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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Saturno e Urano em Quadratura e as mudanças no nosso Campo de Evolução

Soubemos que um grande número de Aspirantes à vida superior enfrentou graves períodos de crise nesses últimos tempos. Foi algo além do normal em termos de provações, sacrifícios e dificuldades de toda ordem.

É digno de registro o número de pessoas atualmente passando por essas experiências, bem como a gravidade das situações oriundas das crises. Muitos, literalmente falando, tiveram de reestruturar suas vidas, ou o modo de encarar suas prioridades. Para investigar as causas, estudemos os Trânsitos de Saturno em Quadratura com Urano (com aproximadamente dois anos de duração) entrando em órbita efetiva em julho de 1975 e saindo em junho de 1977.

Há retrogradação de um e outro Planeta, ficando Saturno e Urano em órbitas bem cerradas. Isso criou períodos de atividade intensa. As tensões dinâmicas causadas por esses Trânsitos ganharam força necessária para precipitar situações repentinas de crise duradoura. Saturno estabelece o círculo da limitação, como que dizendo: “Não passarás desse ponto até atingires um certo nível. Até lá terás de trabalhar dentro dos limites por mim impostos”.

Porém, o valor do Aspirante à vida superior o faz merecedor da libertação desse anel limitador, para entrar na influência de Urano, o “libertador”.

Durante a Quadratura Urano-Saturno, defrontamo-nos com a pergunta: Satisfazemo-nos com as limitações impostas por Saturno e cessamos de lutar, ou estamos tentando quebrar o círculo da limitação e sofrimento para viver em melhores condições? A questão tem implicações bem profundas, que abordaremos a seguir.

Notamos que a população mundial cresce em uma velocidade nunca antes evidenciada. Isso significa que há muitos irmãos e muitas irmãs renascidas nessa Região Química do Mundo Físico e com o aumenta da expectativa de vida em muitos lugares da Terra, há mais tempo renascido aqui do que havia a alguns anos atrás.

Há pelo menos duas razões possíveis para explicar esse fato:

1º – Todos se encontram em Corpos Densos para vivenciar alguma condição ou meio ambiente especialíssimos, já que o baluarte da nossa evolução é aqui;

2º – todos querem se encontrar em Corpo Denso a fim de participar de algum acontecimento notável, cuja manifestação deve estar próxima.

As duas alternativas indicam, para um futuro próximo, uma mudança de grande repercussão. Todos querem participar, ou talvez adquirir alguma experiência antes que esse evento aconteça.
Qual seria a provável natureza da mudança vislumbrada?

Muitos Clarividentes indicaram modificações importantes na Terra que vão se acelerando. Max Heindel possuía Clarividência voluntária e era um Clarividente treinado, e o fato de ser um Iniciado lhe permitia o acesso à Região das Forças Arquetípicas. Essa Região localiza-se na primeira subdivisão do Mundo do Pensamento e as mudanças a ocorrer no Planeta são mencionadas no livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Pergunta 155, Volume II, Fraternidade Rosacruz – Max Heindel: “O autor viu, durante muitos anos, grandes cavernas subterrâneas cheias de óleo e gás que correm numa mesma direção, desde o Maine, atravessando todo o continente americano em direção ao sudoeste abaixo da Califórnia do Sul e prolongando-se até o Oceano Pacífico ao sul. Sua explosão provocaria uma enorme fenda na Terra. Ao mesmo tempo, viu um Arquétipo em fase de construção, que mostra a forma que terá a Terra nessa região quando um cataclismo ou uma série de cataclismos tiver destruído a atual configuração desse continente e do oceano adjacente. Talvez seja arriscado determinar quando começará essa remodelação da Terra, mas o Arquétipo ou matriz moldada em matéria mental e representando o pensamento criador do Grande Arquiteto e de Seus construtores está tão próximo de conclusão que, ao julgar pelo progresso realizado durante os anos em que o autor observou a sua construção, parece seguro dizer que até a metade do século atual (1950). Não obstante, o autor pode estar precipitando-se ao julgar que esses abalos sísmicos terão início na metade do século. Pode ser que demorem a acontecer. Só o tempo dirá, mas é certo que os preparativos para uma grande mudança estão sendo feitos há séculos e estão agora quase completos nos Mundos invisíveis.”.

