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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Manipulando de forma tola a Ciência Divina e Exata da Astrologia

A Lei de Renascimento e a Lei de Consequência (ou Lei de Causa e Efeito) trabalham em harmonia com os Astros; assim, uma criança nasce quando as posições dos corpos celestes em nosso Sistema Solar lhe proporcionam as condições necessárias e mais apropriadas às experiências que necessita para seu avanço na Escola da Vida.

Para os profissionais de saúde a Astrologia é de incalculável valor para diagnosticar as doenças e enfermidades e preveni-las com remédios, porque revela a causa oculta de todas as moléstias.

Para os pais ou responsáveis por uma criança o horóscopo ajuda a dirigir ou transmutar as forças ruins, latentes em seus filhos ou suas filhas, e ensina como aplicar a prevenção devida. O horóscopo mostra também as boas qualidades e, assim, os pais ou responsáveis podem dirigir a alma confiada a seus cuidados para que se torne melhor.

A “Mensagem das Estrelas” é tão importante que não se deve mais ignorá-la!

Na Fraternidade Rosacruz não se analisa horóscopos por nenhum tipo de retribuição financeira, porque consideramos isso uma prostituição da Ciência Divina da Astrologia Rosacruz. A essa definição e advertência temos de acrescentar que não é lícito cobrar qualquer valor por serviços que façamos em consequência desse conhecimento, pois “o espiritual não pode ser comprado pelo material”.

Consideramos que seja uma prostituição da Astrologia empregá-la para predizer cataclismos, mortes, desgraças, venturas ou riquezas. Por essa razão, na Fraternidade Rosacruz ela só é empregada em harmonia com as finalidades da Filosofia Rosacruz, em suas relações externas, isto é, “pregar o Evangelho e Curar os Enfermos”; finalidades ordenadas a Seus Apóstolos por Cristo, nosso Mestre e Ideal. Com respeito às doenças ou enfermidades, a usamos para preveni-las ou aplicar o remédio oportuno. Filosoficamente, a usamos pela relação entre nossa Evolução, a Evolução dos Astros e o significado desses.

A Astrologia Rosacruz é uma Ciência Espiritual e Divina e, dessa forma não tem, e nem pode ter, qualquer compensação feita com remunerações monetárias ou artigos materiais.

Está muito longe de ser vista ou aplicada de maneira curiosa e deslumbrante como o mundo supõe. Devemos, portanto, estudar a Astrologia Rosacruz para aplicá-la a nós mesmos e ajudar, com o fim de conhecer as razões pelas quais operam as fundamentais Leis da Natureza, em sua relação com nosso campo de aplicação, onde nós nos encontramos.

Todos nós temos faculdades que nos faze superiores às influências astrais! É necessário gravar isso profundamente em nossa consciência. Portanto, caso os Aspectos astrais (envolvendo Sol, Lua e/ou Planetas) indiquem um acontecimento e esse não se produza, a que devemos atribuir essa divergência? Simplesmente a nossa força de vontade, que é desconhecida pelo Astrólogo, porque não pode se manifestar ou ser assinalada no horóscopo.

Os Estudantes Rosacruzes ativos e verdadeiros levantam todos os cálculos, desde a Hora Local Exata, um por um, com paciência, persistência (diante de dificuldades que só ele sabe que tem), dedicação e profunda reverência – por estar entrando na vida de um irmão ou de uma irmã – e, logicamente, não se dedicam a “ler horóscopos”: já estão além do ponto da curiosidade que, muitas vezes, impelem os principiantes a conhecer suas relações zodiacais. Efetivamente, há muitas pessoas que, cheias de leituras negativas e, dessa forma, destrutivas, falam e estão convencidas da perversidade de Marte, Saturno ou Urano e contemplem assustadas as indicações deles; devemos, contudo, desterrar essa crença da nossa Mente, definitivamente. Tais Planetas cumprem o seu dever, meramente. Por exemplo, que culpa tem a febre, em nossas enfermidades? Que culpa tem o fogo de consumir uma casa? Que culpa tem a dinamite de derrubar uma ponte? Que culpa tem o Sol, quando ocasiona insolação?

