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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Raios Astrais Entrelaçados em nossos Exercícios Esotéricos

Os Raios Astrais Entrelaçados em nossos Exercícios Esotéricos

Com relação à Concentração da manhã e Retrospecção à noite – dois dos nossos Exercícios Esotéricos – surge frequentemente a seguinte pergunta: qual é o melhor método para se conservar na condição física adequada e desperto na concentração, e para ter certeza que estamos avançando de maneira positiva no desenvolvimento interno?

Os Estudantes Rosacruzes não estão tão interessados no rápido progresso como no tipo de progresso que estão fazendo. Os resultados almejados determinarão a classe de Irmã ou de Irmão Leigo que o Estudante será no futuro. Um exemplo: se agora almejamos fazer um trabalho positivo e escolhemos o caminho mais fácil, como é que poderemos ser firmes, quando chegarem as nossas provas?

Recordemos que o Conceito Rosacruz do Cosmos nos ensina sobre duas correntes que rodeiam a Terra, a saber, uma horizontal e a outra vertical. A corrente horizontal é negativa e a vertical positiva, sendo que nosso pensamento se efetua mais facilmente na posição vertical.

O reino animal, desde a criatura mais inferior, está na corrente horizontal (à exceção de poucos) e sob o controle dos Espíritos-Grupo. Sabemos que a posição horizontal de suas colunas nos mostra que assim é de fato (Conceito). Quando deitamos sobre nossas colunas estamos também na posição horizontal e, portanto, nas correntes negativas, podendo assim mais facilmente sairmos de nossos corpos, sendo que nós, Estudantes positivos, desejamos construir a ponte que conduz o conhecimento consciente quando fora do Corpo Denso.

E assim é que trabalhamos para o controle positivo da corrente negativa.

Nossa preparação fundamental é, assim, a concentração, a observação, o discernimento, a contemplação e a adoração.

Uma das primeiras obrigações em nossa Filosofia é assumir a responsabilidade por cada ato nosso. Devemos julgar a nós próprios. Não temos sacerdotes, portanto, de grande importância é para nós a Retrospecção. Quando executamos nosso trabalho, consultamos o horóscopo em busca de intuições sobre o que fizemos em vidas passadas. Quanto nos ajudaria se estudássemos o horóscopo para o método de Retrospecção?

Dividindo um problema em partes sua solução fica mais fácil. Tomando o problema da Retrospecção levantado acima, num horóscopo, vejamos como poderíamos dividi-lo. Os números místicos são geralmente mais atrativos para esse trabalho, assim, dividamos nosso problema no número doze, anotemos o número nove, e para completar tendo os números mais importantes, adicionemos quatro, ficando treze. Somemos quatro e dois para obter seis.

Sabemos que o Sol a cada ano caminha através dos doze Signos e a Terra se deixa influenciar por seus raios, mudando suas características de acordo com cada Signo. Os raios solares são dirigidos a doze setores de nossas vidas nos doze meses do ano e que a Lua, o minuteiro do relógio do tempo, passa através desses doze departamentos a cada mês.

Mensalmente ocorrem duas Lunações, muito importantes para o Estudante esotérico. Na Lua Cheia olha-se para trás, para o mês passado, e observa-se o progresso entre uma Lua Cheia e outra. Na Lua Nova olha-se para o futuro mês, e planeja-se o trabalho mais próximo em relação ao trabalho que já se realizou. Cada passo da Lua nos Signos Cardeais ou impulsivos (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio) é o período em que se realiza o melhor trabalho de cura. Nessa época é muito importante meditar sobre a virtude do Signo no qual a Lua transita. Cada um de nós têm um ponto alto em nosso próprio horóscopo, denominado ângulo, que é cruzado pela Lua quatro vezes ao mês. Não importando como estejam aspectados, todos nós temos nove Astros a considerar em nossas vidas.

Agora vejamos o problema e associemos os números mencionados:

12 – Doze Signos

2 – Duas Lunações

4 – Quatro Pontos Cardeais

4 – Quatro Ângulos no horóscopo Individual

9 – Novo Astros em cada horóscopo

Somando tudo temos: 31

Existem trinta é um dias a considerar; assim temos o material suficiente para iniciarmos.

Todos os estudantes de Astrologia sabem que o dia em que ocorre um Aspecto é a ocasião mais propícia para a ação. Assim, o dia em que a influência de Vênus estiver mais forte, será provavelmente a data em que compraremos um traje novo. Se isso é certo, então o dia em que a Lua está em determinado Signo é o tempo para meditar sobre as qualidades desse Signo, não nos esquecendo de que a Lua leva dois dias e meio para passar através de um Signo. Vejamos alguns exemplos:

Vamos supor que a Lua esteja em Peixes. Qual é a natureza desse Signo? É um Signo místico, reservado e generoso; dá oportunidades para meditar sobre as verdades subjetivas da vida, porque Peixes rege os pés, simbolizando o conhecimento do corpo e, num plano mais profundo, esclarece sobre as ações e reações do Destino (Lei de Consequência). Consideremos agora o lugar do Peixes num horóscopo, e vejamos se a Casa é angular ou não. Em caso positivo, então, precisamos meditar sobre nossa própria posição no assunto, ou seja, as qualidades do Signo. Perceberemos, então que muitos assuntos, que para nós poderiam ser de pouca importância, em tais ocasiões assumem grandes proporções, devido às influências dos ângulos existentes.

Perguntamos agora: como uso essas qualidades em minha vida?

Supondo-se que a Lua esteja passando por Libra, por exemplo, e considerando a nota-chave de Libra, o Equilíbrio, refletiremos assim: equilibrei hoje minhas ações, quando os acontecimentos previstos na Lei de Consequência ocorreram?

Mais à frente, a Lua se translada para o agressivo Signo de Áries. As Luas Cheias, quando em Áries, são muito importantes. Devem ser assim consideradas porque iniciam um novo ciclo de Lua Cheia visto astrologicamente, pois Áries é o primeiro Signo do Zodíaco. Nessa fase, devemos considerar como tem sido o nosso mês, e também devemos nos analisar a respeito de que obra positiva temos iniciado.

Se a passagem da Lua pelos Signos Cardeais é muito importante, o quanto não será o da passagem do Sol, o dador da vida, pelos mesmos Signos? Assim, quando o Sol está transitando pelos Signos Cardeais é o tempo em que precisaríamos estar em sagrada comunhão com nossos “Eu’s Superiores” para os próximos três meses, ou seja, desde o atual Signo Cardeal até o próximo.

Meditações semelhantes também encontram campo quando o Sol transita pelo Signo do Equilíbrio (Libra), da Regeneração (Escorpião), e da Aspiração (Sagitário).

Esses períodos que citamos acima, do ingresso do Sol, deveriam ser observados unicamente em relação ao exercício de Retrospecção e da oração, pois o poder desses serviços é grande e está escrito que é por nosso próprio risco que tomamos o pão e o vinho – (ICor 11:23-30).

Nossa preparação espiritual para o trânsito do Sol em Capricórnio, no mês de Dezembro, deve ser feita de maneira cuidadosa e intensamente devocional, já que esse é usualmente o tempo em que geralmente se realiza o trabalho do Discípulo, não nos esquecendo, contudo, que a época mais propícia é no Solstício de Junho, pois no caso do exercício de Retrospecção será sempre mais produtivo para o Discípulo dar seus passos quando o Mundo externo está evocando as forças físicas em nós, ou seja, quando as forças espirituais estão como que estáticas no mundo e o Cristo está com o Pai.

Passemos agora a considerar os Planetas. Vejamos alguns exemplos: alguns de nós temos o Planeta Urano em Libra: assim, de acordo com os Aspectos que tenha, podemos ler exatamente que tipo de provas podemos esperar, enquanto a Lua e o Sol transitam por esse Signo. Você sabe que um Astro não afligido se interpreta de um modo, e que o que está afligido de outro.

O original, altruísta e elétrico Urano nos dá oportunidades para operar com os bons Aspectos, sendo que, além disso, nós todos também temos em nossos horóscopos muitos outros Aspectos, dando um colorido às nossas ações. Agora, se temos alguma aflição que possa levar-nos a tirar vantagem da porta que se nos abre pelo trânsito da Lua sobre um Urano bem aspectado, devemos então vigiar cuidadosamente nossos exercícios de Retrospecção, procurando julgar com acerto. Acontece também, às vezes, que um Astro bem aspectado, digamos Júpiter, pode fazer com que expressemos alguma tendência negativa nossa, como por exemplo o egoísmo, devido ao poder de agregação desse Astro.

Lembremo-nos que somos nossos próprios sacerdotes, sendo nossa Retrospecção o nosso confessionário; por isso, em ocasiões críticas devemos vigiar e analisar os acontecimentos tal como realmente ocorreram em nossas vidas. Nossas provas não costumam apresentar-nos cartão de visitas, para que possamos identificá-las, mas pelo contrário, quando nos chegam, vêm revestidas com nossas inferioridades e são tão disfarçadas que permitimos que entrem e ainda lhes damos o melhor lugar na mesa, por assim dizer.

A Lua, em sua progressão ao redor de cada Astro que temos e os ativando, põe em ação os vários Aspectos e como que se se nos estivesse fazendo as perguntas a respeito de como estamos fazendo uso das vibrações. Faz as mesmas perguntas a cada sete anos, e cada vez revestida de uma nova forma de fazê-la. Primeiramente, põe-se frente ao Aspecto, logo passa por ele e lhe sussurra quando faz a Conjunção, prossegue depois seu caminho e, olhando para trás, produz uma Oposição, de onde mira desde o ápice do problema. Em cada Aspecto faz a mesma pergunta e nos faculta crescer nos anos intermediários para que tenhamos assim, a cada vez que a pergunta for feita, uma resposta diferente.

O discernimento é uma das qualidades que precisamos desenvolver, e não há melhor oportunidade de desenvolvê-lo do que quando vemos a pergunta que a Lua nos faz e formulamos a resposta. Mais à frente, aprenderemos a analisar as Quadraturas, e perceberemos que no que diz a respeito às lições que estão sendo aprendidas, seu poder é muito maior do que qualquer outro Aspecto que tenhamos. Quando chegar o tempo e nossas aquisições se converterem num real saber, então sentiremos que temos algo a oferecer como serviço aos Irmãos Maiores. Então, quando chegarmos a esse ponto, necessitaremos fazer nosso inventário para averiguar tudo o que realmente precisamos para prestar o Serviço.

Vamos supor, agora, que iremos fazer esse pequeno exercício. Começaria de forma, mais ou menos, semelhante à esta:

  • CONCENTRAÇÃO: Quanto posso fazer na concentração? Fiz bem minha última tarefa, ou descuidei de algum detalhe, somente porque alguma pessoa interveio? O quanto conheço a respeito das Artes? Posso fazer um problema de álgebra? Conheço algo de química? Se fosse à Sede Central trabalhar, seria de algum valor para o serviço? Possuo melindres? Suporto a crítica? Gosto do estudo?
  • MEDITAÇÃO: Quantos livros li este ano? Quantos eram uma biografia? Quantos foram ficção? Passei algum tempo sozinho? Que acho dos problemas? Gosto de ficar quieto?
  • OBSERVAÇÃO: Posso entrar num quarto e depois recordar a posição dos móveis? Como seremos capazes de funcionar nos mundos internos, se não conseguirmos realizar aqui esta pequena tarefa? Aqui, onde as coisas são mais ou menos permanentes?
  • DISCERNIMENTO: Quantas vezes tiramos conclusões erradas das coisas e depois averiguamos que alguém mais estava certo? Quantas vezes fracasso na escolha entre um bem maior e um menor? Quantas vezes faço algo simplesmente para agradar alguém, em vez de fazer o que seria justo?
  • CONTEMPLAÇÃO: Sei ler os sinais dos tempos para compreender as profundas operações que estão por trás dos acontecimentos? Alguma vez pego um objeto e trato de ver nele a obra de Deus? Fico em casa às vezes e sozinho, ficando quieto e assim perceber o desenvolver-se do plano divino? Posso obter um sublime e belo êxtase ao ver abrir-se uma rosa?
  • ADORAÇÃO: Toma nossa adoração o antigo hábito de cair de joelhos para adorar o desconhecido, ou tratamos de penetrar nos mistérios para termos maior reverência perante nosso Deus, de modo que consigamos saber de coisas maiores que possamos realizar em Seu Nome?

Sabemos que a luz branca contém toda a gama do espectro e também que Deus é Luz, e que “se andamos na Luz, como Ele na luz está, seremos fraternais uns com os outros”.