Então seria para essa mudança que o número sem precedentes de Espíritos Virginais encontra-se em Corpos Denso na Terra? Pode ser que sim. Quer nos parecer que o clímax dos eventos não se encontra muito distante. Essa situação merece ser encarada com realismo.

Tudo indica que as mudanças vindouras afetarão todo o Planeta e sua população. Quando desencadeadas, poderão tornar-se uma reação em cadeia, provocando a morte de milhões de pessoas num curtíssimo lapso de tempo. O resultado poderá ser uma onda de terror tanto nos planos internos como mundo material. E todos os Espíritos Virginais, renascidos ou não, sentirão seus efeitos.

Houve momentos mais ou menos idênticos na antiga Lemúria (o continente que habitamos aqui na Terra, na Época Lemúrica), tanto como nos dilúvios atlantes (na Época Atlante). Porém, aconteceram por etapas, num maior período de tempo. Examinemos, para maior compreensão, um texto do livro Ensinamentos de um Iniciado – Capítulo X, de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz: “No curso normal da evolução, o aperfeiçoamento dos vários veículos é lento e gradual. A substância anímica é acumulada e as­similada pelo Espírito no intervalo entre as existências terrenas. Mas, em determinado período da trajetória evolutiva, quando estamos ingressando em nova espiral espiritual – uma fase diferente da evolução comum – em geral é necessário empregar medidas drásticas para desviar o Espírito do caminho já trilhado e orientá-lo para uma nova e desconhecida direção.”.

Antigamente, quando éramos incapazes de tomar iniciativas – até a segunda parte da Época Atlante, para a maioria da Humanidade -, as mudanças ocorriam mediante grandes cataclismos naturais planejados pelas Hierarquias Divinas encarregadas da nossa evolução. A meta era destruir um grande número de Corpos Densos, modificando o meio ambiente daqueles que vislumbravam as possibilidades do surgimento de uma nova senda evolutiva, para a qual eram encaminhados, primeiramente, os “pioneiros”.

As mudanças esperadas, assim o entendemos, sobrevirão para descristalizar e promover transformações em nossa Onda de Vida, impelindo-a rumos novos. Por acaso estamos cientes do estado de cristalização em que se encontra o mundo? Ou nós, como indivíduos? A Humanidade vive presa no emaranhado de sua própria mesquinhez. E isso ainda não é o pior: o fracasso consiste em tomarmos nossa pequenez por nossa grandeza. Certamente temos possibilidades latentes de grandeza; julgamos, todavia, já ter alcançado os cumes.

Quantos seres humanos existem, em muitos países, que não deram um passo efetivo à frente do ponto onde se encontravam há dois mil anos? Quantos ainda estão agrilhoados à sua raça, povo, nação e grupo ideológico que os separam de seus próprios irmãos e das suas próprias irmãs? Quantos há tão submergidos no materialismo a ponto de duvidar de qualquer realidade espiritual? Quantos são intolerantes para com aqueles que não apoiam os seus hábitos ou opiniões?

Quantos há que admitem encontrar-se no “caminho”, e por conhecerem algo a respeito das leis universais, afirmam ter alcançado a “consciência cósmica” ou alguma tolice semelhante? E, quantos há possuidores de meros conhecimentos livrescos, superficiais, que se intitulam “iniciados”? O fato é que quem não se deparou face a face com o Guardião do Umbral, ainda não deu sequer o primeiro passo na senda do verdadeiro desenvolvimento esotérico.

Podemos, dessa forma, aquilatar quão alarmante está a situação. Por esse motivo surgirão as mudanças na Terra. Não confundamos as mudanças em questão com o advento da Era de Aquário, com o fim da Época Ária, com o começo da Nova Galileia, ou a segunda vinda do Cristo. Constituem, isso sim, tão somente preparações necessárias para o surgimento das condições que prevalecerão nas fases anteriormente mencionadas.

Obviamente, não haverá grande progresso no estabelecimento do Reino do Cristo até que os seres humanos cessem de se agredir mutuamente, harmonizando-se como componentes de um só corpo. É por demais evidente que os seres humanos não mudarão suas condenáveis atitudes até receberem um solavanco inesquecível. É de se esperar, também, que a invasão repentina dos Mundos invisíveis pelos seres que perderam seus Corpos Densos em face dos cataclismos, bem como o estado de choque daqueles ainda vivos, resultarão em grandes rupturas no véu existente entre os dois mundos, estabelecendo-se, entre eles, uma comunicação mais tangível e permanente.