Nenhuma! Todos esses elementos cumprem o seu dever. A culpa é da inteligência que não soube aplicar para o bem as forças superiores que acabamos de enumerar. A ação de Marte, Saturno ou Urano em nossas “desgraças” é culpa, simplesmente, nossa e foi gerada por nossos equívocos.

Os Astros “benéficos” ou “adversos” não são outra coisa senão a febre, o fogo, a dinamite ou o Sol; isto é, os meios, elementos ou forças que produzem efeito, ao obedecer a Lei e cumprir seu dever. Porém isso é o essencial, precisamente. Ao cumprir seu dever, os elementos não atuam cegamente. É fatal, mas são dirigidos por Inteligências Bondosas e Sábias que, em definitivo e como resultado final, ajudam na manifestação do saber, que é o objetivo da Evolução.

Porque os Estudantes Rosacruzes ativos e verdadeiros compreendem o funcionamento da Lei, já não são um joguete das ondas nas tormentas da vida, que riem com a sorte e choram com a desgraça. São uma força “consciente” na obra da Natureza. São eles uma Lei em si. Os colaboradores das Leis do Cosmos.

Além disso, à análise de temas é necessário ter competência e inspiração divina para decifrar a mensagem celestial no horóscopo. Sem essas qualidades, o Astrólogo Rosacruz não pode fazer outra coisa senão se equivocar, desacreditando essa Ciência Divina e exata que ele manipula de forma tola.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de julho/1970-Fraternidade Rosacruz-SP)

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Pergunta: Na educação das crianças é aconselhável que os pais procurem uma leitura astrológica das potencialidades da criança para inibir as tendências prejudiciais e fortalecer as benéficas. Isso valerá a pena? Não será necessário e fundamentalmente benéfico que a criança passe pelas situações e experiências assim chamadas adversas? A natureza espiritual não se fortalece quando elas são superadas? Uma virtude adquirida não é melhor do que a inocência ou a pureza conseguida por meio da fuga?

Resposta: Não, não aconselhamos os pais a pedir uma leitura astrológica para seus filhos. Aconselhamos que estudem a Astrologia Rosacruz para que sejam capazes de estudar e ler os horóscopos de seus filhos. Fazemos isso porque, embora astrólogos estranhos à família, profissionais ou não, possam ser muito mais competentes que os pais na leitura dos horóscopos das crianças, falta-lhes o interesse vital profundo e a simpatia que guiarão intuitivamente os pais a uma compreensão muito maior daquilo que está contido nessa pequena forma, o que nunca poderá ser alcançado por um estranho.

Os pais ressaltarão muito mais os fatos revelados pelo horóscopo da criança quando puderem interpretá-los por si mesmos, vendo-os representados numa forma simbólica, do que quando esse horoscopo é simplesmente registrado numa página para ser lido. Os pais que conhecem a Astrologia Rosacruz estarão muitos mais aptos e qualificados, graças a um discernimento mais profundo, a ajudar a criança a desenvolver as boas tendências e a evitar as armadilhas reveladas pelas más inclinações. Nosso correspondente pergunta, em seguida, se isso vale a pena e se não seria melhor para a criança deixá-la enfrentar as dificuldades e passar pelas experiências adversas que o horóscopo mostre. Não, absolutamente.

O que pensaríamos do capitão de um navio que iniciasse uma viagem desprovido de mapas e de uma bússola por achar muito melhor aprender pela experiência do que evitar rochedos e bancos de areia já descobertos e reproduzidos em mapas por outros? Nós o qualificaríamos de imprudente, e ficaríamos surpresos se ele não despedaçasse o seu navio de encontro aos rochedos. Se cada um de nós se recusasse a valer-se da experiência dos outros contidas em livros e em relatos, e do conhecimento geral atualmente disponível no mundo, quão limitada seria a experiência individual. O mundo cometeria os mesmos erros vezes sem conta.