Cada Astro possui uma cor distinta e cada um deles recebe um certo tipo de raio do Sol. Conforme cada um dos Astros recebe mais e mais desta luz, reflete algo da própria cor para mesclar tudo de novo nele mesmo. Somos algo parecidos a isso: quando recebemos um pouco desse maravilhoso conhecimento, crescemos e começamos a emitir “Um raio para o mestre, que é quem verá esta radiação, e também não importa onde estaremos, daremos o próximo passo em nosso progresso sempre e quando estejamos preparados para dá-lo. Muitas provas encontraremos em nosso caminho, e muitos fracassos teremos nesta grande preparação, mas o glorioso é poder dizer que estamos abrindo, ou teremos aberto, outra porta para nosso caminho no progresso, sabendo perfeitamente bem que a senda se faz mais estreita conforme passa o tempo e nossas responsabilidades se fazem maiores. Em verdade, se perdermos o senso comum, também se perde nossa utilidade. O grande dom é manter a habilidade de conservar nossos amigos, mesmo estando realizando esse trabalho. Muitos de nossos conhecidos penetraram o trabalho interno e se descuidaram de conservar os contatos sociais que são necessários para nos mantermos a um nível normal. Devemos vigiar essa tendência, porque nossa utilidade para o Mestre pode ser justamente a de que devemos ser capazes de atrair alguma outra pessoa, e não lhe teríamos acesso caso nos achássemos incultos, grosseiros ou, então, incapazes de um relacionamento em qualquer sala de recepção de pessoas. A sociedade é um produto já pronto dessa era no aspecto material. Aqui é onde se reconhece a arte onde pode ser obtida cultura. Nossos governos estão necessitados de ideais tais como o que nós podemos lhes oferecer. Quem de nós se dispõe a deixar as distrações e adentrar àquelas salas levando seu conhecimento espiritual, o que muito contribuiria para o avanço espiritual da Terra.

Venham, amigos que estejam preparados! Vamos dar uma nova arrancada para a frente!

(“Rays from the Rose Cross”, publicado na revista Serviço Rosacruz – 02/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: O que é a oração? Ela é equivalente à concentração e meditação, ou é apenas uma súplica a Deus?

Resposta: Infelizmente, da maneira como é praticada na maioria das vezes, a oração torna-se somente uma súplica para que Deus interfira a favor do suplicante e permita que ele possa atingir um objetivo egoísta. É, sem dúvida, uma calamidade que as pessoas se empenham em violar o mandamento de Deus “não matarás”, e rezem pela vitória sobre seus inimigos. Se medirmos a maioria das orações comparando-as ao padrão estabelecido por Cristo na Oração do Senhor, elas certamente não merecem o nome de oração. São blasfêmias, e seria mil vezes melhor que nunca tivessem sido proferidas.

A Oração do Senhor foi-nos dada como modelo, e faremos bem em analisá-la se quisermos chegar a uma conclusão adequada. Se o fizermos, veremos que três das sete orações que a compõem referem-se à adoração da Divindade. “Santificado seja o Vosso Nome. Venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a Vossa Vontade”. Em seguida, vem a petição pelo pão diário, necessário para conservar vivo o nosso organismo, e as outras três orações são para livrar-nos do mal e perdoar as nossas ofensas. Esses fatos tornam evidente que toda oração, digna desse nome, deve conter uma quantidade preponderante de adoração, louvor e reconhecimento dos nossos poucos méritos, isso aliado a uma firme resolução de esforçar-nos para sermos agradáveis ao nosso Pai que está no Céu. Portanto, o principal objetivo da oração é estabelecer, tanto quanto possível, uma estreita comunicação com Deus, para que a Vida e a Luz Divina possam fluir para dentro de nós, iluminar-nos e fazer com que cresçamos à Sua imagem e semelhança.

Este é um ponto de vista diametralmente oposto à ideia comum sobre a oração, segundo a qual sendo Deus o nosso Pai, podemos ir a Ele em oração e Ele tem que nos conceder o que o nosso coração deseja. Se não formos atendidos da primeira vez, devemos continuar a rezar, pois importunando-O e insistindo, nosso desejo será atendido. Tal visão repugna o místico iluminado e, se colocarmos o assunto numa base mais prática, veremos ser evidente que um pai sábio, que tem um filho capaz de sustentar-se sozinho, ressentir-se-ia se esse filho aparecesse diante dele várias vezes ao dia, importunando-o com variadíssimos pedidos, coisas que poderia facilmente obter se trabalhasse para merecê-las. A oração, não importa quão fervorosa e sincera seja, nunca pode substituir o trabalho. Se trabalharmos por uma boa finalidade com todo o coração, alma e corpo e, ao mesmo tempo, orarmos para que Deus abençoe o nosso trabalho, não há dúvida que essa petição será sempre atendida.

No entanto, a menos que nos esforcemos, não temos o direito de pedir o auxílio de Deus.

Como dissemos anteriormente, a essência das nossas orações deveria consistir em louvar a Deus “de Quem dimanam todas as bênçãos”, pois os nossos Corpos de Desejos são formados de matéria proveniente de todas as sete regiões do Mundo do Desejo na proporção das nossas exigências, as quais são determinadas pela natureza dos nossos pensamentos. Cada pensamento reveste-se de matéria de desejos análoga à sua natureza. Isto se aplica aos pensamentos formados e expressos na oração. Se forem egoístas, atrairão para si um envoltório composto da substância existente nas regiões inferiores do Mundo do Desejo, mas se forem nobres, altruístas e desinteressados, eles vibrarão no grau mais elevado das regiões de luz anímica, vida anímica e poder anímico. Eles irão revestir-se desse material, conferindo mais vida e luz à nossa natureza espiritual. Mesmo quando oramos por outros, é prejudicial pedir algo material ou mundano. É admissível pedir saúde, mas não prosperidade econômica.

“Buscai primeiro o Reino de Deus e Sua justiça” é o mandamento. Ao obedecer essa ordem, podemos ficar seguros que “ tudo o mais” ser-nos-á dado também. Portanto, ao rezarmos por um amigo, ponhamos todo o nosso coração e alma na súplica para que ele permanentemente busque o Caminho, a Verdade e a Vida, pois tendo encontrado uma vez esse tesouro maior, nenhuma necessidade real ser-lhe-á jamais negada.

Isto não é uma teoria, absolutamente. Milhares de pessoas, incluindo o autor, descobriram que “Nosso Pai no Céu” cuida das nossas necessidades materiais quando nos esforçamos por viver uma vida espiritual. Contudo, numa análise final, verificamos que não é a oração falada que ajuda. Há pessoas que podem dirigir uma congregação numa prece que se revela perfeita tanto em termos de linguagem quanto em sentimento poético. Eles podem até amoldar suas orações aos princípios estabelecidos pelo Senhor, como mencionados nos parágrafos iniciais, e ainda assim essa oração pode representar uma abominação por ser destituída da única condição essencial. A menos que toda a nossa vida seja uma oração, não podemos agradar a Deus, não importa quão maravilhosas sejam as nossas petições. Por outro lado, se lutarmos dia após dia e ano após ano para viver de acordo com a Sua vontade, então, mesmo que saibamos o quanto estamos longe de atingir o nosso ideal, e embora, a exemplo do publicano no Templo, sejamos de poucas palavras e possamos apenas bater em nosso peito, dizendo: “Deus, tende piedade de mim, um pecador”, veremos que o Espírito, conhecedor das nossas necessidades, intercederá por nós murmurando palavras sentidas, e a nossa modesta súplica diante do Trono da Graça será mais eficaz do que todos os discursos floreados que poderíamos pronunciar.

Nosso correspondente também pergunta: A oração é equivalente à concentração e à meditação?

A concentração consiste em focalizar o pensamento sobre um único ponto, tal como os raios do Sol são focalizados através de uma lente. Quando difusos sobre a superfície da Terra, eles produzem apenas um calor moderado, mas bastam alguns raios solares, focalizados por meio de uma lupa comum de leitura, para atear fogo a qualquer material inflamável sobre o qual são focalizados. Da mesma forma, o pensamento, ao passar rapidamente através do cérebro, como a água através de uma peneira, é de pouco valor, mas quando concentrado sobre um determinado objetivo, ele aumenta de intensidade e realizará o propósito desejado, seja para o bem ou para o mal. Membros de uma certa ordem concentraram-se sobre seus inimigos durante séculos, e verificou-se que a desgraça ou morte sempre alcançaram o objeto de sua inimizade. Ouvimos falar hoje, entre determinados grupos, em “magnetismo maléfico” aplicado por meio da concentração do pensamento. Por outro lado, o poder da concentração do pensamento pode, também, ser usado para curar e ajudar, e não faltam exemplos para comprovar essa afirmação. Portanto, podemos dizer que a concentração é a aplicação direta do poder do pensamento para a consecução de um objetivo definido, que pode ser bom ou mau, de acordo com o caráter da pessoa que o pratica e o propósito para o qual ela deseja empregá-la.

A oração assemelha-se à concentração em certos pontos, mas difere radicalmente em outros. Embora a eficiência da oração dependa da intensidade da concentração atingida pelo devoto, ela é acompanhada por um sentimento de amor e devoção de intensidade igual à profundidade da concentração, o que torna a oração bem mais eficaz do que uma concentração fria. Além disso, é extremamente difícil à maioria das pessoas concentrar seus pensamentos de uma maneira serena, calma, sem a menor emoção, excluindo todas as outras considerações da sua consciência. A atitude devota é mais facilmente cultivada, pois a mente centraliza-se, então, na Divindade.

A meditação é o método de obter, pelo poder espiritual, conhecimento sobre coisas com as quais não estamos geralmente familiarizados.

Há, no “Conceito Rosacruz do Cosmos”, um capítulo que trata de forma bem abrangente do método de adquirir o conhecimento direto, elucidando minuciosamente esses pontos, e aconselharíamos um estudo completo desse capítulo.

(Pergunta nº 135 do Livro Filosofia Rosacruz por Perguntas e Respostas Vol. II-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como fazer as coisas: nossos afazeres, deveres e trabalhos

Como Fazer as Coisas

Você já reparou como se formam as grossas raízes de uma árvore? À medida que elas mergulham no solo, vão se ramificando cada vez mais, até que, por fim, encontramos raizinhas finíssimas. Estas extremidades radiculadas são importantíssimas no metabolismo da árvore. Quem admira e exalta a árvore que se ergue do solo, não se lembra muitas vezes que ela depende dessas radicelas!

Você já pensou em como se formam os grandes rios? Acompanhe, mentalmente, um de seus afluentes; depois tome um afluente daquele e, assim, busque chegar ao início de uma das inúmeras correntes d’água. Lá você encontrará uma fontezinha, modesta, alegremente a cantar! Quem se lembra das fontezinhas quando contemplam e viajam pelo grande rio, obscuras e distantes, elas constituem as origens desse rio.

Você já reparou nos desenhos da circulação do sangue? O Corpo não poderia ser alimentado integralmente sem os finíssimos vasos sanguíneos.

Nem poderia, sem eles, processar a eliminação. Eles são essenciais no metabolismo.

A ideia e o desenho das bacias fluviais, das raízes e da circulação, em essência são iguais. Eles nos fazem pensar nas pequenas coisas de nossa vida. A humanidade deveria atentar mais para os pequeninos pensamentos, para os impulsos emocionais pequenos ou para os atos chamados insignificantes. Eles são as causas, as fontes, as radículas, os vasos dos atos maiores que aparecem como efeitos nesta Vida e se no livro “A Teia do Destino”, de Max Heindel, aprendemos: “Todo ato de cada indivíduo, manifesta no universo uma certa vibração. Segundo sua vibração, ele reagirá benéfica ou maleficamente sobre seu criador e seu ambiente. Você já pensou na contribuição de seus pequenos atos à harmonia ou desarmonia de seu lar ou de seu trabalho? Uma simples mente humana é incapaz de imaginar os reflexos todos e as incontáveis consequências de seus pequenos atos, no espaço de uns meses, anos e vidas! ”

Meditemos no significado dessa afirmação! Cada espírito, numa vida apenas, acumula milhões de pequeninos atos. 

Cada um deles vai reclamar uma resposta universal.

Sua essência continua reagindo sobre seu criador, a partir do momento em que se tornou “carne” não apenas na presente existência, como na seguinte e ainda mais longe, até que se esgote pela correção do caráter. Em outras palavras, o que fazemos agora terá uma conexão substancial com o que desejamos realizar, com a capacidade de realização, milhares de anos a partir deste momento. Veja que este pensamento é muito sério!

