A Lei e a Graça – Qual a relação entre elas e como utilizá-las no dia a dia?
Quando nós, Egos – Espíritos Virginais da onda de vida humana manifestados – entramos no Período Terrestre, o quarto Período do nosso esquema evolutivo, começou o trabalho de união entre o Ego e o seu Tríplice Corpo. O objetivo desse trabalho era modificar os Corpos para serem interpenetrados pela Mente, o veículo mais novo que hoje possuímos.
No Corpo Denso começamos a construir a fronte, para abrigar o cérebro, e dividir o Sistema Nervoso em Voluntário e Involuntário. Perceba que só com um Sistema Nervoso Voluntário é que adquirimos meios de estimular nosso Corpo Denso a realizar movimentos orientados por nós e não somente por impulsos externos.
No Corpo Vital as modificações foram feitas para que esse continuasse com a forma do Corpo Denso, criando, assim, cérebro vital e o Sistema Nervoso Voluntário e Involuntário vital (ou seja, idênticos aos do Corpo Físico, mas com material etérico). Também, o ponto da raiz do nariz da parte etérica e da parte física foram colocados na mesma posição relativa, ou seja, concentrizados.
No Corpo de Desejos efetuou-se uma divisão em duas partes: uma superior e outra inferior.
Com isso, as Hierarquias Criadoras, as que nos auxiliavam nas modificações e aquisições de novas ferramentas para utilização nos Mundos, puderam nos fornecer o seguinte:
Foi feita a divisão dos sexos. Metade da força sexual criadora foi utilizada para construirmos o cérebro e a laringe, órgãos indispensáveis para criarmos e nos expressarmos no Mundo Físico.
Estava criada a base para a nossa expressão individual. E com as modificações atmosféricas da Época Atlante, pudemos ver os objetos da Região Química do Mundo Físico com claridade e nitidez. Como diz a Bíblia: “Eles olharam-se, seus olhos foram abertos e viram que estavam nus.” (Gn 3:7).
Foi daí por diante que nos pudemos guiar a nós mesmo, aprendendo a ser independente, assumindo responsabilidade por nossos próprios atos.
Foi então que, exercitando todas essas faculdades recentes, aprendemos: o egoísmo, a ambição, a astúcia, a vingança e outros sentimentos afins.
Isso se tornou mais forte devido a união que ocorreu entre a parte inferior do Corpo de Desejos e a Mente. Fato ocorrido por causa do fraco domínio nosso, o Ego, sobre os corpos recém-adquiridos. Assim, o intelecto passou a ser dominado pelo Desejo. Assim, a tendência do nosso raciocínio passou a responder aos desejos inferiores de: egoísmo, vingança, ambição, astúcia e outros sentimentos semelhantes a esses.
Por outro lado, estávamos aptos a conquistar o Mundo Físico: tínhamos corpos que nos ajudavam a funcionar aqui e tínhamos a consciência incipiente para agir aqui. Agora precisávamos de métodos para discernir o bem do mal, para sobrepormos a tendência destrutiva que seria agir somente pelos desejos inferiores, para sentir desejos superiores conscientes estando aqui, no Mundo Físico.
Foi então que apareceu Jeová, o legislador, o que fornece leis apropriadas para um povo que recentemente recebeu novos corpos, preparando-o para um novo período de desenvolvimento.
Uma parte desse trabalho foi o de emancipar o intelecto do desejo. Para isso, Jeová criou as Leis e as transmitiu. Além delas, foram instituídas as Religiões de Raça, a Religião de Jeová. Para facilitar a assimilação e a orientação, Jeová dividiu a humanidade em raças e nações.
Esta é a Religião da Lei, prescrevendo penalidades por transgressões e antepondo o temor da lei aos desejos da carne.
Essa fase do trabalho de Jeová é feita partindo de fora, como dador de leis, e a lei, quando aplicada de fora; é como o feitor que nos obriga a fazer isto ou aquilo ou nos proíbe de fazer outras coisas.
Entretanto, sempre nos rebelamos contra ela, sendo necessário infligir a nós castigos severos para nos manter dentro da conduta moral desejada. As guerras entre nações e as pestes eram comuns, onde essas se puniam mutuamente por suas transgressões. Recorria-se às guerras e ao castigo pela escravidão para garantir a obediência, e o Antigo Testamento conclui prometendo às nações batidas que sangravam: “Nascerá o Sol da justiça e estará a salvação sob as suas asas. (Ml 4:2)”.
Contudo, as Leis de Jeová nos instigavam a sermos conquistadores, a praticar o “olho por olho, dente por dente”. A querermos ter tudo o que pudéssemos nesse Mundo Físico. Aí está a chave: o Mundo Físico. Afinal, o objetivo era a conquista do Mundo Físico.
Para isso, tivemos que mergulhar no Mundo Físico. Esquecer nossa origem divina. Fomos estimulados a adquirir bens. Quanto mais adquiríamos bens: terras, filhos, casas, dinheiro, mais tínhamos recompensas por termos sido obedientes às ordens dos Espíritos de Raça. Por outro lado, se transgredíamos e desobedecíamos aos mandamentos de Jeová, mais passávamos fome, ou éramos acometidos por pestes ou por outras calamidades de ordem material.
