Arquivo de categoria Treinamento Esotérico

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Razões Visíveis e Esotéricas para o Solstício de Dezembro

As Razões Visíveis e Esotéricas para o Solstício de Dezembro

Os Solstícios marcam o momento em que a vibração terrestre é mais elevada e em que os Raios Cósmicos da Vida Crística entram profundamente (Solstício de Dezembro) ou saem definitivamente (Solstício de Junho).

Juntamente com os Equinócios de Março e Setembro, constituem os pontos decisivos na vida do Grande Espírito da Terra, Cristo.

O Solstício de Dezembro – ótimo momento para se fazer um importante exercício esotérico na sua véspera: Ritual do Solstício de Dezembro!

Vamos a explicação exotérica e depois a esotérica:

Razões Visíveis: No Solstício de Dezembro a Terra está se aproximando no máximo PERTO do Sol.

Como sabemos, a Astrologia funciona em projeção geocêntrica, e a declinação dá-nos a maior ou menor angulação que o Astro considerado faz com o Equador, tal como visto da Terra.

Assim, à medida que os dias se vão aproximando de Dezembro, a declinação do Sol vai diminuindo: passa de 00 em 21-22 de Setembro até atingir um máximo de 230 26′ em 20-21 de Dezembro: então parece que fica “parado”, cerca de três dias nos 230 26′ (daí o verbo sistere, que compõe a palavra “solstício”), uma vez que estamos vendo em projeção geocêntrica contra o fundo da Esfera Celeste, e a partir do dia 24-25 volta “para trás” e os dias começam a diminuir.

A razão cosmográfica do Sol ficar “parado” aparentemente, durante três dias por ocasião dos Solstícios, tem a ver com as declinações e não com as longitudes celestes.

Essas razões físicas são as partes visíveis que verificamos como evidências de que o Solstício de Dezembro é o momento em que a Terra está chegando ao seu ponto mais perto do Sol.

Razões Esotéricas: esteja você no hemisfério Norte ou no Sul, independentemente da inversão das estações, uma coisa não muda: é a DISTÂNCIA, maior ou menor, a que o Sol se encontra da Terra. A Terra percorre uma elipse em torno do Sol, ao longo do ano, e não uma circunferência perfeita, e o Sol ocupa um dos focos dessa elipse.

O fluxo e o refluxo do impulso espiritual de Cristo (misticamente, o nascimento, a morte e a ressurreição do Salvador) culmina no Solstício de Dezembro.

Cristo chega ao centro da nossa Terra à meia-noite de 24 de dezembro. Ele rejuvenesce a Terra e os reinos de vida que nela evolucionam.

Aí Ele fica por três dias e, depois, começa a voltar. Esta volta se completa na Páscoa. Assim, do Natal até a Páscoa Ele se dá a Si mesmo sem limitações nem medida, imbuindo com vida, não apenas as sementes adormecidas, mas todas as coisas sobre e dentro da Terra. Sem essa infusão da Vida e Energia Divinas, todos os seres viventes da nossa Terra morreriam imediatamente, e todo o progresso seria frustrado, no que concerne à nossa presente linha de desenvolvimento.

Como dissemos acima, no Solstício de Dezembro, a Terra está no máximo MAIS PERTO do Sol, o que provoca um aumento da espiritualidade com o correlativa intensificação e pujança de vitalidade espiritual.

Inicia-se o renascimento da Luz, ou seja, o dia 25 de dezembro marca o fim do “ciclo solsticial”.

A partir do dia 26 de dezembro se inicia um segundo ciclo de especial significado Iniciático.

Na igreja primitiva cristã, entre o dia 26 de dezembro (Primeiro Dia Sagrado) e o dia 6 de janeiro (Décimo Segundo Dia Sagrado) ocorria a preparação ritual dos catecúmenos que eram batizados no Dia de Reis (Primeira Iniciação). Esses “Doze Dias Sagrados”, que acompanham a fase inicial do renascimento do “Sol Invencível”, eram como que um resumo do ano zodiacal seguinte, e estavam sob a proteção das Hierarquias Celestes que tradicionalmente regem os 12 Signos do Zodíaco.

Que as rosas floresçam em vossa cruz!

