Arquivo de categoria Filosofia

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Problemas da Intimidade: Quem se desilude é porque se iludiu primeiro

Problemas da Intimidade: Quem se desilude é porque se iludiu primeiro

Apelando para a sabedoria popular, costuma dizer nosso caboclo: “para conhecermos alguém é preciso comermos juntos um saco de feijão”, isto é, conviver durante um tempo razoável com ele. De fato, a convivência traz a intimidade e esta nos revela a pouco e pouco as fraquezas e virtudes de seu caráter. E como ainda os maiores seres humanos estão engatinhando no Cristianismo e “bebendo do leite da doutrina”, tem a tendência inferior de ver e exaltar os defeitos e lembrar-se pouco das virtudes. A Filosofia Rosacruz nos ensina que todos os seres humanos, mesmo os selvagens, têm algo de bom, que deve ser exaltado e cultivado. No livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” lemos a passagem em que Cristo e seus discípulos, passando pelo cadáver em putrefação de um cachorro, disse: “as pérolas não são mais brancas que seus dentes”. Num espetáculo que parecia inteiramente nauseabundo e feio encontrou Ele motivo de beleza, porque sabia dos benéficos efeitos que produzia sobre o Mundo do Desejo, ao “procurar o bem em todas as coisas”. E no fim de nosso ofício devocional repetimos sempre: “procuremos esquecer os defeitos e fraquezas de nossos irmãos e ver apenas a divina essência que existe em cada um deles, pois nisso consiste a verdadeira fraternidade”.

Mas verificamos todos os dias que os estudantes se esquecem desses princípios e deixam-se arrastar pelos antigos hábitos de crítica destrutiva. Ora, um hábito com outro se corrige. Não é possível conciliarmos hábitos errados do passado com a formosa Filosofia Rosacruz. “Não se põe remendo novo em vestido velho”, senão, que “devemos morrer todos os dias” nas coisas erradas para formar o novo ser humano.

Aqueles que entram na Fraternidade e dela se afastam quando percebem um defeito noutro irmão, mesmo nos dirigentes (porque ali ninguém é santo), não compreendeu que constituímos uma escola de aperfeiçoamento cristão e, apesar de nossas falhas, procuramos fazer o melhor possível.

Além disso, o que nos deve fixar na Fraternidade não são as pessoas, mas o IDEAL Rosacruz. É verdade que devemos dar o melhor exemplo possível, “dentro de nossas forças”, pois, os principais colaboradores estão de certo modo, como a cidade edificada sobre o monte ou o lampião do velador, algo destacados e mirados pelos principiantes como indivíduos melhores. Daí, muitas vezes, a decepção e afastamento de um novo estudante quando percebe neles algum defeito. Repetimos: busquemos cada um o IDEAL ROSACRUZ, cumprir o programa de aperfeiçoamento interior que por si não dá tempo para reparar nos outros e procurar ver em tudo o que há de bom (que sempre existe). Errar é próprio dos humanos e pelo fato de alguém entrar na Fraternidade não quer dizer que seja um santo ou que, após tantos anos por estar ali, se converta num Iniciado. Quem se desilude é porque se iludiu primeiro. Quem ensina a por pedestais sob dirigentes? Max Heindel nos ensina que o mundo é uma escola e a Fraternidade um estágio superior do cristianismo, em que são dados a todos os meios de se elevarem com suas próprias forças (e não por forças externas) ao domínio de si mesmo e, desse modo, alcançar a possibilidade de cruzar os portais da Iniciação para a Ordem Rosacruz; que até os Iniciados erram e com isso aprendem.

Não estamos a defender fraquezas nem defeitos. Todos devemos esforçar-nos para dar o melhor exemplo possível e se alguém escorrega, o que devemos fazer como cristãos é ajudá-lo de modo inteligente e construtivo e não enterrá-lo mais com as vibrações maléficas de nossos maus pensamentos e palavras de ferina crítica, pois sabemos que “todos colhem conforme semeiam”, tanto os que criticam como os que realmente erram.

(Revista Serviço Rosacruz – 07/64 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Quando e para que foram nos dado: Arquitetura, Escultura, Pintura e Música

Quando e para que foram nos dado: Arquitetura, Escultura, Pintura e Música

 

A arquitetura, que se relaciona com a construção das formas, foi a primeira lição dada à humanidade. O ser humano iniciou essa tarefa no Período de Saturno, quando começou a reunir o material necessário para construir um Corpo Denso. Nesse período, sua consciência encontrava se no mais profundo estado de transe e ele trabalhava automaticamente sob a direção dos Senhores da Chama, a onda de vida de Leão, cuja nota chave é Lá# maior. A arquitetura está, portanto, correlacionada com o Período de Saturno da existência terrestre, e o Corpo Denso, que começou a se desenvolver no início daquele período, foi impregnado desse tom particular. Toda construção arquitetônica, da mais diminuta célula até Deus, está baseada na Lei Cósmica e é executada consoante certos modelos prescritos, e qualquer desvio do plano geral pode causar anomalias e incongruências. Tais anomalias produzem o mesmo efeito que tocar uma nota falsa em um acorde musical.