E que tem isso a ver com a Quadratura de Saturno com Urano? Evidentemente, para que seja proveitoso o tratamento de choque a ser aplicado na Terra, torna-se imprescindível a existência de homens e mulheres dotados de suficiente presença de espírito para indicar a direção certa aos outros. Deverão estar preparados e valer-se da desorientação temporária da maioria como uma oportunidade para conduzi-la a novos caminhos, ajudando-a a se afastar de seus passados cristalizantes. Haverá necessidade desses auxiliares, tanto nos planos internos como no Mundo Físico.

Uma hipótese é que as Hierarquias estejam aproveitando a Quadratura de Saturno com Urano para selecionar quais serão os auxiliares durante a transformação. Talvez estejam usando esse período para nos testar em situações de crise, verificando, assim, quem reúne condições de participar do grupo selecionado. Em verdade, se carecemos de valor para permanecermos serenos durante as crises de nossas vidas particulares, como poderemos esperar ser úteis durante uma situação incomparavelmente mais crítica? E se formos derrotados? E se a nossa atuação não corresponder? E se cedermos às pressões?

Com Urano em Libra e Saturno em Câncer, quando do início da Quadratura efetiva, houve um grande “crivo”, peneirando, preliminarmente, a todos, antes de surgirem os efeitos reais da Quadratura. Saturno em Câncer sugere uma pessoa que construiu uma habitação confortável e se recusa a abandoná-la. Está satisfeita com a sua posição na vida e lutará com unhas e dentes em sua defesa. Urano em Libra, contudo, tende a nos fornecer a ponderação e a colocação na balança sobre o que tem e o que necessita para maior progresso. Achados carentes, por Urano em Libra, há a tendência de passarmos por grande provação em nossas vidas; e se cedermos a essa tentação isso nos tirará da rotina, conduzindo-nos ao caminho do progresso.

Os Aspirantes à vida superior, provavelmente, vivenciaram em cheio os efeitos dessa Quadratura, porque lhes compete a tarefa de ajudar durante a convulsão programada. Naturalmente, as provas mais rigorosas tiveram de ser transpostas. Há, também, os que deixaram os interesses puramente materialistas para se dedicar a uma vida superior (espiritual). Alguns sensibilizaram sua percepção, podendo trabalhar em contato mais estreito com as Hierarquias a fim de receberem o preparo necessário. E há aqueles que falharam: seus interesses espirituais se arrefeceram em meio às dificuldades, causando-lhes a profunda frustração de uma vã procura. Em certas épocas é possível alguém comprometer-se parcialmente na vivência de um ideal espiritual, e auferir algum benefício disso. Quando, porém, uma crise desse porte se aproxima, é necessário definir-se bem as posições. E para tal, a melhor condição se resume em uma luta (Quadratura) entre as forças restritivas (Saturno) e as libertadoras (Urano) em Signos Fixos (Leão-Escorpião), o que confere um sentido de implacabilidade ao resultado. Talvez haja objeções a uma tal interpretação de um aspecto de transição. Porém,

(a) tomando em consideração a natureza astrológica da configuração;

(b) notando os Aspirantes à vida superior sofrendo dificuldades em suas vidas;

(c) a população mundial crescendo bastante

(d) a unanimidade de vaticínios, inclusive bíblicos, com indícios certos de que cataclismos de magnitude sem precedentes ocorrerão, essas conclusões parecem ser merecedoras, pelo menos, de um cuidadoso exame.

E por que motivo se requer um esforço particularmente importante dos Aspirantes à vida superior? Urano encontra-se Exaltado em Escorpião. Sua mensagem enuncia que, para sobrepujar positivamente as restrições impostas pela Quadratura com Saturno, exige-se uma consagração e dedicação à vida superior nunca antes requerida. O Aspirante à vida superior deverá fortalecer constantemente seu zelo, com energia sempre crescente, para atingir e vencer os pontos de crise em sua vida. Nenhuma batalha será ganha em se acomodando e lamentando as situações. Impossível colher-se alguma vitória por meio de fugas.

A Quadratura de Saturno indica muralha a ser derrubada com esforços repetidos, porém, a colocação em Signos Fixos parece nos anunciar: “Persistindo através das dificuldades, obterás uma vitória sólida”. A vitória de Saturno é uma vida espiritual estruturada em bases firmes. Quantos há que correm de um lado para outro atrás de cada quimera, portando o rótulo de “vida espiritual”, temendo, contudo, o esforço constante da realização concreta. Não percebem a autocomplacência de sua “busca constante”, que nada mais é do que uma desculpa para evitar a disciplina rígida de uma realização espiritual verdadeira.