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Colar Coral

O Colar Coral

Todos vocês já fizeram aniversário e sabem como é excitante abrir pacotinhos misteriosos, embrulhados suavemente em papéis brancos e amarrados com alegres fitas coloridas. Assim sendo, caros leitores, vocês sabem como se sentiu Rosália no seu aniversário e como ela abria seus presentes ansiosamente, exclamando diante da surpresa que representava cada pacote.

O último a ser aberto era uma caixinha alongada, diferente dos outros pacotes. E, quando ela abriu a caixa, você precisaria tê-la ouvido exclamar: “Oh, que maravilha!”; pois lá estavam estendidas sobre um tufo de cetim branco, três rosas minúsculas esculpidas no mais delicado coral e presas por uma bela corrente de ouro.

– Oh, Vovô, que lindo colar! Onde você o comprou? Diga-me tudo sobre essas lindas rosas de coral!

Então, Vovô ergueu Rosália e colocou-a sobre seus joelhos e todas as crianças da festa se juntaram ao seu redor, para ouvir a história do colar de coral.

– Há muitos anos – provavelmente milhares de anos, disse Vovô, sobre as mornas águas azuis do Mar Mediterrâneo, flutuavam criaturinhas com um corpo suave como as geleias, parecendo estrelas do mar, somente que bem pequenas. Elas estavam procurando um novo lar e, encontrando rochas firmes no morno e profundo mar, elas agarraram-se lá, com segurança. Não tinham pés nem olhos, mas, através de suas bocas, elas bebiam em gotas a água do mar, absorvendo pequenas quantidades de cal que ajudaram a construir seus corpos e assim formar aquilo que pareciam ser pequenos castelos de pedras de cal. Um número cada vez maior dessa família de corais flutuantes – relacionada com a famosa família dos pólipos – agarravam-se às rochas. Elas se fixavam firmemente nas rochas e com que paciência e tenacidade desempenhavam seu trabalho de construir, fazendo sua parte no jardim do mar em preparação pela Mãe Natureza!

– O sedimento cresceu, cresceu, até que, após algum tempo, formou quase uma grande parede. Quando os corpos das primeiras famílias se fixaram e viraram pedras, então, dessas pedras pareciam crescer pequenos botões – quase como acontece com as pequeninas folhas na primavera. Estas eram as crianças corais e, à semelhança das outras crianças, elas também estavam procurando novos lares, como fizeram os pioneiros. No entanto, outras crianças nunca tentaram desligar-se da família, mas permaneceram em casa ajudando na construção. Assim, essa parede viva cresceu e tornou-se cada vez mais bonita. Ela refletia o azul do céu, o dourado do Sol brilhando, as tonalidades róseas do pôr do Sol e também o escarlate do nascer do Sol. Após algum tempo, apareceram lindas florestas de árvores de coral, delicados arbustos cor-de-rosa e flores de um matiz profundo. Perto das paredes de coral estavam minúsculos lagos, onde peixes de cor brilhante nadavam para lá e para cá, mordiscando os musgos verdes que se agarravam nos ramos de coral.

– Algumas vezes, outros pequenos habitantes do mar importunavam a família coral, dizendo: “Saiam de suas casas e flutuem conosco!”. E os pequenos corais construtores respondiam: “Vão embora e sejam felizes. Não podemos sair de nossas casas – pois as nossas casas somos nós mesmos. Mas, nós nos divertimos com nosso trabalho e somos felizes construtores para a Mãe Natureza!”

