NATURA
O globo terráqueo, é fácil distinguir,
Está envolto no mistério de nove capas.
Ainda que os videntes incapacitados não possam
Desvendar o segredo do seu coração,
Deus palpita no peito vibrante
Da Natureza e, desde o leste ao poente
Tudo é claridade e beleza.
O Espírito que ronda em cada forma
Atrai os espíritos de sua classe;
Os átomos brilham na sua luz
E lhe sugerem o prescrito futuro,
(Ralf Waldo Emerson)
Da prolífica pena e do iluminado coração do grande vidente Max Heindel saíram volumosos escritos, cheios de inspiração, relativos a Deus, ao ser humano e ao mundo.
A ciência, e bem assim a Religião, pouco a pouco, estão confirmando muitos dos sublimes trabalhos desse homem excepcional. O Estudante Rosacruz que procura se manter a par dos acontecimentos do mundo pelos jornais, revistas científicas, rádio, televisão, etc. ficará maravilhado ao verificar, em cada momento que passa, que as revelações ou descobertas científicas eram por ele conhecidas e até descritas muito tempo atrás.
Num homem que escreveu sobre tão diversos tópicos, que abarcam virtualmente todas as fases da vida, há um ponto interessante: em nenhum escrito de Max Heindel encontramos nada de apocalíptico, sombrio ou dramático. Todavia, quanto às poucas predições de importância que ele fez, poderia demonstrar-se quanto têm sido exatas e como se têm cumprido no transcurso dos últimos tempos.
O presente artigo reporta-se unicamente a uma das suas muitas observações de importância mundial.
Como iniciado, Max Heindel tinha a mística faculdade de funcionar conscientemente nos mundos internos e a capacidade de trazer ao plano físico as suas observações daqueles mundos.
Um dos fatos que mais chamou a sua atenção e durante muito tempo lhe despertou o maior interesse, foi a forma de moldar, no Mundo do Pensamento, a substância mental do arquétipo ou matriz de uma Nova Terra; o ser humano, tal como é dito no Conceito Rosacruz do Cosmos, no post-mortem, trabalha sobre a flora e a fauna e ajuda a construir um desenho ou molde espiritual, de matéria mental, para a Nova Terra, aquela que substituirá a presente. Então, esgotado o arquétipo da Terra atual, o Grande Arquiteto infundirá sua vida naquela matriz e a Nova Terra irá surgindo na forma correspondente ao novo arquétipo.
Há muitos séculos que se está processando a construção dessa forma mental; Max Heindel calculou que estaria terminada por volta de 1950 e que por essa altura, e posteriormente, começariam a irromper tremores de terra, erupções. Tal como o ser humano, afirma a Filosofia Rosacruz, a Terra é um Ser evolucionante. Seu Corpo Denso está destinado a perder densidade, tornando-se mais leve, cada vez mais etérico. A Nova Conformação da Terra, por outro lado, facilitará ao ser humano, na sua ronda de mortes e nascimentos, maior variedade de experiências, quando voltar de novo a esta Escola de Vida.
Tudo que existe no mundo, incluindo a própria Terra, tem um arquétipo exato, espiritual, que moldou esse Mundo Físico átomo por átomo, molécula por molécula. Esses arquétipos ou moldes são, todavia, coisas vivas, são a causa invisível de tudo que vive e tem forma na Terra. Tais arquétipos recebem certa natureza de Vida e são destinados a necessárias etapas dela. Quando um arquétipo particular deixa de emitir o seu canto de vida, a forma morre. No caso particular da Terra, seu arquétipo deve ser alterado antes da Terra ser modificada. O que Max Heindel viu foi o arquétipo da futura Terra.
A propósito das profecias de Mother Shipton, feitas cinquenta anos antes da descoberta da América e agora recolhidas no livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Max Heindel, a respeito de uma pergunta sobre as possibilidades de concretização dessas profecias, disse que ocorreriam cataclismos na crosta terrestre e que terremotos e crateras vulcânicas surgiram durante largos períodos de tempo. E que por volta de 1950 estaríamos assistindo aos sinais dessas transformações. E, em comentários mais amplos sobre as mesmas profecias, Max Heindel fez referências ao fim do mundo em 1991, no sentido de que um terrível cataclismo ou explosão sacuda o mundo inteiro, de tal modo que justifique a sua profecia. Logicamente, uma forma de expressão, visto que ele não acreditava que isso possa ser o fim do mundo.
Recentemente, os seres humanos de ciência, no campo da geologia, têm feito espantosas predições relativas a terremotos que podem irromper ao longo das grandes linhas de fratura da Terra. Também têm sido reportados como muito abundantes a atividade vulcânica e os terremotos.
Contudo, a mais alarmante revelação jamais ouvida no mundo proveio de uma tese cientifica, que afirma que a Terra está se fendendo gradualmente. Há cinco anos, uma jovem cartógrafa, Maria Tharp, notou que se estava formando uma série de terremotos perto de grandes fendas submarinas. Explorações feitas durante a maré alta localizaram essas trincheiras e uma grande linha de enormes fendas se descobriu por todo o globo. Tais fendas ou trincheiras submarinas têm uma profundidade de cerca de 3.500 metros e a largura de 46 quilômetros, ladeadas por montanhas de 2.000 metros de altura. Esses dados foram reportados pelos geólogos na Universidade americana de Columbia.
Segundo os ensinamentos Rosacruzes, a Terra tem nove capas ou estratos e um coração ou núcleo central.
Sob o Estrato Mineral, aquele sobre o qual vivemos, encontra-se o Estrato Fluídico, menos sólido que a crosta terrestre, não líquido, antes, uma pasta compacta. Tal estrato tem grande poder de expansão, tal como um gás altamente explosivo. É mantido no seu lugar pela enorme pressão e solidez da camada externa. Se esta camada externa se quebrasse, o Estrato Fluídico lançar-se-ia no espaço, produzindo uma catastrófica explosão. Ora, se as fendas da Terra se aprofundarem, é lógico supor que se produzam violentas reações pela libertação do Estrato Fluídico. Aliás, sabemos que, no passado, a Terra suportou muitos cataclismos e modificações e terá que sofrer muitos outros no futuro.
Tudo isto nos revela que nada mais somos que hóspedes temporários na superfície da Mãe Terra e que devemos ter regozijo em que o Espírito da Terra se esteja aliviando, pouco a pouco das suas cadeias físicas. É o mesmo que está sucedendo conosco, ao subirmos progressivamente, de condições materiais para estados mais espirituais. Temos, portanto, o dever de nos mantermos ao nível dos tempos que passam e preparar-nos, em todos os sentidos, para qualquer eventualidade da vida.
