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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Ciência e o Amor: postura do Aspirante e Estudioso da Filosofia Rosacruz

É um fato notável, o de que a técnica e a ciência física evoluíram muito, desde meados do século retrasado, mas o desenvolvimento moral e a força equilibradora do amor não seguiram paralelamente; ficou muito para trás. Com isto, recebemos recursos materiais, conforto de toda ordem, mas, carecendo de base moral para usar dignamente essas coisas, muitos de nós, passa a ser prejudicado por elas. No fundo é esse desequilíbrio que faz mal a tantas pessoas, senão até a nós mesmos!

Somos um ser complexo, pois temos veículos espirituais (Tríplice Espírito), veículos corporais (Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos), um veículo chamado Mente e, ainda, um produto do nosso trabalho sobre os nossos três Corpos, que chamamos de Tríplice Alma. Isso nos leva a conclusão de que temos que sermos atendidos inteiramente em nossas necessidades.

O materialismo não leva em conta os fatores extras físicos e daí verificamos que a ilustração apenas e o conhecimento cientifico não podem proporcionar a nós o equilíbrio e felicidade de que prescindimos nesse Mundo Físico. Conhecemos muitos intelectuais, “homens da ciência”, muitos ditos até “sábios”, porém, quantos seres humanos realmente santos conhecemos? Está aqui um exemplo de um desequilíbrio enorme entre Intelectualidade e Espiritualidade, entre Razão e Devoção.

A ciência e a técnica têm se caracterizado pela violência, pela agressividade aos direitos humanos mais sagrados, inclusive com argumentos egoístas e ignorantes como: “o fim justificam os meios”. Elas estabeleceram uma ordem de coisas em que o ser humano, um filho de Deus, criado a imagem e semelhança do Criador, herdeiro de todas as promessas bíblicas, foi convertido à força como originado a partir de um acidente de resultados de reações químicas aleatórias, um acessório da máquina, num produtor de lucros, ainda escravo de injustiças sociais. Muitos seres humanos, iluminados por Deus, apelaram e apelam para o resultado que essas forças materialistas produzem como escravizadoras do ser humano em todos os lugares da Terra e a necessidade urgente da luta pelo direito humano real e o estabelecimento de uma sociedade democrática contínua. É óbvio que, lentamente, em lugares da Terra conceituados como “mais desenvolvidos”, os seres humanos vão tratando de conhecer a tão desprezada e útil disciplina das relações humanas e da filosofia da discussão, para tentar chegar ao entendimento do “amai-vos uns aos outros”. Então, até muitos chegam a compreender a frase de Cristo: “Não vim trazer a paz, senão a espada” (Mt 10:34). Afinal, como aprendemos na Filosofia Rosacruz, “todas as Religiões de Raça são do Espírito Santo. Baseadas na lei são insuficientes, porque produzem o pecado e acarretam a morte, a dor e a tristeza.”. E “todos os Espíritos de Raça sabem disso e compreendem que suas Religiões são, tão somente, passos necessários para atingir algo melhor. Todas as Religiões de Raça, sem exceção, indicam Alguém que virá, o que demonstra a assertiva anterior.”.  E é nesse sentido que “todos os templos principais foram construídos com frente para leste, para que os raios do Sol nascente pudessem brilhar diretamente através das portas abertas. O templo de S. Pedro, em Roma, foi assim edificado. Todos estes fatos demonstram que, geralmente, era sabido que Aquele que viria seria um Sol Espiritual, para salvar a Humanidade das influências separatistas das Religiões de Raça.”

As Religiões de Raça foram os passos necessários para todos nós com o objetivo de nos prepararmos para a vinda de Cristo. Afinal de contas, antes de tudo, precisamos cultivar um “eu” – um indivíduo separado, interessado em seu desenvolvimento enquanto está aqui renascido na Região Química do Mundo Físico – antes de poder sermos desinteressado e, a partir daí sim compreender o aspecto superior da Fraternidade Universal – que une todos nós –, que exprime unidade de propósitos e interesses. Na Sua primeira vinda “Cristo lançou as primeiras bases da Fraternidade Universal.”. Essa Fraternidade Universal só será coisa verdadeiramente realizada quando o Cristo voltar!

