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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

“Estar no Mundo sem ser do Mundo” e as horas livres de compromisso

“Estar no Mundo sem ser do Mundo” e as horas livres de compromisso

“Vivemos numa época que exulta nos tempos livres da evasão que impede, quase sempre, os tempos livres do compromisso”. Essas palavras, pronunciadas recentemente, num contexto acadêmico, pela Presidente do colégio universitário de Mt. Holyoke, Elizabeth Topham Kennan, são de grande oportunidade para o aspirante espiritual.

A ideia de que o sentido do compromisso, ou da promessa, tem a ver com as horas livres, não deixa de causar certo espanto, dado que a maior parte das pessoas vê um abismo entre estes dois conceitos. Os tempos livres estão quase sempre ligados a um período de liberdade e repouso, em que nos deixamos levar por interesses meramente pessoais. Um compromisso, ou uma promessa, por outro lado, sugere uma certa sujeição a uma tarefa necessária, imposta pelo exterior, ou às necessidades de outra pessoa. Ociosidade implica indulgência conosco mesmos; compromisso implica sacrifício.

Outra maneira de exprimir a ideia de “horas livres do compromisso” seria, portanto, “ceder ao sacrifício”. Quando é que temos tempo para “cedermos” ao sacrifício de nos entregarmos e de nos sacrificarmos às necessidades das outras pessoas? Estamos tão ocupados com assuntos pessoais, desde o ganhar para viver, ao fazer compras, nos distrairmos, descansarmos — para não falar das atividades e agitação desnecessárias a que tantas vezes cedemos! “Para a semana já tenho mais tempo; conversamos nessa altura…” é uma maneira com que, vulgarmente, se despede alguém cujas necessidades imediatas são um fardo que não desejamos carregar. À pressão da falta de tempo em que vivemos constantemente, pode tornar-nos completamente avaros, se nos deixarmos levar por este fenômeno que tem a sua origem e existência, puramente, no plano físico. É necessário que haja um impulso generoso para irmos contra o relógio e nos entregarmos, sem egoísmo, a projetos de vida comunitária, às atividades de caridade, ou às necessidades que transcendem o nível meramente social das nossas amizades. De certa maneira, tem de haver coragem e muita fé para não dar ouvidos às nossas preocupações pessoais, de falta de tempo, e para nos entregarmos, altruisticamente, a atender assuntos que sabemos, de antemão, que não terão compensações óbvias.

Também é necessário sinceridade para reconhecer que muito daquilo a que chamamos pressão do tempo é ilusório e que se organizarmos o nosso horário com mais eficiência, deixando para trás desejos egoístas que consomem tantos momentos e eliminando os “prazeres” pouco práticos de sonhar acordados, da tagarelice, da leitura escapista ou dos programas de televisão que nos embrutecem e de tantas outras atividades que assumem proporções tão importantes na nossa vida, teremos mais tempo para nos dedicarmos aos outros.

O mundo material parece, realmente, não querer aceitar os “tempos livres” da entrega. No entanto, o aspirante espiritual sincero não conhece este impedimento! Enquanto for avançando, lutando por purificar os seus veículos e por se preocupar, exclusivamente, com a realização da obra de Deus no mundo, o sacrifício de si torna-se cada vez mais automático. O desejo de se dar aos outros passa a ser a sua única preocupação; pode-se dizer que ele “cede”, muito legitimamente, ao sacrifício de se entregar a um compromisso de serviço.

Quando aprendermos a exortação de São Paulo de “estar no mundo sem ser do mundo” deixaremos de sentir que esse impede que haja “horas livres” de entrega. Presentemente, há certas pessoas que vivem na Terra e que já atingiram essas alturas. Mas todos nós, um dia, teremos de lá chegar também!

(Publicado na revista Serviço Rosacruz de 01-02/87)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um dos mais Preciosos Frutos do Discernimento

Um dos mais Preciosos Frutos do Discernimento

Os modernos meios de comunicação, com sua ação muitas vezes massificante, podem induzir as pessoas a uma compreensão muito superficial dos fatos e coisas que as rodeiam. Condicionam o ser humano a pautar sua vida e definir metas e ideais calcados em valores discutíveis, face à sua transitoriedade.

Não constitui exagero, nem exacerbado criticismo, afirmarmos que o ser humano moderno aprendeu, inconscientemente, a conviver com o artificialismo, perigoso criador de rótulos. O tratamento superficial que se dá mesmo aos mais importantes aspectos da existência humana, permite grassar uma lamentável tendência de tudo rotular.

As pessoas comuns, cada vez mais influenciadas por telenovelas e contos folhetinescos, deixam-se levar por uma distorcida visão maniqueísta do mundo. Assim, habituam-se a dividir as pessoas e as coisas em rigorosamente boas e rigorosamente más. Essa rotulação, atitude precipitada e eivada de conceitos injustos, na maior parte das vezes, não dá margem a um meio-termo. Nem enseja uma acurada verificação de, até que ponto algo é inteiramente mau ou bom, ou se verdadeiramente apenas aparenta ser assim.

Tal maneira de encarar os fatos pode constituir-se na gênese de muitos preconceitos. As ideias preconcebidas, os juízos prematuros encontram sua origem nessa visão caricata e apressada das coisas.

Somente o desenvolvimento de uma segura capacidade de discernir pode evitar o cometimento de equívocos. A ação de discernir envolve análise profunda, conhecimento intuitivo, julgamento sereno, caso contrário não passará de mero exercício de ilação ou simples raciocínio.

Isenção de ânimo e independência interior são, entre outros, fatores decisivos a embasar nossa faculdade de discernimento. Discernir é um processo completo, simultaneamente objetivo e subjetivo, expectante e ativo. É o degrau que antecede a “sabedoria interna”,

Todo indivíduo dotado de “Mente aberta ou arejada” no sentido real da palavra, logrou desenvolver, em certa extensão, esse dom admirável. Soube, dessa forma, conquistar o privilégio de poder analisar os fatos, penetrando-lhes o âmago, conhecendo-lhes sua verdadeira natureza.

Diz Max Heindel no Conceito Rosacruz do Cosmos que “é evidente a grande vantagem dessa atitude mental quando se estuda um assunto, uma ideia ou um objeto determinado. Afirmações que pareciam positivamente contraditórias, e que determinaram intermináveis discussões entre os respectivos partidários, podem conciliar-se. Só a Mente aberta descobre a concordância”.

Não nos é difícil imaginar como uma visão periférica das coisas gera o oposto, isto é, o encontro da contradição, da discrepância, em pontos onde elas positivamente não existem. Além disso, corre-se o risco de consagrar “fatos definitivamente estabelecidos” pela conceituação puramente humana, como parâmetros para a avaliação de tudo. Essa atitude mental induz a erros, porque denota um flagrante desconhecimento de que todas as coisas podem apresentar facetas variadas em sua natureza, tornando-se suscetíveis de enfoques através de diversos ângulos.