Há Rachaduras na Terra?
NATURA
O globo terráqueo, é fácil distinguir,
Está envolto no mistério de nove capas.
Ainda que os videntes incapacitados não possam
Desvendar o segredo do seu coração,
Deus palpita no peito vibrante
Da Natureza e, desde o leste ao poente
Tudo é claridade e beleza.
O Espírito que ronda em cada forma
Atrai os espíritos de sua classe;
Os átomos brilham na sua luz
E lhe sugerem o prescrito futuro,
(Ralf Waldo Emerson)
Da prolífica pena e do iluminado coração do grande vidente Max Heindel saíram volumosos escritos, cheios de inspiração, relativos a Deus, ao ser humano e ao mundo.
A ciência, e bem assim a Religião, pouco a pouco, estão confirmando muitos dos sublimes trabalhos desse homem excepcional. O estudante Rosacruz que procura se manter a par dos acontecimentos do mundo pelos jornais, revistas científicas, rádio, televisão, etc. ficará maravilhado ao verificar, em cada momento que passa, que as revelações ou descobertas científicas eram por ele conhecidas e até descritas muito tempo atrás.
Num homem que escreveu sobre tão diversos tópicos, que abarcam virtualmente todas as fases da vida, há um ponto interessante: em nenhum escrito de Max Heindel encontramos nada de apocalíptico, sombrio ou dramático. Todavia, quanto às poucas predições de importância que ele fez, poderia demonstrar-se quanto têm sido exatas e como se têm cumprido no transcurso dos últimos tempos.
O presente artigo reporta-se unicamente a uma das suas muitas observações de importância mundial.
Como iniciado, Max Heindel tinha a mística faculdade de funcionar conscientemente nos mundos internos e a capacidade de trazer ao plano físico as suas observações daqueles mundos.
Um dos fatos que mais chamou a sua atenção e durante muito tempo lhe despertou o maior interesse, foi a forma de moldar, no Mundo do Pensamento, a substância mental do arquétipo ou matriz de uma Nova Terra; o ser humano, tal como é dito no Conceito Rosacruz do Cosmos, no post-mortem, trabalha sobre a flora e a fauna e ajuda a construir um desenho ou molde espiritual, de matéria mental, para a Nova Terra, aquela que substituirá a presente. Então, esgotado o arquétipo da Terra atual, o Grande Arquiteto infundirá sua vida naquela matriz e a Nova Terra irá surgindo na forma correspondente ao novo arquétipo.
Há muitos séculos que se está processando a construção dessa forma mental; Max Heindel calculou que estaria terminada por volta de 1950 e que por essa altura, e posteriormente, começariam a irromper tremores de terra, erupções. Tal como o ser humano, afirma a Filosofia Rosacruz, a Terra é um Ser evolucionante. Seu Corpo Denso está destinado a perder densidade, tornando-se mais leve, cada vez mais etérico. A Nova Conformação da Terra, por outro lado, facilitará ao ser humano, na sua ronda de mortes e nascimentos, maior variedade de experiências, quando voltar de novo a esta Escola de Vida.
Tudo que existe no mundo, incluindo a própria Terra, tem um arquétipo exato, espiritual, que moldou esse Mundo Físico átomo por átomo, molécula por molécula. Esses arquétipos ou moldes são, todavia, coisas vivas, são a causa invisível de tudo que vive e tem forma na Terra. Tais arquétipos recebem certa natureza de Vida e são destinados a necessárias etapas dela. Quando um arquétipo particular deixa de emitir o seu canto de vida, a forma morre. No caso particular da Terra, seu arquétipo deve ser alterado antes da Terra ser modificada. O que Max Heindel viu foi o arquétipo da futura Terra.
A propósito das profecias de Mother Shipton, feitas cinquenta anos antes da descoberta da América e agora recolhidas no livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Max Heindel, a respeito de uma pergunta sobre as possibilidades de concretização dessas profecias, disse que ocorreriam cataclismos na crosta terrestre e que terremotos e crateras vulcânicas surgiram durante largos períodos de tempo. E que por volta de 1950 estaríamos assistindo aos sinais dessas transformações. E, em comentários mais amplos sobre as mesmas profecias, Max Heindel fez referências ao fim do mundo em 1991, no sentido de que um terrível cataclismo ou explosão sacuda o mundo inteiro, de tal modo que justifique a sua profecia. Logicamente, uma forma de expressão, visto que ele não acreditava que isso possa ser o fim do mundo.
Recentemente, os seres humanos de ciência, no campo da geologia, têm feito espantosas predições relativas a terremotos que podem irromper ao longo das grandes linhas de fratura da Terra. Também têm sido reportados como muito abundantes a atividade vulcânica e os terremotos.
Contudo, a mais alarmante revelação jamais ouvida no mundo proveio de uma tese cientifica, que afirma que a Terra está se fendendo gradualmente. Há cinco anos, uma jovem cartógrafa, Maria Tharp, notou que se estava formando uma série de terremotos perto de grandes fendas submarinas. Explorações feitas durante a maré alta localizaram essas trincheiras e uma grande linha de enormes fendas se descobriu por todo o globo. Tais fendas ou trincheiras submarinas têm uma profundidade de cerca de 3.500 metros e a largura de 46 quilômetros, ladeadas por montanhas de 2.000 metros de altura. Esses dados foram reportados pelos geólogos na Universidade americana de Columbia.
Segundo os ensinamentos Rosacruzes, a Terra tem nove capas ou estratos e um coração ou núcleo central.
Sob o Estrato Mineral, aquele sobre o qual vivemos, encontra-se o Estrato Fluídico, menos sólido que a crosta terrestre, não líquido, antes, uma pasta compacta. Tal estrato tem grande poder de expansão, tal como um gás altamente explosivo. É mantido no seu lugar pela enorme pressão e solidez da camada externa. Se esta camada externa se quebrasse, o Estrato Fluídico lançar-se-ia no espaço, produzindo uma catastrófica explosão. Ora, se as fendas da Terra se aprofundarem, é lógico supor que se produzam violentas reações pela libertação do Estrato Fluídico. Aliás, sabemos que, no passado, a Terra suportou muitos cataclismos e modificações e terá que sofrer muitos outros no futuro.