Muitas pessoas podem acreditar e asseverar que as pequenas ações não sejam importantes. Acham que apenas os atos mais importantes joguem um papel de destino maduro, principalmente os que envolvem outras pessoas (e, espiritualmente, pouquíssimos atos não atingem nossos semelhantes).

No entanto, quando olhamos a vida de um ponto de vista global – tal como a visão de uma bacia fluvial vemos claramente que nenhuma ação é insignificante, por mais trivial ou ociosa que pareça. Uma corrente tem a fortaleza de seus elos.

Isto é certo para uma corrente de metal como para uma corrente de ações individuais ou coletivas. No fundo de um gênio, de um campeão olímpico, de um artista, encontramos milhares de pequenos esforços, persistentemente dirigidos a um objetivo. Igualmente num líder que facilmente vence os desafios. E da mesma forma num fracassado ou num ladrão.

Naturalmente acumulamos muitos pequeninos esforços bons e maus. Ninguém é inteiramente bom ou mau. Assim, o bem final que poderíamos obter dos bons esforços, ficam debilitados pelos pequeninos atos maus. Isso nos serve de advertência para vigiar as pequeninas coisas de nossa vida.

Acompanhando o fio de uma vida individual, vemos aqui e acolá surgirem os momentos críticos de desafio, que vão exigir o melhor da pessoa. Mas, se descuidamos da formação de nossa moral, se negligenciamos depositar no “Banco interno” os pequeninos esforços diários de autocontrole e amor desinteressado, então, ao chegarem os desafios, buscamos ansiosamente os recursos e não os encontrarmos. Aí vêm os infartos, as diabetes, os derrames, os desequilíbrios nervosos, tão comuns do mundo moderno. É uma vergonha para nossa cultura e avanço científico não compreendermos essas coisas elementares. E se compreendemos e as negligenciamos, então erramos duas vezes. Infelizmente, as pessoas estão muito ansiosas para usufruir as coisas materiais e não têm tempo. Querem resolver tudo no mais curto prazo de tempo possível, atacam os efeitos. Buscam livrar-se da advertência da dor e continuam agindo do mesmo modo que ocasionou o mal.

Um dia chega a crise, que é também um acúmulo de pequenos abusos. E quando essa crise não se desfecha nesta vida há de vir em outra, a menos que a pessoa tome outros rumos. Alguns raros indivíduos persistem tanto no mau caminho que seus pequeninos atos o acabam levando a constante “azar” como se costuma dizer. Mas a sorte e azar são consequências justas de nossos atos passados.

Um ponto importante é a intenção com que realizamos nossas atividades rotineiras. A dona de casa que faz alegre e amorosamente suas tarefas, que enche de harmonia seu lar beneficia os que nele estão e recolhe para si crescentes benefícios futuros.

Além disso, o trabalho se vai aperfeiçoando pela dedicação. Contrariamente, aquela que vive se queixando “de seus fardos e monotonia” realiza de má vontade as tarefas. Elas ficam malfeitas, a casa se enche de aborrecimento e desarmonia e essa atmosfera afetará desfavoravelmente a todos que nela residem ou entrem. Mais que isso, essa dona de casa estará acumulando maiores dificuldades futuras.

São Paulo apóstolo nos exorta “a fazer todas as coisas para a glória de Deus”. Se realizamos nossos afazeres com tal intenção, aí eles se tornam importantes, belos e agradáveis, por mais humildes e desagradáveis que pareçam.

Não é a importância ou humildade da ação que propriamente conta. Vale mais a intenção com que é feita e o sacrifício de si mesmo, tal como nos ilustra o “óbolo da Viúva”, nos evangelhos, mas se o ato é grande e amoroso, naturalmente é maior.

Em favor da rotina, podemos acrescentar: quando ela é feita com amor e atenção, vamos adquirindo perícia e, ao mesmo tempo, planejando melhores formas de execução.

Essa é a base do aprimoramento, que economiza trabalho, tempo e gasto além de enriquecer nossa capacidade epigenética. Precisamos de compreender que, do ponto de vista evolutivo, mais vale fazer bem as pequenas coisas rotineiras do que pular de uma a outra grande realização, sem dominar nenhuma. Que isto sirva de meditação para os que se acham aborrecidos com o seu ramerrão. Por mais brilhante que seja o indivíduo, a inconstância o retarda.

Ela equivale ao amontoar tijolos esparsos, aqui e acolá, em vez de alinhá-los sob determinado plano, para edificação de um templo. A rotina é também importante nos assuntos espirituais. A repetição de um ritual de efeitos ocultos definidos acaba construindo o templo etérico. É o que sucede na Fraternidade Rosacruz. Aprendemos que a nota-chave do Corpo Vital é a repetição. O Corpo Vital tem o poder de movimentar o inerte Corpo Denso, mas só o consegue por meio da repetição, da prática. Qualquer profissão ou habilidade pressupõe a repetição sistemática.

Devido a isso se costuma dizer que:” “todo desenvolvimento oculto começa pelo exercitamento do Corpo Vital”.

Mas devemos estar alertas e ativos para que, através desse meio, possamos promover o desenvolvimento intelectual e espiritual, em grande potencial, para a Idade de Aquário que se aproxima.

A própria rotina de nossa vida material foi prevista pela evolução para que, por meio da repetição possamos despertar plenamente nossos Corpos Vitais, precisamos de corrigir nosso atual conceito de “dever” como algo odioso. Se nos rebelamos contra o que chamamos de “monotonia”, acabamos retardando nossa evolução. O brasileiro e demais latinos devem compreender muito bem esse ponto. Que isso os estimule a lutar contra o desejo de mudanças e novidades e aproveitem as oportunidades para tornar a rotina numa alavanca de evolução. No começo não será fácil, mas depois acabarão fazendo com amor suas tarefas materiais e os deveres espirituais (preces, exercícios de concentração e meditação matinais e o de retrospecção noturna). A prática fiel desses exercícios constitui dificuldades para nossos estudantes, porque não aprenderam a gostar da rotina e nem a executar como recomendamos aqui. Entendamos bem seu alcance para que possamos amá-la. Disse Max Heindel a respeito dos exercícios: “persistência e mais persistência; ela é que nos traz resultados, quer no plano material, quer no plano espiritual”.

Nossas ações devem ser levadas a cabo com uma atitude de devoção, discernimento e determinação, para que se tornem realmente valiosas, para nós e para os demais, agora e num futuro distante. Quando desejamos servir a Deus em tudo que fazemos, aí infundimos humildade, reverência, previsão e criatividade nas tarefas. Procuraremos expressar a vontade de Deus e não a nossa.

Desse modo, nossos propósitos vão se aproximando e coincidindo com os de Deus. Ademais, quando compreendemos que o amar a Deus depende de amar e servir nossos semelhantes, passamos a cumprir as tarefas mais monótonas com espírito de amor, considerando mais o modo de realizá-la do que sua importância ou natureza intrínseca.

Tudo isto nos conduz ao discernimento. Se algo é digno de ser feito, vale a pena fazê-lo bem. O “prefácio” para qualquer ação deveria ser: É digna de ser feita? Qual o seu objetivo? A quem beneficiará? Ela é compatível ou contrária à Lei natural? Nossas motivações, ao executá-la, são egoístas ou altruístas? Se a nossa intuição e conhecimento oculto aprovam as respostas, é o sinal de que o trabalho merece realização.

Nosso tempo é limitado. Portanto escolhamos bem o que fazer e o melhor modo de fazê-lo. Algumas pessoas têm mais capacidade de previsão, mas ela pode ser desenvolvida pela prática. Se cada ação, por menor que seja, conta, seja bem pensada e altamente motivada.

Eis outro fator igualmente importante no reto agir: a determinação. Está intimamente ligada com o primeiro passo: a repetição racional. Uma vez que decidamos realizar algumas coisas, é mister evitar a indiferença e desânimo ante os fracassos ou desafios de sua execução, mormente na etapa inicial. Talvez seja necessário mudar alguma coisa ou simplesmente continuar fazendo e aprimorarmo-nos com isso. A obra é digna de ser feita. Devemos alcançá-la com êxito. Também é possível que nosso plano inicial, por honesto que seja, resulte deficiente no curso da ação.

Nesse caso, não nos resta outra alternativa senão a de pensar novamente no assunto, à luz da experiência; consultar alguém que saiba melhor que nós; e continuar tentando, sem nos arrefecermos ante os malogros.

Aprendemos mais com os fracassos do que com os êxitos.

Finalmente advertimos contra o terrível anestésico da vontade e da realização: a preguiça. A ociosidade e indiferença que nascem da indolência são mais danosas que o mau planejamento e egoísmo para a evolução física e espiritual. O propósito da vida sobre a Terra é a experiência e só podemos obter pela firme vontade de realizar, de fazer as coisas. Mais vale um grama de realidade do que um quilo de sonhos. “A fé sem obras, é morta”.

As faculdades e propensões que armazenamos, para uso futuro, nascem das reações e experiências suscitadas pelos atos. Se nos permitimos desperdiçar o tempo na preguiça, recolheremos poucas experiências. Em tal caso, é lógico esperar que o aguilhão de Saturno, através da necessidade, nos venha espicaçar. A inatividade temporária é muitas vezes prudente, para refazer a saúde e recomeçar com mais método; ou então deixar que as coisas se aclarem. Mas isso não deve ser confundido com a indolência que muitos, infelizmente, se permitem por ignorância dos assuntos espirituais.

A atividade é a essência da vida. A natureza não conserva nada inútil: ou se ativa, e vive e cresce; ou se atrofia e morre. Mas a atividade deve ser planejada, estudada segundo a reta conduta que temos o privilégio de conhecer, por meio da Fraternidade Rosacruz.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 12/73 – Fraternidade Rosacruz –SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Sugestões para Meditação e Concentração

Sugestões para Meditação e Concentração

Todos nós sentimos por vezes a necessidade urgente de enviar pensamentos de ajuda a alguém; contudo, por muito grande que seja o nosso desejo, só os pensamentos concentrados têm a força suficiente para atingir o seu destino. Devem ser dirigidos numa única direção para que, como os raios do sol concentrados numa lente de aumento, possam acender o fogo do seu objetivo. O candidato à vida superior deve aprender a controlar e a canalizar os seus pensamentos; por meio dum esforço persistente conseguirá concentrar perfeita e voluntariamente a sua Mente, em qualquer altura desejada.

Mas como o método de concentração é frio e intelectual, o aspirante dos Ensinamentos Ocidentais tem que o desenvolver utilizando simultaneamente a meditação e oração. No “Conceito Rosacruz do Cosmos” Max Heindel diz-nos que o ‘candidato à vida espiritual realiza a união da natureza superior e inferior através da meditação’ cujos temas elevados lhe mostram a natureza dos mundos superiores e descobrem a realidade do Bom, do Verdadeiro e do Belo. A sua ambição torna-se a seguir constantemente a inspiração do seu Eu Crístico.

A concentração intensa constrói uma forma de pensamento viva, uma imagem clara e verdadeira. A meditação, por sua vez, ensina-nos muito sobre essa forma de pensamento e permite-nos encontrar a maneira de a relacionar com o mundo. Na concentração localizamos toda a nossa atenção num só tema ou ideia donde a meditação extrai depois todo o conhecimento possível.

Como introdução aos exercícios de concentração e meditação, o Estudante pode utilizar a ‘Oração’ que Max Heindel nos deixou no livro Véu do Destino: “AUMENTA O MEU AMOR POR TI SENHOR, PARA QUE EU POSSA SERVIR-TE MELHOR A CADA DIA QUE PASSA. FAZE COM QUE AS PALAVRAS DOS MEUS LÁBIOS E AS MEDITAÇÕES DO MEU CORAÇÃO SEJAM SEMPRE AGRADÁVEIS A TUA PRESENÇA, Ó SENHOR, MINHA FORÇA E MEU REDENTOR”.

Repita-a várias vezes, devagar, destacando a primeira ideia na primeira vez, depois a segunda na segunda vez, a terceira na terceira, e assim sucessivamente, durante alguns minutos. Termine-a então com o método de concentração que tenha vindo a praticar. Gradualmente verificará muito maior facilidade nos exercícios de concentração e meditação, sem dúvida difíceis de executar.

Pode variar este método com qualquer outro que se coadune mais consigo. Tome por exemplo, a frase: “DEUS É LUZ. SE ANDARMOS NA LUZ, COMO ELE ESTÁ NA LUZ, HAVERÁ FRATERNIDADE ENTRE NÓS”. Repita essa ideia várias vezes, sempre devagar, como expusemos acima. Um dos métodos sugeridos por Max Heindel é a repetição pausada dos primeiros cinco versos de São João.

