“Que é o ser humano mortal para que te lembres dele? E o filho do ser humano para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que os Anjos, e de glória e de honra o coroaste.” (Sl 8:4)
“A arte, conforme permite sua habilidade, segue a natureza como um aluno segue o seu Mestre. De modo que a arte deve ser, por assim dizer, algo que deriva de Deus.”[1] (Dante)
Todas as atividades do ser humano podem ser divididas em três categorias, a saber: Ciência, Religião e Arte. A mais alta consecução do ser humano é conseguir florescê-las. Na escala da evolução o ser humano está situado entre a Onda de Vida dos Anjos e a Onda de Vida dos animais. Deus fez o ser humano “um pouco menor que os Anjos” e lhe concedeu o domínio sobre o Reino animal. Considerando a existência desses três fatores, Ciência, Religião e Arte, podemos compreender a diferença principal existente entre o ser humano e o animal. Nem a Ciência nem a Arte são necessárias para os animais, na presente fase do desenvolvimento deles.
No presente, a Ciência, com suas descobertas, assumiu posição destacada. A Religião também está despertando. Porém, aqui desejamos considerar as Artes. Não nos é possível traçar linhas claras de demarcação ao classificar as atividades do ser humano dessa maneira, porque a Ciência ajuda a compreender a Arte. E a Arte segue de mãos dadas com a Religião, quando trata de revelar a divindade do nosso ser. Max Heindel chama a Ciência, a Arte e a Religião de “uma trindade na unidade”. Sabemos que a separação em classificações diferentes é temporária. Num estado posterior do nosso desenvolvimento, as três tornarão a ser “um”
A verdadeira Religião inclui tanto a Arte como a Ciência, pois ensina uma vida formosa em harmonia com as leis da natureza.
A verdadeira Ciência é artística e religiosa no sentido mais amplo, porque nos ensina a reverenciar as leis que governam nosso bem-estar e a nos conformar com essas leis, explicando, além disso, por que a vida religiosa conduz à saúde e à beleza.
A verdadeira Arte é tão educacional como a Ciência e tão edificante como a Religião. Na arquitetura temos uma sublime apresentação de linhas cósmicas de força no universo.
Para muitos a vida sem a Arte verdadeira seria intolerável, porque a imaginação do ser humano requer alimento assim como o corpo necessita de nutrição. E é “imaginando” que se nutrem as almas. Existem três elementos necessários, quando se considera a Arte real: a música, a pintura, a poesia e a arquitetura. Esses três elementos indispensáveis são: emoção, expressão e ritmo.
A Arte pode ter por objeto a apresentação da forma exterior ou pode mostrar o espírito interno de um objeto; porém sempre é possuída por um crescente impulso emocional.
Para o artista dedicado é possível interpretar as realidades profundamente ocultas da natureza interna do ser humano. Essa revelação do espírito do ser humano é a sua mais elevada missão. Cada época produz escultores, pintores e músicos capazes de produzir verdades criadoras ao contemplar as obras de Deus. Porém, sempre essas criações contêm a concepção própria e individual do ser humano e a sua própria interpretação, posto que conservam sua “maneira de refletir a natureza”. Essa concepção individual do universo de Deus é o que promove as diferenças existentes no mundo da arte criadora. Sem dúvida, há somente uns poucos em cada época que podem pretender expressar uma originalidade verdadeira. Em geral o artista copia e recopia, sem ser capaz de revelar sua própria concepção individual do tema ou objeto.
Quando um artista se torna verdadeiramente criador, é capaz de influenciar a vida de uma nação inteira. O rumo que um povo segue delineia-se, em primeiro lugar, no trabalho e na expressão daqueles que têm sentimentos fortes, internos, e que são sensíveis aos impulsos ocultos do ser humano. Eles devem refletir as impressões que são capazes de receber para que os demais também se beneficiem delas.
O domínio de qualquer Arte requer disciplina. E isso significa que o aspirante tem que aprender a dominar a forma, seja essa de linguagem, cor, tom, etc. Unicamente por meio da meditação e da concentração intensa é que se conquista a habilidade em uma Arte. Por conseguinte, é compreensível que em algumas Escolas de Mistérios da Grécia, o Mestre-Artista fosse admitido ao Templo sem que executasse os exercícios preliminares. A faculdade de dominar uma arte-forma era considerada suficiente para entrar diretamente nos mais internos ensinamentos.
A história se converte em uma realidade para nós através da Arte. Os arquitetos e escultores do Egito, Assíria, Grécia e Roma deram-nos uma demonstração gráfica da civilização desses países. Temos acesso aos restos sublimes das figuras de barro e mármore. Sem podermos examinar o que há nos muros e pirâmides nas margens do Nilo e sem o nosso presente conhecimento dos edifícios e estátuas da Grécia e de Roma nossas ideias sobre a vida desses povos seriam, em verdade, confusas e irreais.
A arte do ser humano dá testemunho do seu ser interno. Nada indicará o rumo dos tempos tão precocemente como a música, a pintura, a arquitetura ou a poesia de um povo. Até parece que o artista criador pressente as sombras arrojadas pelos acontecimentos futuros. Os anseios e temores, as elevadas aspirações, assim como os sentimentos de incerteza de um povo podem ser percebidos nas obras daqueles que dedicam suas vidas à expressão de suas próprias capacidades criativas. O artista mesmo, com poucas exceções, em geral não é consciente de que suas criações são uma parte necessária e valiosa do desenvolvimento de toda a humanidade. Vive e trabalha à ordem da sua fantasia. Está satisfeito enquanto pode seguir o impulso interno que o conduz à expressão.
Quando observamos o rumo ou tendência da arquitetura moderna, da pintura e da música moderna, das diferentes nações do nosso globo terrestre, ficaremos impressionados com a similaridade dessas tendências. Nós nos veremos obrigados a admitir que universalmente o harmônico e o grotesco se revelam a si mesmos. De um modo geral podemos dizer que todas essas tendências têm muito em comum. A Arte mais moderna demonstra que as fontes profundas, ocultas, estão perturbadas e que as imagens do bom, do verdadeiro e do belo não são claramente concebidas e transmitidas.
Temos que chegar à conclusão de que, no esforço de um ser humano para criar algo e sensacional, ele exibe sua própria imagem interna, estranha e pessoal, em vez de usar as verdades espirituais que estão à sua disposição, em seus esforços de criação.
Em nossas próprias atividades devemos ser capazes de seguir as tendências originais, próprias, sempre que isso seja possível. Em nossos jardins, na ordem das nossas casas, ao servir nossas refeições ou até na seleção dos nossos quadros, nas cores das nossas roupas; em todas essas coisas devemos seguir nosso gosto individual. Existem bons livros sobre a apreciação da Arte. Devemos dedicar tempo e meditação a estudá-los.
Ao tecer os fios confusos das nossas vidas temos não somente a Lei de Causa e Efeito à nossa disposição, mas podemos sempre, dentro de certos limites, usar a Epigênese para realizar alguma obra original, alguma expressão singular. A possibilidade de originalidade é a espinha dorsal da evolução do ser humano.
Nos Ensinamentos Rosacruzes aprendemos que existe uma força dentro do ser humano em evolução que é o que torna possível o desenvolvimento. Essa força subministra algum campo para nossa capacidade criadora.
Como o expressa tão bem o poeta: “O problema maior de toda arte é produzir, por meio das aparências, a ilusão de uma realidade mais sublime” (Goethe).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1974 – Fraternidade Rosacruz – SP)
[1] N.T.: Inferno: notas Canto XIV – da obra A Divina Comédia de Dante Alighieri
A Astrologia é para o estudante Rosacruz uma fase da religião, basicamente uma ciência espiritual.
Esta ciência, mais do que qualquer outro estudo, revela o ser humano a si mesmo.
Nenhuma outra ciência é tão sublime, tão profunda e tão abarcadora.
Ela revela a relação entre Deus (o Macrocosmo) e o ser humano (o Microcosmo), demonstrando que ambos são fundamentais.
1. Para fazer download ou imprimir:
2. Para estudar no próprio site (para ter as figuras, que tanto ajudam na compreensão, consulte a edição do item 1, acima):
ESTUDOS DE ASTROLOGIA
Por
Elman Bacher
Volume 7
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
Studies in Astrology
2ª Edição em Inglês, 1951, The Rosicrucian Fellowship
Estudios de Astrología
3ª Edição em Espanhol, 1981, Editorial Kier S. A.
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
Tantos foram os comentários favoráveis recebidos por nós, aos artigos astrológicos de Elman Bacher publicados em nossa revista “Rays from the Rose Cross”, durante os últimos anos, que estamos certos que haverá uma boa acolhida a esse trabalho, por parte dos Estudantes de Astrologia Espiritual.
Os profundos conhecimentos de Elman Bacher e sua devoção à ciência astral, aliados a uma extraordinária compreensão da natureza humana, permitiram-lhe apresentar temas que indubitavelmente o situam entre os melhores Astrólogos Esotéricos modernos. E como a veracidade e o valor da astrologia tornam-se, a cada dia, mais aceitos de modo geral, seus trabalhos ajudarão cada vez mais os seres humanos a conhecerem-se a si mesmos, e a realizarem seu mais alto destino.
Antes de sua transição, em 1951, Elman Bacher expressou o ardente desejo de que publicássemos seus artigos em forma de livro e, embora lamentemos profundamente não estar ele aqui para ver a concretização desse desejo, sentimos felizes por saber que sua aspiração está sendo realizada agora.
ÍNDICE
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I – A ARTE DRAMÁTICA
CAPÍTULO II – FILMES CINEMATOGRÁFICOS
CAPÍTULO III – A CURA
CAPÍTULO IV – A FRATERNIDADE DO ASTRÓLOGO, DO ARTISTA, DO SACERDOTE E DO CURADOR
CAPÍTULO V – REGOZIJOS ASTRAIS
CAPÍTULO VI – RETRATOS DE PERSONAGENS SHAKESPEARIANOS
CAPÍTULO VII – A FACULDADE DA INTUIÇÃO
CAPÍTULO VIII – A EXPERIÊNCIA ANIMAL
A Astrologia é para o Estudante Rosacruz uma fase da religião, basicamente uma ciência espiritual. Esta ciência, mais do que qualquer outro estudo, revela o ser humano a si mesmo.
Nenhuma outra ciência é tão sublime, tão profunda e tão abarcadora. Ela revela a relação entre Deus (o Macrocosmo) e o ser humano (o Microcosmo), demonstrando que ambos são fundamentais.
A ciência oculta, ao investigar as forças mais sutis que afetam o ser humano (o Espírito) e seus veículos, receberam seus efeitos com a mesma precisão que a ciência acadêmica fizeram com as relações do mar e do céu, da planta e do animal, dos raios do Sol e da Lua.
Com esse conhecimento podemos determinar o padrão astrológico de cada indivíduo, e conhecer a potência ou as debilidades relativas das diferentes forças atuantes em cada vida. De acordo com o que tenhamos alcançado deste conhecimento, podemos começar a formação sistemática e cientifica do caráter – caráter é destino!
Observamos os períodos e estações que são cosmicamente vantajosos para o desenvolvimento de qualidades ainda não desenvolvidas, corrigindo rasgos defeituosos e eliminando inclinações destrutivas.
A ciência divina da Astrologia revela causas ocultas que trabalham em nossas vidas. Assessora o adulto com respeito à vocação, os pais na orientação dos filhos, o mestre na orientação dos discípulos, o médico no diagnóstico das enfermidades; prestando-lhes, desta maneira ajuda a todos em qualquer situação em que precisem.
Nenhum outro tema dentro da margem do conhecimento humano, até esta data, parece conter as possibilidades estendidas aos astrólogos para ajudar aos demais na sua própria dignidade como deuses em formação, a um entendimento maior da lei universal, e a verificação de nossa eterna seguridade nos braços acariciadores da Vida Infinita e do Ser Iluminado.
O instinto de representar é tão primordial à natureza humana como o é qualquer outro instinto. Considere a tendência natural de todas as pessoas para enfatizar ou intensificar a comunicação pela fala com gestos e expressões faciais. Essa ênfase natural é aquilo que é cultivada pelo treinamento intensivo na arte dramática, do mesmo modo que a beleza natural da voz falada é cultivada na arte de cantar. Dramatizar significa intensificar – em qualquer forma ou meio. Consequentemente, a dramatização é um dos atributos arquetípicos de todas as artes – a expressão organizada de um “ponto” especializado da reação emocional, do pensamento ou da realização. Até a execução de uma ou três oitavas de uma escala musical no piano (geralmente não considerada particularmente bela) pode ser dramatizada pelo uso de dinâmicas tonais, de tal maneira que sua identidade mecânica como uma “escala” se transforma em um “ponto” de musicalidade expressiva. Às vezes a habilidade técnica pode se prestar para produzir a obra de arte universalmente tida como medíocre. Essencialmente a arte medíocre é produzida sem inspiração. A inspiração, qualquer que seja sua forma – e existem muitas maneiras pelas quais pode ser experimentada – é a forma mais altamente dramatizada da experiência humana; em nenhuma outra maneira nós experimentamos a reação e a realização com maior intensidade. Assim como Marte e Lua são impregnação e receptividade em “oitava inferior”, do mesmo modo, Sol e Netuno são impregnações e receptividades em “oitava superior”. O cálice de Netuno recebe a torrente de poder solar na “semente da alma” (o pequeno círculo na base do símbolo de Netuno)[1], o símbolo da impregnação espiritual ou psíquica que, em qualquer forma, é inspiração; e inspiração é sempre uma designação da resposta do poder do amor solar – o Signo de Leão, do Grande Mandala. O Peixes de Netuno é a oitava superior da triplicidade de Água, iniciada pelo Signo Cardeal de Câncer, que é o princípio trino da resposta vibratória simpática. O Sol e Netuno são (quando combinados) a identidade astral da Divindade Pai-Mãe da humanidade.
A arte dramática teve seu começo na cerimônia, que por sua vez era a maneira do ser humano personalizar, por atos simbólicos, suas realizações espirituais. A cerimônia e o mito são dois modos de dizer a mesma coisa: tornando exotérico, pela ação e pela lenda, aquilo que representa a verdade dos conceitos humanos dos princípios da vida: “a verdade da Vida contemplada num espelho”; o espelho é o estado evolutivo da consciência emocional dos seres em evolução. A arte de representar é a mais completamente personalizada de todas as formas de arte interpretativa – usando como instrumentos a voz do cantor e o corpo do dançarino. O dançarino se movimenta em ritmos especializados, o cantor “fala” em tons especializados e o ator (por meio do movimento e da fala) tem algo de ambos. O grande ator funde dois talentos grandemente especializados: o da pantomina que é, literalmente, uma “dança”, e o da interpretação de textos que é, literalmente, um “canto”. A grande atuação formaliza certos princípios estéticos exatamente como o faz a grande prosa; os movimentos do dançarino e a expressão vocal do cantor correspondem à atuação, assim como a poesia corresponde à grande prosa.
Tendo em mente que “dramatizar” significa “intensificar”, vamos agora considerar o significado do diâmetro Leão-Aquário, Signos da quinta Casa de Áries-Libra, como o símbolo arquetípico do princípio da expressão dramática. Esse diâmetro é a polarização daquilo que é essencialmente simbolizado pela quinta Casa do Grande Mandala – a irradiação individualizada dos poderes emocionais. Leão, Signo Fixo e de Fogo, é o Signo que inicia a cruz Fixa, análogo a Áries e Sagitário das cruzes Cardeal e Comum, respectivamente.
É o aspecto amor do EU SOU, arquetípico, e em virtude da posição ordenada é a liberação daquilo que está estabelecida na quarta Casa. A palavra-chave de Leão é Eu libero; ele é pábulo não apenas para os outros três Signos da cruz Fixa, mas para a expressão ativa do Sol no horóscopo.
A geração está para Escorpião – oitava Casa – assim como a liberação individualizada está para Leão – quinta Casa – polarizada espiritualmente, e para o gênio por meio de Aquário – décima primeira Casa. Devemos ter em mente que o poder, como Princípio do Sol, não tem nenhum propósito a menos que, e até que, seja liberado e irradiado. Todo amor no coração humano, todo dom criativo, todo gênio criador ou intérprete inspirado, tudo isto é relativamente sem sentido se não for expresso, e é por meio de Leão-Aquário e Sol-Urano que nos expressamos criativamente, até onde os seres humanos podem ser criativos. É através do atributo amor de Leão que nós contribuímos com vitalidade emocional para os relacionamentos e para o nosso trabalho. Por meio dele encontramos o recurso para aquilo que é uma contemplação enfocada, a geração e regeneração de Escorpião. Leão é o arqui-símbolo da alegria natural, espontânea, o atributo dinâmico, cuja realização passiva e transitória é chamada de “felicidade”. Somente por meio da alegria é que amamos verdadeiramente, criamos ou interpretamos de verdade e servimos sinceramente. Mesmo com “sangue, suor e lágrimas” a alegria é um fator inevitável na consciência do artista; não ser alegre é não ser amoroso nem não radiativo, no sentido criativo da palavra. As tristezas de Leão-Sol têm suas raízes na falta de oportunidade ou na congestão da habilidade para exercitar a irradiação amorosa a outras pessoas ou ao trabalho. As agonias de Aquário-Urano têm suas raízes na falta de habilidade para enfrentar os desafios gravitacionais de Lua-Saturno e nas “dores de parto” da expressividade bipolar. A consciência humana não individualizada é representada pela sequência dos quatros primeiros Signos zodiacais – Áries, Touro, Gêmeos e Câncer. A qualidade não radiativa dessa oitava de consciência primitiva está no Signo de Escorpião, Signo da quinta Casa de Câncer-Lua – o instinto de gerar formas como uma liberação dos recursos do desejo. Todavia, com a individualização a pessoa se move na sequência evolutiva um passo mais à frente do diâmetro Leão-Aquário, e sua irradiação de desejo se transforma, pelo menos, num aspecto primitivo da consciência amorosa e da consciência de poder individualizada. A consciência de poder individualizada é o primeiro “deve” no desenvolvimento e cumprimento do talento artístico criador ou interpretador. Por conseguinte, o artista deve saber que ele é um poder, e que a integração pessoal deve ser efetuada antes que a consciência de poder possa ser expressa. Agora, vamos falar sobre o dramaturgo e o ator:
O dramaturgo é uma especialização do prosador e do poeta (de cada um ou de ambos). No entanto, pelas especializações de sua arte, ele é essencialmente mais poeta que prosador, mesmo que não escreva (e a maioria dos dramaturgos não o fazem) especificamente em versos. A composição das peças envolve não somente uma afinação instintiva com o princípio do ritmo, mas também com a musicalidade inerente aos valores vocais. Em virtude da atuação ser pantomima e ação, bem como fala, ele deve conhecer algo dos valores dos movimentos inerentes à dança. Um sentido de “proporção de tempo” é tão necessário à sua obra como o senso de “proporção de espaço” o é ao pintor e o senso de “proporção de tom” o é ao compositor. A consciência de tempo é o que chamamos de consciência de sequência de reação e realização. As “reações e realizações humanas” são aquilo que o dramaturgo apresenta de forma esteticamente organizada e “dramatizada”. Realmente, a “ação” que é representada no palco é a objetivação de sequências de reações e realizações individualizadas. No palco ou na vida real, essa “ação” é sempre uma exteriorização de estados internos. E a mentalidade multiforme ou entendimento do dramaturgo lhe torna possível construir a ação de sua peça, consoante um profundo “conhecimento interno” da consciência do tempo individualizada. O dramaturgo pode ou não procurar apresentar uma mensagem em sua obra; mas o que ele apresenta, seja como “mensagem” ou “ drama puro”, é a organização de seu conceito de arquétipos refletido através da consciência humana individual ou composta. Leia qualquer peça digna de ser mencionada como arte dramática e você encontrará, em algum momento, um “ponto emocional” que é o arquétipo da peça inteira, por mais complexa que possa ser sua estrutura. A arte do drama expressivo (a dramaturgia) é a organização harmoniosa e expressiva de elementos que são focalizados nesse ponto emocional, assim como a árvore se focaliza em sua semente.
O Grande Mandala Astrológico com Áries no Ascendente, os pontos estruturais Cardeais conectados e formando um quadrado, os Signos de Água conectados em um triangulo é o retrato simbólico daquilo que toda arte busca interpretar.
Eis aqui a família humana – o macho e a fêmea dos “pais e filhos”, o macho e a fêmea nos estados imaturo e maduro, e o quádruplo intercâmbio das polaridades física, genérica e evolutiva. O trino dos Signos de Água é o princípio da vibração simpática pelo quais os manifestadores e os intérpretes “se afinam” com os arquétipos a serem expressos através de conceitos individualizados no meio estético.
A segunda apresentação do Grande Mandala é com os Signos Fixos nos pontos estruturais, Leão no Ascendente, Escorpião como base.
Esse é o mandala de todos os artistas manifestadores (criadores), irradiando de seus recursos de poder criador, polarizado pelo gênio de Aquário, para realizar uma redenção de destino maduro[2] inspiradora da consciência de grupo da humanidade. A posição de Câncer como Signo da décima segunda Casa desse mandala nos mostra que o potencial de irradiação do Ascendente Leão deriva de um profundo recurso de simpatia, cujo arquétipo é a “paternidade/maternidade”. Nenhum dramaturgo verdadeiramente grande produz suas melhores e mais inspiradas obras movido pelo desejo de ganhar milhões em dinheiro ou de alcançar fama e aplausos. Ele as cria porque não pode impedir a si mesmo de fazê-lo e viver, mais do que as pessoas verdadeiramente maduras o podem (no verdadeiro sentido da palavra), sem contribuir para vida. O dramaturgo, ou outro artista criador, é um pai espiritual, um “epigenitor” de seu arquétipo. A base Escorpião desse mandala aponta para a base psicológica de intenso poder de desejo reparador. Nenhum grande artista de qualquer classe é um “covarde psicológico”; em todos eles existe uma profunda percepção, uma profunda compreensão, uma forte sexualidade, emoções intensas e, consciente ou inconscientemente, uma ardente aspiração.
A terceira apresentação do Grande Mandala é com Sagitário no Ascendente, Signos Comuns nos pontos estruturais e Peixes na base.
Esse é o mandala do artista interpretativo que se afina com o conceito do manifestador e faz de si mesmo um veículo para a incorporação desse conceito. Pode ser chamado como retrato abstrato do artista interpretativo, o “mandala da instrumentação individualizada”. O artista interpretativo disciplina, desenvolve e organiza suas habilidades e faculdades para poder se qualificar para o exercício inspirador. Há um número de artistas nos campos do drama, da dança e da música qualificado para o título de manifestador e intérprete. Quanto aos artistas interpretativos existem dois tipos básicos:
Pode-se mencionar aqui alguém que, em seus dias, foi considerada pela maioria o maior no campo da arte dramática, e cujo desempenho de seu dote artístico representou um dos maiores desenvolvimentos da arte teatral: Sarah Bernhardt[10]. A carreira dessa grande atriz francesa (ela nasceu em Paris e era nativa de Escorpião) nos palcos do mundo abrangeu o período de uns sessenta anos, e sob um ponto de vista de completa “quantidade de expressão”, bem como de qualidade, foi um fenômeno de proporções estonteantes. Ela não só interpretou os principais papéis de repertórios clássicos, melodramáticos e líricos, mas tão grande foi o poder de sua vibração que chegou a inspirar a produção de um grande número das mais belas peças de seu tempo – por autores tais como François Coppée[11], Victor Hugo[12], Edmond Rostand[13] e muitos outros. Essa mulher foi verdadeiramente uma sacerdotisa da arte dramática, consagrada com todas as fibras do divino para os deste plano. Leia uma boa biografia de sua vida. Isto reabastecerá sua consciência com uma renovada fé no poder da beleza existente no arquétipo humano.
Em relação à leitura astrológica, a essência simbólica da habilidade dramática é Vênus, Júpiter e Netuno, os Signos de Peixes e Leão e a quinta Casa. A “carreira dramática” poderá envolver certas configurações favoráveis com a Lua (como símbolo do público) e também da sexta e décima Casa (os sucessos prodigiosos de Madame Bernhardt são indicados pelo Sol em Escorpião em combinação com uma Conjunção de Júpiter e Urano; é possível que ela tivesse tanto a Lua quanto Netuno em Peixes – 12ª Casa – com Áries no Ascendente).
O astrólogo representa? Se sim, qual é o seu teatro e de quem é o texto que ele lê? Um fator na ética do serviço astrológico requer que o astrólogo domine seus sentimentos pessoais, evitando assim infligir vibrações negativas ao nativo e para que possa ser efetuada uma clara afinação com o horóscopo. A esse respeito, ele faz exatamente o que o ator tem que fazer. O astrólogo, pessoalmente e por vibração, deve dramatizar serenidade, amizade, iluminação, encorajamento e amor. Isso não é “hipocrisia”, embora a palavra “hipócrita” significa essencialmente “alguém que desempenha um papel”. O hipócrita representa mal por uma falsidade de natureza; o astrólogo representa por meio das verdades da natureza humana.