Não havia, sob o regime de Jeová, nenhuma promessa de paraíso, pois foi dito que “mesmo os céus pertencem ao Senhor, mas a terra Ele a deu aos filhos dos homens.”.
Com o objetivo de focarmos a consciência e o propósito da vida, conforme a necessidade da época mais aqui no Mundo Físico, foi nos dado alimentação especial: carne e bebidas alcoólicas. Com isso, nosso Corpo Físico foi se tornando mais rígido, mais cristalizado e a nossa atenção foi se voltando totalmente para o Mundo Físico.
Chegamos ao ponto de pensarmos que não existe outro Mundo senão somente esse aqui. Que não existe outro corpo senão somente esse aqui, o Corpo Denso.
Entretanto, conquistamos o Mundo Físico. Fizemos desse Mundo um paraíso. Exploramos todas as suas partes. Transformamo-lo num lugar agradável de se viver, com comodidades e luxos. Criamos e trabalhamos com os elementos do Mundo Físico, transformando-os para o nosso melhor viver.
Por outro lado, como consequência da desobediência a essas Leis, o pecado foi originado por nós. Como descrito na Epístola de São Paulo aos Romanos 7:7-8: “A lei é pecado? Longe disso. Mas eu não conheci o pecado, senão pela lei, porque não conheceria o desejo de coisas materiais se a lei não dissesse: não cobiçaras.” “sem a lei, o pecado estava morto”; mas como a proibição excita o desejo, o pecado encontrou nas proibições da lei um bom aliado.
Aos poucos fomos entendendo que as Religiões de Raça, a uma das quais estávamos apegados, eram religiões do medo e da obediência. Se transgredíssemos a lei, cometíamos pecado, que deveria ser expiado por meio de sacrifícios ou de sofrimento, de dor, de tristeza, da morte.
Assim, por meio do medo íamos subjugando o nosso Corpo de Desejos. Aos poucos, íamos entendendo que, uma vez compreendido que éramos um “eu individual”, separado dos outros irmãos e que deveríamos buscar a evolução sozinhos, deveríamos também respeitar os outros irmãos, deixando de sermos egoístas, ambiciosos, vingativos.
Aos poucos, também, fomos conquistando esse Mundo Físico, a ponto de atingir o nadir da materialidade – parte mais densa da Região Química do Mundo Físico que podemos chegar – onde pudemos utilizar tudo que esse Mundo Físico proporciona. Atingimos um desenvolvimento quase perfeito do nosso Corpo Denso!
Na parte espiritual, “aprendemos a adorar a Deus por meio do medo. Começamos a pressentir a presença de Deus através dos poderes da Natureza. Para agradá-lo, fazíamos sacrifícios externos e sangrentos.
Depois, começamos a considerar Deus como dador de todas as coisas, quem nos recompensaria aqui e agora se obedecêssemos a Sua Lei e, nos castigaríamos instantaneamente se a desobedecesse. Sabíamos que Ele era um poderoso aliado contra nossos inimigos, mas podia ser também um inimigo poderoso e, por conseguinte, também O temíamos. Os sacrifícios eram externos e sangrentos e os fazíamos por medo!”.
Por esse tempo, nós tínhamos acumulado uma quantidade enorme de pecado, como consequência da desobediência às Leis de Jeová. Nosso Corpo de Desejos estava quase que todo cristalizado, por estar repleto somente de materiais das Regiões inferiores do Mundo do Desejo. Estávamos quase todo tempo expiando nossos pecados por meio do sofrimento, da dor e da morte. Ao mesmo tempo, havia uma quantidade considerável de pessoas que extraíram todos os ensinamentos condizentes com aquela época e, vivendo uma vida voltada para Deus, ansiavam por maiores ensinamentos espirituais. No caminho da evolução, foi chegada a hora de começarmos retornar a Casa do Pai, agora cheio de experiências. Tal qual a Parábola do Filho Pródigo.
Essa foi uma das razões que tornou necessária a intervenção do Cristo.
Afinal, as Religiões de Raça são somente passos intermediários a fim de preparar-nos para a vinda Unificadora do Cristo, a Religião do Cristo, base da Fraternidade Universal.
O feitor torna-se o consolador.
A orientação à humanidade é alterada para: “Paz na Terra e boa vontade entre os homens”, ao invés de: “Nascerá o Sol da justiça e estará a salvação sob as suas asas.” (Ml 4:2)”, como recompensa às guerras e lutas entre as nações. E, ao invés de: “Olho por olho, dente por dente”, deveríamos praticar: “Amai os vossos inimigos”.
Cristo trouxe a possibilidade de qualquer um, desde que queira, ter acesso aos ensinamentos espirituais que explica todos os mistérios ocultos da natureza. Ele trouxe a possibilidade de entender a importância da união de todos os seres humanos numa única fraternidade. Ele limpou o Corpo de Desejos do Planeta Terra – que é no nosso Mundo do Desejo, dando-nos, com isso, material para que pudéssemos ter desejos superiores, espirituais, amorosos. Ele trouxe a possibilidade de adorar a um Deus de Amor e a sacrificar-nos por nós mesmos diariamente, toda a sua vida. E ainda, a possibilidade de reconhecermos nossa própria divindade, fazendo o bem pelo simples prazer de fazer, sem esperar recompensas nem castigo!
