigos, que Christian Rosenkreuz usa hoje um corpo que foi conservado durante vários séculos. Isso pode ser ou não assim, mas nosso augusto condutor nunca foi visto pelos Irmãos Leigos que concorrem ao serviço espiritual da meia-noite no Templo etérico. Sua presença apenas é sentida e constitui o sinal para o começo do trabalho.
Investigar a origem dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz é tão difícil como achar a prova do princípio da primeira manifestação de Deus. Posto que o seu trabalho tenha por objeto estimular a evolução da humanidade, vêm trabalhando — de um modo ou outro — desde a mais remota antiguidade. Temos, não obstante, a prova histórica da aparição, já no século treze, de avançados ensinamentos que haviam de ser como que um brilhante astro para muitos.
Durante as poucas centúrias que passaram, os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz trabalharam pela humanidade e em segredo. Todas as noites, à meia-noite, há um serviço no Templo em que os Irmãos Maiores, assistidos pelos Irmãos Leigos que podem deixar os seus corpos no mundo, porque muitos deles residem em lugares onde é dia quando é meia-noite no lugar do Templo da Rosacruz, atraem de todos os locais do Ocidente os pensamentos de sensualidade, cobiça, egoísmo e materialismo para transmutá-los em puro amor, benevolência, altruísmo e aspirações espirituais, enviando-os de regresso ao mundo para elevar e fomentar o Bem.
Não fosse essa poderosa fonte de vibração espiritual, o materialismo teria, já há muito, abortado todo o esforço espiritual, pois nunca houve época mais tenebrosa do ponto de vista espiritual como a que se prolonga pelos últimos trezentos anos de materialismo.
Sete, dos doze Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, vêm ao mundo quando as circunstâncias solicitam, aparecendo como “homens entre os homens” ou trabalhando em seus veículos invisíveis com, ou sobre, outros, se for necessário; contudo, devemos ter sempre em mente que eles nunca influenciam as pessoas contra a vontade delas, pois respeitam seus desejos e apenas fortalecem o bem onde o encontram. Os outros cinco Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz nunca abandonam o Templo etérico e, embora possuam corpos físicos, todo o seu trabalho é realizado a partir dos Mundos internos. O Décimo Terceiro da Ordem é o “cabeça da Ordem”, Christian Rosenkreuz, o elo que a ajusta com um superior Conselho Central composto de Hierofantes dos Mistérios Maiores que não têm contato nenhum com a humanidade comum, porém só com os graduados dos Mistérios Menores. Ele está oculto por doze círculos de tamanho igual. Mesmo os alunos da Escola nunca o veem, mas nos serviços noturnos do Templo a sua presença é sentida por todos.
Todas as meias-noites, no serviço, os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz abrem seus peitos para atrair os dardos de ódio, malícia, inveja e todo mal que haja sido feito durante as últimas vinte e quatro horas. Primeiro, com o objetivo de privar as forças do Graal Negro do seu alimento; segundo, para transmutar o mal em bem. Desse modo, assim como as plantas absorvem o inerte dióxido de carbono exalado pela humanidade e com ele constroem seus corpos, também os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz transmutam o mal dentro do Templo e, assim como as plantas emitem o oxigênio renovado e tão necessário à vida humana, também os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz devolvem à humanidade a essência do mal transmutada em escrúpulos de consciência junto ao bem, a fim de que o mundo possa tornar-se melhor dia a dia.
Durante o Serviço do Templo, os doze Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, juntos dos Irmãos Leigos, funcionam em seus Corpos-Almas. É, portanto, evidente que a presença do “cabeça” da Ordem seja inteiramente espiritual. Todavia, ele está sempre ativo nos assuntos do mundo, trabalhando com os governos das nações do Mundo Ocidental para guiá-los ao longo do caminho adequado à sua evolução. Com essa finalidade aparece em um corpo físico, pelo menos em parte do tempo.
Após o primeiro ano da Primeira Guerra Mundial, 1914-1918, os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, por causa do excessivo trabalho e da necessidade de se organizar auxílios, tiveram êxito na criação de um exército de Auxiliares Invisíveis, recrutados entre os que, tendo passado através das portas da morte, sentido a angústia e o sofrimento inerentes à passagem prematura, estavam cheios de compaixão pelos que chegavam constantemente, acalmando-os e ajudando até que tivessem encontrado o equilíbrio.
Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz possuem a consciência pictórica do Período de Júpiter, da qual se servem para iniciar seus Discípulos na Ordem Rosacruz. O Iniciador fixa a sua atenção em certos fatos cósmicos e o candidato, que se preparou para a Iniciação desenvolvendo em si mesmo certos poderes, é como um diapasão de idêntica nota que vibra com as ideias enviadas pelo Iniciador, em forma de quadros. Portanto, não somente vê os quadros, como também é capaz de responder à vibração; assim, o poder latente que nele existe é convertido em energia dinâmica e a sua consciência é elevada ao passo seguinte da escala iniciática.