“Como o princípio fundamental de toda Religião de Raça é a separação, que indica o engrandecimento próprio a expensas de outros seres humanos e nações, é evidente que, levado às suas últimas consequências, esse princípio teria necessariamente uma tendência destrutiva e frustraria a evolução, a menos que a Religião de Raça fosse substituída por uma Religião mais construtiva.”.

Estudando profundamente o assunto é fácil chegar à conclusão de que as Religiões de Raça, que também chamamos de “Religiões separatistas do Espírito Santo devem dar lugar à unificante Religião do Filho, a Religião Cristã.”.

Ou seja, a Lei (que é base das Religiões de Raça) “deve ceder lugar ao Amor, e as Raças e nações separadas devem se unir numa Fraternidade Universal, tendo Cristo como Irmão Maior.”.

Agora, não confundamos a Religião Cristã como a que temos evidenciado no mundo atualmente, pois “a Religião Cristã não teve ainda o tempo necessário para realizar o seu grande objetivo” que é unir todos os seres humanos numa “Fraternidade Universal, tendo Cristo como Irmão Maior”. Até agora a grande maioria dos seres humanos está sob a influência do dominante Espírito de Raça (ainda que, muitos, não continuamente; ainda que muitos se esforçando – e até se destruindo – para viver em reminiscências, tais como o patriotismo, o Espírito de tribo e até o Espírito de família). De fato, se observarmos bem os ideais do Cristianismo ainda são demasiado elevados para muitas pessoas! “O intelecto pode ver nesses ideais – verdadeiramente Cristãos – algumas belezas e, facilmente, admite que devemos amar os nossos inimigos, mas as paixões do Corpo de Desejos permanecem demasiado fortes. Sendo a lei do Espírito de Raça ‘olho por olho’, o sentimento afirma: ‘hei de me vingar’. O coração pede Amor, mas o Corpo de Desejos anseia por vingança. O intelecto vê, em abstrato, a beleza de amar os nossos inimigos, mas nos casos concretos, se alia aos sentimentos vingativos do Corpo de Desejos com a desculpa de fazer justiça, porque ‘o organismo social deve ser protegido’”.

Agora, logicamente, é motivo de regozijo quando percebemos em muitos lugares que se sinta o “desejo de criticar os métodos empregados. Os métodos corretivos e a misericórdia vão se tornando cada vez mais preponderantes na administração das leis”. Se observarmos bem e estudarmos um pouco, “podemos notar manifestações desta tendência na frequência com que são suspensas as sentenças e deixados à prova prisioneiros convictos, e no espírito da Humanidade que nos tempos atuais se usa para com os prisioneiros de guerra. É a vanguarda do sentimento de Fraternidade Universal que está fazendo sentir sua lenta, mas segura influência.”.

Agora, não sejamos hipócritas: “em geral, o mundo não gosta de considerar coisas que julga ‘demasiado’ altruísta, como se falar de Fraternidade Universal. Deve haver uma razão para isso. Não considera norma de conduta natural a que não ofereça uma oportunidade de ‘conseguir alguma coisa dos seus semelhantes’. As empresas comerciais são planejadas e conduzidas segundo esse princípio. Ante a Mente desses que estão escravizados ao desejo de acumular riquezas inúteis, a ideia da Fraternidade Universal evoca as terríveis visões da abolição do capitalismo e sua inevitável consequência, a exploração dos demais, e enfim, o fatal naufrágio dos ‘interesses de negócios’. A palavra ‘escravizados’ descreve exatamente a condição.”.

