O Destino Doloroso que a Humanidade Engendra pelo Mau Uso da Palavra
“Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom, ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus, pois do que há em abundancia no coração, disso fala a boca. O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Mas, eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado” – (São Mateus, 12:33-37).
Estas passagens das Escrituras evidenciam, cabalmente, o destino doloroso que a humanidade engendra pelo mau uso da palavra. O emprego de palavras para expressar o pensamento é o mais alto privilégio do ser humano. Portanto, cada um deveria compenetrar-se da tremenda responsabilidade representada pela posse de tão maravilhosa faculdade.
A linguagem originou-se durante a Época Atlante, quando a humanidade iniciou a utilização de palavras como meio de comunicação. Os Rmoalds principiaram a dar nomes às coisas. Era ainda uma raça espiritual, dotada de poderes anímicos idênticos às forças da natureza. Por meio de palavras exerciam poder sobre essas coisas a que davam nomes. Para eles a linguagem era algo santo por ser a mais elevada expressão do Espírito. Jamais degradaram tal poder pela tagarelice ou maledicências.
As línguas são expressões do Espírito Santo que trabalha através das raças e do Corpo de Desejos. As Religiões de Raça surgiram com o propósito de refrear a natureza de desejos. Quando os seres humanos purificarem suficientemente seus Corpos de Desejos, tornar-se-ão aptos a compreenderem-se mutuamente, mesmo porque o sentimento de separatividade terá desaparecido. Como exemplos podemos citar os apóstolos cujos Corpos de Desejos foram suficientemente purificados pela união com o Espírito Santo, podendo assim falar em diferentes idiomas, fazendo-se inteligíveis àqueles que os ouviam. Esta conquista os seres humanos um dia realizarão: o poder de falar todas as línguas. Futuramente deixarão de pronunciar palavras vãs, pois considerarão a linguagem como algo profundamente sagrado. Pronunciará a “Palavra Perdida”, o “Fiat Criador” que sob a direção dos Grandes Guias foi pronunciada na antiga Lemúrica para criar plantas e animais.
(Revista Serviço Rosacruz – 09/68 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Os Filhos do Fogo encontram na ação, o fundamento da vida. Eles não fogem à luta, à dificuldade. Preocupam-se com a ociosidade da inércia. Miram-se na Mãe Natureza e contentam-se com o repouso da noite. Nos fins de semana e nas férias são dinâmicos, também. Apenas fazem coisas diferentes, para higiene mental.
Pode parecer natural que uma pessoa, lutando pela vida, deseje que as dificuldades desapareçam, que acabem os problemas e decepções. Mas, pensando bem, é a vontade do Pai que se deve fazer e não a nossa. Os Anjos Arquivistas (NR: ou Anjos do Destino) já destinaram a cada um e a todos exatamente o de que necessitam para seu desenvolvimento espiritual. Muitas vezes, quando pensamos ajudar nossos filhos, facilitando-lhes todos os passos, erramos redondamente, pois, estamos lhes roubando a experiência e o crescimento anímico decorrente. Podemos, isto sim, orientar inteligentemente. A vida não é “ter resolvido todos os problemas”, senão “buscar resolvê-los”. Cada providência necessária exige força de vontade. E a cada ato, nesse sentido, alguma coisa cresce e fica mais forte dentro de nós. Aquele que luta e vence através da experiência, tem sempre mais autoridade porque viveu e avaliou essas experiências. Muitas vezes não compreendemos o propósito de Deus. Queixamo-nos, resmungamos, esquecendo que muita coisa estava prevista em nossas vidas a fim de nos tornar um pouco melhores, a caminho da perfeição. Cristo disse: “Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt. 5:48) e também: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai” (Jo 14:12). Deduz-se, logicamente, que se não pode atingir a estatura de Deus nem a grandiosidade de Cristo em uma só vida e nestas frases, o renascimento, ensinado pela escola Rosacruz, encontra irrespondíveis argumentos, além de outras existentes na Bíblia.
Aceitemos, pois, o marido ou a mulher que recebemos de Deus, os Egos que vieram morar nas formas que geramos e todas as demais coisas que em nossa vida escolhemos ou não. Todas elas fazem parte de um programa inteligente de redenção. Aproximam-nos mais do que o conforto, dão-nos confiança e valorização. Grandes seres humanos, autênticos líderes de nosso mundo ocidental, consideraram como os maiores e mais felizes momentos de sua vida não os em que foram condecorados, nem quando lograram alcançar o cume de suas carreiras, mas quando perderam tudo e confiantemente recomeçaram. Eis porque, frequentemente, encontramos nos escritórios de grandes companhias o magnífico trabalho poético de Rudyard Kipling “If” (Se)¹: a luta gigantesca que se segue e justamente o que consolida no indivíduo a possibilidade de dirigir seu trabalho futuro com firmeza.
Nos momentos de conforto esses indivíduos esqueceram Deus, mas quando lutavam por sua sobrevivência lembravam-se d’Ele e diziam: “Senhor, dai-me sabedoria para aceitar as dificuldades, e coragem para procurar resolvê-las”.