A escultura, que determina o contorno das formas, foi a segunda tarefa evolucionária dada à humanidade. Este trabalho teve seu início no Período Solar da existência do mundo, quando a formação do Corpo Vital se tornou necessária para dar forma ao Corpo Denso. A consciência do ser humano estava, então, em um estado de sono profundo e ele desempenhava seu trabalho automaticamente sob a direção das seguintes ondas de vida: os Senhores da Chama (Leão), os Senhores da Sabedoria (Virgem), e os Querubins (Câncer). A escultura está correlacionada ao Período Solar e ao Corpo Vital. Esse veículo sempre determina a direção em que uma certa força é usada e, portanto, ela procura dar o contorno correto para todas as formas. A nota chave de Leão é Lá# maior, a de Virgem é Dó natural, e a nota chave de Câncer é Sol# maior.

A pintura foi a terceira arte que o ser humano começou a desenvolver. Seu impulso deve se à tentativa de reproduzir os quadros vistos no Período Lunar da existência da Terra, dos quais o ser humano se lembrava vagamente através da sua visão de consciência pictórica. O trabalho do Período Lunar era feito automaticamente sob a direção das seguintes ondas de vida: os Senhores da Sabedoria (Virgem), os Senhores da Individualidade (Libra), e os Serafins (Gêmeos). A nota chave de Virgem é DÓ natural, a de Libra é Ré maior, e a de Gêmeos é Fá #_ maior. A pintura está correlacionada ao Período Lunar e ao Corpo de Desejos, e ambos começaram seu desenvolvimento naquela época.

Pitágoras, um mestre ocultista, afirmou que o mundo surgiu do caos pelo som ou harmonia. Foi construído de acordo com os princípios da escala musical, e os sete Planetas, que regem o destino dos mortais, têm um movimento e intervalos harmoniosos que correspondem aos intervalos musicais, tornando os vários sons tão perfeitamente harmonizados que conseguem produzir a mais doce melodia. Essa melodia é de tal grandeza sonora que se torna inaudível para o ser humano, pois a audição humana é incapaz de percebê la. Pitágoras representou a distância da Terra à Lua por um tom inteiro; da Lua a Mercúrio um semitom; de Mercúrio a Vênus um semitom; de Vênus ao Sol um tom inteiro e um semitom; do Sol a Marte um tom inteiro; de Marte a Júpiter um semitom; de Júpiter a Saturno um semitom; de Saturno ao Zodíaco um tom inteiro e um semitom. Isso forma um intervalo de sete tons, base da harmonia universal.

Max Heindel afirmou que Pitágoras não estava romanceando quando falava da música das esferas, pois cada uma das órbitas celestes tem seu tom definido e, juntas entoam uma sinfonia celestial. Ele confirma as declarações de Pitágoras, isto é, que cada Astro tem sua própria nota chave e viaja ao redor do Sol em tão variados índices de velocidade, que sua posição não pode ser repetida a não ser depois de aproximadamente vinte e sete mil anos. A harmonia celeste muda a cada momento, e, à medida que ela muda também as pessoas no mundo alteram suas ideias e ideais. O movimento circular dos Planetas ao redor do Sol no tom da sinfonia celestial, criada por eles, marca o progresso do ser humano ao longo do caminho da evolução.

Os ecos dessa música celestial chegam até nós no Mundo Físico. São nossas propriedades mais preciosas, muito embora sejam tão fugazes quanto uma quimera e não possam ser permanentemente criados. No Primeiro Céu, estes ecos são, naturalmente, muito mais belos e permanentes. No Mundo do Pensamento, onde o Segundo e Terceiro Céus estão localizados, encontra se a esfera do som.

Em nossa vida terrena, estamos tão imersos nos pequenos ruídos e sons de nosso limitado meio ambiente, que somos incapazes de ouvir a música produzida pelas esferas em marcha. O verdadeiro músico, seja consciente ou inconscientemente, sintoniza se com a Região do Pensamento Concreto, onde ele pode ouvir uma sonata ou uma sinfonia inteira como um único acorde resplandecente que, mais tarde, transpõe para uma composição musical de sublime harmonia, graça e beleza. O ser humano tem sido comparado a um monocórdio instrumento musical de uma única corda – que se estende da Terra aos confins longínquos do Zodíaco.

A vontade do ser humano teve sua origem na vontade de Deus. O músico, por meio de sua própria força de vontade, ouve esse poder da vontade de Deus expressa em sons e tons permeando o Sistema Solar. E, através de sua própria habilidade criadora nascida da vontade e da imaginação, ele é capaz de reproduzir em sons e tons, tanto os tons do poder vontade de Deus que criou o Sistema Solar, quanto Suas ideias tonais por meio das quais Ele materializou o Sistema Solar.

Arquitetura, escultura e pintura foram impressas no ser humano pelos grandes Seres espirituais, e essas artes tornaram se parte da sua natureza. Mas é através do poder da própria vontade do ser humano que o músico é capaz de perceber os tons expressos pela vontade de Deus e, até certo ponto, reproduzi los. Esta é a origem de nossa música no Mundo Físico, criação própria do ser humano.

A música produz expressões de tom que procedem do poder mais elevado de Deus e do ser humano, isto é, da vontade. Portanto, podemos ver que terrível consequência o ser humano está construindo para si, ao profanar a música, ao introduzir nela todos os tipos de dissonâncias, ruídos estridentes e penetrantes, gemidos e desarmonias que afetam os nervos. Um conhecido filósofo expressou bem uma grande verdade cósmica quando disse: “Deixem me escrever música para uma nação e não me preocuparei com quem faça suas leis”. O termo músico aqui usado não se aplica ao cantor ou ao executante musical comum, mas a mestres criadores de música, tais como Beethoven, Mozart, Wagner, Liszt, Chopin e outros da mesma classe. A arquitetura pode ser comparada à música congelada; a escultura à música aprisionada; a pintura à música lutando para se libertar; a música à livre e flutuante manifestação do som.