Por meio dos Ensinamentos Bíblicos Rosacruzes é fácil concluir que de acordo com a Bíblia, nós deveríamos ter domínio sobre as “coisas do mundo”, mas na grande maioria dos casos, o inverso é a verdade: as “coisas do mundo” é que tem domínio sobre nós. Afinal, se nós temos interesses próprios admitiremos, em nossos momentos de lucidez, “que as posses constituem uma fonte inesgotável de aborrecimentos, que se vê constantemente obrigado a traçar planos para conservar seus bens, ou pelo menos cuidar deles para evitar perdê-los, pois sabe ‘por dura experiência’ que os outros estão sempre procurando tomá-los. O ser humano é escravo de tudo aquilo que, por inconsciente ironia, chama de ‘minhas posses’ quando, em realidade, são elas que o possuem.”.

Como disse o filósofo e poeta Ralph Waldo Emerson: “São as coisas que vão montadas e cavalgam sobre a Humanidade”.

“Esse estado resulta das Religiões de Raça e seus sistemas de Leis; por isso, todas elas assinalam ‘Aquele que deve vir’. A Religião Cristã é a única que não espera Aquele que deve vir, mas sim Aquele que deve voltar. Sua volta se fará quando a Igreja se liberte do Estado.”.

Isso porque, em muitos lugares da Terra, a Igreja ainda está atrelada ao carro do Estado (direta ou indiretamente). “Os ministros da Igreja – sejam pastores, padres ou outra denominação que usem – se encontram coibidos por considerações econômicas, não se atrevem a proclamar as verdades que seus estudos lhes têm revelado.”. Um exemplo? Quando o pastor, ministro, padre ora pelo rei, pelo presidente, pelos “governantes” e/ou pelos legisladores, para que estes pudessem reger o país sabiamente. Enquanto existirem rei, pelo presidente, pelos “governantes” e/ou pelos legisladores, “essa oração será muito apropriada. Quer outro exemplo mais chocante: ouvir o pastor, ministro, padre “exclamar ao final: ‘…e, o Todo-Poderoso Deus proteja e fortifique o nosso exército e nossa armada’”. É óbvio que “uma oração semelhante só demonstra claramente que o Deus adorado é o Deus da Tribo ou Nacional, o Espírito de Raça. O último ato de Cristo Jesus foi arrancar a espada das mãos (Mt 26:52) do amigo que queria protegê-lo, todavia, Ele disse que não tinha vindo para trazer a paz, mas uma espada. Disse-o por que previa os mares de sangue que as nações ‘cristãs’ militantes provocariam, em consequência da má interpretação dos Seus ensinamentos. Seus elevados ideais não podiam ser imediatamente alcançados pela Humanidade. São terríveis os assassínios nas guerras e outras atrocidades semelhantes, mas são também potentes ilustrações daquilo que o amor há de abolir.”.

Também, por meio dos Ensinamentos Bíblicos Rosacruzes, aprendemos que não há nenhuma contradição entre as palavras de Cristo-Jesus (“Eu não venho trazer a paz, mas uma espada” – Mt 10:34) e as palavras do cântico celestial que anunciava o nascimento de Jesus: “Paz na Terra, e boa vontade entre os homens” (Lc 2:14).

Para ficar mais fácil compreendermos isso é só considerar “a mesma contradição aparente que existe entre as palavras e os atos de uma pessoa que diz: ‘vou limpar toda a casa e arrumá-la’. E começa a tirar os tapetes, a empilhar as cadeiras, etc., produzindo uma desordem geral na casa anteriormente em ordem. Quem observasse unicamente esse aspecto, poderia exclamar justificadamente: ‘está pondo as coisas piores do que antes’. Contudo, quando compreender o propósito do trabalho, compreenderá também a momentânea desordem, sabendo que a casa ficará, depois, em melhores condições. Analogamente, devemos ter presente que o tempo transcorrido desde a vinda de Cristo-Jesus não é mais do que um momento, quando comparado com um só Dia de Manifestação.