Este plano não é mais do que uma sugestão para aqueles que sentem dificuldade em concentrar-se e permite o desenvolvimento gradual, e uma maior eficiência na realização destes exercícios.

‘Que as rosas floresçam em vossa cruz’

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Filosofia Rosacruz pelo Método Socrático: Qual o exercício que se segue após a Concentração?


Qual o Exercício que se segue após o Exercício Esotérico da Concentração?

Pergunta: Sabemos que o primeiro exercício a ser praticado tendo como finalidade a organização dos veículos internos é a Concentração. Qual o exercício que se segue após a Concentração?

Resposta: Praticando o exercício de Concentração o Aspirante à vida superior habituar-se-á a focalizar a Mente em um determinado objeto, construindo uma forma de pensamento vivente por meio de faculdade de imaginação. Aprenderá tudo a respeito do Objeto enfocado, por meio da Meditação.

Pergunta: Qual o objeto mais indicado para a prática da Meditação?

Resposta: Suponhamos que o Aspirante à vida superior tenha por intermédio da Concentração fixado sua Mente na figura de Cristo. Torna-se fácil a Meditação, relembrando os incidentes de Sua vida, Seus sofrimentos, Sua ressurreição etc., porém, a Meditação levará o Aspirante à vida superior a alcançar conhecimentos jamais imaginados, inundando sua alma, com inefável luz. Mesmo algo que não desperte muito interesse ou suscite quadros maravilhosos poderá ser objeto de Meditação. Pode-se escolher, por exemplo, uma mesa comum.

Pergunta: O que poderá alguém imaginar a respeito de uma mesa?

Resposta: Inicialmente devemos formar uma imagem clara de uma mesa. Depois pensemos na espécie de madeira de que é feita e de onde veio. Volvamos até ao tempo em que, como pequena e delicada semente, caiu na terra do bosque, desenvolvendo depois a árvore de cuja madeira a mesa foi construída. Observe-se a arvorezinha, ano após ano, coberta pelas neves do inverno ou acalentada pelo Sol estival, crescendo continuamente, enquanto as raízes constantemente penetram na terra. No princípio era um tenro broto. Depois tornou-se um arbusto, crescendo gradativamente, dirigindo sua copa ao ar e aos raios do Sol. Com o passar dos anos a fronde e o tronco tornam-se cada vez maiores. Por fim chega o lenhador e a derruba com seu machado.

Pergunta: Quais os detalhes a serem evidenciados e desenvolvidos?

Resposta: A nossa árvore encontra-se tombada e despojada de sua ramagem. Tendo sido descarregada de um caminho, foi arrastada até a margem do rio, a fim de aguardar a primavera e o consequente degelo das correntes fluviais. Então nossa árvore, juntamente com outras que se encontram à margem do rio, será transformada em uma grande balsa e a correnteza levá-la-á ao seu destino.

Pergunta: Como reconheceremos a nossa árvore?

Resposta: Conhecedores de todas as suas pequenas particularidades, reconhecê-la-emos imediatamente entre milhares de outras. Temos a observado tão clara e minuciosamente, seguimos o curso da balsa pela corrente, observamos as paisagens e familiarizamo-nos com os homens que cuidam da balsa ou jangada e dormem dentro de pequenas cabanas construída sobre a carga flutuante.

Finalmente chegamos à serraria. Uma a uma as toras são retiradas da água, e encaminhadas à grandes serras circulares.

Pergunta: Devemos apenas observar em tais circunstâncias ou também “ouvir”?

Resposta: Sim, devemos “ouvir” também o chiar da serra sobre a madeira. A imagem deve ser vivente em todos os seus detalhes.

Pergunta: Os detalhes alusivos à fabricação devem ser considerados?

Resposta: Exatamente. Observemos os dentes penetrando na madeira, dividindo-a em tábuas e pranchas. As melhores são enviadas a uma fábrica de móveis onde são cortadas e aplainadas. Pedaços de diversos tamanhos são colados para formar os tabuleiros das mesas, sendo as pernas feitas com os restos mais finos. Todo o móvel é lixado, envernizado e polido. Assim acabada em todos os seus pormenores, a mesa é enviada à loja para ser vendida.

Dessa maneira, por meio da Meditação familiarizamo-nos com os vários ramos da indústria que convertem uma árvore do bosque em uma peça de mobiliário.

Observamos todas as máquinas, os homens e as peculiaridades dos diferentes lugares visitados. Vimos também o processo da vida que fez surgir a árvore da delicada semente, e aprendemos que atrás de toda aparência, por simples que seja, há sempre uma história do mais alto interesse.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/68 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Livro: Concentração e Meditação – Estudo segundo a Filosofia Rosacruz

A primeira prática a efetuar-se é a fixação do pensamento em um ideal e assim mantê-lo, sem permitir que se desvie.

Tarefa sumamente difícil, ela deve ser realizada regularmente pelo menos até que se possa alcançar algum progresso.

O pensamento é o poder que empregamos na formação de imagens, cenas, pensamentos-formas, de acordo com as ideias internas.

É o nosso poder principal, e temos de aprender a mantê-lo sob nosso absoluto controle de modo a produzirmos não absurdas ilusões induzidas pelas circunstâncias exteriores, mas sim imaginações verdadeiras geradas pelo espírito, internamente.

Ouvimos com frequência pessoas exclamarem petulantemente: “Oh! Não posso pensar em cem coisas ao mesmo tempo! ”.

Na realidade era exatamente isso o que estavam fazendo e que lhes causou o aborrecimento de que se queixam.

As pessoas vivem pensando constantemente em cem coisas diferentes daquela que têm em mãos. Todo êxito é alcançado através da concentração persistente no objetivo desejado.

Tendo praticado a Concentração durante algum tempo, enfocando a Mente sobre um objeto simples, construindo um pensamento-forma vivente através da faculdade imaginativa, o Aspirante pode aprender pela Meditação tudo o que se refere ao objeto assim criado.

1. Para fazer download ou imprimir:

F. Ph. Preuss – Concentração e Meditação – Estudo segundo a Filosofia Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

CONCENTRAÇÃO E MEDITAÇÃO

ÍNDICE

I – A CONCENTRAÇÃO E A MEDITAÇÃO Nas Escolas Esotéricas.

II – A FORMA E DURAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO.

III – A REGULARIDADE, HORA E O LUGAR DA CONCENTRAÇÃO – A ABSTRAÇÃO

IV – AS Condições importantes na concentração: O SILÊNCIO E A HIGIENE (Física e Mental).

V – O AMOR, A PUREZA E O SONO – Fatores importantes na Concentração 

VI – O OBJETO que deve motivar a Concentração (“sobre o quê” e “no quê”) 

VII – A ATENÇÃO: A chave mestra na Concentração e na Introspecção – A MEDITAÇÃO: consequente a Concentração.

VIII – A INTUIÇÃO: o que é – AS Suas relações com a Concentração e a Meditação

IX – o Local e as condições físicas propícias a Concentração: o Relaxamento nervoso, a Respiração, a Calma, a Concentração isolada ou junto de outrem, A CASTIDADE, o Lugar da Concentração.

X – A ALIMENTAÇÃO – os Venenos – O Grande Remédio – A alimentação.

XI – OS Outros Recursos de Grande Valia: AS Leituras Espiritualistas, A Música apropriada, A Arquitetura, Outros recursos complementares.

XII – CONCLUSÕES: O plano das Hierarquias – O EGO e a Divindade.

I – A CONCENTRAÇÃO E A MEDITAÇÃO Nas Escolas Esotéricas

No curso da evolução, nas Escolas Esotéricas, são imprescindíveis a CONCENTRAÇÃO e a MEDITAÇÃO. Destes dois exercícios depende o conhecimento dos planos superiores, como também, o melhor conhecimento da vida em comum no meio em que se vive, seja isto física, social ou intelectualmente. Todas as escolas esotéricas ensinam estes dois exercícios, ainda que outras acrescentem as mesmas a retrospecção, como exercício matutino de meditação.

Em geral, os candidatos infelizmente não se desenvolvem assim como deseja a escola, e por isso as suas faculdades psíquicas não alcançam os resultados almejados, e, portanto, deficientes, pois a maior parte dos candidatos se limita apenas a leitura dos livros. O trabalho de concentração foi ensinado a fim de que o próprio candidato faça suas pesquisas e consiga, com o tempo, seu mecanismo superconsciente para adquirir conhecimentos espirituais.

Devemos salientar, com todo o rigor, que a autolibertação do EGO de seus corpos inferiores não pode se processar sem a aconselhada e devida concentração, bem como a meditação.

Se o candidato não sujeita seus pensamentos à sua vontade, não coordena os mesmos num corolário progressivo e ampliado, de forma harmônica e de beleza geral, desde que a LUZ DIVINA paira sobre todas as coisas as quais se revelam pela atividade meditativa, não pode chegar a consciência dessa luz que deseja se manifestar. As hierarquias astrais-celestiais introduziram em suas escolas esotéricas a concentração, ou seja, a fixação mental de alguma coisa em um único ponto, ou dirigir a Mente em um único ponto de atenção, para depois, automaticamente, passar à meditação, isto é, ampliar aquilo que se tem fixado pela concentração. Sem a devida fixação da Mente do que se deve concentrar não haverá meditação. Esta é, verdadeiramente, a arte de se conhecer pela concentração aquilo em que se medita. Se se concentra numa rosa, não se deve pensar, ao mesmo tempo, em um cavalo, pois, a Mente deve fixar-se na rosa. Deve se conseguir que a MENTE OBEDEÇA A VONTADE, pois sem a devida vontade a Mente fugirá do assunto. O principal objetivo durante a meditação está em que a Mente não se AFASTE DO ASSUNTO QUE O ESPÍRITO DESEJA FOCALIZAR, não o deixando escapar.

Caso haja fuga de pensamentos, o que via de regra acontece aos neófitos por falta de suficiente atenção sobre o caso, pois a vontade ainda não atua sobre a Mente, deve o pensamento ser laçado, assim como se laça um cavalo rebelde. Cada vez que o pensamento foge deve ser laçado, até que se sujeite o mesmo à vontade do EU e, uma vez isso conseguido, não mais escapará e a meditação e a concentração tornam-se uma maravilha na vida do candidato. Este é o segredo na técnica da concentração, mostrando também, o modo de se habilitar as futuras iniciações, adquirindo conhecimento direto sobre a própria natureza, assim como conhecimento geral.

Os alunos perguntam, geralmente, que posição se deve tomar ou qual a melhor para se concentrar. Depende em primeiro lugar, da disposição que se tem para concentrar, pois, às vezes, os nervos não deixam fazê-lo ou quando o estômago esteja sobrecarregado, o mesmo acontecendo quando se pensa em negócios, ou ainda, quando se encontra doente, sofrendo dores.

São estas as contraindicações, pois a concentração só se fará com a exclusão de todos os tipos de fenômenos psíquicos ou patológicos, estes mencionados. Precisa-se deste modo, de muita calma, do abdômen descarregado, do corpo sem dores, etc. Se, porém, deseja-se concentrar não estando doente e se a cabeça estiver quente, deve-se banha-la com água fria tanto tempo até que se ache calma. Para livrar os intestinos dos efeitos produzidos por alimentos queimados deve-se fazer lavagens. Se houver dores, melhor será não se concentrar; mesmo assim pode-se tomar um banho morno prolongado, durante uma hora. Dores em geral diminuem com banho de água morna de 37 graus centígrados. Logo depois, pode-se experimentar a concentração.

Caso esteja cansado, convém tomar um banho de chuveiro frio. Em todo o caso, para o espiritualista é mais importante utilizar-se de banhos ou de higiene em geral à noite, antes de deitar-se, devendo assim proceder sempre que se sentir refrescado e nunca exausto.

A respeito dos cônjuges, deve-se dizer que uma cama em comum para os dois precisa ser evitada, pois, difícil será a concentração em conjunto com o seu par.

Nenhum dos dois poderá concentrar na presença um do outro. Também o trabalho noturno, extra corporal, ficará prejudicado, pois, não somente o Corpo Denso se ligará ao outro pelo mais ligeiro contato, como também a mescla dos corpos etérico (Vital) e de Desejos de ambas as partes será desfavorável ao serviço espiritual. Como os Corpos Vital e de Desejos se alongam para fora do Corpo Denso, penetram nestes reciprocamente em seu companheiro. Obviamente, aí está o perigo, pois pode o corpo etérico não se refazer suficientemente, podendo até mesmo ser atraído pelo componente mais forte, diminuindo assim as qualidades dos corpos superiores, como também do Corpo Denso.

Com essas explicações vê-se porque razão é preciso que se separem os cônjuges para o devido exercício de concentração.