Tudo isto nos revela que nada mais somos que hóspedes temporários na superfície da Mãe Terra e que devemos ter regozijo em que o Espírito da Terra se esteja aliviando, pouco a pouco das suas cadeias físicas. É o mesmo que está sucedendo conosco, ao subirmos progressivamente, de condições materiais para estados mais espirituais. Temos, portanto, o dever de nos mantermos ao nível dos tempos que passam e preparar-nos, em todos os sentidos, para qualquer eventualidade da vida.
(Traduzido da Revista Rays from The Rose Cross e Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/1971)
A Iniciação Vista por Fernando Pessoa
Do grande gênio da poesia, Fernando Pessoa, que nasceu em Lisboa, em 13 de junho de 1888, desprende-se a profundidade infinitamente poética de um homem rosacruciano, cuja obra e ideal se situam num dos mais elevados planos da vida espiritual. Vamos ver como ele descrevia a Iniciação.
Em Pessoa, não podemos separar o pensador do poeta genial: ambos se radicam numa complexa e luminosa unidade, incisiva, constante, onde aparece invariavelmente a questão do “ser”, da autenticidade espiritual, da irremediável separação do “Eu superior”, do Eu-testemunha-silenciosa de todos os atos na Terra; em Pessoa é difícil distinguir os poemas que revelam o seu máximo expoente espiritual, e os que se nos afiguram menos explícitos – e isto porque nesse gênio do pensamento e da beleza poética, tudo é reflexão, tudo é nostalgia de um passado e de uma ausência que todos os seres com preocupações espiritualistas conhecem de perto, mas que só alguns gênios da poesia e da arte de pensar e sentir revelam e decifram na sua integral verdade.
Deixamos, pois, aqui, para o momento de meditação, alguns trechos do poema “No túmulo de Christian Rosenkreuz” (in Obras Completas de Fernando Pessoa, Ática editora, 1973):
Quando, despertos deste sono, a vida,
Soubermos o que somos, e o que foi
Essa queda até Corpo, essa descida
Até à Noite que nós a Alma obstrui,
Conheceremos, pois toda a escondida
Verdade do que é tudo que há ou flui?
Não: nem na Alma livre é conhecida…
Nem Deus, que nos criou, em Si a inclui.
Deus é o homem de outro Deus maior;
Adam Supremo, também teve Queda;
Também, como foi nosso Criador,
Foi criado, e a Verdade lhe morreu..
De além o Abismo, Sprito Seu, Lha veda,
Alguém não há no Mundo, Corpo Seu.
(…) Mas se a Alma sente a sua forma errada,
Em si, que é Sombra, vê enfim
luzido o Verbo deste Mundo,
humano e ungido
Rosa perfeita, em Deus crucificada. (..)
(…) Ah, mas aqui, onde irreais erramos
Dormimos o que somos, e a verdade.
Inda que enfim em sonhos a vejamos,
Vemo-la porque em sonho, em falsidade.
(…) Calmo na falsa morte e nós exposto,
O livro ocluso contra o peito posto,
Nosso Pai Rosacruz conhece e cala.
(Do Ecos de Mount Ecclesia e publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 01/86)
Protesto da Natureza
O poder da Natureza e sua influência sobre nós, como parte integrante da mesma, é incontestável.
É dele que extraímos o alimento, o ar que respiramos, a água, o benefício que nos proporciona a energia solar e o rico alimento dos mares como se um mundo à parte fosse dentro do nosso próprio mundo e, no entanto, é triste reconhecer o perigo ecológico que ora nos ameaça.
Com um pouco de sensibilidade, alguém ouviu do misterioso silêncio da Natureza o que passo a comentar.
A noite estava silenciosa, longe do vozerio da cidade, pois o fato que originou o presente relato é passado na pureza de um aprazível sitio. E eis a impressão desse alguém que meditava na ingratidão do ser humano para com Deus: o monólogo, para os que pensam que ele estava só, começa quando a criatura, ouvindo estranhos sons, procura classificá-los e acaba concluindo que tudo que se passou tem raízes profundas de verdade.
Na bucólica paisagem reinante, a noite é cálida e as estrelas, prateadas falenas divinas, como se fossem partículas de diamantes espargidos pelo zimbório celeste, oferecem magnífico cenário propício à meditação e essa alma contemplativa e cheia de sensibilidade, depois de ouvir e observar com cuidado o que à sua volta se passa, entretém suave diálogo com uma voz estranha e obtém as respostas que tanto a surpreendem.
– Por que ouço no ar soturno soluçar uma espécie de gemido não muito nítido, mas real? E a resposta não se faz esperar.
– O som que se faz ouvir é meu triste protesto contra os que estão a me poluir de mil maneiras. Sou o vento que soluça entre os ramos das árvores, pois já não sirvo como aragem que refresca nem como o ar que alimenta as criaturas. Quando corro, como as águas dos rios tropeço a cada passo, pois vejo deturpados os meus intentos. Quero, com minhas águas, fertilizar o solo, servir de meio de transporte, alimentar peixes e distribuir as minhas águas como enriquecedora fonte a ser consumida. Quando tratada, mitigo sede de todo ser vivente e para mil coisas estou sempre pronta a ser útil. Sou eu ainda que alimento as usinas de força e, unida ao sol, faço crescerem as plantas.
Sou os peixes e as aves que estão morrendo pela poluição daqueles que não me prezam como os prezo eu. Sou todos os animais que são sacrificados como distração para o ser humano que me destrói apenas por esporte, que me trancafia em zoológicos, tirando-me do meu habitat.
Sou as árvores decepadas sem escrúpulo e sem necessidade e que, dentro em pouco, privarão o mundo do oxigênio que generosamente ofereço.
Sou o obscuro grão de areia que pulsa em suas mãos. Sou, igualmente, a pedra que rola pelos caminhos do mundo como algo sem valor, como o pensam as crianças quando me atiram por diversão ou ainda quando me fazem explodir nas pedreiras os adultos, mas aí é diferente; quando elas se despedaçam, minha alma se divide e se multiplica, pois vou servir para alguma construção e me sinto feliz. Quando me tornam útil, sinto-me respeitada.
Muitas vezes, tenho lançado meus protestos através da boca dos vulcões que ponho em erupção ou nos terremotos e maremotos que provoco com grande alarido, afim de ver se com isso desperto o ser humano para a sua evolução, mas minha voz não é ouvida.