Aprendemos a conhecer o “tempo de Deus” “e a olhar além das passadas e presentes crueldades e dos zelos das seitas em guerra, a caminho da Fraternidade Universal. Essa marcará o grande novo passo do progresso humano em sua larga e gloriosa jornada desde o barro até Deus, desde o protoplasma até a consciente unidade com o Pai.”.

Aqui entra o motivo pelos quais os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, vigilantes da evolução humana, perceberam nos Mundos invisíveis o reflexo antecipado dessa onda de materialismo – que levaram e levam muitas pessoas do fanatismo nas Religiões de Raça à descrença de qualquer coisa que não possa provar com os meios que temos na Região Química do Mundo Físico e, que portanto, o que “vale é a vida que temos aqui, é que é a única, e que nascemos para sermos felizes (e, portanto, ricos”, revivendo valores que até a segunda parte da Época Atlante, até poderiam ser verdadeiros, considerando o objetivo a ser alcançado – já alcançamos e temos outro objetivo hoje! – naquele momento desse Esquema de Evolução). Assim, muitas pessoas “saíram de um lugar ruim para um lugar pior” para a sua Evolução!

E para contrabalançar essa influência desmoralizadora, têm difundido muitos ensinamentos ocultos. No início do século passado, por intermédio de Max Heindel – o iluminado mensageiro, Iniciado treinado, Místico e Ocultista em um nível de equilíbrio elevado – fundaram a Fraternidade Rosacruz com esse fim: preparar cada Aspirante à vida superior a conhecer devidamente as Leis de Deus que regem o mundo e o ser humano para, por meio do exemplo de cada ser humano e da ação em todas as esferas, possa neutralizar a onda materialista; para que eduque seus filhos, oriente sua família, as pessoas dos seus relacionamentos e, dentro do respeito ao livre arbítrio, se capacite a influir beneficamente no sentido de fazer compreender a obra de Deus no mundo e vislumbrar a Sabedoria Divina em nosso plano evolutivo.

Pensou-se que oferecendo esses conhecimentos e educando os poucos que os recebessem, seria possível contrabalancear o materialismo, pelo menos os Aspirantes à vida superior que se acham mais atinados e que, sem essa ajuda, poderiam ver muito retardado na evolução deles, com a influência material.

Com efeito, a base que nossos filhos recebem nas escolas e faculdades é quase sempre materialista, pretensiosa e irreverentemente materialista. A menos que tenhamos conquistado, pelo respeito, nossos filhos, desde pequenos, e passamos neles influir após a puberdade os efeitos daquela orientação, causarão prejuízos maiores ou menores, segundos suas tendências. Quando conseguiram os especialistas, organizados, constituir faculdades reconhecidas em que se ensinem a Religião, a Arte e a Ciência em bases realmente condizentes com as verdades cósmicas, observadas nos Mundos superiores? Muito poucos, ou quase nenhum! Mas hão de vir com a aproximação da Era de Aquário!

O certo é que, tendo negado tanto tempo a espiritualidade, muitas gerações se ressentem de equilíbrio quando, pela morte se vem privado do Corpo Denso e percebem que continuam existindo, mais conscientes do que antes. E as doenças consultivas, como a tuberculose, que tanto grassou entre nós, é uma das causas de crenças materialistas em vidas anteriores.

Como Aspirantes à vida superior, um Estudante Rosacruz ativo, temos o dever de andar a par das coisas aí fora, embora sugerimos sempre uma conduta apolítica; de incentivar e apoiar o estudo das relações humanas, porque sempre se fundam em bases Cristãs; de  ler e estudar a Filosofia Rosacruz, que  encaminha o conhecimento humano  para rumos acertados; e, sobretudo, de agirmos como verdadeiros Cristãos, coerentemente, em  nossas esferas de ação, porque a prática é que demonstra o que entendemos e constitui a mudança, porém, convincente argumentação do que desejamos testificar.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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