Neste esforço de encontrar a solução não se contam apenas os grandes momentos, mas, também as pequenas vitórias, os impasses, as esperas e mesmo as derrotas. Os Irmãos Maiores nos observam atentamente as reações para avaliar o grau de entendimento e firmeza, sem os quais não podemos edificar nada de mais edificante em nossas aspirações espirituais. A vida, por esses momentos, corrige o que há de fantasioso em nosso modo de ver.
Aceitemos, pois, caros Amigos, as lutas, não por conformismo, mas como oportunidades para vencermos a nós mesmos. De que valeria resolvermos todos os problemas? Ficaríamos então, como simples espectadores e não como participantes da vida. Poucos foram os seres humanos famosos que desfrutaram em vida o galardão de seus feitos. E estes poucos, no meio de sua segurança e conforto olharam com saudade para os tempos em que eram vulneráveis, inseguros e assustados, porque nesses momentos viviam. Assim, quando perceberem que está invejando alguém que parece “ter resolvido todos os seus problemas”, parem e perguntem a si mesmos: “queremos realmente imunidade contra os desafios da vida”? Queremos realmente isenção das esperanças e desânimos, confusões e esforços, o gélido medo da derrota a gosto do triunfo? Se forem honestos, saberão que não querem. E saberão também que na verdade ninguém chega a ter “todos os problemas resolvidos enquanto houver problemas a solucionar, pessoas a ajudar e amor a partilhar”. O sentimento de participação nos problemas sociais é fraternidade.
Levantemo-nos, pois, que estamos ainda dormindo, despertemo-nos para a ação inteligente e amorosa, de modo a valorizar o talento do tempo que nos deu o Senhor. Há alguma coisa a fazer? Se é digna, se é dos “negócios do Senhor”, porque não Eu? Façamo-la! – malgrado nossas imperfeições, porque através da ação, dos pequenos e grandes embaraços, é que chegaremos a ser o que nos está destinado.
¹ SE (IF)
SE calmo – enfrentas – a turba contrafeita,
que te assedia e acusa: – “FOI VOCÊ!”..
E – confiante em ti próprio – ante a suspeita,
tens o bom senso de saber porque;
SE és capaz de esperar paciente e mudo,
E, em sendo caluniado, refletir,
Sem dar vasas ao ódio e, sobretudo,
sem ostentar bondade nem fingir;
SE sonhas e, dos sonhos despertando,
levas a cabo as múltiplas ações;
SE te manténs inalterável, quando
da derrota ou do triunfo ecoam sons;
SE és capaz de escutar palavras tuas
deturpadas por vil difamador;
Ver por terra, antes mesmo que as concluas,
todas as causas por que deste suor;
SE arriscas entre as mãos da gente astuta,
tudo o que tens – teu último vintém –
E, em perdendo, te lanças para a luta,
sem nunca murmurar palavra a alguém;
SE és capaz de juntar de novo as forças,
para novas empresas empreender,
E, embora exaustas, mortas, tu as torças
a golpes de vontade e de querer;
SE ocupas todo o espaço de um minuto
com sessenta segundos triunfais;
SE pagas aos magnatas o tributo,
sem jamais esquecer os teus iguais;
E ainda – se frequentas o mercado,
conservando ilibado o nome teu;
Terás o mundo inteiro conquistado,
E – mais que isso – és um HOMEM, filho meu!
(Revista Serviço Rosacruz – 8/64 – Fraternidade Rosacruz – SP)
PERGUNTA: Conhecem vocês algum lugar onde uma pessoa possa viver essa vida tão bela, simples e inofensiva que recomendam?
RESPOSTA: Não, não conhecemos lugares com tais qualidades e se os encontrássemos, lamentaríamos por causa de seus habitantes. Se temos um caráter violento e vamos viver no topo de uma montanha como reclusos, onde nossa sensibilidade não pode ser ferida pela rudeza de outras pessoas, temos pouquíssimos méritos em não ser impacientes. Se julgarmos ser difícil dominar nossos vícios, ou faltas nas grandes cidades e procurarmos o deserto como habitação, insignificante será o nosso crédito moral. Somos colocados nas cidades, em estreito contato com os nossos semelhantes para que nos acostumemos a acomodar-nos a eles em aprender a manter firmemente o nosso caráter, apesar de tudo, vencendo as tentações onde quer que elas existam. Um pode estar no topo de uma montanha, porém, ter o seu coração na cidade. Ou pode estar enclausurado em um monastério e desejar os prazeres do mundo. É melhor ficarmos exatamente onde estamos e desenvolver as qualidades espirituais que nos tornarão melhores homens e mulheres. Temos bastante que fazer no mundo e se fugirmos dele quem executará a tarefa? Somos responsáveis pelos nossos companheiros e a menos que nos incumbamos apropriadamente dessa responsabilidade, faltaremos com o nosso dever para com o Destino, que nos levará novamente a um ambiente tal – ou pior – ao qual não poderemos escapar. É muito melhor tratarmos de aprendermos todas as lições que estão ao nosso alcance, em vez de fugir-lhes em esplêndido isolamento.
(Revista Serviço Rosacruz – 08/75 – Fraternidade Rosacruz – SP)
PERGUNTA: Vocês disseram numa outra oportunidade que a Terra era o corpo de um espírito que dava a sua vida aos seus habitantes. E porque então dá flores e frutos a uns e fome e terremotos a outros?