O astrólogo “lê os textos” da natureza humana como uma explicação dos princípios de vida funcionando por meio de um arquétipo particular. Seu palco é qualquer lugar onde ele apresente, reservada ou publicamente, verdades astrológicas para a iluminação da consciência de outras pessoas. O astrólogo serve para dramatizar o bem essencial da pessoa para quem ele lê, e nessa função, prova sua identidade como irmão espiritual do artista dramático.
O desenvolvimento dos filmes cinematográficos como uma arte de entretenimento é um dos fenômenos mais notáveis dessa época. Eles trouxeram o drama, a comédia, a música, a cor, a dança, as viagens, as notícias, o avanço educacional e uma influência cultural pronunciada em suas melhores formas às vidas de milhões de pessoas que, de outro modo, não poderiam realmente ter experimentado tais coisas. Interessa-nos, nesse comentário, não o desenvolvimento técnico, mas o significado oculto da atuação dos filmes cinematográficos e seu efeito nas Mentes e consciências das pessoas de hoje. Como em qualquer outra arte, existem os pioneiros que ousaram marcar a trilha que leva a um avanço cultural mais amplo. Então surgem aqueles que adaptam as descobertas desses pioneiros e desenvolvem-nas em escala mais ampla e mais perfeita à medida que o tempo passa. E, então, existem aqueles produtores cinematográficos que não se interessam particularmente pelo avanço cultural ou nem mesmo tem consciência disso, os quais “dão ao público o que esse deseja” em termos de manter aquilo que tem sido estabelecido como padrões de valor do entretenimento. O último grupo é o que mais conspicuamente “alimenta a tendência escapista do público”; os dois primeiros grupos prestam-se a melhorar, ampliar e regenerar o gosto e a apreciação do público, e são eles que, em sua maior parte, respondem pela mais alta qualidade do valor artístico encontrado nesse trabalho.
Frequentemente o filme cinematográfico é mencionado como “um mecanismo de escape”, uma “panaceia” para ajudar as pessoas a esquecerem de si próprias e de suas dificuldades. Tal interpretação mostra uma falta de compreensão. A arte cinematográfica não é essencialmente um mecanismo de escape, ainda que, algumas pessoas a utilizem como tal. Uma abordagem psicológica a esse “subterfúgio” da natureza humana deve recair sobre o fator humano, não sobre o fator dos filmes cinematográficos. Astrologicamente falando, a vibração de Netuno não regenerado, em combinação com qualquer Aspecto de Quadratura ou Oposição é um potencial para o mecanismo de escape. Os Aspectos de Quadratura e Oposição são pontos de divisão interna, congestão de potenciais, tendência para desintegração, pontos de ignorância, confusão de identidades, falta de consciência de si mesmo, falta de confiança própria, inibições por meio do medo e do ódio, etc. A não regeneração de Netuno é, entre outras coisas, nosso potencial para dar força às ilusões. E, de uma forma ou de outra, todos nós fazemos isto até que a consciência seja inundada pela luz do entendimento e da percepção esclarecida como resultado de aprendizado por meio da desilusão. Quando sofremos de qualquer dessas condições negativas e não sabemos por que sofremos, tendemos a identificar as verdades internas com alguma coisa ou com alguém fora de nós mesmos. Isso é o que o “mecanismo de escape” significa essencialmente – a tentativa para escapar da dor de congestões e das confusões internas.
Se pode ser dito que a humanidade é motivada por um objetivo comum, tal objetivo é certamente a realização de ideais. O ideal é a música a que, uma vez ouvida, não se pode resistir. A busca para realizar esse ideal é a grande onda evolucionária; nós temos seguido essa “música”, consciente ou inconscientemente, desde que nos manifestamos pela primeira vez. A realização do ideal é o cumprimento, por meio da expressão regenerada, dos potenciais. Até que realizemos a nós mesmos como indivíduos, tendemos a buscar sua exteriorização em alguém ou alguma outra coisa. Evolução depende de expressão; “não se expressar” ou “não fazer” é “não evoluir”. Até a pessoa que vive em termos do que chamamos “criminalidade” está evoluindo, porque está expressando seus potenciais; ele cria causas que reagirão como retorno do destino maduro, do qual ele mesmo pode, por último, aprender mais sobre os princípios. A posse de dinheiro é, para muitas pessoas, símbolo do maior bem da vida, e nada as detém para realizar esse ideal; contudo, no devido tempo e por meio da experiência, eles aprendem sobre o que o dinheiro realmente é, e então são condicionadas a ajustar sua consciência e suas ações de acordo com um esclarecimento de princípios em suas próprias Mentes. Gibran[14] disse: “Até a palavra tropeçante fortalece a língua fraca”; cessar de buscar o ideal é morrer na consciência; continuar a expressar como um meio de buscar aquilo que é mais valioso e apreciado, é evoluir.
Nossa reação emocional a uma outra pessoa a identifica como um símbolo para nós. Se a reação é a inveja, o ciúme, ódio, medo, etc., ela serve para estimular uma de nossas congestões, confusões ou irrealizações internas; a pessoa a quem “odiamos” (queremos destruir) serve, pelos estímulos de sua vibração, para nos recordar um erro do passado, erro muito grave e ainda não corrigido. Nós jamais “odiamos” a outra pessoa; podemos odiar somente as nossas irrealizações e só podemos destruí-las pela expressão regenerada. Se nossa reação a outrem é de harmonia, prazer, amor, admiração, inspiração, etc., então, seja quem for ou que quer que a pessoa possa ser, sua vibração serve para nos recordar nossas próprias regenerações internas. Isso explica o porquê as pessoas amam fervorosa e profundamente aqueles que podem maltratá-las e ofendê-las; o laço magnético de destino maduro fornece o algo amoroso com o “sustento” sobre o qual verte o seu amor. Nós amamos o ideal que a outra pessoa representa para nós, e esse “ideal personalizado” é sempre um padrão do nosso próprio profundo “sonho da perfeição”. O criminoso experiente e financeiramente bem-sucedido pode ser um “ideal” para o mais jovem e inexperiente que decidiu se exercitar naquilo que chamamos de “conduta criminosa”. Ainda mais, em seus atos antissociais, destrutivos e sem princípios, ele expressará, no profundo desejo de emular, o símbolo do indivíduo mais velho e experiente. Para sermos justos com os ignorantes e pouco evoluídos, lembremo-nos que a pessoa a quem chamamos de “criminosa” pode expressar uma profunda devoção àqueles para quem ou com quem trabalha, e, dentro de suas limitações particulares de consciência, pode lidar honrosamente com as de sua “profissão”, podendo ainda se utilizar muito de seus “ganhos mal havidos” para ser verdadeiramente prestimoso. Ninguém é inteiramente criminoso, porque todos buscam realizar um ideal. Aquele que “não faz nada”, o parasita, é pior tradutor de sua própria natureza que o criminoso ativo. O ladrão ou coisa semelhante pode possuir pelo menos um pouco de coragem. O “não faz nada” não tem nem mesmo isso, e, pela sua própria natureza, não é colaborador. Ele terá que se esforçar intensamente no futuro para compensar suas deficiências no presente.
Portanto, a pessoa, cujos potencias não estão sendo expressos satisfatoriamente ou que tem se condicionado fora de linha com seu ideal íntimo, pode se voltar – e o faz com frequência – para o filme cinematográfico e para aqueles que trabalham com isso a fim de conseguir um contato, mesmo que superficial, com seus ideais pessoais. Não é objetivo desse comentário criticar ou julgar o trabalho daqueles que trabalham com isso especificamente, exceto como uma avaliação pertinente a esse assunto; mas certas pessoas que trabalham com isso serão mencionados por causa da notável qualidade arquetípica de personalidade e aparência física, mais um certo nível de habilidade técnica, pelas quais eles exercitam o poder do simbolismo vivo na consciência de indivíduos ou de grupos. Dos muitos que têm exercido influência duradoura na subconsciência do público consideraremos quatro, de tipos contrastantes, cujo trabalho nos filmes cinematográficos americano representa exemplos notáveis da personalidade arquetípica simbólica: Lon Chaney[15], Bing Crosby[16], Rodolfo Valentino[17] e Clark Gable[18].
Lon Chaney, cujo trabalho no cinema mudo o classificou como o maior artista da maquiagem e um dos maiores pantomímicos do teatro americano, realizou, como arquétipo, o impulso universal e instintivo da humanidade de desejar transcender a enfadonha monotonia da “experiência cotidiana”. Suas caracterizações eram, quase sem exceção, de corpos deformados e personalidades distorcidas. Ele dava aos auditórios uma satisfação de suas atrações subconscientes para o fatídico e para o horripilante. Suas caracterizações resultavam em grande impacto emocional, já que tinha grandes poderes de projeção, sendo que os seus melhores desempenhos, tal como o Quasimodo de O Corcunda de Notre Dame foram experiências dramáticas inesquecíveis. Ele resumia os “ardis do Destino” pelos quais a humanidade sofre por causa de deformidades físicas e frustrações terríveis de desejos normais e naturais. Em suma, seu propósito oculto era levar aos auditórios das salas de cinema a consciência do trágico na arte dramática. Ele não foi absolutamente um “entretenedor”, quer de propósito quer em tipo de caracterização. Haver respondido verdadeiramente e de todo o coração ao trabalho notável de Lon Chaney significou uma intensificação de consciência do patético do sofrimento humano. Seu propósito oculto visava estimular diretamente a compaixão no coração humano.
Há muito tempo o autor percebeu que o trabalho de Bing Crosby na tela é uma das mais notáveis influências espirituais no mundo (1951). Atualmente com tantas religiões organizadas em um estado de inquietação e mudanças, a vibração e talento desse homem trazem, por meio de canções e de comédias rápidas, um estímulo “expresso suavemente”, mas de longo alcance para o ideal humano de bondade simples e amizade natural. Sua vibração, de um ponto de vista astrológico, é fortemente venusiana – tendo Libra como Ascendente, o Sol em Touro e a Lua em Trígono com Mercúrio e Vênus. E quem personifica mais perfeitamente o ideal de não-resistência construtiva? Exercitando uma (possivelmente) analogia fantasiosa, ele pode ser chamado de “São Francisco de Assis do século vinte”, tão competente é a bondade e sinceridade do arquétipo que representa. Palavras são escritas e ações são planejadas, mas ele tem em si mesmo a especialização de consciência que projeta essa qualidade arquetípica. Outros atuam e cantam, são divertidos e impõem respeito ao público, mas existe um só BING CROSBY, o “trovador do mundo” e, arquetipicamente, o amigo de todos a quem contata. Quem não gostaria de possuir o poder da amizade que ele simboliza? Ele enternece os corações mais duros, e com sua absoluta tranquilidade – suas atuações são as mais naturais – simboliza a personalidade descongestionada expressiva, gentil e persuasiva ao invés de arrogante, com uma percepção do bem inerente a todos. Se as pessoas que assistem a seus filmes reconhecessem que, como indivíduos, precisam apenas emular esse arquétipo e descristalizar resíduos de malícia, inveja, ciúme, impulsos maléficos etc., não só desfrutariam ainda mais das atuações dele como também estariam guardando seu exemplo no coração. Bing Crosby personifica verdades da natureza humana regenerada – seu trabalho é uma série de sermões por meio da atuação e do canto. Pessoas do mundo inteiro o amam porque ele externa delas as melhores potencialidades internas do coração e do espírito. Você considera Bing Crosby – na tela – como uma “ficção imaginária” completamente longe de você e de sua vida, ou reconhece que ele empunha um espelho que reflete aspectos de suas próprias gentilezas, amigabilidade e harmonias inatas? Pense nisso com muito cuidado.
Rodolfo Valentino, um latino-europeu de aparência extraordinariamente bela, personificou em seu tempo um ideal romântico que superou em poder a de qualquer outro ator de sua classe. Psicologicamente se poderia dizer muito sobre a influência que esse homem exercia na consciência das mulheres americanas. Por desagradável que seja dizê-lo, é verdade que o miasma do puritanismo é uma mancha como influência nas Mentes e Corações do povo por muitos anos, e essa influência tem impedido as pessoas – milhões delas – de realizarem o ideal de cumprimento espontâneo do relacionamento no amor. O arquétipo representado por Rodolfo Valentino foi a completa antítese dessa “filosofia” falsa, materialista, corrupta e subnormal. A combinação de fatores tais como o fogoso temperamento latino, rosto e psique bonitos, mais uma grande habilidade em projetar a intensidade do magnetismo sexual, tornou possível para esse ator efetuar um arquétipo focalizado da personalidade masculina que externava, para o subconsciente feminino, o ideal de complementação do amor. Sob o encanto de sua vibração as mulheres reencontravam sua feminilidade básica e instintiva – o desejo de serem conquistadas, protegidas e transfiguradas pelo poder de projeção do homem habilidoso e culto. Nada na vibração e personalidade desse homem era absolutamente “americano”; ele representava um tipo de personalidade da graça, da cortesia e da habilidade de amar masculina e o fascínio cultivado de uma civilização passada. Pode ou não haver hoje na tela outros que se comparem favoravelmente com a vibração e habilidade especiais desse homem, mas ele foi a seu tempo o arquétipo daquilo que muitas mulheres, se não a maioria delas, buscavam como o parceiro amoroso ideal. Ninguém sugere que qualquer homem modele sua vida pela de Rodolfo Valentino, mas o que ele simbolizou poderia ser considerado e aprendido por muitos homens que permitem a congestão de seus conceitos de relacionamento homem-mulher pela falta de graça, ignorância, puritanismo – com seus complexos de culpa – e pela falta de percepção daquilo que é beleza verdadeira da mulher. Em suas representações na tela, Rodolfo Valentino prestou homenagem ao ideal de beleza feminina. Por vaidade pessoal muitas mulheres buscam forçar a homenagem dos homens por meio de adornos e artifícios, mas o homem, em última análise rende homenagem aos seus próprios ideais, nunca às máscaras e artifícios. Há uma lição a ser aprendida pelos homens na consideração do trabalho desse ator. O propósito oculto do seu trabalho na tela foi para que o homem percebesse, e inflamasse pela percepção, a verdadeira beleza da mulher e de tal modo que essa pudesse se converter na beleza que inspira.
Clark Gable, uma personificação do tipo Marte-Saturno-Mercúrio, é provavelmente a melhor réplica americana daquilo que Rodolfo Valentino representou como europeu. Ele tem sido designado, e com justiça, o maior arquétipo da personalidade masculina da atualidade na tela. Ele e todos os homens para toda gente – sua Lua em Câncer – indica sua faculdade oculta de “estimular o subconsciente coletivo”, e suas atuações são assistidas tão entusiasticamente pelos homens quanto o são pelas mulheres. É fácil imaginá-lo, em suas representações na tela, cumprindo uma forma de “sacerdócio”, até onde um sacerdote seja considerado a personificação de princípios de vida na religião cerimonial. Incrível como possa parecer o princípio, o significado oculto do trabalho desse ator é profundamente religioso, pois desperta na subconsciência das pessoas uma percepção intensa dos princípios masculinos da personalidade.
Os estudantes podem não ver qualquer ligação entre as palavras “religiosa” ou “espiritual” e os papéis de valentão, brigão, grosseiro e mundano interpretados por Clark Gable; mas sua pessoa e sua vibração transmitem um símbolo de recursos, tolerância, autoconfiança, força física, agradável e bom humor e, sobretudo, a qualidade coragem, que é a qualidade arquetípica regenerada da vibração de Marte (ele tem Marte no Signo Ascendente formando quatro Aspectos maiores, dispositado[19] pelo Regente da Carta e em Trígono com Júpiter e Saturno). As pessoas tendem, às vezes, a “adoecer internamente” por suas próprias futilidades, incompetências, fraquezas e com as daqueles que as cercam. Clark Gable apresenta a essas pessoas a realidade dos padrões de grande fortaleza física, mental e de caráter. Sua vibração estimula certamente um padrão de idealismo, posto que a coragem, a confiança própria, a resistência à força física são arquétipos de Marte, e como tal representam qualidades que todos procuramos realizar em nós mesmos. A trindade Lua-Marte-Saturno é a base astral de cada ciclo evolutivo; Lua-Saturno, como regentes do diâmetro estrutural Câncer-Capricórnio, representam a fonte paterno-materna do “Eu Sou” de Marte bem como seu cumprimento na maturidade. Uma maturidade forte e bem integrada pressupõe um Marte bem integrado, e as qualidades dinâmicas fortemente individualizadas do arquétipo de Marte que Clark Gable simboliza é uma essência vibratória que todos nós, seres humanos, temos com um potencial a ser cumprido e expresso. O apelo universal de suas caracterizações está retratado na combinação de dois padrões distintos em sua Carta: Câncer-Lua e Capricórnio-Saturno, com o Sol e o regente em Aquário e em Sextil com Urano; a posição de seu Marte no Ascendente e na 12ª Casa nos dá uma chave para o significado oculto de sua vibração como um símbolo da personalidade arquetípica.
Se você é alguém que se sente “compelido” a “se encontrar por meio das atuações cinematográficas”, e deseja se livrar dessa prisão simbólica, faça uma cópia de sua Carta sem os números dos graus; isso é o que o autor chama de sua “Carta de Luz Branca” – é o retrato simbólico de você próprio como um arquétipo. Estude-a com o propósito de determinar quais são seus pontos focais vibratórios (esqueça Quadraturas e Oposições nesse estudo) e comece a fazer algo para organizar sua vida de tal modo que você possa dar expressão mais completa e mais livre aos seus potenciais vibratórios essenciais. Estude o trabalho do ator e da atriz cuja atuação na tela “fascine” você, e então reconheça que alguma coisa na personalidade ou vibração deles também está em você. É seu direito e dever encontrar a sua verdade como uma expressão individualizada do arquétipo humanidade. Ao começar essa reorganização você se verá gradualmente livre de compulsão de se identificar por meio de outrem – e então seu prazer pela arte teatral e pelo entretenimento será mais sincero, pois você será cada vez mais capaz de desfrutá-lo e apreciá-lo por ele mesmo. A arte de viver é descobrir quem imaginamos ser e o que imaginamos de nós próprios.
A arte de curar é uma extensão impessoal do amor bipolar dos pais (pai e mãe). A preservação do corpo gerado é um dos fatores envolvidos na responsabilidade dos pais; a sabedoria, que é o conhecimento destilado da experiência por meio das encarnações, é acrescentada ao instinto amoroso básico da paternidade para formar a essência das artes de curar pelas quais a humanidade, servindo, preserva e protege o composto de suas miríades de corpos. Consideremos um mandala básico indicativo dessa extensão:
Primeiramente, um círculo com o diâmetro vertical, os Signos de Câncer e Capricórnio nos pontos inferiores e superiores, respectivamente.
Isso é o mandala essencial da paternidade/maternidade – o maternal e paternal do abstrato “EU SOU” do Ascendente. Em estados primitivos, a humanidade funcionava instintivamente na paternidade/maternidade, obedecendo ao apelo do instinto gerador como a realização de um desejo expresso intensamente – talvez com um pouquinho do que poderia ser chamada “afeição”. Com a concepção, criação e conservação dos filhos ao acaso, a humanidade primitiva cumpria a responsabilidade de gerar a forma. Contudo, com a evolução e o desenvolvimento do potencial de amor, os pais desenvolveram também uma consideração aos filhos como indivíduos, e com essa consideração nasceu o desejo de compreendê-los. Pode-se dizer que as artes de curar nasceram com o primeiro ser humano que exercitou seu pensamento e sua engenhosidade, como expressão de uma instintiva proteção paternal, para preservar a vida de outrem. Essa pessoa hipotética, quem quer que fosse, projetava do potencial amor-sabedoria uma imposição da Mente e Vontade, sobre o fenômeno da Natureza, para realizar o início do desejo de serviço amoroso impessoal. O ser humano sempre tende a ampliar o relacionamento de sangue no desenvolvimento de seus potenciais. Primeiro seus pais, irmãos e irmãs, cônjuge e filhos; a seguir membros do clã ou da tribo a que pertença; depois membros de outro clã, e assim por diante – até que ele alcance uma oitava de consciência em que perceba um vislumbre de seu relacionamento com todas as pessoas. Ele “cuidava” primeiro de seus animais porque dependia deles para trabalhar e comer; no entanto, com o “vislumbre do relacionamento da vida” ele percebia que está relacionado com seus animais tanto quanto com seus parentes e outros seres humanos; em consequência, ele ampliava seus conhecimentos de cura para beneficiar não apenas a vida de pessoas, mas também a de animais. O universalista é descristalizado a tal ponto que o que quer que tenha de potencial de serviço amoroso se irradia para todas as criaturas que dele necessitem.
Acrescente agora ao mandala acima o diâmetro Peixes-Virgem; os pontos equivalentes a Câncer-Peixes e Capricórnio-Virgem são ligados por linhas curvas no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio.
Vemos, desse modo, um filme cinematográfico composto do diâmetro Câncer-Capricórnio voltado aos nove Signos, vindo e repousando nos Signos que representam a oitava de sabedoria da paternidade. “A Sabedoria que nasce da experiência evolutiva” é o significado arquetípico de qualquer padrão de Signo da nona Casa. Um pai devotado, mas não esclarecido, pode envidar todos os esforços para curar um filho amado, mas a sabedoria resulta na arte de se fazer qualquer coisa, de acordo com os princípios essenciais. Portanto os médicos especialistas, os clínicos, os cirurgiões, as enfermeiras, os dentistas, os ginecologistas, as dietistas, os homeopatas, os veterinários, os psiquiatras, etc., constituem a grande fraternidade de terapeutas, dos “pais e mães impessoais” que consagram seus esforços à manutenção da saúde interna e externa de todas as criaturas. O mandala do curador exotérico é o do diâmetro Virgem-Peixes polarizado por Gêmeos, regido por Mercúrio e a terceira Casa a partir de Áries. Gêmeos é conhecimento concreto, e compreensão derivada da observação dos fenômenos físicos e do estudo de fatos e dados registrados. A abordagem exotérica às artes terapêuticas se baseia em um conceito de que o corpo por si mesmo é a fonte de seus próprios males e, assim sendo, foi o meio através do qual o ser humano foi levado a se familiarizar com a estrutura e funções do seu veículo físico. Em seus primeiros estágios de evolução ele só conhecia o que via ou percebia por meios físicos; sua consciência e apreciação da vida se focalizava em sua reação ao mundo objetivo ao seu redor. Por conseguinte, ele estudava seu corpo observando o que acontecia a ele sob certas condições e experiências. Aprendeu os diferentes tipos de reação à dor de que era capaz quando seu corpo era afetado por forças ou agentes externos de maneiras específicas. Por ser essencialmente objetivo, este, “mandala de cura”, polarizado por Gêmeos, é o mandala de toda arte diagnóstica pertinente a qualquer ramo de cura interna ou externa. Diz respeito também às artes da cirurgia e tratamento médico que se aplicam diretamente à condição física.
O ser humano começou a aprender sobre seus efeitos externos bem cedo nas etapas evolutivas, mas não tardou muito para que ele percebesse como suas condições internas afetavam seu bem-estar físico. O (hipotético) primeiro ser humano a se dar conta de que uma condição emocional ou mental tinha influência direta na condição de seu corpo, como causa de uma anormalidade, foi também o primeiro terapeuta esotérico. Foi o primeiro a reconhecer a coexistência da vida subjetiva com a vida objetiva. Suas observações foram a origem daquelas que se desenvolveram a seguir e relativas à causa subjetiva de toda anormalidade ou desarmonia física – ferimentos, assim como doenças. Em suma, tais observações se referem à causa de destino maduro das desarmonias físicas (a obra “O Faraó Alado”, de Joan Grant[20], fala-nos de como os grandes sacerdotes-curadores do antigo Egito percebiam, por meio do exame clarividente, as causas internas das desarmonias físicas). O imortal Paracelso[21] pode ser mencionado como uma “síntese” (na história relativamente recente) desse “primeiro terapeuta esotérico”. Acrescentemos agora a este mandala o símbolo de Sagitário, polarizando a Gêmeos, formando assim a cruz Comum da instrumentação, a extensão do mandala do curador exotérico, a imagem do ser humano como um instrumento para a sua própria cura.
A principal congestão envolvida é a congestão na ignorância, a “cegueira quanto aos princípios”, que é a causa última de toda doença e lesão física. O ponto inicial dessa cruz é o Signo de Fogo Sagitário – correspondente a Áries da Cruz Cardeal. A identidade é: “Eu sou um curador”.
Agora, para ficar mais claro, “construa” o mandala de Sagitário como segue: Sagitário na horizontal esquerda; Virgem na vertical de cima; Gêmeos na horizontal direita; Peixes na vertical de baixo.