(leia mais no livro A Escala Musical e o Esquema de Evolução – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Por que, salvo algumas exceções, renascemos sem ter a mínima consciência de qualquer existência anterior, para sofrer, cegamente, nesta vida por transgressões cometidas em alguma precedente e da qual somos inteiramente ignorantes? Não progrediríamos espir

Pergunta: Por que, salvo algumas exceções, renascemos sem ter a mínima consciência de qualquer existência anterior, para sofrer, cegamente, nesta vida por transgressões cometidas em alguma precedente e da qual somos inteiramente ignorantes? Não progrediríamos espiritualmente melhor e com mais rapidez se soubéssemos onde erramos e quais atos teríamos que corrigir antes de progredir?

Resposta: Uma das maiores bênçãos conferidas ao ser humano consiste em nada saber sobre suas prévias experiências até que tenha alcançado um avanço espiritual considerável, porque há nas nossas vidas passadas (quando éramos bem mais ignorantes do que o somos agora) atos sombrios que requerem justo castigo. Essa dívida está sendo liquidada gradualmente. Se tivéssemos conhecimento das nossas vidas passadas, ou soubéssemos como e quando a Lei de Causa e Efeito atuaria, trazendo-nos a retribuição por faltas passadas, veríamos essa calamidade suspensa sobre nós, e o temor do nosso destino despojar-nos-ia da força de vontade para enfrentá-lo e, no momento do ajuste, encontrar-nos-íamos amedrontados e indefesos. Não sabendo o que aconteceu anteriormente, não precisaremos saber o que nos espera.

Portanto, aprenderemos as lições sem estarmos despojados da nossa determinação em virtude do medo.

Além disso, para aqueles que desejam saber, existem certos meios de reconhecer as lições que temos de aprender e qual a melhor forma de proceder. Por exemplo, a nossa consciência diz-nos o que temos ou não de fazer. Se nos sentirmos inclinados a estudar a ciência da Astrologia, o horóscopo revelará nossas tendências e as linhas de menor resistência. Trabalhando com essas leis da natureza, poderemos avançar rapidamente e, na medida em que seguirmos os ditames da nossa consciência e estudarmos mais as leis cósmicas tais como reveladas pela astronomia, mais rapidamente estaremos em condições de receber o conhecimento direto.

Em “Zanoni” (famoso romance ocultista do escritor inglês Bulwer Lytton) fala-nos de um espectro temível que encontrou com Glyndon, quando este tentava dar um passo no caminho do desenvolvimento ainda não alcançado. No ocultismo, esse espectro é chamado “O Guardião do Umbral”. No intervalo da morte e de um novo nascimento, esse Guardião do Umbral não é visto pelo ser humano, mas é a incorporação de todas as suas más ações passadas, que devem primeiro ser superadas por quem deseja penetrar nos mundos internos conscientemente e atingir um conhecimento pleno das condições ali existentes.

Mas, há também outro Guardião que é a incorporação de todas as nossas boas ações, e podemos afirmar que ele é o nosso Anjo da Guarda. Se tivermos a coragem de passar pelo espectro hediondo, percebido primeiro por ser formado da grosseira matéria de desejos, obteremos logo o auxílio consciente do outro Guardião, então, teremos a força de resistir sem medo às tormentas malignas que atingem todos os que se esforçam por ilhar o caminho do altruísmo. Mas, enquanto não pensarmos por esse espectro, não estaremos preparados para o conhecimento das nossas vidas passadas. Por isso, devemos ficar satisfeitos com a visão comum concedida à humanidade.

(Livro: Perguntas e Respostas – Vol. I – pergunta 65 – Max Heindel)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Humildade e a falsa humildade do “eu nada sei, só sei que nada sei””

Humildade e a falsa humildade do “eu nada sei, só sei que nada sei””

Um colega de serviço vivia repetindo, em voz alta, esta frase: “eu nada sei, só sei que nada sei”. Ouvia-o e cada vez me punha a meditar, ponderando, entre mim, que, sendo ele espiritualista, havia de ter um lado positivo nessa afirmação, uma advertência que o pusesse alerta contra o personalismo pretensioso que enfeia tantas pessoas. Mas um dia, durante o lanche, provoquei uma troca de ideias sobre o assunto. E por muitos dias continuamos, em episódios, o exame da questão, julgando de interesse pô-lo aqui para análise e ampliado, por parte dos leitores. Queremos falar de humildade num ponto de vista mais elevado e não pelo mal-entendido ponto de vista, segundo o qual a humildade é sinônimo de capacho ou de subserviência a poderes sociais ou econômicos.