A mesma situação se repete em nossas escolas, se compararmos os alunos aos mecânicos treinados manualmente. O aluno ou a aluna de mecânica que vai para uma oficina e aprende somente pela prática a executar o seu trabalho, pode se tornar, razoavelmente, hábil em sua tarefa durante o tempo que um outro despende numa escola técnica, mas, quando o aluno ou a aluna de mecânica se gradua e é admitido na oficina, não somente compreende rapidamente o que o primeiro aprendeu pela experiência, mas logo o ultrapassa. Assim é a experiência universal em todos os aspectos e departamentos da vida. Ao acrescentarmos a experiência prática dos outros, contida em livros e ensinada nas escolas, à nossa experiência, adquirimos um conhecimento muito mais vasto do que poderíamos obter por qualquer outro meio.

Dá-se o mesmo na Escola da Vida, no que se refere à ética e à moral. Se alguém, interessado em nós e conhecedor dos nossos pontos fracos estiver capacitado a nos fornecer o treino necessário, nos incentivar no aspecto particular da moral e da ética, se prontificando a nos ajudar, poderá refrear o nosso impulso quando estivermos prestes a cair de cabeça em um abismo. Ajudará a nós a adquirir as mesmas faculdades e qualidades, mas de maneira bem diferente da que teria sido, se fôssemos deixados entregues à nossa própria sorte, forçados a aprender pela experiência. Com esses esclarecimentos, podemos progredir no Caminho de Evolução de forma muito mais eficiente, do que se tivéssemos que aprender somente mediante nossos próprios erros e sofrimentos.

Se verificarmos no horóscopo de uma criancinha uma tendência à bebidas alcoólicas, e a levarmos durante os anos de sua infância, quando a natureza é compreensiva e sensível, a lugares onde outras pessoas estão se degradando, a lares onde as criancinhas estão sendo maltratadas ou até abandonadas por um pai bêbado, ou a qualquer outro lugar onde uma lição objetiva sobre esse assunto possa despertar o sentimento da criança, teremos oportunidade de instilar nessa criança ser uma aversão pela bebida alcoólica que perdurará por toda a sua vida e o conservará no caminho certo em relação a esse vício. A criança terá aprendido a lição tão bem por meio dos sofrimentos de outros, como se tivesse ela mesma passado pelas dificuldades. Dessa forma, o objetivo terá sido alcançado.

Além disso, os pais ou responsáveis que tiver prestado à criança tão maravilhoso serviço, acumulou para si um tesouro no céu, cujo valor ultrapassa tudo quanto as palavras possam expressar. Por essa razão, continuamos a insistir junto aos pais e responsáveis que estudem a Astrologia Rosacruz e a apliquem na educação infantil. Usando nosso sistema simplificado, torna-se fácil resolver a parte matemática, e a leitura não se torna difícil, quando o amor aponta o caminho.

 (Pergunta nº 120 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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Criança com capacidade de ajudar com eficácia os outros, mas com tendências radicais

Criança que se mostra com um profundo interesse pelo bem-estar das pessoas comuns, aquelas que lutam na sujeição, sofrem na pobreza, e o seu coração ficará cheio de compaixão, mas que pode querer lutar pelos direitos daqueles que ela sente que não estão sendo tratados com consideração usando inclusive a força física.

Além disso, em se tratando de um horóscopo de criança, essa mensagem é sempre boa de se repetir: “Se você é um pai ou uma mãe o horóscopo ajudará você a detectar as más intenções em seu filho ou sua filha e ensinará você como é melhor “prevenir do que remediar”. Também mostrará a você os pontos positivos nele ou nela, de modo que você possa ajudar a formar, a partir do seu filho ou filha, um homem ou uma mulher bem melhor, com o Ego que lhe foi confiado. O horóscopo lhe revelará fraquezas sistemáticas e permitirá que você proteja a saúde do seu filho ou da sua filha; mostrará quais talentos existem e como a vida pode ser vivida em toda a sua plenitude. Portanto, a mensagem dos Astros que estão em marcha é tão importante que você não pode se dar o luxo de ignorar isso tudo.”