A maioria da humanidade está a cargo da religião publicamente ensinada no país do seu nascimento; entretanto, há sempre precursores cuja precocidade requeira um ensinamento superior. A esses é ensinado uma doutrina mais profunda por meio da atividade da Escola de Mistérios pertencente ao seu país. Quando unicamente uns poucos estão aptos para tal ensinamento preparatório, são instruídos privadamente; contudo, à medida que o número aumenta, o ensinamento é dado publicamente.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1970)
Nossos Mestres Planetários, incluindo o Sol e a Lua
Ao treinar suas crianças (os da onda de vida humana), nosso Criador colocou-as sob os cuidados de sete Mestres, cuja missão é aplicar as leis governando o universo, cuidando para que todo ser humano viva, seguindo-as. Os Planetas são os corpos visíveis desses grandes mestres, ao redor do Trono de Deus ministrando à humanidade sob sua direção suprema. Irradiam-nos influências conforme as merecemos. Não há mal algum no bom universo de Deus. O que assim parece-nos é devido à nossa percepção imperfeita.
Todas as coisas da natureza tendem a um movimento progressivo, para o alto e para a frente, culminando num afastado “Evento Divino”, conforme planejado pelo originador. Um exame do simbolismo dos Planetas e seus mútuos aspectos (a cruz, o quadrado, o compasso, o círculo, o semicírculo) nos revelarão grandes lições quanto à missão dos Planetas relativamente à humanidade. Os Espíritos Planetários lidam com a humanidade através de seus embaixadores; estudaremos resumidamente suas finalidades.
O Sol é o centro e o coração do inteiro sistema, portanto, é análogo ao coração humano. Seu embaixador para a Terra é o Arcanjo Miguel. Seu símbolo é o círculo, sinal do espírito, indicando nossa natureza essencial. Sua palavra-chave é Vida, e sua missão para o ser humano é proporcionar-lhe individualidade, lembrá-lo de sua ancestral realeza, sua descendência divina, e torná-lo consciente de seus poderes adormecidos, aguardando o toque do mestre a despertá-los para a vida. Ele cria a consciência “EU” e torna-nos donos de nós mesmos e do mundo externo.
O segundo na ordem desde o centro é o belo Mercúrio, tão próximo do Sol que diz estar no colo do Pai. É o Mensageiro dos Deuses, e seu embaixador para a Terra é o Arcanjo Rafael. Seu símbolo é o círculo do espírito com o sinal da alma, um semicírculo em cima, e o sinal da matéria, uma cruz, embaixo. Sua influência é da maior potência na atual fase da evolução humana, como se vê de sua palavra-chave Razão. Sua missão é cultivar no ser humano essa faculdade e assim ampará-lo a emancipar-se dos grilhões da matéria, sob os quais está debatendo-se agora; é ajudá-lo a reunir conhecimento e ganhar crescimento anímico pela observação, evitando, assim, experiências penosas. Desenrola-nos as maravilhas da natureza e de nós mesmos e entrega-nos a chave do armazém da sabedoria do mundo. Ele inicia seus pupilos fiéis nos ensinamentos arcanos sublimes, e treina-nos no cultivo da omnisciência escondida em nós.
Na sequência temos a bela Vênus, cujo embaixador para a Terra é o Arcanjo Anael. O símbolo dela é o do espírito (círculo) sobrepondo-se à matéria (cruz), indicando assim a conquista do evanescente por parte do eterno. É chamada a Deusa do Amor, sua suave influência desperta-nos para a realização da ligação unificadora entre todos os membros da humana família, estejam em quais relacionamentos estiverem. Com laços de seda ela prende homem com homem, e homem com mulher, em traços afetivos. Sua palavra-chave é, portanto, Coalizão. Ela acende e mantém dentro do coração humano o amor que vive querendo servir e aliviar os sofrimentos humanos pela harmonia, beleza e música.
O dominador Marte envia seu raio de fogo desde além da órbita de nossa Terra, tendo-nos dado o fogo e o ferro. Sem ele a humanidade careceria de empreendimento e energia vitoriosa. O orgulho dominante que não se detém diante de obstáculos, e as forças ousadas e batalhadoras construtivas, continuamente realizando tarefas de progresso, devem seu nascer à interferência dos espíritos Lucíferes habitantes de Marte. Seu embaixador é o Arcanjo Samael. O símbolo de Marte é a cruz sobre o espírito, indicativo da sujeição ao chamado da natureza superior, do espírito egoísta, autoafirmativo, do Ego inferior. A palavra-chave é Energia. Ele desperta no ser humano as paixões inferiores: desejos, ira, orgulho e egoísmo, mas contribui para o instinto criador do ser humano.
Circulando em sua órbita, além de Marte está o gigante Júpiter, o dador de presentes, e o Deus favorito de toda humanidade. Seu embaixador é o Arcanjo Zacariel, e seu símbolo é o sinal da alma (semicírculo) sobre a cruz da Matéria mostrando a essência sublimada extraída da experiência na escola da vida. Sua palavra-chave é Expansão. Ele inclina o ser humano a altos ideais, nobreza de caráter, filosofia e religião. É o espírito do otimismo, opulência e generosidade.