Choro por seres que querem e são impedidos de nascer. Pelas guerras e desigualdades que vejo. Pela fome que assola grande parte da população, pois o egoísmo dominou o mundo. Contudo, ainda assim, estou sempre procurando a tudo suportar, pois se muitos fizerem e entenderem o que você faz agora, dentro em breve voltarei a sorrir como as flores nos jardins, como o canto dos passarinhos, como a cantiga das cascatas, como o vento suave a entoar singela melodia.
Como toda a humanidade, possuo o meu lado alegre e o triste. Vou lhe revelar agora quem sou. Eu sou a alma de tudo que o rodeia. Sou a Alma da Natureza, que tudo vê e observa. Sou sua melhor amiga e quero estar sempre sendo sentida pela humanidade.
Alma irmã da minha alma, já se faz alta a noite e os Anjos a convidam para um sono feliz. Caminha para casa e vê se sonha comigo e divulga esse sonho quando despertar. Sou a Alma da Natureza a dialogar com a alma humana.
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/86)
Sabemos que a força designada sob o termo ALTRUÍSMO existe. Vemo-la manifestando-se de diversas maneiras em muitas partes do mundo. Observamos que ela está menos pronunciada nos povos menos civilizados do que naqueles de maior desenvolvimento. Nas raças atrasadas, é quase inexistente. A conclusão lógica dessa observação é que, há muito tempo, quando a humanidade passava pelos mais primitivos estágios, o altruísmo estava completamente nulo. E dessa conclusão surge naturalmente a pergunta: que foi que o induziu em nós? A personalidade material certamente não foi. Na verdade, esse aspecto do ser humano estaria muito melhor sem ele.
Ao mesmo tempo, não podemos deixar de reconhecer que o altruísmo deve ter estado latente dentro de nós durante todo o tempo, pois do contrário não poderia ter sido despertado. Do nada não pode surgir qualquer coisa. O que uma semente exprime ao germinar, levava-o dentro de si.
Torna-se, pois, evidente que, tudo que eleva o ser humano a melhor padrão de conduta deve brotar-lhe do íntimo, de uma fonte não idêntica ao seu corpo, pois muitas vezes luta contra os interesses mais óbvios deste. Doutro lado, deve ser uma força poderosíssima, bem mais forte que o corpo, uma vez que o compele a fazer sacrifícios, em benefício dos fisicamente mais frágeis.
Tal força existe mesmo, ninguém poderá negar-lhe a existência. No atual estágio de desenvolvimento ela nos leva a considerar na debilidade alheia, não uma oportunidade de presa fácil e da exploração; ao contrário, nessa fragilidade vemos um apelo de proteção. O egoísmo vai sendo, lenta e seguramente dissolvido pelo altruísmo.
Embora lento, o progresso do altruísmo é ordenado certo, realizando naturalmente seus propósitos. No íntimo de cada um de nós ele vai agindo como um fermento, transformando o selvagem num civilizado e, com o tempo, transubstanciando este num Deus.
Uma chispa do Cristo Cósmico, incorporada em nosso Redentor, para seu trabalho de purificação de nosso globo e estabelecimento de um clima favorável ao desabrochar do altruísmo, obteve acesso à Terra por meio do sangue purificado de Jesus, que fluiu no sacrifício do Gólgota. Atualmente essa chispa Crística está operando dentro de nosso globo para atenuar sua constituição física e suprafísica. Um poderoso fluxo espiritual foi sentido, no momento em que Ele se integrou à Terra, e uma luz irradiou-se tão intensa que toldou a visão do povo; este maravilhoso evento marcou o início da ação do princípio altruístico sobre o gênero humano. Isto tem concorrido sobremaneira para a segurança do processo evolutivo, pois dia a dia todos os sentimentos que fortalecem o interesse próprio são gradualmente transmutados em ações visando o bem-estar alheio.
Se o Cristo não tivesse vindo e iniciado tal processo descristalizante, outra Lua teria sido arremessada ao espaço, levando consigo a escória resultante daquele tenebroso estado de coisas. Esse sacrifício do Espírito do Cristo Cósmico não significa a Sua morte como comum e erroneamente é admitido, mas sim um influxo à Terra de uma elevadíssima energia que permite vivermos mais abundantemente em espírito.
Ainda hoje, séculos após o acontecimento do Gólgota, poucos são aqueles que estão aptos a viver tão próximos à verdade, seguindo suas concepções, professando-a e confessando-a perante o mundo por meio do serviço e por um reto viver. Ante tamanha evidência, bem podemos imaginar como deve ter sido nos remotos tempos que antecederam ao advento do Cristo, quando os seres humanos não possuíam dentro de si a elevação do Altruísmo.
Os padrões de moralidade eram muito baixos e o amor à verdade era uma tênue chama, quase inexistente na maioria dos seres humanos, os quais empenhavam-se mais em acumular riquezas, poder ou prestígios, muitas vezes por meios os mais abjetos possíveis. A tendência natural era conservar a inclinação aos interesses próprios, muitas vezes em detrimento de outrem.
Dessa forma, os Arquétipos enfraqueceram-se, as funções orgânicas foram afetadas intensamente, particularmente em relação aos corpos ocidentais que se tornaram mais sensitivos à dor em virtude do crescimento da consciência espiritual.
O Egoísmo não existia no mundo até que a névoa se condensasse e a humanidade saísse da atmosfera aquosa da Atlântida. Quando seus olhos se abriram, de modo que pudesse perceber o Mundo Físico e tudo o que nele existia, quando cada um ou cada uma viu-se separado dos outros, a consciência do “mim e do meu”, do “teu e da tua” formou-se nas mentes recém-surgidas e a ambição e separatividade substituíram o sentimento de companheirismo até então existente sob as águas da Atlântida. Daí em diante o egoísmo tem sido uma atitude muito natural, mesmo em nossa jactanciosa civilização. O Altruísmo permanece como um sonho utópico para as pessoas “práticas”.
Porém, entre uma minoria a qual já possui evidente iluminação, ele floresce mais e mais, e dia virá em que todos os seres humanos serão tão bons e indulgentes como o foram os maiores santos.
À medida que os anos passam, os movimentos altruístas vão se multiplicando e ganhando eficiência, eficiência que simboliza um novo modo de beneficiar o próximo. Isso consiste num altruísmo mais autêntico, visto que o trabalho efetuado no sentido de se distribuir esmolas, pura e simplesmente, torna-se um meio caritativo degradante e humilhante àquele que recebe o donativo, pois a natureza do benefício confina-se somente à necessidade material, tornando-se mister que haja uma atitude concomitante visando a elevação do ser.