Quer um exemplo? É só acessar aqui: Criança com capacidade de ajudar com eficácia os outros, mas com tendências radicais

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Exemplos das Diferenças das Influências de Marte e Vênus em um Horóscopo

Marte possui qualidades completamente opostas a Vênus. Estudemos alguma coisa mais sobre Marte, a fim de compreender a natureza dele.

O primeiro grande contraste que desejamos assinalar é o seguinte: as pessoas que ocupam os graus mais elevados na escala da evolução têm, em seu horóscopo, Vênus excelentemente aspectado e na melhor posição.

Contrariamente, as almas jovens, as menos evoluídas, estão dominadas pelos discordantes raios marcianos, ou seja: têm, em seu horóscopo, Marte com fortes Aspectos adversos e em posições fortificadas.

Por sua vez, Vênus alimenta a natureza afetiva superior. Uma ilustração sobre esse assunto tornará mais clara a diferença entre as influências de Marte e Vênus em um Horóscopo.

Suponhamos que Vênus seja o Regente do Horóscopo e esteja na 7ª Casa em que está no Regente.  Suponhamos que ele está em Sextil com o Sol (esse na 9ª Casa, que rege, entre outros, o assunto religião) e em Trígono com Júpiter (esse na 11ª Casa, que rege, entre outros, o assunto amigos).

Vênus na 7ª Casa proporciona ao nativo uma emanação coesiva, um raio de atração e simpatia percebido pela grande maioria das pessoas que estabelece relacionamentos e, desse modo, favorece a popularidade. Júpiter, que infunde benevolência, está na 11ª Casa, proporcionando ao nativo tendências a ser um grande benfeitor, pois Júpiter expande qualidades que auxilia a pessoa a ser amigo por excelência. O Sol, que significa pessoa de elevada posição social, está na 9ª Casa, que rege, entre outros, o assunto religião, o que proporciona ao nativo facilidades para ser um líder religioso ou dirigente de um movimento espiritual, idealista, popular, altruísta, muito conceituado e muito querido em seu meio.

Tomemos, agora, um exemplo oposto: onde Marte é o Regente do Horóscopo, na 10ª Casa, que rege, entre outros, o assunto da posição social, Marte está em Quadratura com Urano (que rege, entre outros, os assuntos genialidade, capacidade inventiva, originalidade) na 7ª Casa (que rege, entre outros, o assunto associações). Dois Astros adversos formando um Aspecto adverso que impele o indivíduo, cujo horóscopo assim se encontra, a utilizar seu poder inventivo como uma ameaça para todos que se relacionam com ele. Se também Marte estiver em Quadratura com Saturno (o Planeta da restrição), que está na 12ª Casa (Casa da aflição, do confinamento e das tristezas), podemos deduzir que os prejuízos provocados pelo nativo às pessoas que se associa tendem a terminar por gerar inimigos ocultos que limitarão sua liberdade, ou seja, lhe condenará à algum nível de prisão, seja uma prisão literal ou mental.

Mas digamos que o indivíduo que plantou essas sementes, numa vida passada, venha a nascer como filho de uma pessoa que seja evoluída e amorosa, cuja influência e orientação cresça e se forme nele. Essa pessoa benfeitora, que conhece a Astrologia Rosacruz, sabe que o menino nasceu com essas tendências voltadas para o mal, nele adormecidas. Ela pode ajudar esse seu filho extirpando essas inclinações antes que possam florescer. É verdade que Saturno marca influências muito fortes, que a maioria das pessoas é incapaz de romper. É quase certo que Saturno, na Casa do confinamento, acaba por levá-lo a uma prisão. Mas a influência de Marte já pode ser canalizada para fins edificantes. Urano poderá proporcionar engenhosas descobertas. A boa educação contribuirá, pois, no mínimo para dominar a energia de Marte e desviá-la de fins destrutivos para uma atividade útil. Numa condição de prisão legal, o nativo trabalhará num laboratório ou em outras atividades na penitenciária, inventando de lá coisas interessantes, de utilidade pública, levantando fundos em favor das famílias de presidiários e de necessitados.