Quando formos capazes de reunir à concentração e constância de Saturno, a energia tipo relâmpago de Urano, nossa atuação ganhará incomensurável eficiência. Também seremos capazes de deixar para trás as barreiras do preconceito social, religioso ou racial, herdados do passado.

É interessante considerar a posição atual de Plutão (Regente de Escorpião) em Libra, Signo em que se encontra agora Urano. Plutão está em Sextil com Netuno. Portanto estamos vivendo a atuação dos quatro Planetas “exteriores”. As pessoas têm a oportunidade de reorganizar (Plutão) a sua posição quanto ao conhecimento espiritual (Netuno). Ou ser mais consciente em seu comprometimento (Plutão) na busca da compreensão espiritual (Netuno). Eis porque muitos falham em sua escalada espiritual. São carentes de fé na aplicação dos princípios espirituais, que conhecem intelectualmente, em suas vidas diárias. Não confundir a fé com inocência ou ignorância simplória. A fé é uma experiência interna, pela qual se vive na certeza da realidade do Poder do Cristo. Sem essa experiência, os ideais, por excelsos que sejam, não são suficientes para promover crescimento anímico. Como é triste observar pessoas conhecedoras de tais ideais agirem como se os desconhecessem, oferecendo múltiplas desculpas por meio de racionalizações para encobrir suas pobres fraquezas humanas. Como disse Blaise Pascal, o grande filósofo: “As coisas do mundo têm que ser conhecidas para serem amadas. As coisas divinas devem ser amadas para serem conhecidas”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1977 pela Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Astrologia ao Longo do nosso Tempo aqui – Parte 7: A Astrologia nos Século XVI e XVII

Chegamos ao século XVI, o chamado século “renascentista”, porque aí redescobrimos as antigas fontes. Os estudiosos dessa época são, em geral, favoráveis ​​à Astrologia.

Em 1520, uma cadeira de Astrologia foi fundada na universidade papal. O médico suíço Bombastus Von Hohenheim, mais conhecido como Paracelso (1493-1541), fundou a medicina hermética e utilizou o simbolismo astrológico na prática de sua arte. Ele escreve: “Aquilo que cura indica a natureza e a causa do mal, e como cada Astro é representado por um metal: Marte pelo ferro, Vênus pelo cobre, Saturno pelo chumbo, seguir-se-á que a ação terapêutica de cada metal indicará a influência mórbida da estrela correspondente”.

Catarina de Médicis (1519-1589), muito afeiçoada à Astrologia, trouxe para a corte muitos videntes e astrólogos e, em particular, o famoso Nostradamus (1503-1566). As profecias contidas em seus Centuries ainda fazem correr muita tinta…

Mas, a próspera era da Astrologia está terminando com a descoberta do heliocentrismo pelo astrônomo polonês Copérnico (1473-1543). Alguns meses antes de sua morte, ele publicou “revolutionibus orbium coelestium”, que teria uma grande influência no pensamento humano.

Pela primeira vez em 17 séculos, reafirma-se que a Terra e todos os outros Planetas giram em torno do Sol, girando a Terra, aliás, sobre si mesma em 24 horas. Deve-se saber que nenhum fato novo esteve na origem dessa teoria. Copérnico conhecia os escritos de Heráclides (388-315 a.C.) e Aristarco (310-230 a.C.), a quem saudou como seus precursores e é essencialmente por razões metafísicas que adotou esse ponto de vista.

De fato, ele considerava normal colocar a estrela mais brilhante no centro do mundo, aquela que fornece luz e calor à Terra. No entanto, os resultados das observações à sua disposição não lhe permitiram descobrir as leis exatas do movimento dos Planetas. Isso seria descoberto no século seguinte por Kepler, graças às observações astronômicas de um dinamarquês, apaixonado por Astrologia, Tycho-Brahe (1546-1601).

Tycho-Brahe estava inicialmente destinado à carreira jurídica, mas sua paixão pela Astrologia o levou a querer saber as posições dos Planetas com mais precisão do que se fazia na época. Com o apoio do rei Frederico da Dinamarca, ele mandou construir o primeiro observatório digno desse nome perto de Copenhague, que batizou de “Uranienborg” (nome profético quando Urano só seria descoberto quase dois séculos depois).