– Os pequenos corais construtores não podiam ouvir como nós e, consequentemente, não podiam falar como nós, mas os habitantes do mar têm uma linguagem própria e entendem bem o que as outras famílias do mar lhes dizem, explicou Vovô. Assim, fiel, esperançosa e amorosamente eles constroem um grande cordão de coral. Naturalmente, eles levam anos e anos para construir esse cordão; pois esses minúsculos construtores são muito pequeninos. Os antigos povoadores há muito já deixaram seus castelos, semelhantes a casas de pedra-calcária e sua pequena chama de vida já apagou. Mas, eles deixaram suas casas de pedra com uma sólida fundação para que outros pequeninos corais pudessem construir sobre elas. Esses felizes construtores amavam as arrojadas ondas e as espumas do mar. E, muitas vezes, as ondinas – os espíritos do mar – sussurraram-lhes sobre as outras criaturas do mar, contando-lhes maravilhosas lendas sobre os tesouros do mar da Mãe Natureza. Os bondosos Espíritos da Natureza que trabalham com a grande família dos pólipos ajudaram-nos com suas paredes de coral e os animavam em seu trabalho. Porque na escola da Mãe Natureza há uma regra, que aquele que sabe fazer coisas deve ajudar os que estão aprendendo e deve ter paciência com eles, até que aprendam suas lições. A Mãe Natureza é maravilhosa, e o Pai magnânimo deixou aos seus cuidados carinhosos, todas as crianças da Terra e do Mar. E a Mãe Natureza guia e olha todas as suas criancinhas. Ela as ama com um amor muito compreensivo e sempre recompensa sua fidelidade. Assim, os pequenos corais construtores não se incomodavam quando, numa tempestade ocasional, as ondas fortes quebravam um grande pedaço de sua parede. Não, isso era parte da recompensa que esperavam por serem construtores fiéis. Uma nova experiência estava reservada a eles, pois bondosos pescadores levavam embora esses pedaços quebrados do coral da praia.

– E isso trouxe-me até ao seu colar, Rosália, continuou Vovô. Um adorável pedaço de um raro coral cor-de-rosa foi levado a um joalheiro que, com suas mãos carinhosas, esculpiu essas delicadas rosas. E, por meio de seu fiel serviço à Mãe Natureza, os construtores corais agora trazem felicidade para uma garotinha no dia de seu aniversário.

Vovô colocou a corrente de ouro ao redor do pescoço macio de Rosália, dizendo:

– Estas três rosas cor-de-rosa ajudarão você a lembrar-se das três maiores coisas na vida, Rosália – fé, esperança e amor. no coração compreensivo da Mãe Natureza – esperança em ser útil à medida que você atravessa a escola da vida – e o amor, amor por todas as coisas que vivem. E, da mesma forma que amamos as criaturas do mar, as flores, os animais e os ajudamos a progredir na vida, os Anjos e os Arcanjos nos ajudam a crescer mais forte para que nós também possamos progredir. AMOR é o modo pelo qual crescemos à semelhança do Pai na Terra do Amor.

“O mundo está cheio de rosas,

Rosas cheias de orvalho, você vê.

O orvalho está cheio de amor celestial,

Que goteja para mim e para você”.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. III – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

 

 

 

 

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Rua das Borboletas

A Rua das Borboletas

Uma vez terminado o funeral, o pequeno cemitério situado no fim da rua das Borboletas ficara vazio. O corpo da avozinha de Cecília jazia tranquilamente, mui tranquilamente, no belo caixão cinzento que fora depositado no túmulo especialmente preparado para acolhê-lo. As árvores sussurravam, como numa oração, sobre o lugar em que ela repousava.  Depois que todos se retiraram, o avô e a mãe de Cecília foram para casa, deixando-a atrás com seu pai, a caminhar lentamente, descendo a rua das Borboletas. Cecília chorava baixinho, pois amava muito sua avó e já começava a sentir saudades dela. Seu pai segurou-lhe a mãozinha, percebendo a amargura que reinava em seu coração.

– Você sabia que a rua das Borboletas é o céu das lagartas? – Perguntou ele a Cecília.

Ela olhou para o rosto do pai e através do véu das lágrimas seus olhos se abriram admirados.

– O que quer dizer o senhor, Papai? As lagartas são enterradas aqui?

– Não, minha queridinha. Tampouco as pessoas, como a vovó, são enterradas no céu. Elas vivem lá.

Fez uma pausa e baixou o olhar para o rostinho erguido da criança.

– Olhe, a borboleta é a refulgente parte espiritual da lagarta.

– Certo dia – continuou ele – a lagarta despe seu vestuário mais terreno, da mesma forma como a vovó despojou-se do seu. A lagarta aparece, então, com um vestuário muito mais belo, o vestuário que lhe permite voar. Como borboleta, ela não é mais oprimida pelo pesado corpo físico que anteriormente possuía, pois, como lagarta, naturalmente só podia rastejar sobre o chão, pelas árvores e pelas cercas.

