Arquivo de categoria Filosofia

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Eterno Agora: a vantagem do seu momento presente

O Eterno Agora: a vantagem do seu momento presente

“O eterno agora” é uma frase usada pelos filósofos somente ao enfatizar a importância do tempo presente, que consiste em poder decidir como vamos redimir o passado e formar o futuro. Sob a Lei da Consequência, o que quer que seja feito, o bem, o mal ou mesmo nada, vai determinar algo sobre o nosso futuro. Ajuda a verificar se aprendemos nossas lições no passado ou se teremos que passar por lições mais duras.

Não obstante, algumas pessoas têm dificuldades em viver no presente. Uns vivem no passado, lamentando os “velhos bons tempos” que se foram, ou vivem no futuro, talvez com medo ou esperança. O presente tem pouca importância para eles, exceto quando é satisfatório, com menos sofrimento possível. Obviamente, nessas circunstâncias o desenvolvimento é lento.

Nós usamos o tempo presente, mostrando o nosso entendimento e nossa habilidade de agir e compreender o verdadeiro significado da existência e evolução humana.

Em nossas mãos sustentamos tudo que é precioso do passado. Nas nossas costas, ainda pesam todas as transgressões antigas, que ainda devemos transmutar. Por meio das nossas atividades no momento presente será determinado o futuro, tanto nosso, como da humanidade.

O momento presente tem uma vantagem sobre todos os outros tempos: é completamente nosso, e nele somos capazes fazer tudo que queremos. As oportunidades passadas já se foram, as futuras ainda não chegaram. O momento presente representa as oportunidades que podemos manipular, se quisermos formar algo que vale a pena.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 01/86)

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A Consciência do Auxiliar Invisível – II Parte

A Consciência do Auxiliar Invisível
II Parte

Em outra ocasião, o Probacionista mencionado no último parágrafo da primeira parte despertou completamente consciente em Monte Ecclesia, diante do Templo, o qual se apresentava radiante de luz. Tentando aproximar-se foi bloqueado por uma barreira invisível. Porém, nesse momento, a sua atenção foi desviada em direção a um grupo de pessoas que flutuavam (assim imaginou) evidentemente empenhadas no trabalho de cura, visto que reconheceu entre elas, algumas que se dedicavam a tal mister. Todos, inclusive eles, foram impelidos ao longo daquilo que poderia ser designado como um “rio de magnetismo”, rumo ao Norte, em direção à cidade de V.

No caminho, observou que seus companheiros caminhavam e falavam normalmente, entretanto, muitos deles denotavam o olhar vago do sonâmbulo. Não tinham consciência do que estava em derredor, parecendo não notarem que se encontravam fora do corpo físico. O citado grupo e o Probacionista consciente do que se passava, chegando à cidade de V., dirigiram-se a uma casa onde uma senhora de meia idade e uma menina os esperavam, sendo que estas também tinham os olhos sonambúlicos, conduziam-se normalmente como seres humanos, sem, contudo, parecerem cientes de que se encontravam fora do corpo, nem manifestarem surpresa ante a chegada dos Auxiliares.

Muitos relatos dos Mundos internos corroboram as afirmações de Max Heindel a respeito dos vários fluxos e refluxos de correntes que varrem as regiões do desejo e etérica. Tais correntes não são meramente eletricidade física, como poderiam ser admitidas. Elas são forças da envoltura áurica do globo terrestre e da aura humana.

Esses “rios de magnetismo” fluem em todas as direções ao redor do globo, onde os Auxiliares Invisíveis conscientes ou inconscientes neles caminham, atraídos infalivelmente ao longo de linhas definidas de força, em direção específica. À medida que se tornam conscientes, como o já citado Probacionista, pasmam-se ao descobrir que aquelas correntes magnéticas parecem brotar de sua própria consciência e fluir para dentro ou ao longo do Mundo do Desejo, tal como os rios que desaguam no Oceano. Tais correntes, podemos compará-las às correntes conhecidas, como a do Golfo (Gulf Stream) que, percorrendo o Atlântico Norte, toca as Ilhas Britânicas, suavizando um clima que de outra forma seria insuportável.

No “Inferno” de Dante, lemos a descrição de dois amantes, no inferno, isto é, nas regiões inferiores do Mundo do Desejo. Lemos que se ouvia um som como o de um mar revolto, porém tal ruído era provocado pelas rajadas tempestuosas do inferno que “com fúria incessante arrebanhavam os espíritos”. Assim, como ao prenúncio do inverno os estorninhos são levados em suas asas para outras paragens, da mesma forma aquelas almas são levadas, inexoravelmente, para cá e para lá, acima e abaixo. Essas correntes, que fluem e refluem tão suavemente em relação ao Auxiliar Invisível, tornam-se violentas e implacáveis nas regiões inferiores do Purgatório, onde elas são a expressão da violência e da paixão.

Max Heindel afirmou que, assim como é da lei natural gravitar em direção à Terra quando em corpo físico, também o é levitar na Região Etérica. Portanto o Auxiliar Invisível rompe as extensões superiores dos éteres como proa de um navio, enquanto vales, colinas, cidades e planícies passam abaixo dele.

Da costa oeste nos vem um relato de uma Probacionista que numa manhã viu-se levitando acima de seu corpo, flutuando em direção ao mar dizendo: “lá vou eu, lá vou eu”. Porém, vendo que se dirigia em direção ao Oeste, prontamente pensou: “Não, eu quero ir em direção oposta, ao Templo da Rosacruz”. Então imediatamente curvou-se para trás como um siIfo no ar, movimentando-se para cima e para baixo, num longo arco de magnetismo. Entretanto pressionada por uma forte atração magnética que parecia vir de fora (por meio do Cordão Prateado, indubitavelmente) sentiu-se então descendo em direção a seu corpo adormecido, despertando momentos depois, sem perda de consciência, mas também sem compreender como entrou no corpo.

Quando nesses voos pelos Éteres, é comum o Probacionista imaginar-se sozinho, porém isso não acontece, pois há sempre uma vigilância e proteção constantes. Para ele os protetores são invisíveis, visto que agem num nível de consciência mais elevado. Tal fato ratifica a afirmação de Max Heindel, de que parte do trabalho iniciático consiste no esforço para aprender a ascender a níveis mais elevados do que o etérico, depois de ter deixado o corpo físico.

Outro Probacionista relata-nos como sentiu-se levitando, porém, ao perceber que regressava ao corpo, reuniu suas forças tentando subir novamente; logo em seguida sentiu, embora nada visse, que mãos poderosas o seguravam pelos pulsos, mantendo-o no ar.

Outro caso que ilustra a fase transitória de consciência vem dos primeiros períodos da Fraternidade Rosacruz, no tempo de Max Heindel. Esse caso demonstra a relativa inutilidade da fase transitória, mas indica a existência da constante vigilância exercida pelos Mestres Iniciados e Irmãos Maiores sobre aqueles recém-despertos para os planos internos.

Um Probacionista emigrado para a América, certa noite viu-se desperto nos “éteres”, sendo levado por uma magnética atração à cidade onde anteriormente residira na Europa. Percorreu as ruas antigas e os saudosos caminhos, constatando que diversas mudanças se haviam verificado desde sua partida rumo à América. Notou, inclusive em um certo edifício, um anúncio luminoso cujos dizeres despertaram sua atenção. Prosseguindo com o seu passeio, começou a sentir-se seguido por alguém. Mais de uma vez volveu os olhos para trás, nada percebendo, entretanto, isso porque seu protetor vigiava-o de um plano superior. Depois de algum tempo regressou ao seu corpo, voltando ao estado natural de consciência. Com o passar dos tempos, surgiu uma oportunidade para que o nosso Probacionista visitasse sua antiga cidade, em consciência de vigília. E assim ele pode confirmar realmente a existência de todas aquelas inovações introduzidas naqueles saudosos lugares, inclusive o anúncio luminoso já mencionado.

Em geral, as experiências convincentes verificadas com os Auxiliares Invisíveis ocorreram perto da meia-noite ou entre a meia-noite e a aurora, depois do trabalho de restauração do corpo, tal como descreve Max Heindel. É provavelmente durante o ciclo da alvorada que o neófito recebe instruções, se ele as desejou, ou então, frequenta classes semelhantes àquelas do Mundo Físico, com a diferença de que nesse plano os ensinamentos são ministrados por meio de métodos extraordinariamente avançados.