Sob seu raio beneficente a humanidade vive em abundância, mas Júpiter é também um refinador. Castiga suas crianças para que sejam mais merecedoras de sua benevolência. Esse aspecto de Júpiter está bem ilustrado por Shakespeare, o grande iniciado-poeta e mestre astrólogo, em seu drama místico Cymbeline. Leonatus Posthumus, condenado a morrer no dia seguinte, dorme em sua cela. Sonha que o Deus Júpiter desce montado numa águia e coloca uma placa em seu peito. Ele ouve uma conversação entre o Deus e seus finados pais, e, em resposta à súplica dos pais no sentido de que fosse libertado o filho querido deles, o Deus responde:
“Quem eu mais amo, puno como dádiva,
Quanto mais tarda, mais deleita.
Estejam contentes;
Vosso abatido filho será erguido pela nossa divindade,
Seus confortos em prosperidade, suas provas bem aproveitadas,
Nossa estrela jovial reinava ao nascer dele”.
O Júpiter é também chamado o Trovejador pela mitologia grega. Com seu potente martelo força a natureza inferior para refinadas formas de amor e compaixão.
O assustador (aparentemente) Saturno, ou Satã das escrituras, o poderoso ministro da justiça de Deus, paira com ampulheta e foice. Com rigorosa justiça, seu toque de piedade, pontual, ceifa altos e baixos, bons e maus, quando cada um tiver gastado sua areia. É chamado Velha Dama e seu embaixador para a Terra é o Arcanjo Cassiel. É simbolizado pela cruz sobre o semicírculo mostrando as limitações por ele impostas sobre a aspiração humana. Sua palavra-chave é Contração. Toda demora, desapontamentos e derrotas devem ser atribuídas a seu raio. Contudo, detenham-se de maldizê-lo. No livro de Judas, o Anjo Miguel quando tentado a repreender Satã, declara ser ele um poderoso ministro de Deus sendo-lhe devida reverência.
Na imortal obra-prima de Goethe, Fausto, Mefistófeles, a encarnação humana de Satã, declara-se espírito de negação, que embora planejando o mal executa, contudo, o bem. Essa é uma ilustração apropriada de seu caráter. A missão de Satã é pôr obstáculos no caminho da humanidade, a qual, sob a benéfica influência dos outros astros viveria em conforto e luxo, não se aplicando ao cumprimento de suas particulares missões na vida, que são experiências e crescimento anímico. Saturno é o freio da roda suave da vida. Alterando a metáfora, seu chicote desperta o ser humano para o dever, para a verificação das necessidades de seus semelhantes, da natureza evanescente de toda riqueza e glória terrenas. Ele é o amigo dos que renunciam ao mundo. Por suas tendências obstrutivas, ensina-nos: mentalmente – concentração, cautela, previsão e diplomacia; moralmente – autocontrole e castidade; fisicamente – método, ordem e sistema.
Nosso satélite Lua circula-nos próxima e os raios dos já mencionados Planetas hão de por ela passar para chegarem ao nosso contato. Portanto, a Rainha da Noite é o Astro da fecundação. Ela fertiliza, pela geração, as influências benéficas ou maléficas irradiadas pelos deuses superiores. Portanto, sua missão é de grande importância, e a posição por ela ocupada num horóscopo deve ser bem revelada. Seu embaixador é o Anjo Gabriel, cuja missão mencionada nas Escrituras é anunciar o nascimento de Espíritos no plano terrestre. Sua palavra-chave é Fecundação, ela governa a concepção, gestação e nascimento. Todas as funções femininas estão sob sua lei.
Os sete Planetas (considerando-se a Lua) já estudados relacionam-se com o crescimento do ser humano e sua perfeição na escola da vida. São nossos mestres que moldam nosso caráter para conformá-lo aos requisitos das leis evolutivas. O mundo é um enorme disco de polir pelo qual o diamante bruto, o ser humano não desenvolvido, é multifacetado e polido para assim dar brilho em sua glória, irradiando cores belas de seu coração ardente.
Mas após um longo período de submissão às forças externas, ao Espírito do ser humano, escolado e polido em renascimentos sucessivos, aparece-lhe um Mestre superior aos antes conhecidos: seu nome é Urano e seu embaixador para a Terra é o Arcanjo Ituriel. Urano é chamado o Despertador. Seu símbolo é o sinal da alma dupla, juntas por laço indicando a comunhão de Espíritos, que é sua alta missão concretizar. Sua palavra-chave é Altruísmo, o amor altruísta, acima do sexo — amor que é sacrifício, expiação e autoimolação em favor dos outros; amor que dá pelo prazer de dar e sofre pelo bem do semelhante. Urano desperta o Espírito adormecido para a conscientização de sua origem de realeza, nele instila o “Descontentamento Divino”, solicitando-lhe a nova aspiração e empreendimento; depois disso a duração da escravidão para o Ego terminou. Desde a infância espiritual sob a guia de professores, brotou o espírito para “Estado Adulto” espiritual. Não mais está agrilhoado por leis, mas é uma lei em si. Saturno é quem dá as leis, e Urano é mencionado como pai dele. Sob a influência de Urano o ser humano se ressente de toda restrição, hábitos, regras, regulamentos, proporcionados sob o regime de Saturno. Ele torna o ser humano consciente de seu Ego imortal divino. Mostra ser o indivíduo um eterno escolhedor, que dentro dele está a prerrogativa divina, o livre arbítrio, e que nada na natureza pode acorrentá-lo, obstruí-lo ou limitá-lo
Ella Wheeler Wilcox descreve esse estado nos bonitos versos:
“Não há Planeta, Sol ou Lua, fraco
Ou Signo zodiacal que possa controlar
o Deus em nós. Se nos utilizarmos disso
sobre os eventos, os amoldaremos segundo nossa vontade”.