Desse modo, não importa quão adverso nos pareça um horóscopo: nele há sempre Aspectos benéficos e se nós, como pais astrólogos, vemos as tendências de nossos filhos e os ajudamos a exteriorizar o que tem de bom, acumularemos para eles, e principalmente para nós, grandes tesouros nos céus.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – junho/1968 – Fraternidade Rosacruz de São Paulo-SP)

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Até onde os filhos dependem dos pais?

Até onde os filhos dependem dos pais?

Tonico e Vanda eram dois primos que se estimavam muito. Frequentavam a mesma escola, mas Tonico era mais inteligente, idealista, ligeiro e travesso, ao passo que Vanda era infantil, gostava de brinquedos e coisas comuns das crianças de menor idade.

Certo dia, Tonico foi visitar seus tios, que residiam por perto. Titio era assinante e apreciador da revista “Mecânica Popular”, que sempre trazia ideias e explicações práticas de muito valor. Tonico pegou uma das revistas, começou a folheá-la e viu o esquema de um carrinho. Ali estava descrito todo o material necessário [para a construção] e as dimensões do brinquedo. O título dizia: “Faça você mesmo este brinquedo”. Tonico pôs sua cabecinha para funcionar e, se bem pensou, melhor realizou. Virou e revirou a revista, olhou detidamente o desenho a fim de gravá-lo bem, procurando guardar de memória as minúcias do carrinho. Assim fez porque sabia que o tio, considerando-o um molequinho ainda, não lhe emprestaria a revista. Um tanto pensativo despediu-se da titia e da priminha, dizendo-lhes ter um “assunto” a providenciar. Titia estranhou um pouco o ar compenetrado do pequeno, mas nada disse.

A primeira coisa que Tonico fez foi recorrer aos colegas de escola e amigos da vizinhança, diligenciando obter quatro rodas. Nenhum dos amigos as possuía. Pensou então no cofrinho em que guardava as pequenas economias, tirou o dinheiro, desenhou com o compasso uma circunferência do tamanho requerido e correu a um carpinteiro próximo de sua casa, mandando-lhe fazer as rodas. E a madeira, os pregos e outros materiais para a execução? Lembrou-se de que em um canto da casa havia caixas vazias de madeira. Talvez servissem. Poderia inclusive reaproveitar alguns pregos. O resto, quem sabe, encontrasse na caixa de ferramentas do papai. Foi ao quarto de despejo e de lá trouxe a caixa de ferramentas; juntou os caixões e concentrou tudo no quintal. Com auxílio de um formão velho e um martelo despregou as tábuas dos caixotes.

As marteladas chamaram a atenção da mamãe, que encontrou Tonico no quintal, cercado de tábuas e ferramentas.

— Meu Filho! O que você está fazendo? Mexendo nas ferramentas do papai e estragando as caixas que ele havia guardado! Você vai ver com ele!

— Mas, mamãe… — balbuciou Tonico, meio assustado pela reprimenda — eu estou fazendo um carrinho para mim.

— Ora, meu filho, era só pedir e eu lhe compraria um carrinho mais bonito ainda e sem a necessidade dessa trabalheira toda. Além de tudo, você pode se machucar…

Tonico ficou desapontado, mas nada respondeu. Recolheu as caixas ainda inteiras, empilhou as tábuas, repôs as ferramentas no quartinho de despejo e se recolheu, acabrunhado. Passou o resto do dia assim, desanimado. Mamãe e ele não se falavam. Tonico se deixou ficar num canto, cabisbaixo, sem vontade para qualquer coisa, sentindo-se frustrado em seu desejo tão entusiasticamente acalentado!