Dentro do assunto tratado, uma outra questão merece ser alvo de comentários: o sonho comum, o qual, embora geralmente confuso e vago, algumas vezes relaciona-se com um fato real ao qual tomamos conhecimento quando despertamos. Novamente seremos auxiliados a compreender como isso acontece, se recorrermos a uma analogia física.

Comumente, todos nós temos tido sonhos que se relacionam com fatos que acontecem em nosso ambiente físico.

Por exemplo: os cobertores podem ter caído da cama, aí então sonhamos que estamos tremendo de frio nas regiões geladas do polo Norte; um cão uiva sob a nossa janela, sonhamos então que está se perpetrando um assassinato. E assim por diante. Da mesma forma, quando o neófito está dormindo, os eventos do Mundo interno estão continuamente pressionando sua Mente, e já sensibilizado pela força de seus estudos esotéricos, começa a despertar sob suas ações, ao passo que o ser humano comum, encerrado em sua prisão de carne, repousa a noite inteira em completa inconsciência em relação a esses impactos. Em relação ao neófito, o seu trabalho como Auxiliar Invisível pode ser-lhe mostrado na forma de sonho grotesco, o qual, a despeito de sua natureza, permanece na memória em forma obcecante.

Os sonhos confusos resultam da carência de alimento entre os Corpos de Desejos, Vital e Denso, e assim permanece o Ego, parte dentro e parte fora desses veículos. Em tais circunstâncias as impressões recebidas dos planos internos ficam falseadas, e mesmo a recordação de uma experiencia verdadeira tende a apresentar-se algo vaga ou indefinida. Mas, um acontecimento que se apresenta ante um espírito de pesquisa, com propósitos de autoinstrução, auxiliará a clarear a totalidade do campo do inconsciente, e, de um modo gradativo, certos fatos emergirão do turbilhão dos sonhos, quase de acordo com um modelo, cujo significado é claro e inequívoco.

À medida que o Probacionista persevera no Caminho, o lento despertar decorrente do desajustamento entre seus veículos é eliminado, e observará que, com o passar do tempo, o seu despertar no corpo será imediato e claro, mesmo ignorando como volta. Pode mesmo acontecer algumas vezes que simplesmente abre os olhos, sem que haja um lapso de inconsciência.

O Conceito Rosacruz do Cosmos, bem como outras obras de Max Heindel, apresenta ensinamentos que auxiliam o estudante no trabalho de espiritualização da consciência. A Concentração e a Retrospecção, entre outros benefícios, servem para focalizar a consciência no momento da saída e da entrada no corpo. Embora as preferências variem de indivíduo a indivíduo, existem certos temas para meditação que adquiriram um caráter quase universal, sendo um deles o símbolo metafisico do Homem Espiritual, a Pirâmide. Não queremos nos referir à Grande Pirâmide de Gizé, mas ao sólido geométrico. É particularmente inspirador para a Mente imaginá-lo luminoso.

O emblema místico que encimava a torre do Castelo do Graal no Parsifal de Wolfram Von Escenbach é sumamente edificante. Tal castelo, de estilo gótico, encerrava em uma de suas câmaras o Altar do Graal. Ornamentado fulgurantemente com esplendor quase oriental, o Castelo apresentava a sua estrutura com mágica luminosidade, realçando luzes indescritíveis. Os materiais empregados na construção eram de origem celestial, pois os Arquitetos Celestiais os trouxeram de planos elevados. O soalho do Templo era feito de ônix, o teto de safira, com joias colocadas em lugar de estrelas dos céus, enquanto em forma espiralada projetava-se acima da grande estrutura uma torre altíssima, em cujo topo estava o Rubi, encimado por uma Cruz de Cristal.

Tomando como tema de meditação essa torre encimada pelo Rubi e este, pela Cruz de Cristal, lembramo-nos das palavras de Max Heindel:

“O Campanário da Igreja é largo na base, porém gradualmente vai se estreitando mais e mais até que no topo fica apenas um ponto com uma cruz. Dessa forma, também é o caminho da santidade: no começo inúmeras coisas nos são permitidas, mas na medida em que avançamos devemos deixá-las de lado, uma após outra. Devemos então nos devotar mais e mais, exclusivamente ao serviço da santidade, até chegar o ponto em que o caminho se nos apresentará estreito como o fio da navalha. Aí então somente poderemos segurar-nos na cruz. Porém, quando chegarmos a tal ponto, quando atingirmos o mais estreito de todos os caminhos, estaremos aptos a seguir Cristo além e servir lá como servimos aqui”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 02/1967)

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A Consciência do Auxiliar Invisível – Parte I

A Consciência do Auxiliar Invisível
Parte I

A Fraternidade Rosacruz ensina que os Auxiliares Invisíveis são aqueles que vivem uma vida digna de altruísmo, durante o dia, em seus corpos físicos. Aqueles cujo desenvolvimento evolutivo já ultrapassou de muito o ser humano comum e conquistaram o privilégio de se tornarem úteis, durante a noite, quando seus corpos estão repousando, agindo em benefício da humanidade, por meio da instrumentalidade dos Irmãos Maiores da Rosacruz.

Assim, enquanto estão funcionando em seus veículos superiores poderão ser vistos trabalhando fielmente na Vinha do Cristo.

Os Auxiliares Invisíveis são reunidos em grupos, de acordo com seus temperamentos e habilidades, sob a orientação de outros Auxiliares que são médicos. O trabalho global dos grupos sob a direção dos Irmãos Maiores são os espíritos propulsores da Equipe.

Max Heindel nos instrui sobre os dois graus de Auxiliares Invisíveis: os conscientes e os inconscientes. Estes últimos são os que trabalham inconscientemente nos Mundos invisíveis enquanto seus corpos dormem.
A experiência de um Auxiliar Invisível inconsciente pode ser comparada a um sonho que não é recordado quando desperta. Contudo, é uma experiência perfeitamente real e, como tal, forma parte do panorama da vida e é presenciada pelo Ego quando, no estado post-mortem, revive sua existência inteira.

Toda a evolução, incluindo a Iniciação, é um problema de expansão de consciência. A lagarta não rasteja ao longo do galho, transforma-se em crisálida e finalmente emerge na borboleta alada, fendendo o espaço azul?

São três realidades num mesmo mundo. Contudo, sob o ponto de vista de consciência a vida-borboleta passou através de três mundos diferentes. Da mesma forma, o Espirito Virginal existe somente num mundo: o Universo de Deus em sua infinita manifestação. Somos uma ideia Epigênese espiritual na Mente de Deus, uma criação eternamente perfeita, que foi, é e será. Entretanto, como a consciência se desenvolve no caminho da evolução, vemos passar através de vários planos ou mundos, cada qual representando um estado particular de consciência.

De cada plano, como Egos, aprendemos uma infinita variedade de sensações. Sob um aspecto vemos o Mundo de Deus à semelhança do Universo Físico que, aos cinco sentidos, parece algo inerte, sujeitos à impiedosa ação das leis naturais e do domínio de inteligências cruéis. Neste plano físico estamos envoltos em um casulo da materialidade, um corpo inerte. Podemos facilmente imaginar, como Max Heindel, que a Iniciação vem pela prática dos preceitos.

Em que consiste essa prática?

No uso adequado das leis do pensamento. Ainda é Max Heindel quem nos diz: “A Mente é o caminho”. De fato, a totalidade do caminho da Iniciação está sob a direção dos Senhores de Mercúrio, cujo trabalho de individualização e libertação pela razão se vai tornando cada vez mais potente na evolução humana, na medida em que seu Planeta vai emergindo da Noite Cósmica. Daí que o Caduceu seja usado como símbolo de Iniciação, pois Mercúrio rege o poder da razão pura (Gêmeos), bem como a Virgindade do Espírito Virginal puro e não contaminado pela materialidade. Eis a chave de completo método de desenvolvimento espiritual, tal como nos é dado pela Ordem Rosacruz.