Essa forma de auxilio mais aperfeiçoada, eleva aqueles a quem nós ajudamos, não só amenizando a situação em que se encontram, mas estimulando-os ao reerguimento por meio das próprios forças. Essa espécie de auxílio inclui o pensamento e o autossacrifício que estão sendo incutidos fortemente pelos nossos Guardiães Invisíveis, os quais são atualmente os irmãos que zelam pelos mais fracos.
Podemos perfeitamente iniciar tal trabalho no lar, sendo amorosos para com todos aqueles com quem estamos em contato imediato, sendo fiéis nas pequenas coisas, pois procedendo assim maiores oportunidades não deixarão de se apresentar.
Devemos nos tornar universais em nossas simpatias, pois o refrão “ame ao vosso vizinho como a ti mesmo” se aplica ao mundo inteiro e não unicamente aos nossos vizinhos imediatos. Podemos amar outras famílias bem como a nossa, outros países sem diminuirmos amor para com o nosso.
Grandes são as dores que estão fazendo nascer o Altruísmo em milhões de corações, porém, por meio do sofrimento ele cresce e torna-se melhor do que antes. À medida que o tempo passar e Cristo, por meio do seu beneficente influxo atrair mais Éter Interplanetário à Terra, esta ficará com o seu Corpo Vital bem mais luminoso.
Assim acontecendo, caminharemos num mar de luz, o que fará com que Ele, sendo a Luz, venha a unir-se com outras luzes.
Para que o ser humano atinja um elevado estágio em sua evolução, é mister que o egoísmo seja absorvido pelo Altruísmo.
Saturno, brandindo o chicote da necessidade sobre o ser humano nos tempos primitivos, o levou à situação presente; assim também Júpiter, o Planeta do Altruísmo, está destinado a ascendê-lo ao estado de “super-homem”, onde permanecerá sob o Raio de Urano que por sua natureza emocional substituirá a paixão pela compaixão.
O Altruísmo, a nota-chave de Urano, oculta um amor envolvente tal como o Salvador sentiu. Urano, como a oitava inferior a Vênus, influenciará a todos aqueles que estão em condições de entrar no Caminho da preparação que os conduzirá à Iniciação. Assim, todos os seres que estão nesse ponto de sua evolução deverão gradualmente aprender a suplantar o Amor Venusino, iniciando dessa forma o cultivo daquele amor Uraniano de Cristo, amor que não requer retribuição, amor que não se amainará em relação aos nossos familiares, porém estes senti-lo-ão com maior intensidade do que aqueles que se encontram mais distantes de nós.
A vida superior (Iniciação) não apresenta seus primeiros indícios até que o trabalho sobre o Corpo Vital seja iniciado. O meio dinamizante dessa atividade é o amor ou melhor, o Altruísmo, embora a palavra amor, hodiernamente, devido às deformações porque passou, não exprima mais com fidelidade aquele sentimento que o Cristo nos legou. Exige-se de nós que cultivemos pelos menos algumas das tendências altruísticas, a fim de que o progresso seja levado a efeito para além do nosso presente estágio.
Como estudantes do Cristianismo Esotérico, devemos nos esforçar no sentido de observar os ensinamentos de Cristo Jesus, procurando expressar e vivificar tenazmente o amor e o Altruísmo. Assim procedendo, estaremos mostrando ao próximo que o amor é a chave que abre todas as portas e a bússola segura e infalível a conduzir-nos à Luz. Se compreendemos que nosso dever é difundir a Filosofia Rosacruz, saibamos também como fazê-lo.
A ação com objetivo de proselitismo ou perturbar as crenças já existentes não se coaduna com o ideal Rosacruz, mas, chegar àqueles que necessitam de verdades mais elevadas, àqueles que não podem encontrar Cristo pela fé somente, àqueles cujos intelectos exigem uma explicação do passado, do presente e do futuro desenvolvimento do mundo e do ser humano, isto sim é procurar dar expansão ao rosacrucianismo por meios seguros e louváveis.
Sumariando, concluímos: assim que o ser humano principia a viver em consonância com a verdade, começa a observar a sociedade, vendo os homens e mulheres como sendo seus irmãos e irmãs. O ódio, a inveja, o ciúme, o egoísmo, a cobiça, a avareza não mais o embotam, porque ele vê a si mesmo como uma parte de todas as vidas.
Sabe perfeitamente que aquilo que é bom para um é bom para todos, que nunca poderá ferir a alguém sem que fira a si próprio e que sua vida é um entrelaçar inexorável com toda a humanidade. Portanto, o seu coração é levado inevitavelmente ao amor impessoal, ao amor para com todos homens e mulheres. Vê a possibilidade da consciência espiritual de cada um sendo desenvolvida; compreende que todos estão trilhando o mesmo caminho, embora ele esteja um pouco mais além, que nenhuma vida poderá ser deixada para trás quando os benéficos propósitos de Deus se completam.
O que o ser humano chama de pecado, ele transmuta em termos de ignorância e de egoísmo. Sua compreensão já não lhe permite desprezar ou condenar a alguém, mas sim, expressar compaixão, simpatia e ajuda. O ser humano espiritual não somente compreende a sua união com Deus, como jamais olvida a sua unidade com todo o gênero humano. Isso é o Altruísmo no seu mais elevado sentido.
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/1967)
A Gratidão onde, muitas vezes, esquecemos
Durante o mês de novembro do segundo ano da grande Guerra de Secessão, renhida entre os estados do sul e os do norte dos Estados Unidos, com vistas à abolição da escravatura, encontrava-se certo jovem médico afeto a um hospital de sangue próximo da capital do país, Washington. Certa manhã chuvosa, ao dirigir-se à cama de um ferido, aproximou-se dele uma ordenança e o deteve.
– O senhor é o Dr. Jason Wilkins? – Perguntou-lhe.
– Sim, senhor.
– Lamento, doutor, mas tenho que prendê-lo e levá-lo a Washington.
Jason olhou para a ordenança com ar de desprezo, e lhe disse:
– O senhor está equivocado, amigo.
O soldado puxou do bolso de sua farda um envelope pesado e o entregou a Jason. Este o abriu com certo temor, e leu:
“Mostre isto ao médico Jason Wilkins do regimento N.º… . Prenda-o, e o traga a minha presença imediatamente – A. Lincoln.”
Jason empalideceu.
– Que está acontecendo? – Perguntou ao ordenança.