RESPOSTA: Durante o intervalo entre a morte e o novo nascimento os espíritos desencarnados chegados ao Segundo Céu – onde se encontram os arquétipos de tudo o quanto existe – constroem o seu futuro habitat ambiental, no qual colherão o que semearam. Se fizeram crescer dois fios de erva onde antes só crescia um, formarão para si mesmos, uma terra ainda mais fértil, na qual poderão obter maiores frutos com menos esforço.
Se perderam tempo útil pensando no “Nirvana”, um lugar celestial de repouso e indolência, gostando mais de entrar em discussões metafísicas, do que cuidar das coisas materiais necessárias, continuarão fazendo a mesma coisa no Segundo Céu, e, assim sendo, sua terra será árida e estéril quando regressarem à vida terrestre. Terão de experimentar, então a fome, a seca, inundações e terremotos, até compreenderem a necessidade de cumprir seus deveres materiais. Dessa forma e em seu tempo, aprenderão a lição e lutarão para conquistar o mundo, como nós do Ocidente, porque supomos que o consulente se refere aos povos do Oriente que sofrem inundações e fome. Esses povos são os nossos irmãos menores. Estão ainda atrasados em sua evolução e devem seguir os nossos passos. Devem aprender a esquecer, por certo tempo, os mundos espirituais, com o objetivo de alcançar o desenvolvimento ensejado unicamente pelo mundo material. Existe um transcendental propósito nos fenômenos naturais que agora os afligem, não menos profundo do que a aparente prosperidade do mundo ocidental. Carências de toda natureza dirigi-los-ão inevitavelmente para condições mais materialistas, porém, nós do Ocidente, com as terras repletas de todas as coisas desejáveis do mundo, providas de mecanismos que tornam a vida mais atraente e divertida, inevitavelmente diremos a nós mesmos, quando saturados das “bênçãos materiais”: “e agora, qual a vantagem de possuir isso tudo? Será que os valores espirituais não tem muito mais importância?”. Então partiremos para um desenvolvimento espiritual muito mais elevado do que o do Oriente.
(Revista Serviço Rosacruz – 08/75 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Desejo e Apego: os cuidados do Aspirante à Vida Espiritual
No Novo Testamento, Cristo afirma: “Eu não sou deste mundo, como vós deste mundo não sois” (Jo: 17-16). Significa que aqui estamos apenas de passagem; que este mundo deve ser encarado como uma escola, um meio de aprendizagem e que, portanto, sua duração é efêmera. Vivemos num plano onde predomina a impermanência. Tudo é fugaz e nada tem razão de ser nosso objeto de desejo e apego, nem deve servir de base para a definição de nossos valores pessoais.
O apego é o resultado de nossa identificação com o mundo e com suas coisas. Quando nos tornamos conscientes da transitoriedade da forma e de sua sedução, o apego diminui. O desapego permite observarmos os acontecimentos em vez de ficarmos presos dentro deles.
Há várias formas de apego muito óbvias e notórias, como por exemplo, apegar-se a bens materiais, a dinheiro, roupas, objetos, à fama, ao poder, a cargos remunerados ou honoríficos, à familiares (não significa que não devamos amá-los, protegê-los e apoiá-los). Mas também há formas mais sutis, quase imperceptíveis para quem convive com a pessoa ou até para a mesma. Trata-se de apego a ideias, hábitos, emoções, padrões de comportamento que já não acrescentam mais nada à nossa evolução. Talvez estejamos bloqueando nossa Mente à entrada de novos conceitos e visões de mundo.
Por que isso acontece? Qual a razão desse apego a ideias e coisas concretas?
Simplesmente porque o ser humano se identifica com elas. Quando renascemos, representamos ou encenamos um papel no palco da vida perante o mundo e às pessoas. Quando lhe perguntam quem ele é, responde, por exemplo, nestes termos: “Sou fulano de tal, brasileiro, casado, católico, economista, natural de São Paulo, etc”. Mas isso é um equívoco. A verdade não é bem essa. Ele não é nada disso, porém se identifica com tudo isso. É apenas a manifestação do Ego no mundo visível, é a maneira como ele se apresenta aos olhos do mundo.
A identificação e o consequente (ou inconsequente) apego são algumas das razões do sofrimento aqui no Mundo Físico. É o que acontece quando há identificação com o Corpo Denso que, nasce, se desenvolve, decai e morre. Há que cuidar dele, por meio de uma boa alimentação, exercícios físicos e hábitos saudáveis. Ele é o templo sagrado do Espírito, porém não é o espírito, a verdadeira essência. Os casos de baixa autoestima com o corpo ou com a aparência são sinais evidentes de identificação. Acontece muito nos casos de obesidade e de problemas na pele. A pessoa sofre porque se imagina daquele jeito, identificando-se justamente com o que lhe traz sofrimento. Sua autoimagem é negativa. Na realidade somos muito mais do que nossa aparência corporal. Somos mais importantes do que nossas características físicas, do que nossos pensamentos e emoções.
É preciso entender que quando o corpo começa a perder seu viço, a luz da consciência consegue brilhar mais facilmente através da forma que extingue aos poucos. Livre-se de sua crosta e o diamante resplandecerá mais.