Desnecessário é dizer que a consciência do Auxiliar Invisível de modo algum é idêntica à do Iniciado. Todavia, é um dos aspectos subsidiários do desenvolvimento ascendente. Não se trata de uma consciência definida, porém, já é algo maravilhoso para ser grandemente desejado por todo Aspirante a esferas mais amplas de serviço. O Auxiliar Invisível é um aspecto do esforço pelo qual a borboleta emerge, com as asas pintadas, do casulo da materialidade. Nesse grau temos uma noção de nosso lugar no caminho, percebendo o grau em que a luz se manifesta nos lugares sombrios da alma, durante o sono.

A consciência do Auxiliar Invisível é comparável ao Arco-íris pelo qual os heróis ancestrais cavalgam para atingir o Valhala, pois representa uma transição para a consciência espiritual e não a consciência integral em si mesma.

Há também na consciência do Auxiliar Invisível certa gradação de conhecimento, que poderá ser avaliada quando comparada com a consciência ordinária de vigília. Observe o leitor, fisicamente, como se dá o despertar diário. Um indivíduo se desperta completamente e logo depois se situa em seu ambiente, reconhecendo-se perfeitamente distinto de tudo o que rodeia. Esse é um extremo. O outro é um completo despertar de consciência noturna do Ser.

O Ego fica completamente desperto e consciente durante o sono, podendo observar e raciocinar, conversar com outros Seres Invisíveis, mais ou menos conscientes do que ele mesmo pode investigar trechos da superfície Terrena, ver a história em formação no outro lado do mundo. Esta última consciência é como a completa consciência de vigília no Mundo Físico, porém, em ambiente diferente.

“Lá”, as leis da natureza nos aparecem como reflexos de nossa própria alma; são fenômenos psíquicos e não fenômenos materiais, objetivos. Contudo, operando nesse estado de consciência, o neófito está apto a relacionar-se com acontecimentos materiais, a viajar para países estrangeiros e mesmo produzir impressões sobre o mundo da matéria. Eis porque o mundo integral da matéria é meramente um efeito de causas operantes nos Mundos superiores.

Max Heindel comparava relacionamento de causa e efeito a uma imagem lançada sobre uma tela por um estereoscópio. Se você muda o “slide”, a imagem da tela automaticamente se muda. É inútil tentar mudar a imagem sem previamente mudar o “slide”, porque o “slide”, em tal caso, é o arquétipo da imagem projetada na tela. Ora, as coisas e circunstâncias deste mundo são as imagens da tela.

Por isso devemos aprender a, primeiramente, olhar o que temos na mente. Ali é que devemos mudar o arquétipo mental. Os mínimos resultados seguirão os efeitos daquela causa. Se o “slide” que introduzimos na consciência é uma imagem do mal e do sofrimento, a imagem, na tela material, é correspondente. Esse é o segredo do Auxiliar Invisível, a Chave da Iniciação e da Libertação final.

A consciência do Auxiliar Invisível varia de acordo com o desenvolvimento das qualidades anímicas citadas em “O Conceito Rosacruz do Cosmos”: Vida Anímica, Luz Anímica e Poder Anímico (planos superiores do Mundo do Desejo).

Isso é assim explicado para atender à tendência de separação, de acordo com os conceitos de espaço e tempo que nos limitam neste Mundo.

Mas, as coisas espirituais têm um sentido global. Por isso, tanto os estudos metafísicos como os matemáticos exigem amor e muita dedicação. Quando hajamos conquistado um completo despertar nos planos internos, não haverá má compreensão a respeito. Mas até lá tomamos muita confusão mental como realidade e semi-despertamentos serão confundidos com verdadeiras experiências comum ou de um sonho real (passeio anímico).

Certa vez foi feita uma pergunta a uma Probacionista sobre seu trabalho nos planos internos, à noite. A descrição que ela fez foi a de um sonho comum ou de um sono real (passeio anímico?).

-“Oh, era real eu sei que era! Exclamou ela veementemente – “porque depois fiz uma verificação”.

A questão era saber se ela havia estado consciente quando o “sonho” se realizou, pois, sua descrição era de um sonho real. Mas verificamos que ela não estava consciente nessa ocasião e nem em outras ocasiões embora conhecesse teoricamente bem estas questões.

A respeito de sonhos esclarece-nos Max Heindel: “antes que o aspirante aprenda a deixar voluntariamente o corpo pode trabalhar em Corpo de Desejos durante o sono, porque em certas pessoas o Corpo de Desejos pode organizar-se antes da separação dos Éteres Superiores. Sob tais condições é impossível ter a memória de nossa atividade fora do Corpo Denso e observar, conscientemente, o que lá fazemos, porque não nos acompanham os Éteres Luminoso e Refletor, veículos dos sentidos e da memória. Todavia, se trabalhamos fora, embora inconscientemente, temos como sinal a ausência de sonhos confusos. Cessarão os sonhos desconexos; depois de um lapso variável de tempo os sonhos se tornarão mais vívidos e perfeitamente lógicos. O Aspirante sonhará que esteve em certos lugares com determinadas pessoas conhecidas ou não, conduzindo-se de modo tão razoável com se estivera em estado de vigília aqui. Se lhe aparece um lugar no sonho, ser-lhe-á possível, quando voltar ao Corpo e já em estado de vigília, comprovar a realidade do sonho, dirigindo-se àquele lugar e comprovando “in loco” certos detalhes que tenha observado no sonho. Verificará, também, que poderá visitar, durante suas horas de sono, qualquer lugar que deseje sobre a face da Terra, investigá-lo mais completamente do que estando no seu corpo material, em virtude da facilidade de acesso a todos os Lugares, não importando estejam fechados. Persistindo mais, chegará um tempo em que não precisará mais das horas de sono para anular a conexão entre os veículos, mas poderá deixar o corpo voluntariamente quando queira.

As experiências de muitos Probacionistas se enquadram nos “sonhos reais” ou “voos anímicos”. Sonhos reais são acontecimentos astrais. Todavia o inteiro despertar depende do desenvolvimento do Corpo-Alma, por meio de um reto viver e serviço altruísta. Aquele que se preocupar muito com seu desenvolvimento, a miúdo esquece a chave dele, que é o esquecimento de si e a amorosa entrega aos demais. Só os dois Éteres Superiores, convenientemente desligados, podem formar, com a parte superior do Corpo de Desejos, o veículo em que se funciona desperto, imprimindo no cérebro físico a imagem de uma jornada nos planos internos.

Convém advertir: há um sonho comum em que sonhamos que estamos despertos. Ocorre com bastante frequência.

Estamos no leito, dormindo, sonhando que nos levantamos, nos vestimos e estamos pronto para ir ao serviço.

Nisso soa pela segunda vez o despertador (na verdade a primeira vez), abrimos os olhos e, admirados, descobrimos que nem tínhamos levantado, pois estávamos dormindo. O mesmo pode suceder ao neófito que sonha que está desperto como um Auxiliar Invisível. É o que Du Maurier chama de “sonhos verdadeiros”, causados pelo mencionado fato de em algumas pessoas o Corpo de Desejos organizar-se antes da separação do Corpo Vital.

Naturalmente tais sonhos são reais, acontecimentos astrais, mas o neófito, em tais casos, não está realmente desperto fora de seu corpo. Apenas sonha que o está, como Auxiliar Invisível. Sob tais sutis condições, como saber se o neófito estava ou não desperto? Para responder a essa pergunta devemos fazer outra. Pela manhã, quando você despertou, estava mesmo desperto ou sonhando que o estava? Só poderá perceber a diferença quando se levanta, desperto. Nada sabe a respeito enquanto está sonhando. Isto é precisamente o que acontece em relação à consciência do Auxiliar Invisível.

Há definição para a consciência de Vigília? É descritível? Não. Apenas podemos mencioná-la, porque é uma experiência conhecida de todos.