A cura, radiação de preservação de Sagitário, é polarizada pelo conhecimento de Gêmeos; o diâmetro dos pais é o diâmetro do serviço abstrato Virgem-Peixes. O instinto primitivo maternal de Câncer é mostrado aqui como sendo a maternidade universal do compassivo Peixes; o instinto primitivo paternal de Capricórnio, exaltação do princípio masculino, Marte, é mostrado aqui como a governança do elemento de Terra, por meio de Virgem, como sabedoria se expressando por meio do serviço amoroso. Agora acrescente a quinta e nona cúspides e os Signos apropriados, Áries e Leão, respectivamente; ligue os três pontos de Fogo por linhas retas formando o Trígono da individualização dinâmica que caracteriza todos os grandes curadores esotéricos; cada um desses, pela própria natureza de seu propósito e cumprimento de responsabilidade, é um precursor no que diz respeito a que cada um acrescenta um ponto de compreensão que serve para transcender as limitações do conhecimento puramente exotérico.
Todo curador, não importa a que ramo de arte pertença, que aplique uma percepção inspirada das causas internas das lesões e doenças é um curador esotérico; somente aqueles que só se focalizam no corpo devem ser considerados “puros exoteristas” das artes de curar.
O potencial de amor (quinta cúspide) desse mandala focaliza a arquirregeneração da coragem e todo curador esotérico deve expressar essa virtude para poder trabalhar na cura. A maioria da humanidade é, e como sempre tem sido, “exotericamente propensa” – congestionada nas aparências externas e cega para as realidades internas. Remover o véu da ignorância de tal modo que o ser humano possa ser alertado para o fato de que “ele mesmo é a causa de suas próprias desarmonias” requer uma coragem intrépida e um zelo ardente da parte dos grandes curadores. O instintivo “medo do desconhecido”, que caracteriza a ignorância, sempre foi o maior desafio à integridade pessoal dos curadores, e esse desafio tem de ser enfrentado com o exercício do mais dinâmico impulso representado por Áries, de Marte. Leão, na nona cúspide desse mandala, focaliza a vibração de “poder e autoridade” do Sol na Casa que diz respeito à compreensão e ao ensino. Quem, nas artes de curar, poderia presumir ou ousar apresentar especulações como verdades concernentes à cura subjetiva, isto é, sem a autoridade da verdadeira compreensão dos princípios envolvidos? Vemos, nesse ponto do mandala, o “reinado da verdadeira compreensão”, a “nobreza das percepções iluminadas”. As verdades do externo, importantes e significantes como são para o desenvolvimento das artes da cura, são imagens refletidas das verdades do interno. O Leão da nona Casa é a “sabedoria que irradia amor”, e a expressão de verdades percebidas do interno é a essência da cura em qualquer plano; essa sabedoria é uma contribuição vitalizante às experiências humanas sob qualquer aspecto.
Assim, como Câncer é o símbolo daquilo que impele a consciência da mulher a sacrificar sua matéria corporal para a encarnação de Egos, do mesmo modo Peixes, como Signo da quarta Casa do “mandala do curador”, é o sacrifício espiritual, feito por todos os verdadeiros curadores. A “matéria” desse sacrifício é a idealidade de todos os curadores, homem e mulher, oferecida continuamente para que o ideal de saúde possa se manifestar na experiência humana. Assim como a mulher primitiva amava instintivamente seu bebê, do mesmo modo, a polaridade feminina em todos os seres humanos ama o que é jovem, o que é desamparado, o que é não desenvolvido. E “não desenvolvido” significa “ignorante”. O sacrifício oferecido pelos curadores por meio da idealidade é, com frequência, infinitamente pior que qualquer sofrimento físico. Ter uma visão de uma humanidade radiantemente saudável comprometida continuamente pelas forças congestionadas e sombrias do materialismo, do preconceito, da estupidez e da inveja é, para o espírito, uma crucificação que pode ser – como tem sido – um degrau insondável. O coração maternal de todos os curadores suporta essas lacerações em serviço do mesmo modo que a mulher, em grau diferente, suporta a dor da gestação e do parto. Portanto, esse é o quadro que se apresenta a todos os que podem ser curadores: estarem dispostos a neutralizar as forças da congestão por uma expressão contínua de sua idealidade e de seus impulsos simpáticos. Nesse serviço de caráter universal, tudo em sua natureza que é, ou tem sido, “Mãe” alcança múltiplas oitavas de consciência a fim de que todos se beneficiem da expressão de seus impulsos compassivos e simpáticos.
Se o desejo de curar deriva da essência maternal, feminina, então o verdadeiro trabalho de cura é derivado da essência paternal como uma universalização ampliada do princípio inerente ao Trígono de Terra, iniciado por Capricórnio de Saturno, mas focalizado nesse mandala por Virgem de Mercúrio, a “posição masculina” desse Planeta mental. Toda simpatia no mundo pode ser, do ponto de vista vibratório, um meio de cura, mas a totalizada das artes de cura é tão complexa e os fatores com que lidam são tão variados que, nos processos evolutivos, se impõe a aplicação de muito estudo e observação. A polarização de Sagitário por Gêmeos e de Peixes por Virgem nos mostra que o conhecimento real de todos os planos de existência, em termos humanos, representa a conclusão ou o cumprimento (complementação) do impulso ou instinto básico pelo qual o ser humano busca fazer de si um instrumento para os poderes curativos. Todo o estudo e aprendizado pela experiência serve, por fim, ao propósito de alertar a consciência do curador para a compreensão de que a saúde é um atributo universal. Um pai humano e inteligente não concebe que sua responsabilidade abarque o “fazer tudo pelo filho ou filha”: ele sabe que sua responsabilidade é guiar e alertar o filho ou filha para exercitar seus potenciais individuais. Do mesmo modo, o curador, como um “pai universalizado”, estuda a enfermidade e as lesões com o propósito de alertar o paciente (seu “filho ou filha”) para que esse se torne consciente da própria responsabilidade no assunto. O “coração de pai” do curador diz: “Meu filho, você precisa aprender porquê você está nessa condição, e deve se exercitar para clarear o entendimento dos princípios do seu corpo”.
O curador, um ser humano evoluinte com problemas como qualquer outro, pode – e às vezes acontece – se congestionar e “escorregar para trás” no cumprimento do seu serviço universal. Ele é, como qualquer outro, um aspecto do Grande Mandala que fornece pistas sobre certos perigos especiais se o curador opera a partir de uma base de congestões na consciência.
O Signo de Câncer simboliza não apenas “o lar e a vida privada”, mas é arquetípico da consciência de apego a uma raça, nacionalidade ou religião em particular. Todos esses fatores fazem parte da nossa “consciência de ninhada” e servem de “modelos evolutivos”. O curador “congestionado em Câncer” é alguém que pode se empenhar ao máximo em ajudar a outra pessoa “de sua própria classe”, mas que pode se recusar a ajudar alguém que, em relação a ele, está “fora do cercado”. Perícia ou habilidade à parte, tal ação mostra ignorância dos princípios das artes curativas. O Signo de Capricórnio, focalizado por Saturno, é ortodoxia, organização e normas convencionais. É através da vibração de Saturno, em certos padrões, que a individualidade do curador é desafiada por “aquilo que foi estabelecido como normas e éticas profissionais”. Todos os grandes curadores são grandes por causa de sua individualidade e pela bravura de suas convicções inspiradas. A avidez por dinheiro, aplausos e “reputação”, que caracteriza curadores cristalizados, é uma força composta que frequentemente desafia a integridade do indivíduo. Se esse vence tal desafio, sua Luz continua ardendo brilhante e puramente; se ele sucumbe a qualquer fator dessa força sua Luz, cedo ou tarde, enfraquece e se dispersa. O curador não pode “vender sua Luz rio abaixo” cedendo àquilo que é cristalizado e sem princípios e esperar mantê-la clara e iluminadora. A contemplação de Sagitário por Gêmeos, não regenerado é congestão na conquista intelectual à custa do impulso espiritual. Se um curador reage aos desapontamentos e dificuldades com uma atitude de cinismo e antipatia crescente, ele pode ser tentado a procurar consolo “voltando-se para os livros e se afastando das pessoas”. Um curador existe, como tal, por causa das necessidades de outros seres viventes e não por aquilo que está nos livros. O conhecimento deve “casar-se” com o ideal espiritual para completar, tanto quanto possível, o serviço amoroso, que é a razão de ser do curador.
Qualquer estudante de astrologia que deseje inaugurar um período de estudos pertinentes a Cartas de curadores ou a fatores astrológicos relativos a “habilidades para cura” deve preparar sua Mente para tal estudo lendo, em primeiro lugar, biografias de grandes curadores, isso para “sintonizar” o espírito com a natureza humana, sintonia essa que faz os curadores. Ele deve se familiarizar “mercurialmente” com os passos significativos dados no sentido de se desenvolverem nas artes de curar por meio da evolução humana. No plano intelectual, isso é comparável à “meditação sobre mandalas”, uma vez que a Mente é, desse modo, sensibilizada à vibração dos curadores. Sugiro também que leia a extraordinária Canção de Bernadette – de Franz Werfel[22] – como “um imperativo” a todos os estudantes que desejem sensibilizar sua percepção da instrumentação dos grandes curadores e dos meios ocultos pelos quais se estabelecem os grandes centros de cura. A literatura teosófica e Rosacruz é, naturalmente, um insondável manancial de conhecimentos relativos ao assunto cura.
Umas poucas observações gerais: as artes cirúrgicas são caracterizadas pela vibração de Marte; as de tratamento medicamentoso e diagnósticos, pelas de Mercúrio. A Lua e Vênus são relevantes nos padrões que se referem às especializações femininas; Saturno, para a quiroprática e ortopedia. Uma pessoa dotada de poder vibratório de cura, geralmente, tem um Sol fortemente aspectado e claro, com ênfase nos Signos Fixos, especialmente Escorpião e Leão. Os Signos de Peixes e Câncer e o Planeta Júpiter são “básicos” nas Cartas de cura. Se o curador é autêntico, ele é um preservador – e Júpiter é o princípio de preservação e do melhoramento. A 12ª Casa – a casa do cumprimento do destino maduro de responsabilidade para aqueles que estão limitados – deve ser configurada nas Cartas dos que servem em hospitais ou outras instituições de saúde. Vênus pode ou não ser relevantes em tais Cartas, mas a Lua deve sê-lo, uma vez que é o símbolo da simpatia maternal instintiva e também o da necessidade pública. Uma forma de cura inspirada pode ter lugar na consciência de qualquer um que estude o assunto cura – e o astrólogo, “irmão gêmeo” do curador esotérico, deve irradiar cura por amigabilidade, percepções e amor impessoal. Ele funciona como um “curador da psique” por alertar a consciência da humanidade para as verdades dos princípios de vida.
Pode-se definir “relacionamento” como “o sentido, propósito e significado de uma coisa relativamente à sincronização de sua consciência com a de outra coisa para a qual é atraída pelas leis de vibração simpática”; todas estas leis são inerentes à Lei de Causa e Efeito e aos princípios de criação e Epigênese.
Existem apenas dois padrões básicos de relacionamento, cada um dos quais manifesta-se por meio da difusão em inúmeras oitavas por todo o Cosmos. O primeiro destes é o relacionamento criador – a relação mútua entre o macrocosmo e o microcosmo. O primeiro aspecto deste relacionamento é o do Incognoscível para o (que poderia ser chamado) Logos da arquigaláxias. O composto de arquigaláxias em qualquer ponto no tempo é o Cosmos total manifestado; cada arquigaláxia é um “ponto estrutural” do Corpo Cósmico, O segundo aspecto (ou oitava) deste relacionamento é o do Logos de cada arquigaláxia com os Logos de suas galáxias; o terceiro é o relacionamento entre o Logos galáctico e os Logos de seus sistemas solares; o quarto é o relacionamento entre cada Logos Solar em uma galáxia nos Logos planetários do sistema dele. Resumindo: a identidade macrocósmica (da unidade para os logos solares) está para a identidade microcósmica (logos subsolares) assim como a criatividade (função da vida) está para a Epigênese. Em termos humanos, já que os humanos não são criadores, mas sim epigenitores, a oitava mais transcendente do seu padrão de relacionamento é a do regenerador universal para superconsciente, consciente e subconsciente coletivo do arquétipo Humanidade; a oitava mais densa é a do relacionamento biológico (Epigênese sexual) de pais e filhos entre si.
O segundo padrão de relacionamento é o da fraternidade, que pode ser definido como “O relacionamento dos macrocosmos entre si e dos microcosmos entre si pelo paralelismo da faculdade criadora ou epigenética”; além disso, uma vez que toda manifestação é “microcosmo” relativo ao Incognoscível, fraternidade é o relacionamento das coisas entre si por atração magnética através de sincronização das similaridades e dissimilaridades dos estados vibratórios. A esfera mínima de fraternidade é uma coisa de relação a outra; em todas as relações fraternais as duas coisas implicadas têm pelo menos um ponto de similaridade em um ponto de dissimilaridade mútuas. O ponto de dissimilaridade mútua torna possível a ação epigenética na vida do relacionamento. A ação criadora é irradiação partida de uma fusão auto desejada de poderes de polaridade; a ação epigenética é irradiação de potenciais de polaridade partida da resposta ao estímulo de poder de uma oitava superior. Pense nisso. Um ser humano relativamente atrasado em um ponto particular de consciência é estímulo epigeneticamente pelo contato vibratório com outro que é relativamente evoluído nesse ponto. O ponto em comum é o ponto na consciência ou ponto da faculdade que uma procura cumprir; ambos caminham de mãos dadas no cumprimento dessa particular aspiração. O “ponto de dissimilaridade” ´w o contraste entre o cumprimento relativo de um e o descumprimento relativo do outro. O primeiro irradia para o último; este absorve do primeiro. Por conseguinte, e uma vez que o relativamente maduro deve dar e o relativamente imaturo deve receber, cada um serve para proporcionar o avanço do outro.
O Incognoscível não tem fraternidade com nenhuma outra coisa; Ele é o Uno, o Tudo o que é., mas o que poderia ser chamado de “energia essencial” é a essência bi-una, a polaridade. Na polaridade encontra-se a oitava arquimacrocósmica da fraternidade; sua bi-unidade (dualidade na unidade) manifesta-se como:
1) Vontade: positiva, projetante, impregnante, masculina, macho.
2) Imaginação: negativa, magnética, receptiva, reagente, feminina, fêmea.
A interação desta bi-unidade torna possível toda função criadora e epigenética em todas as oitavas e ciclos por todas as identidades específicas. O significado do número dois pode dar muito o que pensar. Ele não é realmente “dois uns”: na realidade é a exteriorização dos potenciais de polaridade do um. Se polaridade é a “energia essencial” bi-una do Cosmos (a vida interna da unidade), então o dois é o arqui-símbolo da difusão dos potenciais da polaridade. A “Humanidade” é um aspecto da unidade porque é um arquétipo; a dualidade deste arquétipo é a “difusão” a que chamamos homem e mulher. Sexo (macho ou fêmea) é a representação física da bi-unidade; gênero (masculino e feminino) é a difusão bi-uno do gênero; o masculino deste atributo é a expressividade, o feminino é a reatividade. Estas duas palavras, por sua vez, compões o que poderia ser chamado de “atributo de aptidão para experiências” e experiência é, humanamente falando, Epigênese – o desenvolvimento evolutivo de potenciais. As quatro palavras (dois e dois) macho, fêmea, masculino e feminino são os pontos estruturais de nosso ser epigenético; pela nossa consciência delas, nós identificamos a nós mesmos e aos outros com0o fatores na família humana arquetípica, e por elas manifesta-se nossa consciência individualizada de todo possível padrão de relacionamento humano, contanto que pertençamos ao arquétipo “humanidade”. O propósito de nossa evolução é o cumprimento perfeito de consciência por meio das experiências como fatores de relacionamento.
No sentido absoluto, toda manifestação no Cosmos tem fraternidade com cada uma e todas as outras, porquanto todas são “filhas do Incognoscível”. Se escolhemos fazer o esforço, possivelmente nós humanos poderíamos experimentar um sentimento de fraternidade com os habitantes dos Planetas de outros Sistemas Solares assim como com os do nosso próprio sistema. Podemos, contudo, por analogia, perceber intelectualmente a fraternidade das oitavas superiores da Vida considerando a inter-fraternidade das fontes criadoras em ordem descendente até a identidade a que chamamos “Logos Solar”. Isto representa o aspecto exotérico do relacionamento fraternal arquetípico – o paralelismo por identidade através da similitude do atributo criador. Em ordem descendente, denominaremos as fraternidades de: Logos arquigalácticos, Logos galácticos, Logos Solares, regentes Planetários, regentes dos Satélites e, em termos terreno, os membros de cada onda de vida específica, cada arquétipo, cada espécie de cada arquétipo. A fraternidade dos mamíferos, por exemplo, inclui todos os humanos, gatos, baleias, roedores, etc., mas cada uma dessas espécies é em si mesma uma fraternidade. Existem também duas fraternidades em cada arquétipo, a dos machos e a das fêmeas. Este aspecto exotérico de fraternidade refere-se à forma, identidade, padrão de estrutura, padrão de instinto, e potencial criador ou epigenético. E o “quem e o que” da fraternidade manifestada. Dilate um pouco sua mente para considerar este “agrupamento fraternal” das formas de Vida.
O aspecto esotérico de fraternidade tem a ver com a inter-relação por paralelismo do desenvolvimento evolutivo à fonte criadora – em nosso caso, nosso Logos Solar. Como habitantes da Terra, nós somos fraternais aos habitantes de todos os Planetas do nosso Sistema Solar – todos derivam da mesma fonte criadora. Em sentido mais condensado, nós (como o mais elevado desenvolvimento epigenético nesse Planeta) temos uma fraternidade mais intima com o mais elevado desenvolvimento de cada um dos outros Planetas do nosso Sistema Solar. Outra condensação subjetiva: nós, neste Planeta, somos muito mais intimamente fraternais com todos os outros cujos cumprimentos e descumprimentos de identidade são semelhantes (paralelos) aos nossos. Esta fraternidade transcende em significado todas as outras que se referem ao sexo, raça, nacionalidade, etc. É uma fraternidade das oitavas de consciência, e todos os membros de fraternidades de almas magnetizam-se entre si por meio da atração entre suas similaridades e dissimilaridades para desenvolvimento epigenético. Todos os músicos, por exemplo, do mais primitivo ao mais culto, são fraternais entre si porque todos os que pertencem a esta fraternidade têm em comum a similaridade da expressão estética – não importa o grau de diferença na esfera deles. A arquifraternidade dos operários tem sua difusão bi-una no empregador e no empregado, mas todos os membros de ambas as classificações (em geral ou especificamente) são paralelos entre si no tipo de serviço que prestam ao progresso da vida humana. Esta fraternidade, pouco evoluída, vive congestionada no conceito de que “o motivo para se trabalhar é o dinheiro”; na condição de evoluída, seu conceito é que “o dinheiro é uma avaliação externa e uma expressão de intercâmbio entre as pessoas – e que o serviço amoroso é o ideal a ser realizado”. Em cada fator da experiência humana um princípio une as pessoas em grupos pelo inter-relacionamento – o princípio do “interno” da atividade do trabalho; a ação externa é o meio pelo qual a realização do princípio evolui. Cada princípio de vida abriga ou protege (como o faz o Grão-Mestre de uma loja ou organização espiritual) toda fraternidade humana em que ou através da qual a realização da verdade é destilada.
Considerando, portanto a natureza da fraternidade damo-nos conta claramente do fato de que aquilo que chamamos “entidade” é uma designação do nosso sentimento acerca de alguém; não é, nem pode ser jamais, a designação de uma identidade específica. Os sentimentos de entidade são congestões da consciência de amor, congestões dos poderes epigenético, etc., que sentimos quando nossos descumprimentos são estimulados pela vibração de outro. Nenhuma parte do horóscopo humano representa uma delineação de “inimigos, declarados ou secretos”, porque nenhum ser humano é “inimigo” de qualquer outro. As partes do horóscopo que nos ensinaram a delinear deste modo (filosoficamente falso) são aqueles que, quando estimulados por pontos semelhantes na Carta de outrem, levam-nos a dar-nos conta de nossos sentimentos de culpa, frustração e insegurança. Até nos conscientizamos de nosso paralelismo com a pessoa, nós identificamos estes sentimentos por palavras tais como ódio, medo, antipatia, desgosto, etc. Dizemos então, que odiamos, tememos, detestamos a pessoa. Isto não é realmente verdadeiro; nós odiamos nossa ignorância, nossas congestões e nossos falsos ideais; não odiamos pessoas. No momento em que nos cientificamos da verdade de que algo nessa pessoa corre paralelo a algo em nós, começamos a vislumbrar nossa fraternidade (união) com ela; algo em nossa consciência que deseja (aspira) se descristalizar e evoluir, imediatamente começa a atuar nesse ponto para nos conscientizar de nosso paralelismo regenerado com tal pessoa. Um exemplo de misericórdia na vida, nada menos. Na opinião do autor, dada em um artigo anterior, as intensas congestões resumidas pelo Signo Fixo Escorpião, regido por Plutão, encontram sua arqui-descristalização no Signo Gêmeos – porque este Signo é o símbolo astrológico da essência da consciência de fraternidade.
Tendo em mente que (simbolicamente falando) as linhas retas são abstrações das curvas, considere o fato de que o símbolo deste Signo de Ar e Comum é o único dos doze formando por quatro linhas – duas horizontais e duas verticais. Assim sendo, eles são as abstrações dos quatro semicírculos iniciados pelos pontos estruturais cardeais do Grande Mandala Astrológico. Representa também, sob outra abordagem, a “quadruplicidade” do que é inerente aos diâmetros vertical e horizontal do Grande Mandala – o quádruplo composto de gênero-sexo da família humana arquetípica: duplo Gerador, duplo Gerado – macho e fêmea, ambos como expressores e como reatores. Isto retrata a essência do paralelismo entre pais e filhos no sentido de que todos os pais já foram filhos e de que todos os filhos têm o potencial epigenético de se tornarem pais, ou “dadores de vida”. Portanto representa o paralelismo de todas as manifestações porque todos os criadores foram epigenitores e todos os epigenitores têm os potenciais para se tornarem criadores. Para o epigenitor o criador é “irmão mais velho”; para o criador o epigenitor é “irmão mais novo”. Aquele que está mais próximo da unidade é o “mais velho” em qualquer arquétipo. Observa-se a fraternidade do casamento na similaridade do poder epigenético do macho e da fêmea humanos sincronizando com a complementação da dissimilaridade da função física. A ação fundida de duas unidades sexuais humanas provê a quádrupla sincronização (expressiva) reativa de macho e fêmea – a fraternidade epigenético da transmissão de vida. Esposo e esposa são “irmão e irmã” no serviço amoroso da paternidade. Pense nisto quando se sentir inclinado a lançar toda a culpa por sua infelicidade matrimonial (se é seu caso) em sua companheira. Talvez você precise lembrar-se da fraternidade que é profunda e intrinsecamente inerente ao relacionamento. Aos que podem estar congestionados por maus sentimentos contra um dos pais: lembram-se de que vocês e seus pais são fraternais por serem membros da mesma família; suas similaridades e dissimilaridades foram o que os atraiu uns aos outros para cumprimento mútuo. Conheça-se estudando e percebendo tais similaridades – vocês não dispõem de melhor fonte de ensino.
Relativamente ao assunto em pauta, a fraternidade do astrólogo, do artista, do sacerdote e do curador envolve a fraternidade dos regeneradores epigenético. Em relação à fonte, estes são representados pela cruz mutável – os difusores dos canais de sabedoria e poder regenerador. E como tais eles são, neste plano, os “irmãozinhos de Deus”. Mas em relação aos ignorantes, congestionados, cristalizados, etc., eles são representados pela cruz fixa, iniciada pelo Signo de Fogo Leão, um símbolo daquilo que corresponde à nossa Fonte Criadora, a “humanização da Divindade”. Os inspirados Irradiadores de Poder neste plano são os “reis da Terra”; embora Capricórnio-Câncer represente abstratamente o princípio da “paternidade das formas”, Leão-Aquário representa o princípio da “paternidade dos Espíritos”, pois é por este diâmetro que o poder criador solar libera-se através desta manifestação (dizem os ensinamentos ocultos que nosso Sistema Solar teve seu começo – ou iniciou sua manifestação – quando o Sol por precessão estava no Signo de Leão, o Signo da fonte irradiante). Touro-Escorpião é o aspecto desejo da faculdade criadora, e é o símbolo bipolar de nossa qualidade criadora como epigenitores. Leão-Aquário, contudo, é a Fonte do poder epigenético – é o atributo amor em que, e por meio do qual, encontramos nosso Centro Divino. Antes de haver o sexo havia o amor, e a fraternidade dos regeneradores é a que revitaliza a consciência espiritual XXX a partir de suas liberações da mescla do poder Sol-Urano. Como tais, os regeneradores são nossos irmãos e irmãs mais velhos e fraternais com nossos Espíritos, do mesmo modo que nossos pais e mães o são para nossa expressão como corpos neste plano.