Que as Rosas floresçam em vossa cruz
A Formação das Almas: você está focando na formação das suas?
Dentro da Filosofia Rosacruz, alma é definida como o extrato espiritualizado ou a quinta essência de cada um dos três Corpos do ser humano: Desejo, Vital e Denso.
Estes três Corpos são projeções materiais, alguns os chamam de reflexos, outros de sombras dos três poderes essenciais do ser humano na qualidade de Espírito.
Assim podemos dizer que faz parte do Plano Divino tornar: a matéria física, a matéria etérica e a matéria de desejos espiritualizada. Portanto, esses estados de matéria devem ser espiritualizados. Este trabalho gera as almas correspondentes a cada veículo, a saber: Alma Consciente resultante da espiritualização do Corpo Denso; Alma Intelectual constituindo-se no extrato espiritualizado do Corpo Vital; Alma Emocional como sendo a quinta essência do Corpo de Desejos.
O ser humano como Espírito emanado do Pai possui também as três qualidades inerentes: ao Poder Divino expresso como Espírito Divino; o Amor-Sabedoria, que se manifesta como Espírito de Vida; o Movimento ou Atividade, manifestando-se como Espírito Humano.
Essa Herança Divina do Pai para com seus filhos manifesta-se de acordo com o grau de consciência espiritual do ser humano, de onde concluímos que no atual estado evolutivo da onda de vida humana, essa manifestação opera-se de uma maneira ainda imperfeita. Torna-se necessário um esforço no sentido de dinamizar e ativar tais poderes para que a real natureza do ser humano se manifeste em toda sua plenitude.
A vida é um “vir a ser” constante, levando o ser humano a realizar esse objetivo. Os preceitos cristãos, como são apresentados pela Fraternidade Rosacruz, constitui meios seguros para se conseguir isso. Esse alvo deve ser atingido por etapas, etapas estas que determinam estados de consciência.
O ser humano através de suas inúmeras existências vem desenvolvendo e passando por estados sucessivos de consciência, desde a mais completa inconsciência à plena consciência de vigília.
Esses estados de consciência foram desenvolvidos através de diversas etapas. Assim é que no Período de Saturno o estado de consciência predominante era o de transe profundo; no Período Solar, sono sem sonhos; no Período Lunar, sono com sonhos. Na metade Marciana do Período Terrestre houve uma recapitulação dos Períodos anteriores, sendo que na Época Atlante houve a aquisição da Mente instintiva e na presente Época Ariana (N.R.: Época Ária) surgiu o estado de consciência apoiado na razão e no pensamento. Não podemos pensar em formação de almas, sem considerarmos as faculdades de raciocinar e de pensar, as quais bem desenvolvidas equivalem a um processo iluminador, ou ainda, a ter mais consciência de vigília.
A presente etapa habilitará o ser humano a alcançar a luminosidade e transparência da Sexta Época – a Nova Galileia. A consciência humana deverá sincronizar-se com esse processo de iluminação, de aparecimento gradual da transparência, processo iniciado no Período de Saturno, devendo atingir o seu ponto alto na Sexta Época.
Dentro do aspecto que caracterizará o ser humano na Nova Galileia devemos ressaltar o fato de que a vigília tenderá a prolongar-se, o que implicará numa redução das horas de repouso e consequente aumento de atividade. Então chegaremos ao ponto essencial no cumprimento da finalidade da existência humana: a Atividade. Dessa forma sincronizar-nos-emos com Deus, que é sempre ativo.
Como o ser humano não pode fugir a essa conjuntura, tornar-se-á consciente de sua Filiação Divina, tornando-se luminoso, porque Deus é Luz. É óbvio que para alcançar esta fase gloriosa, o ser humano necessita de meios apropriados; auxílio este que em última análise é representado pelo Cristianismo. O ser humano começa a praticar de modo imperfeito, restringindo o seu alcance e limitando a princípio, a universalidade própria dos princípios outorgados pelo Grande Arcanjo, aos interesses de sua pessoa. Gradualmente, porém, a amplidão dos conceitos cristãos vai-se alargando em sua consciência, e isto se evidencia mais ainda no Aspirante Rosacruz, que de início procura tornar a sua própria vida num Serviço Amoroso e Desinteressado aos demais.
Desde os primeiros Períodos sempre houve um propósito: o alargamento da consciência. Esta expansão é uma constante. Todo processo de ampliação de consciência do ser humano depende de um veículo de expressão. A consciência de vigília, característica do ser humano na Época Ariana, não seria possível ou não teria nenhuma utilidade se não existisse o Corpo Denso.
E na Sexta Época como será expressa a consciência?
A Filosofia Rosacruz nos informa que se expressará em uma forma mais elevada do que aquela que expressamos no Período Solar – consciência de sonhos com sonhos – mas, conscientemente, isto é, nossa visão será interna e externa, simultaneamente.
E como cada estado de consciência pressupõe o uso de um novo veículo, a Filosofia Rosacruz ensina-nos que para a Sexta Época necessitará de um novo veículo, o Corpo Alma, o Vestido Dourado de Bodas, formado pelos dois Éteres Superiores do Corpo Vital. Este corpo luminoso está se formando pela ação Crística do amor, isto é, a prestação do Serviço Amoroso e Desinteressado aos demais. São Paulo designou essa forma de serviço quando afirmou: “Não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim” – (Gálatas 2:20). A perfeita luminosidade vivia nele.