– Não perguntei ao presidente, respondeu o soldado secamente. Sigamos imediatamente, por favor, doutor.
Assustado, Jason seguiu para Washington. Recapitulou todas as pequeninas contravenções que havia cometido.
Ao chegar ao destino, foi encerrado numa pensão por uma noite.
No dia seguinte, às doze horas, a ordenança o levou à Casa Branca.
Depois de uma hora de espera, apareceu um homem por uma das portas da audiência do presidente, e chamou:
– Dr. Jason Wilkins!
– Presente, respondeu Wilkins.
– Por aqui!
E Wilkins, após segui-lo, encontrou-se em uma sala cuja porta se fechou atrás dele. Não havia na sala senão um homem: era Lincoln.
Sentado diante de sua escrivaninha, fixou os escuros olhos no rosto de Wilkins – um rosto belo e jovem, apesar do tremor dos joelhos.
– É você Jason Wilkins?
– Sim, Excelência, respondeu o jovem médico.
– De onde é você?
– De High Hill, Estado de Ohio.
– Tem parentes?
– Somente a minha mãe é viva.
– Sim, somente sua mãe! Bem, jovem, como está sua mãe?
– Bem. .. bem. .. Não sei – balbuciou Wilkins.
– Não sabe! – Repetiu Lincoln – E por que não sabe? Está morta ou viva?
– Não sei, disse o médico. Para dizer a verdade, faz tempo que não lhe escrevo, e creio que ela não saiba onde estou.
O Sr. Lincoln esmurrou com seus grandes punhos a escrivaninha e seus olhos dardejaram sobre Jason Wilkins.
– Recebi uma carta dela. Supõe que você já morreu, e me pede que faça investigação quanto a sua sepultura. Ela não presta? É de má origem? Responda-me cavalheiro!
O médico endireitou-se um pouco e disse.
– É a melhor mulher que já viveu até agora, Excelência.
– Não obstante, você não tem motivos para gratidão! Como conseguiu você estudar para médico? Quem lhe pagou as despesas? Seu pai?
– Não, Excelência, respondeu Wilkins enrubescido; meu pai era pregador metodista pobre. Minha mãe conseguiu o dinheiro, embora eu trabalhasse para pagar quase todas as minhas despesas com pensão.
– Bem, e como conseguiu ela o dinheiro?
Os lábios de Wilkins se enrijeceram.
– Vendendo seus objetos, Excelência.
– Que objetos?
– Principalmente coisas antigas; sem valor a não ser para os museus.
– Pobre louco! – Disse Lincoln – Os tesouros de seu lar… vendidos um após outro… para você.
De repente, o presidente levantou-se e apontando com o grande indicador para a escrivaninha, disse:
– Venha cá; sente-se e escreva uma carta a sua mãe.
Wilkins aproximou-se em obediência e sentou-se na cadeira do presidente. Tomou de uma pena e escreveu uma pequena carta a sua mãe.
– Coloque-lhe endereço e me dê, disse-lhe o presidente; e acrescentou, levantando um pouco a voz: – E agora Wilkins, enquanto estiver no exército, escreva a sua mãe uma vez por semana. Se tiver que o repreender novamente por causa deste assunto, fá-lo-ei comparecer perante uma corte marcial.
Wilkins levantou-se, entregou a carta ao presidente e ficou aguardando ordens, Finalmente Lincoln se voltou para ele.
– Meu filho – disse-lhe amavelmente – não há no mundo qualidade melhor do que a gratidão. Não pode um homem encerrar em seu coração nada mais desagradável e degradante do que a ingratidão. Mesmo o cão aprecia a bondade, e nunca esquece a palavra amável ou o osso que se lhe atira.
Lincoln fez novamente uma pausa e, em seguida, disse:
– Pode ir embora, meu filho.
É desnecessário dizer que o médico reconheceu a justiça das severas palavras do presidente e em seguida começou a corrigir, para com sua mãe, o aparente esquecimento em que a tivera antes.
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/1967)
A Juventude não está perdida
Não, não concordamos de forma alguma com a afirmação de que “a juventude atual está perdida”. É uma afirmação gratuita. A ninguém é lícito opinar assim tão radicalmente sem situar a questão dentro de um contexto.
A humanidade vive uma fase de transição em sua caminhada e isso, obviamente, produz uma desagradável sensação de caos. E ninguém vive mais intensamente as agruras deste momento do que as novas gerações.
Jovens e adolescentes sentem inquietude provocada pelas sucessivas crises que se abatem sobre a sociedade humana. Quando a família se desintegra por incompatibilidade entre os pais, eles, os jovens, são os que mais sofrem. Insegurança, medo, carência de apoio, tornam-nos revoltados e agressivos numa fase de suas vidas em que deveriam receber carinho. É incrível como os pais e educadores de um modo geral não entendem isso.
Essa insegurança gera reações e comportamentos denominados de “contestadores”. Talvez até seja verdade. Mas antes de emitirmos qualquer juízo a respeito, porque não verificamos as causas dessa reação?
Deve ser terrível, por exemplo, para jovens que trabalham incansavelmente durante o dia para custear seus estudos no período noturno constatar quão ausente de perspectivas é o mercado de trabalho para o futuro. E isso ocorre em muitas nações nos dias de hoje.
Os jovens são mais sensíveis e receptivos às vibrações aquarianas. Sentindo interiormente a influência uraniana da nova Idade, deve ser doloroso convier com estruturas sociais e educacionais já ultrapassadas.
Segundo alguns pensadores, a escola, a igreja e a família constituem o trinômio plasmador de consciência.
Consciência? Mas como? Com o imobilismo e falta de criatividade dos nossos sistemas educacionais? Com o dogmatismo opressor das igrejas? Com o despreparo dos pais?
Mesmo enfrentando todas essas adversidades encontramos nossos jovens presentes nos mais atuantes movimentos comunitários. São exemplos dignificantes de disposição para o trabalho em equipe, onde oferecem generosamente suas energias pelo êxito da empreitada.
Associar o consumo de drogas unicamente à juventude é um equívoco inominável. Alguns se tornam presa fácil do vício porque não encontram uma palavra amiga ou suficientemente lúcida para orientá-los.
O envolvimento com drogas atinge uma minoria. A despeito de tudo, a maior parte dos jovens procura imprimir um rumo sério às suas vidas.
Percorramos os restaurantes vegetarianos. Lá encontraremos os jovens, conscientes de que aquela alimentação é a ideal. Eles estarão também nas bibliotecas, nas praças de esportes, nos grêmios estudantis e sindicatos. Ora, isso é assumir uma postura responsável diante da vida!