O ser humano real é complexo. Como espírito, centelha de Deus, que o faz semelhante ao Pai e irmãos de seus semelhantes, traz uma longa jornada de experiências, em que passou por estágios de consciência equivalentes aos minerais, vegetais, animais, em que adquiriu seus Corpos Denso, Vital e de Desejos e correspondentes órgãos de expressão. Atingindo o estado humano, no início da Época Atlante, teve seu Corpo de Desejos dividido em duas partes: sentimentos elevados e sentimentos inferiores. Essa parte inferior do Corpo de Desejos foi juntada à Mente recém-formada, constituindo os dois, uma alma animal, a Personalidade, o outro ser humano, mundano. Nesse tempo sofremos a influência passional dos Anjos decaídos ou Espíritos Lucíferos. Tais espíritos não podiam alcançar a onda de vida dos Anjos, de que se haviam afastado e por isso restava-lhes trabalhar sobre o incipiente cérebro humano, induzindo a paixão (pois o cérebro está ainda ligado ao Corpo de Desejos). Desenvolvemos os primeiros trabalhos da Mente, sob a forma primitiva da astúcia e ao ingressar na presente Época Ária começamos a exercitar a Razão. Ao falar assim, referimo-nos ao povo ocidental, pois ainda há agrupamentos humanos em estágios primitivos de consciência exercitando a astúcia e com um Corpo de Desejos superior muito reduzido e de pouca expressão altruística.

Acresce notar que essa ação dos Espíritos Lucíferos, pelo abuso sexual, egoísmo e outras formas passionais, nos embruteceu a sensibilidade e os corpos, fazendo-nos perder a visão espiritual e acreditar apenas na realidade deste mundo em que, provisoriamente, estamos. Recebemos a primeira ajuda: as Religiões de Raça, jeovísticas. Mas como elas induzem a divisão e egoísmo, embora tenham disciplinado relativamente o Corpo de Desejos do ser humano com a ação restritora das Leis Mosaicas tiveram que ser substituídas por uma religião universal, unitária. Foi a segunda ajuda à religião do Filho, cuja expressão, Cristo, inaugurou uma nova fase evolutiva no mundo. Mas, o total altruísmo cristão não virá senão quando os últimos vestígios de egoísmo tenham desaparecido, com as formas inferiores de expressão.

Esta digressão é necessária para compreendermos que o ser humano atual, quando no corpo, o envoltório de carne que lhe embrutece o espírito, só pode ser o que seus corpos lhe permitirem. O ser humano é o que pensa, o que sente, o que percebe. Está limitado pelo grau de aperfeiçoamento de seus veículos Denso, Vital, de Desejos e Mente. O espírito se manifesta sim, esforça-se para isso através da Mente, o foco entre o espírito e os veículos e por isso simbolizada por Mercúrio, o Mensageiro dos Deuses. Mas está limitado, nessa expressão, pela condição dos veículos que usa. Max Heindel usa, para exprimir essa condição, o exemplo do pianista com as luvas. Ainda que ele saiba tocar, não poderá fazê-lo, como poderia, com as luvas sobrepostas nas mãos.

Disso tudo inferimos que o ser humano sabe algo. Ele tem dentro de si uma bagagem imensa de experiências passadas, que lhe vão formando a Tríplice Alma. Chamamos a essa bagagem, a supraconsciência, a que temos acesso apenas pelo desenvolvimento dos Éteres superiores e contato com o Mundo do Espírito de Vida. Mas essa forma de memória não nos vem pela Mente, senão pelo coração através da intuição. Cristo está trabalhando sobre toda a Terra e afetando os corpos humanos para lograr uma transformação do coração humano, formando estrias para, através dele, afetar todo o nosso corpo e dar mais livre expressão a nosso Espírito Interno, ainda prisioneiro nas grades de nossas limitações. Os Rosacruzes, compreendendo profundamente esse plano Crístico, ensinam seus estudantes a conquistar o equilíbrio entre a Mente e o Coração, condicionando as possibilidades daquele, aos ditames deste. É um plano de libertação que possibilitará ao Aspirante livrar-se da consciência atual de ser humano animal para o de Indivíduo, uno com seu Espírito interno, exprimindo ambos a mesma coisa, como a citada fonte dos evangelhos, de que não fIui ao mesmo tempo água doce e salgada. Os místicos buscam apenas esta fonte da intuição pela pureza. Os ocultistas desenvolvem a Mente. Os Rosacruzes buscam unir as expressões do espírito aos campos de ação dos corpos.

Afinal, sabemos ou não sabemos? Está claro que sim, mas nosso conhecimento ainda é passível de muita cautela, porque sofre interferências várias e deturpa, muitas vezes, os reais propósitos do Espírito, o Pensador. Mas, os Rosacruzes constituem uma linha de ação, compõem os Filhos do Fogo, capazes de fundir tudo em formas superiores e corpos novos. Difere dos Filhos da Água, que aceitam sua insignificância, sua impotência e ficam esperando dos guias, sacerdotes, santos e de Deus, a ajuda, a salvação. Um estudante Rosacruz não diz: “eu nada sei, eu sou um pobre diabo, um imprestável, um ignorante”.

Tampouco diz: “eu tudo sei, eu tudo posso”, como ensinam algumas escolas espiritualistas pregadoras de afirmações e negações. Max Heindel, a respeito, diz: “de que valeria a uma bolota de carvalho, sendo semente, dizer: eu sou um carvalho? Ela será um carvalho, sob condições favoráveis de desenvolvimento, mas por enquanto não é, apesar de todas suas afirmações; assim é o ser humano em relação à perfeição divina”.