Esse é o tempo em que recebemos a lei dentro de nós e que não mais impelidos por meios externos. Como lemos em na Epístola de São Paulo aos Romanos 7:21-23: “Eu encontro, pois esta lei em mim: quando quero fazer o bem, o mal está junto a mim, porque me deleito na Lei de Deus, segundo o homem interior, mas vejo nos meus membros, outra lei que se opõe à Lei do Meu Espírito e, que me faz escravo da Lei do Pecado que está nos meus membros”. E na mesma Epístola 7:24: “Quem me livrará desse corpo de morte? A Graça de Deus por Jesus Cristo Nosso Senhor.”.
Sim, Cristo deu-nos a Graça e o Perdão dos Pecados. Como lemos no Evangelho Segundo São João (1:17): “Porque a Lei foi dada através de Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.”.
Mas, o que é a Graça?
A Graça é a presença de Deus em nós para nos tornar mais perfeitos e se manifesta em forma de amor paterno e de amizade. É a Graça que nos motiva a lutar contra a nossa natureza inferior, a equilibrar nossas emoções. É a consolação que nos torna mais humildes, corajosos e nos ajuda a renunciar a nós mesmos.
A Graça é:
Por meio da Graça encontramos forças e razão para nos contrapor:
É através da Graça que encontramos entusiasmo para seguir sempre para cima e à frente. É ela que nos anima a persistir, afinal, como diz Max Heindel: “o único fracasso é deixar de lutar”.
Assim: “todo aquele que, com o coração singelo dirige a sua intenção a Deus e se desprende de todo amor ou aversão desordenada a qualquer coisa criada, está bem disposto para receber a graça e digno de alcançar a devoção”. “E quanto mais perfeitamente alguém renuncia às coisas exteriores e morre a si mesmo, tanto mais depressa lhe advém a graça, mais copiosamente se lhe infunde e mais alto lhe ergue o coração livre”.
Como lemos no Livro de Isaías (60:5): “Então verá, terá alegria abundante e estará maravilhoso; o coração se dilatará, porque a mão do Senhor está com ele.”.
Junto à Graça, Cristo trouxe a doutrina do Perdão dos Pecados. Através disso é que temos força necessária para lutar, apesar dos repetidos fracassos para conseguir a subjugação da natureza inferior. A obtenção do Perdão dos nossos Pecados é feita através do arrependimento e da reforma íntima. Quando compreendemos o erro de certos hábitos e nos determinamos a eliminá-los ou a desfazer o mal feito, geramos aspirações para o bem que, em seu devido tempo, se traduzirão em retidão. O exercício de Retrospecção é o melhor meio de praticar essa doutrina.
Graça e Perdão dos Pecados nos ajudam nesse retorno à casa do Pai. Por meio deles, podemos errar, corrigir e tentar novamente fazer o bem pelo simples fato de fazê-lo. Aos poucos, criamos o hábito de fazer o bem, e não mais faremos o mal, simplesmente porque não queremos, não sentimos vontade.
Pratiquemos o Perdão dos Pecados e estejamos dispostos a ter a Graça de Deus. Com isso fica muito mais fácil seguir o caminho para cima e para frente, unidos por Cristo, em direção a Deus.
Que as Rosas floresçam em Vossa Cruz
A Origem do Pecado, como aprendemos com ele e como sublimá-lo
Deus é perfeito. Contudo, nós, individualmente, não somos perfeitos.
Devido ao processo de evolução nós estamos sujeitos a cometer erros. E a maioria desses erros nós cometemos por causa da nossa ignorância.
Em parte, isso é devido a irmos contra as leis da natureza. Na maioria das vezes deixamos nosso “eu inferior” dominar a situação.
Nosso “eu superior” sabe como não pecar, como obedecer às Leis da Natureza. Isso prova nossa imperfeição. Usamos nosso livre arbítrio de modo contrário às Leis de Deus. Cometemos mais pecados por omissão do que por comissão. São pequenos pecados a que, na sua maioria, nem damos importância. Entretanto, ao passar do tempo esses pecados começarão a atrapalhar o nosso progresso espiritual.
O pecado é “consequência natural das Religiões de Raça, as Religiões de Jeová”. Essas Religiões eram Religiões de Leis, originadoras do pecado como consequência à desobediência dessas leis. Sob essas leis todos pecavam. E chegou-se a tal ponto que a evolução teria demorado muito, e muitos de nós perderíamos a evolução de nossa onda de vida se não fossemos ajudados.
Isso porque não sabíamos agir com retidão e amor. Nossa natureza passional tornou-se tão forte que não sabíamos mais controlá-la. Pecávamos continuamente.
Na Época Lemúrica, a propagação da raça e o nascimento eram executados sob a direção dos Anjos, por sua vez enviados por Jeová, o Regente da Lua.
A função criadora era executada durante determinados períodos do ano, quando as configurações estelares eram favoráveis. Como a força criadora não encontrava obstáculo, o parto realizava-se sem dor.