Nossa opinião é que a maioria dos Auxiliares Invisíveis opera nessa consciência do sonho verdadeiro. Sonham real e acuradamente que são Auxiliares Invisíveis. Comparamos esse tipo de conhecimento com o do sonâmbulo que sonha que se levantou, vestiu-se e se pôs a descer as escadas. Está ele desperto, consciente, no lato sentido do termo? Naturalmente que não! Ele está apenas sonhando que está desperto. No entanto, está em condições de executar não somente as ações normais, peculiares a pessoas despertas, como também, muitas vezes, a fazer proezas que demonstram coragem e capacidade inexistentes em seu estado normal. Diz Max Heindel que o Auxiliar Invisível, à semelhança do sonâmbulo, é hábil e aparentemente inteligente em seu trabalho, mas, como o sonâmbulo que desperta subitamente, muitas vezes fica paralisado pelo medo, diante de situações imprevistas.

O vago estado do sonâmbulo é também comum ao Auxiliar Invisível que, em sentido oposto, é um sonâmbulo. A diferença é que o Auxiliar Invisível caminha, enquanto sonha, com um corpo que, de fato, se tornou um canal de ação onírica.

Tal corpo é o “Soma Psuchicon” (soma psíquico ou corpo psíquico) a que alude São Paulo, e que os Rosacruzes chamam de “o Corpo-Alma”. Neste ponto surge, outra pergunta: se tal sonho é real, será ele visível a outra pessoa que, desperta embora em seu Corpo físico, disponha de capacidade visual para perceber o Mundo do Desejo? Sim, pode e acontece. Sabemos de exemplos em que o “sonho” de um homem foi visto mentalmente por outro, à distância e no tempo comprovado, pois o sonhador despertou e olhou o relógio.

Porém, mesmo a consciência de sonho real não é a consciência média dos Auxiliares Invisíveis, em sua totalidade.

Para alguns, apenas, pois eles são, geralmente, inconscientes. Sua lembrança, pela manhã, quando despertam, é de que simplesmente sonharam, nada mais.

Max Heindel disse que a primeira parte (primeiras horas) do período de sono é dedicado à restauração das energias perdidas e preparação para o dia seguinte. “O Mundo do Desejo é um oceano de harmonia. Nele o Ego mergulha, deixando os veículos inferiores no sono. Seu primeiro cuidado é restaurar o ritmo, a harmonia do Corpo de Desejos e a Mente. Essa restauração é obtida gradualmente à medida em que as harmoniosas vibrações do Mundo do Desejo fluem através deles. Há lá uma essência que corresponde ao fluído vital que interpenetra o Corpo físico por intermédio do Corpo Vital. Esses veículos superiores (Mente, Corpo de Desejos), mergulham, por assim dizer, nesse “Elixir de Vida”. Quando já se encontram restaurados e vigorizados, eles iniciam o trabalho sobre o Corpo Vital, deixado com o Corpo Denso, sobre o leito. Então, o Corpo Vital começa a especializar a energia solar novamente, reconstruindo o Corpo Denso, usando, particularmente nisso, o Éter Químico. Essa atividade durante o sono é que forma a base para a atividade do dia seguinte.

Não nos devemos deter em sonhos comuns, embora vívidos, belos e convincentes, porque são puramente fenômenos astrais, conforme demonstramos no decorrer deste trabalho. A consciência de sonho real e desenvolvimento superior seguinte, que constitui a consciência desperta do Auxiliar Invisível, apresenta muitas armadilhas sobre as quais é de nosso dever prevenir o neófito. Tal advertência é de suma importância. Porque de seu conhecimento depende a ativação dos dois Éteres Superiores, na formação do Corpo-Alma.

Max Heindel enfatiza o ponto que o medo poderá ser eliminado da consciência, pelo amor. Ele confessa haver encontrado nesse medo um sério obstáculo, nos períodos iniciais de seu trabalho Iniciático. E recomenda ao Estudante e Probacionista, que pensem bastante e muitas vezes sobre o trabalho do Auxiliar Invisível, a fim de se irem habituando com a ideia de ficarem ausentes do Corpo, sem receios, porque a estocada do medo corta imediatamente a consciência psíquica, precipitando o neófito de volta ao Corpo Denso.

Um Probacionista nos conta como, na aurora de um dia, despertou com uma recordação fresca e aguda, de algum contato com os irmãos da Rosacruz. Estava perfeitamente consciente e ainda sentia o penetrante perfume de rosas em seu quarto. Enquanto estava deitado, as correntes perfumadas pareciam fluir através de seu corpo, de tal forma que lhe parecia flutuar nelas. Subitamente, porém, viu que “estava flutuando”, flutuando acima de seu próprio corpo, que jazia no leito. Sentiu a cutilada do medo e teve a consciência de que mergulhava no corpo. “Era como entrar numa nuvem de pontos; maiores do que aqueles que vemos no ar; quando tudo se normalizou, a nuvem se fechou sobre a cabeça, quase como acontece com a água. Ao abrir os olhos se encontrava no Mundo Físico.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1966)

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Vimos a sua Estrela: a causa oculta da recepção do “Filho de Deus” não ser feita pelos “homens”

Vimos a sua Estrela: a causa oculta da recepção do “Filho de Deus” não ser feita pelos “homens”

Tendo nascido Jesus em Belém de Judeia, no tempo do Rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém dizendo: “Onde está Aquele que é nascido rei dos judeus”? Porque vimos a Sua estrela no Oriente, e viemos adorá-Lo”.

Os magos do Oriente eram filósofos. Faziam parte de uma grande e influente classe que incluía homens de nobre nascimento, bem como muitos ricos e sábios de sua nação. Eram sábios ocultistas. Entre estes se achavam muitos que abusavam da credulidade do povo. Outros eram homens justos, que estudavam e conheciam profundamente a Astrologia, sendo honrados por sua integridade e sabedoria. Desses eram os magos que foram em busca de Jesus.
A luz de Deus está sempre brilhando entre as trevas do paganismo. Ao estudarem esses magos o céu estrelado, procurando sondar os mistérios ocultos em seus luminosos caminhos, viram a glória do Criador. Buscando mais claro entendimento, voltaram-se para as Escrituras dos hebreus. Guardados como tesouro haviam, em sua própria terra, escritos proféticos, que prediziam a vinda de um mestre divino. Balaão pertencia aos magos, enquanto fosse em tempos profeta de Deus, pelo Espírito Santo predissera a prosperidade de Israel e o aparecimento do Messias, e suas profecias haviam sido conservadas, de século em século, pela tradição. No Velho Testamento, porém, a vinda do Salvador era mais claramente revelada. Os magos souberam, com alegria, que Seu advento estava próximo, e que todo o mundo se encheria do conhecimento da glória do Senhor.

Viram os magos uma espantosa Conjunção de Astros nos céus, naquela noite em que a glória de Deus inundara as colinas de Belém. A isso deram o nome de estrela. Não era uma estrela fixa, nem um Planeta, mas um Aspecto entre Astros que excitou o mais vivo interesse. Aquela estrela tinha grande significação, e para eles um significado especial. Consultaram sacerdotes e filósofos, e examinaram os rolos dos antigos registros. A profecia de Balaão declarara: “Uma estrela procederá de Jacó e um cedro subirá Israel (Nr 24:17). Teria acaso sido enviada essa singular estrela como precursora do Prometido? Os magos acolheram com agrado a luz da verdade enviada pelo céu; agora era sobre eles derramada em mais luminosos raios. Foram instruídos em sonhos a ir em busca do recém-nascido Príncipe.

Como Abraão, pela fé, saíra em obediência ao chamado de Deus, “sem saber para onde ia” (Hb 11:8); como pela fé, Israel seguira a coluna de fumo até a terra prometida, assim esses gentios saíram em procura do prometido Salvador. Esse país oriental abundava em coisas preciosas, e os magos não se puseram a caminho de mãos vazias. Em costume, a príncipes ou outras personagens de categoria, oferecer presentes como ato de homenagem, e os mais ricos dons proporcionados por aquela região foram levados em oferta àquele em que haviam de ser benditas todas as famílias da Terra. Os presentes levados tinham, além disso, um sentido profundamente oculto.

Era necessário jornadear de noite, a fim de não perderem a oportunidade de encontrarem o Menino. Se bem que longa, a viagem foi feita com alegria.