Com a ajuda dos instrumentos que construiu, conseguiu determinar com precisão a declinação e as coordenadas equatoriais dos Planetas. Tycho-Brahe nunca aceitou a teoria heliocêntrica. Talvez ele tenha percebido que essa teoria se tornaria uma arma contra a Astrologia?

Mas, vamos às descobertas do astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630). Kepler havia sido aluno de Tycho-Brahe e tinha os resultados de suas observações; mas, ao contrário de Tycho-Brahe, ele era partidário do sistema de Copérnico.

É, portanto, graças aos resultados de Tycho-Brahe que Kepler conseguiu destacar as leis do movimento dos Planetas: movimento elíptico dos Planetas ao redor do Sol, velocidades de revolução não uniformes (= lei das áreas).

No entanto, ele ainda era, ao contrário do que afirmam os detratores da Astrologia, um grande Astrólogo (embora tenha lutado contra a Astrologia de “baixo nível”).

Ele escreve: “Vinte anos de estudo prático convenceram meu espírito rebelde da realidade da Astrologia”.

Ele entende que o heliocentrismo não lhe diz respeito: “Basta ao astrólogo ver como os raios vêm do leste, do sul ou do oeste, basta que saibamos se dois Planetas estão em Conjunção ou em Oposição. O astrólogo pergunta como isso é feito? Na verdade, ele não faz isso, assim como o camponês não pergunta como se forma o verão ou o inverno e, no entanto, ele é regulado pelas estações”.

Ele também escreve: “Há um argumento bastante claro e além de qualquer exceção, em favor da autenticidade da Astrologia, é a comunidade de temas entre pais e filhos” (hereditariedade astrológica).

Com Kepler já cruzamos o limiar do século XVII. Ao mesmo tempo, Galileu (1564-1642) também aderiu ao sistema copernicano.

Ele foi o primeiro a usar, para observar as estrelas, o telescópio de “aproximação” (ampliação x50) que já existia há alguns anos. Ele descobriu milhares de estrelas que não eram visíveis a olho nu, os quatro maiores satélites de Júpiter, manchas solares e principalmente as fases de Vênus análogas às da Lua, que vieram a sustentar a teoria heliocêntrica.

Parece que Galileu, sem ter ele próprio praticado Astrologia, se interessou por ela. Ele teria dito a seu aluno, Paolo Dini, que a teoria de Copérnico não poderia abalar os fundamentos da Astrologia.

Em 1616, a Igreja advertiu-o de que esse sistema era “contrário às Sagradas Escrituras e, portanto, não pode ser mantido ou tido como verdadeiro” (Cardeal Bellarmi). Como ele manteve suas opiniões, teve que comparecer, em 1632, perante um tribunal de inquisição e teve que se retratar solenemente. O que ele faz, após 16 anos de resistência, para evitar a estaca; mas, depois, pronunciará esta famosa frase: “E ainda assim ela gira”.

Vale lembrar que o ex-monge Giordano Bruno havia sido queimado em 1600 por ter dito que as estrelas eram corpos semelhantes ao Sol e que havia outros mundos habitados.

Na primeira metade do século XVII, a Astrologia continuou a progredir, apesar da revolução copernicana. Placidus (de Titis ou Tito) (1603-1668), matemático e físico, professor da Universidade de Pavia, desenvolveu outro sistema de Casas.

Esse sistema é ainda mais complicado que os anteriores, pois não utiliza um único plano de referência, mas sucessivos paralelos de declinação. A ideia do método consiste em dividir por três o tempo que o ponto localizado no Ascendente leva para chegar ao MC. O primeiro terço desse tempo, reportado à eclíptica, dá a ponta da Casa 12, o segundo terço dá a ponta da Casa 11 e procedemos da mesma forma entre o MC e o DS (Descendente).

Quanto mais longe do equador você fica, mais ângulos desiguais você obtém; mas, isso também é verdade para os outros sistemas mencionados acima. Existem, ainda, em qualquer altura, duas localizações geográficas variáveis, uma no Círculo Polar Ártico, outra no Círculo Antártico onde não é possível definir um Ascendente: são os dois polos da eclíptica (não confundir com os polos norte e sul fixos que são os do equador).