A afirmação deve ser feita em silenciosa convicção, na interna vontade, para estendermos aos atos os nossos propósitos, depois de haver afetado o subconsciente. Não de forma negativa, renunciando, de princípio, às possibilidades divinas latentes e poderes adquiridos. Que efeito podemos esperar, desse modo, sobre nossa psique?

Não gostamos de extremos. Tudo é relativo e, conhecendo amplamente os diversos fatores que fazem de cada indivíduo essa realidade atual, buscamos aperfeiçoá-lo, sabendo que não somos nada e nem tudo, mas que caminhamos para a perfeição a que nos destina o Criador, pondo-nos todos os recursos para isso, inclusive ajuda externa.

A verdadeira humildade, pois, está na consciência dessa relatividade evolutiva, que põe o ser humano no devido lugar, no qual não se justificam orgulhos nem personalismos, embora estes nos assaltem nas repetidas tentações, por forças dos vícios de origem, ainda não sublimados.

Forçoso é reconhecer: a verdade tem muitos degraus e o acesso aos superiores pressupõe havermos passado pelos inferiores, as verdades parciais, mas nem por isso desprezíveis, pois são as partes e fundamentos do todo almejado.

Para concluir, não dizemos “eu nada sei, só sei que nada sei”, mas sim: “sou uma semente de Deus e posso converter-me na própria árvore e estatura de Deus. Estou trabalhando para isso, orando e vigiando, pelo discernimento, pela oração, pela retrospecção, que me ensinam, cada vez mais, a conhecer minha própria natureza, a fim de transubstanciá-la na força anímica que me permitirá o retorno consciente a meu próprio espírito e, através deste, a Deus”.

“Quem se humilha será exaltado” (Mt 23; 12), mas quando a humildade é bem compreendida. Reduzir-se, anular-se é negar as possibilidades divinas latentes e descrer do próprio espírito. E sendo nós espíritos, como podemos falar de nós como se fossemos os corpos e suas limitações? Somos isto sim, prisioneiros conscientes, trabalhando pela libertação das invisíveis grades e cadeias que, simbolicamente, prendiam Prometeu ao Cáucaso (N.R.: mitologia grega: foi um defensor da humanidade, conhecido por sua astuta inteligência. Roubou o fogo dos deuses e o deu aos homens. Isto assegurou a superioridade dos homens sobre os outros animais. Todavia o fogo era exclusivo dos deuses. Como castigo a Prometeu, Zeus ordenou a Hefesto que o acorrentasse no cume do monte Cáucaso). Mas seremos também Hércules (N.R.: nome em latim dado pelos antigos romanos ao herói da mitologia grega Héracles, filho de Zeus), o super-homem e nos libertaremos destas condições, mediante o esforço perseverante e racional, pois a natureza não dá saltos.

(Revista Serviço Rosacruz – 06/64 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Purificação Interna: à base de realizar a obra da evolução de si mesmo, através da autodisciplina, da compreensão fraternal e do espírito de sacrifício

Purificação Interna: à base de realizar a obra da evolução de si mesmo, através da autodisciplina, da compreensão fraternal e do espírito de sacrifício

“Limpai as mãos, pecadores; e vós de duplo ânimo, purificai os corações” – (Tg 4; 8).

Como sabemos, cada ser humano tem a vida exterior, geralmente conhecida e analisada pelos que o rodeiam e, também a vida íntima, da qual somente ele próprio poderá fornecer testemunho.

É, indiscutivelmente, o mundo interior a fonte de todos os princípios bons ou maus, nos quais todas as expressões exteriores guardam seus fundamentos.

Em geral, todos somos portadores de graves deficiências íntimas, que necessitam de laboriosa retificação. Porém não é tão simples o trabalho de purificar.

Fácil será ao ser humano aceitar verdades religiosas, aderir a esta ou àquela ideologia, entretanto, coisa bem diversa é realizar a obra da evolução de si mesmo, através da autodisciplina, da compreensão fraternal e do espírito de sacrifício.

Entendia o apóstolo Tiago, suficientemente, a gravidade do assunto, tanto assim que aconselhava os discípulos no sentido de que limpassem as mãos, quer dizer, retificassem as atividades do plano exterior, renovassem suas ações ao olhar de todos e, apelava, ainda, que efetuassem, igualmente, a purificação do sentimento, no recinto sagrado da consciência, conhecido unicamente pelo aprendiz, na profundidade indevassável de seus pensamentos. Procurar, com entusiasmo, a purificação dos nossos sentimentos, pensamentos e atos é, sem dúvida, tarefa que compete a cada um de nós. Muito ajuda tal realização, a prática dos exercícios de retrospecção e concentração, que se encontram nas últimas páginas da obra básica dos ensinamentos Rosacruzes, denominada “Conceito Rosacruz do Cosmos”.

O apóstolo Tiago, companheiro valoroso do Cristo, contudo, não se esqueceu de afirmar que isto é trabalho para os de duplo ânimo, porque semelhante renovação jamais se fará tão somente à custa de palavras brilhantes.

(Revista Serviço Rosacruz – 11/64 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Metamorfose que todos nós devemos estar fazendo, querendo ou não

Metamorfose que todos nós devemos estar fazendo, querendo ou não

A tendência natural evolutiva é, DE DENTRO PARA FORA, DE BAIXO PARA CIMA, SEMPRE, e por isso a Filosofia Rosacruz – a Escola de Mistérios Ocidentais – leva o estudante a redescobrir-se, a conhecer-se e, tomando conhecimento de seu relativo estado de consciência, empreenda a tarefa de reeducação, de transmutação e libertação das sujeições da matéria.