Chegaram à terra de Israel, e descem o Monte das Oliveiras, tendo à vista Jerusalém. Ansiosos começam a busca, esperando confiantemente que o nascimento do Messias fosse o jubiloso assunto de todas as bocas. São, porém, vãs suas pesquisas. Entretanto, na Santa Cidade, dirigem-se ao templo. Para seu espanto, não encontraram ninguém que parecesse saber do recém-nascido Rei. Suas perguntas não despertaram expressões de alegrias, mas antes de surpresa e temor, não isentos de desprezo.

Os sacerdotes repetem as tradições. Exaltam sua própria religião e piedade, ao passo que acusam os gregos e romanos como maiores pagãos e pecadores que todos os outros. Os magos não são idólatras, e aos olhos de Deus ocupam lugar muito acima desses. Seus professos adoradores, todavia, são considerados pelos judeus como gentios. Mesmo entre os designados depositários dos Santos Oráculos, suas ansiosas perguntas não fazem vibrar nenhuma corda de simpatia.

A chegada dos magos foi prontamente divulgada por toda Jerusalém. Sua estranha mensagem criou entre o povo uma excitação que penetrou no palácio do rei Herodes. O astuto edomita foi despertado ante a notícia de um possível rival. Inúmeros assassínios lhe haviam manchado o caminho ao trono. Sendo de sangue estrangeiro, era odiado pelo povo sobre quem governava. Sua única segurança era o favor de Roma. Esse novo Príncipe, no entanto, tinha mais elevado título. Nascera para o reino.

Herodes suspeitou que os sacerdotes estivessem tramando com os estrangeiros para excitar um tumulto popular, destronando-o. Ocultou, no entanto, sua desconfiança, decidido a malograr-lhes os planos por maior astúcia.

Convocando os principais dos sacerdotes e os escribas. Interrogou-os quanto aos ensinos dos livros sagrados com relação ao lugar do nascimento do Messias.

Essa indagação do usurpador do trono, e o ser feita a instâncias de estrangeiros, espicaçou o orgulho dos mestres judeus. A indiferença com que se voltaram para os rolos da profecia, irritou o ciumento tirano. Julgou que estavam buscando ocultar seu conhecimento do assunto. Com uma autoridade que não ousaram desatender, ordenou-lhes que fizessem atenta investigação e declarassem o lugar do nascimento do esperado Rei. “E eles lhe disseram: Em Belém de Judeia; porque assim está escrito pelo profeta:

“E tu Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar Meu povo de Israel” (Mt 2:6).

Herodes convidou então os magos a uma entrevista particular. Rugia-lhe no coração uma tempestade de ira e temor, mas manteve um exterior sereno, e recebeu cortesmente os estrangeiros. Indagou em que tempo aparecera a estrela, e professou saudar com alegria a notícia do nascimento de Cristo. Pediu a seus hóspedes: “Perguntai diligentemente pelo Menino, e, quando O achardes participa-me, para que também eu vá e O adore”. Assim falando, despediu-os para que seguissem seu caminho a Belém.

Os sacerdotes e anciãos de Jerusalém não eram tão ignorantes a respeito do nascimento de Cristo como se faziam. A notícia da visita dos anjos aos pastores fora levada a Jerusalém, mas os rabis a tinham recebido como pouco digna de atenção. Eles próprios poderiam haver encontrado Jesus e estariam preparados para conduzir os magos ao lugar em que nascera; ao invés disso, porém, foram eles que lhes vieram chamar a atenção para o nascimento do Messias. “Onde está Aquele que é nascido Rei dos Judeus?” – Perguntaram – “porque vimos a Sua estrela no Oriente, e viemos adorá-Lo”.

Então o orgulho e a inveja cerraram a porta à luz. Fossem acreditadas as notícias trazidas pelos pastores e os magos, e teriam colocado os sacerdotes e rabinos numa posição nada invejável, destituindo-os de suas pretensões a exponentes da verdade de Deus. Estes doutos mestres não desceriam a ser instruídos por aqueles a quem classificavam de gentios. Não poderia ser, diziam, que Deus os passasse por alto, para Se comunicar com pastores ignorantes ou incircuncisos pagãos. Resolveram mostrar desprezo pelas notícias que estavam agitando o rei Herodes e toda Jerusalém. Nem mesmo iriam a Belém, a ver se essas coisas eram assim. E levaram o povo a considerar o interesse em Jesus como excitação fanática. Aí começou a rejeição de Cristo pelos sacerdotes e rabis.

Daí cresceu seu orgulho e obstinação até se tornar em decidido ódio contra o Salvador. Enquanto Deus abria a porta aos gentios, estavam os chefes judeus fechando-a a si mesmos.

Sozinhos partiram os magos de Jerusalém. Caíam as sombras da noite quando saíram pelas portas, mas, para sua grande alegria sabiam estar perto do Messias. Não tinham, como os pastores, recebido comunicação quanto ao humilde estado da Criança. Depois da longa jornada, ficaram decepcionados com a indiferença dos chefes judeus, e deixaram Jerusalém menos confiantes do que quando nela penetraram. Em Belém, não encontraram nenhuma guarda real a proteger o recém-nascido Rei. Não havia a assisti-Lo nenhum dos grandes da Terra. Jesus estava deitado numa manjedoura. Os pais eram Seus únicos guardas.

“E, entrando na casa, encontraram o Menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, O adoraram”. Através da humilde aparência exterior de Jesus, reconheceram a presença da Divindade. Deram-Lhe o coração como a seu Salvador, apresentando então suas dádivas: “ouro, incenso e mirra”. Que fé a sua! Como do centurião romano, mais tarde, poder-se-ia haver dito dos magos do Oriente: “Nem mesmo em Israel encontrei tanta fé” (Mateus 8:10).

Os magos não haviam penetrado os desígnios de Herodes para com Jesus. Satisfeito o objetivo de sua viagem, prepararam-se para regressar a Jerusalém, na intenção de pô-lo ao fato do êxito que haviam tido. Em sonho, porém, recebem a divina mensagem de não ter mais comunicações com ele. E, desviando-se de Jerusalém partem para sua terra por outro caminho.

De igual maneira, recebeu José aviso de fugir para o Egito com Maria e a criança. E o Anjo disse: “E demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há de procurar o menino para o matar”. José obedeceu sem demora, pondo-se de viagem à noite, para maior segurança.

Por meio dos magos, Deus chamara a atenção da nação judaica para o nascimento de Seu Filho. Suas indagações em Jerusalém, a excitação do interesse popular, e o próprio ciúme de Herodes, que forçou a atenção dos sacerdotes e rabis, dirigiu os espíritos para as profecias relativas ao Messias, e ao grande acontecimento que acabava de ter lugar.

Os magos estiveram entre os primeiros a saudar o Redentor. Foi sua a primeira dádiva a lhe ser posta aos pés. E por meio daquela dádiva que privilégio em servir tiveram eles! Deus Se deleita em honrar a oferta de um coração que ama, dando-lhe a mais alta eficiência em Seu serviço. Se dermos o coração a Jesus, trar-Lhe-emos também as nossas dádivas.

Nosso ouro e prata, nossas mais preciosas posses terrestres, nossos mais elevados dotes mentais e espirituais ser-lhe-ão inteiramente consagrados, a Ele que nos amou e se entregou a Si mesmo por nós.

Em Jerusalém, Herodes aguardava impaciente a volta dos magos. Como passasse o tempo, e não aparecessem, despertaram-se nele suspeitas. A má vontade dos rabis em indicar o lugar, do nascimento do Messias, parecia mostrar que lhe haviam penetrado o desígnio e que os magos se tinham propositadamente esquivado. Esse pensamento o enraiveceu. Falhara a astúcia, mas restava-lhe o recurso da força. Faria desse Rei-criança um exemplo. Aqueles insolentes judeus haviam de ver o que podiam esperar de suas tentativas de colocar um monarca no trono.

Imediatamente foram enviados soldados a Belém, com ordem de matar todas as crianças de dois anos para abaixo.

Os sossegados lares da cidade de Davi presenciaram aquelas cenas de horror que, seiscentos anos antes, haviam sido reveladas ao profeta. “Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação, choro e grande pranto; Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque já não existem”.