Cecília sorriu entre as lágrimas e até riu um pouquinho.

– Por isso é que a vovó não podia voar com aquele corpo pesado? – Perguntou Cecília. -Ah! – Prosseguiu – eu não ficaria surpresa de que ela estivesse agorinha mesmo voando no céu.

– E eu, de modo algum me surpreenderia – respondeu o pai sorrindo.

Cecília parou de andar e puxou pela mão do pai, obrigando-o a parar também. Depois, vagarosamente, começou a olhar em volta, como se a rua das Borboletas fosse algo inteiramente novo para ela. No entanto, durante seus sete anos de vida, já se havia divertido ali muitas vezes, passeando e brincando com as borboletas que haviam dado nome àquela rua.

Finalmente ergueu de novo o olhar ao rosto do pai. Seus olhos brilhavam com uma nova luz. As lágrimas tinham desaparecido.

– Paizinho. . . – cochichou ela – então é isso que é a Páscoa? Quando a vovó saiu de seu…

Cecília reprimiu uma risada um pouquinho espontânea e olhou em volta por alguns instantes. Deu, então, alguns saltinhos jubilosos, lembrando-se de que ela e sua avó gostavam de rir da espécie de coisas nas quais pensava agora.

Bem. . . saiu de seu corpo lagartal…

O pai de Cecília sorriu encorajando-a, pois sabia o que ela tentava dizer.

– Continue – disse-lhe ele brandamente.

– Bem, quando ela saiu deve ter-se tornado mais leve – como as borboletas. Ela deve ter subido mais alto do que nós o podemos, tal como as borboletas o fazem.

Ela estava ficando agora um pouco excitada.

– Não é isso que o sr. chama de resu. . . ressu?

– Ressurreição – completou o pai.

– Sim, ressurreição, como Jesus, só que Ele estava sobre uma cruz.

– Pois a vovó também estava assim, sobre uma cruz – respondeu o pai – e assim estamos todos, cada um de nós.

– Espere um pouquinho, papai! – Interrompeu Cecília, afastando-se um pouco e encarando-o. – Eu sei o que o senhor quer dizer. Nós aprendemos isso na Escolinha Dominical. É assim (e a garota ficou de corpo ereto, juntando os pés e abrindo os braços em horizontal, como uma cruz) agora eu sou realmente uma cruz –  exclamou ela –  e tenho que crescer nesta cruz e nela viver até morrer. Serei então ressu…

Cecília deixou cair os braços e esperou que seu pai falasse.

– Ressuscitada – acudiu ele.

– Sim! Ressuscitada – como a borboleta que sai da lagarta!

Cecília fez uma pausa e tranquilamente volveu: como Cristo-Jesus quando morreu em Sua Cruz.

Após outra pausa, como que monologando pensativa, terminou:

– Aquilo aconteceu na Páscoa. Agora deve ser a Páscoa para a vovó, não é paizinho?

– Sim, querida – afirmou ele e continuaram a andar.

Durante algum tempo a garota saltitou ao lado do pai, tendo uma expressão séria no rosto. Seu pai também estava circunspecto. Nenhum dos dois disse uma única palavra, até que chegaram a um jardim, cheio de margaridas e esporinhas, onde grande número de borboletas voava silenciosamente, de uma flor a outra.

– Paizinho! – Cantarolou Cecília –  veja estes belos espíritos borboletais. Foi somente a lagarta que morreu. A vovó também não morreu realmente. Ela é uma bela borboleta no céu!

Cecília puxou novamente a mão de seu pai, desta vez porque tinha pressa de chegar a casa.

– Vamos contar à mamãe e ao vovô – pediu ela – de modo que não fiquem mais tristes, por causa da vovó. Quando lhes tivermos contado tudo isso, eles ficarão sabendo que agora é o feliz tempo da Páscoa para a vovó. E é por isso que as pessoas sempre põem flores nos túmulos – porque, quando morremos é, nossa época de Páscoa!