Antes de tudo, deve-se dizer que a concentração não é fácil. É bastante difícil e requer muito tempo até que se apresentem os resultados, existindo mesmo pessoas que se concentram quase uma vida inteira com pouca eficiência, para mais tarde lograr êxito. O aluno deve demonstrar sempre boa vontade, até que consiga resolver este problema, devendo sempre se lembrar de que, numa vida futura, a concentração se tornará mais fácil, devido a ter-se aplicado nesta vida, assim terá mais afinidade em vidas futuras. A persistência é imprescindível.

II – A FORMA E DURAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO

Para que se possa concentrar é preciso um objeto, sobre o qual se dirija a Mente. Este objeto pode ser visível ou imaginário. Em geral, para o neófito, é mais fácil dirigir-se a um objeto a sua vista. Os olhos devem somente fixar o objeto que se acha a sua frente.

Este é um treinamento não só para a concentração como também para a vontade; se esta faltar, os olhos se afastam gradativamente de seu objetivo. A vontade deve atuar para que os olhos não se desviem e se não a tiver para dirigir os olhos e a atenção sobre o objeto, constantemente a Mente estará ocupada e não poderá conter outros pensamentos através de si, para que o objeto que vê não se desvie. Vale dizer que na concentração existe uma série de fatores que se entrelaçam desfavoravelmente quanto a sua finalidade. Se o candidato conseguir fixar-se num objeto sem desviar os olhos por cinco minutos e não desfocar a atenção, estará bem concentrado.

Outra forma de concentrar é com um objeto imaginário, subjetivo. A concentração sobre uma rosa em nossa frente é o caso objetivo, porém se não tivermos a rosa, á a forma subjetiva. Podemos fechar os olhos e não abandonar mais a imagem da rosa até que a mesma se manifeste ante os nossos olhos internos e quanto mais forte for a nossa imaginação apresentar-se-á em nosso interior a referida flor. Este fenômeno não deve ser confundido por um ignorante em questões metafísicas como uma alucinação ou histeria.

A concentração e meditação foram impostas aos espiritualistas, para criarem em si fenômenos inexistentes na vida material. Assim é o caso de nossa rosa. Esta pode se criar por si. A nossa vontade é então dirigida para criar uma rosa e logo que se tenha obtido sua imagem interna, podemos meditar sobre ela.

Estes exercícios requerem tempo para atingir, ou melhor, apresentar resultados e temos que praticar a concentração todos os dias, se for possível, na mesma hora e no mesmo lugar, pois, sem praticar não existirá aperfeiçoamento em qualquer ensinamento e, praticando, teremos a satisfação de conduzir nossas faculdades a fim de obter a visão interna.

Muita importância se deve dar aos exercícios e se adverte o seguinte: NÃO EXISTE

CONCENTRAÇÃO SEM ATENÇÃO SOBRE O QUE SE CONCENTRA. Inútil é querer se concentrar sem a devida ATENÇÃO naquilo em que se deseja concentrar, não adiantando vontade alguma se a mesma não for persistente, não permitindo mesmo que a rosa em a qual concentramos de repente se transforme em um cavalo e, como já mencionamos, a rosa tem que permanecer rosa e isto só é possível com a devida ATENÇÃO sobre o pensamento que a forma.

Se tirarmos a atenção da forma, a Mente transformá-la-á em outro objeto, pois, esta última não é bastante firme, dando seus pulos espetaculares como cavalos sem freios. Não é possível concentrar-se definitivamente sobre a rosa, se se pensa, ao mesmo tempo, no bolo que se vai comer logo a noite no aniversário de alguém da família. A concentração requer repetimos: – ATENÇÃO SOBRE AQUILO QUE SE CONCENTRA. Esta é a chave e praticamente não há outra. Com atenção o pensamento não se desvia e, se aparecerem outros, serão automaticamente desviados, concentrando-se somente naquilo que é desejado, pois, se desviada a atenção, jamais se formará a visão interna. Com o tempo, o intelecto se sujeita à vontade e se torna um instrumento bondoso e lúcido com o EGO. O candidato, assim exercitando, aprenderá o que é ATENÇÃO, a qual muitas vezes é difícil de fixar, porém, mais tarde apresentar-se-á como sendo de perfeita naturalidade, pois quem presta atenção nas coisas é o EGO e não a inteligência nem o sentimento, os quais são seus meros instrumentos.

Quem aspira, quem ouve e quem vê é o EGO e não os órgãos sensoriais, os quais são comandados pelo mesmo para manifestarem onde e quando for preciso. Existem diferenças entre as funções do organismo, mas quando se pensa que é o EGO que o dirige, verifica-se a união deste com o EGO DIVINO.

III – A REGULARIDADE, HORA E O LUGAR DA CONCENTRAÇÃO – A ABSTRAÇÃO

Realçamos uma vez mais a importância do manejo da concentração, quando dizemos que a nossa Mente deve ser “estéril” para outros pensamentos e ativa apenas para aqueles que iniciamos a pensar. Deve somente ser atendidos aqueles pensamentos que se correlacionam com o objeto em mira.

Um sábio certa vez dissera que a concentração e a meditação são como o óleo que se despeja de um vasilhame a outro. Tem um fluxo constante e igual até que se tenha esgotado, no nosso caso, o material pensante.

Isto quer dizer que se deve prestar muita atenção para que o fluxo não diminua e permaneça constante, de igual intensidade, não intermitente, sem alternâncias de tensão, sempre igual.

É um bom exemplo e deve ser praticado com todo o carinho. Se com o tempo for obtido bom resultado ou êxito razoável em seus esforços, uma vez que o pensamento já não mais se desvia, o tema poderá ser modificado, não precisando permanecer no mesmo, pois, o principal é que quando percebamos a fuga do pensamento, encontremo-lo de novo. Percebendo a referida fuga, devemos pular atrás dele como se fosse um canário escapando de sua gaiola.

O pensamento é rebelde, difícil de domar assim como um cavalo novo e o Estudante, por certo, terá grandes dificuldades para domina-lo em seus exercícios. Todas as ciências são aprendidas em tempo regular e normal, e no estudo da matemática, medicina ou engenharia ou tantas outras, obtém-se ao término do curso o diploma, mas, com relação a concentração e meditação, leva-se muitas vezes uma vida inteira para que se possa receber pelo seu esforço o diploma. Cada um deve verificar o seu próprio progresso, pois os outros raramente podem dizer se o candidato conseguiu ou não o seu objetivo e somente ele, o candidato, deverá vencer as dificuldades, uma vez que a Mente já não mais aceita o desvio do pensamento.

Assegura-se, porém ao Estudante que isto é possível, dependendo tão somente da aplicação da ATENÇÃO sobre o caso.

A felicidade que se experimenta durante os exercícios e depois deles é indescritível e não poderá ser comparada a nenhuma outra existente no mundo. Sentirá o Estudante uma alegria interna além de toda a nossa compreensão, uma vez que a alma recebe as irradiações em toda a sua pureza dos centros espirituais do corpo humano. Pode-se assim demonstrar que a concentração representa a PORTA para o ALÉM e sem os exercícios nunca existirá essa possibilidade.

Muitos Estudantes alegam não ter tempo ou lugar para realizar a concentração. Representa, sem dúvida, uma esfarrapada desculpa. Em hipótese alguma precisamos acreditar que somente em casa pode-se exercitar. São desculpas, porém a verdade é esta: QUEM DESEJA SE CONCENTRAR, SABERÁ ENCONTRAR TEMPO E LUGAR, e se não houver lugar em casa, temos jardins, ruas, um cantinho numa igreja, e se não houver tempo durante o dia, à noite estará a nossa disposição, existindo, ademais, domingos, feriados e dias de festas quando não se trabalha. Pode-se estar fora de casa e pensar sobre a grandeza de DEUS e da natureza que é sua manifestação, estar à beira de um riacho ou de um lago, de um rio, do mar ou de uma montanha ou em qualquer lugar afastado da civilização e comungar com o nosso DEUS, concentrando-se em sua obra, criando-se possibilidades, pois ELE quer que tenhamos vontade e como filhos D’ELE que somos, conversemos com ELE. Percebe-se que nossa Mente procura ao invés, evitar, criar dificuldades, pois a ocasião para se concentrar sempre estará presente se assim desejamos.

Gostamos de mentir a nós mesmos, com evasivas; porém, uma vez mais afirmamos que a concentração representa a porta pela qual nos dirigimos ao além. Max Heindel, em suas dissertações, alegava, razoavelmente, que se deve concentrar não se deixando perturbar mesmo nas mais difíceis circunstâncias, ainda que ocorra nas proximidades uma estrondosa detonação, pois a concentração deve ser tão profunda que não possa mudar sua ação interna.

Pois bem, esta possibilidade só se pode esperar daquele que já tenha atingido a abstração em todas e quaisquer circunstâncias, achando-se em união com Deus. Ter-se-á que trabalhar duramente para alcançar esta possibilidade utilizando os exercícios expostos neste trabalho.

Aquele que sabe se concentrar encontra esta faculdade e como disse Max Heindel, aquele que não chegar a abstração, não conseguirá por outros meios.

Todos os grandes pensadores espiritualistas tiveram a dificuldade da completa abstração e aqueles que se iniciam a instruir-se nessa doutrina, demorarão muito tempo até dominar os pensamentos. Por isso, nenhum candidato deve esmorecer em sua vontade de adquirir a abstração, pois enorme será a recompensa e muito grande a felicidade, ingressando mais cedo ou mais tarde na fonte da vida. Se alguém em vidas passadas tinha por hábito a meditação por pertencer a organizações espiritualistas, nesta vida terá muito mais facilidades para consegui-lo e o candidato de hoje, que inicia estes exercícios, adquire desde já para vidas futuras a possibilidade de sua exaltação espiritual. Digno de louvores o aluno que tem compreendido a razão de sua vida no presente e que faz esforços para vidas futuras. Depende desta vida a quantidade de conhecimentos adquiridos pelo EGO para que seja mais fácil sua autonomia sobre questões espirituais.

IV – As Condições importantes na concentração: O SILÊNCIO E A HIGIENE (Física e Mental)

Os filósofos dizem que se precisa do silêncio para se conseguir sucesso nos exercícios espirituais. Neste sentido deve o aluno periodicamente afastar-se do meio ambiente costumeiro, viver uma vida pura e, na solidão do silêncio, experimentar a grandeza existente na união de todas as coisas na imensidão do horizonte que se lhe apresenta. Sente no silêncio de seus sentimentos, na inteligência, na espiritualidade e na vontade o que não pode sentir em presença da atual civilização e da pouca cultura comum. O afastamento aconselhado de quando em quando resulta no fortalecimento dos conhecimentos espirituais, os quais mais tarde, mesmo diante das maiores dificuldades da vida civilizada não serão perdidos. Quem nunca se tem entendido com Deus na solidão, não obterá tão facilmente esta divina emanação em meio à perturbadora civilização.

É imprescindível a higiene interna e externa do neófito, ou seja, viver puro interna e externamente. A alimentação vegetariana, ou ainda, se possível, a frugífera, tem papel importante na vida do espiritualista.

O Adepto, que se dedica à evolução humana, fisicamente se alimenta de frutas ou cereais e, mesmo que não se possa exigir de um aluno as mesmas regras exigidas de um Adepto, deve ele cada vez mais aprimorar-se nessa conduta. O aluno de hoje terá amanhã a orientação e responsabilidade daquele, e se hoje se fala das possibilidades para edificar em si o futuro Adepto, razoável será que desde já comece a cumprir as regras, não tão difíceis, mas ao alcance de cada qual.

V – O AMOR, A PUREZA E O SONO – Fatores importantes na Concentração

Os sentimentos de amor, uma das mais sensíveis atividades de nossa vida deve ser cultivada de maneira que os sentimentos impuros, inconvenientes, odiosos, enfim, todos os que são desfavoráveis ao coração caiam por terra da mesma maneira como as flechas caem quando atingem um escudo de aço. Somente sentimentos elevados ajudam a concentração, pois assim a Mente permanece calma e sem essa a mesma não obterá resultado. A higiene mental deve ser cultivada, devendo a Mente alimentar-se somente de pensamentos sublimes.

O cérebro necessita alimento assim como o Corpo Denso, enquanto o coração se alimenta de amor e de puros sentimentos, os quais vêm refletir na possibilidade de se concentrar, assim como meditar e mesmo orar.