Os grandes Regeneradores deste Planeta podem parecer, e às vezes parecem, deuses para os menos evoluídos. Eles conhecem sua fonte de poder e têm destilado a sabedoria para irradiar esse poder consoante os princípios do cumprimento. Possuem extensões de nossos próprios atributos que os fazem assemelharem-se a super-homens. Tornam patente nossa Idealidade Interna, a de nós próprios como individualizações de nosso conceito de Deus. Suas irradiações de poder como iluminação por sabedoria, amor, beleza e cura alcançam o mais íntimo do melhor de nós mesmos – eles acendem um fragmento do Eu que habita eternamente dentro de cada um de nós; em consequência, por seus serviços alcançamos uma percepção de nossa divindade inerente – experimentamos uma transfiguração de consciência que nos faz parecer habitantes de um mundo celestial. Porque é de nossa natureza personalizar nossas reações e sentimentos, dizemos que amamos a estas pessoas: amamo-las sim, mas o que realmente queremos significar com isto é que, como resposta à sua ignição de nossa consciência, nós percebemos, mais claramente que nunca, esse amor que é Deus, a glória transcendente, transfiguradora, transformadora, a qual é nossa sintonia – ao menos por pouco tempo – com aquilo que nossas vidas realmente devem ser. É parte implícita de nosso serviço como humanos manter viva essa “magia” e, através de sua regeneração de nossa consciência, irradiar a inspiração, a alegria e o amor, que cura aos de nosso círculo imediato de relações e conhecidos. Nós também podemos ser “canais” para os poderes mágicos do Bem, cada um do seu próprio modo e de acordo com seu desenvolvimento e aspiração.
Lembremo-nos de que (embora semelhantes a deuses) mesmo os mais evoluídos desta Fraternidade de Regeneradores são humanos neste plano, E é perfeitamente possível que cada ou qualquer um deles possa congestionar-se em algum fator específico de sua consciência pessoal. Ainda que devotados e relevantes, devemos fazer concessões, até mesmo aos mais profundamente amados, a que eles próprios como indivíduos cometam seus “erros humanos” e exercem o direito de aprender dos resultados desses erros. Quando amamos ao ponto de sermos sinceramente gratos pelos serviços inspiradores prestados, e liberamos as dores da desilusão e do desapontamento por os nossos “mais velhos” revelarem ter pés de barro, nós elevamos e purificamos a qualidade de nossa resposta vibratória e, liberando-as das congestões pessoais, lhes possibilitamos ficarem livres para regenerarem e curarem a si próprios. A “liberação” que oferecemos na forma de devoção amorosa verdadeira é a essência daquilo que eles têm visado ensinar-nos; evolução regeneradora é o processo de libertar-se das congestões, e, quer seja por meio de resposta às artes, ao ensino religioso ou filosófico aos meios de cura, ou por coisas semelhantes, nós experimentamos liberação em toda resposta a agentes regeneradores. O regenerador que se congestiona no falso orgulho, na ânsia por aplausos e aclamações, na cristalização intelectual, enfraquecendo suas forças irradiantes ao usá-las como um substituto para a frustração pessoal e não para o serviço amoroso, está simplesmente reagindo com algo em seu ser que se refere à sua parte “ainda humana”. O astrólogo, o sacerdote, o artista e o curador podem deparar (e deparam) com estes pontos em suas experiências; a tendência de permitirem aos desapontamentos pessoais tirarem-nos de linha, a tentação de se congestionarem no auto isolamento, na obstinação e no preconceito, os desafios do mundo material das finanças e dos meios materiais, etc., são todos, para os membros desta fraternidade, pontos críticos de experiência; muito depende deles – tanto há que ser enfrentado – para que esse clareamento de canais e força irradiante possa ser mantido. O astrólogo deve buscar sempre as verdades da vida tal como são representadas em sua Carta; ele não pode realmente perceber os valores totais na Carta de outrem a menos que deseje ver os seus próprios com desprendimento e discernimento. Esta é a primeira de suas responsabilidades ocultas; da qualidade de sua determinação para cumpri-la enquanto avança pela vida dependerá a qualidade do seu serviço amoroso e sábio aos outros.
Concluindo, um pensamento fraternal a todos os regeneradores que escolheram o caminho da orientação astrológica: que a flor do lótus de sua alma desenvolva a perfeição do seu branco e dourado nas águas serenas da ilimitada e verdadeira simpatia; que a rosa vermelha do amor e da coragem inspiradora floresça na Cruz de suas identidades e a glorifique.
A polaridade de nossas ações físicas é um estudo muito fascinante. Por exemplo: na COMUNICAÇÃO: o masculino fala; o feminino ouve; na INSTRUÇÃO: o masculino ensina; o feminino aprende; na NUTRIÇÃO: o masculino mastiga e engoli; o feminino digeri e assimila; no SER FÍSICO: o masculino é ação e expressão conscientes; o feminino, reação e reflexo. E assim por diante. No primeiro desses mostramos as qualidades e atributos de nossa polaridade projetora, o segundo mostra nossos níveis reativos e subconscientes de ser humano. A consciência espiritualizada tem “regozijo” como polaridade masculina, e “felicidade” como a feminina, polaridade reativa. “Felicidade” é aquilo que resulta, como reação, das ações e expressões jubilosos. “Regozijo” é a qualidade do Espírito que impele nossas expressões de Amor e Sabedoria.
Isso pode ser colocado deste modo: nós nos movemos por meio da experiência no regozijo da felicidade para a felicidade. A experiência é, naturalmente, a sequência de nossas ações e reações através das nossas encarnações. O regozijo não é diferente da “faculdade” – ela é um poder da consciência. O que chamamos de “dor” é uma reação a algo estabelecido pelo “descontentamento” – expressões de energias congestionadas no desejo negativo e na ignorância. A “dor” (como uma qualidade de nossa faculdade reativa) pode ser chamada de “gestação e dores de parto da felicidade” – é a felicidade “gritando para ser reconhecida”.
Na simbologia astrológica o Aspecto Sextil é o mecanismo que transfere o “potencial da dor” para o “potencial de felicidade”. Quando um ser humano exercita regozijamente os poderes dos seus Sextis, ele está transferindo mais rapidamente suas energias congestionadas para aquilo que se registrará da próxima vez – ou em futura encarnação – como Trígono. Os Aspectos de Trígonos são padronizações de consciência que registram os resultados de exercícios espiritualizantes anteriores, e são “contas bancárias” para uma futura e maior exercitação espiritual. Todo Astro, como um “órgão no corpo vibratório” é, em potencial, uma liberação da consciência de regozijo, pois cada Astro, como um “focalizador” de um Signo zodiacal, é um “ponto distribuidor” das expressões do espírito. Cada Astro em determinada Carta deve ser entendido desse modo, a fim de que o leitor e intérprete astrológico possa determinar, intuitivamente, as espiritualizações que as necessidades evolutivas da pessoa requerem dela nessa encarnação.
Utilizemos os mandalas para esclarecer esse pensamento: trace dois círculos. Ponha em um deles os grandes Trígonos entrelaçados representando os pontos de cúspide dos Signos de Fogo e de Ar do Grande Mandala.
Esse desenho começa pela qualidade projetora e dinâmica de Áries no Grande Mandala ou pelo Signo Ascendente do horóscopo natal. Esse é o mandala do regozijo humano, para machos e fêmeas; é o potencial de todo ser humano para expressar, pela identidade, como um “filho do Deus Pai-Mãe”, as irradiações de Amor e Sabedoria. Qualquer Signo pode ser o Ascendente, portanto qualquer Astro pode ser o focalizador vibratório dessa energia espiritualizada.
No segundo círculo, coloquem os grandes Trígonos entrelaçados correspondentes aos Signos da Terra e de Água.
Esse desenho é a faculdade de ambos, macho e fêmea, reagirem às expressões espiritualizadas partindo de recursos de uma consciência espiritualizada. É o mandala da felicidade – a faculdade de reagir e realizar em termos das oitavas superiores de consciência. Em virtude da vertical (Capricórnio-Câncer) ser a linha dos ancestrais fica demonstrado que o ser humano reage com felicidade naquilo que ele mesmo construiu (“propiciou”) pelas expressões de sua própria consciência. A “verticalidade” é reproduzida no mandala Fogo-Ar nas linhas Leão-Sagitário e Aquário-Gêmeos. Essas linhas verticais “encerram” ou “padronizam” a dupla “irradiação” de Fogo e Ar Cardeais para Fogo e Ar Fixos e Comuns.
Interpretado: a IDENTIDADE (macho expressivo e fêmea expressiva) irradiando poder Divino como amor e como sabedoria. Esses dois Trígonos dinâmicos simbolizam a polaridade expressiva das mais altas oitavas da consciência humana individualizada; representam, abstratamente, as “sínteses das virtudes na expressão”. A horizontal do mandala Fogo-Ar é reproduzida nos Trígonos do Terra-Água pelas linhas Touro-Virgem e Escorpião-Peixes. Uma vez que a horizontal Áries-Libra, em relação a Capricórnio-Câncer, simboliza “aquilo que é gerado”, as horizontais dos Trígonos Terra-Água “padronizam” as irradiações para os Fixos e Comuns a partir dos dois pontos Cardeais da linhagem. O horizontal Touro-Virgem é a base do símbolo que usamos na astrologia para o Aspecto Trígono. Dos quatro triângulos, esse é o mais perfeitamente estático – e o que simboliza os resultados mais perfeitamente.
Um estudo dos três Signos da triplicidade de Terra nos revela que esse Trígono é gerado (iniciado) pelo Signo de Capricórnio, o qual, esotericamente falando, é o poder de assumir e cumprir responsabilidades – o emblema da consciência humana amadurecida. Esse ponto inicial é o ponto de exaltação de Marte: a expressão autodirigida e o controle autoiniciado da potência da energia. A irradiação de Capricórnio a Touro, Fixo-Terra e Signo da quinta Casa de Capricórnio, “conecta” ou “canaliza” o princípio e poder do cumprimento da responsabilidade ao princípio administrativo e intercâmbios equilibrados. Touro é regido por Vênus, o princípio do equilíbrio, e neste Signo está o ponto de exaltação da polaridade astral de Capricórnio – a Lua, Regente de Câncer.
Touro, além disso, é o Signo da décima primeira Casa de Câncer da Lua, e a liberação do gerado para seus cumprimentos individualizados é a Iniciação por meio do princípio administrativo. A segunda “irradiação” de Capricórnio é para Virgem, abstraindo dois terços do círculo representados pelo arco que vai de Capricórnio a Virgem passando por Touro. Virgem é a dignidade de Terra de Mercúrio, e é a oitava de sabedoria (Signo da nona Casa) do poder do cumprimento da responsabilidade de Capricórnio. Essa responsabilidade, canalizada por meio do poder de Mercúrio, é aquela de pôr em uso reto e serviço correto, aquilo que foi aprendido. A Dignificação[23] de Ar de Mercúrio é Gêmeos, a polaridade feminina do diâmetro da educação (Sagitário-Gêmeos) e, como tal, é o princípio do Aprendizado, da “inalação do conhecimento” e da “resposta ao estímulo do saber interno”. Conforme falamos, o autor está convicto de que Mercúrio, como Regente de Virgem, está Exaltado no Signo de Ar-Fixo de Aquário, a oitava do amor da triplicidade do Ar iniciada por Libra, Signo Cardeal e de Ar regido por Vênus. Como tal, a consciência de fraternidade da triplicidade de Ar está correlacionada e sintetizada com a triplicidade de Terra, quanto à responsabilidade espiritual para cumprir os relacionamentos humanos por meio do poder do amor como “fraternidade”, a essência do regozijo no relacionamento humano e o sumário das mais elevadas aspirações do coração do ser humano.
Nesse estudo estamos lidando com a astrologia de seres humanos enquanto estão encarnados – “consciência fundida com o universo material”. Usamos o triângulo baseado horizontalmente como nosso arquissímbolo da consciência humana espiritualizada, porque é aqui nesse plano que percebemos as exteriorizações de nossos esforços alquímicos do passado e temos a responsabilidade de expressá-los ainda mais no relacionamento com nosso semelhante. Entretanto, na representação da triplicidade de Terra está implicada a triplicidade de Fogo – assim como Capricórnio, ou qualquer outro Signo da cúspide, está implicado nos potenciais do Ascendente abstrato, Áries. A triplicidade de Fogo foi expressa, em certa medida; a triplicidade de Terra é a destilação resultante na consciência e nas condições externas de Capricórnio, como um Signo de Exaltação, tem inerente os poderes de Marte amadurecidos pela “associação” com os poderes de Saturno.
O Aspecto Trígono entre dois Astros implica a condição de um grande Trígono em formação. Todos os grandes Trígonos são “altas marcas d’água evolutivas”, pois três pontos de um elemento (Fogo, Terra, Ar e Água) são padronizados ou “estruturados” como resultado de expressões regeneradas anteriormente. Um Trígono entre dois Astros é (por analogia) a nota de cem por cento em sua folha de exame para determinada matéria durante o período escolar; um grande Trígono é a nota de cem por cento em seu exame final e que o qualifica para a promoção com honras. A implicação é que, havendo destilado o grande Trígono, você está qualificado para expressar aqueles poderes, não apenas para “gozar a promoção com honras”. Qualquer Carta que apresente um grande Trígono mostra o pábulo espiritual para ser usado na regeneração de congestões no Mapa. É por isso que alguns astrólogos dizem: “Não gosto de ver um grande Trígono numa Carta; a pessoa sempre tenta considerar as coisas demasiadamente fáceis – e por isso não se esforça”. Isso só acontece porque a pessoa (representada pela Carta) ainda não aprendeu que os estados de desenvolvimento são poderes que precisam ser usados. Qualquer um que apenas desfrute de seu grande Trígono e ignore as medidas corretivas é como aquele que se gradua com distinção, mas não aplica aquilo que aprendeu quando ingressa nos negócios ou na vida profissional – vivem simplesmente “vangloriando-se de suas notas altas”. Os Trígonos e grandes Trígonos não implicam em maestria – somente maestria relativa em termos do status evolutivo. O horóscopo de um habitante das selvas de Bornéu[24] poderia registrar um Trígono, mas isso significaria somente que a pessoa possuiria uma qualidade superior em comparação com os outros silvícolas. Aqui se aplica os princípios básicos sem consideração à identidade externa, mas algum conhecimento dessa identidade ajuda o astrólogo a interpretar a qualidade evolutiva dos Aspectos Trígonos.
Os Astros, em relação um ao outro, ou são “Dignificados” ou “dispositados”. Se eles estão Dignificados, eles se encontram nos Signos que regem; se eles estão dispositados, eles se encontram nos Signos regidos por outros Astros. Um Astro Dignificado que esteja em Trígono (quer o “simples” ou o “grande”) nos indica que a pessoa terá, nessa encarnação, uma grande variedade de experiências nas coisas a que o Astro se refere. Um Astro Dignificado está em um Signo na primeira Casa; sua “condição de Trígono” informa que nesta encarnação a pessoa vai expressar, dinamicamente, um resíduo profundo de poderes destilados em muitas encarnações passadas. Ela, no que tange a esse Astro, “retornou às suas bases após uma excursão pelo Zodíaco”, estando agora qualificada, pela indicação do Trígono, a irradiar com grande efeito – e para um grande bem – em termos dos princípios do Astro. Tal pessoa estará provida de muitos objetivos, na direção dos quais pode “irradiar”, bem como de muitos “meios reflexivos”, por reação aos quais poderá desfrutar a realização dos resultados de suas expressões espiritualizadas passadas. Um Astro Dignificado que esteja sob um grande Trígono é um dos fatores mais importantes a estudar na Carta. Tal Astro e um “arquipoder” para ajuste regenerador da roda inteira. Um Astro Exaltado sob grande Trígono representa a máxima expressão astral na astrologia humana. Tal posição indica frutificação de Iniciação espiritual no passado; um Astro exaltado e sob Trígono simples indica o mesmo, mas em uma oitava inferior.
Isso é, no entanto, um poder tremendo que, se expresso correta e progressivamente, faz a pessoa aparecer no mundo dos outros humanos como uma personificação da luz branca. Os Astros Dignificados e Exaltados (com Trígonos e grandes Trígonos) representam, geralmente, uma notável amplitude nas circunstâncias externas, porque esses padrões e poderes representam nossa consciência da infinitude do poder e do amor de Deus. Portanto, uma certa abundância de bem pode ser percebida nas circunstâncias externas. Outro “padrão de Trígono”, que é merecedor de muito estudo, é o do posicionamento de Astros em seus próprios Signos da quinta e nona Casa. Chamemos de “um” o Signo da Dignificação do Astro, e em cada caso conte em volta da roda no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio (ou no sentido zodiacal) e verifique se quaisquer dos seus Astros estão assim posicionados em relação aos seus Signos de Dignificação. O autor crê que todos os Astros assim posicionados, não importa a colocação dos Signos ou os Aspectos astrais, tem um certo significado espiritual especializado, pois na “excursão zodiacal” do Astro ele alcançou aqueles “pontos” que representam os momentos de expressar seus princípios em termos de poder do amor e poder da sabedoria. Exercite muita elasticidade utilizando a abordagem das palavras-chaves nesse estudo. É complicado, mas cedo ou tarde a intuição deve entrar para se encarregar daquilo que o intelecto não pode alcançar. O uso de mandalas simplificadas é uma técnica esclarecedora que torna possível ao seu intelecto e intuição focalizar nos pontos específicos.
Clarificando sua percepção das diferenças básicas entre as palavras “regozijo” e “felicidade” o resultado é uma elastização de sua abordagem aos Aspectos de Trígono que produzem resultados notáveis. Assim como o nascimento no plano físico marca uma culminação (do processo de gestação), do mesmo modo ele marca o início da encarnação com suas possibilidades de crescimento, expressão e realização. Podíamos falar do regozijo da união amorosa (expressão mútua) e da felicidade experimentada pelos pais quando seus filhos nascem normais e saudáveis; ou do regozijo dos exercícios e treinamento musical e da felicidade pelo êxito do primeiro recital. E assim por diante – há muitos exemplos semelhantes que podem ser considerados como representativos do Aspecto Trígono exteriorizando em termos de registro ativo e passivo.
Assim, pois, o regozijo cria a felicidade. Mesmo o esforço intensivo, a luta, a agonia da Mente e da Alma, e todos esses estados de grande emoção podem gerar, basicamente, intensas sensações de alegria. É o regozijo que nos faz cumprirmos o que nos é exigido a despeito de todos os aparentes obstáculos externos ou internos. No regozijo nós vitalizamos nossas expressões com o máximo do nosso: poder de amor, poder da devoção, poder da fidelidade, poder do melhoramento, poder da harmonia, poder da estética, poder da simpatia, poder da inteligência, poder físico, etc. Os grandes seres humanos desse mundo, a despeito de quão “infelizes” nos pareçam suas vidas, são basicamente intensos em suas sensações de alegria, porque os Poderes Divinos do Amor e da Sabedoria são canalizados por meio deles. Seus “elementos pessoais” podem registrar descumprimento de muitos modos, mas as pessoas VERDADEIRAMENTE GRANDES são muito mais que “apenas gente com lares, esposas, maridos e cargos”. Eles, e o que fazem para expressar suas consciências, são atitudes do divino para esse plano – os grandes terapeutas, artistas, escritores, professores, humanistas, todos testificam do invencível poder do regozijo para se cumprir a realização dos ideais. Eles não pensam na vida em termos de “alguma coisa para ser regozijada”, no caminho fácil como a maioria de nós pensa. Eles abordam a vida como sua oportunidade para expressar ao máximo o mais elevado e melhor que existe neles – para cumprirem seus padrões especializados da lei e do progresso evolutivos.
Os “que não expressam regozijo” são mental e emocionalmente apáticos, desatentos, indiferentes, desleixados; eles existem ema ações cujas respostas para as coisas estão em si mesmos onde, a maior parte, não compreendem. Os que expressam o regozijo são conscientes – profundamente conscientes – e, naturalmente, objetivos; expressam seus recursos e cumprem seus objetivos com um foco de poder, inteligência e devoção que os qualifica a mudar o rumo da evolução humana para cima e para frente. Em qualquer época existem relativamente poucos gênios encarnados, mas todo ser humano pode aprender a viver regozijamente, no sentido de que todos que querem sê-lo podem se tornar mais claramente cônscios de sua identidade divina e de seus recursos divinos. Quando consideramos a nós mesmos como “vermes aos olhos de Deus” é que nos separamos de nossa identidade de “Seres em regozijo”. Em verdade nós somos “centelhas da chama de Deus”, e os atributos da centelha são luz, calor e movimento para cima.
Reconhecer que qualquer Astro pode ser o Regente de um horóscopo e que todo Signo tem seu lugar no símbolo do Trígono nos ajuda a conhecer que nenhum ser humano está excluído do privilégio de viver regozijamente. A velha “imagem” de que “a miséria é nosso fardo” só é verdadeira quando nos expressamos miseravelmente, limitada, temerosa e congestionamente, sem reconhecer os potenciais divinos e os objetivos espirituais. Toda ação que executamos, toda reação que experimentamos, toda expressão emocional e todo pensamento que alimentamos tem uma qualificação vibratória particular, e isso significa que todas essas coisas podem ser traduzidas em oitavas superiores de regozijos na expressão e felicidade na reação, se escolhemos fazê-las assim.
O Signo de Leão, regido pelo Sol e como Signo da quinta Casa do Grande Mandala, será utilizado nessa exposição como o arquétipo da consciência do regozijo. Quando uma percepção mais clara de nossa identidade solar e poderes solares se revela gradativamente, por meio de uma alquimia em andamento, reconhecemos uma maior amplitude de capacidades e objetivos. Nosso Pai Solar é a Fonte de TUDO o que somos, temos ou podemos alcançar em nossa condição de humanos, e a percepção de nossa unidade com essa Fonte nos alinha, em consciência, com a presença e disponibilidade da abundância solar em todos os planos. Uma pessoa de coração verdadeiramente regozijado é assim porque se dá conta, até certo ponto, da disponibilidade dessa abundância – ela está relativamente livre dos receios constritores que, na maioria de nós, minimiza a quantidade e qualidade das nossas expressões e reações enquanto atravessamos uma encarnação. Pelo exercício da consciência Solar se pratica o autoconhecimento e a auto-orientação, que são as raízes de toda segurança; os resultados são estudados e os erros aprendidos, e isto é a essência de toda verdadeira educação. A expressão da consciência Solar significa uma maior amplitude do dar, que é o contrário ao instinto natural de “receber” da pessoa limitada e insegura. Com a neutralização dessas limitações e inseguranças, a consciência de amor floresce como a rosa vermelha em seu ramo – a percepção do bem essencial, nos outros seres humanos, toma cada vez mais o lugar do preconceito, da represália, do ciúme e do medo. O tempo é percebido como um “aliado” e não como uma limitação; as responsabilidades legítimas são vistas como canais para o amadurecimento e não como fardos pesados e degradantes. Todos os poderes astrais são derivados do Poder Solar; consideremos cada um por sua vez como um canal – singularmente qualificado – para a expressão do regozijo.
MARTE – Regente de Áries: regozijo como ação física e desenvolvimento físico; o regozijo de enfrentar desafios internos e externos com coragem; a boa esportividade pela qual o instinto de competição serve para estimular mais e melhores esforços; o regozijo da infância – o interesse e a consequente atitude para as “coisas novas”; o regozijo do pioneirismo e de “entalhar novos caminhos”; em uma consciência mais elevada esse regozijo é a coragem moral dos poderes dinâmicos expressos por meio da integridade pessoal para assegurar o direito, tal como é entendido pelos indivíduos; é esta qualidade no aspirante que o capacita a “enfrentar o inimigo em si mesmo” e a vencer este “inimigo” por meio de uma vida regenerada; é o instinto de autopreservação convertido no “regozijo de proteger os seres amados, um trabalho amado ou ideais amados”; é a coragem como um canal para expressão do amor.
VÊNUS – Regente de Touro: regozijo como o senso de “identificação com a natureza”; a autoexpressão em termos de satisfazer as próprias necessidades físicas por meio de intercâmbios corretos com a natureza e com as outras pessoas; amor pelas coisas da terra, cultivo da vida vegetal por sua utilidade e beleza; o uso correto dos serviços da vida animal; o regozijo como a expressão da boa-vontade nos negócios financeiros – expressar o coração por meios financeiros; a devoção ao princípio da reta administração em todos os planos e de tal maneira que o equilíbrio seja mantido; o regozijo como forma de expressão pelas quais nossas contribuições aos aspectos físicos da vida humana são feitos em termos de valores e padrões estéticos.