E assim, Cecília e o pai se apressaram para chegar em casa e partilhar estas novas maravilhosas com a mãe e o vovô de Cecília. Eram notícias boas demais para silenciá-las!

(Traduzida da Revista Rays From the Rose Cross e Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/78)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Lago Encantado

O Lago Encantado

Uma vez, há muito, muito tempo atrás, havia um rei que estava sempre em guerra. Ele conquistou seus vizinhos, depois partiu para a conquista de terras mais distantes, até que chegou a governar tantos países e tanta gente que foi chamado “O Grande imperador”.

Todo mundo o adulava. Recebia presentes maravilhosos. Diziam-lhe como era nobre, grande, maravilhoso e, de tal forma, que ele acreditou que era tudo isso e frequentemente dizia para si mesmo: “Ninguém na Terra ou nos Céus é maior do que eu!”

Isso era uma afirmação muito forte para um simples ser humano fazer, pois mesmo a pessoa mais sábia e mais importante nesta Terra não pode saber tudo, nem governar sobre tudo na Terra e nos Céus.

Um dia, esse grande e poderoso Imperador saiu para uma caçada com os membros da corte. Todos estavam soberbamente vestidos e montavam seus belos cavalos que dançavam e saltavam. Os cães também pulavam e latiam alto. As cornetas soavam e assim o alegre grupo saiu para o campo e para a floresta.

O Sol brilhava intensamente e, após algumas horas, todos estavam exaustos com a caçada e exauridos com o calor do dia. Então, o grande e poderoso Imperador disse a seus cortesãos para que descansassem debaixo das árvores, enquanto ele iria banhar-se num belo lago ali perto. Os cortesãos ficaram assustados porque o Imperador ia banhar-se nesse lago. Era um lago encantado e as pessoas não se arriscavam a entrar nele e até mesmo se uma simples gota dessa água mágica caísse sobre elas, ficavam aflitas e apreensivas.

Quando foi avisado dos perigos do lago encantado o grande e poderoso Imperador disse orgulhosamente:

-Sou mais poderoso que qualquer encanto.

Imediatamente dirigiu-se para a bonita margem arenosa. Seu cavalo foi amarrado a uma árvore, sua maravilhosa roupa cuidadosamente arrumada à beira do lago. Então, sob suas ordens, seus guardas o deixaram. Ele mergulhou na água e deliciou-se com o seu frescor. Nadou pelo lago e sentiu-se muito bem. Em nenhum momento, entretanto, esqueceu-se que era o grande e poderoso Imperador.

Enquanto divertia-se, surgiu a beira do lago um homem que se parecia muito com o grande e poderoso Imperador. De fato, ele era quase seu sósia, não somente na aparência, mas também na voz e nos modos. Este homem vestiu-se rapidamente com as roupas do Imperador. Os guardas de Sua Majestade estavam dormindo profundamente na sombra refrescante. Nenhum deles viu esse homem vestir as roupas do Imperador, pegar seu belo cavalo e nem mesmo os cães de caça latiram! Acordou todos, ordenando a volta ao palácio.

Descansado e refeito, o grande e poderoso Imperador nadou até o lugar onde suas roupas foram estendidas em ordem, pomposamente. Mal conseguiu acreditar no que estava vendo! Sua roupa não estava mais lá! Seu cavalo não estava mais lá! Nada de roupa! Nada de cavalo! Que ultraje! Alguém seria punido severamente!

– Meus homens, chamou furioso.

Nenhum som em resposta ao chamado do grande e poderoso Imperador!

A essa altura, o Sol já desaparecia por detrás das montanhas. Estava ficando frio. O Imperador andou pelas margens do lago. Logo escureceu. Não via ninguém. Evidentemente os caçadores foram embora e o deixaram – deixaram o grande e poderoso Imperador! Realmente alguém pagaria por isso. Apenas esperassem até que ele chegasse a seu palácio e sentasse em seu trono!

O grande e poderoso Imperador decidiu que a coisa mais importante, agora, era encontrar roupa e abrigo. Ele lembrou-se que não muito longe do lago morava um cavaleiro.

– Não fui eu que o tornei cavaleiro e lhe dei seu esplêndido castelo? Ele ficará, muito feliz em vestir e servir seu Imperador. Irei até ele.