A consciência do Lemuriano era igual à nossa hoje, quando estamos dormindo. Assim, ele era inconsciente do Mundo Físico e, portanto, inconsciente do nascimento e da morte. Ou seja, essas duas coisas não existiam para o lemuriano. Eles percebiam as coisas físicas de maneira espiritual, como quando as percebemos em sonhos, quando parece que tudo está dentro de nós.
Quando, nessa Época, havia o íntimo contato das relações sexuais entre o homem e a mulher, o espírito sentia a carne e, por um momento, o ser humano atravessava o véu da carne e observava uma ligeira consciência. A isso se referem várias passagens da Bíblia: “Adão conheceu a sua mulher”, ou seja: sentiu-a fisicamente. “Adão conheceu Eva e ela concebeu Seth”; “Elkanah conheceu Havah e ela concebeu Samuel”. Mesmo no Novo Testamento, quando o Anjo anuncia à Maria que será a mãe do Salvador, ela contesta: “Como pode ser isso possível se eu não conheço a nenhum homem?“. Essas coisas perduraram até aparecerem os Espíritos Lucíferos.
Como o ser humano via muito mais facilmente no Mundo do Desejo, os Espíritos Lucíferos manifestaram-se por aí, e chamaram-lhe a atenção para o mundo exterior. Ensinaram-lhe como podia deixar de ser manipulado por forças exteriores, como poderia converter-se em seu próprio dono e Senhor, parecendo-se aos Deuses, “conhecendo o bem e o mal” (Gn 3:5). Também lhe mostraram como podia construir outros corpos, sem a necessidade da ajuda dos Anjos.
O objetivo dos Espíritos Lucíferos era dirigir a consciência do ser humano para o exterior. Essas experiências proporcionaram a dor e o sofrimento, mas deram também a inestimável benção da emancipação das influências e direção alheias e o ser humano iniciou a evolução dos seus poderes espirituais.
A partir daí foram os seres humanos que dirigiram a propagação e não mais os Anjos. Eles passaram, então, a ignorar a operação das forças solares e lunares como melhor época para a propagação e abusaram da força sexual, empregando-a para a gratificação dos sentidos. Então, restou a dor que passou a acompanhar o processo de gestação e nascimento.
Passaram, também, a conhecer a morte, pois viam quando eles atravessavam do Mundo Físico para os mundos espirituais e vice-versa, quando voltavam, ao renascerem.
A partir daí, como diz a Bíblia: “conceberás teus filhos com dor”. Isso não foi uma maldição de Jeová, como normalmente se acha. Foi uma clara indicação do que iria ocorrer quando se utilizasse a força criadora na geração de um novo ser sem tomar em conta as forças astrais.
Então, é o emprego ignorante da força criadora que origina a dor, a enfermidade e a tristeza.
Esse é o pecado original. “A terra te produzirá espinhos e abrolhos, e tu terás por sustento as ervas da terra. Tu comerás o teu pão no suor do teu rosto, até que te tornes na terra, de que foste formado”. (Gn 3:18-19)
A partir daí o ser humano teve que trabalhar para obter o conhecimento. Através do cérebro, interioriza parte da força criadora para obter o conhecimento no Mundo Físico.
Isso é egoísmo.
Contudo, a partir da queda na geração, não há outro modo de se obter conhecimento.
Assim, uma parte da força sexual criadora do ser humano ama egoisticamente o outro ser, porque deseja a cooperação na procriação. A outra parte pensa, também, por razões egoístas, porque deseja conhecimento.
Como resultado cristalizou os seus veículos e esqueceu-se de Deus. Os corpos debilitados e as enfermidades que vemos ao nosso redor foram causados por séculos de abuso, e até que aprendamos a subjugar nossas paixões não poderá existir verdadeira saúde na humanidade.
Em resumo: o pecado original veio porque o ser humano usou o seu livre-arbítrio e quis obter a consciência cerebral e a do Mundo Físico. Transformou-se, de um autômato, guiado em tudo, num ser criador pensante.
Aos poucos, através do sábio uso da Força Criadora e da espiritualização dos seus corpos, o ser humano vai respondendo aos impactos espirituais e escapando do estigma do pecado original.
A partir do momento em que o ser humano tomou para si as rédeas de sua evolução, ele começou a experimentar, agindo bem ou mal, fazendo o certo e o errado.
Na Época Atlante, quando lhe foi dado a Mente, o Ego era excessivamente débil e a natureza de desejos muito forte, motivo por que a Mente uniu-se ao Corpo de Desejos, originando a astúcia; a partir daí, então, a tendência foi fazer mais o mal do que o bem, mais o errado do que o certo, desenvolvendo mais o vício do que a virtude.
Assim, devido à sua ignorância, foi lhe dada uma Religião que tinha como base o látego do medo, impelindo-o a temer a Deus.
Por causa desse medo, tentava-se fazer o bem, o certo. Mas a astúcia e a ignorância eram muito fortes e o ser humano fazia mais o mal do que o bem.
Após isso, foi lhe dada uma Religião que o levava a certa classe de desinteresse, coagindo-o a dar parte dos seus melhores bens como sacrifício: “Noé levantou um altar ao Senhor: tomou de todos os animais puros e de todas as aves puras, e ofereceu-os em holocausto ao Senhor sobre o altar”(Gn 8:20).