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/86)
Cristo é o Nosso Modelo
Muitos Estudantes, não raramente, são fustigados por dolorosas provações. Essas fases, às vezes, prolongam-se por bom tempo e podem ensejar reações negativas se não forem enfrentadas com calma e firmeza.
Uma provação representa uma ou várias lições pendentes de vidas passadas, cujo aprendizado deve acontecer agora. Qualquer tentativa de procrastinar esse aprendizado redundará numa experiência mais dolorosa ainda, neste ou no próximo renascimento. Portanto, é inútil fugir. Não adianta quedar-se passivo,lamentando a “própria desgraça”.
Antes de mais nada é preciso que se entenda: o propósito da vida é a experiência e não o sofrimento, como alguns imaginam. A atitude mais correta é tentar entender o que está acontecendo e por quê. A meditação, a oração e o estudo servem justamente para esse propósito.
O Estudante, porém, muitas vezes depara com uma situação complexa, intrincada, à primeira vista um beco sem saída. Contudo, não é bem assim. Há sempre uma saída. Talvez não seja a solução ideal no entendimento do Estudante, mas, de qualquer forma é o que mais lhe convém em termos de crescimento anímico.
E como reagir diante de uma situação capaz de causar perplexidade?
Bem, há que haver um parâmetro de comportamento. Esse modelo é Cristo.
Se nos perguntarmos como reagiria o Cristo em uma dada circunstância, logo o saberemos. Ele, em qualquer situação seria compassivo, tolerante, paciente, compreensivo e amoroso. Seu Espírito perdoador de imediato transmutaria todo e qualquer desentendimento em concórdia.
Alguém, entretanto, pode objetar: mas o Cristo é o Cristo. Eu sou um ser humano, cheio de falhas.Cristo é um ideal muito distante para mim. É uma meta inatingível.
É lógico, nenhum ser humano agiria exatamente como o Cristo, porque ninguém o iguala em perfeição e sabedoria. Contudo, pode se reagir amorosamente em um relacionamento conflituoso, sem expressar um amor tão perfeito como o do Cristo. É necessário, entendamos, manifestar as virtudes do Cristo, mesmo que se o faça imperfeitamente. Se houver boa vontade as coisas se resolverão.
Todos nós passamos por fases de duras provações em nossas vidas. Se vivermos cada minuto de nossas existências como sabemos que o Cristo desejaria que o vivêssemos superaremos gloriosamente todas as provas.
Meditemos sobre esta frase: “Se vivermos cada minuto como sabemos que o Cristo desejaria que o vivêssemos“.
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/86)
A Encarnação do Verbo: para isso não dissimule a sua deidade
Deus, o Grande Mestre, nos ensina de muitos modos e com pedagogia inigualável. Um deles é a encarnação do Espírito numa forma, forma como a que estou usando ou as que vocês estão usando, pelas quais nos vemos e nos reconhecemos. As formas fazem parecer que somos “eu” separados. As crianças e os jovens se apaixonam e se apegam à forma. Contudo, o Espírito “adulto” vê além da forma e descobre uma natureza em comum em todas as formas. Em todos os contatos e diálogos há uma referência tácita, como que a uma terceira pessoa, a uma natureza impessoal, que é Deus em todos, irmanando-nos essencialmente.
Essa essência é que dá sentido de unidade a um grupo de pessoas que se empenham na busca da verdade (como fazemos aqui na Fraternidade Rosacruz). Essa essência é que comunica a todos o pensamento e sentimento do orador e de cada presente, permitindo a todos, na proporção em que se lhes afina, assenhorear-se à verdade e internamente crescer. Independentemente da cultura, tal essência confere sabedoria a todos. Infelizmente, a educação tradicional, materializada, busca silenciar e obstruir a expressão nessa sabedoria, considerando como mais importante as experiências sensoriais. Mas, quem aspira à verdade, atrai-a de sua fonte espiritual ou da conjugação de forças espirituais (numa reunião como a nossa), e dela se apropria sem preocupação de a rotular com AUTORIAS. A verdade é eterna e a todos pertence. Uns são melhores canais dessa fonte que a todos deseja abrir-se, mas sem compromisso de pertencer-lhes, porque é universal. Assim, aprendemos pelas circunstâncias, pelas experiências próprias e alheias. Muito se aprende de pessoas simples e intuitivas.
Na sociedade, no trabalho, na família, muitas vezes descemos da nobre condição de seres espirituais para a de seres comuns, quando dissimulamos nossa deidade e nos misturamos aos hábitos comuns que acabam por delongar nossa ascenção. Tal se dá pela falta de convicção: medo de expressar o que essencialmente somos, conveniência de tirarmos proveito econômico, agradando aos demais, o tremendo impacto das opiniões contrárias, etc. Mais sábia é a discrição convicta de quem “vive no mundo e não lhe pertence” e diz as cousas quando, como e a quem seu íntimo o revela, sem trair sua identidade espiritual.
É o Espírito quem percebe e revela-nos a verdade. Ele está presente em todos e em todas as idades. Em minhas relações com meu filho, erijo o Espírito como árbitro entre nós: nos seus olhos jovens assoma o mesmo Espírito como árbitro entre nós: nos seus olhos jovens assoma a mesma essência que ele e eu amamos e reverenciamos, acima de tudo! O entendimento não existe independentemente do Espírito: a característica da inteligência é a de discernir entre o certo e o errado, através do Espírito. Somos muito mais sábios do que supomos.
Se não interferíssemos na ação do pensamento e o deixássemos fluir integramente, então poderíamos aprender muito mais de nosso íntimo, vendo o pensamento e a ação do Espírito sem entraves, em todas as pessoas como em nós mesmos. A comunicação que o Espírito faz da verdade ao coração é o mais sublime acontecimento da natureza, pois a verdade não apenas dá de si, senão que se dá inteira e se converte no próprio indivíduo a quem ilumina. Esse o mecanismo da intuição, o verbo que faz carne, na ação humana, quando o entendimento não o desvirtua ou intercepta.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1971)
A Missão Edificante e Equilibradora da Fraternidade Rosacruz
Os que já estudaram e comprovaram o poder do pensamento e do sentimento, sabem perfeitamente o efeito que eles produzem nos planos invisíveis, difundindo-se e afetando todas as pessoas que lhes estejam sintonizadas, por mais distantes que se encontrem.