Antes de se dirigir ao cavaleiro, o Imperador teceu, em forma de esteira, algumas das hastes que cresciam à margem do lago. Amarrou a esteira ao redor de seu corpo. Dirigiu-se ao castelo do cavaleiro. Apesar de ser uma curta jornada, foi muito dolorosa. As pedras pontiagudas cortavam seus pés. As raízes espetavam sua carne. Os galhos das árvores atingiam seus longos cabelos, emaranhando-os. Era uma experiência desagradável para um grande e poderoso Imperador! Muitas vezes, ele jurou que alguém pagaria por isso quando ele estivesse novamente em seu palácio e sentasse em seu trono.

O Imperador chegou ao castelo. Bateu nos portões. Chamou o porteiro que finalmente veio e olhando pela janelinha do grande portão, perguntou:

– Quem está aí?

– Abra o portão, ordenou o Imperador, e você verá logo quem eu sou. E ele encheu-se de orgulho.

Quando o portão se abriu e o porteiro colocou sua cabeça para fora, perguntou:

– Quem é você?

Muito desgostoso, o grande e poderoso Imperador gritou:

– Infeliz! Eu sou seu Imperador!

– Oh! Oh! fez o homem, rindo muito.

– Infeliz! Infeliz! Vá ao seu patrão, ordenou o Imperador. Diga-lhe que me traga roupa. Diga-lhe para vir saudar seu grande Imperador!

– Imperador!, zombou o porteiro. O Imperador esteve aqui com meu patrão há uma hora atrás. Veio da caçada com sua corte. Oh, sim! Chamarei o meu patrão. Mostrarei a ele um grande e poderoso Imperador!

O porteiro bateu o portão na cara de Sua Majestade. Em seguida, ele voltou com o cavaleiro e, apontando para o homem nu, disse:

– Lá está o Imperador, olhe para sua Majestade!

O orgulhoso e poderoso Imperador exclamou em seu tom mais orgulhoso e poderoso:

– Chegue perto e ajoelhe-se diante de seu Imperador, senhor cavaleiro.

 

O cavaleiro pareceu surpreso enquanto o Imperador acrescentou:

– Eu – Eu, o Imperador, o tornei cavaleiro. Eu lhe dei este castelo. Agora eu lhe dou a maior graça de poder vestir o seu Imperador com suas vestimentas.

– Mentiroso! Impostor! Saia! gritou o cavaleiro. Saiba que não faz uma hora que o grande e poderoso Imperador sentou-se à minha mesa.

O cavaleiro ficou cada vez mais enraivecido e ordenou:

– Batam nesse homem! Tirem-no daqui!

Como o porteiro riu enquanto os servos batiam no pobre homem!

– Batam bem! ele mandou. Não é todos os dias que se pode dar uma surra em um Imperador.

O grande e poderoso Imperador saiu coxeando, sentindo-se ferido e sangrando.

– Ingrato! Eu lhe dei tudo o que tem. Veja como ele me retribui! Espere, ah, espere até que eu volte ao meu trono! Ele será severamente punido!

Então, começou a perceber que as circunstâncias eram muito desagradáveis para ele.

– Agora, aonde vou? O que devo fazer? Ah! Irei ao Duque! Eu o conheço há muito tempo. Com ele fui a festas e a caçadas. Sim! O Duque estava na minha comitiva de caça de hoje! Certamente ele reconhecerá o seu Imperador!

Enquanto tropeçava pelo caminho, o Imperador começou a pensar – realmente a pensar. Perguntou-se por que seus súditos não o conheciam. Sua realeza, suas grandezas deveriam ser reconhecidas mesmo se não estivesse em trajes reais.

De repente, ouviu o som de uma voz bem em seu ouvido! O poderoso Imperador assustou-se. Olhou ao seu redor! Não viu ninguém. Mesmo assim a voz lhe dizia:

– A verdadeira grandeza é humilde. Ela não se proclama, mas é como o Sol. Não pode ser coberta. A verdadeira grandeza dá àquele que a possui, uma grande beleza – beleza que nenhum trono, nenhuma coroa, nenhum aparato real pode conferir.