MERCÚRIO – Regente de Gêmeos: regozijo como o exercício de uma Mente aberta nas funções do aprendizado; o regozijo da comunicação pela palavra escrita e falada; os intercâmbios de pensamentos e ideias pela fraternidade das línguas em que as Mentes se unem na mutualidade e as diferenças externas são minimizadas; o regozijo em expressar aquilo que foi aprendido pelo estudo da Lei de Causa e Efeito – base de toda educação espiritualizada; as ações baseadas na resposta para todas as oportunidades de aprender – exotérica ou esotericamente; a arquioitava dessa vibração é o regozijo da comunicação, que é fraternidade ativada.
LUA – Regente de Câncer: regozijo como qualidade do coração que nos impele a expressarmos em termos de nutrição, conforto e proteção; esse regozijo é baseado primitivamente no autossacrifício – a “alimentação da vida pela renúncia do ‘eu’”; é o regozijo do amor materno, e em sua qualidade se vê o regozijo arquetípico de dar; as verdadeiras dádivas, nutrição e proteção dependem de uma sintonia simpática com as verdades, e o regozijo da dádiva sacrificial é elevado a níveis cada vez mais altos, quando se exerce o discernimento de tal modo que o bem dos outros é o que nos leva a alimentá-los. Simpatizar com as verdadeiras necessidades de outrem estimula as nossas melhores expressões por meio desse regozijo – quando, então, nós somos alertados das nossas capacidades máximas de prover certo grau de satisfação para a necessidade que se apresenta. O sacrifício – em qualquer nível – que se faz em resposta à compulsão pode ser notavelmente completo, mas verdadeiramente regozijado é o sacrifício voluntário, de iniciativa própria, porque tal expressão se baseia na integridade. Essa vibração é a base essencial de toda contribuição em alimentos para o bem-estar e progresso da família, nacional e internacional. Aqueles que dão à raça pela raça muitas vezes são crucificados por suas dádivas, mas para o coração regozijado e “possível oportunidade de crucificação” não diminui a qualidade da contribuição oferecida.
SOL – Regente de Leão: regozijo da irradiação pura, sem mácula, do poder do Amor, não importa a resposta ou retribuição; administração do poder em termos de equidade e honra; esse é o verdadeiro regozijo da hospitalidade, que se expressa por meio daquilo que foi estabelecido em Câncer; a qualidade particular do regozijo é o que caracteriza todos os grandes comediantes – cujas expressões de talento habilita-nos a reagir com risadas e consequente alívio de tensões. Leão é, essencialmente, regozijo como ampliação, de qualquer tipo, da expressão.
MERCÚRIO – Regente de Virgem: regozijo como utilização daquilo que foi aprendido; tais expressões resultam em serviço verdadeiro – exercício do conhecimento com discernimento. Por meio de Virgem começamos a “tocar o impessoal”, porque ele é a modulação dos seis Signos inferiores para os seis superiores do Grande Mandala. Ele é o regozijo de se fazer o trabalho de que se gosta e é também o regozijo de se amar aos colegas de trabalho – quer sejam patrões, companheiros ou empregados; essas pessoas são fraternais a nós de modo especial e impessoal. Virgem é o regozijo do treinamento especializado físico, mental e psicológico que nos prepara para o cumprimento relativamente perfeito do serviço que escolhemos na vida e para o “entusiasmo total” com que efetuamos esse cumprimento.
VÊNUS – Regente de Libra: regozijo de se expressar a consciência de “nós somos” – extensão, por polaridade, do EU SOU individualizado; o regozijo de aspirar incluir o bem dos outros em nossos planos e as expressões como amplificação dos nossos desejos de realizar nosso bem individual. Esse é o regozijo do intercâmbio amoroso – expressão mútua e reflexo mútuo da percepção do ideal humano; é o nosso regozijo de ser de tal forma que a beleza do arquétipo humano possa, até certo ponto, ser percebido em nós pelos outros, isso para que seus profundos sonhos de beleza possam ser, ao menos relativamente, gratificados. O regozijo de Libra é aquela expressão de poder da alma que chamamos de cooperação; é uma das arquivirtudes, e as pessoas que, com largueza e generosidade, exercitam o poder da cooperação são aquelas para quem o regozijo é um companheiro para a vida toda; a integridade dos corações verdadeiramente bons faz soar uma nota-chave simpática nos corações dos outros com um “poder de soerguimento”. Como resultado, a canção “nós somos” é cantada cada vez mais formosamente.
PLUTÃO – Regente de Escorpião: sem amor e sem beleza a prática geradora é uma compulsão frenética, autocentralizada, mas como uma expressão de amor mútuo ela se torna um regozijo intenso, transfigurante e cooperativo; como tal, ela é uma expressão dinâmica da liberação de profundos recursos de poder vibratório a fim de que os “ideais de parceria”, de cada pessoa envolvida, possam ser mais vividamente realizados; como expressão do amor, é a “Vida dando vida a si mesma” – as duas pessoas implicadas se identificam com o atributo procriador do Cosmos para a geração de novos veículos de vida ou para a geração de consciência de amor mais profunda de um para o outro. Nos planos subjetivos, Escorpião representa as expressões dos mais profundos alcances de potencial e de consciência – as devoções e consagrações mais intensas. É o regozijo do mártir, do devoto e do asceta – de qualquer um em quem os fogos do desejo personalizado foram transmutados em oitavas superiores de amor impessoal. Tal pessoa não é somente o sacerdote – ela é seu próprio altar e sua vida é sua Missa. Suas regenerações são os sacrifícios que oferece, diariamente, para que a vida vá mais para frente e mais para cima. O regozijo de Escorpião é êxtase, pois suas expressões são liberadas a partir de nossas potencias e aspirações mais intensamente comprimidos e focalizados.
JÚPITER – Regente de Sagitário: regozijo de ensinar; esse Planeta é a polaridade de Gêmeos de Mercúrio e, como tal, é a irradiação da sabedoria; sua posição como Signo da nona Casa do Grande Mandala e Signo da quinta Casa de Leão nos diz que todo verdadeiro ensino é uma expressão de amor. O estudante (Mercúrio-Gêmeos), sendo amado, é ensinado; o mestre (Júpiter-Sagitário), sendo amado, ensina. Júpiter significa o regozijo de todo os exercícios, de todas as cerimônias, de todos os rituais e festivais religiosos – a dramatização simbólica que alinha a consciência humana com as percepções mais elevadas dos princípios de vida. Exaltado no Signo da Lua, Câncer, Júpiter representa o regozijo da mais pura iniciativa própria no ato de dar – a verdadeira dádiva, livre de motivos dissimulados. Ele é o regozijo de todas as expressões autênticas pelas quais os miasmas e as distorções da ignorância são dissipados pelo poder do verdadeiro ensinamento; a instrução relativa à existência e natureza da Lei de Causa e Efeito representa o regozijo, na sua mais forma básica, do ensino de Júpiter.
SATURNO – Regente de Capricórnio: regozijo “sem palavras” do legítimo cumprimento de responsabilidade; os poderes de uma consciência amadurecida que capacita o ser humano a funcionar como uma “pedra angular” da família, nação e raça. O regozijo de planejar por meio do exercício da Mente amadurecida e de executar o plano eficiente e completamente, passo a passo, até que se realize. O regozijo de perceber a capacidade para assumir, sem compulsão externa, aquilo que deve ser cumprido. O regozijo de viver na retidão que não “confina nem inibe” – isso amadurece a consciência para o progresso evolutivo. Esse regozijo é profundamente paternal em essência; é o regozijo do pai, em termos humanos – e o do Redentor, nas oitavas superiores da consciência.
URANO – Regente de Aquário: quando o ser humano integrou a sua consciência por meio de muitas encarnações de aderência à Lei Espiritual, o regozijo de Urano brota como regozijo da alma libertada; tal ser “dança onde quer, mas sem pisar nos pés dos outros”. Esse é o regozijo do gênio criador e da profecia; é “Amor que percebe a Alma de outrem” – não é mais “amor que idolatra o corpo”. É o regozijo de toda cooperação impessoal ao grupo – e a irradiação do companheirismo, que é a fraternidade estendida a uma esfera sem limites. É a “criatividade” ou “qualidade de manifestação” pelas quais as belas verdades do arquétipo humano são reconhecidas e compreendidas. Essa vibração é o regozijo da revolta do ser humano contra aquelas coisas, em si mesmo, que o impedem de realizar a verdadeira fraternidade; é o regozijo do exercício alquímico pelo qual as congestões e inibições são liberadas a oitavas de maior expressão; é o regozijo de todas as ressurreições – a “transcendência de todos os túmulos”.
NETUNO – Regente de Peixes: o regozijo da oração dinâmica; o “suspiro de Amor do Eu Superior nos Éteres”; a expansão da consciência que resulta de meditação concentrada e a resultante percepção mais clara dos ideais. O regozijo de toda expressão artística inspirada – particularmente a do músico e a do ator. É o regozijo de se sintonizar na inspiração – e a da mais profunda e mais pura reverência do coração. Em virtude da exaltação de Vênus aqui, esse é o regozijo de se amar a vida e de se amar tudo o que a vida expressa. É esse amor que cria a beleza e o regozijo de se perceber as mais sutis e mais puras belezas perdidas da vida. É a verdadeira percepção por meio da qual todo o inferno é redimido – por meio dela, santos e salvadores curam definitivamente as feridas do Corpo, da Mente e do Espírito. É o regozijo de renunciar ao que “já não é necessário” para “abraçar o que é requerido agora”. É a fé com a qual se dão todos os verdadeiros passos de avanço – uma fé que se torna possível porque o amor à vida revitaliza a consciência e transforma as agitações do medo, ódio e da insegurança, na serenidade da paz e da sabedoria por meio do regozijo.
Do conjunto dos recursos de sua imaginação e de seus conhecimentos, o dramaturgo escolhe aqueles elementos do espectro da personalidade e experiência humanas, que são apropriados à sua concepção de um tema, e organiza tais elementos em forma dramática para serem interpretados por atores, atrizes e todos os demais que atuam em um teatro. Todas as formas de arte são representações destiladas da consciência humana; as obras de arte, como se fossem espelhos, refletem à humanidade representações intensas de si mesma e de suas experiências. O dramaturgo lida com a consciência, com a emoção e com a experiência humana em termos de expressões objetivas da humanidade; os temas dramáticos são apresentados e interpretados por seres humanos em termos de padrões de aparência, personalidade, atividade e relacionamento reconhecíveis objetivamente. Em suas atuações, os atores e atrizes são microcosmos simbólicos da própria humanidade – cada papel representado por um ator ou por uma atriz simboliza um fragmento da consciência humana de identidade e existência nesse plano.
Portanto, nas criações de um verdadeiro gênio como foi Willian Shakespeare[25] (ou quem quer que haja escrito usando tal nome!) uma qualidade multiforme de habilidade e compreensão artística tornou possível as caracterizações dramáticas que refletem o arquétipo humano, localizado por nome, sexo, período e nacionalidade, mas que realmente simboliza padrões universais da natureza e das experiências humanas. Cedo ou tarde todos nós nos encontramos face a face com Hamlet[26], com Cordelia[27], com Otelo[28], com Lady Macbeth[29], com Romeu e Julieta[30] em nós mesmos. Choramos ou rimos em resposta a essas e outras caracterizações, porque algo em nosso profundo conhecimento subconsciente de nós próprios é estimulado, quando vemos uma grande atuação em que se interpretam as concepções criadoras de um dramaturgo genial. Nossa própria existência – passada ou presente – é revista, em certa medida. As velhas lembranças, há muito esquecidas, de sofrimentos e alegrias são despertadas. Nossa consciência (do eu individualizado em muitas encarnações) é despertada outra vez, e aquilo que vemos no palco somos nós mesmos, condensados e focalizados pelos requerimentos dramáticos do tema que está sendo interpretado. Nós somos homem-mulher, somos todas as profissões, todas as nacionalidades, todo tipo de relacionamentos, todas as lutas, todos os fracassos, todos os prazeres e todos os sofrimentos. O dramaturgo, por meio dos princípios estéticos inerentes à arte dramática criativa e os atores, por meio dos princípios estéticos, inerentes a arte dramática interpretativa, reativam nossa consciência de todo o nosso ser, de toda nossa identidade como indivíduos e de todo nosso relacionamento com todos os outros indivíduos.
Estudantes de astrologia: preparem uma cópia do Grande Mandala astrológico, em círculo de doze Casas com Áries no Ascendente, os demais Signos em sequência – trinta graus para cada Casa; o Sol, a Lua e os outros Planetas nos Signos e Casas de sua Dignificação.
Meditem um pouco sobre esse mandala como o retrato composto simbólico da humanidade. É desse desenho e arranjo de símbolos que derivam todos os horóscopos humanos e representa a totalidade daquilo que é interpretado, criativamente ou não em todas as belas artes. É a imagem das identidades e experiências da consciência humana. Agora, sobre a arte dramática em especial, “personalizem” o Sol, a Lua e os Planetas como personagens no Drama da Vida Humana; deixem suas Mentes abarcarem a esfera dessas “personalidades” imaginando cada Astro (focalizador vibratório) em cada um dos Signos zodiacais, em cada uma das Casas ambientais, cada um aspectado (por Conjunção, Sextil, Trígono, Quadratura e Oposição) com todos os outros. Acrescentem os fatores de: ambos os sexos, todas as idades, todas as nacionalidades, todos os períodos históricos, e vocês vislumbrarão o tremendo espectro daquilo que é dar ideias para que o dramaturgo siga em frente com o assunto. Vocês e eu estamos nesse quadro – assim como somos, como temos sido e como seremos, enquanto a nossa identidade for “ser humano”. Agora vocês desempenham o papel que a consciência da vida de cada um criou. Os humanos, em sua vida terrena, são tanto dramaturgos quanto atores – cada um usa sua consciência para interpretar a vida.
A Arte do Teatro, mais diretamente que qualquer outra forma de arte, possibilita estímulos às lágrimas e risos no coração humano. Chorar e rir são duas maneiras pelas quais a vida nos possibilita descristalizar as tensões e congestões do Plexo Celíaco. Em resposta às agonias, sofrimentos, anseios e desesperos projetados na tragédia dramática, somos levados a chorar em memória às nossas próprias agonias e sofrimentos. Em resposta à palhaçadas, sátiras e caricaturas, nossos intelectos são “tomados de comichões” de tal modo que somos levados a gargalhadas incontroláveis diante dos reflexos de nossos despropósitos, constrangimentos e embaraços. Quando assistimos um drama romântico (do tipo final feliz) nós vibramos com emoções intensas, amor profundo, aspirações, esforços e pela percepção de ideais. O propósito oculto do drama trágico é induzir os sentimentos de simpatia por outros seres humanos – não a intensificação da autocompaixão. O da comédia e da sátira é para descristalizar as congestões na ostentação, na autojustificação, na hipocrisia e no excesso de seriedade – sacudindo-nos do nosso convencimento. O drama romântico tem seu propósito interno na intensificação de nossa consciência “do tom, da cor e do desenho” do nosso viver – para avivar a percepção de nossa maior capacidade para o amor, a devoção, o esforço e a aspiração. O “final feliz” das peças românticas é o simbolismo dramatizado da aspiração de todos os humanos para realizar ideais e evoluir por meio da regeneração e da transmutação. O “final feliz” nos recorda a bondade da vida.
A poesia e a nobreza da dramaturgia shakespeariana sustentam um espelho imenso em que a humanidade pode se contemplar. Desfrutemos o prazer de considerar algumas das caracterizações shakespearianas na medida em que elas representam “pontos focalizados” da natureza humana e padrões de experiência humana correlacionados com o simbolismo astrológico básico e simples.
ROMEU e JULIETA: do ponto de vista do Renascimento, esse drama teria sido verdadeiramente muito mais trágico em tom e efeito se os dois “infelizes amantes” houvessem permitido que uma adesão cristalizada aos preconceitos de família evitasse ou desfizesse sua união amorosa. O “Romeu e Julieta” em cada ser humano é aquilo que anseia pela polarização total chamada de Matrimônio Hermético; mas essa “união interna do eu com o ‘Eu’” só pode ser realizada pelo cumprimento das uniões e padrões do relacionamento por meio do amor. As “casas de Montague[31] e de Capuleto[32]” são “ídolos esculpidos” do preconceito de família e posição social, representados astrologicamente pelo diâmetro Câncer-Capricórnio e pelos Aspectos congestionados à Lua e a Saturno. Todos nós derivamos nossa encarnação de um padrão de família ao qual somos atraídos pelas leis de simpatia vibratória e pelo destino maduro. Entretanto, e no devido tempo, cada um precisa descristalizar as congestões desse padrão, de oitava a oitava, por uma expressão de amor mais puramente individualizada. Romeu “pulou o muro” para estar com sua Julieta; esse “pulo” é Urano descristalizando ou transcendendo os limites estabelecidos por Saturno, símbolo da “congestão das formas”. Personalizando um pouco: Romeu e Julieta foram designados, evolutivamente falando, para provar o poder do seu amor recíproco; seus desafios foram por meio da inimizade, da rivalidade e do preconceito de suas famílias. Embora morressem, a tragédia deles foi atenuada por sua devoção mútua – ao invés de sê-lo por receio à “imagem de família”. Todos nós, de vez em quando, temos uma encarnação em que deparamos com a oportunidade de provar a sinceridade das mais elevadas aspirações e ideais do nosso coração. E para tal, temos que usar os poderes representados abstratamente pelo diâmetro Leão-Aquário para transcender as fixações de Câncer-Capricórnio. Permanecer fixo em Câncer-Capricórnio é retroceder nos poderes evolutivos que trabalham para a libertação e para o progresso. A poesia luminosa da “Cena do Balcão”[33] representa a pureza radiante da retomada do verdadeiro amor; Romeu e Julieta amavam um ao outro desde uma encarnação passada, assim como nós amamos nosso “eu” ideal por meio de todas as nossas encarnações. A beleza inspiradora da peça – como poesia – tipifica o esplendor interno que acompanha o reconhecimento de nossos ideais.
O REI LEAR: esse drama é a tragédia do julgamento corrompido pela cobiça de aprovação – duplamente trágico porque quando a verdade é percebida, os negativos internos estão demasiadamente gravados para que se possam contrariá-los por um esforço construtivo ou regenerador. A compreensão da hipocrisia e desonra das duas filhas mais velhas, a quem havia valorizado demais, e a sinceridade e fidelidade de Cordelia, a quem ele subestimava e desprezava, fizeram Lear reagir de tal maneira que acabou enlouquecendo. Astrologicamente, parece que Lear é um retrato de “Júpiter afligido”. Ele baseava sua estima às filhas mais velhas nos protestos de devoção e afeto da parte delas – indício de que uma falta de sinceridade da própria natureza de Lear se refletia na falsidade de suas filhas. A cobiça delas por terras, dinheiro e maridos de altas posições eram reflexos da cobiça dele por aprovação. Nós podemos chorar – e choramos – diante da dolorosa tragédia do rei demente em seu excesso de autorrepulsa, porque nós também nos movemos pelo desejo e pela cobiça de sustentar o falso e desprezar o verdadeiro. O perceber que tal avaliação é erroneamente dirigida causa um dos mais terríveis tipos de desilusão, o tipo que pode desintegrar nosso autocontrole se formos incapazes de aprender da experiência decepcionante. Lear adorava a falsa imagem de si mesmo, sincronizada, até certo ponto, com a falsidade de suas duas filhas. Uma vez que podemos ser Lear, compete-nos contrariar os padrões negativos de Júpiter pela discriminação, pela sinceridade e pelo afastamento dos símbolos de crenças subconscientes e compensações. Cordelia personifica a sinceridade da autoavaliação – o conhecimento completo do que é verdadeiro e real. Quando desprezamos Cordelia nós nos escravizamos ao falso, às imagens traiçoeiras; quando amamos e valorizamos Cordelia, nós repelimos o falso e aderimos ao puro e verdadeiro.
OTELO: esse estudo dramático da destrutividade do ciúme justifica um pouco de consideração psicológica. Nós nunca – no verdadeiro sentido da palavra – sentimos ciúme de outra pessoa. O ciúme é ódio de si mesmo baseado em uma inferioridade real ou imaginária que, por sua vez, se baseia em alguma fase de discernimento de um potencial, ou em alguma faceta descolorida da autoavaliação. Otelo, se o personalizarmos um pouco, pode ter sentido inferioridade por causa de sua pele negra, especialmente em relação à sua esposa branca, Desdemona, que verdadeiramente o amava. Iago simboliza a astúcia e duplicidade da autojustificação – a falta de inclinação para exercitar a própria honestidade. O assassinato de Desdemona por Otelo simboliza o “assassinato que cometemos na consciência” quando, incitados por intensas racionalizações e justificativas negativas, “assassinamos” a verdadeira autoavaliação. Pelo exercício dessas racionalizações negativas, conferimos verdade a uma mentira e então trilhamos um caminho traiçoeiro até cairmos. As qualidades de nobreza que Desdemona amava em Otelo representam aquelas virtudes nos seres humanos que inspiram amor e honra; mas Otelo, cego pelo negativo interno, não podia perceber e valorizar a verdade em si mesmo. Iago, símbolo da aversão de Otelo por si mesmo, enfatizava a mentira – representando a Desdemona como tendo sido infiel. Otelo, sob pressão do negativo psicológico, preferiu acreditar na mentira. Incitado, além do suportável, pela pressão interna ele assassinou a coisa que mais amava – a verdade do seu casamento com Desdemona. Marte, como corregente de Escorpião, é a ação assassina destrutiva pela qual expressamos as liberações de nossos negativos escorpianos intensamente comprimidos – os níveis e áreas de desejos e poderes emocionais não transmutados. A salvação de Marte é a transmutação por expressões construtivas e inteligentes na ação. Otelo se traiu duas vezes: ao dar ouvidos à sugestão de Iago, e logo pondo em ação aquilo que representava seu desejo de “matar” o que Iago o induziu a crer. Um homem nobre, digno de amor e honrarias, jogou tudo fora por se concentrar em seu falso “eu”, ao invés de se focalizar em sua Realidade. Nós “matamos” quando pomos em ação nossa crença em uma mentira sobre nós mesmos. Um tema verdadeiramente trágico.
CLEÓPATRA: a morte de Cleópatra por suicídio não neutraliza, de modo nenhum, a força da peça Antonio e Cleópatra como um exemplo de drama romântico superior. Cleópatra, como personagem feminino, simboliza a combinação dos elementos Sol e Vênus na natureza humana. De acordo com a representação histórica e a de Shakespeare, ela era magnificamente dotada dos atributos de beleza e magnetismo físicos, inteligência, cultura e habilidade: uma mulher tão cônscia dos poderes internos que vivia sempre em termos de grandeza. Possuía uma riqueza enorme, que usava sem restrições. Tinha uma grande capacidade para amar – e se entregou de maneira magnífica e completa ao amor. Quaisquer que tenham sido seus pecados, não havia nada em sua natureza que fosse ignóbil, mesquinho, sórdido ou vulgar. Uma grande atriz – tal como Katherine Cornell[34] – projetaria essas qualidades de caráter e personalidade de tal maneira que o auditório experimentaria uma reativação do seu desejo e de sua aspiração de “viver pomposamente” – em termos de poder, riqueza, beleza, cultura, inteligência e habilidade, ao invés de continuar vivendo sob a desonra do aprisionamento e da degradação, Cleópatra escolheu terminar sua vida pelas próprias mãos; simbolizando, assim, AQUILO na natureza humana que deseja aprender para viver em termos de dignidade e respeito próprio. Alguns de nós nos arrastamos, de quando em quando, ao longo do medo ou dos sentimentos de inferioridade; mas isso não nos agrada, de modo que, cedo ou tarde, nos rebelamos contra o negativo interno. A “Cleópatra em nós” simboliza nosso desprezo pelo que é mesquinho e ignóbil; “ela” é aquilo em nós que nos faz anelar por experiências fulgurantes, enfrentadas e cumpridas com a coragem e confiança em nossas habilidades. Todos nós temos talentos, ambições, aspirações e anseios; a vibração do Sol – como Regente do Signo real de Leão – é aquilo que usamos como poder de autodeterminação e que é silenciado pela degradação dos “sentimentos e pensamentos mesquinhos”.