Para a higiene corporal como fator de evolução, existe mais uma questão importantíssima, a saber, a do dormir. Em primeiro lugar, deve o candidato dormir sozinho a fim de evitar o contato ou de um filho, ou da esposa, ou vice-versa. Deve além do mais, ler livros apropriados, de preferência de autoria de mestres espirituais, assim como ouvir boa música, pois, óbvio é que, quem não se educa permanece na ignorância, que é pecado. O espiritualista deve adquirir conhecimentos em larga escala e em todos os setores da vida e da cultura.

Pois bem, mister se faz que recapitulemos: um organismo cansado e doente não deixa a Mente agir favoravelmente aos exercícios fazendo com que as formas mentais fujam imediatamente, não conseguindo à vontade ligar-se às mesmas, borrando-se consequentemente as impressões. Claro também é que, se durante o dia o cérebro se cansou na luta pela sobrevivência, os pensamentos serão confinados por vibrações destrutivas e isoladas, sem qualidades, prejudiciais à concentração, não se obtendo resultado algum. Se preocupações inundam nossa Mente por motivo de sentimentos de medo ou de aparentes desavenças, o corpo emocional não se acalma, verificando-se de novo prejuízos aos exercícios. Sabe-se que a doença rouba boa parte dos éteres luminoso e refletor necessários ao saneamento do corpo e nesse caso a concentração será inútil. Outras condições também desfavoráveis surgem durante a concentração. Frequentemente pensamentos eróticos, mesclando-se e prejudicando o fluxo de pensamentos aparecem, fazendo surgir quadros sensuais os quais devem ser combatidos com a indiferença, pois também prejudicam a concentração. Os espíritos luciféricos têm interesse em dominar-nos pela sensualidade e sabendo-se disso, imediatamente devem ser desviadas suas maléficas vibrações por meio de pensamentos diferentes, de orações ou mesmo lavar a cabeça com água fria assim como os órgãos genitais. Os espíritos luciféricos não desejam nossa Mente livre de sua bufonaria, mas sim infiltrar sua falsa luz; porém, se nos aplicamos constantemente em uma higiene mental, os aspectos eróticos desaparecerão. Neste ponto deve-se frisar, com ênfase, que a vida conjugal em convivência noturna numa só cama é de acentuada desvantagem, pois não só os corpos físicos ficam diretamente ligados como também os corpos etéricos e de desejos.

VI – O OBJETO que deve motivar a Concentração (“sobre o quê” e “no quê”)

Sobre o que se deve concentrar?

Esta é uma pergunta que frequentemente o aluno se faz. Já mencionamos anteriormente alguns esclarecimentos sobre o assunto. Continuemos, todavia. Deve o aluno orientar-se por quadros internos e o objeto em mira depende da altura do seu temperamento, de sua cultura, da sua profissão, enfim de circunstâncias várias. Uns concentram-se bem sobre objetos à frente de seus olhos por ser mais fácil, outros preferem sentimentos já existentes na alma, havendo ainda os que procuram concentrar-se sobre um pensamento e desenvolve-lo, pela meditação, seguindo-o a fim de conhecer o resultado. Trata-se em verdade de familiarizar-se à concentração, não mais se separando de seu pensamento. Para ilustrar este tema, cita-se um diálogo entre um Mestre de Sabedoria e um discípulo a respeito da meditação sobre um búfalo.

Um discípulo da milenar sabedoria que vivia às margens de um sagrado rio um dia procurou um famoso sábio e pediu-lhe que o instruísse no método da melhor concentração. O sábio respondeu: – “pensa sobre Deus, sua grandeza, sua harmonia, sua luz”. O aluno respondeu: – “Mestre, mui querido Mestre, eu não posso fazer isto, pois é muito difícil para minha cabeça que é tão dura; – dê-me uma tarefa mais fácil”. Falou o mestre: – “não tenha receio, eu lhe darei um caso mais fácil; preste atenção. Coloque uma estatueta do Deus Krishina em sua frente, sentado na posição de lótus (pernas cruzadas, inconveniente para os ocidentais), fixe-a e não veja outra coisa senão a estátua”. Respondeu o aluno: – “Mui querido Mestre; isto é ainda bem mais difícil; se devo cruzar as pernas doem-se os joelhos e os quadris e se penso na dor não posso pensar na estatueta. De que maneira posso ficar quieto, pensando sobre tantos detalhes, se não me é possível pensar em uma só coisa!” Aí falou o Mestre: – “coloque uma fotografia do seu pai em sua frente, sente como quiser e mira-a um só momento”. O aluno retorquiu dizendo: – “Querido mestre; isto também é muito difícil, pois, meu pai sempre me amedronta; é ele um homem mau que me bate duramente e meus pés já começam a tremer no simples pensar sobre ele. Humildemente eu lhe imploro, Mestre, dê-me outra coisa ainda mais fácil que, seguramente, eu conseguirei”. Falou o Mestre: – “então me diga o que você mais estima em sua casa?”. Respondeu o aluno: – “tenho em casa uma fêmea de búfalo a qual criei com todo o meu carinho. Todos os dias me dá ela leite e manteiga; gosto muito dela e penso sempre nela”. O Mestre aconselhou-o: – “entre neste quarto e se encerre nele. Sente num canto do mesmo e pense continuamente em sua vaquinha de búfalo, medite sobre ela e não pense em outra coisa. Comece já!”,

Encantado pelo conselho, cheio de alegria e confiança, voltou o discípulo ao quarto e fez o que lhe aconselhou o Mestre, com verdadeiro arrebatamento. Durante três dias não se mexeu, esquecendo-se até mesmo de comer e de beber. Não estava mais consciente do seu corpo nem do ambiente, completamente absorto que estava na figura do búfalo. No terceiro dia, o Mestre, desejoso de saber o estado do aluno, encontrou-o em profunda e perfeita meditação. Chamou-o em voz alta: – “Como você está se sentindo? Venha cá fora para tomar uma refeição”. Respondeu o aluno: – “meu Mestre, estou muito grato ao senhor, mas acho-me em meditação e não posso sair daqui. Cresceu demais o meu corpo e não poderei com meus chifres sair por essa pequena porta. Eu amo tanto o meu búfalo que nele me transformei”.

O Mestre vendo que o discípulo se achava em completa concentração, chamou-o dizendo: – “você não é um búfalo; muda o objeto de sua concentração e meditação e modifique a forma do animal à sua essência que é a sua própria e verdadeira substância”. O discípulo modificou então o pensamento segundo os conselhos recebidos, tendo assim, alcançado a união perfeita com o espírito, que é o objetivo, o alvo da vida. Verifica-se, pois, por essa narração o que se deve manifestar em nós como o significado da meditação. Deve-se chegar ao ponto de se identificar com a coisa sobre a qual se medita. Se um dia chegarmos a meditar sobre Deus, de que modo Ele se identifica conosco, sentir-nos-emos integrados na essência divina.

Exemplifiquemos algo “sobre o que”, “como” e “no que” se deve concentrar.

Concentrar-nos-emos sobre uma rosa, a qual é um objeto a nossa vista. Fixemo-la. O pensamento dirige a Mente naquilo que se concentra.

A concentração somente se realiza quando se toma a devida atenção sobre o objeto, senão o mesmo foge imediatamente da nossa visão. Se a concentração for perfeita, sentiremos quase palpável a rosa, sua forma, sua cor e seu perfume. Tenhamos em Mente que existindo uma regra quase rígida para se concentrar, mecaniza-se a Mente, a atenção focaliza o pensamento sobre o objeto experimentando-se uma sensação que nada tem a ver com o intelecto. Estaremos impressionados pela beleza da flor, seu colorido, e assim sentiremos algo que está acima do intelectual, algo que inculca à nossa observação uma simples sensação da alma que por sua vez, transmite à consciência uma essência espiritual. Sentiremos, assim, muita felicidade, a qual não é uma sensação da inteligência e sim do espírito. É este o ponto o qual a concentração faz o ser humano sentir-se no espírito, uma vez que este se integrou no objeto, pois deseja sentir-se a sua totalidade, as partes externa e interna. Adquirida pelo EGO esta sensação, forma-se a exaltação, a união com a essência da rosa ou de Deus, ou “Deus da rosa”, que é também o nosso. Sentimo-nos, pois em presença do EGO que nada tem a ver com o “eu inferior” oriundo da emoção do Corpo de Desejos. Tem-se assim, absorvido o intelecto no EGO, bem como a emoção.

As qualidades da rosa, sua forma, seu colorido e seu perfume transformam-se em “ESSÊNCIA DA ROSA”, que somente o EGO sente e neste instante desaparece o mundo e se abre o céu, o céu dos Evangelhos que fala: “O REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE VÓS MESMOS”. Este fenômeno é a realização da “UNIÃO COM DEUS”. Reafirmamos que, sem a concentração diária, sem aplicação da meditação, não existe a libertação em Deus.

Expliquemos mais ainda: o EGO deseja ser dono de seus corpos físicos, etéricos, emocionais e do intelecto, subordinando-os a sua ordem e sua vontade, posto que é divino e não humano.

O EGO deseja a unificação com Deus e com o Cosmos e não com o ser humano material, a casca do mesmo. Por estas premissas observamos que para o EGO praticamente não existe a lei de CAUSA E CONSEQUÊNCIA, pois este é sempre divino, sendo inatingível por leis que regem as regras materiais. A lei de CAUSA E EFEITO se manifesta no grosseiro mundo material, sendo anulada na proporção do avanço do EGO neste plano material. A concentração define este fato perfeitamente durante a sua exaltação em Deus, pois o EGO se unifica a Ele. Por outro lado, o EGO que é espírito puro não tem mais controle total sobre o seu corpo inferior nem sobre os átomos do material a sua disposição em nosso globo, mas com o tempo, todos os corpos materiais reagirão a demanda do EGO. Nesta fase alcançaremos aquilo que a bíblia diz: “SEJAIS PERFEITOS COMO VOSSO PAI NOS CÉUS É PERFEITO”, ou “O REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE VÓS”.

VII – A ATENÇÃO: A chave mestra na Concentração e na Introspecção – A MEDITAÇÃO: consequente a Concentração

Devemos cuidar de que as imperfeições devem ser eliminadas pelo EGO. A Concentração e a Meditação tendem a expulsar com a ajuda do Homem Divino, o EGO, as imperfeições além de causa e consequência às quais não pertencem aos céus e sim ao Mundo Físico, ao mundo inferior, onde se manifestam devido as transgressões das leis da natureza. Óbvio que, onde não existe transgressão não existe a lei de causa e consequência e se a mesma existisse nos planos espirituais, estaria também o Arquiteto do Universo sujeito à mesma e isto nós sabemos, não é assim, pois se não formarmos mais “destino maduro”, jamais esta lei entrará em ação.

Vamos novamente falar sobre temas de meditação em seus vários aspectos, sobre suas funções e sobre suas diversificações. Voltemos a rosa. Falemos de sua forma, colorido, perfume, enfim, de seu conjunto fenomenal percebidos pelos órgãos sensoriais. Falemos de fatos subjacentes a estes fenômenos, da maneira como a alma os aceita ou sente suas impressões. Falemos como se processa a exaltação, a nossa união com o corpo do Espírito do Cosmos quando não mais se sente separados de Deus. Falemos que somente pela meditação a alma se separa dos mundos materiais, intelectuais e emocionais, para depois ingressar na sua consciência espiritual, no corpo divino de Deus. Vamos, pois dar um passo mais para frente em relação ao que chamamos exaltação. Que regime deve nortear-nos a esse fim?

Falamos anteriormente da concentração sobre as coisas que vemos, que se formam na imaginação, sobre coisas existentes. Agora temos em mente apenas coisas abstratas, que não se apresentam na vida real, de fenômenos subjetivos, não existentes, formado em nosso interior.

O EGO tem a tendência de criar em nossos sentimentos coisas que lhe agradam, para, assim, obter a sua libertação. O que o EGO faz pode despertar nossa alma, obrigando-a sentir fenômenos tais como TERNURA, AMOR MATERNO, IMAGINAR-SE DENTRO DO CORPO DE CRISTO, DESCER COM CRISTO DA CRUZ, ELEVAR-SE EM SEU CORPO DENSO,

ABENÇOAR A TERRA OU CURAR O CEGO. Essas meditações representam a verdadeira ação do EGO e são alguns exemplos que se propõe à meditação. O aluno poderá encontrar outros assuntos bem melhores e mais eficientes, bastando tão somente que sejam reais para a vida espiritual e irreais para a vida física, procurando sempre tirar o máximo proveito da meditação a qual faz a alma sentir-se fora da vida real. Deve procurar algo que seja impalpável na parte sensorial e quanto mais abstrato o tema escolhido, mais eficaz será para o conjunto divino e melhor para a purificação dos corpos. Recapitulemos novamente uma questão essencial que nunca deve ser esquecida. Reprisamos mesmo essa ideia por ser a mesma de máxima importância para a iniciação: “NÃO PERCA NUNCA A ATENÇÃO NAQUILO EM QUE SE CONCENTRA, POIS DE OUTRO MODO, SEU TRABALHO SERÁ EM VÃO”.