A fórmula número um está expressa por “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” (João 15:12), representando uma forma de vivência que elabora o Corpo Alma. O amor será uma atividade peculiar à Sexta Época.
(Revista Serviço Rosacruz – 06/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Pergunta: Participo de um grupo de estudos formado por cristãos muito sinceros, que consideram as ciências ocultas verdadeiras armadilhas de Satanás, desaconselhando com bastante veemência qualquer contato com as mesmas. É do meu conhecimento que os Ensinamentos Rosacruzes são considerados ocultos. Apesar da pouca familiaridade que tenho com as mesmas, tenho a impressão de que não tem nada de “satânico”. Agradeceria seus esclarecimentos a esse respeito.
Resposta: O termo “oculto” refere-se em geral, a tudo o que é secreto, ou considerado “sobrenatural”, do ponto de vista puramente físico. O Ocultismo como qualquer outro estudo, tem os seus aspectos positivos e negativos. Infelizmente, devido a grande ênfase dada aos seus aspectos menos superiores a ciência oculta criou “má reputação” em certos círculos.
Parece-nos, contudo, que a Filosofia Rosacruz, ou melhor, dizendo, os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, indicam para a humanidade ideias e ensinamentos sobre tudo o que há de mais superior e positivo, quanto à natureza de Deus e do ser humano. De acordo com esses ensinamentos, o ser humano é inerentemente semelhante a Deus, possuindo, em estado latente, todos os atributos da Divindade. A meta final da evolução é transformar o ser inocente e estático que é o ser humano de hoje, num ser dinâmico como o Deus solar que adotamos.
A evolução do ser humano vem se processando desde os tempos imemoriais. O presente estágio é caracterizado por repetidos renascimentos na Terra, a fim de se aprender certas lições no plano físico, antes da passagem para mundos superiores. Passarão eons incontáveis, até que as qualidades que tornarão o ser humano em um ser divino desenvolverem.
O conhecimento adquirido em nossa jornada evolutiva deve ser usado a serviço de nossos semelhantes. E para evoluir devemos adquirir conhecimentos, tanto dos mundos espirituais como do mundo físico. E não há nada de maligno no conhecimento. O desejo de aprimoramento, o esforço em aprender algo relativo tanto ao mundo espiritual como ao mundo físico, numa escola qualquer, merece louvor. O importante é o uso que será feito desses conhecimentos.
Devemos esforçar-nos ao máximo em resistir à tentação de usar esses acontecimentos para engrandecimento próprio, para fins egoístas ou para prejudicar nossos semelhantes.
A Filosofia Rosacruz é uma filosofia cristã. Oferece mais ampla interpretação dos ensinamentos cristãos básicos, do que as igrejas cristãs ortodoxas. Dá grande ênfase a doutrina do Amor Universal conforme foi legada a humanidade por Cristo-Jesus.
(Rays From the Rose Cross publicado na Revista Serviço Rosacruz – 09/75 – Fraternidade Rosacruz – SP)
O Pecado da Separatividade: você o está cometendo?
No texto do Ritual Rosacruz encontramos uma frase, de transcendental importância para aqueles que ingressaram no caminho místico: “O reconhecimento da unidade fundamental de cada um com todos, é a realização de Deus”. Porém, tal não poderá ser conseguido até que reconheçamos a unidade de toda a humanidade. Sendo assim, é mister que eliminemos de nossas vidas, tanto quanto seja possível, pensamentos e ideias que suscitem o sentimento de separatividade para com nossos semelhantes. Esse é o conteúdo da magnificente mensagem que o Cristo trouxe à humanidade, encerrando o reinado do Deus de Raça, Jeová, sob cuja influência e individualização do ser humano processou-se de um modo integral, e inaugurando a nova era durante a qual o ser humano deve realizar a sua unidade por meio do Espírito que existe em todos. Assim, examinemos o progresso já realizado nesse campo e os obstáculos que ainda deverão ser superados.
Quando os três homens sábios vindos do Leste, para ofertar dádivas e por prestar homenagens ao recém-nato Salvador, cumpriram sua missão na Palestina, ninguém sabia qual a distância que haviam percorrido, nem de quais longínquos países eram originários, países estes pertencentes aos três continentes conhecidos então. A locomoção naqueles tempos, via de regra, processava-se a cavalo ou então por via fluvial ou marítima, se bem que os homens do mar não se aventuravam longe de suas costas litorâneas.
Assim verificamos que o mundo conhecido ao tempo do nascimento do Salvador era assaz limitado. De certo modo é interessante conjecturar a esse respeito, porque Max Heindel expressou a sua desaprovação aos esforços missionários, afirmando que Cristo enviou seus discípulos para que pregassem o Seu Evangelho ao mundo conhecido de então, o que não queria dizer que ele fosse disseminado por toda a Terra, inclusive aos povos primitivos que não podiam compreender aqueles avançados conceitos de moral. O mundo conhecido naquela época compreendia a área adjacente ao Mediterrâneo ao Mar Vermelho, o sul da Europa, o norte da África e a Península Arábica, e alguns distantes trechos do interior da Ásia. A Inglaterra e a norte da Europa eram praticamente desconhecidos até muito tempo depois. Alexandre, o Grande, na tentativa de estender seu império até a Índia em 300 AC, demonstrou ser impossível manter o comércio e comunicações com esses longínquos países, o que tornou impraticável mantê-los sob seu governo.