BEATRIZ E BENEDITO: “Muito Barulho por Nada” é uma das comédias mais agradáveis e encantadoras. Ela apresenta, de maneira alegre e espirituosa, a “velha história da batalha entre os sexos” – fonte de grande parte do que é apresentado no drama cômico através dos séculos. As posturas, artimanhas e invenções artificiosas que os homens e as mulheres adotam e se aplicam, mutuamente, em seu relacionamento são representadas por uma meia-volta do diâmetro horizontal no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio – Áries-Libra do Grande Mandala. Esses dois Signos representam a polarização da individualidade expressiva da humanidade – como “macho” e como “fêmea”. Cada um dos dois Signos desse diâmetro simboliza facetas de personalidade que são peculiares à masculinidade e à feminilidade, mas juntos eles formam um diâmetro; parecem ser “diferentes”, mas cada um é contraparte do outro. O drama Cósmico, em relação a esse assunto, torna possível para nós chegar a uma apreciação mais saudável de nossa polaridade subjetiva por meio do riso. Os humanos são inatamente bipolares – todos temos muita experiência no sexo oposto ao que nos expressamos agora. Quando reconhecemos que “sexo oposto” é simplesmente nosso “eu subjetivo”, podemos desfrutar e apreciar nosso “eu oculto” tal como somos representados no cenário cômico. Com o riso relaxamos os sentimentos subconscientes de tensão, e quando gargalhamos, rugimos e gritamos com as palhaçadas dos atores e atrizes de comédia que estão– às vezes de modo ridículo – interpretando os homens e as mulheres em seu mútuo relacionamento, refrescamos nosso ponto de vista sobre a polaridade humana. Beatriz e Benedito são os protagonistas da humanidade destinados a se enamorarem e terem experiências juntos – a despeito de preconceitos tolos, falso amor-próprio, e “imagens de desafeto”. A vida trabalha continuamente para nos inclinar um para o outro em favor do nosso desenvolvimento mútuo e do cumprimento dos potenciais simbolizados por Áries-Libra. Benedito é Marte que vê em Beatriz o encanto e amabilidade de Vênus; Beatriz é Vênus que precisa do “beijo de Marte” para despertá-la para uma apreciação clara de seu valor como mulher. Existe um pouco de Benedito e Beatriz em cada um de nós – podemos brigar e discutir por algum tempo, mas cedo ou tarde Benedito-Marte e Beatriz-Vênus conduzem a peça – de nossa experiência de relacionamento – a um final feliz por meio de sua união.
A intuição: nosso sentido interno e alado, o mágico poder perceptivo pelo qual um ser humano, após muitas e muitas vidas de regeneração, purificação e simplificação conscientes, está apto a captar instantaneamente um fato ou uma lei espiritual inerente a qualquer expressão de fenômeno, experiência ou relacionamento. A presença desse poder de percepção ou faculdade na consciência de um ser humano é evidência de sua dedicada perseguição da verdade e dedicado esforço para espiritualizar sua autonomia (autodomínio) por meio do Amor.
Os Egos que desenvolveram essa faculdade aparecem em muitos lugares através da história humana, mas agora eles estão encarnando em maior número que antes. Essas pessoas representam, até certo ponto, uma vanguarda no preparo evolutivo para a Nova Era; elas trazem de seus desenvolvimentos em vidas passadas a evidência do potencial de Intuição possuído por todos os humanos que, eventualmente, vão desenvolver e expressar. A presente expansão na exploração científica e na invenção exterioriza “o advento dessa Nova Era”, porque a capacidade humana para inventar mecanismos e instrumentos se baseia na percepção intuitiva dos princípios. Considere, por um momento, o mecanismo que exterioriza mais perfeitamente a faculdade de intuir: a calculadora eletrônica. Esse mecanismo fornece, quase instantaneamente, a solução acurada de combinações e problemas matemáticos tão complicados que pessoas altamente treinadas gastariam horas para resolvê-los. Reconheça, por correspondência, que a intuição humana em ação se baseia no mesmo poder de síntese e de acurada percepção que essa fabulosa máquina exterioriza.
A palavra “intuição” é derivada diretamente de dois radicais latinos que, juntos, significam olhar para dentro. Pela ação sincronizada dos dois olhos – expressão física polarizada da percepção visual – nós olhamos as coisas. Mesmo o estudo de uma radiografia revela somente aquele aspecto do Corpo físico que está por baixo da superfície externa. É pela ação do único olho da percepção autêntica, exteriorizada no Corpo físico pela Glândula Pituitária, que percebemos intuitivamente aquilo que está dentro do físico, aquilo do qual procede ao físico. Todo mecanismo singular já inventado pelos seres humanos representa a exteriorização de uma percepção intuitiva de um princípio do cosmos. Imagine a genialidade possuída pelo ser humano que pela primeira vez percebeu, intuitivamente, o princípio da roda e o reproduziu em forma física! Ou o princípio do barco, ou o uso do fogo, ou o princípio do rádio, da cinematografia; todos esses inventos, do mais simples ao mais complexo, foram percebidos como aplicações de princípios cósmicos à forma, e a percepção, em cada caso, foi experimentada internamente como função intuitiva. Em verdade se diz que o ser humano não pode inventar um aparelho ou mecanismo cujo princípio não corresponda a uma faculdade real ou potencial do ser humano. A recíproca pode ser: o poder interno dos humanos pode descobrir maneiras e meios de exteriorizar cada um e todo princípio do cosmos que corresponda às potencialidades do ser humano. O velho provérbio continua verdadeiro: “Não há nada de novo debaixo do Sol”[35]; há, apenas, diferentes modos de exteriorizar o que é percebido “debaixo do Sol”, e o perceber sempre é ação intuitiva, em certa medida. Somente as faculdades mais elevadas tornam possível a percepção daquilo que é “novo”, e de todas elas a Intuição é a única que mais diretamente evidencia a “regeneração do ‘eu’ pelo ‘Eu’”.
Uma das correlações mais perfeitamente puras que se pode achar em todo o âmbito da Astrofilosofia está entre a faculdade Intuição com o Planeta Urano. Há uma correspondência completa em todos os pontos dessa dupla identificação. Urano é o princípio libertador no cosmos. A Intuição é a faculdade mais completamente liberada do Ego; Urano é o princípio da síntese; a faculdade da Intuição provê o Ego com a mais completa percepção sintetizada das coisas sob consideração; Urano simboliza a pureza do amor impessoal. A Intuição é este poder puro do Ego, quando está completamente livre das influências dos preconceitos – aprovação e desaprovação pessoais; Urano, no reino da consciência genérica, simboliza o perfeito equilíbrio polárico do verdadeiro andrógino (homem-mulher). A Intuição é aquele poder do Ego de extrair os recursos de conhecimento e compreensão profundamente escondidos e derivados de muitas encarnações passadas como homem e como mulher; Urano, como Regente de Aquário, simboliza a apoteose da consciência de fraternidade; a Intuição torna possível para um ser humano perceber verdadeiramente as similitudes e correspondências entre suas próprias experiências e àquelas de outro ser humano; Urano simboliza a percepção clara do Amor sem constrangimentos e sem restrições, da verdade inerente a qualquer fase de fenômeno ou experiência. De todos os Astros em nosso Sistema Solar, Urano representa a tendência para atuar, ou para afetar, com a máxima rapidez, a transcendência das limitações do tempo; a Intuição atua com uma rapidez que se designa como “instantânea” – quando surge na consciência para cumprir os requisitos da atenção dirigida, ela “simplesmente acontece”, e não há palavras em nossa linguagem que possa descrever a “instantaneidade” de sua ação. Somente a própria experiência pode servir para descrevê-la. A Intuição, como espiritualização do amor unida ao poder perceptivo da Mente, pode revelar todas as coisas, assim como o Amor cumpre todas as coisas.
O estudo de um horóscopo natal, no que tange a determinar o poder ou inclinação intuitiva, deve incluir uma correlação de Urano, símbolo da própria faculdade, com os equivalentes mentais dos outros Astros em termo de padrão de Aspecto e seus disponentes[36]. Todos os pontos astrais têm equivalentes mentais, do mesmo modo que possuem equivalentes físicos, astrais e espirituais; cada ponto astral designa um certo “tipo de pensamento”, porque cada um descreve tipos de coisas sobre as quais uma atenção mental de um ser humano pode ser focalizada, seja sobre algum objeto do mundo material, uma pessoa, um ambiente, um acontecimento ou um relacionamento.
Dos outros nove pontos astrais, três são especificamente representativos das faculdades mentais, os outros seis podem ser entendidos, em termos de equivalentes mentais, como representando atributos mentais. Os três “Astros das faculdades mentais” são Lua, Mercúrio e Netuno. A Lua simboliza a Mente instintiva, o reservatório de memórias de vidas passadas, o mecanismo de produção da faculdade mental. Mercúrio simboliza a Mente consciente, a correlação entre cérebro e percepções sensoriais pelas quais o ser humano obtém informações do Mundo externo, o poder mental de identificar especificamente, de calcular, de examinar, de estudar e de se comunicar oralmente e por escrito. Netuno simboliza a faculdade da Mente que inspira; ele é o especial princípio mental que caracteriza o artista criativo e o artista intérprete; é a sutil faculdade mental pela qual um ser humano recebe e entende comunicações dos Planos Superiores. Esses três Astros podem ser considerados a triplicidade mental que caracteriza a ação comunicativa: a Lua, como a Mente instintiva, comunica os segredos do passado para a consciência do presente ao produzir efeitos que correspondem às memórias armazenadas; Mercúrio, como Mente consciente, comunica os segredos do Mundo externo à consciência mental da pessoa e representa intercomunicação entre pessoas; Netuno, como o símbolo da Mente que inspira, é a faculdade mental que identifica a canalização entre o relativamente superior e o relativamente inferior.
Em relação aos Aspectos dos Trígonos como representantes da relativa realização do desenvolvimento intuitivo, a Lua em Trígono com Urano identifica a percepção intuitiva das necessidades e sua satisfação, a percepção de como o progresso dos grupos humanos pode ser adiantado, a percepção da consciência dos princípios da vida doméstica na “nova era”, e da provisão e proteção; mais do que qualquer outro Aspecto isolado, a Lua em Trígono com Urano é a marca astral da “emancipação das mulheres”, da libertação da consciência coletiva da ignorância, do preconceito e da brutalidade, da reforma eletrizante da consciência instintiva pessoal pela apercepção interna.
Mais que qualquer outro Aspecto, o Trígono de Mercúrio a Urano identifica o conhecimento intuitivo do gênio científico; ele é a base na Mente, para aquilo que possibilita todas as descobertas e invenções. As crianças com esse Aspecto, frequentemente, revelam grande habilidade em suas disciplinas escolares. Isso é evidência de conhecimento especializado trazido de estudos e pesquisas em vidas passadas. Tais pessoas exercitaram uma grande independência de espírito em suas atividades intelectuais no passado. Muitas vezes revelam grande habilidade em línguas estrangeiras, em cujos casos se evidenciam que em seus estudos atuais eles estão realmente recapitulando – “trazendo à superfície” – muitos conhecimentos de línguas adquiridos no passado.
Os Aspectos entre Urano e Netuno precisam ser avaliados pela correlação com a Carta inteira; esses Aspectos são cíclicos ou “de época” por natureza, de forma que somente por meio de uma análise cuidadosa e síntese com as tendências básicas da Carta, como um todo, pode ser determinada a predominância das habilidades mentais intuitivas ou inspiradoras. Todos os humanos que vem com o Aspecto de Trígono entre Urano e Netuno compreendem uma onda de vida que, em sentido geral, está mais sintonizada com os efeitos das forças superiores. Como um grupo universal, eles representam uma ênfase cíclica da consciência relativamente progressista e espiritualizante. As mais altamente evoluídas dessas pessoas – não importa o momento histórico da encarnação – dão uma grande contribuição ao progresso da raça humana, por meio de seus poderes reveladores e inspiradores. Os altamente desenvolvidos que vem quando Urano está em Quadratura ou em Oposição a Netuno são transpositores evolutivos, e seu momento de encarnação os traz quando a raça humana precisa da dissolução daquilo que está obsoleto e cristalizado. Esses momentos são sempre caracterizados por condições de sublevação, revolução, tensão e conflitos terríveis, mas o fator Urano das pessoas altamente evoluídas identifica-as como “formadoras para o futuro”. Tais pessoas apercebem-se daquilo que há de ser e, como possuem iluminação intuitiva, trabalham para iniciar esses passos, métodos e procedimentos que resultarão nas novas manifestações que caracterizam o futuro.
Há três outros Planetas que, quando correlacionados a Urano, representam características marcantes intuitivas: Júpiter, Saturno e Vênus. Urano correlacionado com Júpiter, ou com a influência da nona Casa, proporciona um alto grau de gênio artístico interpretador; é intuitivo e imaginativo, qualidades espirituais possuídas pelo Guru, Mestre, Intérprete das leis espirituais e, em grau muito amplo, pelo Curador que cura o Corpo, a Alma e o Espírito. Urano em Trígono com Júpiter evidencia o desenvolvimento mais elevado da Mente abstrata, a percepção intuitiva clara do simbolismo e do princípio. Urano-Saturno identifica a clariaudiência e aquela qualidade da intuição que possibilita reformas necessárias na vida social, política e financeira da humanidade. Urano-Vênus, uma das insígnias do gênio artístico criativo ou interpretador, é percepção intuitiva clara dirigida particularmente para a compreensão do relacionamento; Urano em Trígono com Vênus evidencia o poder de perceber os valores impessoais do relacionamento e a habilidade de responder a uma qualidade muito elevada de afinidade espiritual no relacionamento; é uma das insígnias, talvez a principal, do “amor bi-uno” ou “casamento de almas”.
Considerando Marte como corregente de Escorpião – ação que libera os recursos escorpianos do poder do desejo – podemos considerar o Aspecto de Urano em Trígono com Marte como sendo, primordialmente, uma evidência da grande capacidade de ação pelas quais as tendências intuitivas são dirigidas à realização de um empreendimento. Marte “pensa” em termos de “como, o que, onde e quando posso fazer”; por conseguinte, Urano em Trígono com Marte bem poderia ser entendido como: representar uma percepção intuitiva da ação reta. Se Plutão pode ser considerado como o Regente de Escorpião, então o Trígono de Urano a Plutão indica a faculdade intuitiva a ser “respaldada” por um enorme recurso de poder do desejo e força emocional. Esse é um Aspecto que poderia ser considerado como a “insígnia astral” de um mago – negro ou branco. Na Carta de um ser humano altamente evoluído, inclinado para o espiritual, Urano em Trígono com Plutão poderia representar alguém cujo poder reformador é tremendo, tanto em relação à sua própria regeneração pessoal quanto em relação ao poder que pode dirigir para regenerar ou transformar outro indivíduo ou a sociedade como um todo. Exteriorizado, esse Aspecto poderia ser considerado como a explosão da primeira bomba atômica, iniciando uma nova era na experiência humana, referente ao conhecimento e uso das oitavas de poder percebidas recentemente.
Consideremos de modo especial Urano e Sol, porque o Grande Mandala Astrológico (a roda de doze Casas com Áries no Ascendente, os Astros nos Signos e Casas de sua Dignificação) nos dá a chave da raiz evolutiva essencial e o significado espiritual da faculdade Intuição como um potencial possuído por todos os humanos. O Grande Mandala Astrológico é o significado Astrológico abstrato da humanidade terrena, e qualquer ponto de faculdade ou experiência que os humanos tenham em comum pode ser estudado nesse desenho. Faça uma cópia do Grande Mandala Astrológico, acentue o diâmetro Leão-Aquário, trace linhas retas ligando as cúspides Leão-Áries e Aquário-Escorpião.
Nenhum Signo do Zodíaco pode ser muito bem compreendido sem uma consideração ao seu oposto, do mesmo modo que dois seres humanos de sexos opostos se apercebem de sua polaridade subjetiva pelo relacionamento íntimo em uma forte atração magnética. Assim, para “conhecermos Aquário” temos, também, que “conhecer Leão”, o Signo de Fogo regido pelo Sol, símbolo da vontade, do propósito, da irradiação e anatomia individual. Se o Sol é irradiação de amor, Urano é a qualidade libertadora e transformadora da irradiação de amor; se o Sol é o poder da Mente, Urano é a forma de individualismo pela qual a independência do pensamento tem evoluído; se o Sol é o potencial de Maestria, Urano é o potencial realizado em e por meio de todos os relacionamentos por uma espiritualização crescente e regeneração da natureza emocional. Aquário, como amor espiritualizado, polariza e “redime” o amor egoísta de um Leão não evoluído; Aquário, através de seu Regente Urano, como intuição, polariza e redime a “Mente concentrada em si mesma” de um Leão não evoluído. Quando se considera o Sol e Urano em suas Exaltações – Áries e Escorpião, respectivamente – vemos a apoteose simbólica do ser humano como um Filho de Deus, e o potencial do ser humano para realizar sua identidade espiritual por meio da regeneração interna, a “magia divina”, a “alquimia criadora”, a transmutação pela qual a escória do Ego pessoal é transformada na Luz Branca do Ser Espiritual. A busca inequívoca da Verdade, a disciplina e refinamento autodirigidos e as faculdades emocionais e mentais, a expansão do poder do Amor através da impersonalização, e a concepção cada vez mais clara da verdadeira identidade espiritual são os passos pelos quais o Poder Mestre da Intuição é focalizado, evoluído e aperfeiçoado na consciência humana. O astrólogo olha os símbolos e números de um horóscopo, mas intuitivamente ele olha dentro da Carta para captar as verdades da consciência da pessoa. O estudo astrológico com a finalidade de servir e para a iluminação humana é uma das principais formas pelas quais a Faculdade da Intuição se desenvolve no ser humano.
Esse tema é apresentado para a consideração dos estudantes que, em seus estudos, frequentemente se perguntam a respeito de “horóscopos de animais”. Claro que essas indagações são perfeitamente legítimas – sendo pertinentes a um fator familiar de experiência de vida, a qual é de grande interesse para muitas pessoas.
Devido a Astrologia ser essencialmente um estudo da consciência, como uma ciência vibratória ela se aplica a qualquer forma ou plano de vida e à consciência que anima e instrui essa vida. Se o nosso conhecimento de Astrologia fosse, por si mesmo, grandemente estendido além de sua presente esfera, poderíamos – sendo todos os outros fatores iguais – fazer o horóscopo de animais individuais, conforme o fazemos de indivíduos humanos; poderíamos fazer os horóscopos dos Astros, dos Sistemas Solares e das galáxias, assim como daquelas minúsculas formas de vida que habitam esse Planeta. Quando a Astrologia é compreendida como sendo o estudo daqueles princípios ou leis pelos quais toda consciência evolui, então sua aplicação útil à vida por todo o cosmos pode ser percebida pela correspondência com a vida que conhecemos como humana.
Contudo, e aqui é o nó da questão, para compreendermos a Astrologia de outras formas e ondas de vida precisamos conhecer a consciência pertinente a aquelas formas e ondas. Podemos observar e estudar as evidências de outros tipos de consciências diferentes da nossa, mas sendo “particular e peculiarmente Humanos Terrestres”, nós não podemos compreender os planos de consciência com os quais outras formas, sub-humanas e super-humanas, estão alinhadas. De fato, muitos humanos têm apenas uma observação turva e distorcida da consciência do seu semelhante humano! A vida Animal é animada a partir de um centro diferente do nosso – sendo nós humanos muito mais autônomos, e estando os animais muito mais sob um guia especializado.
Diz-se que as linhas evolutivas sub-humanas, as que agora constituem os mamíferos, alcançarão sua evolução máxima por meio do padrão humano. Assim, não somente é de interesse, mas de grande importância que aprendamos a espiritualizar nossa consciência dos membros do reino animal e nossa relação com eles; eles são fraternos conosco, como habitantes desse Planeta, e nós, como a expressão evolutiva mais elevada, temos uma responsabilidade decisiva para com eles tal como a têm os irmãos e irmãs mais velhos para com os mais novos em uma família – a correspondência no relacionamento é quase exata.
Por conseguinte, embora não possamos “fazer as Cartas Astrológicas” dos animais, podemos estudar nossas próprias Cartas em relação às nossas experiências com a vida sub-humana e nossos sentimentos acerca dela, expandindo, desse modo, nossa consciência de evolução nesse Planeta. Usando os fatores astrológicos que costumamos usar, uma Carta calculada para a hora de nascimento, por exemplo, de um gatinho ou um cachorrinho representaria o significado do animal para nossa experiência; o mesmo se aplicaria à hora de nossa decisão de trazer para o nosso lar um novo animal de estimação ou qualquer outro animal, para nossa experiência pessoal. No último caso, a motivação e o propósito representariam as notas-chaves da leitura astrológica; essa Carta, correlacionada com a nossa Carta Natal, representaria os fatores inter-relacionados da experiência que poderíamos ter com o animal. Uma Carta calculada para a hora em que escolhemos o animal poderia indicar os pontos básicos referentes à conformidade do animal ao nosso propósito. Muitas pessoas acham que seu relacionamento com um animal inicia uma experiência significativamente notável, e essas possibilidades de experiência são o que estudaremos.
A consciência humana individual de relacionamento não faz acepção de pessoas ou coisas. Um homem pode amar sua esposa e seus filhos com ternura, solicitude e devoção, mas se sua consciência de relacionamento contém uma área de ódio, medo ou preconceito de e para com outro homem – ou outras pessoas – que sejam por acaso de outra raça ou nacionalidade, sua consciência de relacionamento não é clara ou pura. Uma mulher pode preencher os requisitos de seu trabalho profissional com um escrúpulo inabalável, mas se sua atitude para com seus colegas de trabalho – ou uma colega – é manchada com a inveja ou falsa superioridade, então sua consciência de relacionamento para com sua profissão fica correspondentemente manchada.
Muitas de tais ilustrações hipotéticas podem ser consideradas; o ponto a se considerar é esse: nosso relacionamento com outra pessoa é qualificado primeiramente por nosso sentimento acerca dele ou dela; essa área do sentimento é acesa pelo contato vibratório com a pessoa. Em outras palavras, outras pessoas simbolizam qualidades de consciência para nós porque, pela ação da simpatia vibratória, qualquer pessoa pode servir para estimular qualquer ponto de sentimento em nossa consciência de relacionamento. Até que alcancemos uma verdadeira compreensão, nós tendemos a identificar a pessoa com a qualidade estimulada em nossa consciência de relacionamento; quando tenhamos alcançado a sabedoria do relacionamento, saberemos que nossas reações de natureza desagradável devem ser transmutadas em potência espiritual de boa vontade (Amor). Por conseguinte, todos os pontos na consciência de relacionamento que identificamos como ódio, inveja, despeito, medo, falsa superioridade, tirania, etc., podem ser compreendidos como “materiais” para se usar no exercício transmutador. O fato de que muitas pessoas provaram a lei da boa vontade por meio de seus esforços transmutadores pode ser verificado em uns poucos minutos de reflexão sobre o assunto.
Qualquer foco magnético de atração no relacionamento pode ser utilizado para intensificar negativos existentes na consciência ou para alimentar as qualidades regeneradas já desenvolvidas. E “relacionamento” é seu ponto de vista de você mesmo em alinhamento vibratório com qualquer outra pessoa, criatura, coisa, atividade, acontecimento, esforço ou ambiente. Seu horóscopo natal desempenha seu maior serviço ao representar para você suas tendências básicas de ponto de vista na consciência de relacionamento. Compreender, verdadeiramente, essas tendências e as maneiras de usá-las retamente é conseguir a chave mestra de todas as outras fases do estudo de sua Carta. A evolução da consciência da humanidade é adiantada em proporção direta à medida que cada ser humano aprende a se alinhar corretamente no relacionamento com os seus semelhantes humanos e seus semelhantes animais.
Preste atenção, cuidadosamente, às últimas quinze palavras do parágrafo acima. Aquilo que agora é, foi determinado por aquilo que era; aquilo que há de ser, será determinado por aquilo que agora é. Cada ser humano do atual período de manifestação na Terra esteve alguma vez no “status animal”; cada animal é agora potencialmente um humano. Em nenhum sentido absoluto um humano é “superior” a um animal; a diferença está simplesmente no tempo de evolução. A veracidade dessa asserção será percebida instantaneamente se considerarmos o fato de que todos os Iniciados, Mestres e Adeptos – a vanguarda espiritual da atual humanidade – servem ao inspirarem e encorajarem nosso desenvolvimento e progresso espiritual. Se eles, usando uma hipótese absurda, se relacionassem conosco por meio de uma “superioridade absoluta”, por que razão seríamos incentivados, de todos os modos, a “trilhar o caminho que eles trilharam”? Se nós nos relacionassem com os animais por meio de uma “superioridade absoluta”, não haveria impulso no coração humano para melhorar as condições deles, não haveria o inspirado ímpeto para amá-los. No entanto, muitos humanos amam os animais com simpatia e abnegada devoção. Isso por si só não é uma prova de que nós sabemos intimamente que os animais trilharão o caminho que trilhamos agora? O ser humano ao se tornar totalmente consciente de sua confraternidade com os animais atinge um clímax no curso de sua jornada evolutiva; é uma tremenda expansão de sua consciência de Amor, e nesse ponto essa experiência é, inevitavelmente, acompanhada de uma compreensão maior da natureza do amor divino.