Mais uma vez citamos Max Heindel: “Ainda que se lho afirme, não se pede ao discípulo que admita, a priori, ser negro um determinado objeto que observou ser branco, porém que cultive uma atitude mental suscetível de “admitir todas as coisas como possíveis”. Isto lhe permitirá deixar de lado, momentaneamente, até mesmo aquilo que geralmente se considera um fato estabelecido — a brancura do objeto — e verificar se há algum outro ponto de vista sob o qual o objeto em referência possa parecer negro. Certamente ele nada considerará como fato estabelecido porque compreende perfeitamente o quanto é importante manter a mente no estado fluídico de adaptabilidade, característico da criança. Compreenderá que, agora vê as coisas como por espelho, obscuramente, e como Ajax, permanecerá sempre alerta, aspirando ‘luz, mais luz’”.

Quem atingiu esse nível de entendimento sempre revelará uma atitude de compreensão para com os outros seres humanos. Nunca será exigente em relação ao comportamento alheio. Pelo contrário, manter-se-á vigilante quanto à sua própria postura moral. Afinal, cumpre-nos entender que todo ser humano é um diamante em lapidação. Cada um, na medida de suas experiências e evolução, brilha a seu modo e à intensidades diferentes.

Todos são animados por uma Essência Divina, procurando expressar o que de mais elevado possuem, não importando a diferença de níveis de desenvolvimento individual.

Procurar essa Divina Essência nos demais e sintonizar-se com sua bondade inata constitui um dos mais preciosos frutos do discernimento.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1977)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Errar é Humano

Errar é Humano

Na sua singeleza, um ditado popular encerra sempre ou quase sempre, uma verdade oculta. Tomemos, por exemplo, para assunto de meditação, uma frase corrente: ERRAR É HUMANO… perdoar é divino… e nos concentrando nela, acabaremos entrando em contato com a força do seu significado. Acabaremos compreendendo porque se diz comumente que a voz do povo é a voz de Deus. Verdade que as pessoas pouco avisadas, interessadas em espiritualismo, procuram encontrar a verdade fluindo em geral de grandes segredos ocultistas, quando a verdade é simples e pura e vive entre nós expressa singelamente. É só saber entrar em contato com ela. Continuemos a estudar aquela frase de início…. Errar é humano, perdoar é divino… O erro parte realmente da nossa parte humana. A nossa parte divina é pura e encerra em si o germe da verdade. Basta que saibamos cultivá-la para que brote e floresça em nossos corações. É essa parte, a divina, que nos conduz à correção de nossos erros e de onde se tira aquele PERDOAR É DIVINO.

A nossa parte divina nos perdoa a nós mesmos através de Deus, ou Deus nos perdoa através da nossa parte divina, sempre que desejamos sinceramente esse perdão. E, naturalmente, um desejo sincero de perdão só pode partir de um coração arrependido e desejoso de redimir-se. Caia ou não em erro novamente, aquele momento de perdão existiu com o arrependimento, e é uma sementinha de verdade que pode germinar devagarinho, constituindo com o tempo, uma força real que se sobrepõe aos nossos erros.

Teremos então canalizado a nossa parte divina sobre a humana. “Errar é humano” pode, à primeira vista, apresentar um aspecto de justificativa. Se erramos, é porque somos humanos, e, sendo humanos, temos esse direito de errar, portanto não seremos nós propriamente culpados de nossos erros, mas sim a nossa constituição material trazida desde os tempos de Adão e Eva.

Para o ser humano natural, esse modo de pensar será perfeitamente lógico.

Entretanto, para aquele que descobre em si algo maior do que a carne, algo superior a essa parte humana tão falha e cheia de fraquezas, para quem já tem um vislumbre de uma realidade mais elevada, para esse, já não é possível aceitar a justificativa do Errar é Humano. Ele pode compreender que seus erros provêm da sua parte humana, que é a parte inferior do seu eu; mas sabe perfeitamente que essa parte inferior pode ser elevada, transformada e adaptada à essência divina que a interpenetra.

Assim como os mundos etéricos interpenetram o Mundo Físico, assim a nossa parte divina está perfeitamente entrosada na humana. Portanto, não há justificativa para cruzarmos os braços e aceitarmos nossos erros como coisa natural e própria da nossa condição humana. A nossa divindade também está em nós, em cada átomo do nosso corpo, na força criadora de nossos órgãos, na perfeição de funcionamento da máquina de nosso organismo, no nosso cérebro, no nosso sangue, na nossa vida, enfim.

E é essa essência divina que faz o nosso coração pulsar, equilibra as trocas químicas do nosso organismo para que haja a continuidade de vida em nosso corpo.

Por que ignorá-la então, por que a colocar em segundo plano, afastada de nós, desprezada em suas reais possibilidades dentro de nós mesmos?

A nossa divindade vive em nós e, quanto mais próxima de nós a sentirmos, maior a possibilidade de irmos anulando a força negativa da nossa parte humana, transformando-a em energia positiva. A finalidade dos nossos estudos é realmente esta: estabelecer o contato do divino com o humano, através da linha mística, ao mesmo tempo que elevamos ao divino a nossa parte humana, através do ocultismo, que é a linha intelectual.

Se formos refletir um pouco, acabaremos percebendo que os nossos erros, as nossas fraquezas não passam de forças mal dirigidas, de energia extraviada da verdade.

Para orientarmos essa força, basta, portanto, que mudemos o eixo de direção na linha de nossos pensamentos negativos.

Isso porque despendemos a mesma força, a mesma energia, tanto para sermos maus, como para sermos bons. Corrigir falhas, portanto, nada mais é do que orientar para a verdade os nossos pensamentos extraviados, recusando-nos a pensar errado, o que já é meio caminho para o ato certo, para a ação reta que constitui a finalidade do nosso discipulado, e que, forçosamente, há de levar-nos ao dia de glória em que conseguiremos restabelecer a unidade perdida do nosso todo, numa restauração total dos nossos valores íntimos, e final elevação do humano ao divino.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1978)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Palavra Criadora: imaginação em alto grau, uma Mente lúcida e muita concentração

A Palavra Criadora: imaginação em alto grau, uma Mente lúcida e muita concentração

Será que temos dado suficiente consideração para as palavras que falamos? Essa pergunta deve ser feita por todos os Aspirantes espiritualistas sérios, porque com as palavras ditas estarão criando seus futuros destinos. Quando falamos, criamos imagens que frequentemente ativam emoções e estimulam pensamentos. A palavra-chave é criar.

Quando dizemos que o Aspirante está criando seu próprio futuro, entendemos que eles estabelecem condições básicas da vida futura, os Estudantes da Filosofia Rosacruz aceitam a ideia do Renascimento, mas nem sempre lembram que toda ação forma experiências para a próxima vida terrena.

Fazemos ideia de que a palavra cria condições para o ser humano, tanto para quem fala quanto para aquele que escuta. Palavras causam, muitas vezes, infelicidades na Mente ou no Coração dos outros, e podem mudar a própria vida daquele que falou. A palavra pronunciada, com intenção ou não, pode transformar completamente uma vida. Podem agitar emoções e fazer com que o ouvinte seja forçado a decisões que podem alterar seus desejos ou planos.

Em um momento emotivo, palavras despejadas podem embaraçar relações embora nos apressemos a dizer: “Não foi bem isso que queria dizer”. Então se não foi isso o nosso intento, as palavras não foram bem formadas.

Palavras usadas para degradar outros são ditas porque queremos alimentar nossa autoestima. A pergunta é: por que queremos magoar os outros?