Tomando o axioma hermético: “ASSIM COMO É EM CIMA É EM BAIXO” podemos apurar a veracidade do que dissemos. A analogia é a chave de maiores recursos e se consideramos ser o ser humano um microcosmo, parte do macrocosmo que é a Terra, e como ambos seguem linhas idênticas, numa perfeita reflexão evolutivas, veremos quão profunda é nossa Filosofia e como ela concilia, magistralmente: a ciência, a religião e a arte.

Os lemurianos viviam muito próximos do ígneo centro da Terra. Os atlantes habitaram nos vales profundos, já afastados do centro do Planeta. Os arianos foram impelidos, pelos dilúvios para as mesetas, os planaltos, onde hoje vivem. Analogamente, seguindo a mesma direção, os seres humanos da nova idade habitarão no ar. Porém, como sabemos que os nossos Corpos Densos, como massa, estão sujeitos à lei de gravidade que os atrai para o centro da Terra, uma transformação deverá, necessariamente, ocorrer. São Paulo disse-nos que “a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus” – ICor 15; 50. Mas diz, também, que temos uma soma psuchicon, mal traduzido por corpo natural e que significa realmente um corpo espiritual, constituído pelos dois Éteres Superiores (do nosso Corpo Vital), mais ligeiros do que o ar e, por isso, capaz de levitação. Este corpo é o áureo “Trajes de bodas”, a pedra filosofal ou pedra viva que algumas filosofias antigas designam por diamante da alma, por ser luminoso, refulgente e cintilante como aquela inestimável joia.

Essa metamorfose toda e sair para o alto e para fora pode comparar-se a transformação do girino em rã (trânsito da humanidade desde o continente Atlântico até à irisada idade ariana) e da lagarta que se arrasta pela terra na mariposa que fende os ares (símil do futuro trânsito do nosso presente estado e condição para as da Nova Galileia, onde ficará estabelecido o Reino de Cristo).

Sobre isto, Cristo manifestou, implicitamente, que o novo Céu e a nova Terra não estavam preparados, quando disse aos discípulos: “Para onde Eu vou não podeis vós ir agora, porém, hei de aparelhar-vos lugar e virei outra vez e vos tomarei comigo para que, onde Eu esteja, estejais vós também” (Jo 14; 2-3).

Posteriormente, em visão, o apóstolo São João viu a Nova Jerusalém que descia do Céu e São Paulo escreveu aos Tessalonicenses dizendo-lhes, por palavras do Senhor, que: “Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens” (1Tessalonicenses 4; 17), na segunda vinda, para receber o Senhor no ar e estarão para sempre com Ele. Isto tudo concorda com as tendências expressas na passada evolução da humanidade.

(Revista Serviço Rosacruz – 04/64 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Onde você se encaixa: pisciano, ariano ou potencial aquariano – o Líder como Servidor de Todos

Onde você se encaixa: pisciano, ariano ou potencial aquariano – o Líder como Servidor de Todos

O mergulho gradativo do espírito na matéria tornou-o, ilusoriamente, um ser separado dos demais. Essa (in) consciência de separatividade deu margem ao conceito de Ego. Daí os vocábulos: egoísmo, egotismo, egocentrismo. São palavras que expressam as características de um ser voltado para si mesmo, concentradas nos próprios interesses, muitas vezes em detrimento dos demais. Geralmente são pessoas desprovidas de empatia, pouco afeitas à generosidade e ao trabalho grupal. Quando se envolvem num trabalho coletivo são incapazes de promover a sinergia a não ser em circunstâncias especiais em que seu prestígio está em jogo. Como líderes dificilmente obtêm êxito, porque sua natureza não lhes permite abdicar do comando ou de impor suas ideias.

 

O inverso acontece com aqueles que exercem a liderança dentro dos princípios aquarianos. São líderes na mais elevada acepção da palavra. Não cedem à tentação de impor suas opiniões, procuram ouvir os demais, expressam-se com clareza e concorrem sempre para que as decisões sejam tomadas por consenso.

Esse tipo de liderança é exercido com cuidado e humildade. O verdadeiro líder não é uma superestrela que empolga pela força de sua retórica, mas lidera por meio da cooperação, construindo pontes de relacionamento, valorizando os talentos e os esforços dos componentes do grupo. Não se comporta como um chefe. Age muito mais como um facilitador. Com seu talento e experiência cria uma atmosfera de confiança e colaboração. É sempre bem-sucedido, porque o grupo trabalha junto e seus membros se sobressaem.

Quando alguém assume uma posição de liderança, seja onde for, antes de qualquer coisa deve perguntar-se: Como posso ajudar a criar um ambiente de maior confiança e comprometimento? Como posso ajudar cada um a dar o melhor de si? Como aprender com os membros do grupo?

Não é fácil alguém assumir esse tipo de liderança. Os apelos do Ego, da personalidade, são quase que irresistíveis. Somente com humildade, espírito de renúncia e abnegação é possível tornar-se esse líder, que, em essência, é o servidor de todos. Poucos conseguem atingir essa estatura moral, mas é o desafio que espera aqueles que estão dispostos a dar um passo gigantesco em sua jornada evolutiva.