As diferenças entre Casas de diferentes sistemas podem ser bastante significativas. Assim, um Astro pode estar na Casa 12 em um sistema e na Casa 1 ou mesmo 2 em outro. É o método de Placidus que ainda é o mais amplamente utilizado hoje. Max Heindel o adotou nas tabelas que editou.

Tendo uma base científica sólida, ele poderia ter desenvolvido tabelas de outro sistema, se tivesse encontrado um mais em conformidade com a realidade astrológica. Deve-se saber, no entanto, que certos astrólogos usam outros sistemas, incluindo o da Antiguidade, em que o Ascendente está a 15° do ponto da Casa 1.

Mas, voltando ao século XVII. Outra figura muito importante na Astrologia desse século é Jean-Baptiste Morin de Villefranche (1583-1656), médico, astrólogo do Duque de Luxemburgo, então professor do College de France.

Ele é o fundador da Astrologia moderna e deixa uma obra abundante, a Astrologia gálica, composta por 26 volumes escritos em latim. Richelieu não desdenhou de consultá-lo; Mazarin concedeu-lhe uma pensão.

Foi ele o responsável por traçar o mapa astral do futuro Luís XIV (nascido em 5 de setembro de 1638, às 11h11).

Morin teve que se defender dos ataques de um de seus colegas do College de France, Gassendi, um matemático que, provavelmente não tendo estudado Astrologia, o repreendeu por não ter adotado o sistema de Copérnico.

Ainda hoje encontramos essa resposta ou explicação sem sutileza, sem originalidade, como uma ideia difundida, já conhecida de todos e que ninguém verificou, com a da Precessão dos Equinócios

Em 1666, Colbert, ministro de Luís XIV, criou a Academia de Ciências e, “em nome da Razão”, proibiu que a Astrologia fosse ali ensinada, ou mesmo praticada por seus membros sob pena de perda de cargo. A partir de agora, esse ensino também será banido das universidades.

Um declínio invencível não demora a tomar forma.

Antes de deixar o século XVII, é necessário dizer algumas palavras sobre Newton (1643-1727), porque ele é o fundador da astronomia mecanicista que contribuirá para relegar a Astrologia um pouco mais para o armário das superstições como, para alguns, Religião em si.

Seu pai já havia morrido antes de ele nascer e ele foi criado pela avó. Quando ele tinha 16 anos, sua mãe pediu que ele assumisse a fazenda; felizmente, ela entende que ele é mais “feito para estudos”. Aos 18 anos ingressou em Cambridge, onde o professor de matemática Isaac Barrow lhe abriu as portas do conhecimento. Aos 25 anos, ele já é um matemático e físico genial. Interessa-se pela óptica e pelo estudo dos prismas desenvolve a sua teoria da luz (à qual Goethe se oporá), e descobre as leis da mecânica que permitem explicar, em particular, os movimentos dos Planetas assinalados por Kepler, um século antes.

Reza a lenda que foi ao observar a queda de uma maçã que teve a intuição da lei universal da atração. Paul Valéry escreveu: “Você tinha que ser Newton para ver que a Lua está caindo, quando todos podem ver claramente que ela não está caindo”. De fato, um objeto lançado ao ar cai pela lei da gravidade; mas, a mesma lei se aplica a um satélite (natural ou artificial): está a uma distância tal que a Terra não está mais perto o suficiente para cair sobre ela e é assim que começa a girar.

Podemos ver isso como uma queda contínua, a Terra constantemente “caindo”. O próprio Newton não era um materialista. Ele escreve: “Este sistema mais que admirável do Sol, dos Planetas e dos cometas, só pode emanar do desígnio e da autoridade de um Ser inteligente e poderoso”.

Mas, a maioria dos cientistas, por mais de dois séculos, preferiu ignorar esse aspecto do pensamento de Newton e acreditar, com base em suas descobertas, que “tudo” pode ser explicado mecanicamente e que “tudo é puramente físico”.

No capítulo XIV do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, Max Heindel descreve a experiência da água e do óleo representando, respectivamente, o espaço e a nebulosa original e o cientista que não percebe que ele próprio desempenha o papel de Deus criador através da concepção da experiência e sua intervenção com o auxílio de um bastão, para colocar em ação o movimento formativo dos “planetas”.

Foi somente no século XX, com os paradoxos da relatividade de Einstein e da mecânica quântica, que os cientistas (pelo menos alguns) adotaram uma posição mais aberta, como veremos adiante.

(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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