Noé simboliza os Atlantes remanescentes, núcleo da quinta raça, a Raça Ária, e, portanto, nossos progenitores. Isso foi conseguido pelo Deus de Raça ou Tribo. Um Deus zeloso que exigia a mais estrita obediência e reverência. Contudo, era um poderoso amigo, ajudava o ser humano em suas batalhas e lhe desenvolvia multiplicados “os carneiros e cereais” que lhe eram sacrificados.
O ser humano não sabia que todas as criaturas eram semelhantes, mas o Deus de Raça ensinou-lhe a tratar benevolentemente seus irmãos de raça e fazer leis justas para os seres da mesma raça.
Entretanto, houve muitos fracassos e desobediências, pois o egoísmo estava – e ainda está – muito enraizado na natureza inferior.
No Antigo Testamento, encontramos inúmeros exemplos de como o ser humano se esqueceu dos seus deveres e de como o Deus de raça o encaminhou, persistentemente, uma e outra vez.
Só com os grandes sofrimentos ditados pelos Espíritos de Raça foi que os seres humanos caminharam dentro da lei. Isso porque o propósito da Religião de Raça é dominar o Corpo de Desejos, na maioria das vezes apegado à natureza inferior, de modo que o intelecto possa se desenvolver. Portanto, essas Religiões são baseadas na lei, originadoras do pecado, como consequência à desobediência a essas leis.
Exemplos dessa desobediência e de suas consequências vemos no Pentateuco Mosaico, os cinco primeiros livros do Antigo Testamento. O ser humano foi pecando – pois não sabia agir por amor – por desobediência a essas Leis, baseadas na Lei de Consequência, e acumulando uma quantidade tão grande de pecados que, se não houvesse uma intervenção externa, muitos teriam sucumbido e toda a evolução perdida.
E essa ajuda foi a vinda do Cristo. Por isso ele disse que veio para “buscar e salvar os que estavam perdidos“. Cristo não negou a Lei, nem a Moisés, nem aos profetas.
Disse que essas coisas já tinham servido aos seus propósitos e que, para o futuro, o AMOR deveria suceder a Lei.
Ele é: “O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. E o tirou, mas não o pecado do indivíduo!
Purificou, e continua purificando todos os anos, o Mundo do Desejo de modo que tenhamos matéria de desejos, emoções e sentimentos mais pura para construir nossos Corpos de Desejos e desejos, emoções e sentimentos superiores, mais puros.
Assim, por inanição, vamos eliminando nossas tendências inferiores, nossos vícios, o egoísmo, etc.
Ele nos deu a doutrina do Perdão dos Pecados. Ela não vai contra a Lei de Consequência, como muitos pensam, mas a complementa.
Dá aos que se interessam pela vida espiritual forças para lutar, apesar de repetidos fracassos e para conseguir subjugar a natureza inferior.
Mediante o Perdão dos Pecados foi nos aberto o caminho do arrependimento e da reforma íntima.
Aplicando uma lei superior à Lei Mosaica, a lei do amor, conseguimos esse perdão. Se não o fazemos, teremos que esperar pela morte que nos obrigará a liquidar nossas contas.
Para conseguir o perdão dos nossos pecados temos que, quando cometermos um erro, ter um sincero arrependimento seguido de uma devida regeneração que pode ser um serviço prestado a quem injuriamos ou uma oração para essa pessoa – se for impossível o serviço – ou, ainda, um serviço prestado a outrem. Com esse sentimento e essa compreensão tão intensas quanto possível do erro cometido, a imagem desse ato se desvanece ao Átomo-semente, no qual foi gravado.
Lembremos que são as gravações desse Átomo-semente que formam a base da justa retribuição depois da morte e que é o livro dos Anjos do Destino. Com isso, no Purgatório esse registro não estará mais lá e não sofreremos por esse ato errado, pois já aprendemos que ele é errado, restituindo-o voluntariamente.
Lição aprendida, ensino suspenso!
Nesse ponto, muito nos ajuda o Exercício da Retrospecção. É ele que nos faz viver o nosso Purgatório diariamente e nos ajuda na compreensão e no discernimento em fazer o bem e o que é fazer o mal.
Portanto, não sigamos tanto “a carne”, o Mundo Físico, pois já é passado o tempo que precisávamos disso.
Não sejamos preguiçosos, gulosos, impudicos, voluptuosos, soberbos, avarentos. Pois no ponto em que nós pecamos seremos gravemente castigados.
Relembremos, agora, os nossos pecados para podermos aproveitar melhor o tempo após a morte para ajudarmos os nossos irmãos e para construirmos melhores corpos.
Sejamos sábios utilizando toda essa ajuda que os nossos irmãos mais evoluídos nos dão.
Se vivemos para Cristo, veremos que toda tribulação dará prazer, pois a sofreremos com paciência e que: “a iniquidade não abrirá a sua boca” (Sl 106:42).
E pela paciência e persistência estaremos entre os escolhidos no dia do Juízo, pois: “erguer-se-ão naqueles dias os justos com grande força contra aqueles que os oprimiram e desprezaram.” (Sb 5:1).