Urano, portanto, é nosso amigo que nos guia da servidão da matéria para a liberdade do espírito; guia-nos do jardim da infância de Deus, a Terra, dando-nos admissão à universidade do universo; guia-nos de sermos os pupilos obedientes de Deus para amigos e iguais. As forças sublimes do Espírito Humano que realizam essas maravilhas são amor e altruísmo. Urano representa o princípio Cristão dentro de nós. Ele é o iniciador do ser humano para o de “ser super-humano”, Mestre e Adepto.
Isto, em resumo, é o papel de nossos mestres planetários, embora em sua atual ignorância, a humanidade não se dá conta das infinitas capacidades latentes em desenvolvimentos à espera. Bom pode o poeta, desperto à sublime consciência de tais capacidades, declamar:
“Senhor de mil mundos sou Eu,
E reino desde o começo dos tempos;
E noite e dia em ciclos passarão
Enquanto Eu assimilo seus feitos,
E o tempo cessará antes que eu encontre libertação,
Pois, Eu sou a Alma do Homem”.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – nov/dez/88)
Uma descoberta arqueológica, mas e os Ensinamentos ocultos?
Cercou-se de grande repercussão a notícia veiculada por jornais do mundo sobre a descoberta realizada por um grupo de arqueólogos norte-americanos nas profundezas da baía de Cádis, Espanha. Em suas pesquisas submarinas, encontraram os destroços de uma civilização antiquíssima; isto é, colunas, objetos e até estradas sulcadas no solo submerso. Segundo alguns membros da equipe, seriam ruínas de Atlântida, o lendário continente invadido pelas águas. Essa notícia, obviamente, ocupou as manchetes e as primeiras páginas das revistas e jornais. Naturalmente, as indagações e especulações começaram a surgir.
Logo em seguida, um dos líderes da expedição concedeu uma entrevista na qual salientou a precipitação de alguns de seus colegas, ao afirmarem pertencer à Atlântida as ruínas encontradas.
Arqueólogos espanhóis questionam a suposta descoberta e as autoridades marítimas locais proibiram os mergulhadores de voltar ao lugar. Asseveram que os restos encontrados são de origem fenícia ou romana.
Como se observa, o assunto gerou polêmicas e controvérsias. Qualquer ponto de vista conclusivo sobre a questão ainda é temerariamente prematuro. Somente estudos acurados poderão levar à verdade.
Porém, quanto ao fato de Atlântida ter existido, os ensinamentos ocultos não deixam dúvidas. Max Heindel, em “O CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS”, provê os leitores de informações preciosíssimas a respeito do continente atlante. Expõe de forma inteligível as características predominantes naquela remota época, as particularidades físicas e anatômicas da humanidade de então, as sete raças que a formaram (com seus traços marcantes), as condições ambientais e seu estertor, quando do grande dilúvio.
Enfim, uma descrição bem pormenorizada da civilização atlante, que foi obtida pela leitura da Memória da Natureza, a mais segura fonte de estudo e informações existente, à qual Max Heindel teve acesso devido à sua condição de Iniciado.
Além disso, algumas lendas e manuscritos antigos fazem alusão ao continente outrora situado onde hoje se localiza o Oceano Atlântico.
Platão, em uma de suas obras, cita o continente desaparecido. Uma lenda conhecida há séculos no norte da Europa foi musicada por Wagner com o título de “O Anel dos Nibelungos”. Nibelungo quer dizer “filho da névoa” (nibelungen). Por suposto é o “homem atlante”, vivendo sob uma névoa densa, úmida e quase aquosa que, mais tarde, viria a liquefazer-se, inundando aquela terra.
Como se vê, alguns fatos, lendas e ensinamentos de diversas escolas de mistério convergem para a mesma verdade. Quanto às recentes descobertas, só mesmo aguardando o desenrolar dos acontecimentos.
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1973)
Vida Una: Aquele que é a Única Realidade existente
Há no universo um só Poder — uma só Energia — uma só Força.
E esse Poder, essa Energia e essa Força é a manifestação da Vida Una.
Não pode haver outro Poder, porque nada há fora do Uno, donde o Poder possa provir. E não pode haver manifestação alguma de Poder a não ser o Poder do Uno. Porque outro Poder não pode existir.
O Poder do Uno nos é visível em suas manifestações, nas leis naturais e nas forças da natureza — a que chamamos Vontade Criadora.
Essa Vontade Criadora é a interna força motriz, o impulso e o movimento por detrás de todas as formas e manifestações de vida. No átomo e na molécula; na célula, na planta, no peixe, no animal, no ser humano — o Princípio da Vida ou a Vontade Criadora está constantemente em ação, criando, conservando e propagando a vida em suas funções.