Dali por diante, embora criança, criava coisas interessantes; contudo, ficavam só na sua Mente. Receava ser novamente advertido. Não faria mais coisa nenhuma. Mamãe ralhava e o papai não deixaria. Francamente, perdera até o entusiasmo pelos estudos! Por que não lhe deixavam fazer o que estava certo?

Assim, uma criança perdeu a oportunidade de manifestar espontaneamente seus talentos e ideias originais por incompreensão dos pais. Impediram-lhe a expressão da Epigênese, que é a capacidade de desenvolver o poder criador que todos temos.

Dar algo pronto à criança, sem a necessidade de que ela lhe acrescente uma contribuição, algo que não exija esforço, é antipedagógico e prejudicial ao seu desenvolvimento não só do ponto de vista da moderna psicologia educacional, mas principalmente à luz da Filosofia Rosacruz.

Os pais devem oferecer aos filhos, além dos livros que lhes incentivam o poder criador, material esparso e diversificado para lhes excitar a imaginação e levá-los a fazer o que possam, em desenho, modelagem… Dar ferramentas e pregos aos meninos; linhas, agulhas, panos às meninas; massa de modelar, papel e lápis de cor a ambos os sexos. Que façam desenhos para exercitar o senso de proporção e sejam encorajados à execução posterior de brinquedos e vestidinhos de bonecas sob a orientação cuidadosa e inteligente da mamãe e do papai.

A criança é eminentemente imitativa; se dissermos ou fizermos perto dela apenas o que é digno de imitação, veremos que ela começará a fazer tudo o que fazemos, acrescentando a isso o seu modo de ser. O contrário é também verdadeiro. Não podemos nos queixar de que os filhos digam ou façam o que aprenderam com nossos maus exemplos.

É comum vermos uma criança manifestar opiniões e agir em conformidade com o que viu ou ouviu dos pais. Não queremos afirmar que a criança seja NADA; isto é, que a educação lhe dê tudo. Ela traz uma bagagem do passado que é diferente da dos pais e afeta o seu comportamento, não podendo, portanto, atribuir aos genitores toda a responsabilidade por seus erros. Entretanto, a educação pode não só incentivar o que há de bom, como corrigir o que há de mau em latência, dentro de uma criança. A astrologia espiritual nos indica os pontos débeis e fortes do caráter de nossos filhos com mais segurança do que um teste psicológico.

Assim, também em relação aos vícios. Do que vale ao pai proibir o fumo, quando sempre tem um cigarro dependurado na boca? Proibir a bebida alcoólica, quando bebe durante as refeições sua cerveja, vinho ou uma venenosa batida de limão? Para a criança, os pais são os melhores seres do mundo e quando tiverem oportunidade farão o que os viram fazer.

Tanto erramos pela ação como por omissão. Prejudicamos nossos filhos, embora dizendo que os amemos, quando apenas nos amamos, tanto pelos maus exemplos como pelos bons que não apresentamos. Bem disse Pestalozzi: “É preciso, primeiramente, educar os pais”. Outro erro frequente é o da proteção exagerada, o mal-entendido carinho que nos leva a fazer tudo pelos filhos, esfriando com essa atitude errada o que de bom pudessem manifestar ou contribuindo ainda mais para a inércia e o comodismo a que tenham tendência.

Ouvimos há pouco tempo o caso de uma moça que se casou e, voltando da viagem de núpcias, investiu-se furiosa contra a mãe, dizendo: “Por que não me disse que o casamento é uma droga?”. A mesma moça, indo à casa da mãe jantar, sai logo em seguida, deixando à genitora o trabalho de lavar a louça. A mãe se queixa que a filha seja egoísta. Nós então lhes fizemos esta pergunta: a senhora a educou para ver o casamento como ele é ou para cooperar na cozinha? “Oh, confesso que não”, respondeu, “Eu sempre a poupei”. Bem, está aí a explicação.

A finalidade da educação é preparar os filhos para extrair do mundo, positivamente, os frutos que ele possa dar, para receber as coisas como são e retirar de tudo o proveito que aí sempre existe, segundo as normas Cristãs.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro/1966)

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