Essa calamidade trouxeram os judeus sobre si mesmos. Houvessem estado nos caminhos da fidelidade e da humildade perante Deus, e Ele haveria, de maneira assinalada, tornado sem efeito para eles a ira do rei. Mas separaram-se de Deus por seus pecados, e rejeitaram o Espírito Santo, que lhes era o único escudo. Não estudaram as Escrituras com o desejo de se conformarem com a vontade de Deus. Buscaram as profecias que podiam ser interpretadas para sua exaltação, e mostraram que o Senhor desprezava as outras nações. Jactavam-se orgulhosamente de que o Messias havia de vir como rei, conquistando seus inimigos e esmagando os gentios em sua indignação. Assim, haviam excitado o ódio dos governadores. Mediante a maneira por que desfiguravam a missão de Cristo, Satanás intentara tramar a destruição do Salvador; ao invés disso, porém, ela lhes caiu sobre a própria cabeça.

Este ato de crueldade foi um dos últimos que entenebreceu o reinado de Herodes. Pouco depois da matança dos inocentes, foi ele próprio obrigado a submeter-se àquela condenação que ninguém pode desviar. Teve morte terrível.

José, que ainda se achava no Egito foi então solicitado por um Anjo de Deus a voltar para a terra de Israel. Considerando Jesus como o herdeiro de Davi, José desejava estabelecer residência em Belém; ouvindo, porém, que Arquelau reinava na Judeia em lugar de seu pai, receou que o desígnio do pai contra Cristo pudesse ser executado pelo filho. De todos os filhos de Herodes, era Arquelau o que mais se assemelhava a ele em caráter. Já sua sucessão no governo fora assinalada por um tumulto em Jerusalém, e o morticínio de milhares de judeus pelas guardas romanas.

Novamente foi José encaminhado para um lugar de segurança. Voltou para Nazaré, sua residência anterior, e ali, por cerca de trinta anos viveu Jesus, “cumprindo-se deste modo o que tinha sido predito pelos profetas: Será chamado Nazareno”. A Galileia estava sob o domínio de um filho de Herodes, mas tinha uma mistura muito maior de habitantes estrangeiros do que a Judéia. Havia, assim, muito menos interesse nas questões que diziam respeito especialmente aos judeus, e os justos direitos de Jesus, corriam menos riscos de excitar os ciúmes dos que estavam no poder.

Tal foi a recepção feita ao Salvador ao vir à Terra. Parecia não haver nenhum lugar de repouso ou segurança para o infante Redentor. Deus não podia confiar Seu amado Filho aos homens, nem mesmo enquanto levava avante Sua obra em benefício da salvação deles. Comissionou Anjos para assisti-Lo e protegê-Lo até que cumprisse Sua missão na Terra, e morresse às mãos daqueles a quem viera salvar.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 12/79)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Todos nós podemos e devemos decifrar a mensagem e resolver o mistério do Universo: eis um exemplo

Todos nós podemos e devemos decifrar a mensagem e resolver o mistério do Universo: eis um exemplo

Diz-se amiúde e com razão, por certo, que “o menino é o pai do homem” e sobre o mesmo princípio podemos dizer que o Filho do Homem é o Super-homem. Portanto, quando o Sol entrar, por precessão, no Signo celestial de Aquário, o aguador, virá uma nova fase da religião do Cordeiro exotericamente e o ideal que devemos perseguir está indicado no Signo oposto: Leão.

A Lua, habitação do regente autocrático da raça e o dador de leis, Jeová, está, exaltada em Touro, Signo do touro, e quando o Sol transitou, por precessão, por esse Signo, todas as religiões de raça, mesmo a fase mosaica da religião ária do Cordeiro, pediam uma vítima propiciatória para cada transgressão da lei.

Mas o Sol está exaltado em Áries e ao entrar nesse Signo, por precessão, o grande espirito Solar, Cristo, veio como um Sumo Sacerdote da Religião Ária, ab-rogou o sacrifício de outros ao oferecer-se a Si mesmo como um sacrifício perpétuo pelo pecado do mundo.

Observando o ideal maternal de Virgem durante a Era de Peixes e seguindo o exemplo de Cristo como um serviço de sacrifícios, a imaculada concepção converte-se numa experiência real para cada um de nós, e Cristo, o Filho do Homem (Aquário), nasce internamente.

Deste modo, gradualmente a fase terceira da religião Ária se manifestará e um novo ideal será encontrado no Leão de Judá (Leão). Valor e convicção, fortaleza de caráter e virtudes semelhantes farão do ser humano realmente o Rei da Criação, digno da confiança e do afeto dos reinos inferiores de vida, bem como do amor das divinas Hierarquias que sobre ele estão.

Assim, a mensagem mística da evolução do ser humano está marcada em caracteres de fogo no campo celestial, onde qualquer investigador pode ler.

E quando estudemos o propósito de Deus, revelado no Zodíaco, aprenderemos a nos conformarmos inteligentemente com Seus desígnios e deste modo abreviar o dia da emancipação de nosso limitado ambiente atual, para sermos perfeitamente livres como espíritos, sobrepondo-nos à lei do pecado e da morte, por meio de Cristo, o Senhor do Amor e da Vida.

Todos nós podemos e devemos decifrar a mensagem e resolver o mistério do Universo.

A entrada do Sol em Aquário, em que teremos mais estreita união com o Cristo, por uma forma elevada da religião do Cordeiro, está indicada, além do Zodíaco, no Evangelho de São Lucas (22:10-11), São Marcos (14:13-15) e São Mateus (26:18), pois o Cristo Solar é simbolizado em Astrologia pelo Sol, quer na evolução do ser humano, como das nações e do mundo. Aquário, às vezes, é representado por uma mulher derramando água de um cântaro; outras vezes por um menino e outras ainda, por um homem. O correto é de um rapaz, que simboliza o Cristo já crescido no ideal dentro de nós; a água que se derrama sob controle do cântaro, pelo rapaz, significa o equilíbrio das emoções. Será, pois, a época do Amor racional, inteligente, o equilíbrio entre o Coração e a Mente, preconizado pelos Rosacruzes.

A palavra chave de Aquário, como Signo Fixo, é: Estabilidade.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 01/64)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Um ser humano bom terá que passar pelo Purgatório e aí tornar-se consciente de todo o mal antes de poder entrar no Primeiro, Segundo e Terceiro Céus? Se for assim, não será isso um castigo imerecido para ele?

Pergunta: Um ser humano bom terá que passar pelo Purgatório e aí tornar-se consciente de todo o mal antes de poder entrar no Primeiro, Segundo e Terceiro Céus? Se for assim, não será isso um castigo imerecido para ele?

Resposta: A ideia de castigo deveria ser afastada. Não existe castigo. O que acontece a uma pessoa é consequência de leis imutáveis, invariáveis. Não existe nenhum Deus pessoal que distribua prêmios ou castigos a seu bel-prazer, de acordo com uma vontade inescrutável ou qualquer método semelhante. Quando o Ego se reveste com Corpos, ou quando se despoja de seus veículos, esse processo realiza-se com base no mesmo princípio e pelas mesmíssimas leis que regem, por exemplo, um Planeta. Quando um Planeta começa a se formar a partir de uma nebulosa ígnea central, uma cristalização ocorre nos polos onde o movimento é mais lento. A matéria cristalizada é lançada para fora pela força centrífuga e atravessa o espaço por ser mais pesada que o resto da nebulosa ígnea. Por razões similares, quando o Corpo do espírito, que é o mais denso, se torna tão cristalizado e pesado que o espírito não pode mais usá-lo para adquirir experiência, o processo de despojamento é realizado pela força centrífuga que, naturalmente, elimina primeiro o Corpo Denso. Isso é o que chamamos morte. Então, o espírito é livre por um certo período, mas a substância de desejos mais grosseira usada para a incorporação das mais baixas paixões e emoções deve ser também eliminada, e é a expulsão violenta dos desejos inferiores que causa o sofrimento no Purgatório, onde a força centrífuga da repulsão é a mais forte. Se o ser humano tem qualquer partícula dessa substância grosseira no seu Corpo de Desejos, terá naturalmente que permanecer no Purgatório e passar pelo processo da purgação antes de poder entrar no Primeiro Céu. Lá, a força centrípeta de atração lança todo o bem praticado durante a vida para dentro do centro espiritual, onde é assimilado como poder da alma para ser usado pelo espírito na sua próxima vida terrena como consciência. Deste modo, a nossa permanência no Purgatório dependerá da quantidade de substância inferior de desejos que tivermos. Naturalmente, um ser humano bom terá pouquíssima dessa substância ou até nenhuma. Não terá nada para contar no Purgatório, portanto, passará diretamente por essas regiões em direção ao Mundo Celeste.