Toda posição e Aspecto em sua Carta Natal podem ser estudados como representando uma fase ou tendência de sua consciência de relacionamento. Portanto, suas atitudes e seus sentimentos para com a vida sub-humana também são representados por esses fatores do horóscopo. Uma vez que o relacionamento com a vida sub-humana está entrelaçado, intimamente ligado, na textura da experiência evolutiva humana, vamos considerar esse assunto tal como é representado pelo Grande Mandala Astrológico. Para referência à parte, faça uma cópia dele: o círculo de doze Casas tendo ao centro o símbolo tradicional do Sol; Áries como Signo Ascendente, e os trinta graus de cada Signo para cada Casa; os Regentes astrais dos Signos colocados aproximadamente nas Casas que “regem”.
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N.T.:
Isso é o horóscopo abstrato da humanidade, do qual o seu horóscopo natal é uma variação individualizada.
Para penetrarmos no sentido mais profundo da confraternidade entre humanos e animais, consideremos primeiramente o diâmetro Sagitário-Gêmeos, os Signos da nona e terceira Casas do Grande Mandala que são regidos por Júpiter e Mercúrio, respectivamente. Júpiter, no sentido cósmico, é o Princípio da Função Orgânica e o Princípio de Hierarquia. É o poder da Mente Divina pelo qual todo fator de um arquétipo é concebido em perfeito relacionamento com todos os outros fatores, para função, expressão e uso (É opinião considerado do autor que Vênus, como regente de Libra está Exaltado em Sagitário; sua Exaltação em Peixes deriva de sua regência de Touro). Como o Princípio da Função Orgânica, Júpiter representa o crescimento de partes de uma coisa em termos de seu propósito e em termos do inter-relacionamento com as outras partes da mesma coisa. Como Princípio de Hierarquia, Júpiter representa a função inter-relacionada das coisas em termos de inteligência relativa ou suscetibilidade relativa às forças da inteligência.
Nesses termos, vê-se a colocação das partes de uma coisa em relação a outras partes correspondendo à afinidade com a inteligência diretiva. Sagitário é polarizado por Gêmeos; o terceiro Signo do Grande Mandala contado a partir de Áries e no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, sendo o significador zodiacal da raiz da consciência fraternal; e consciência fraternal é aquela percepção clara de “paralelismo” ou “similitude correspondente” no relacionamento. Todas as células do seu corpo são fraternais uma com as outras, sendo parte celulares do mesmo corpo; mas as células dos seus dois olhos são fraternais por especialização. Todos os habitantes desse Planeta são fraternais uns com os outros, mas todos os mamíferos são fraternais por especialização, entre si os humanos também são “especialmente fraternais”, os quadrúpedes são “especialmente fraternais” entre si, as aves são “especialmente fraternais”, etc. Cada especialização tem uma especialização adicional, mas todas as especializações são agrupadas na unidade: os Habitantes Terrestres. Os Planetas do nosso Sistema Solar são “fraternais uns com os outros”, e o nosso Sistema é especialmente fraternal com os outros seis Sistemas que compreendem nossa galáxia imediata. Em qualquer plano de dimensão que você considere, a função orgânica em termos de hierarquia e fraternidade está ilustrada. Isto significa que a consciência de fraternidade do ser humano não está completa até que ele se conscientize do valor dessa convivência inter-relacionada, nesse Planeta, com todas as outras criaturas, sub-humanas e super-humanas. Uma questão, naturalmente, surge desse ponto: o que nós humanos podemos fazer, e o que precisamos fazer, relativamente aos nossos sentimentos acerca dos habitantes de outros Planetas? Essa pergunta pode ser respondida por cada ser humano, por si mesmo, no devido tempo.
O serviço é também uma coisa de “reciprocidade”; aquele que deseja ser bem servido deve, por sua vez, servir bem. A vida animal é utilizada para servir aos humanos, e com abuso dos princípios do serviço, por épocas incontáveis e nesse abuso de princípios do serviço o ser humano gera muito destino maduro indesejável. A sexta Casa e o Signo de Virgem simbolizam a consciência humana do princípio do serviço; esse é exteriorizado pelas experiências do ser humano como um servidor e por seus relacionamentos com aqueles que o servem, sejam animais ou humanos. A vida animal tem sido e é sacrificada para servir de alimento ao reino humano, mas o que dizer do ser humano que abusa do serviço (inconsciente) da vida animal pela destrutividade insensível e arbitrária? A sexta Casa é polarizada pela Casa doze e pelo Signo de Peixes; você pode ver a possibilidade de muitos humanos, por meio de um ato de paixão descontrolado nessa vida, passarem muitos anos confinados em prisões como um resultado de destino maduro de destruição malvada de vidas sub-humanas, ou danos a elas, em uma encarnação anterior?. A maldade e a destrutividade estão na consciência, e quer sejam elas dirigidas contra os humanos ou contra os sub-humanos, isso não invalida a potência do destino maduro.
A vida, de uma maneira ou de outra, impõe restrições àqueles que, por seus atos, provaram não estar qualificados para desfrutar de liberdade. Portanto, se você tenciona comprar animais – ou outro meio de admiti-los em sua experiência – para o serviço, inclua em seu projeto dar bom serviço aos que vão servi-lo. Se você depende deles para a realização de atividades de trabalho, correspondentemente eles dependem de você quanto a cuidados e proteção. Se sua atitude para com seu servidor sub-humano é a de respeito – que é Amor – você não estará fugindo à sua responsabilidade e ele estará capacitado a executar o máximo de serviço para você. Além disse, pela experiência mútua no Amor, você adiantará a evolução do animal pelo treinamento e ele adiantará suas necessidades mundanas, sem que você gere um destino maduro punitivo.
Muitas pessoas cuidam devotadamente de seus companheiros animais e, ao mesmo tempo, adotam atitudes muito limitadas e constrangedoras contra seus companheiros humanos. Parece que o destino maduro relativo ao mundo animal está sendo expiado por esse tipo de programa de vida. Essas pessoas estão sendo focalizadas, na presente vida, numa especialização da consciência de vida e amor; é possível que somente expressando amor e dando serviço aos seus “companheiros animais” possam essas pessoas polarizar espiritualmente sua consciência de relacionamento de modo a desenvolver, subsequentemente, apercepções mais ricas e mais elevadas de respeito e boa vontade para com os humanos. Essa faceta da experiência humana poderia ser ilustrada pelo diâmetro Leão-Aquário, sendo polarizado em cruz pelo diâmetro Escorpião-Touro. A regeneração dos resíduos emocionais negativos, representada por Escorpião, sendo exteriorizada pela mordomia da vida animal, representada por Touro, é a maneira pela qual a consciência de Amor Leão-Aquário, temporariamente restringida, é repolarizada internamente para melhor liberação posterior.
Concluindo: consideraremos o significado do Trígono de Ar para o relacionamento dos humanos com os animais. Libra, Signo Cardeal e de Ar regido por Vênus, é a apercepção da relatividade, o cerne básico, essencial da consciência de relacionamento; é a apercepção que possibilita a qualquer humano realizar relacionamentos com as vidas subumanas, humana e super-humana. Aquário, Signo Fixo e de Ar, regido por Urano, é o recurso da consciência de amor impessoal, transcendental, pelo qual o humano realiza o impulso e a capacidade para amar a vida mesma através de quaisquer de suas formas externas. Aquário ilustra o amor sentido por Luther Burbank[37] pela vida das plantas, o laço de amor que une um ser humano cego ao seu cão-guia; é a consciência de amor regenerada que une os humanos em grupos para fomentarem o bem-estar do sub-humano. Gêmeos, Signo Comum, de Ar e regido por Mercúrio e nono Signo a partir de Libra, é a apercepção do relacionamento como fraternidade – essa sábia consciência de similitude pelos quais os humanos percebem sua união com os outros humanos e com quaisquer ou com todas as outras formas de vida. São Francisco, o inspirado místico que amava a vida, chamava de “irmãos” ou “irmãs” a todos os seres viventes; ele sabia que era um “irmão mais velho” daqueles que se arrastavam ou voavam e, amando-os como os amava, entendia o amor de Deus por ele. Que a Luz e o Amor interpenetrem a consciência que temos de todos os nossos companheiros na vida.
[1] N.T.:
[2] N.T.: Refere-se à consequência que necessariamente deverão ser vivenciadas pela pessoa. No entanto, a Filosofia Rosacruz, uma Escola de Mistérios Ocidentais, ensina-nos que sempre há certa margem para a pessoa colocar coisas novas em movimento. Em outras palavras, é possível modular a intensidade de um destino maduro, desde que a lição que se deve aprender tenha sido aprendida e o reequilíbrio com as forças da natureza, tenha sido reestruturado.
[3] N.T.: Rodolfo Alfonso Raffaello Pierre Filibert Guglielmi di Valentina D’Antonguolla (1895-1926), conhecido profissionalmente como Rudolph Valentino, foi um ator italiano radicado nos Estados Unidos, que estrelou em vários filmes mudos de sucesso, incluindo Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, The Sheik, Sangue e Areia, The Eagle e O Filho do Sheik. Ele foi um dos primeiros ícones pop, e um símbolo sexual da década de 1920, que era conhecido em Hollywood como o “amante latino”, ou simplesmente como “Valentino”. Sua morte prematura, aos 31 anos, causou uma histeria em massa entre seus fãs, e impulsionou ainda mais seu status de ícone cultural do cinema.
[4] N.T.: Theda Bara (1885-1955), nascida Theodosia Burr Goodman, foi uma atriz norte-americana do cinema mudo. O seu nome artístico seria um anagrama de “Arab Death” (“Morte Árabe”). Justificou-o no filme que a consagrou: “A Fool There Was” (Escravo de uma paixão) (1915). Na verdade, “Theda” era uma alcunha da infância para Theodosia, e “Bara” era aparentemente uma forma encurtada de seu sobrenome materno, Baranger. Bara era uma das atrizes mais populares do cinema de sua era, além de ser um símbolo sexual dos mais adiantados do cinema. Seus papéis de mulher fatal deram-lhe a alcunha de “Vamp”, que logo transformou-se em termo popular para uma mulher de ares predatórios. Junto com a atriz francesa Musidora, popularizou a personalidade vamp nos primeiros anos do cinema mudo e logo foi imitada pelas atrizes rivais tais como Nita Naldi e Pola Negri.
[5] N.T.: Mary Pickford (nascida Gladys Marie Smith – 1892-1979) foi uma atriz e produtora estadunidense, nascida no Canadá. Conhecido como a “Queridinha da América”, “Pequena Mary” e “A moça com os cachos”, ela foi uma das pioneiras do Canadá no começo de Hollywood, e uma figura importante no desenvolvimento dos filmes de ação.
[6] N.T.: Douglas Fairbanks (1883-1939) foi um ator de cinema norte-americano. Estreou em 1914, dirigido por D. W. Griffith, criando um personagem valente e sedutor. Foi um dos fundadores da United Artists, juntamente com Mary Pickford e Charles Chaplin. Ele era mais conhecido por seus papéis em filmes mudos de capa e espada como The Thief of Bagdad, Robin Hood, e The Mark of Zorro, mas no início da sua carreira, estrelou comédias
[7] N.T.: Mary Jane “Mae” West (1893-1980), foi uma atriz, cantora, dramaturga, roteirista, comediante e sex symbol norte-americano.
[8] N.T.: William Clark Gable (1901-1960) foi um ator estadunidense. Em 1999 o prestigioso Instituto Americano do Cinema nomeou-o a sétima maior estrela masculina do cinema de todos os tempos
[9] N.T.: Bing Crosby (1903-1977) foi um cantor e ator norte-americano. Bing imortalizou a canção “White Christmas” e sua voz se transformou em sinônimo de Natal.
[10] N.T.: Henriette Rosine Bernardt (1844-1923), conhecida mundialmente por Sarah Bernhardt, foi uma atriz francesa, considerada por alguns como “a mais famosa atriz da história”. Bernhardt fez sua reputação nos palcos da Europa na década de 1870, e logo passou a ser exigida pelos principais palcos do continente e dos Estados Unidos. Conquistou uma fama de atriz dramática, em papéis sérios, ganhando o epíteto de “A Divina Sarah”.
[11] N.T.: François Edouard Joachim Coppée (1842-1908) foi um poeta e romancista francês.
[12] N.T.: Victor-Marie Hugo (1802-1885) foi um romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos francês de grande atuação política em seu país. É autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras clássicas de fama e renome mundial.
[13] N.T.: Edmond Eugène Alexis Rostand (1868-1918) foi um poeta e dramaturgo francês, cuja fama se deve, principalmente, pela autoria da conhecida peça Cyrano de Bergerac.
[14] N.T.: Gibran Khalil Gibran (1883-1931), foi um ensaísta, filósofo, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa. Seus livros e escritos, de simples beleza e espiritualidade, são reconhecidos e admirados para além do mundo árabe. Citação do livro “O Profeta”.
[15] N.T.: Leonidas Frank Chaney, mais conhecido como Lon Chaney (1883–1930), foi um ator norte-americano, filho de pais surdos-mudos. Este ator especializou-se em representar personagens monstruosos, atormentados e grotescos, extremamente bem caracterizados, tendo ele próprio inventado uma técnica de maquiagem. Ficou sendo chamado pelos críticos de cinema da época de “O homem das mil faces”.
[16] N.T.: Bing Crosby (1903-1977) foi um cantor e ator norte-americano. Considerado um dos maiores cantores populares do século XX. Nascido Harry Lillis Crosby, o apelido de Bing foi dado por ele mesmo inspirado na personagem Bingo. Bing imortalizou a canção “White Christmas” e sua voz se transformou em sinônimo de Natal.
[17] N.T.: Rudolfo Alfonso Raffaello Pierre Filibert Guglielmi di Valentina D’Antonguolla, conhecido como Rudolfo Valentino (1895-1926) foi um ator italiano radicado nos Estados Unidos.
[18] N.T.: William Clark Gable (1901-1960) foi um ator estadunidense.
[19] N.T.: Um Astro está “dispositado” quando dois ou mais Astros são ligados pelo regimento que forma frequentemente uma corrente. Um exemplo é Sol em Áries / Marte em Gêmeos / Mercúrio em Peixes / Netuno em Sagitário / Júpiter em Sagitário. Nesta cadeia o Sol dispõe de Marte que dispõe de Mercúrio, que dispõe de Netuno que dispõe de Júpiter. Não pode ir mais longe porque Júpiter está em seu próprio Signo. Todos os cinco desses Astros trabalham juntos e devem ser interpretados dessa maneira. A configuração de disponentes pode-se trabalhar em um tema pessoal ou entre duas ou mais pessoas.
[20] N.T.: Joan Marshall Grant Kelsey (1907-1989) foi uma escritora inglesa de romances históricos e sobre reencarnação. Seu romance Winged Pharaoh (1937) foi o mais famoso, no qual contou a história de Sekeeta, filha de um faraó – a qual alega ter sido uma de suas reencarnações de vida passada. O que ela conta sobre o Antigo Egito parece corresponder bem com o que os arqueólogos sabem, e inclusive adiciona novas descobertas que ainda não haviam sido feitas. Apesar disto, a história antiga é incerta e esta não pode ser utilizada como uma prova de que ela viveu em tempos antigos.
[21] N.R.: ou Paracelsus – Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493-1521) – físico, botânico, alquimista, astrólogo e ocultista suíço-germânico.
[22] N.T.: Franz Viktor Werfel (1890-1945) foi um romancista, dramaturgo e poeta austríaco. A Canção de Bernadette (1941) é um romance sobre as visões da Santa Bernadette de Lourdes, que posteriormente se tornou filme homônimo.
[23] N.T.: Quando o Astro está no seu Regente. Também chamamos de Essencialmente Dignificado. Exemplo: Sol em Leão; o Sol está no seu Regente, ou Dignificado ou Essencialmente Dignificado.
[24] N.T.: Bornéu é uma grande ilha localizada na Ásia, na região das grandes Ilhas da Sonda. A ilha é dividida em três partes. A maior parte pertence à Indonésia. A segunda maior pertence à Malásia e a menor parte pertence ao Brunei.
[25] N.T.: William Shakespeare (1564-1616) foi um poeta, dramaturgo e ator inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo. Segundo Max Heindel, no Livro O Conceito Rosacruz do Cosmos, “A grande controvérsia sobre as obras de Shakespeare (que fez sujar tantas penas de ganso e gastar tanta tinta, muito melhor empregadas em outros propósitos) nunca teria vindo a lume se fosse conhecido que a semelhança entre Shakespeare e Bacon é efeito da influência exercida sobre ambos, por um mesmo Iniciado”.
[26] N.T.: The Tragedie of Hamlet, Prince of Denmarke (A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca), geralmente abreviada apenas como Hamlet, é uma tragédia de William Shakespeare, escrita entre 1599 e 1601. A peça, situada na Dinamarca, reconta a história de como o Príncipe Hamlet tenta vingar a morte de seu pai, Hamlet, o rei, executado por Cláudio, seu irmão que o envenenou e em seguida tomou o trono casando-se com a rainha. A peça traça um mapa do curso de vida na loucura real e na loucura fingida — do sofrimento opressivo à raiva fervorosa — e explora temas como a traição, vingança, incesto, corrupção e moralidade.
[27] N.T.: filha mais jovem e favorita de Lear, rei da Grã-Bretanha (da obra Rei Lear (King Lear, em inglês), uma tragédia teatral de William Shakespeare, considerada uma de suas obras-primas. No argumento da obra, inspirado por antigas lendas britânicas, o rei enlouquece após ser traído por duas de suas três filhas, às quais havia legado seu reino de maneira insensata). Após o Rei Lear oferecer a ela a oportunidade de professar seu amor a ele, que em retribuição ela teria um terço de todas as terras do reino, ela se recusa, pois se revolta contra o fingimento das demais irmãs, e é banida do reino.
[28] N.T.: Otelo, o Mouro de Veneza (no original, Othello, the Moor of Venice) é uma obra de William Shakespeare escrita por volta do ano 1603. A história gira em torno de quatro personagens: Otelo (um general mouro que serve o reino de Veneza), sua esposa Desdêmona, seu tenente Cássio, e seu suboficial Iago. Por causa dos seus temas variados – racismo, amor, ciúme e traição – continua a desempenhar relevante papel para os dias atuais, e ainda é muito popular.
[29] N.T.: um dos principais personagens da tragédia Macbeth, escrita c. 1603-1606. Ela é a esposa do protagonista da obra, o nobre escocês Macbeth. Após convencê-lo a matar o rei Duncan, o casal Macbeth torna-se rei e rainha da Escócia, mas ela acaba severamente atormentada pela culpa. Morre na parte final da obra, aparentemente por suicídio.
[30] N.T.: (no original em inglês Romeo and Juliet) é uma tragédia escrita entre 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare, sobre dois adolescentes cuja morte acaba unindo suas famílias, outrora em pé de guerra. A peça ficou entre as mais populares na época de Shakespeare e, ao lado de Hamlet, é uma das suas obras mais levadas aos palcos do mundo inteiro. Hoje, o relacionamento dos dois jovens é considerado como o arquétipo do amor juvenil.
[31] N.T.: ou Montéquio (ou, ainda: Montecchios): nome de família de Romeu.
[32] N.T.: nome de família de Julieta.
[33] N.T.: Ato II- Cena II – O mesmo – Jardim de Capuleto – Entra Romeu
Romeu: Só ri das cicatrizes quem ferida nunca sofreu no corpo
Julieta aparece na janela
Mais silêncio! Que luz ecoa agora da janela? Será Julieta, o sol daquele oriente? Surge formoso sol, e mata a Lua cheia de inveja, que se mostra pálida, e doente de tristeza, por ter visto que, como serva, és mais formosa que ela. Deixa, pois, de servi-la.
Ela é invejosa.
Somente os tolos usam sua túnica de vestal, verde e doente; joga-a fora. És minha dama. Oh, sim! É meu amor! Se ela soubesse disso! Ela fala; contudo não diz nada. Que importa? Com o olhar está falando. Vou responder-lhe.
Não, sou muito ousado, não se dirige a mimas duas estrelas do céu, as mais formosas, tendo tido qualquer ocupação, aos olhos dela pediram que brilhassem nas esferas até que elas voltassem.
Que se dera se ficassem lá no alto dos olhos dela, e em sua cabeça dois luzeiros? Suas faces nitentes (resplandecentes, brilhantes) deixariam corridas às estrelas, como o dia faz com a luz das candeias, e seus olhos tamanha luz no céu espalhariam, que os pássaros, despertos, cantariam. Vede como apoia o rosto à mão.
Ah! Se eu fosse uma luva dessa mão para poder tocar naquela face!
Julieta: Ai de mim!
Romeu: Oh! Falou! Fala de novo, anjo brilhante, porque és tão glorioso para esta noite, sobre a minha fronte, como o emissário alado das alturas, poderia ser para os olhos brancos dos mortais atônitos (espantados, pasmados, estupefatos), que, para vê-lo, se reviram, quando montado passa nas ociosas nuvens e veleja no seio do ar sereno.
Julieta: Romeu! Romeu! Por que és tu, Romeu? Renega o pai, despoja-te do nome, ou então, se não quiseres, diga ao menos que amor me tens, porque uma Capuleto deixarei de ser logo.
Romeu (à parte): Continuo ouvindo-a mais um pouco, ou lhe respondo?
Julieta: Meu inimigo é apenas o teu nome. Continuarias sendo o que és se Montecchio tu não fosses. Que és Montecchio? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo. Sê outro nome. Que há num simples nome? O que chamamos de rosa sob uma outra designação teria igual perfume. Assim, Romeu, se não tivesses o nome de Romeu, conservaria a tão preciosa perfeição que dele é sem esse título. Romeu, risca teu nome, e em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira.
Romeu: Sim. Aceito a tua palavra. Dá-me o nome apenas de amor, que ficarei rebatizado. De agora em diante, não serei Romeu
Julieta: Quem és tu, que encoberto pela noite, entras em meu segredo?
Romeu: Por um nome, não sei dizer-te quem eu seja. Meu nome, cara santa, me é odioso, por seu teu inimigo: Se estivesse diante de mim, escrito, o rasgaria.
Julieta: Minhas orelhas ainda não beberam cem palavras de tua boca, mas reconheço o tom. Não és Romeu, um dos Montecchios?
Romeu: Não bela menina, nem um, nem outro, se isto te desgosta.
Julieta: Dize-me como entraste e por que vieste, muito alto é o muro do jardim, difícil de escalar, sendo o ponto, a própria morte, se és quem atendermos-caso fosses encontrado por um dos meus parentes.
Romeu: Do amor as lestes asas me fizeram transpor o muro, pois barreira nenhuma conseguirá deter do amor o curso, tentando o amor, tudo o que o amor realiza. Teus parentes, assim, não poderiam desviar-me do propósito.
Julieta: No caso de seres visto, poderão matar-te.
Romeu: Ai! Eu teus olhos há maior perigo do que em vinte punhais de teus parentes.
Olha-me com doçura, e é o quanto basta para me deixar à prova do ódio deles.
Julieta: Por nada neste mundo, desejara que fosses visto aqui.
Romeu: A capa tenho da noite, para deles ocultar-me. Basta que me ames, e eles que me vejam. Prefiro ter cercada logo a vida, pelo ódio deles, a ter morte longa, faltando o teu amor.
Julieta: Com quem tomaste informações para até aqui chegares?
Romeu: Com o amor, que a inquirir me deu coragem; deu-me conselho, e eu lhe empreste olhos. Não sou piloto, mas se te encontrasses tão longe quanto a praia mais extensa que o mar mais longínquo banha, aventurara-me para obter tão preciosa mercancia.
Julieta: Sabe-lo berma máscara da noite me cobre agora o rosto; do contrário um rubor virginal me pintaria, de pronto, as faces pelo que me ouviste dizer neste momento.
Desejara- Oh! Minto! -Retratar-me do que disse. Mas, fora! Fora com as formalidades….
Amas-me? Sei que vais dizer “sim”, e creio no que dizes. Se o jurares, porém, talvez te mostres inconstantes, pois os perjúrios dos amantes, dizem. Jovem sorri. Ó, meu gentil Romeu, se amas, proclama-o com sinceridade; ou, se pensas, acaso, que foi fácil a minha conquista, vou tornar-me ríspida, franzir o sombrancelho, e dizer “não”, porque me faças novamente a corte. Se não, por nada, nada, neste mundo.
Belo Montecchio; é certo, estou perdida, louca de amor, daí poder pensares que meu procedimento é assaz leviano, mas podes crer-me cavalheiro, que hei de mais fiel mostrar-me do que quantas tem bastante astúcia para serem cautas.
Poderia ter sido mais prudente, preciso confessá-lo. Se não fosses teres ouvido sem que eu percebesse, minha veraz paixão. Assim, perdoa-me, não imputando à leviandade, nunca, meu abandono pronto, descoberto tão facilmente pela noite escura.
Romeu: Senhora, juro pela Santa Lua, que acairela de prata as belas frondes de todas estas árvores frutíferas…
Julieta: Não jures pela Lua, essa inconstante, que seu contorno circular altera todos os meses, porque não pareça que o teu amor também é assim, mudável.
Romeu: Por que devo jurar?
