O Esotérico: Branca de Neve e os Sete Anões
O branco é o resumo de todas as cores: símbolo da unidade do espírito. Deus é Luz. Somos feitos a Sua imagem e semelhança e, portanto, somos Luz também. Quando a luz se refrata, em manifestação, se bem conserve sua unidade de origem, aparece como as cores primárias: vermelho (expressão do Espírito Humano), amarelo (expressão do Espírito de Vida) e Azul (expressão do Espírito Divino) a Trindade em Um. Estas cores, entre si combinadas, produzem as secundárias: alaranjado, verde, índigo e violeta; ao todas as sete cores do espectro.
Neve é símbolo de pureza. Branca de Neve, o do Espírito Virginal, puro.
Era filha de um Rei, porque o espírito é parte de Deus, herdeiro dos céus.
Quando o espirito humano chegou a meados da Época Atlante (sétimo dia da criação, em que Deus descansou, deixando ao ser humano, de posse da Mente, o livre arbítrio, para dirigir-se por si só), perdeu seus guardiões angelicais. Ao mesmo tempo, pelo desenvolvimento do egoísmo, da ideia de separatividade, da gradativa materialização, fomos nos ligando ao plano material. Foi quando perdemos nossa “mãe” e ganhamos uma “madrasta” egoísta e má.
O castelo é nosso corpo. Dele saía nossa natureza inferior (a madrasta), por baixo, em suas práticas de magia negra. Não se fala do Pai, não se vê o Pai. Embora Deus nos ame muito e nos assista sempre, é preciso que aprendamos a nos dirigir sozinhos. Além disso, nós é que, com a perda da visão espiritual não o vemos nem sentimos. Essa a razão da omissão.
Quando a natureza espiritual se foi desenvolvendo com as qualidades superiores da alma, e por um penoso esforço (lavar as escadarias do castelo é purificarmo-nos e, gradativamente, subir) sua beleza despertou ciúmes na madrasta rainha. Isto quer dizer que a natureza superior se deve desenvolver no silêncio, sem alarde, para não provocar ciúmes da natureza inferior. Como Herodes mandou matar todas as criancinhas que tivessem até dois anos, para eliminar Jesus, cujo poder temia, assim é a natureza inferior em nosso reino interno. O egoísmo quer reinar supremo.
Todavia, nossa consciência, algo despertada, reconhece a realidade do espírito e intuitivamente (como a mulher de Pôncio Pilatos) teme agir contra Ele. Assim, o caçador poupou-a mandando que ela fugisse. Como José conduzia Maria e o menino Jesus ao Egito (a terra do silêncio para fugir de Herodes), o egoísmo, Branca de Neve conduzida pelos passarinhos (intuição) se refugiou na casa dos sete anões, (símbolo dos sete princípios que agem dentro de nós, propiciando impulsos para evoluirmos). É nosso zodíaco, em cujas casas temos auxiliares. Descansamos em “suas camas”. Os anões caracterizam bem as naturezas planetárias: o Mestre é Saturno; Zangado é Marte; Dengoso é Vênus; Feliz é Júpiter; Atchim é Urano; Soneca é a Terra; e Dunga é Mercúrio. De fato Saturno é o provador das almas. Marte, passional, belicoso e maléfico em sua influência adversa é do contra. Vênus é amoroso e sentimental. Júpiter é benevolente e otimista. Urano é espasmódico. A Terra está mergulhada em “sono”, até que seja despertada. E Mercúrio, até a pouco em noite cósmica, não estava em manifestação (não se exprimia).
Mas a insidiosa influência dos espíritos lucíferos continuava. As religiões de raça nos acentuaram o egoísmo. Quer dizer: a madrasta nos atingiu. Mordemos a maçã “envenenada” (anestesia do erro, pois o salário do pecado é a morte) e mergulhamos no sono da inconsciência material, sendo encerrados num caixão de ouro e cristal no alto da montanha, até que sejamos despertados pelo primeiro beijo de amor. O caixão é nosso Corpo. De ouro porque é expressão do espírito; de cristal, porque cristalizado, densificado pelas transgressões às leis naturais. A montanha é nossa cabeça, onde estão os acentos do espírito do Ego. O príncipe é Cristo, em relação à humanidade, ou o principio crístico, o Cristo Interno em relação a cada um de nós.
Um dia chegará a nossa libertação pessoal, que depende de nosso esforço e ajuda das forças propulsoras de nossa evolução, principalmente de Cristo, nosso Salvador, que um dia já nos visitou no “castelo” e ainda voltará para as núpcias com nossa alma.
Então sairemos do nosso caixão de cristal, ao lado do cavalo branco do discernimento, vislumbrando, contra o horizonte um novo castelo, uma nova era, de amor fraternal entre todos os seres humanos, então reunidos num só rebanho, sob um só pastor.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de set/1966)