(Perg. 59 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

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O Nosso Templo Divino: como você está cuidando do seu?

O Nosso Templo Divino: como você está cuidando do seu?

A autoridade, a firmeza suave, é indispensável na condução dos veículos humanos pelo espírito.

As antigas tendências muitas vezes buscam levar a falsos caminhos, à fraude; procuram habilmente justificar certos atos errôneos. Mas o Eu superior atento, vigilante, cheio de discernimento, imparcial, não pode consentir que a personalidade transforme o templo do corpo num “covil de salteadores” (“Não sabeis que sois templos do Altíssimo que habita em vós? O Reino de Deus está dentro de vós”).

Não devemos permitir que em nosso íntimo se aceitem vícios e enganos, hipocrisia e “venda” de coisas que devem servir para o sacrifício ao Cristo interno; não podemos vender nosso Cristo por favores, prestígios e confortos.

Há muitas formas de cobrar… E quantas vezes permitimos que nossos veículos se tornem vendilhões e exploradores de coisas sagradas, comprando prazeres, vendendo emoções animalescas, em detrimento de nossas potencialidades sacrossantas? Por isso não devemos permitir que a personalidade nos atravesse o templo de leste a oeste (percorra a coluna de baixo para a cabeça) conduzindo os animais dos instintos à cabeça, como imaginações eróticas ou egoístas. Só os sacerdotes devem entrar (sublimação de forças que se elevam para servir a Deus).

Em certas ordens religiosas usavam chicotes de cordéis para martirizar o Corpo Denso quando apareciam os impulsos instintivos.

Mas o Corpo Denso não tem culpa.

Ao contrário, ele deve ser preservado como instrumento útil, sadio, a serviço do espírito. O azorrague deve descer sobre os instintos do corpo de desejos. Não sugerimos violência geradora de recalques, ainda mais prejudiciais que os atos cometidos. Repetimos: firmeza suave, autoridade, disciplinando a pouco e pouco os maus hábitos passados e construindo, paciente e firmemente, novos e melhores hábitos. Daí a importância que o Cristo dá à intenção, à ideia inicial. Nessa causa primeira é que deve estar nossa vigilância, nosso azorrague.

Reconhecer o que é errado é o primeiro passo. Desejar corrigir é o segundo; decidir expulsar os “vendilhões” é o terceiro e grande passo para a realização interna.

Condescendência própria é ignorância, quando não sabemos discernir; é fraqueza, quando desejamos permanecer no vício. Mas para assumirmos a direção de nossa vida, como Melquisedeque (rei e sacerdote de nosso templo corporal) em Jerusalém (paz interna), é indispensável o DISCERNIMENTO, a DECISÃO e a FIRMEZA.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/77)

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Conhecimento do Processo Alquímico

Conhecimento do Processo Alquímico

De uns tempos para cá, observa-se, já em maior número, obras tratando sobre “alquimia” à venda nas livrarias. A procura parece estar crescendo. É sinal de interesse, obviamente. Mas, o público, de um modo geral, não faz uma ideia precisa de quem eram os alquimistas, a que se dedicavam, qual sua filosofia e seus objetivos verdadeiros. Não há, diga-se, a bem da verdade, muitas informações a respeito. E o que certas revistas de caráter puramente comercial divulgam por aí reveste-se de confiabilidade duvidosa.

Perseguidos por reis e clérigos, em sua ânsia de glória, os alquimistas da Idade Média foram alvos do fogo da Inquisição, da prisão e da tortura. Quando suas descobertas contrariavam ideias muito arraigadas na época, e sabendo que o conhecimento é uma arma perigosa nas mãos daqueles cujos Corações e Mentes não são temperados com a pureza, sabedoria e compaixão, os alquimistas enterravam seus segredos em lendas e mistérios.

Eis aí, de uma certa forma, uma das causas da inexistência de informações mais amplas. Além disso, cremos que só mesmo na intimidade das escolas filosóficas sérias, tais como a Rosacruz, pode-se haurir conhecimentos profundos sobre o “processo alquímico”. O grande público prefere as publicações superficiais, tais como as encontradas nas bancas, à rígida disciplina das Escolas Ocultistas.

Porém, algumas vezes deparamos com a publicação de trabalhos de nível muito bom abordando o assunto. Na edição de 23/05/77 do JORNAL DA TARDE, Luiz Carlos Lisboa, por sinal um excelente crítico literário, escreveu um artigo interessante sob o título “A GRANDE TAREFA”. Desse artigo transcrevemos alguns trechos contendo informações muito elucidativas:

“Grande quantidade de mitos e relatos fúteis dissimulam, na história da alquimia, sua finalidade maior que é a transformação do ser humano. É o próprio alquimista o operador e a matéria trabalhada.

“A fabricação do ouro, a procura da pedra filosofal, são lendas que reforçaram a incompreensão a respeito do assunto. A alquimia, de fato, esteve sempre voltada para a mesma busca que motivou as grandes religiões do mundo, em todas as épocas, divergindo delas no fato de não possuir um corpo de doutrina ou regulamentação de ordem moral. Com a mesma proposta fundamental de transformar basicamente o ser humano, a alquimia propunha um caminho individual, embora ascético e também contemplativo, como o das organizações religiosas. A compreensão do fenômeno é difícil, considerando que fomos condicionados para ver na alquimia qualquer coisa como um conjunto de operações complicadas e inúteis levadas a efeito por ignorantes precursores da moderna química, tendo em vista um fim prático jamais alcançado, aliás”.

“A alquimia tradicional, de fato, repousou sempre sobre um conhecimento preciso de todos os ritmos, ciclos e gamas vibratórias daquilo que confusamente ainda alguns chamam de “energia cósmica”, ou alma do mundo. Nas retortas e cadinhos do passado, os alquimistas “procuravam” – quando não se tratava de meros sopradores, assim chamados os formalistas que usavam mecanicamente o fole nos seus laboratórios – a essência e o princípio de todo o conhecimento, isto é, o conhecimento de si mesmo. Houve sempre uma noção bastante clara disso no passado. Isaac Newton, por exemplo, escreveu em 1676: “Existem outros segredos ao lado das transmutações dos metais, e somente os corações grandes têm acesso a eles. Esses segredos são os mais importantes de todos”.
Mais adiante o articulista desvela com admirável lucidez, mesmo que sucintamente, o significado da alquimia:
“Basile Valentin, no seu clássico Practica (1618), dizia que “a alquimia tem uma única finalidade: a regeneração espiritual do ser humano, que conduz à iluminação”.

“Jung ressuscitou o Ouroboros, simbolizado pela serpente que engole a própria cauda, e que representa a limitação natural do pensamento, só resolvida através da obra alquímica, isto é, do autoconhecimento. Para o psicólogo suíço, que estudou profundamente a literatura alquimista, a verdadeira “transmutação dos metais” era de ordem psicológica e o ouro era o símbolo do ser humano integral.

“No Oriente, a tradição alquímica desenvolveu-se no seio do Taoísmo e Tsu-Ien (século IV a.C) foi seu primeiro representante. Esse alquimista chinês gostava de repetir uma mesma frase: “Descobri em mim mesmo a divindade do forno”.

“Hoje ele seria desprezado como louco, ou acusado de alienação pelos pragmáticos que brincam com jogos que consideram sérios e gratificantes”.

Em seguida, Lisboa aponta as dificuldades encontradas pela alquimia no mundo atual, onde o ser humano moderno afivelou em seu rosto a máscara do pragmatismo:

“De fato, nosso século escolheu atividades que considera dignas de sua atenção, e a elas dedica seus esforços e energia. Ninguém se questiona quanto à prioridade verdadeira das coisas. As religiões dogmáticas, as ideologias salvacionistas, as fórmulas prontas em geral, são todas tentadoras do ponto de vista da Mente humana.