Podemos chamar a isso instinto ou natureza, mas não é senão a Vontade Criadora em ação. Essa Vontade está por detrás de todo Poder, Energia ou Força — seja força física, mecânica ou mental. E toda força que aplicamos, consciente ou inconscientemente, provém da grande e única Fonte do Poder.
Se pudéssemos ver claramente, haveríamos de perceber que, por detrás de nós, está o Poder do Universo, aguardando até que dele façamos uso inteligente sob o domínio da Vontade do Todo.
Nada há que nos possa assustar, pois somos manifestações da Vida Una, da qual procede todo o Poder, e o Eu Real está acima do efeito, porque é parte da causa.
Em cima e em baixo, por detrás de todas as formas de ser, matéria, energia, força e poder, está o Absoluto — sempre calmo, sempre tranquilo, sempre contente.
Sabendo isso, devemos manifestar esse espírito de absoluta fé, esperança e confiança na bondade e final justiça d’Aquele que é a Única Realidade existente.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro de 1970)
Torne-se um Especialista em esquecer
Exercitar a arte de esquecer tem notável poder no afrouxamento da tensão e no alívio do cansaço. Há pessoas que se queixam de dificuldades em relação à memória. Muitas mais têm dificuldades em relação a esquecer.
De vez que muitos esgotamentos nervosos são resultados de sobrecarregar a mente com lembranças infelizes de fracassos ou frustrações. O processo de descarregá-la através do esquecimento torna-se de tremenda importância.
Muitas pessoas permanecem deitadas em suas camas, à noite, recordando o que alguém disse a respeito delas, ou o que alguém lhes fez. Ficam agitadamente obcecadas pela recordação de algo que não foi feito ou foi mal feito. Como resultado de tais cogitações desagradáveis, suas mentes tornadas desgraçadamente nervosas, começam a sondar o passado esquecido e demoram-se desagradavelmente na recordação de velhos pecados, velhos desgostos, velhos infortúnios. Assim, a mente salta, inquieta, de um centro de desgosto para outro, tal uma abelha — com a diferença de que não apanha mel de flores bonitas ou dos episódios agradáveis, mas suga insatisfação das ervas más de experiências passadas.
Um auxiliar superlativo da saúde mental é a declaração bíblica: “Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fp 3:13-14)
Repita isso para você mesmo, várias vezes, quando sua mente tender a demorar-se em coisas infelizes. Isso ajudá-lo-á a esquecer. E, até o ponto em que conseguir a habilidade de esquecer, você gozará um sono sem perturbações e um repouso que lhe renovará as energias.
Esquecer, entretanto, não é um processo negativo, mas positivo. É a expulsão eficaz de algo destrutivo que está nos pensamentos, por um processo de desalojamento. Isso é realizado com a técnica de substituir pensamentos infelizes por todos os incidentes ou ocorrências agradáveis que puder recordar. Quando forçar seus pensamentos para que se focalizem em coisas boas e felizes, as coisas más e infelizes irão paulatinamente se apagando da consciência, já que foram desalojados.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro de 1970)
O Espírito Planetário da Terra
Cristo é o mais alto Iniciado do Período Solar e como tal tem a Sua morada no Sol. Ele é o sustentador e o preservador da totalidade do Sistema Solar e, em certo sentido, é correto julgarmos que habite o nosso Planeta como uma chispa, embora isso não expresse a ideia exata daquilo que é a realidade. Essa, talvez, possa ser compreendida por meio de uma ilustração.
Comparemos o Grande Espírito no Sol com um refinador de metais, reunindo em sua fornalha um certo número de cadinhos com metais em fusão. O calor funde esses metais e o refinador remove a escória, purificando a matéria incandescente. De forma análoga, processa-se a ação do Cristo, purificando a Terra, expurgando seus componentes deletérios.
Similarmente, podemos ver que o Cristo dirige a Sua atenção de um Planeta a outro e, ao voltar-Se para nossa Terra, por exemplo, sobre ela reflete Sua imagem. Contudo, não é uma imagem inerte, mas a de um ser vivente, sensível, consciente, tão plena de vida e de sentimento que não podemos, em nosso presente estado evolutivo, vivendo em corpos terrenos, ter pelo menos uma ligeira ideia daquela faculdade possuída pelo Espírito Interno do Planeta em que vivemos.
Tal imagem interna, que não é uma imagem no sentido comum da palavra, é a contraparte, uma parte do Cristo Solar que, por seu intermédio, tudo sabe e percebe, pois embora verdadeiramente no Sol, o Cristo Cósmico tudo sente daquilo que ocorre na Terra como se realmente estivesse presente. Isso é o que em realidade significa onipresença. Não obstante o Cristo seja o Espírito Interno do Sol, também é o da Terra e assim deverá continuar essa tarefa de auxílio, tudo suportando daquilo que acontece, permanecendo como um agente eficaz para possibilitar a nossa salvação.