Que as rosas floresçam em vossa cruz
No Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 9, Versículos de 2-5 lemos: “Jesus tomou de novo a barca, passou o lago e veio para a sua cidade. Eis que lhe apresentaram um paralítico estendido numa padiola. Jesus, vendo a fé daquela gente, disse ao paralítico: ‘Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados’”. Ouvindo isso, alguns escribas murmuraram entre si: “Este homem blasfema”. Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, perguntou-lhes: “Por que pensais mal em vossos corações? Que é mais fácil dizer: Teus pecados te são perdoados, ou: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados: Levanta-te – disse ele ao paralítico – toma a tua maca e volta para tua casa”. Levantou-se aquele homem e foi para sua casa. Vendo isso, a multidão encheu-se de medo e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens. Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto do pagamento das taxas. Disse-lhe: ‘Segue-me’. O homem levantou-se e o seguiu”.
Já no Evangelho Segundo São João, Capítulo 5 lemos: “Então lhe disse Jesus: Levanta-te, toma teu leito e anda. Mais tarde Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais para que não te suceda coisa pior”.
Pouca gente imagina a possibilidade de uma relação entre a cura e o Perdão dos Pecados. Aliás, quase ninguém sequer cogita dessa realidade que é o Perdão dos Pecados.
Mas, como se define o pecado?
Objetivamente podemos afirmar que é uma ação contrária à lei. Se você pensou que estamos falando da Lei de Moisés, os Dez Mandamentos, pensou corretamente. A Lei, em verdade, é algo muito mais amplo e profundo do que o decálogo recebido por Moisés na montanha. É tão importante que o Cristo asseverou categoricamente que não viera revogá-la, mas cumpri-la. Ele a observou, mas propôs dois mandamentos que a abrangem e transcendem: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a Si mesmo.
Do ponto de vista esotérico, o pecado é uma transgressão a uma lei natural. As leis naturais se harmonizam e mantêm o equilíbrio no Cosmos. Toda vez que alguém as transgrida provoca um desequilíbrio e em consequência uma reação em forma de sofrimento. Portanto, a dor é uma maneira do indivíduo aprender a lição da harmonia. O apóstolo São Pedro, em uma de suas Epístolas, afirmou: “O que o homem semear, isso mesmo ele colherá”.
A luz do ocultismo, se cometemos um erro somos inexoravelmente penalizados? Realmente não. O Perdão dos Pecados é um fato. Entretanto, há pré-requisitos para que ele opere. Um deles é a vontade aliada à iniciativa. Há necessidade de ação que se manifeste através do arrependimento, reforma e restituição.
O indivíduo se liberta dos pecados quando em sua consciência admite ter errado e se propõe a não mais repetir a falta cometida. A evolução é fundamentalmente uma questão de consciência. O desenvolvimento dessa consciência ocorre principalmente através do Exercício noturno de Retrospecção. Max Heindel afirma que talvez esse seja o mais importante Ensinamento Rosacruz.
A Retrospecção oferece-nos uma visão objetiva de nós mesmos. A constância e sinceridade com que é praticada acaba por limpar o Átomo-semente das gravações indesejáveis ali impressas ensejando, assim, a evitar o sofrimento purgatorial. Se a pessoa praticar com fidelidade o exercício de Retrospecção, partindo decididamente para o arrependimento, reforma e restituição, demonstrará ter aprendido as lições nesta encarnação, não necessitando fazê-lo futuramente. Isto é o Perdão dos Pecados.
O ensinamento alusivo ao Carma, ensinado pelas escolas orientais, não satisfaz plenamente as necessidades humanas. Os princípios Cristãos abrangem tanto a Lei de Causa e Efeito como o Perdão dos Pecados.
Esse ato volitivo começa com o Corpo Vital. No Pai Nosso encontramos uma oração exclusiva para o Corpo Vital: “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Através da repetição forma-se a Alma Intelectual, importante no processo de criação de bons hábitos.
Um bom hábito é não reagir emocionalmente diante de uma situação ou circunstância desequilibrante ou de uma provocação. Se não reagirmos emocionalmente não estaremos implicados na questão e em suas consequências, além do que tudo isso diz respeito à nossa saúde. O pecado ou transgressão afeta a saúde. Platão afirmou que jamais deveríamos tentar curar o corpo sem antes fazê-lo com a alma. Cristo deixou bem claro que o que quer que aconteça no exterior tem sua origem no padrão existente na mente do indivíduo. Se analisarmos todas as suas curas verificaremos que três são as condições para que se realizem: 1) Não pecar mais; 2) Ter bom ânimo; 3) Ter fé. Portanto, tudo depende do estado de consciência de cada um, principalmente o Perdão dos Pecados e a saúde física, mental e emocional.
No Livro de Ezequiel Capítulo 36:33-35 percebemos como isso é verdade: “Assim diz o Senhor Deus: No dia em que Eu vos purificar de todas as vossas iniquidades, então farei que sejam habitadas as cidades e sejam edificados os lugares desertos. Lavrar-se-á a terra deserta em vez de estar desolada aos olhos de todos os que passavam. Dir-se-á: Esta terra desolada ficou como o Jardim do Éden; as cidades desertas, desoladas e em ruínas estão fortificadas e habitadas”.