Nós todos já encontramos pessoas que são tão interessadas em suas ideias que querem convencer os outros, privando-os de sua liberdade por forçá-los a ouvir e desenvolver resistência. É diferente quando as ideias são discutidas com o grupo, onde pode haver muitas opiniões sobre um assunto especial. Aí existe uma troca de ideias e a aceitação da razão dos outros quando cada um oferece seu ponto de vista.

A palavra tem o seu grau de vibração. A pessoa que fala, dota estas vibrações com a poderosa combinação de pensamento, desejo, vitalidade, dando-lhes substância (Vida) que afeta seus ouvintes.

Ocorre a nós que devemos aceitar a responsabilidade do resultado das nossas palavras? Não podemos esperar que criando desarmonia à vida de uma ou outra pessoa não tenhamos de pagar por ela. Nós construímos nosso próprio destino. Desse modo, falar uma palavra ofensiva é contrário a lei que Cristo Jesus estabeleceu: “Ama teu próximo como a ti mesmo”, e assim põe em ação a lei imutável. Caminhamos até a próxima vida e nos espantamos, porque as pessoas nos evitam e dificultam a nossa vida. Nós merecemos isso pelas nossas ações anteriores.

Para os Estudantes da Filosofia Rosacruz foi dada a razão para controlar as palavras e nos conscientizar do seu poder. Conhecemos a razão dessa disciplina, sabemos que nossa maneira de falar revela os nossos pensamentos e desejos, de maneira completa, conduzindo-nos a descobrir, discernir e perceber o seu significado. Somos bastante sensíveis para mudar nossa atitude para com os outros, para não tropeçarmos na tentação de falar a palavra má? Privamos as pessoas da sua liberdade de agir por causa da palavra impensada, ou mostramos nosso desejo de dominá-los insistindo revelar nossa própria infelicidade, confusão e decepção?

Se estamos interessados em controlar nossas palavras, podemos garantir reações harmoniosas, calma, paz e contentamento interior aos outros.

Palavras atraentes, usualmente possuem ritmo e as crianças são especialmente suscetíveis a isso. Seriam os jovens menos confusos se o som atualmente tão apreciado fosse eliminando? Tal desarmonia tem efeito devastador no Corpo de Desejos, despertando desejos mais inferiores.

A humanidade faz parte do divino criador e tem que se realizar criando harmonia por meio das palavras. Para conseguir, deve desenvolver imaginação em alto grau, possuindo uma Mente lúcida e muita concentração.

Todas as pessoas que possuem criatividade aprenderam a se disciplinar, para conseguir esse fim. A palavra é uma forma de criar.

Quando eventualmente alcançarmos a Iniciação vamos rever as nossas vidas passadas. Recriaremos, novamente, as cenas e nos conscientizaremos da importância da palavra dita, conhecendo enfim uma das qualidades que devemos cultivar antes de podermos alcançar a iluminação da INICIAÇÃO.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 11/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Quando somos o que somos

Quando somos o que somos

Nossa vida é feita de partes, nas quais atuamos com mais ou menos interesse e desempenho.

Estamos inseridos em contextos e nos defrontamos com situações que nem sempre nos alegram, mas que devemos vivenciar para conclusão do projeto pré-estabelecido.

Dentro deste contexto encarnamos papéis que devem ser cumpridos e metas que devem ser atingidas, porém, existirá sempre um papel no qual nos sentiremos mais ligados, com maior intensidade, pois a ele nos entregamos com prazer; a ele oferecemos nossas alegrias; com ele acreditamos num mundo melhor; encontramos através dele uma paz interior e forças para vivermos o que não somos e aceitarmos o que temos e não podemos usufruir.

Quando nos definimos e estamos nele, nada existe além dele. Com ele somos capazes de traduzir a harmonia e a beleza.

Nele o perfeito nos é ditado, o grandioso é compreendido. Existe apenas a realização.

Nele somos o tudo e o Todo, resumido, sintetizado, concluído.

Nele sabemos que somos nosso Espírito eterno. Somos nossos deuses.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/86)

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Um Malefício: por que as bebidas alcoólicas?

Nos Ensinamentos Rosacruzes, por vezes, encontramos observações contra a ingestão de bebidas alcoólicas.

A missão da Fraternidade Rosacruz é elevar a humanidade, e o uso do álcool provoca justamente o efeito contrário. A própria sociedade em que vivemos oferece inúmeros exemplos dessa verdade. Acreditamos mesmo que pouquíssimos estudantes não tenham no círculo familiar algum parente, próximo ou distante, vítima desse flagelo.

Degradação moral, incapacitação para o trabalho, destruição de lares, enfermidades e morte prematura são alguns dos males provocados por esse vício. São razões suficientemente fortes para justificar todas as campanhas educativas que visem a erradicação do alcoolismo do meio social, por mais onerosas que sejam.

É sempre oportuno abordar o assunto sob a ótica do esoterismo, justamente o que pretendemos fazer neste editorial.

Segundo a Bíblia, Noé fermentou o vinho pela primeira vez no início da Época Ária. A humanidade mais desenvolvida sobrevivera às inundações atlantes, fixando-se nas regiões mais elevadas da Terra.

As condições prevalecentes na Atlântida faziam parte do passado. Aquela névoa úmida não mais existia, dando lugar a uma atmosfera seca e clara.

O ser humano perdeu a visão dos planos internos, uma peculiaridade das épocas anteriores, passando a concentrar todas as suas energias no Mundo Físico. Para tanto, as Hierarquias lhe deram o vinho. Perder a visão espiritual era uma necessidade evolutiva nos primórdios da Época Ária.

Mas, com o advento do Cristianismo as coisas mudaram. Implantava-se uma nova ordem espiritual, e o uso do álcool não só já era dispensável, como impedia o crescimento anímico.

O primeiro milagre do Cristo foi transformar a água em vinho. Ele havia recebido o Espírito Universal por ocasião do Batismo, não necessitando, portanto, de estimulantes artificiais. Transformou a água em vinho para oferecê-lo aos menos avançados.

O bebedor de vinho, entretanto, não pode aspirar a degraus mais elevados na escala evolutiva. O uso do álcool produz alterações negativas na vibração de seus veículos.

Enquanto os Éteres inferiores vibram em função dos Átomos-semente localizados no Plexo Celíaco e no coração, os superiores vibram em função do Corpo Pituitário e da Glândula Pineal. O despertamento do Corpo Pituitário e da Glândula Pineal é muito importante no desenvolvimento da visão espiritual.

É lógico supor-se que o alcoolismo ao invés de sensibilizar venha provocar o efeito contrário. E mais: atua de maneira anormal sobre os veículos humanos, levando o alcoólatra a descortinar as Regiões inferiores do Mundo do Desejo com todas as suas mazelas. Isso ocorre principalmente nos casos de “delirium tremens”.

Uma coisa lastimável em nossos dias é constatar como as clínicas para doentes mentais estão repletos de alcoólatras e toxicômanos, porque o álcool também é um tóxico.

Esses vícios, além dos males físicos, psíquicos e emocionais, conduzem a uma inevitável degeneração de caráter.

Eis aí uma excelente oportunidade de servir à Humanidade: alertar e esclarecer quanto aos danos causados pelas bebidas alcoólicas.