A solidificação da Terra começou no Período Solar, quando éramos incapazes de vibrar numa média tão elevada quanto a necessária para permanecermos no Sol Central. Assim, gradualmente surgiram as condições que provocaram a nossa ejeção para o espaço.
A média de vibração foi caindo paulatinamente até meados da Época Atlante. Dessa maneira, nós mesmos imprimimos tais condições à Terra e se não houvesse um auxílio superior, seríamos incapazes de nos livrar das malhas da materialidade.
Jeová, de fora, tentou nos ajudar por meio das leis. Conhecer a lei e segui-la foi durante algum tempo nosso meio de salvação, contanto que fizéssemos um esforço indispensável. Contudo, como nenhum ser humano é justificado pela lei, um novo impulso será sentido, o qual deverá inscrever a lei no coração dos seres humanos, pois há uma grande diferença entre aquilo que devemos fazer por temor a um senhor externo, o qual concede uma justa retribuição a cada falta cometida, e o impulso que surge do íntimo e nos impele a fazer o bem porque é certo. Reconhecemos o que é lícito quando a lei está inserida em nossos corações e, assim, obedecemos aos seus ditames de maneira inquestionável.
Dessa forma e coletivamente, somos espíritos sobre a Terra e algum dia deveremos guiá-la. Cristo veio como Salvador, amparando-nos até que chegue o tempo em que o desabrochar da natureza-amor dentro de nós seja suficiente para poder fazer flutuar a Terra. Futuramente será nosso privilégio executar a tarefa do Cristo e guiar o nosso Planeta. O aumento da força vibratória já tornou a Terra menos densa, mais leve e tempo virá em que ela se tornará etérica como outrora. Então, ela se tornará viva no amor.
(Por Max Heindel – Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro de 1966)
O Serviço pelo Exemplo: a verdadeira forma do Serviço prestado
Servimos muito mais pelo exemplo que damos. A nossa alegria, a nossa fé, a nossa devoção, a nossa compaixão e a nossa conduta geral estão constantemente à vista do mundo e, não importa o que dissermos ou até mesmo fizermos, é essa própria conduta — no contexto em que nossas palavras forem proferidas e as nossas ações forem praticadas — que, a longo prazo, mais influenciará as pessoas com as quais entrarmos em contato.
Todos tivemos a experiência de termos sido influenciados pelo entusiasmo, pela exaltação, a alegria e a boa vontade de uma pessoa otimista e nos termos apercebido de estarmos, pelo menos durante o período imediatamente seguinte ao nosso contato com tal pessoa, alegres ou até mesmo enlevados e capazes de executar nossas tarefas com êxito maior do que costumeiramente. Tivemos também a experiência de estar deprimido, desanimado ou irritado por um pessimista ou por alguém que se tenha recusado a suportar sua parte nos encargos. As vibrações negativas emitidas por essas pessoas são rapidamente intensificadas e multiplicadas, e nossas reações em relação a elas variam sempre do ressentimento e do enfado até uma atitude desanimada. Como resultado, os nossos tristes estados de alma obstruem o nosso trabalho e se revelam prejudiciais ao nosso bem-estar geral e dos demais.
Quando, à luz desses exemplos, pensamos acerca do quanto podemos influenciar outras pessoas para o bem ou para o mal, a magnitude de nossa responsabilidade a esse respeito se torna óbvia, quando não assustadora. Desse modo, é certo que “nenhum homem é uma ilha” e há uma acentuada e contínua possibilidade de que o modo como cumprirmos nossas tarefas, até mesmo as mais mundanas, servirá de exemplo para alguém.
Talvez isso fique mais claro pelo modo como as crianças são influenciadas por qualquer um de nossos atos diários. As crianças, realmente, são eminentemente passíveis de serem ensinadas e abertas à sugestão e ao exemplo. Nisso é provavelmente onde reside a nossa maior responsabilidade e, caso desempenharmos todas as nossas obrigações como se crianças estivessem presentes e desejássemos que elas tirassem proveito de nossa conduta, deveremos cumprir o melhor nisso tudo. Os pais, os professores e outros que estejam em estreito contato com as crianças precisam estar cientes do fato de que se encontram “em exibição”. A mínima discrepância no “modo convencional” de comportamento — seja uma melhoria ou uma debilitação desse modo — será entendida, por parte das crianças, como digna de ser imitada. Pode-se estar certo de que, quando as crianças estiverem nas proximidades, até mesmo as reações, atitudes e atos mais corriqueiros serão perfeitamente ponderados pelos menores, desejosos e prontos a crer que é assim que a coisa deva ser feita.
Os adultos, certamente, não são tão permeáveis ao ensino quanto as crianças e a maior parte deles não é tão influenciável. Mas a analogia com as crianças ainda se mantém num ponto e existem, sem dúvida, alguns adultos — surpreendentemente muitos, na realidade — que sejam pouco determinados ou “inseguros” o bastante para fazer com que sejam alterados pela menor modificação, pressão ou exemplo exterior. Nunca saberemos quando essa pessoa estará perto; sendo assim, novamente é importante que estejamos desempenhando a nossa “melhor conduta” a todo momento.