A China e o Japão estiveram desconhecidos até 1275 DC (depois de Cristo), quando os irmãos Polo, em memorável jornada, atingiram a terra de Kublai Khan, a fabulosa Cathay. Em 1492, Cristovão Colombo, em seu esforço no sentido de encontrar um caminho mais curto para atingir a Índia, iniciou a sua épica viagem pelo Atlântico, descobrindo um novo continente e uma nova raça. Mais tarde, Fernão de Magalhães realizou a viagem de circunavegação, e muitos aventureiros começaram a velejar através do oceano, em busca de riquezas e de novas terras a fim de anexá-las a seus países, ao passo que a China e o Japão permaneceram praticamente afastados até o século passado.
Cristo veio inaugurar um novo conceito de fraternidade, introduzindo a doutrina do amor em substituição à da lei. A aplicação desse princípio de fraternidade e amor, atualmente, é indispensável, embora o problema para a sua realização tenha aumentado em complexidade.
A separatividade e a exclusividade das raças permaneceram durante muitos séculos, como um problema difícil de equacionar-se, pois as diferenças de cor, de aparência e de costumes criaram barreiras gigantescas ao propósito da unidade. À medida que foram descobertos e aperfeiçoados inúmeros meios de transportes, inúmeras viagens foram realizadas, muitas terras foram colonizadas, e para tanto muitos meios foram aplicados. Assim é que a raça negra foi utilizada no trabalho braçal através da escravatura, aceita como coisa comum durante muito tempo, tanto que ainda hoje não se encontra totalmente erradicada.
Um processo lento de amalgamação entre raças, do qual surgirá à raiz de uma nova raça, está sendo levado a efeito. Nesse ponto as guerras representam um favor importante de integração racial, compreendido pelo envio de jovens a terras estranhas, onde muitas vezes unem-se em matrimônio a mulheres desses países. Aqueles que assim procedem, encontram pela frente os obstáculos naturais impostos pela sociedade que não admite miscigenação, porém, gradualmente tais barreiras irão desaparecendo. Vemos ainda hoje as tensões raciais revelarem a trágica rigidez engendrada em inúmeras almas que ainda se encontram ligada ao Espírito de Raça. Entretanto, as raças estão também divididas em nações, que se diferenciam pelo desenvolvimento de um Espirito Nacional, de acordo com pensamentos, ações e costumes dos respectivos povos. As nações, como os indivíduos, buscam de um modo geral suas próprias vantagens, pouco se importando com a mal que possam causar ao bem estar alheio. Em geral, os crimes cometidos contra outras nações são registrados nos compêndios de história como atos de patriotismo, numa demonstração de amor e lealdade ao próprio país. Contudo, tempo virá no qual os povos de todas às nações compreenderão que o verdadeiro patriotismo se estabelece na aceitação da responsabilidade em relação às ações de seus próprios países, que o mundo deve tornar-se uma fraternidade e que o bem-estar de cada um diz respeito a todos. Isto já está se tornando evidente, pelo modo de proceder das nações mais adiantadas no que diz respeito à guerra, tanto que existe certa tendência à preservação da paz, o que não devemos considerar única e exclusivamente como temor aos efeitos da bomba atômica, tanto que tanto que esse sentimento vem se acentuando desde a Primeira Conflagração Mundial. O velho espírito marcial, que se revela nas guerras e nos triunfos, vai desaparecendo aos poucos, dando lugar ao sentimento de amizade e compaixão para com aqueles que sofrem.
Assim como o ser humano depende do funcionamento harmonioso dos órgãos de seu corpo, da mesma forma o planeta, para o seu bem-estar, depende da existência de harmonia entre nações. Todos os eventos concorrem para que as nações trabalhem em conjunto para o bem de todos ao invés de agirem em seu benefício próprio. Possuímos uma ONU, que embora não funcionando perfeitamente, tornou-se um fator da preservação da paz.
A religião não tem sido um meio eficaz como deveria ter sido na eliminação do pecado da separatividade. A doutrina da fraternidade entre os indivíduos é fundamentada em cada uma das religiões, porém isso não erradicou os antagonismos gerados pela divisão de credos. O Cristianismo tem sido tão exclusivista como qualquer outro credo, quase sempre devido à própria atitude de seus praticantes que por séculos vem mantendo a crença de que somente eles possuem o caminho do céu. Isto originou guerras trágicas, as Cruzadas, a Santa Inquisição, etc.
Contudo existem indícios de que as igrejas já estão começando a compreender que manter-se nessa atitude é ser incoerente com os próprios preceitos que apregoam, e já aceitam a necessidade do trabalho em conjunto, demonstrado pelo Concílio das Igrejas.