“Que as Rosas Floresçam em vossa cruz”

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um exemplo de como é perigoso nos apegarmos a coisas materiais: a Senhora e o efeito de estar apegada a uma bengala

Um Exemplo de como é Perigoso nos Apegarmos a Coisas Materiais: a Senhora e o Efeito de estar Apegada a uma Bengala

“Há alguns anos, uma senhora idosa, velha conhecida da autora, passou para o Reino dos Céus. Tinha alcançado uma idade avançada e sua vida havia sido pura e altruísta; por causa de um corpo frágil, tinha passado muitos anos sentada tranquilamente em meditação.

Quando veio a falecer poderia ser comparada a um fruto muito maduro, que não pode mais manter-se preso à árvore; portanto, o rompimento do Cordão Prateado, que comumente leva três dias e meio, no seu caso, levou menos de três horas.

Durante sua última doença e no seu delírio, ela pedia uma bengala que tinha pertencido a seu marido, o qual já havia passado a uma vida mais elevada vinte anos antes; ela habituou-se a usar essa bengala, desde então. Morreu com a bengala, segurando-a firmemente com ambas as mãos e os parentes ficaram relutantes em separá-la de algo que tanto tinha amado em vida, de tal modo que a bengala foi cremada com seu corpo. Pouco tempo após seu desaparecimento, ela voltou para uma visita a autora; vê-la, foi, na verdade, uma visão magnífica.

Seu Corpo de Desejos consistia somente dos braços, mãos e a cabeça e ela segurava a bengala (que tinha o aspecto tão natural como qualquer bengala de madeira poderia ter) com ambas as mãos. Ela parecia uma leve pena branca tentando levantar voo, porém, presa por uma pedra. Era tão etérea que, se não fosse pela bengala que segurava firme com as duas mãos e que era como um peso a retê-la, teria passado pela região purgatorial do Mundo do Desejo em poucos dias. Quando pedimos a ela que largasse a bengala, segurou-a com força, dizendo: “Não, eu preciso ficar mais um pouco”. A tristeza de uma de suas filhas mantinha-a presa à Terra.

Ela queria muito consolar a filha, mas depois de cerca de seis semanas tornou-se impossível para ela continuar.

A bengala etérica foi vista depois na sua casa, em seu lugar favorito, quebrada em três pedaços, onde ela a havia deixado antes de passar para os planos superiores.”.

(do Livreto Apegados à Terra – de Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pilares do Amor: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento

Pilares do Amor: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento

Além do elemento de dar, o caráter ativo do amor torna-se evidente no fato de implicar, sempre, certos elementos básicos comuns a todas as formas de amor. São eles: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento.

Que o amor implica cuidado é mais do que evidente no amor de mãe pelo filho. Nenhuma afirmativa sobre seu amor nos impressionaria como sincera se a víssemos sem cuidado para com a criança, se se desleixasse em alimentá-la, banhá-la, dar conforto físico; ao passo que seu amor nos impressiona se a vemos cuidar do filho. O caso não difere mesmo quanto ao amor por animais ou flores. Se uma mulher nos diz que ama as flores e vemos que ela se esquece de regá-las, não acreditamos em seu amor pelas flores. Amor é preocupação ativa e positiva pela vida e crescimento daquilo que amamos. Onde falta esse zelo positivo e ativo não há amor.

O cuidado suscita outro aspecto do amor: o da responsabilidade. Hoje em dia, muitas vezes se entende a responsabilidade como denotando dever, algo imposto de fora a alguém. A responsabilidade, porém, em seu verdadeiro sentido é ato inteiramente voluntário; é a resposta que damos as necessidades, expressas ou não expressas, de outro ser humano. Ser “responsável” significa ter de “responder”, estar pronto para isso. Essa responsabilidade, no caso da mãe e do filho, refere-se, principalmente, ao cuidado das necessidades físicas. No amor entre adultos, refere-se principalmente às necessidades psíquicas da outra pessoa.

A responsabilidade poderia facilmente corromper-se em dominação e possessividade se não houvesse um terceiro elemento do amor, o respeito. Respeito não é medo e temor; denota, de acordo com a raiz da palavra (respicere – olhar para), a capacidade de ver uma pessoa tal como ela é, ter conhecimento de sua individualidade singular. Respeito significa a preocupação de que a outra pessoa cresça e se desenvolva como é. Assim, o respeito implica ausência de exploração. Quero que a pessoa amada cresça e se desenvolva por si mesma, por seus próprios modos e não para o fim de servir-me. Se amo outra pessoa, sinto-me um com ela, ou ele, tal como é não como eu necessito que seja para objeto de meu interesse. É claro que o respeito só é possível se eu mesmo alcancei a independência; se puder levantar-me e caminhar sem precisar de muletas, sem ter o dominar e explorar qualquer outro. O respeito só existe na base da liberdade; como diz uma velha canção francesa “l’amour est l’enfant de la liberte”, ou seja: “o amor é filho da liberdade”, nunca da dominação.