(Publicada na ‘Revista Rosacruz’ – 10/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um Exemplo Notável: “por que não eu?”

Um Exemplo Notável: “por que não eu?”

Max Heindel costumava dizer: “Se há alguma coisa a ser feita, por que não eu?”.

O ser humano, com seu egoísmo e ignorância, vem cometendo muitos erros, comprometendo, não raro, os seus semelhantes. Mas isso, no curso da evolução, é compreensível: estamos aprendendo a usar as faculdades. Temos uma margem de livre arbítrio para isso. Pelas consequências vamos aprendendo a conhecer e a corrigir as causas.

A moderna ciência da ecologia vem demonstrando como o ser humano está provocando desequilíbrio na natureza, em seu próprio prejuízo. Isto é sinal de que já estão voltando os olhos às leis naturais e reconhecendo uma sabedoria superior a dirigir as coisas.

A respeito, queremos resumir um belo relato de Jean Giono, uma história verídica acerca de um homem que plantou esperança e criou felicidade.

“Há cerca de 40 anos fiz uma longa caminhada através de serras desconhecidas dos turistas, naquela antiga região onde os Alpes caem em direção à Provença no sul da França. Naquela época, tudo ali era terra estéril e incolor. Nenhuma vegetação, além da lavanda silvestre. Eu atravessei a região em sua parte mais ampla e, após caminhar três dias, encontrei-me em meio à mais completa desolação. Acampei perto dos vestígios de uma aldeia abandonada. A água que levava acabara na véspera, e precisava encontrar alguma. Aquelas casas agrupadas, apesar de serem apenas ruínas, semelhantes a um velho ninho de marimbondos, sugeriam que deveria haver ali uma fonte, ou um chafariz. Havia, de fato, uma fonte, mas estava seca. As cinco ou seis casas, destelhadas, roídas pelo vento e pela chuva, a pequena capela com sua torre desmoronada, se situavam como casas e capelas de uma aldeia abandonada.

Era um lindo dia de junho: brilhava o sol, mas sobre essa paisagem desprotegida, o vento soprava feroz, insuportável, rugindo entre as ruínas como um leão perturbado. Tive que mudar o acampamento.

“Após cinco horas de marcha ainda não encontrara água nem sinal algum que me fizesse esperar encontrá-la. A meu redor tudo era seca; por todo lado, o mesmo capim grosseiro. Pareceu-me ver ao longe uma pequena silhueta escura, ereta; tomei-a por um tronco de árvore isolada. De qualquer maneira dirigi-me em sua direção. Era um pastor. Trinta ovelhas estavam deitadas ao seu redor, sobre a terra quente e seca.

“Ofereceu-me um gole de seu cantil e, mais tarde, levou-me ao seu abrigo. Ele tirava sua água — excelente água — de um poço natural muito profundo, por cima do qual havia construído uma primitiva manivela.

“O homem falava pouco. É o hábito dos que vivem sós. Sentia-se que ele estava seguro de si, e confiante em sua segurança. Isto era surpreendente naquela terra estéril. Ele não vivia num barraco, mas em uma verdadeira casa de pedras, que revelava claramente os esforços que empenhara em recuperar a ruína que ali havia encontrado. O telhado era forte e sólido. O vento, soprando sobre as telhas, imitava o ruído do mar quebrando na praia.

“O lugar estava arrumado, a louça lavada, o chão varrido; a sopa fervia no caldeirão da lareira. Percebi, então, que ele estava de barba feita, que sua roupa tinha os botões bem presos e que estava remendada meticulosamente, a ponto de serem quase invisíveis os remendos. Repartiu comigo sua sopa e, quando lhe ofereci minha bolsa de fumo, respondeu que não fumava. Seu cão, silencioso como o dono, era amistoso sem ser, no entanto, servil.

“Ficou desde logo subentendido que eu pousaria ali naquela noite; a aldeia mais próxima ficava a mais de um dia e meio de viagem. Aliás, eu estava perfeitamente familiarizado com o tipo das raras aldeias daquela região. Eram quatro ou cinco aldeias bem afastadas entre si, nas encostas das montanhas, em meio a bosques de árvores, no final de estradas de carroças. As famílias, aglomeradas, vivendo em um clima excessivamente rude, tanto no inverno quanto no verão, não conseguiam escapar de constantes brigas entre si. Uma ambição irracional atingia proporções desordenadas sob o constante desejo de fuga. Os homens levavam à cidade suas cargas de carvão e regressavam. Mesmo os de mais firme caráter sucumbiam sob a rotina amordaçante. As mulheres cultivavam seus desgostos. Reinava rivalidade a qualquer propósito, sobre o preço do carvão, sobre o banco reservado na igreja, etc. E sobre tudo isso soprava o vento, incessante, a desgastar os nervos. Ocorriam epidemias de suicídio, e eram frequentes os casos de insanidade mental, geralmente levando a homicídios.

“O pastor foi buscar um pequeno saco e derramou sobre a mesa um punhado de sementes de carvalho. Começou a examiná-las, uma por uma, muito concentrado, separando as boas das más. Eu fumava meu cachimbo. Ofereci-lhe minha ajuda. Ele disse que era tarefa sua. E, realmente, vendo o cuidado que ele dedicava ao que fazia, não insisti.

“Nossa conversa limitou-se a isso. Após ter separado um monte de sementes aprovadas, ele as dividiu em montinhos de dez, eliminando ainda algumas pequenas ou ligeiramente machucadas, pois agora as examinava mais de perto.

“Tendo selecionado, assim, cem sementes perfeitas, parou sua tarefa e fomos dormir.

“Reinava a paz ao redor desse homem. No dia seguinte, perguntei- lhe se poderia descansar ali mais um dia. Ele achou o pedido natural, ou melhor, deu-me impressão de que nada poderia surpreendê-lo. Eu não precisava tanto de repouso, mas estava interessado, e desejava saber mais sobre ele. Ele abriu o cercado e levou suas ovelhas ao pasto. Antes de partir, mergulhou as sementes, cuidadosamente selecionadas e contadas, num balde com água.

“Notei que o bastão que levava era uma vara de ferro de espessura de um polegar e de um metro e pouco de comprimento. Eu descansava, caminhando por um trilho paralelo ao dele. O pasto ficava num vale. Ele deixou o pequeno rebanho aos cuidados do cão e subiu em direção ao lugar onde eu estava. Pensei que queria censurar minha indiscrição, mas estava enganado: era o caminho que ele queria trilhar e convidou-me a acompanhá-lo, caso não tivesse outra coisa a fazer. Galgou o topo da elevação, a cerca de 100 metros.

“Ali começou a furar a terra com seu bastão de ferro, abrindo um buraco no qual plantou uma semente; em seguida cobriu o buraco com terra.

“Estava plantando carvalhos. Perguntei-lhe se a terra lhe pertencia. Ele respondeu que não. Quem era o proprietário? Ele não sabia. Supunha que fosse propriedade do governo ou talvez pertencesse a pessoas desinteressadas. Ele não se preocupava em saber de quem era a terra. Plantou suas cem sementes com extremo cuidado. Depois do almoço, recomeçou a plantar. Acho que insisti bastante em minhas perguntas, pois ele me respondeu.