Apesar de alguns progressos animadores, outros problemas ainda suscitam a separatividade, como por exemplo, observamos o abismo entre o rico e o pobre. O fluxo do dinheiro pode ser comparado à circulação do sangue no corpo humano, mesmo porque o dinheiro supre as necessidades das várias partes da Terra, tal como faz o sangue ao corpo físico. A superabundância em determinada área terrestre poderá ser comparada a um congestionamento ou a uma inflamação no corpo, ao passo que a pobreza representa os males da desnutrição. A posse de grandes riquezas implica em grande responsabilidade, pois quando as mesmas são acumuladas e não utilizadas para o bem comum, constituem uma dívida espiritual a ser resgatada oportunamente. Porém, o conhecimento dessa responsabilidade está se fazendo sentir, haja vista as inúmeras fundações instituídas por seres humanos abastados, a fim de proporcionar maior assistência ao menos favorecidos. Os inúmeros serviços grupais que estão se formando em quase todas as comunidades, no sentido de solucionar problemas locais, também são elementos indicadores do sentimento de união e solidariedade entre os indivíduos.
Outro fator negativo na vida dos povos são as campanhas empreendidas pelos nossos partidos políticos cada quatro anos. As expressões extremas de sentimentos gerados por essas campanhas exercem uma influência muitas vezes nefasta sobre o equilíbrio emocional, indispensável para o desenvolvimento espiritual. Entretanto, podemos esperar confiantes, de que o tempo irá dignificando essas campanhas, para que sejam conduzidas dentro de um sistema mais honroso, substituindo a forma presente de vituperações e ataques pessoais.
O trabalho e a indústria estão se tornando cientes de sua dependência mútua pelo labor conjunto. Um grande e louvável passo para frente já se terá dado, se o propósito do capital e da indústria tornar-se meio de fornecer emprego e melhores condições de vida para muitas pessoas, do que ater-se ao único e egoísta objetivo de arrecadar dinheiro. Os detentores do capital não deixarão de ser beneficiados, mas o objetivo primeiro será sempre o bem estar de muitos em relação a poucos, pois onde a doutrina dos serviços encontra-se acima de todos os negócios, nada poderá ocasionar falhas na prosperidade.
Tempo virá em que uma vida bem sucedida não será avaliada em relação ao dinheiro depositado no banco ou à mercadoria estocada, mas pelas virtudes de amor e caridade que nela são expressas. Vivemos atualmente sob um sistema rígido de competição, mas é mister que essa competição se transmute em cooperação para o bem da humanidade. O nosso ineficiente método de distribuição dos produtos do trabalho, a capacidade de alguns poucos e a exploração de muitos, constituem verdadeiros crimes sociais que provocam a depressão industrial, os distúrbios trabalhistas, a destruição da paz interna etc.
Aqueles que como nós estudam a filosofia oculta e de alguma forma vivem diferentemente dos demais, deverão conservar certa vigilância para que essas diferenças não os isolem do resto da humanidade. Sejamos cuidadosos em relação a outros modos de vida, não criticando ou desaprovando-os intransigentemente, pois a autossatisfação ou o sentimento de superioridade não devem constituir-se num obstáculo ao avanço espiritual.
A unidade racional, tribal e familiar deverá ser rompida antes que a Fraternidade Universal possa tornar-se uma realidade. O paternalismo do grupo tem sido amplamente superado pelo reinado da individualidade. As nações estão atualmente trabalhando para a Fraternidade Universal, de acordo com o desejo dos nossos líderes invisíveis, os quais não são os menos potentes na modelação dos eventos por não estarem oficialmente ocupando cargos no governo das nações. Esses são os meios lentos pelos quais os corpos da humanidade vão sendo gradativamente purificados. Porém, o aspirante ao mais alto conhecimento trabalha conscientemente para atingir esses fins por meio dos métodos bem definidos e de acordo com a sua constituição.
(Revista Serviço Rosacruz – 07/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Uma das Causas dos Sofrimentos Humanos
O amigo leitor por certo, deseja conhecer as causas de suas dificuldades, tristezas e sofrimentos, porque a ninguém apraz viver nessas condições. É necessário que conheçamos profundamente os problemas que se nos deparam, a fim de que possamos saná-los.
Desejamos chamar sua atenção, caro leitor, para pontos de capital importância, onde estão assentadas as bases de nossos desgostos e ansiedades. Há mais de dois mil anos atrás, Cristo veio a Terra e a humanidade recebeu a chave maravilhosa que possibilitaria o prosseguimento de sua marcha evolutiva, com o consequente acréscimo de seus sofrimentos. Acontece, porém, que nem todos aceitaram e nem querem aceitar o meio pelo qual podem dar término a todos esses problemas e, por esta razão, pedimos sua atenção para o que será exposto em seguida, para que se verifique se é ou não é verdade que podemos aniquilar esses males, operando sobre suas causas.
Se existe, algo que concorre para a nossa infelicidade, esse algo é a falta de amor pelos demais. Embora digamos a todo instante que amamos a outrem, isto não se confirma através de nossos atos, pois, muitas vezes, quando alguém nos diz ou faz algo que nos desagrada, mesmo que não represente quase nada, estamos sempre prontos a criticar acintosamente e a dirigir-lhe expressões de ódio. Às vezes, chegamos ao extremo de pensar em vingança e, numa condição dessas, podemos dizer que amamos ao próximo? Não, de forma alguma!