Julieta: Não jures por nada, ou jura, se o quiseres, por ti mesmo, por tua nobre pessoa, que é objeto de minha idolatria. Assim te creio.
Romeu: Se o amor sincero deste coração….
Julieta: Para! Não jures, muito embora seja a minha alegria, não me alegra a aliança desta noite, irrefletida, foi por demais, precipitada, súbita, tal qual como o relâmpago que deixa de existir antes que dizer possamos. Ei-lo! Brilhou! Boa noite, meu querido, que o hálito do estio amadureça este botão de amor, porque ele possa, numa flor transformar-se, delicada, quando outra vez nos vimos. Até a vista; Boa noite. Possas ter a mesma calma que nesse instante, se me apossa da alma.
Romeu: Vais deixar sair malsatisfeito?
Julieta: E que alegria querias esta noite?
Romeu: Trocar contigo o voto fiel de amor
Julieta: Antes que me pedisses já te dera, mas desejara ter de dá-lo ainda
Romeu: Desejas retirá-lo? Com que intuito, querido amor?
Julieta; porque mais generosa, de novo te ofertasse. No entanto, não quero nada, afora o que possuo. Minha bondade é como o mar: Sem fim, e tão fundo quando ele.
Posso dar-te sem medida, que muito mais me sobra, ambos são infinitos.
-A Ama chama dentro-
Julieta: Ouço bulha dentro de casa. Adeus, amor. – Ama, vou já- Sê fiel Doce Montecchio. Espera um momentinho, volto já.
-Retira-se da janela-
Romeu: Que noite abençoada. Tenho medo, de um sonho, lisonjeiro, em demasia para ser realidade.
– Julieta torna a aparecer em cima-
Julieta: Romeu querido, só três palavrinhas e boa noite outra vez.
Se esse amoroso pendor for sério e honesto, amanhã cedo uma palavra, pelo próprio que eu te mandar: em que lugar pretendes realizar a cerimônia, que a teus pés deporei minha ventura, para seguir-te pelo mundo todo, como senhor e esposo.
Ama (dentro): Senhorita!
Julieta: Já vou, já vou! -Porém se não for puro o teu pensamento…
Ama: Menina!
Julieta: Já vou, já vou! Neste momento…que não sigas com tuas insistências, e me deixes entregue à minha dor. Amanhã cedo te mandarei recado por um próprio.
Romeu: Por minha alma…
Julieta: Boa noite vezes mil
-Retira-se-
Romeu: Não. Má noite, sem a tua luz gentil. O amor procura o amor como um estudante que para a escola corre: num instante. Mas ao afastar-se dele, o amor parece que se transforma em colegial refece (vil, ordinário, miserável)
-Faz menção de retirar-se-
-Julieta torna a aparecer na janela-
Julieta: Psiu! Romeu, psiu! Oh! Quem me dera o grito do falcoeiro, porque chamar pudesse este nobre gavião! O cativeiro tem voz rouca; não pode falar alto, senão eu forçaria a gruta de eco, deixando ainda mais rouca do que a minha, a sua voz aérea à força de cem vezes o nome repetir do meu Romeu.
Romeu: Minha alma é que chama pelo nome. Que doce som de prata faz a língua dos amantes à noite, tal qual música langorosa (fraco, débil, lânguido), que ouvido atento escuta?
Julieta: Romeu!
Romeu: Minha querida?
Julieta: A que horas devo mandar alguém para falar-te?
Romeu: Às nove horas
Julieta: Sem falta. Só parece que até lá são vinte anos. Esqueci-me do que tinha a dizer.
Romeu: Deixa que eu fique aqui parado para que te recordes
Julieta: Esquecê-lo-ia, se ficasses aí parado, recordando-me de como adoro a tua companhia.
Romeu: E eu ficaria para que esquecesses, deixando de lembrar-me de outra casa que não fosse esta aqui.
Julieta: É quase dia. Desejaras que já tivesses ido, não mais longe, porém, do que travessa menina deixa o passarinho, que das mãos ele solta – tal qual pobre prisioneiro na corda bem torcida-para logo puxá-lo novamente pelo fio de seda, tão ciumenta e amorosa é de sua liberdade.
Romeu: Quisera eu ser teu passarinho.
Julieta: O mesmo, querido, eu desejara, mas de tanto te acariciar, podia até matar-te.
Adeus, calca-me a dor com tanto afã (cuidado), que “boa noite” eu diria até amanhã
Romeu: Que aos teus olhos, o sono baixe, e ao peito. Fosse eu o sono e dormisse desse jeito! Vou procurar meu pai espiritual, para um conselho lhe pedir leal.
[34] Katharine Cornell (1893-1974) foi um atriz, escritora, teatróloga e produtora estadunidense.
[35] N.T.: Ecl 1:9
[36] N.T.: Disponente ocorre quando dois ou mais Astros são ligados pelo regimento que forma frequentemente uma corrente. Um exemplo é Sol em Áries / Marte em Gêmeos / Mercúrio em Peixes / Netuno em Sagitário / Júpiter em Sagitário. Nesta cadeia o Sol dispõe de Marte que dispõe de Mercúrio, que dispõe de Netuno que dispõe de Júpiter. Não pode ir mais longe porque Júpiter está em seu próprio Signo. Todos os cinco desses Astros trabalham juntos e devem ser interpretados dessa maneira. A configuração de disponentes pode-se trabalhar em um tema pessoal ou entre duas ou mais pessoas.
[37] N.T.: Luther Burbank (1849-1926) foi botânico e horticultor, pioneiro na ciência agrícola. Ele desenvolveu mais de 800 linhagens e variedades de plantas ao longo de sua carreira, que durou de 55 anos. Suas criações incluíram frutas, flores, grãos, ervas e legumes. Os maiores sucessos de Burbank incluem a margarida Shasta, a papoula Fogo, o pêssego Elberta julho, o Santa Rosa ameixa, nectarina o ouro flamejante, a ameixa Wickson, o pêssego Freestone, e o BlackBerry branco. Uma variante genética natural da batata Burbank com pele de cor castanho-avermelhado mais tarde se tornou conhecido como a batata Russet Burbank. Essa batata, de pele morena e polpa branca, tornou-se predominante no mundo do processamento de alimentos.
O Sentido Metafísico da Arte
A Arte é uma forma de expressão do ser humano. Por intermédio dela revela-se seu nível de consciência.
Em seu estágio primitivo o ser humano procurou conhecer as coisas que o rodeavam e reproduzi-las dentro de suas limitadas possibilidades. O ser humano das cavernas deixou difusas marcas de sua existência, incapazes, porém, de permitir aos modernos pesquisadores um estudo mais acurado de sua consciência. Com o passar do tempo a capacidade de percepção daquele ser primitivo foi se aprimorando e formas mais detalhadas foram gravadas nas rochas, embora revelando uma Arte ainda bem rudimentar.
Como a evolução interna do ser humano faz evoluir também todos os campos onde ele atua, essa manifestação artística tornou-se mais clara e compreensível. O gradativo refinamento da mente e dos sentimentos conduziu a uma dinamização das faculdades criativas. Ele passou a criar não só com perfeição, mas também com beleza. O artista, sempre voltado para o belo, liga-se aos planos superiores da natureza, a verdadeira fonte de todas as suas aspirações.
A verdadeira Arte é indissociável da sensibilidade. Somente uma alma sensível pode captar sons e cores em sua verdadeira pátria, nas regiões denominadas de Primeiro e Segundo Céus nos ensinamentos da Sabedoria Ocidental.
Assim como o Mundo Físico é a região das formas, o Mundo do Desejo e o Mundo do Pensamento são, respectivamente, o plano da cor e do som. Diz Max Heindel no Conceito Rosacruz do Cosmos que a música celeste é um fato e não mera figura de retórica. Pitágoras fala na “Harmonia das Esferas” e Goethe, no prólogo de Fausto, faz menção a essa sinfonia celestial.
Na realidade, a diferença vibratória entre o Mundo do Pensamento e o Mundo Físico é tão acentuada que daquele chegam apenas ecos a esse plano. O som original não resiste à queda de vibração, não podendo ser percebido em sua inteireza por ouvidos físicos. As belas sinfonias de Beethoven, por exemplo, são pálidas reproduções do que o grande mestre conseguiu captar nas dimensões superiores da natureza. Eis porque é válido dizer-se que a “música é a linguagem dos Anjos”.
É importante destacar que o primeiro órgão de sensibilidade desenvolvido pelo ser humano foi o ouvido.
No longínquo Período de Saturno — o primeiro estágio da nossa manifestação — uma Hierarquia Divina, os Senhores da Chama, deu-nos o germe daquele que seria nosso atual Corpo Denso e também a capacidade de desenvolvimento da audição. São João, no primeiro capítulo do seu Evangelho, diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”. Sendo o som um poderoso fator desde o princípio da criação, é inegável a importância do desenvolvimento da audição.
As experiências do poeta assemelham-se às do músico. A poesia é expressão dos mais íntimos sentimentos da alma. As palavras ordenam-se conforme as leis da harmonia e ritmo que regem a expressão do espírito da música.
O artista tendo a faculdade de ver, ouvir e sentir a natureza de maneira diferente, mais ampla e aperfeiçoada do que o comum das pessoas, poderá expressá-la nas Artes plásticas, na música, poesia, transmitindo até vislumbres de sua origem divina aos apreciadores de suas obras. Ele o faz também porque sente a necessidade de eternizar seus pensamentos e sentimentos.
O indivíduo, qualquer que seja seu grau de evolução, não quer se submeter ao temporal, mas sim transcendê-lo. Isso é válido tanto para o primitivo ser humano das cavernas como para o da Renascença ou do Modernismo.
O indivíduo procura perpetuar-se na literatura, na música, na dança, nas Artes plásticas. O dançarino, naquele breve momento, projeta-se no tempo. O mesmo ocorre com o músico, porque aqueles momentos de execução de um número musical ficam gravados nos registros da natureza. Aquele instante é uma eternidade. Aliás, quem entende de eternidade é o próprio espírito. Na arquitetura o ser humano quer tornar a necessidade do “habitat” numa obra de Arte que perdure além do tempo.
A Arte é uma forma de educação permanente. Um povo cercado de beleza sob a forma de jardins, florestas, edifícios, esculturas e música torna-se refinado em seus sentimentos e unido em suas aspirações.
A manifestação artística é uma linguagem universal. É o mais abrangente canal de comunicação de sentimentos. Goethe denominou-a de “a magia da alma”. Schiller afirmou: “A Arte restitui ao indivíduo a sua dignidade”. E Carlyle: “Em toda a obra de Arte discernirás a Eternidade, contemplando através dos tempos a Divina Manifestação visível”.
Na Grécia antiga floresceu uma magnífica civilização e sua maior característica era tudo expressar com requintada beleza. Orfeu adormecia os animais fazendo soar docemente a sua lira. Nas grandes obras de escultura resplandeciam a beleza e harmonia como na representação de Eros e Psiché — a Alma e o Amor. Aquela magnífica civilização produziu artistas, filósofos, poetas, até hoje considerados verdadeiros mestres da Sabedoria.
Max Heindel afirma no Conceito: “A Religião, a Arte e a Ciência são os três meios mais importantes da educação humana. São uma trindade numa unidade. Não podemos separá-las sem torcer o ponto de vista de qualquer coisa que investiguemos. A verdadeira Religião compreende a Ciência e a Arte, porque ensina a viver belamente em harmonia com as leis da natureza. A verdadeira Ciência, no mais elevado sentido, é artística e religiosa porque nos ensina a reverenciar e a nos conformar com as leis que governam nosso bem-estar e explica porque a vida religiosa conduz à saúde e beleza. À verdadeira Arte é tão educativa como a Ciência e de influência tão aperfeiçoadora como a Religião”.
“Na arquitetura encontramos a mais sublime representação das linhas de força cósmica do universo. Enche o observador espiritual de uma poderosa devoção e adoração, nascida da concepção da grandeza e da majestade de Deus. A escultura e a pintura, a música e a literatura, imbuem-nos de um transcendental amor de Deus, o manancial e a meta de todo este formoso mundo”.
“Nenhuma outra coisa, a não ser esse ensinamento integral poderá corresponder permanentemente às necessidades humanas. Noutro tempo, entre os gregos de Religião, a Arte e a Ciência eram ensinados conjuntamente nos Templos de Mistérios. Tornou-se necessário, para melhor desenvolvimento de cada uma delas, separá-las durante algum tempo”.
“A Religião reinou suprema na Idade Média. Durante esse tempo escravizou a Ciência e a Arte, atando-as de pés e mãos. Logo veio o período da Renascença e a Arte floresceu em todos os seus domínios. A Religião era muito forte ainda, e a Arte bem depois degenerou, à serviço da primeira. Por último, chegou a vez da moderna Ciência que, com mão de ferro, subjugou a Religião. Tal estado de coisas não pode continuar. Deve produzir-se a reação. Se assim não fosse a anarquia dominaria o Cosmos. Para evitar tal calamidade a Religião, a Ciência e a Arte devem reunir-se numa expressão do Bom e do Verdadeiro, mais elevado do que antes da separação”.
Os gregos, porque recebiam uma formação integral, conheciam o sentido metafísico das Artes. Era costume entre as mulheres da Grécia antiga, quando grávidas, ficarem retiradas, permanecendo tranquilamente em seus lares. Rodeavam-se do Belo, ocupavam-se de forma útil e agradável lendo ou estudando filosofia e Arte. Tinham plena certeza de que criando essa atmosfera espiritual a criança por nascer seria dotada de formas belas e caráter elevado.
A dança, ocupava em lugar de destaque no sistema educacional grego, a ponto de Platão crer que através dela seria possível surgir uma nova ordem social. Na expressão corporal encontramos a primeira forma de comunicação do ser humano. E, como as primeiras sociedades humanas eram teocráticas encontramos a dança inserida nos rituais religiosos como meio de comunicação com a divindade. Com o passar do tempo perdeu o sentido místico. Acabou sendo considerada uma prática pagã e mundana e daí foi abolida da ritualística nos templos.
A Arte não escapa ao momento ideológico e espiritual que a sociedade está vivendo. Assim, com o advento da Idade Média, as Artes em geral passaram a servir a Religião.
A estrutura social predominante na Idade Média era rígida, condenando cada indivíduo a um destino hereditário. Como havia total insegurança do povo quanto ao futuro, somente a vida religiosa oferecia algum conforto.
A cultura era accessível a apenas uma minoria, representada pelo clero. O ser humano medieval era letrado, supersticioso e extremamente místico. E todo ideário artístico-filosófico greco-romano foi abandonado por ser considerado resquício de paganismo. Entretanto, o pensamento de Aristóteles acabou sendo redescoberto na Idade Média por São Tomaz de Aquino. A filosofia aristotélica abrange a natureza de Deus (metafísica), do ser humano (ética) e do estado (política).
Como já dissemos, o indivíduo medieval era extremamente místico. Esse misticismo, levado a tais níveis, dotava as pessoas de Clarividência negativa a ponto de poderem observar os espíritos da natureza. Eram comuns as narrativas de duendes, fadas, etc.
No Hemisfério Norte, o verão é o tempo em que aparecem os duendes e demais entidades semelhantes, a quem cabe trabalhar pelo desenvolvimento material do nosso planeta. E, na noite de São João, no Festival das Fadas, esse processo chega ao seu ponto culminante como demonstrou Shakespeare em “Sonhos de Uma Noite de Verão”.
Algumas lendas que inspiraram os contos infantis, como por exemplo o da Branca de Neve e os Sete Anões, têm sua origem na Idade Média.
A Arte medieval era simples e refletia sempre o sentimento religioso. Só temas sacros eram representados, com algumas exceções. Os templos eram ornamentados com afrescos contando a História Sagrada e figuras de santos. Na música destacava-se o Canto Gregoriano e as peças teatrais eram encenadas nas igrejas abordando sempre temas religiosos.
Por falar em igrejas, é necessário lembrar a importância da Arte gótica no período medieval. O gótico nasceu na França, no século XII. As catedrais de Canterbury (Inglaterra) Notre-Dame (Paris) e a de Milão são um exemplo notável dessa Arte. Há quem afirme haver uma correlação entre à forma das catedrais góticas (com arcos ogivais formando o interior), as pirâmides e a junção das palmas das mãos quando se ora. Seriam uma maneira de catalisar energias cósmicas?
Lenta, quase imperceptivelmente, algumas mudanças começaram a surgir. Os “Mistérios” foram gradativamente restaurados, graças a ação dos Alquimistas e trovadores. Através da poesia trovadoresca ou Provençal algumas verdades profundas eram transmitidas às pessoas, como se fossem parábolas, em jogos realizados nos castelos. Na lenda de Tannhauser encontramos menção a esses jogos.
As ciências, vez por outra, encontravam uma fresta por onde pudessem manifestar-se. Assim é que Roger Bacon, filósofo inglês, versado também em matemática e ciências naturais, realizou experiências no campo da ótica e da propagação das forças. Bacon faleceu em 1292.
Mas o grande acontecimento dessa época deu-se no século XIII, quando Christian Rosenkreutz fundou a Ordem dos Rosacruzes com o “objetivo de lançar uma luz oculta sobre a mal-entendida Religião Cristã e para explicar o mistério da vida e do ser humano desde um ponto de vista científico, em harmonia com a religião”.
Diz Max Heindel no Conceito: “Vários séculos se passaram desde o nascimento de Christian Rosenkreutz e muitos consideraram um mito a existência do fundador da Escola de Mistérios dos Rosacruzes. Todavia, seu aparecimento marcou o princípio de uma nova era na vida espiritual do Ocidente”.
“Esse excepcional Ego tem surgido em contínuas existências físicas num ou noutro dos países europeus”. Trabalhou com os alquimistas durante séculos antes do advento da moderna ciência. Foi ele que por um intermediário inspirou as agora mutiladas obras de Bacon. Jacob Boehme e outros, dele receberam a inspiração que tão espiritualmente iluminou seus livros. Nas obras do imortal Goethe e de Wagner encontramos a mesma influência. Todos os espíritos inquietos que se recusam a subordinar-se à ciência e à ortodoxia da religião, que fogem das escravidões e procuram penetrar nos domínios espirituais sem pretensões de glória ou vaidade, inspiraram-se na mesma fonte, como fez e faz o grande espírito que animou Christian Rosenkreutz”.
O que ocorreu na Europa por volta do século XIII foi algo muito mais importante do que se possa imaginar. Alguns artistas e pensadores tornaram-se pioneiros da Renascença ao reverenciarem os ideais artísticos da Antiguidade. A Renascença não foi um fenômeno súbito do século XIV, uma ressurreição do interesse pela cultura clássica da Grécia e Roma. O Renascimento pode ser considerado uma fase de reação às doutrinas aristotélicas. As ideias de Platão foram difundidas e adotadas pela nova visão humanista e racional do mundo e da ciência.
Na Idade Média a vida girava em torno da sacralidade, do divino. Deus era o centro e a razão de todas as coisas. No Renascimento essa visão se modifica. O ser humano passou a ver o mundo em função de si próprio, elegendo-se como o novo centro do Universo. O desenvolvimento desse humanismo se fez com a recuperação do patrimônio filosófico e artístico da civilização greco-romana.
A expansão marítima, ampliando o conhecimento do mundo, deu dimensões universais ao pensamento. Surgiram os estados centralizados em forma de monarquias absolutistas. Com o aparecimento de uma nova classe social — a burguesia — desintegrou-se a velha estrutura feudal. O capitalismo suplantou o feudalismo. Apareceram as cidades. Em busca de novas técnicas de produção diferentes campos começaram a ser pesquisados.
Toda essa evolução não poderia expressar-se através de formas artísticas da época medieval, dominadas pela religiosidade. Uma nova Arte se desenvolveu para exprimir o mundo novo. As formas artísticas adotadas assemelham-se às da Antiguidade Clássica. A cruz latina que durante toda a Idade Média fora o motivo básico das plantas das igrejas cedeu lugar à cruz grega (com os ramos de igual comprimento) para que as construções se tornassem simétricas em relação a um ponto central. Muitos arquitetos, considerando o círculo uma forma geométrica perfeita, viam-no como o mais adequado às obras dedicadas a um Deus perfeito. A basílica de São Pedro e a famosa igreja de Florença são de estilo renascentista.
O Renascimento não se limitou apenas ao campo da ciência, Artes e letras. Passou a influenciar, também, a educação, a política e a própria religião. Passou a vigorar um intenso humanismo. Viver a vida e conhecê-la tanto quanto possível generalizou-se como atitude.
Alguns iluminados renascentistas expressaram em suas vidas aquela formação integral que a Grécia antiga oferecia, quando ciência, Arte e religião se completavam harmoniosamente. Assim é que Michelangelo foi escultor, pintor, arquiteto e poeta. Leonardo da Vinci foi artista, filósofo e cientista. Outros gênios daquela época revelaram em suas obras notáveis conhecimentos ocultos.
Max Heindel em “Iniciação Antiga e Moderna” afirma: “O pintor Raphael empregou seu maravilhoso domínio do pincel para exteriorizar a luz dos mais profundos conhecimentos esotéricos em seus melhores trabalhos: “A Madona Sistina” e o “Matrimônio da Virgem”. Cópias dessas admiráveis pinturas encontram-se em qualquer lugar onde se vende quadros. No original nota-se uma tonalidade particular no halo dourado atrás da Madona e da Criança que, ainda que excessivamente grosseiro para uma pessoa dotada de visão espiritual, é, não obstante, uma imitação tão exata e fiel da cor básica do Primeiro Céu, como é possível obter-se com pigmentos e cores terrenas. Uma observação atenta de seu fundo revelará o fato de que esse halo amarelo é composto de uma infinidade de figuras desses seres que chamamos de Anjos, com cabeças e asas. O papa está representado apontando a Senhora e o Cristo menino.
Examinando-o atentamente vê-se que a mão com que aponta tem seis dedos. Não há indícios históricos afirmando que o papa teria tal deformidade. Os seis dedos da mão foram pintados deliberadamente pelo autor. Qual foi seu propósito nós podemos verificar se examinarmos seu quadro “Matrimônio da Virgem” no qual pode-se notar anomalia semelhante. Maria e José estão representados com o menino Jesus no momento de sua fuga para o Egito e um rabino está nas proximidades. O pé esquerdo de José é o detalhe mais adiantado e evidente do quadro e tem seis artelhos. Nos dois casos os seis membros representam o sexto sentido, faculdade que se obtém por meio da Iniciação. Por esse sutil sentido o pé de José foi guiado em sua fuga para manter a salvo aquele tesouro sagrado. No outro caso, o papa tem um sexto sentido indicando que não era “um cego guiando outros cegos”, mas alguém possuidor de uma visão espiritual”.
Há um trabalho de Michelangelo, na igreja de San Pietro in Vincoli, em Roma, que deixa todo mundo intrigado. Nele Moisés está representado com cornos (chifres). Sabemos pelo estudo dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental que Moisés foi o arauto da Idade de Áries, o cordeiro. Eis porque Michelangelo demonstrando grande sabedoria pintou-o com cornos.
Por ser uma expressão do espírito, a Arte reflete um momento peculiar da sociedade. E a sociedade europeia passava por transformações. Os monarcas absolutistas tornaram-se poderosos e opulentos graças, principalmente, às riquezas das colônias do Novo Mundo.
Essa nova ordem de coisas, política e social, provocou a renovação do estilo renascentistas. Surgiu o barroco, estilo originário da Itália e cujo apogeu alcançou os séculos XVII e XVIII.
Embora inspirado na arquitetura antiga, o barroco era muito exuberante em suas formas. Caracterizava-se pela grandeza excessiva, artificialidade, ornamentação extravagante e ampla utilização: de recursos clássicos como a coluna, a cúpula, esculturas de cenas mitológicas, abundância de detalhes decorativos na superfície. A capela do Santo Sudário (Turim), a abadia de Alcobaça (Leiria, Portugal), várias igrejas da Bahia, Minas Gerais e Pernambuco são construções de estilo barroco.
A música, após a Idade Média, evoluiu admiravelmente. Para termos uma ideia dessa evolução, retrocedamos no tempo. Quando a Terra ainda se encontrava em formação, o ser humano valia-se do ritmo para expressar-se musicalmente. É interessante acrescentar que o ritmo está ligado à formação dos Corpos Denso e Vital.
A expressão musical foi se aprimorando a ponto de ao ritmo agregar-se a melodia. Com o advento do Cristo surgiu um terceiro elemento: a harmonia. Por volta do ano mil da nossa Era ela passou a aparecer com mais frequência, formando a tríade melodia, harmonia e ritmo. Até então a harmonia não era muito usada em composições musicais. As apresentações eram realizadas somente com voz humana ou com instrumentos, porém, tocados isoladamente.
Na Renascença ocorreu a redescoberta de técnica da harmonia, conhecida apenas pelos iniciados da Grécia antiga.
(Publicado na revista Serviço Rosacruz – 10/86)