As cidades bíblicas representam nosso estado de consciência. Quando somos dominados pelo medo, desânimo, ressentimento, nossas almas são como que cidades vencidas, conquistadas e arrasadas. Se procuramos a presença de Deus onde aparentemente há alguma desarmonia, as cidades desertas (nossa consciência) transformam-se no Jardim do Éden.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – janeiro/fevereiro/1988-Fraternidae Rosacruz em São Paulo-SP)
Um Ensinamento Completo com o Perdão dos Pecados
A incapacidade de crer no Perdão dos Pecados induziu muitos a aceitar exclusivamente a Lei de Causa e Efeito, tal como é ensinada no Oriente sob o nome de Karma.
Julgam, equivocadamente, por sinal, pelo fato de algumas religiões orientais ensinarem a Lei de Causa e Efeito e a Teoria do Renascimento com mais clareza que o Cristianismo, serem elas mais profundas e lógicas. O Cristianismo, divulgado popularmente, de fato afirma que Cristo morreu por nossos pecados, e consequentemente, se nele crermos, nossas faltas serão perdoadas.
Mas, na verdade, os ensinamentos cristãos são muito mais profundos do que se pensa. Abrangem a Lei de Causa e Efeito e o Perdão dos Pecados. Essas duas leis operam, vitalmente, no desenvolvimento da humanidade. Há boas razões para que as religiões orientais contenham apenas uma parte dos ensinamentos formadores da doutrina cristã.
Nos tempos mais remotos, quando surgiram as doutrinas orientais, a humanidade de então era de natureza mais espiritualizada que a atual. Muitas pessoas sabiam que renascemos várias vezes na Terra, em corpos e ambientes diferentes.
No Oriente, tal ideia ainda permanece arraigada. Isso gerou uma indolência muito grande. Agrada-lhes mais pensar no Nirvana — o mundo invisível — onde podem descansar em paz, do que evoluir pelo aproveitamento de seus recursos materiais. Em consequência, enfrentam mil dificuldades para viver: fome, miséria extrema, doenças, inundações assoladoras, etc. Não compreendem que não é verdadeiramente a Lei de Causa e Efeito a responsável direta pelas suas desditas, mas sim a negligência e a indiferença pelas coisas materiais.
Como não são pessoas ativas e realizadoras aqui, nada têm a assimilar na vida celestial, entre o desenlace e um novo renascimento. Como um órgão em prolongada inatividade logo se atrofia, um país não desenvolvido pelos espíritos ali encarnados tende, inexoravelmente, a decair em termos de condições de habitabilidade.
Os Grandes Guias, ciosos dessa verdade, tomaram certas medidas no sentido de obrigar-nos a esquecer temporariamente o lado espiritual de nossa natureza. No Ocidente, onde se encontram os vanguardeiros da raça humana, instituíram o matrimônio fora da família. Além disso, a religião ocidental, por excelência, é o Cristianismo, sistema em que não se ensina aberta e popularmente a Lei de Causa e Efeito e a teoria do Renascimento. Ainda um outro elemento foi utilizado para obscurecer a sensibilidade espiritual do ser humano: o álcool.
Com tudo isso, nós do Ocidente perdemos a lembrança de que existe algo mais além da vida terrena, e a ela dedicamos todos os nossos esforços, procurando aproveitar integralmente aquela que julgamos ser nossa única oportunidade. Convertemos o mundo ocidental em um verdadeiro jardim. No decurso de várias encarnações temos formado uma terra fertilíssima, pródiga em recursos minerais, que sustentam nossas progressistas indústrias. Assim, conquistamos o mundo material, visível.
Por outro lado, é evidente que o aspecto religioso da natureza humana não deve ser descurado. O Cristo — grande Ideal da religião cristã — devemos imitar. Mas, como não seria possível igualá-lo em uma só vida — que é tudo o que sabemos, deveríamos receber um ensinamento compensador, pois do contrário nos desesperaríamos ante tão grande malogro. Por conseguinte, ao mundo ocidental foi ensinada a doutrina do Perdão dos Pecados, mediante a justiça de Cristo-Jesus.
Nenhuma doutrina falsa pode revestir-se de um poder aperfeiçoador na natureza. Deve haver, portanto, uma base muito sólida, sustentando a doutrina do Perdão dos Pecados.
Quando observamos o mundo material, ao nosso redor, notamos diversos fenômenos da natureza e encontramos outros seres com os quais nos relacionamos. Todos são percebidos por intermédio de nossos sentidos físicos. Todavia, se nos escapam muitíssimos detalhes. É uma verdade exasperante que temos olhos e não vemos, temos ouvidos e não ouvimos. Por causa disso muitas experiências se perdem. Além disso, nossa memória é sumamente caprichosa: recordamos pouca coisa.