“Confortáveis porque dispensam a atenção total, oferecem respostas para qualquer questão e parecem providencialmente sábias. Ao espírito preguiçoso do nosso tempo esse prato servido é apetitoso. Tudo aquilo que pareça distante das normas habituais, longe do nosso condicionamento, diverso das nossas certezas enraizadas, merece repulsa imediata. Só a ideia de autoconhecimento já parece suspeita, contraditória, confusa, indigna da mente “objetiva”, cartesiana, científica, dos tempos correntes”.

E conclui:

“Nos baixos-relevos do grande portal da Notre Dame de Paris são representados alquimistas diante de seu forno, entre cadinhos e alguidares, os olhos postos no alto, à espera da “graça alquímica”. A decantação do espírito no forno do autoconhecimento conduziria a um estado no qual “o autor e a obra são uma só coisa”. Jacques Coeur, tesoureiro de Charles VII, falava de outra maneira a respeito do resultado da ópera alchimica: “Só se realiza o fim da Grande Tarefa quando já não há mais o alquimista, mas simplesmente a mistura e o forno. Aí não há mais nada a fazer”. Linguagem e interesses estranhos num tesoureiro.

O fato é que também aqui há indícios de que a tarefa principal de uma Vida é a descoberta do que se passa no próprio descobridor. Sem isso, que parece obscuro e supersticioso aos fanáticos de todas as seitas e aos escravos do pragmatismo – Jacques Coeur conseguiu ser financista e poeta – a vida carece de beleza e as pessoas vivem de empréstimo, esse empréstimo que se toma às doutrinas que prometem a felicidade amanhã, quando o mundo exterior estiver devidamente consertado”.

(de Gilberto Silos, Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/77)

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O Cinema Afasta-se da sua Verdadeira Finalidade

O Cinema Afasta-se da sua Verdadeira Finalidade

A recreação para o espiritualista sincero vai se tornando cada vez mais escassa.

As peças de teatro apelam tanto para os palavrões, a um realismo contundente – esquecendo que isso é apenas uma parte da realidade total de nossos dias – que as pessoas de boa formação não suportam: saem no meio da encenação da peça como sinal de protesto.

Os cinemas, basta ler os programas anunciados pelos jornais: sexo, nudismo, violência, malícia.

Realmente, qual uma nesga de sol que aproveita uma brecha das nuvens para dizer-nos que lá atrás encontra-se uma luz real, aparece um filme bom. E os cinemas recebem um público numeroso, superlotando suas dependências! Por que? É a essência humana esfomeada!

É verdade que certos filmes, mais profundos e, simbólicos, como a “Flauta Mágica”, não tiveram êxito esperado, embora atingissem sutilmente o íntimo das pessoas.

E se uma boa película dá bilheteria, por que não as produzir em maior número? O “marketing”, revela que a massa reclama violência, sexo, nudismo, malícia. Mas, o cinema não tem finalidade educativa? Ingenuidade! É comércio.
Houve um grande produtor que acreditou na função educativa do cinema e soube conciliar a finalidade econômica com a sociológica.

Foi Walt Disney.

Agora vem à baila a história da famosa atriz Doris Day, sempre julgada esquisita porque jamais consentiu representar papéis que suscitassem maus exemplos ao público. Por coincidência é cristã convicta, não fuma, não bebe, não se envolveu em triângulos amorosos, nem em qualquer outro tipo de escândalo. Foi, além disso, presidenta da Sociedade Protetora dos Animais da Califórnia, após ter realizado uma viagem à Europa, onde pregou o amor aos animais, numa campanha contra o uso de peles e plumas por mulheres vaidosas.

Doris Day teve a coragem de deixar o cinema, em pleno apogeu da fama, e mesmo diante de ofertas tentadoras, preferindo um programa de televisão com seu filho.

Disse ela: – “Não me encaixo mais no cinema. Os roteiros que me oferecem são crus demais para o meu temperamento. Dão muita ênfase ao sexo, a Violência, ao nudismo. Não sou puritana, mas acredito em mostrar mais o lado belo das coisas para animar a humanidade a continuar lutando neste mundo, não a desanimar”.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/77)

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Uma História para Crianças: Sou eu o teu Cristo, tu és Eu e Eu sou tu, sou Cristo do teu Eu e teu Eu sou Eu mesmo

Uma História para Crianças: Sou eu o teu Cristo, tu és Eu e Eu sou tu, sou Cristo do teu Eu e teu Eu sou Eu mesmo

Era uma vez um aluno que ouvia dizer de seu professor que existia um homem que se chamava CRISTO. Este Cristo tinha um Pai nos céus e uma Mãe na Terra. Estes dois criaram o seu filho Cristo. O professor contou que o Pai criou seu filho de perfeita luz e a Mãe deu à luz a sua preciosa carne. Aconteceu, disse o professor, que este filho se chamava mais tarde Filho de Deus por causa de sua perfeição. Porém, não acreditaram nele, pois ninguém via a luz. Acharam que ele era um mentiroso. Naquela época crucificavam os mentirosos e assim foi crucificado e posto o seu corpo numa tumba. No dia seguinte procuraram o seu corpo que, por um milagre, tinha desaparecido.

Houve muita discussão sobre o desaparecimento e acharam que o corpo tinha sido roubado e não podia ser outro senão o seu próprio pai. Chegaram a esta conclusão porque o guarda do cemitério não sabia nada do seu desaparecimento, não viu ninguém, não sentiu nada, pois então, somente a LUZ do Pai entrou na tumba e levou o seu Filho e o guarda não viu essa luz. Foi uma grande calamidade.

Chegaram, enfim, a seguinte conclusão: como ninguém se apoderou de seu corpo e somente as vestes mortuárias estavam na tumba, ele não tinha morrido e anda sem corpo para ninguém o achar.

O aluno não se satisfez com o desaparecimento e começava uma jornada dura para achar o Cristo. Ele disse a si mesmo:

– O Cristo estava na Terra, então não podia desaparecer; é preciso procurá-lo.

Começou a andar pelo mundo, andava pelos mares e montanhas, rios e vales, andava em baixo do mar e em cima dos ventos, perguntava às árvores e aos pássaros e não recebia resposta, tudo parecia em vão.

O aluno ficou mais velho e mais maduro em seus dias. Continuou procurando o Cristo nos sentimentos dos seres humanos, ia procurar na inteligência, procurava no colorido do Sol poente, na estrela da noite e da madrugada, na Lua, no crepúsculo do nascimento do dia, tudo em vão, não achava o Cristo, o seu querido Filho de Deus.

O aluno ficou ainda mais velho e já se estendia a cor de prata sobre os seus cabelos, andava já bem cansado com as costas arqueadas, pelas ruas, mas nunca se cansou a sua alma à procura do seu bem-amado.

Um dia, quando quase lhe faltaram as forças pelas duras caminhadas, aconteceu algo bastante esquisito. Parecia que a morte lhe tocava as costas, quando alguém lhe tocou levemente nos ombros dizendo:

– Aqui sou EU a quem tu procuras!

Virou-se rapidamente para ver quem lhe falava, mas, ninguém se achava presente.

Logo mais, aconteceu a mesma coisa, a mesma voz falava, porém mais forte.

– “Aqui sou EU”. Virou-se novamente e não achava ninguém.

Recomeçava de novo a caminhar pensando em seu Cristo. De repente,ouvia de novo a mesma voz, mas não falava, cantava, cantava cada vez mais forte, cantava assim como canta o mar:

– Aqui sou Eu, sou Eu aqui, o teu Cristo junto a ti.

O aluno perdeu-se em si mesmo ouvindo dentro de si a voz tão forte como o mar:

– Sou eu o teu Cristo, tu és Eu e Eu sou tu, sou Cristo do teu Eu e teu Eu sou Eu mesmo.

O aluno perdeu o mundo. Cristo reinava em seu Espírito.

(de Francisco PH. Preuss; publicado na Revista Serviço Rosacruz – 10/81- Fraternidade Rosacruz-SP)

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