A ATENÇÃO É A CHAVE DA SUA LIBERTAÇÃO NOS PLANOS SUPERIORES. As retrospecções à noite, bem como a concentração matutina, por sua vez, não terão valor algum caso não seja feito com a devida atenção e, na falta desta, A LUZ DOS SEUS OLHOS

INTERNOS JAMAIS SE ABRIRÃO. A ATENÇÃO forma a introspecção. Assim, mais cedo ou mais tarde resultam em faculdades suprassensíveis, normais, sem necessidade de meditar.

Adverte-se nesta altura que, mesmo que a alma tenha possibilidades de se aplicar, o objetivo somente será alcançado por meio da meditação.

VIII – A INTUIÇÃO: o que é – AS Suas relações com a Concentração e a Meditação

Vejamos mais um capítulo que resulta da prática da concentração.

A Mente se esforça para conhecer as coisas do modo mais claro, sendo a mesma um órgão, digamos, apurador, possuidora que é de um discernimento positivo, não tendo necessidade de calcular, raciocinar ou mesmo de decifrar enigmas que se lhe apresentem, pois, a mesma se torna mais pura e mais poderosa por seu conhecimento imediato. Não há ademais, especulação, suposição ou dúvida, e pela exatidão do conhecimento que resulta de sua iluminação, funde-se a mesma na INTUIÇÃO, a inteligência superior. A meditação leva nossa alma por esta razão do campo meditativo ao conhecimento contemplativo e ainda, ao plano da intuição onde as inspirações fluem ao lado do EGO. A INTUIÇÃO, que está intimamente ligada à inspiração, é contrária à lógica da Mente a qual, apesar de tudo, tem suas limitações, pois haverá sempre um ponto final no sentido da exata lógica pela falta de material sobre que pensar. Na Mente superada, na intuição e na aceitação desta pelas aspirações ou infiltrações de sentimentos espirituais, não haverá limitação, pois encontra-se o espírito na espiritualidade sem limitações.

Daremos agora uma explicação sobre as diferentes qualidades do EGO em presença do intelecto e da intuição.

Vemos que o intelecto está subordinado à vontade do EGO durante a meditação, exercendo esta sua função sobre o objeto mediante a atenção, tornando-se conhecedor das coisas meditadas, caso esteja o intelecto sujeito a ele como um instrumento em seu poder.

Praticamente o intelecto está sendo atraído pelo EGO iluminando-se pela subordinação a ele.

Forma-se então a intuição, abrangendo o hemisfério do EGO e se tona um veículo valioso para as pesquisas suprassensíveis. O intelecto nestas condições se sujeitará cooperando conscientemente com o EGO. Verifica-se isso quando o candidato se encontra fora do seu Corpo Denso, onde as funções serão exercidas com perfeita lógica, inteligência e consciência da situação em que se acha o candidato, podendo dizer para si mesmo: “EU ME ACHO FORA DO CORPO DENSO, POIS VEJO ESTE DEITADO NA CAMA”.

Há ainda outras experiências de lógica que aqui não é preciso descrever. O resultado deste conhecimento é que o EGO consegue levar a Mente inferior as alturas, formando o que poder-se-ia chamar de “inteligência abstrata” no reino da Mente abstrata, enquanto que no mundo da mente concreta funciona a lógica com seus erros, pois a Mente tem os seus chamados “pontos de vista”, seus ângulos de concepções diversas.

Por isso há infrutífera polêmica sobre as coisas e, note-se bem, “ONDE HÁ POLÊMICA A VERDADE NÃO SE FAZ PRESENTE”, pois nos planos onde se revela a vida espiritual, a lógica se apresenta como VERDADE.

Sabemos perfeitamente que somente no mundo existe sombras, enquanto que nos planos superiores existe a luz. As funções sensoriais normais não sabem distinguir o que é luz espiritual; assim o cérebro com sua inteligência não atinge o máximo da VERDADE, podendo-se exemplificar com o seguinte: ao ouvir alguém, música em um auditório, fá-lo com os ouvidos que é função sensorial; porém, se “ouvir” em seu íntimo alçado aos planos superiores, não haverá necessidade de ouvidos sensoriais. Ouve-se com a alma, e todos os alunos do rosacrucianismo experimentam este fenômeno, uns de modo mais perfeito, outros menos por não estarem ainda desenvolvidos.

IX – o Local e as condições físicas propícias a Concentração: o Relaxamento nervoso, a Respiração, a Calma, a Concentração isolada ou junto de outrem, A CASTIDADE, o Lugar da Concentração

Frequentemente os alunos perguntam qual seria o lugar ideal para realizar a concentração.

Antes de tudo deve-se dizer que, para que se possa concentrar, o corpo deve estar em condições apropriadas para tal cometimento e um organismo cansado ou nervoso não se presta para este fim. Os nervos perturbados por excesso de trabalho, seja intelectual ou físico, não permitem uma concentração profunda, pois não podem prodigalizar a necessária paz, o que significa necessitar-se da mais absoluta calma. Pode-se obtê-la com diferentes exercícios tais como, respiração bem profunda para que se possa relaxar os músculos tensos e diminuir, pela respiração, o anidrido carbônico aglomerado no sangue, sendo que, com poucas respirações, porém profundas, consegue-se um bom efeito. Somente nestas condições é que se deve pensar na meditação. O lugar deve ser adequado a nossa quietude interna, calmo, onde outras pessoas durante a meditação não tenham acesso. Deve-se meditar sozinho.

Mais tarde, quando se possa isolar intimamente de modo completo, então se pode concentrar na presença de outrem, porém, a meditação solitária, encerrado em um cômodo fechado é, sem dúvida, a melhor. É muito agradável também meditar em um jardim, na presença de árvores e de flores, pois podem aparecer durante a meditação os “espíritos da natureza”, curiosos em saber o que se passa com a pessoa ali presente. Em uma praia, bem cedo, antes mesmo do sol se levantar no horizonte, em um mato onde ainda dormem os pássaros; enfim, na natureza onde só Deus respira é o lugar ideal para aquele que deseja meditar. Em todo o caso, sempre haverá um lugar, um cantinho em casa ou fora, para que se possa isolar dos demais e aprofundar-se em seus pensamentos.

Para se obter resultados positivos na concentração é indispensável também a condição de castidade. Mesmo que não se possa obrigar o aluno a estas condições, deve o mesmo de antemão saber esforçar-se para cumprir com esta obrigação no futuro. Nada pode ser feito forçadamente.

Sempre se precisa de preparações para conseguir esta ou aquela finalidade e assim procedendo, mais tarde a castidade tornar-se-á uma naturalidade. Casados não devem ter camas em comum e o uso de camas separadas ou mesmo de quartos separados é o ideal, caso em que a meditação se torna mais perfeita, pois, se dormem juntos, o corpo etérico, bem como o de Desejos se infundem um no outro, perturbando assim o precioso trabalho noturno fora do seu corpo. Mas não somente por isso devem os cônjuges ter quartos ou camas em separado; a higiene também exige esta condição, pois a mais ligeira aproximação de corpos, principalmente em caso de doença ou de qualquer impedimento de bem-estar, prejudicará o companheiro quando em suas funções superiores. Acontece e isto se deve dizer sem reservas, que um organismo enfraquecido rouba funções vitais do companheiro mais enriquecido de vitalidade. Se um dos cônjuges a noite deseja concentrar-se ou meditar, será logicamente frustrado, pois a atenção que prestaria em não acordar o outro não permitiria realizar os exercícios com a devida perfeição. A fusão dos corpos superiores de ambos os componentes não deixa livre a ação do EGO. Supondo-se e diga, enfaticamente, que um dos cônjuges tem o costume de roncar, como é que se pode concentrar? A mesma ficará prejudicada, podendo dizer, perdida, ou que, representa um retardamento em nossa educação espiritual. Uma vez mais advertimos com severidade: casados, não usem camas em comum, pois são Estudantes do Espiritualismo.

X – A ALIMENTAÇÃO – os Venenos – O Grande Remédio – A alimentação

É sabido que, muito difícil será ao aspirante desenvolver suas faculdades espirituais alimentando-se inadequadamente, sendo a carne o alimento mais contraindicado. Em primeiro lugar, a pessoa que ingere carne se faz culpada pelo assassínio de seus irmãos menores e o EGO sentirá todos os sofrimentos físicos que o animal sentiu na hora da morte.

Tendo o EGO que se submeter à função assimilativa da alimentação inadequada que não tem justa procedência, embora seu objetivo primordial seja a espiritualização do seu corpo físico, usa deste processo de transformar as células muito sólidas, tornando-as assimiláveis ao seu organismo; assim, ao invés do EGO usar suas funções para evoluir, restringe-se a transformação de corpos com evidente finalidade desfavorável. Se um animal carnívoro se alimenta de outro, devia-se exigir, com o mesmo direito, “que um ser humano se alimentasse de outro ser humano”. O animal é inocente por não ter inteligência e sua vida é de instintos adequados a ele, assim, tem o direito de se alimentar do que é de sua posse e de sua natureza. O ser humano tem inteligência e pode ler em todos os livros sagrados as palavras “NÃO MATARÁS” e, se mata a lei de causa e consequência o castigará certamente assim como o responsabilizará pelo sofrimento que causou a um animal, engendrando em consequência, sofrimento no corpo e carne humanos que é a justa recompensa pela transgressão do mandamento e questão.

Finalmente, o ser humano não é um animal no sentido literal como os cientistas hodiernos gostam de se expressar e sim ser humano, gente, constituído de faculdades superiores à de um animal, dotado de uma inteligência para compreender o sofrimento que se causa a um animal na hora que se destrói o seu corpo. O Espiritualista que une seu íntimo com Deus pela concentração e meditação jamais pode usar na alimentação o corpo que Deus deu a um animal. Todos os profetas disseram a mesma coisa, pois Deus não quer animais sacrificados, deseja-os no coração do ser humano, podendo-se dizer que o próprio Cristo se sacrificou como consequência de que o ser humano deveria sustar a matança de animais, fosse para sacrifica-los a ídolos ou para alimentar-se.

Se fosse justo que os animais se alimentassem da sua espécie, seria lógico que também o ser humano se alimentasse dos seus semelhantes e isto jamais seria possível, jamais poderia haver razão para tal. Assim, a recusa formal de alimentos de carne de animais torna-se imprescindível ao candidato à espiritualidade. O ser humano foi colocado na sua qualidade de humano para proteger os animais que o servem em sua economia. A ética determina que nos sujeitemos às condições de protetores de nosso próximo e o animal também o é.

Cabe-se aqui fazer uma narração em torno de um fato vivido pelo autor. Em uma rua muito acidentada por salientes pedras, quatro animais atrelados tinham dificuldades em puxar uma carroça para frente. O desalmado carroceiro que dirigia batia sem cessar nos animais já exaustos. Em dado momento, o carro chegou a uma elevação da rua, a qual não podia ser ultrapassada, devido ao alto obstáculo que apresentava. O carroceiro, em seu assento, chicoteava sem cessar os pobres animais. Nesta altura, o autor tirou do bolso papel, lápis, fingindo tomar nota do número da carroça, no propósito de defender os animais. Observado que foi pelo carroceiro, este desceu e, virando-se para o autor dirigiu-lhe as seguintes palavras: – “se você não parar de escrever, eu lhe ponho debaixo deste carro”. Embora apreensivo devido as palavras recebidas, percebia o autor que os quatro animais, sem o peso do truculento carroceiro, pois estava ele em discussão com o autor, fizeram um esforço excepcional, tirando a carroça fora do obstáculo.

O carroceiro vendo o sucedido correu atrás dos cavalos e prosseguiu viagem.

Verifica-se por esta curta narração do que é capaz uma boa dose de sentimento de proteção aos pobres animais, que sem mais chicotadas desumanas, conseguiram livrar-se do obstáculo.

A ética do ser humano puro para o oculto reflete na bondade com que trata os animais que necessitam do seu amor, pois lhes falta inteligência para se defenderem de seus adversários e de seus inimigos, especialmente o ser humano.