Nossa memória consciente é débil. Não obstante, existe outra memória. Sabemos que o éter e o ar levam à película fotográfica a impressão da paisagem exterior, sem omitir o mais insignificante detalhe. Da mesma forma como nossos sentidos recebem as impressões exteriores, o éter e o ar se encarregam de conduzi-las aos nossos pulmões e daí ao sangue. Estampa-se, então, em nós um quadro exato de tudo aquilo com que entramos em contato. Essas imagens imprimem-se no Átomo-semente, localizado no ventrículo esquerdo do coração. Todas as nossas obras encontram-se inseridas nesse Átomo, também denominado “O Livro dos Anjos do Destino”. E dali se imprimem no Éter Refletor do Corpo Vital.
No curso ordinário da vida, o ser humano, após a morte, adentra ao Purgatório, onde expia os pecados gravados no Átomo-semente. Mais tarde, no Primeiro Céu, assimila o valor educativo do bem praticado. No Segundo-Céu trabalha em função do seu futuro ambiente aqui no mundo material.
Mesmo uma pessoa devota comete erros diariamente. Porém, ela pode examiná-los, também diariamente, e pedir, com toda sinceridade, perdão para suas faltas. Então, as imagens dos pecados cometidos — por ação ou omissão — são eliminadas dos anais da vida, porque o propósito de Deus não é “vingar-se”, como pode parecer por meio da Lei de Consequência. O objetivo de Deus é que aprendamos, pela experiência, a agir bem e com justiça. Quando admitimos ter agido mal, e reconhecendo nosso erro, dispomo-nos a corrigir-nos, é sinal de que aprendemos a lição, não restando mais motivos para punição.
Desse modo, a doutrina do “Perdão dos Pecados” é um fato real na natureza. Se nos arrependemos, oramos e nos reformamos, nossas faltas nos são perdoadas, suprimindo-se os registros correspondentes no Átomo-semente. Caso contrário, serão eliminados mediante os sofrimentos da existência purgatorial.
Assim, a doutrina do Karma ou Lei de Causa e Efeito, conforme ensinada no Oriente, não satisfaz plenamente às necessidades humanas. Mas, os ensinamentos cristãos, que encerram ambas as leis — a de Consequência e o Perdão dos Pecados – propiciam-nos um conhecimento completo a respeito dos métodos empregados pelos Grandes Guias, em sua missão de instruir-nos.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1977)
A palavra Karma[1] provém do sânscrito, sendo muito utilizada na literatura esotérica para designar aquilo que nos Ensinamentos Rosacruzes conhecemos como Destino Maduro ou simplesmente destino. Esse termo generalizou-se tanto, face à invasão de filosofias orientais sofrida pelo Ocidente, a ponto de já ser usado em forma aportuguesada: Karma ou Carma.
Fiéis aos princípios básicos legados pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, optamos pelos vocábulos Destino Maduro ou destino. Destino, no sentido esotérico, associa-se a dívidas contraídas sob a Lei de Causa e Efeito. Geralmente representa o Efeito ou Consequência.
Muitas pessoas imaginam poder compensar, suavizar ou mesmo neutralizar um destino “sofrido” apenas pelo auto aperfeiçoamento. A superação de vícios e falhas de caráter e necessária e fundamental, mas por si só não é suficiente. É preciso mais que isso.
Lemos nos Evangelhos que certa vez um rapaz aproximou-se do Cristo e exclamou: “Bom Mestre, que bem-farei para conseguir a vida eterna? E Ele disse-lhe: Por que me chamais de bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida guarda os mandamentos. Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Disse-lhe o mancebo: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda? Disse-lhe Jesus: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. E o moço ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades”.
Vemos, então, pelos ensinamentos cristãos que não basta apenas cultivar virtudes morais ou adquirir conhecimentos. É necessário, também, servir à humanidade, de maneira desinteressada e amorosa. Nossas vidas e nosso destino só mudam quando trabalhamos duro, em benefício dos nossos semelhantes, cumprindo nossa parte no mundo.
Se é verdade que levamos nossas cargas de destino individual, também é certo que estamos envolvidos num destino coletivo. Somos parte da grande família humana. Tudo que a afeta, afeta-nos também e vice-versa. Não há como fugir dessa realidade.
Não nos esqueçamos de que “a fé sem obras é morta”. O conhecimento é uma grande responsabilidade, e se não se traduzir em atos construtivos e amorosos acabará gerando, pela omissão, um destino muito doloroso.
Muitos esoteristas, após anos de estudos profundos acabam desalentados, queixando-se do insignificante progresso conquistado ao longo de tantos “esforços”. Esforços? Melhor seria se meditassem sobre esses esforços. No fundo, verificarão que durante todo esse tempo não passaram de meros teóricos, alguns até envaidecidos de sua erudição. É lógico, o conhecimento adquirido sempre conduz a algum progresso.
Mas se não for levado à prática, não passará de verniz, de superficialidade enganosa. Como afirmou o Apóstolo: “O conhecimento infla. Mas só o amor constrói”. Amor, no sentido mais elevado é ação. Não pode ser concebido como algo passivo, etéreo ou mesmo subjetivo. O amor deve conduzir à realização de algo construtivo e só por seu intermédio é possível a superação do destino. Só assim podemos, de fato, fazer uso da Doutrina Cristã da Remissão dos Pecados, também conhecida como Perdão dos Pecados.
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/86)
[1]Karma ou Carma – ensinada nos países orientais.