“Havia três anos que ele estava plantando árvores naquele deserto. Já plantara 100.000. Destas, 20.000 haviam brotado. Das 20.000, ele calculava que ainda perderia a metade por causa de animais roedores ou das intenções imprevisíveis do destino. Restariam 10.000 árvores a crescer onde nada crescera antes.

“Foi então que comecei a pensar sobre a idade que podia ter esse homem. Tinha mais que cinquenta e cinco, disse-me ele. Seu nome era Elzéard Bouffier. Possuíra uma fazenda na planície. Ali vivera sua vida. Perdera o filho único e depois, também a mulher. Retirara-se então para essa solidão, acompanhado de seu cão e de suas ovelhas. Achava que essa terra estava morrendo por falta de árvores. E, não tendo nada de urgente a fazer para si mesmo, resolvera remediar esta situação.

“Eu, apesar de jovem, levava naquela época uma vida solitária, e sabia, por isso lidar com gente solitária. Mas o fato mesmo de ser jovem, fazia-me encarar o futuro em relação a mim mesmo, e com uma certa procura da felicidade. Disse-lhe que seus 10.000 carvalhos estariam magníficos após trinta anos. Ele respondeu simplesmente, que, se Deus lhe concedesse vida, dentro de trinta anos ele teria plantado tantos carvalhos que esses 10.000 seriam como uma gota de água no oceano.

“Além disso, ele estava estudando a reprodução das faias (outro tipo de árvore daquela região) e já tinha um canteiro com mudas de faia ao lado de sua cabana. Essas mudas, protegidas das ovelhas por uma cerca de arame, estavam muito bonitas. Ele pensava ainda em plantar bétulas (outra árvore) nos vales onde, conforme disse, havia uma certa umidade, alguns metros abaixo do solo.

“No dia seguinte nos despedimos. Anos mais tarde tive desejo de rever o solitário pastor. Admirei-me com a transformação. As faias já estavam crescendo no vale, muito viçosas. Como supusera Bouffier, ali havia umidade quase à superfície do solo. As bétulas, delicadas como as mocinhas, estavam bem desenvolvidas.

“Parecia ter sido desencadeada uma criação em série. Ele não se importava; simplesmente prosseguia sua tarefa, com perseverança e determinação. Ao voltarmos em direção à aldeia, vi água correndo nos leitos de riachos secos desde tempos imemoriais. Foi esse o mais impressionante resultado de reação em série que eu já havia visto. Os riachos ressecados haviam carregado água, há muito tempo. Algumas das tristes aldeias que mencionei haviam sido construídas no local de antigos acampamentos romanos cujos vestígios ainda existiam; e os arqueólogos, pesquisando na região, tinham encontrado anzóis, num lugar onde, no século XX, era preciso cavar poços para obter um pouco de água.

“O vento também espalhava sementes. À medida que a água reaparecia, ressurgiam também salgueiros, junco, prados, jardins e flores e um certo sentido para a vida. Mas a transformação ocorria aos poucos, modificando o ambiente sem causar surpresa. É verdade que os caçadores, escalando os penhascos desertos à procura de lebres ou javalis, notavam o crescimento súbito de pequenas árvores, mas o atribuíram a algum capricho da terra. Eis porque ninguém interferiu no trabalho de Elzéard Bouffier. Se tivesse despertado a atenção, logo teria surgido uma oposição. Não o descobriram. Ninguém, nas aldeias ou na administração, poderia ter sonhado com tal perseverança nascida de tão magnífica generosidade.

“Para formar-se uma ideia aproximada daquele caráter excepcional, não deve ser esquecido o fato de ter ele trabalhado em solidão absoluta: tão absoluta que, na velhice, perdeu o hábito da fala. Ou talvez, não mais a achasse necessária.

“Em 1933, recebeu a visita de um guarda florestal que lhe transmitiu uma ordem: proibição de acender fogo ao ar livre, para proteger o crescimento daquela floresta “natural”. O homem disse ao guarda, inocentemente, que pela primeira vez ouvia falar em uma floresta que crescia por conta própria. Nessa época, Bouffier se estava preparando para plantar faias a cerca de 12 quilômetros de sua cabana. Para evitar constantes caminhadas — pois ele já contava 75 anos — planejou a construção de um abrigo de pedra no sítio da plantação. No ano seguinte, realizou esse plano.

“Em 1935, toda uma delegação do governo chegou para examinar a “floresta natural”. Havia um alto funcionário do Serviço Florestal, um deputado e técnicos. Houve muitas conversas ineficientes. Decidiu-se que algo tinha que ser feito e, felizmente, nada se fez além da única medida útil: toda a floresta foi colocada sob a proteção do governo e proibiu-se a carvoagem, pois era impossível não se ficar cativado pela beleza dessas jovens árvores em pleno desenvolvimento, cujo encanto envolveu até mesmo o deputado.

“Um amigo meu fazia parte daquela delegação. Expliquei-lhe o mistério. Um dia, na semana seguinte, fomos ambos visitar Elzéard Bouffier. Encontramo-lo arduamente trabalhando, a cerca de dez quilômetros do local onde havia sido feita a inspeção.

“Esse funcionário do Serviço Florestal sabia perceber a valor das coisas. E sabia manter silêncio. Entreguei a Bouffier os ovos que trouxera como presente. Almoçamos juntos, os três, e passamos várias horas a contemplar, em silêncio, a paisagem.

“Na direção de onde viéramos, as encostas estavam cobertas de árvores que mediam entre seis e oito metros. Lembrei-me do que ali havia em 1913: Um deserto… O trabalho regular e tranquilo, o vigoroso ar da montanha, a frugalidade e, sobretudo, o espírito sereno haviam dotado aquele velho com uma saúde que inspirava respeito. Ele era um dos atletas de Deus. Fiquei imaginando quantos acres ele ainda iria cobrir de árvores.

“Antes de partir, meu amigo simplesmente fez alguma sugestão quanto a certas espécies de árvores para as quais o solo parecia apropriado. Não insistiu. “Pela simples razão” disse-me ele mais tarde, “que Bouffier entende mais disto do que eu”. Após caminharmos mais de uma hora — e tendo meditado sobre aquilo — disse ainda: “Ele sabe muito mais do que qualquer outro. Ele descobriu um modo maravilhoso de ser feliz”.

“Foi graças a esse funcionário que ficou protegida a floresta. Designou para aquela região três guardas florestais nos quais incutiu tanto medo, que eles ficaram insubornáveis, por mais litros de vinho que lhes oferecessem os carvoeiros.

“A única vez em que o trabalho de Bouffier ficou seriamente ameaçado foi durante a guerra de 1939. Os carros eram movidos por gasogênio (geradores alimentados por lenha) e sempre faltava lenha. Começaram a derrubar os carvalhos de 1910, mas como a região era muito afastada de qualquer via férrea, o empreendimento se revelou financeiramente insustentável e foi abandonado. O pastor nada tinha visto. Estava a 30 quilômetros dali, trabalhando em paz, sem tomar conhecimento da guerra de 1939, como fizera também em 1914.