Até mesmo quando não nos sentimos alegres, efusivos ou serenos, devemos, para beneficiar os que estejam em torno de nós, fazer todo o esforço para alevantar o nosso espírito ou, pelo menos, estabelecer uma frente de otimismo, calma ou entusiasmo, conforme se fizer necessário. Tal conduta será benéfica aos nossos companheiros e, ademais, poderemos ficar surpresos ao descobrir que, ao fazermos o esforço para parecer positivos diante dos outros, realmente começaremos a nos sentir mais otimistas e esperançosos dentro de nós mesmos.
Isso, naturalmente, é especialmente verdadeiro em momentos de crise, mas é importante também em todos os outros momentos. Durante as crises, é imperioso que todos nós mantenhamos as nossas condutas mais calmas e os semblantes mais otimistas — procurando e proclamando o bem em tudo o que possamos defrontar e fazendo todo o possível para que os nossos amigos e companheiros não sucumbam aos aspectos negativos desse confronto. Não importa o quanto estivermos desanimados: é de nossa responsabilidade tentar distrair os outros que possam estar deprimidos e, pelo exemplo e pela sugestão, levá-los a fazer todo o possível para ajudar a si próprios a superarem quaisquer problemas ou desventuras. Quanto mais nos dedicarmos desse modo, mais serviremos realmente pelo exemplo e menos tempo teremos para pensar a respeito de assuntos negativos de quaisquer espécies.
A importância do servir pelo exemplo é revelada até mesmo nos assuntos mais triviais. O simples ato de um homem, num ônibus, o ato de levantar-se para oferecer o seu lugar a uma mulher, poderá ser o catalizador para induzir outros a fazerem o mesmo. Certamente, isso ficará gravado na consciência de todos os cavalheiros e em circunstâncias futuras eles oferecerão também os seus lugares.
Até mesmo o ato de entrar numa sala ou caminhar por uma rua sorrindo, ao invés de ostentar um semblante deprimido ou expressões distraídas, tão comuns a muitas pessoas com quem nos encontramos diariamente, poderá ter um efeito animador e surpreendente nos que virem o sorriso ou a expressão de felicidade. É certo que esse ato iluminaria a fisionomia, pelo menos momentaneamente, e o efeito provavelmente seria um tanto mais duradouro. Quem, às vezes, em algum lugar, não teria visto, de passagem, a face radiante de uma pessoa feliz e ficado soerguido por essa mesma expressão? Não importa que não saiba a causa da alegria da pessoa — o que importa apenas é que viu e sentiu a sensação de alegria em alguém mais e a transferiu, a seu próprio modo, para si. Isso o fortaleceu rapidamente ou, talvez, tendo observado e sentido a coisa, tenha se capacitado a contribuir com algo de dentro de si em benefício dessa sensação e, assim, retendo o seu benefício durante um período mais longo. Devido a isso, alguns momentos — possivelmente muitos — no dia dessa pessoa foram iluminados, ficando possibilitada de comportar-se melhor, mesmo por apenas um breve período.
O serviço por meio do exemplo, inclusive, apresenta possibilidades de crescimento cíclico. A pessoa cujo sorriso vier a alegrar um transeunte provavelmente não terá meios de saber que a satisfação resultada na pessoa do transeunte, por sua vez, vá se comunicar a alguém mais e assim por diante. (A mesma característica de proliferação, de fato, também ocorre na transferência de emoções e sentimentos negativos, de uma pessoa em relação a outra). Isso é verdade em qualquer forma de comportamento ou ação: se uma pessoa for persuadida a imitá-lo, essa mesma pessoa, por sua vez, poderá muito bem servir de “influenciador” para outras mais e assim por diante, até que talvez inúmeras pessoas se comportem ou procurem agir da mesma forma que o primeiro indivíduo do ciclo. Em outras palavras, nunca saberemos até onde irão os efeitos de qualquer coisa que carreguemos emocional, verbalmente ou por intermédio da ação.
Muitos de nós, especialmente, talvez, na juventude, tivemos a experiência de ouvir alguém fazer apreciações em detrimento de outra pessoa, seja na presença ou não desse alguém e então percebido que quase todos ao derredor tenham concordado com o detrator ou, pelo menos, tenham permanecido passivos. Em seguida, notamos que alguém tenha falado em defesa da pessoa indigitada, dizendo ou afirmando com ênfase que o primeiro orador foi injusto em seu julgamento ou, um tanto mais amavelmente, que estivesse “mal informado”. O segundo orador assinalou as boas qualidades do indivíduo em questão e, gradualmente, os que se portaram veementemente em sua concordância com o primeiro orador começaram a concordar, ao contrário, com o segundo orador. O exemplo desse, aparecendo presumivelmente no momento certo, serviu para dirigir os pensamentos de todas as pessoas através de melhores canais, sendo que as vibrações que esse grupo particular passou a emitir foram muito melhores do que foram enquanto estava falando o primeiro orador. O seu exemplo e a sua franqueza na defesa do indivíduo caluniado melhoraram bastante, em relação a todos, uma situação que se tornara desagradável graças ao exemplo oferecido pelo primeiro orador. Esse desviou as pessoas para uma direção negativa, fazendo com que elas se prejudicassem e prejudicassem a pessoa de que falavam. O segundo orador modificou completamente a situação em torno de si e do grupo e fez com que todos os envolvidos melhorassem a si próprios, acentuando o bem ao invés do mal, quanto ao tema de seus pensamentos. Assim, pelo seu exemplo de corajosa refutação dos comentários difamatórios a respeito de outrem, o segundo orador foi útil tanto ao caluniador quanto aos circunstantes, que foram muito apressados em concordar com os sentimentos negativos, antes que suas melhores tendências e, o mais provável, suas consciências fossem convocadas. Ademais, os benefícios que advierem ao próprio orador, como resultado de sua ação, são, de fato, óbvios.