Ora, os trabalhos coletivos da Fraternidade – comum ofício devocional de poderosos efeitos, com os sentimentos e pensamentos conjugados de pessoas idealistas e amorosas – contribuem, em proporção muito maior do que se imagina, para o advento da nova Era de Aquário e estabelecimento da Fraternidade Universal. Uns poucos milhares de pessoas preparadas, trabalhando afinadas num mesmo ideal, podem mudar a história do mundo inteiro e transformar o estado de consciência humana em Consciência divina. A espiritualização da consciência humana será conseguida através de uma minoria que conhece e vive a verdade, estendendo-a da esfera individual para a da coletiva e ao mundo inteiro.
A influência de Aquário, iniciada em meados do século passado, se acentua com a descida de Éteres refinados.
Através deles Urano sensibiliza-nos a aura e nos predispõe a ideais mais avançados. Desse modo, aqueles que buscam a Luz, estão sendo incentivados pelos Guias da Humanidade e entrando num círculo cada vez mais estreito de causas e efeitos, aspirando e recebendo cada vez mais os Ideais da Nova Idade. Mas para isso deverão exercitar: receber e dar à luz e o amor divinos. Só assim poderão fazer jus ao influxo e é realmente um privilégio encontrarmos ensinamentos tais como os que se nos oferecem na Filosofia Rosacruz.
Conscientizando-os, aplicando-os com Amor, vamos seguramente transformando o ser humano velho em novo e realizando, em trabalho conjunto com os companheiros da Fraternidade, essa transubstanciação da Humanidade.
Portanto, a espiritualização começa em nosso íntimo e daí se projeta, como silenciosa pregação, ao mundo inteiro, elevando-o juntamente conosco, conforme exemplifica Max Heindel ao contar a história da pregação de São Francisco de Assis.
Feliz do indivíduo que recebe a Oportunidade de conhecer verdades espirituais tão altas e honestas; e mais feliz ainda o que toma a decisão de sobrepor-se, de superar-se, vivendo a vida espiritual, encetando a busca sincera e perseverante de Deus, em seu íntimo, buscando a Luz dentro dele, até lográ-la; o irromper da consciência divina e receber-Lhe o influxo glorioso e transformador.
Ao buscar e alcançar a própria realização, transforma-se, ao mesmo tempo, num servidor da humanidade!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1971)
Como se deve orar
Como se deve orar? Aprendemos a técnica da oração com os místicos cristãos, desde São Paulo até São Bento, e até essa multidão de apóstolos anônimos que durante vinte séculos iniciaram os povos do Ocidente na vida religiosa. O Deus de Platão era inaccessível na sua grandeza; o de Epíteto confundia-se com a alma das coisas e Jeová era um déspota oriental que inspirava terror e não amor. O cristianismo, pelo contrário, colocou Deus ao alcance do ser humano. Deu-lhe uma face; fê-lo nosso Pai, nosso Irmão e nosso Salvador. Para atingir Deus, já não há, necessidade de um cerimonial complexo nem de sacrifícios sangrentos. A oração tornou-se assim fácil, e sua técnica simples.
Para orar, basta somente o esforço de nos elevarmos até Deus; tal esforço, porém, deve ser efetivo e não intelectual. Uma meditação sobre a grandeza de Deus, por exemplo, não é uma oração, a não ser que seja, ao mesmo tempo, uma expressão de amor e fé. E assim a oração, segundo o processo de La Salle, parte de uma consideração intelectual para logo tornar-se efetiva. Seja curta ou longa, seja vocal ou apenas mental, a prece deve ser semelhante à conversa que a criança tem com o seu pai. “Cada um apresenta-se conforme é”, dizia um dia uma pobre irmã de caridade que há trinta anos queimava a sua vida ao serviço dos pobres. Em suma: ora-se como se ama todo o nosso ser.
Quanto à forma, a oração varia desde a curta elevação a Deus até à contemplação; desde as simples palavras pronunciadas pela camponesa que se ajoelha perante a cruz na encruzilhada dos caminhos até a magnificência do canto gregoriano sob as abóbadas de uma catedral.
A solenidade, a grandeza e a beleza, não são necessárias para a eficácia da oração. Poucos homens têm sabido orar como São João da Cruz ou como São Bernardo de Clairvaux, não havendo necessidade de ser-se eloquente para ser atendido; quando se aprecia o valor da oração por seus resultados, nossas mais humildes palavras de súplica e de louvor são tão aceitáveis ao Senhor de todos os seres como as mais belas invocações. Fórmulas, recitadas maquinalmente são, também, de qualquer forma, uma oração. Sucede o mesmo que acontece com a chama de um círio. Basta, para isso, que essas fórmulas inertes e essa chama material simbolizem arroubo de um ser humano para Deus. E também se ora por meio da ação, pois já S. Luís Gonzaga dizia que o cumprimento do dever é equivalente à oração. A melhor maneira de comunicar-se com Deus é, incontestavelmente, cumprir integralmente a Sua vontade.
“Pai Nosso, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como nos céus”. Fazer a vontade de Deus consiste, evidentemente, em obedecer às leis da vida, tais como elas se encontram gravadas nos nossos tecidos, no nosso sangue e no nosso espírito.
As orações que se elevam como “uma pesada nuvem da superfície da Terra” diferem tanto umas das ou outras como diferem as personalidades daqueles que rezam; contudo, consistem em variações sobre estes dois mesmos temas – amargura e amor. É inteiramente justo implorar o auxílio de Deus para obter-se aquilo de que temos necessidade; no entanto, seria absurdo pedir a realização de um capricho ou solicitar aquilo que devemos procurar por nosso esforço.
O pedido importuno, obstinado e agressivo é bem-sucedido. Um cego, sentado à beira do caminho, lançava as suas súplicas cada vez mais alto, apesar das pessoas que o queriam mandar calar. “A sua fé curou-te”, disse Jesus que passava. Na sua forma mais elevada, a oração deixa de ser uma petição. O homem declara ao Senhor de todas as coisas que O ama, que Lhe agradece as dádivas e está pronto a realizar a Sua vontade, seja ela qual for.
A oração torna-se contemplação. Um velho camponês estava sentado sozinho no último banco da igreja vazia, “Que esperais?”, perguntaram-lhe. “Olho para Ele”, respondeu o homem, “e Ele olha para mim”. O valor de uma técnica avalia-se por seus resultados. Toda a técnica da oração é boa, quando põe o ser humano em contato com Deus.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1971)