“Vi Elzéard Bouffier pela última vez, em junho de 1945. Ele completara 87 anos. Eu resolvera atravessar novamente o caminho daquelas terras áridas; mas, apesar da desordem deixada pela guerra, havia agora um ônibus que passava entre o vale da Durance e a montanha. Atribuí à relativa velocidade do transporte o fato de não reconhecer as paisagens de minhas viagens anteriores. Foi somente ao ver o nome de uma aldeia que me convenci de estar realmente naquela região, que fora só de ruínas e desolação.

“O ônibus me deixou em Vergons. Em 1913, essa aldeia, de dez ou doze casas, tinha três habitantes. Eram criaturas selvagens, odiavam-se mutuamente, viviam de caça por armadilhas e pouco se distanciavam, física e moralmente, das condições do homem pré-histórico. Os restos das casas abandonadas estavam cobertos de urtigas. A condição daquela gente não admitia qualquer esperança. Nada mais lhes restava senão esperar pela morte — situação que dificilmente podia predispô-los à virtude.

“Tudo agora estava mudado. Até mesmo o ar. Ao invés do vento seco e áspero que me atacara, soprava uma brisa suave carregada de perfume. Da montanha descia um som semelhante ao da água; era o vento na floresta; e, surpresa ainda maior, ouvi um ruído de água, de fato, caindo num tanque; vi que havia sido construído um chafariz, onde a água corria livremente e o que mais me emocionou — que alguém plantara, ao lado do chafariz, uma tília; a tília que devia ter uns quatro anos, coberta de folhas, era o símbolo incontestável da ressurreição.

“Além disso, a cidadezinha Vergons apresentava os sinais evidentes de trabalho que só empreende quem tem esperança. A esperança, portanto, havia voltado. As ruínas tinham sido afastadas e cinco casas estavam restauradas. Eram agora vinte e oito os habitantes, entre os quais quatro jovens casais. As casas novas, recém-rebocadas, estavam cercadas de jardins onde cresciam, em conjunto, verduras e flores, repolhos e rosas, alho-poró, funcho e anêmonas. Era agora uma aldeia onde se gostaria de viver.

“Desde então, em apenas oito anos, toda a região passou a irradiar saúde e prosperidade. No local das ruínas que eu vira em 1913 existem, agora, casas de lavradores, limpas e rebocadas, atestando uma vida feliz e confortável. Nos antigos leitos, alimentados pelas chuvas e pela neve que a floresta conserva, correm novamente os riachos. Águas foram canalizadas. Em cada propriedade rural, entre pequenos bosques, há fontes cujas águas transbordam sobre tapetes de hortelã. Aos poucos, as aldeias foram reconstruídas.

“Gente da planície, onde o terreno é caro, viera estabelecer-se aqui, trazendo juventude, movimento, evolução. Ao longo das estradas, encontram-se homens e mulheres sadios, meninos e meninas que sabem rir, e que redescobriram o sabor dos convescotes. Incluindo a população anterior, irreconhecível agora, a viver confortavelmente, mais de 10.000 pessoas devem a sua felicidade a Elzéard Bouffier (sem o saber).

“Quando penso que um homem, munido unicamente de seus próprios recursos físicos e morais, foi capaz de fazer nascer desse deserto uma tal Canaã, sinto a convicção de que, apesar de tudo, a humanidade é digna de admiração. Mas quando calculo a infalível grandeza de espírito e a tenacidade da benevolência necessária para alcançar esse resultado, sinto um respeito imenso pelo velho camponês sem instrução, que foi capaz de completar uma obra digna para Deus.

Elzéard Bouffier morreu em paz, em 1947, no asilo de Banon”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1976)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Novamente o Trabalho em Grupo

Novamente o Trabalho em Grupo

“Devemos aprender a trabalhar em conjunto ou nos desatualizaremos”.

Comovente ao proclamar: “A Fraternidade é a nova ordem da Era que se aproxima. Ou nos entendemos ou nos limitaremos cada vez mais.”

(De Elvin Joseph Noel no livreto “A Libertação através do Trabalho em Grupo traduzido da Revista “Rays from The Rose Cross” e publicado aqui: https://goo.gl/pbQfEv ).

Somos apologistas do trabalho de equipe. Observamo-lo portador de inúmeras vantagens, como, por exemplo, o alcance de um rendimento máximo em tempo mínimo, mediante o aproveitamento racional das qualidades e aptidões de cada um em função do todo. Além disso, sua ação faz-se sentir individualmente, revertendo em benefício de cada um, em forma de disciplina, solidariedades, harmonia, companheirismo e expansão natural das próprias qualidades.

Mas não se pense que o desenvolvimento do trabalho grupal depende, única e exclusivamente, da aglutinação de pessoas dotadas de capacidade para realizar a obra proposta. Não. Não é tão simples assim. Certas aptidões, conhecimentos e habilidades são importantes e desejáveis. Mas por si só não asseguram o êxito final de um trabalho coletivo. Há certos requisitos prioritários, tais como: boa vontade, sinceridade, desprendimentos, altruísmo, harmonia, ausência de personalismo e outros. São essas qualidades, de natureza moral, que possibilitam a um grupo relativamente heterogêneo empreender e concretizar obras de vulto, num sentido comum.

É importante, na quadra atual, cada um meditar sobre isso, e perguntar-se: estou preparado para trabalhar em equipe? Estão se formando novos Grupos Rosacruzes. E através deles os Estudantes têm a oportunidade de contribuir com sua parcela de esforço para a disseminação do Ideal Rosacruz.

O Método Rosacruz de Desenvolvimento oferece meios de realização estritamente individuais, objetivando o aprimoramento espiritual do aspirante, de modo a permitir-lhe transcender os entraves internos separatistas, integrando-o cada vez mais no puro sentido de equipe.

Decorridos onze anos de sua publicação, as ideias contidas no artigo de Elvin Joseph Noel mostram-se extraordinariamente mais atualizadas, mais vidente a realidade de seus conceitos, mais necessária a aplicação prática de seus princípios.

Sugerimos a todos, lerem e meditarem sobre ele. Mas, particularmente aos jovens, sequiosos de canalizar sua vibrante energia em uma obra edificante, recomendamos a atenta leitura do trabalho acima mencionado. Ele servirá de orientação, sem dúvida alguma.

Todos temos alguma coisa a realizar, pois o mundo necessita de pessoas responsáveis, decididas a arregaçar as mangas e trabalhar. Não fiquemos aguardando o surgimento de condições favoráveis. Não esperemos o emergir do amanhã acenando-nos com as oportunidades. Estas já estão por aí à espera da nossa decisão. Nos dias que correm o “futuro é hoje”. E o trabalho deve ser realizado “aqui e agora”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1977)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Aprendizagem Esotérica: você sabe o que dissipa a falácia dos métodos inconscientes e de pretensa liberdade

Aprendizagem Esotérica: você sabe o que dissipa a falácia dos métodos inconscientes e de pretensa liberdade

Ensinou Sócrates[1]: “O ser humano não procura o que sabe, porque já o sabe e, portanto, não tem nenhuma necessidade de o procurar. Também não procura o que não sabe, pois, se não sabe, ignora o que deve procurar”.

Essa afirmação parece desencorajar qualquer esforço de aprendizado. Mas no sentido profundo ela quer significar a necessidade de passar adiante do que já se sabe, predispondo-se a novas condições, desconhecidas, que a evolução colocará em nosso caminho. Ora, se por nós mesmos, como personas, não temos a possibilidade de saber o que nos convém, o Espírito em nós o sabe e nos leva fatalmente para aquilo que nossa necessidade interna reclama.