Mas não é possível respeitar uma pessoa sem conhecê-la. O cuidado e a responsabilidade seriam cegos, se não fossem guiados pelo conhecimento. O conhecimento, por sua vez, seria vazio se não fosse motivado pelo cuidado e pelo zelo. Há muitas camadas de conhecimento; o conhecimento que é uma camada do amor é aquele que não fica na periferia, mas penetra até o âmago. Só é possível quando podemos transcender o cuidado por nós mesmos e ver a outra pessoa em seus próprios termos. Podemos saber, por exemplo, que uma pessoa está encolerizada, ainda que ela não o mostre abertamente; mas podemos conhecê-la mais profundamente do que isso; sabemos então que ela está ansiosa e preocupada, que se sente só, que se sente culpada. Sabemos então, que sua cólera é apenas a manifestação de algo mais profundo, e vemo-la como ansiosa e preocupada, isto é, como pessoa que sofre em vez de como a que se encoleriza.
O conhecimento tem mais uma relação – mais fundamental – como o problema do amor. A necessidade básica de fusão com outra pessoa de modo a transcender a prisão da própria separação relaciona-se muito de perto com outro desejo especialmente humano, o de conhecer “o segredo do ser humano”. Se a vida em seus aspectos meramente biológicos é um milagre e um segredo, o ser humano, em seus aspectos humanos, é um segredo insondável para si mesmo e para seus semelhantes. Nós nos conhecemos, e, contudo, mesmo apesar de todos os esforços que possamos fazer, não nos conhecemos. Conhecemos nosso semelhante, e, contudo, não o conhecemos, porque não somos uma coisa, nem o nosso semelhante é uma coisa. Quanto mais penetramos nas profundezas de nosso ser, ou do ser de outrem, tanto mais nos escapa o alvo do conhecimento. Não podemos, todavia, evitar o desejo de penetrar no segredo da alma do ser humano, no mais interno núcleo do que “ele” é.

Há um meio passivo de conhecimento desesperado, através do completo poder sobre a outra pessoa. É como a criança que apanha alguma coisa e a quebra a fim de conhecê-la para saber como é dentro. O outro caminho ativo é amar. O amor é penetração ativa na outra pessoa, em que nosso desejo de conhecer é destilado pela união. No ato da fusão a conhecemos, conhecemo-nos também e conhecemos a todos – o conhecimento do que é vivo, pela experiência da união – e não por qualquer conhecimento que nosso pensamento possa dar.

O amor é o único meio completo de conhecimento. No ato de amar, de dar-me, no ato de perscrutar a outra pessoa encontro-me, descubro-me, descubro-nos a ambos, descubro o ser humano.

A ardente aspiração de nos conhecermos e de conhecer nossos semelhantes encontrou a expressão na sentença délfica: “conhece-te a ti mesmo”. Esta é a fonte principal do toda psicologia humana.

(Revista Serviço Rosacruz – 05/65 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Paciência nos Estudos: tudo virá no devido tempo e conseguiremos o almejado

A Paciência nos Estudos: tudo virá no devido tempo e conseguiremos o almejado

Um filósofo certa vez afirmou: “a paciência é a maior das virtudes”. A verdade é que tal virtude, sendo bem cultivada, levar-nos-á a alcançar outras qualidades espirituais.

O estudante da Filosofia Rosacruz encontra na paciência uma dura prova, principalmente quando começa a dar os primeiros passos dentro dos sublimes ensinamentos Rosacruzes. Notadamente, os jovens, com a alma ávida de novos conhecimentos e experiências, e, talvez devido a uma má orientação anterior, sentem um desejo ardente de rasgar véus que envolvem mistérios e desenvolver qualidades psíquicas, desconhecendo que o essencial é o crescimento espiritual, pois psiquismo não é espiritualidade.

O passo mais importante a ser dado pelo aspirante é conservar a mente pura, arejada, livres de pré-conceitos que entravam o progresso espiritual; um coração nobre, justo, sensitivo, porém condizente com a situação de quem procura analisar os fatos dentro de um prisma racional e lógico; um corpo sadio, através de um regime alimentar adequado e hábitos salutares, bem como estabelecer, como dínamo a impressioná-lo em suas atividades diárias, o serviço amoroso e desinteressado. O resto virá por acréscimo.

Mesmo no decorrer do estudo da Filosofia Rosacruz, nem tudo nos apresenta claro e compreensível de um dia para outro. Nem todos possuem a mesma capacidade de assimilação de conhecimentos, pois tal capacidade constitui uma bagagem adquirida em existências passadas, conforme o maior ou menor empenho de cada um. Não obstante é necessário perseverar e perseverar sempre. Mesmo que levemos muito tempo para entender algum tópico das lições, e que isto não seja motivo para esmorecimentos e desistência. Cada um deve sobrepor-se as próprias fraquezas e dificuldades, porque é desta conquista da natureza inferior que se removem os obstáculos e as limitações esvaem-se. Estas são criações do próprio ser humano, através de um modo negativo de viver, de pensar e agir.

O estudo constante, a frequência às reuniões sempre que possível, o exercício de retrospecção, o viver leal e sincero de conformidade com os ideais rosacruzes, constituem fatores positivos, que propiciam o vislumbre de horizontes mais amplos.

É evidente que o estudo e demonstração das leis que regem os mundos suprafísicos não implicam em compreensão imediata, pois a natureza não dá saltos e se muitas vezes não entendemos nem aquilo que é perceptível aos nossos sentidos físicos, quanto mais o que é âmbito mais sutil!

Mas, se tivermos paciência, tudo virá no devido tempo e conseguiremos o almejado, pois, o espírito de harmonia e a unidade de propósito, muito nos auxiliarão; assim, constituirão uma força que beneficiará, fortalecerá e sustentará a cada um de nós.

(Revista Serviço Rosacruz – 10/66 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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