E, assim, vemos que o verdadeiro serviço, por sua própria natureza, quase sempre assume a forma de exemplo às outras pessoas. Naturalmente, muitos atos específicos de serviço podem e devem ser executados sem alarde ou até mesmo anonimamente. A conduta ostentatória ou a proclamação dos atos “altruísticos” de alguém altera imediatamente a atividade e isso se transforma não em um verdadeiro serviço, mas num exercício que visa a mostrar as características “generosas” ou “prestativas” de seu autor.
Entretanto, uma pessoa que viva tranquilamente uma vida de sincero serviço espiritual dedicado a outrem não poderá deixar de ser um constante exemplo inspirador para seus colegas. Esses poderão estar completamente despercebidos dos detalhes do serviço que ele faz ou em benefício de quem. Em razão de sua espiritualidade e bondade interiores, que prontamente o levam a se compadecer e a prestar serviços, boas vibrações permeiam quase completamente a atmosfera ao seu redor; os que com ele entrarem em contato sentirão as suas finas qualidades e a elas reagirão, cada qual a seu modo. A sua verdadeira aura “toca” a de outras pessoas, resultando que elas, mesmo que momentaneamente, sejam fortalecidas e elevadas graças a isso e, frequentemente, tornem-se mais compassivas e prestimosas.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro-1970)
Apelo aos espiritualistas
Fazendo-se um retrospecto para se comparar o passado com o presente deparamos com uma diferença impressionante que abrange todos os setores do viver.
Se houve evolução por um lado, o que é inegável para uma pequena elite, por outro tem havido muita involução.
Na ciência da tecnologia, por exemplo, o avanço é verdadeiramente grande; na medicina, idem; na indústria, e assim, em vários aspectos podemos dizer o mesmo, mas, em se tratando da espiritualização das pessoas, bem poucas são as que se aperceberam da grande necessidade que temos de cultivar o espírito, pois este é eterno e a vida, escola de aperfeiçoamento.
Se conturbado e violento anda o mundo, a culpa cabe unicamente a essa falta de luz que se faz sentir. Mata-se o semelhante por qualquer ninharia, sem considerar que a vida é bênção divina e ai daqueles que a exterminam! Quantas vezes, criaturas cheias da graça da saúde e da esperança têm perdido a vida por essa inescrupulosidade horrenda dos dias que passam!
Crianças e velhos indefesos, jovens cheios de otimismo, são sacrificados e violentados por essa onda selvagem e avassaladora de criminosos que vagueiam pelo mundo envoltos em trevas! Trevas da mais profunda ignorância! Contudo, não se desanimem nunca os que olham o mundo com fé, pois dias melhores nos aguardam, aqui ou alhures. A semente do amor, da confiança em Deus há de frutificar um dia, ainda que para cultivá-la muita lágrima tenha que regá-la. O pranto se converte em sorriso da mesma forma que de um espinheiro, muitas vezes, surge a rosa. A treva se transforma em luz, por isso mantenhamos firmes a força da fé que levantará um dia a humanidade desunida de hoje.
Alimentemos cada vez mais a esperança em dias de paz, pois essa força há de triunfar. Uma coisa, porém, se faz imperiosa: que lutem os espiritualistas, os que têm certeza da sobrevivência da alma para a espiritualização do mundo. É preciso divulgar pela Terra que todo sofrimento se reverte em bênção para o espírito, pois que nos levam eles a sérias reflexões e facilmente concluímos que é isso incontestável verdade. Do contrário, como purgaríamos a alma dos erros que contraímos em existências anteriores? Bem sei que de inúmeros materialistas está cheio o mundo, mas faço aqui um apelo aos espiritualistas: que não haja esmorecimento nessa hora difícil e, a despeito de sarcásticas ironias, prossigamos confiantes, cada qual procurando acender no próximo pequena luz que seja, pois esta, aos poucos, há de crescer e se tornar um luzeiro!
Lembremo-nos sempre de que até os mais crédulos serão testados e eis que os tempos são chegados. Coragem, porque unidos venceremos!
Não é sem lágrimas que vejo os distúrbios por que atravessa a Terra, mas na alma tenho acesa a chama da esperança de que essas mesmas lágrimas vão sorrir um dia, quando o mundo sorrir comigo pela paz que haveremos de conquistar. Façamos, pois, imensa força de pensamento positivo e encaremos com otimismo o futuro que a tudo responderá.
Deus está conosco!
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – jul/ago/88)