Foi assim que, sem o saber, encontrei a Fraternidade Rosacruz. No contato com ela, descobri em mim uma identidade nova e ignorada. Isso me levou a desejar atingir algo mais que na verdade sempre desejei.

Sócrates foi um parteiro de almas porque despertava nas pessoas o que nelas estava adormecido. Assim aconteceu comigo, ao confrontar-me com a sabedoria Rosacruz: o desconhecido se me tornou conhecido e me convidou ao desabrochamento.

Sócrates disse também o seguinte: “Ninguém pode ensinar nada a ninguém e nem aprender nada de ninguém”. Outra afirmação enigmática que se revela profunda à meditação. Ele sabia que o ser humano “é feito à Imagem e Semelhança de Deus”, trazendo em si, em potencial, todas as faculdades, bastando que elas sejam acordadas e cultivadas para que se tornem realidade como conquista anímica do indivíduo. A maioria das pessoas, embora tenha lido a Bíblia, não compreendeu possuir essa riqueza potencial interna. No entanto, a própria experiência da vida nos mostra que ela existe. Cada um de nós pode ser, ao devido tempo, tudo. Mais facilmente atingirá as faculdades que já tenha desenvolvido em parte; e a longo prazo, aquelas que ainda não foram despertadas.

Quem no-lo revelará? Uma orientação externa. Mas… não disse Sócrates que ninguém ensina nada a ninguém? No sentido comum de ensinar, de fato ninguém ensina, porque a verdade já está dentro de nós. O que o mestre grego quis significar é diferente: o orientador não cria nada nem dá nada a ninguém; apenas o ajuda a descobrir-se; apenas revela o que já existe — como ensina a “Oração Rosacruz”. A orientação externa não vai tirar algo do nada, nem pôr algo no nada. Apenas faz descobrir o que já existe, o que está subjacente e que deve vir à tona da consciência, pelo exercitamento adequado.

Tanto isso é verdade que o próprio Sócrates o demonstrou. Ele tomou um jovem escravo sem formação matemática e, traçando na areia algumas figuras, foi interrogando metodicamente o moço, levando-o a definir, sozinho, por dedução, verdades muito próximas do teorema de Pitágoras. Sua habilidade é tal que induz ao moço, de pergunta em resposta, verdades surpreendentes. O jovem escravo tira de dentro de si as conclusões, sem que ninguém as explique a ele diretamente. Daí a conclusão: nada veio de fora para enriquecer aquela inteligência, que descobriu por si mesma — se bem com ajuda indutiva — as relações constitutivas do mundo matemático que já estavam nele. Só aguardavam para se tornarem conscientes, a invocação do orientador.

Não houve ensino, no sentido atual do termo, se bem que a presença e habilidade do orientador, como meio indutivo, é indispensável. Este induz o que sabe, mas o aluno o realiza de modo próprio, pelo dom epigenético contribuindo, não raro, para o orientador descobrir aspectos que não conhecia. Por isso que o ensinar é também um aprendizado.

É claro, pois, que o intercessor é necessário. Ainda mais: ele só pode induzir o outro a relacionar e concluir o que é conhecido dele, orientador. Mas naquele encontro, celebrado pelo amor, porque marcado pelo desejo de ajudar, muitas vezes ocorre a presença de um terceiro fator, de inspiração interna, levando um dos dois a sacar deduções imprevistas.

Do ponto de vista esotérico, a pedagogia se torna uma atividade espiritual das mais expressivas porque pressupõe necessariamente o amor, que se anula sem desejo de mostrar o que se sabe, para desvelar o desconhecido, das potencialidades do aluno. Mostra que a alma não é importada do exterior, se bem que seja suscitada pelo exterior: daí a necessidade do renascimento neste plano que é uma oficina de aprendizagem.

O ensino se torna uma invocação à união de nossa voz indutiva com a voz interna do aluno, para libertar-lhe uma vocação adormecida, tal como o Príncipe encantado a despertar a Bela Adormecida com o apelo de um beijo. A voz que vem de fora, como um som mágico, desperta no íntimo, por ressonância, a verdade pré-existente. Mas cada um despertará de modo singular e próprio, segundo o como e o que já tenha realizado anteriormente.

Cada despertar de uma verdade é um nascimento. Cada nascimento é um mistério encantador e traz a individualidade de sua origem.

Muitas vezes é um livro o intercessor que nos leva a conclusões novas. De toda a forma, embora pareça imenso, na verdade o papel do orientador é limitado ao livre arbítrio e à epigênese do aluno. Ele é um meio e não um modelo e fim. Apesar de todo o seu amor e altruística dedicação, não deve exorbitar a função de um invocador da verdade. Ele não se limita a resolver tudo com afirmações nem dar lições para que o aluno memorize. Ao contrário, ele se torna um discípulo ante o discípulo, instalando-se naquilo que o discípulo compreendeu e na maneira como ele compreendeu. Ele realiza a empatia pedagógica, ao colocar-se no lugar do outro.

Sem esse laço não existe aprendizado. O aluno sente o interesse do Instrutor por sua edificação. Os dois se abrem e se encontram como duas mãos em prece. Só esta compreensão, no aluno, é que avalia e elege o Orientador.

“Não há grande ser humano para o criado de quarto” — diz o ditado. Referindo-se a isso, Goethe[2] esclarece bem: “Não porque o grande ser humano não seja um ‘grande homem’, mas porque o criado de quarto é um criado de quarto”. Isto nos leva a compreender que o aluno não pode amar o que não compreende… Quando ele encontra o Instrutor que busca compreendê-lo e lhe abre o íntimo para um autêntico diálogo, o amor realiza o milagre do despertar.

Mas a demasiada intimidade pode arruinar esse encontro. Daí que haja entre aluno e instrutor uma sutil dosagem de intimidade na distância, e uma distância na intimidade, uma espécie de respeito diferente, mas não menos completo. Cada um tem algo que não revela ao outro e que o outro pressente, como a Sherazade das “Mil e uma noites” a velar algo mais para o dia seguinte.

À medida que a harmonia se estabelece entre o professor e o aluno, quase desaparece o intervalo entre aquele perguntar e este despertar à compreensão, porque o Eu real responde imediatamente à ideia suscitada, com sua verdade própria. Assim vão caminhando os dois na mesma direção: o Orientador humildemente, cônscio de suas limitações ante a verdade inabarcável, na consciência do pouco que tem ante a infinitude divina que o convida. O aluno, inspirado no exemplo do Instrutor, desejoso de continuar-lhe a obra de transmissão a outros.

Hoje há mal-entendido sentido de liberdade e de universalidade, de um lado motivado pela indisciplina e impaciência; doutro lado, por autores, que estão cometendo o grande erro de querer demolir a personalidade sem que ela ainda tenha sido formada: matar o que ainda não nasceu.

A grande maioria é espiritualmente infantil, imatura e deve ser ajudada na própria realização, por um método gradativo e inteligente.