O discípulo dos ensinamentos secretos abençoa os animais como se abençoasse um familiar seu. Ele ama as criaturas de Deus, não podendo sua carne servir-lhe de alimento. A carne impede ao místico livrar-se facilmente do seu corpo, pois as baixas vibrações da mesma, quando ingerida, não permitem tal fato, uma vez que está intimamente ligada ao espírito-grupo do animal o qual continua agindo sobre a mesma no estômago e intestinos do Estudante e sendo estranho para o EGO, procura este transforma-la, como se disse anteriormente. Todo o sistema orgânico deve vibrar em harmonia, em uníssono com o Cosmos e a presença de carne dificulta sobremodo o EGO executar sua ação. O corpo praticamente sofre um envenenamento, o qual o EGO tem que se anular com esforços inauditos, tornando mesmo precária a concentração, devido o referido envenenamento resultante da ingestão de cadáveres bem como impossibilitando a exaltação em Deus.

Cumpre-nos ainda falar sobre o FUMO e o ÁLCOOL. Assim como a carne envenena o sangue (o precioso veículo do EGO), assim também o álcool e o tabaco o envenenam. O EGO fica subjugado ao corpo devido a luta que trava contra os venenos; a circulação nas glândulas superiores (tireoide, pineal e pituitária) que servem ao EGO nos trabalhos espirituais para se afastar do corpo, diminuem consideravelmente, obstruindo sua saída do organismo, pois este amarra o EGO devido as inadequadas condições.

Em geral, os candidatos conseguem a concentração só por um ou dois minutos. Outros dizem que nem sequer chegam à meditação, pois dormem ou os pensamentos tumultuam o cérebro, não podendo fixar os pensamentos por um único momento e isto mostra que o corpo do candidato está envenenado. Se o corpo permanece puro, os pensamentos correm em uma única direção. Deve-se também salientar que não somente com alimentos se envenena o corpo e o sangue, porém, emoções e pensamentos nefastos envenenam o Corpo de Desejos, descontrolando os centros nervosos, impedindo o candidato de pensar por não poder o EGO exercer sua função nos preciosos corpos superiores, falando as emoções e não a inteligência nem o juízo. A moléstia do Corpo de Desejos e do intelecto ocasiona a impossibilidade da coordenação das funções gerais de toda a arquitetura humana, pois o edifício humano se queda abalado em sua estrutura, em seus fundamentos básicos.

É necessário, pois evitar estes envenenamentos e o grande remédio contra estes males é o AMOR, endereçado a tudo e a todas as coisas que se manifestem, pois, sem bondade e sem caridade não existe satisfação na vida em geral, particularmente para aquele que se dirige diretamente a Deus pela meditação. Com o amor ninguém se perde e sim frente à emoção, à crítica ou ao julgamento errado.

XI – Os Outros Recursos de Grande Valia: AS Leituras Espiritualistas, A Música apropriada, A Arquitetura, Outros recursos complementares

A leitura de textos espiritualistas de mestres do esoterismo cria possibilidades para meditar, uma vez que, automaticamente, o aluno se coloca no mesmo plano daqueles que falam através das palavras. A Bíblia e seus Evangelhos são trabalhos de eminentes pensadores que desejaram demonstrar suas faculdades espirituais obtidas durante suas meditações e em suas exaltações. O amor constante faz o organismo sentir-se melhor, faz sentir que Deus está presente e que ninguém, assim procedendo, falhe em sua caminhada ao Cosmos.

  • Falemos agora sobre a Música. O EGO nasce no mundo embalado pelas harmonias das esferas e jamais poderia o mesmo manifestar-se na matéria se as harmonias não o levassem a este plano. Somos ligados à música celestial nesta nossa existência presente, bem como no passado e no futuro. Verificamos que a música é fator importantíssimo, pois sem a mesma não existiria a CRIAÇÃO e o candidato, quando se afasta do seu corpo em trabalhos espirituais percebe esta música, essa harmonia celestial. Sabendo-se que a música envolve constantemente nosso EGO, pode-se mesmo dizer que a nossa vida se baseia nas sonoridades e é uma verdade que, infelizmente, não está sendo suficientemente acolhida em nossa vida cotidiana. A música faz parte tanto de nossas funções psíquicas como física e isso se pode demonstrar pelo fato de que, em muitas reuniões musicais, os ouvintes se sentem extremamente felizes e os semblantes traduzem os sentimentos obtidos através da música. A vida deveria mesmo dirigir-se por música, o alimento abstrato de nossa alma, sabendo-se que as harmonias a moldam, formando dentro de nós o bem-estar, a felicidade só existente nas regiões onde os compositores se inspiram. Estes são veículos das harmonias, transcrevendo-as inteligentemente nas pautas musicais, a fim de que outros saibam interpreta-las novamente, invocando assim o plano da harmonia do Espírito de Vida, o qual sendo harmonia cósmica dentro de nossa alma, de nosso espírito, de nosso corpo, engendra, pela música, o nosso caráter. O espiritualista procura sempre formar sua alma nas altas camadas divinas e isso fá-lo sentir os sublimes matizes da harmonia, fá-lo exaltar num mar de tranquilidade, a felicidade originada pela música são de ordem transcendental e os compositores conhecidos pelos nomes de Bach, Haendel, Mozart, Haydn, Pergolesi, Vivaldi e muitos outros pertencem, sem sombra de dúvida, a chamada música transcendental ou, como dizem, “música erudita”.
  • Em contraste com a essa música que desperta nossa alma, que nos faz sentir superados em nossas emoções, vamos encontrar nas chamadas melodias populares e nas primitivas canções o ritmo provocante e excitante que nos afasta da satisfação espiritual.

São estas as melodias emocionais e sensuais usadas nas baixas camadas de sentimentos egoísticos. A música dos povos primitivos chega ao ponto de não possuir melodias, feitas somente de ritmos, os quais não são transmitidos ou executados por instrumentos de corda ou sopro de tom suave e sim, de preferência, por instrumentos de percussão, utilizados nas religiões primitivas para provocar danças sensuais e delirantes. Em nossos tempos observamos ainda, entre espiritualistas primitivos, o uso da música de percussão ligada a instrumentos de sopro de estridente sonoridade. Ao som dessa música o candidato é conduzido a sensações sexuais e de orgia criadas pelo Corpo de Desejos. Outra forma de música primitiva é a que se ouve entre os povos orientais da Ásia Menor, a qual se caracteriza pela mesma melodia monótona como o deserto, devido ao sol quente e constante, à falta de ar refrescante, triste como o camelo que, no mesmo ritmo, balança sua corcunda, levando o triste beduíno ao próximo oásis. A música oriental é uníssona em conjunto, mas sem harmonização, uma vez que não existe na mesma o sustenido, só o bemol menor. Não há elevação, não servindo mesmo para proporcionar à alma a exaltação. Na península ibérica persistem os remanescentes das melodias dos mouros, encontrando-se ali as mesmas melodias monótonas.

Pode-se mesmo afirmar que, entre os povos ali radicados, quase não há expressão de música clássica, nem no romantismo, nem no lirismo, nem mesmo no classicismo moderno. Existem sim as melodias emotivas, as quais não servem para a espiritualidade. Estas explicações sobre a música são dadas como oportunidade, esperando-se dos leitores que se concentrem nos fatos atrás demonstrados, para que possam formar uma opinião a respeito. A verdade é que, para o espiritualista, não serve QUALQUER MÚSICA e sim a MÚSICA VERDADEIRA. Ainda com relação a música, devemos dizer que, quando transmitida por aparelhos mecânicos, tais como gramofone, rádio, alto-falante, televisão, enfim, toda a sorte de máquinas falantes, não servem ao fim objetivado. Se não houver direta afinidade entre as pessoas que ouvem com ditas máquinas, não existirá emanação psíquica entra o operador e o ouvinte e isso quer dizer que temos que ter em nossa frente o cantor ou o instrumentista para sentirmos a vitalidade da música do mesmo. Se transmitida por uma máquina, o volume da voz ou a sonoridade do instrumento seria admissível, porém, a transmissão por disco ou fita magnética, os quais tiram os valores indispensáveis para sentir a verdadeira essência musical, não é aconselhável.

Sempre foi a direta transmissão do executante ou do cantor para o ouvinte a mais eficaz.

Num orador, por exemplo, poder-se-á melhor avaliar a sua influência sobre os ouvintes, pois a palavra viva emitida, os sentimentos expressados em verbos, a fisionomia que se sujeita aos sentimentos da alma, os gestos percebidos (expressões da vida interna) sensibilizam o auditório enquanto que a transmissão por processos mecânicos será sempre deficiente no que toca à referida sensibilidade sentimental.

  • A respeito da mímica ou gestos em relação à música, deve-se dizer alguma coisa.

Nos ritos antigos das religiões do Egito, Grécia e Roma, a dança fazia parte das cerimônias sagradas. Ouvia-se a música e, no mesmo instante, a interpretação da mesma pelos dançarinos que, com gestos e movimentos dos braços e pernas ou de todo o corpo, pretendiam demonstrar a alma da música, a qual transmitia inspirações às bailarinas que por sua vez, transformavam os sentimentos em movimentos de seus belos corpos. Pelos seus gestos percebia-se o entusiasmo transfigurando-se em halos de espiritualidade.

Os orientais têm, por excelência, o costume de fazer-se entender por palavras acompanhadas de gestos de suas mãos ao mesmo tempo. Não se devem confundir gestos de crianças que aprendem na escola quando recitam versos. Percebe-se que não são espontâneos e as crianças assim ensinadas, não tem entusiasmo próprio para que possam demonstrar sua vida íntima, a exemplo do que acontece com os adultos. Seria melhor não ensinar as crianças os movimentos artificiais de expressão anímica.

  • Relativamente à interação da palavra e da música, podemos dizer que nunca se vai ouvir em uma universidade, em um senado ou em um ministério, um discurso antes gravado em uma fita cassete, assim como nunca se vai à igreja ouvir missa gravada em discos, nem nunca se ouve em qualquer ambiente antes de qualquer cerimônia, tocar discos para a sua preparação ou para se isolar do exterior. E por quê? Devido a inviabilidade de se conseguir resultados seguros a respeito.

Arquitetura

Falemos por fim sobre a Arquitetura. Quando a Mente ingressa em um plano da geometria, na estética e no poder inerente da construção, observando-se uma pirâmide, um templo grego ou romano, sentimos a grandeza do idealizador dessas construções.

Se admiramos noventa e nove colunas em um templo da antiguidade, um verdadeiro mar de colunas, mostrando a arquitetônica divina, somos arrebatados por essa grandiosa expressão de força e dinâmica existente em monumental edifício. Mostra a vontade e o trabalho do intrépido arquiteto que desejou dessa maneira, mostrar que Deus é Infinito. De uma robusta base sobem colunas aos céus e sobre essas pousam os capiteis, tornando-se, novamente, colossal a base de pedras que finalizam a obra. Sem a devida meditação não teria sido feita essa construção identificada com o vigor, com o poder e a infinita força de Deus. Observando-se as enormes mesquitas, as igrejas e catedrais do Cristianismo romano, o gótico da renascença e do barroco, novamente, encontramos a fabulosa força consubstanciada em tais monumentos, oriunda de uma concentração e meditação silenciosas. Não temos suficientes palavras de admiração àqueles pensadores que, se sabiam se concentrar nas construções aqui no Mundo Físico, melhor o faziam no mundo espiritual.

XII – CONCLUSÕES: O plano das Hierarquias – O EGO e a Divindade

Tudo que aqui foi dito mostra que a meditação e a concentração são exigências das Hierarquias Superiores. Lembremo-nos que a humanidade se perdeu em um tortuoso labirinto, do qual não sairá tão depressa. Ela se deteve no materialismo, verdadeiro beco sem saída. Sendo o dever da humanidade evoluir de acordo com as leis do Cosmos, os mestres superiores sabem como educar cada indivíduo, assim como a coletividade. Os pensadores mais lúcidos e perfeitos fazem com que a coletividade cresça em sua função intelectual, moral, física e social. O Cosmos aplica naqueles que tem afinidades com as ideias superiores sua qualidade infinita.

Na hora da concentração e meditação estas forças superiores se fazem sentir, brotando a harmonia das flores espirituais em seu filho Ser Humano.

Devemos pensar, constantemente, sobre nós mesmos, não sentir a nossa essência, o Ego, à parte de Deus e sim junto a ELE. Por essa razão, o espiritualista, em sua meditação, pergunta: – QUEM SOU EU? E, como resposta, encontrará o conhecimento das significativas palavras: – TU ÉS INFINITO, ETERNO E IMORTAL.

Assim nas constantes pesquisas das ideais advindas do Cosmos, O EGO se encontra no seio desta grandeza, sente sua existência infinita no corpo de Deus, integrando-se no mesmo, em profunda consciência espiritual em sua exaltação divina.

FIM

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