O amigo leitor pode afirmar que esses fatos não têm relação alguma com os nossos sofrimentos. Devemos respeitar a opinião de quem quer que seja, pois, até nisso estaremos expressando amor, porém, analisando os fatos dentro da lógica que caracteriza os mais elevados ensinamentos ocultos, chegaremos à conclusão de que a falta de amor atrai os sofrimentos.
Sabemos que tanto o pensamento como a palavra são forças poderosas e que, quando dirigidas contra alguém, não só a este prejudica, como também atuam sobre quem as emite. O emissor, às vezes, pode ser o maior atingido, pois semelhante atrai semelhante e quem gera a maldade também atrai a maldade. Tanto isso é verdade que conhecemos pessoas que ao desencadearem suas expressões de ódio e terríveis impropérios, apresentavam grandes manchas rubras em diversas partes de seus corpos, como se tivessem sofrido violenta agressão física.
Quanto aos maus atos praticados contra os demais, o amigo leitor poderá constatar como provocam a desarmonia e suas consequências recaem sobre aqueles que os praticam, o que, não aconteceria se todos compreendessem e colocassem em prática aquele princípio: “Não faça a outrem o que não quer que lhe façam”. Nós colhemos aquilo que semeamos.
Para encerrar, desejamos ao amigo leitor uma maior e sempre crescente compreensão desses princípios para que, aos poucos, consiga viver com mais alegria e felicidade mesmo que ainda não tenha concretizado todos os seus anelos.
(Revista Serviço Rosacruz – 06/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Palavra: há que se cuidar em usá-la, pois origina-se da sua força sexual criadora
Mesmo ante os impropérios, mesmo sofrendo ante a incompreensão humana, faze bom uso da palavra, a qual tem o poder de criar, por originar-se da força criadora. Portanto, pondera sobre o que disseres, porque algo estará gerando benéfico ou maléfico, correspondendo ao emprego que fizeres desse dom maravilhoso.
“Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que dela sai” (Mt, 15; 11), afirmou o Cristo.
Que estas palavras do Mestre permaneçam gravadas com letras de fogo em teu coração, para que venhas a compreender que tudo aquilo que de ti emana deve sempre expressar Harmonia e Amor. Expressando a Harmonia sintonizar-te-ás com as Leis Divinas, cooperando eficazmente com os Irmãos Maiores na grande obra de regeneração humana. O Amor faz florescer o sentimento de fraternidade, o qual integra o ser humano a Deus. “Deus é Luz, e se andarmos na Luz, como Ele na Luz está, seremos fraternais uns com os outros” (Rm 5; 9).
Seja a palavra que sai de tua boca, a decisão sábia dos três ministros que regem teu mundo interno: o discernimento, a consciência e a serenidade. Confia-lhes a administração dessa riqueza extraordinária, cujos frutos reverterão a favor do Espírito.
Faze de tua palavra uma semente pujante, germinando no solo árido dos corações entenebrecidos pela ignorância e pelo ódio. E então, te regozijarás vendo tantos solos agrestes adquirirem o verdor da elevação espiritual.
Faze de tua palavra o bálsamo que alivia todos os peitos opressos pela dor, seres que em vidas passadas esquivaram-se à luz, e hoje fogem desesperados, das trevas que as encadeiam.
Faze de tua palavra o perfume dulcíssimo que aromatiza os ambientes petrificados pelo medo, carentes de ternura, agitados pela dúvida, torturados pela angústia. Que a tua palavra tenha força suficiente para suavizar tanta amargura. Nunca seja ela portadora do veneno da crítica, nem do fel da injúria, pois fatalmente acabarás também sucumbindo, agitado por estas distorções do sentimento.
Se as circunstâncias te obrigam a falar energicamente, em repreensão a alguma falta cometida, faze-o em tom respeitoso, jamais com a intransigência de uma censura, porém, demonstrando com sapiência e bom senso, não a ignomínia do erro, mas a nobreza da virtude. Procura vislumbrar o bem em todas as coisas e poderás constatar a mudança que se operará em torno de ti.
Não te iludas com o falar garboso, coordenado com gestos pré-estudados. Isto é carência de sinceridade. São os juízos falsos da personalidade procurando centralizar atenções, ofuscando a gloriosa essência que em ti reside.
Não se esqueças do antigo, mas sempre atual adágio: “Se o falar é prata, o calar é ouro”. Portanto, se tuas palavras são meros invólucros sem conteúdo, não exprimindo o que em ti há de mais elevado, então, é melhor que te cales.
Seja tua palavra o apelo que exorta alguém a procurar a luz interna, cujo brilho é ofuscado pelo sentido irrealista da vida restrita unicamente ao plano material, onde a ambição desmedida gera o egoísmo, o interesse e a hipocrisia, masmorras sombrias, onde o próprio ser humano permanece agrilhoado.
Vê na palavra algo de grandioso, de belo e de sublime. Não há limites ao sentido caricato que lhe empresta o ser humano comum, tornando-a meio de exteriorização de sentimentos mesquinhos. Dá-lhe uma função correspondente à sua origem sacrossanta. Faze com que ela seja um instrumento adequado ao mister de elevar o gênero humano. Seja ela a expressão viva de teu crescimento interno. Usa-a sempre com sabedoria.
(Revista Serviço Rosacruz – 04/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)