O autodidata, rebelde a toda orientação ou escola — conforme ensinam esses autores — fica girando em torno de si mesmo, num círculo vicioso, limitado às próprias incipientes possibilidades conscientes. Nada aceita de fora, mas não se dá conta das sutis influências externas que o condicionam. Ouve falar, e muito, desses condicionamentos, mas não desenvolve meios de libertar-se deles. Fecha medrosamente a janela do íntimo à “perigosa influência das escolas” e não percebe que, justamente por isso, fecha as possibilidades de receber ajuda na conscientização da verdade. É como fechar a janela ao mal, fechando-se também ao bem.

Outro tipo de autodidata, comum no espiritualismo — igualmente movido por mal-entendido universalismo e independência — é aquele que não assume compromisso com nenhuma escola e põe-se a, gulosamente. ingerir toda a literatura que sua falta de discernimento e preparo escolhe. Sem desenvolver um sentido global, um esquema geral da vida e do ser, vai colecionando retalhos e cosendo-os incoerentemente. Perde-se na literatura variada como uma pessoa entre as árvores da floresta. Isolando-se em sua pretensão, furta-se à riqueza do diálogo e compromete o íntimo, porque vai perdendo aquele estado de equilíbrio e receptividade necessário ao aprendizado imparcial. Preocupado mais com a quantidade do que com a qualidade e coerência do que lê, confunde memorização com formação e acaba sendo esmagado pelo peso desse enorme bloco que engoliu e não digeriu. Refugia-se num tolo orgulho intelectual, subestimando as organizações, para justificar sua desorganização. É um herói sem esperança, pelo menos nesta vida, ao mesmo tempo que está formando cristalizações intelectuais, obstaculizando sua libertação em futuras vidas.

Outra dificuldade insinuante e perigosa — porque atende à conveniência dos preguiçosos — são os métodos de ensino subconsciente. Compreendamos que, se se conseguisse estabelecer um método de aprendizagem que permitisse a cada um decorar sem esforço (por exemplo, durante o sono, como o recurso subliminar), uma matéria qualquer, um tal sistema jamais seria a perfeição educacional. Ao contrário, seria o seu malogro e fim. No desenvolvimento do ser humano, a conquista do sistema nervoso cérebro-espinhal, que nos permitiu o desenvolvimento da consciência, é algo precioso que reclama cultivo constante. O ser humano está destinado a ganhar consciência plena de si. Não há evolução sem consciência. Só o que assimilamos conscientemente podemos converter em alma. Só o que dinamizamos conscientemente de nossa bagagem anímica potencial pode servir-nos como recursos de ação.

Mais do que nunca a humanidade está hoje precisando de uma honesta orientação. O método ocidental, exposto nesta série de artigos, dissipa a falácia dos métodos inconscientes e de pretensa liberdade.

A Universalidade só existe dentro de nós mesmos, conscientemente exercida através de nosso Eu real. A liberdade também, como bem esclareceu São Paulo Apóstolo: “Lá onde habita o Espírito, lá é onde existe liberdade”. Não se trata de fato externo. Ninguém nos pode libertar ou limitar-nos a liberdade.

“Conheci e dou testemunho de que a verdadeira orientação nos liberta de nós mesmos (a única limitação) para o conhecimento de nós mesmos e o sentido de universalidade autêntica”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1976)

[1] N.R.: Sócrates foi um filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga. Creditado como um dos fundadores da filosofia ocidental, é até hoje uma figura enigmática, conhecida principalmente através dos relatos em obras de escritores que viveram mais tarde, especialmente dois de seus alunos, Platão e Xenofonte, bem como pelas peças teatrais de seu contemporâneo Aristófanes. Muitos defendem que os diálogos de Platão seriam o relato mais abrangente de Sócrates a ter perdurado da Antiguidade aos dias de hoje.

[2] N.R.: Johann Wolfgang von Goethe (1749 -1832) foi um autor e estadista alemão do Sacro Império Romano-Germânico que também fez incursões pelo campo da ciência natural. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pausa para Meditar

Pausa para Meditar

Desde os governantes até o mais modesto trabalhador, é hábito salutar um balanço anual de atividades, do que foi feito, do que não se cumpriu e dos planos para o ano vindouro, ou seja: meditar. Poucos avaliam como muitos problemas de saúde são decorrentes da falta desse levantamento, pois a ausência de uma perspectiva, da avaliação das nossas possibilidades reais pode gerar frustrações, depressões e angústias que fatalmente repercutirão sobre o funcionamento dos órgãos.

Um senhor de 60 anos, cabelos brancos, saúde abalada, em relativa dificuldade financeira, não se dispunha a vender um lote de terreno que resolveria seus problemas e dar-lhe-ia tranquilidade e meios para seus projetos, porque aguardava maior valorização depois que certa estrada projetada fosse construída. Jamais usufruirá desse bem e certamente morrerá infeliz e derrotado, sonhando com um futuro problemático. Neste final de ano, cada um deve parar, olhar para trás e encarar os fatos. Se eu morresse agora, perguntará o sexagenário, terei realizado o que planejei? Terei deixado aos meus, à minha obra, à minha coletividade algo a que me propus? Ter-me-ei empenhado a fundo nessa missão, ou, ao contrário, estarei dando voltas em torno de atividades supérfluas, desperdiçando inteligência e tempo em coisas sem nenhum valor para meus objetivos primordiais? É preciso coragem para nos desligarmos de tudo o que sinceramente consideramos desperdício e desvio da missão principal a que nos propomos neste mundo. Pouca gente avalia como somos diariamente despojados da mais preciosa de nossas riquezas: nosso cérebro e nossa atenção, pelos “batedores de carteiras” do nosso tempo. Eles nos minam a resistência, nos desviam do nosso trabalho e nada ficam devendo.

Ao jovem, o balanço servirá para avaliar quanto enriqueceu seu patrimônio cultural, quais foram as conquistas realizadas. Melhorou sua classificação no colégio? Aprendeu línguas? Leu quantos livros de boa literatura? Desenvolveu trabalhos de pesquisa? Aperfeiçoou seu português, aumentou seu vocabulário, aprofundou-se nos conhecimentos de sua futura profissão? Estabeleceu novas e valiosas relações sociais, fazendo conhecimentos com pessoas importantes que poderão servir-lhe futuramente? Não se esquecer de traçar a meta para o ano seguinte e procurar cumpri-la à risca. Jovem! O bem mais valioso que possui é o tempo! Não o desperdice! Cada minuto deve ser plenamente preenchido. Não só trabalho. Há hora para prazer e hora para pensar. Bem dividido, seu dia dará para tudo, até para ficar alguns momentos deitado, de papo para o ar, olhar distante e sonhador, para um futuro brilhante que nosso grande e inigualável país oferece aos que se preparam para vencer.

Quem aplica sua Mente a fundo em algum mister, quem mobiliza cérebro e pensamentos num objetivo determinado, disposto a superar e a vencer, terá mobilizado, sem saber, cada célula do seu corpo: jamais adoecerá. Grande parte das doenças físicas inicia-se com a ferrugem do espírito.

Pensar…

Para quem não sabe viver consigo mesmo, distrair-se é frequentemente mudar de tédio.

…e sorri.

Vendedor de uma loja, para conhecida freguesa: “A senhora quer que mande deixar em sua casa, ou prefere que eu envie logo para seção de reclamações?”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1978)

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