A voz continuou:

Sabedoria e nobreza não podem ser distinguidas pela falta de roupas, nem pela sujeira e ferimentos. Por outro lado, qualquer tolo, com um trono, uma coroa, um palácio e aduladores, pode parecer um príncipe.

O grande e poderoso Imperador dirigiu-se a mansão do Duque. Mas não tinha tanta certeza, como antes teve, de que seria bem recebido quando bateu nos portões. A terceira batida, o portão abriu-se e o porteiro viu um homem vestido somente com uma esteira de galhos, seu cabelo era um emaranhado só e seu corpo estava arranhado e sangrando.

– Chame o Duque, eu lhe rogo. Diga-lhe que o Imperador está aqui. Diga-lhe que roubaram o cavalo e a roupa de seu Imperador. Vá depressa! Eu o ordeno!

O atônito porteiro fechou o portão e correu ao seu patrão.

– Excelência, há um louco nos portões! Ele está nu. Está ferido, sujo e bravo. Ele me ordenou dizer-lhe que é o Imperador.

Os portões se abriram. Sua Excelência, o Duque, não reconheceu o Imperador!

– Você não me conhece? Sou o Imperador. Esta manhã você foi à caça e deve lembrar-se que o deixei para banhar-me no lago. Enquanto eu estava no lago, um miserável roubou minha roupa e meu cavalo. E eu – eu – eu apanhei de um cavaleiro!

Seria possível que a voz do grande e poderoso Imperador estivesse trêmula? Certamente parecia menos soberba do que de costume.

– Ponha esse homem na prisão! Não é seguro deixar livre esse louco, ordenou o Duque ao porteiro e acrescentou: Dê pão, água e um estrado para deitar.

– Estranho, estranho, murmurou o Duque dirigindo-se a seus convidados no grande saguão. Um louco nos portões! Ele deveria estar na floresta esta manhã, enquanto descansávamos, pois disse-me ser o Imperador que nos deixou para banhar-se no lago e que alguém lhe roubou sua roupa e seu cavalo. Mas vocês sabem que o Imperador voltou conosco.

Todos eles falaram sobre esse estranho homem. Alguns murmuraram:

– O lago, o lago encantado!

Ainda assim não parecia possível que algo tivesse acontecido ao Imperador, pois eles o viram há menos de uma hora atrás.

O grande Imperador estava acorrentado numa cela escura. Ele estava magoado e ferido.

– Esperem, esperem, até eu voltar ao meu trono! Darei uma lição a esses velhacos.

No entanto, o poderoso Imperador sequer sonhava que era ele próprio, o grande monarca, que estava aprendendo a mais sublime lição de sua vida.

– Será que estou tão mudado que nem o Duque me conheceu?

Então, seu pensamento dirigiu-se ao palácio.

– Há alguém que me reconhecerá! Vou até ela!

Depois de muito esforço, as correntes afrouxaram-se e o infeliz homem saiu de sua cela e encaminhou-se para o seu próprio palácio. Ao amanhecer, ele estava nos portões do palácio. O grande Imperador ergueu sua mão e bateu – bateu em seus próprios portões!

O porteiro abriu e olhou para aquele homem de aspecto selvagem e que estava nu.

– Quem é você? O que você quer?

– Deixe-me passar! Sou seu Senhor, sou o seu Imperador.

– Você, meu Senhor! Você, o Imperador! Pobre tolo. Olhe ali.

O porteiro abriu os portões e apontou para o saguão. Lá estava o Imperador, sentado no seu trono. A seu lado estava a Rainha – sua amada Rainha! Oh, que agonia ele sofreu!

– Deixe-me ir até ela! Ela me conhecerá!

O barulho feito pelo porteiro e pelo Imperador chegou ao grande saguão onde havia uma festa com muitos convidados. Os nobres vieram ver o que estava acontecendo. Atrás deles vinham a Rainha e o Imperador.

Ao ver aqueles dois, era tanta a sua raiva, medo, ciúme e ansiedade que mal podia falar; mas roucamente gritou:

– Sou seu Senhor e marido, estendendo sua mão para sua amada Rainha. Certamente você me conhece!

A Rainha afastou-se apavorada.

– Senhores, disse o homem que estava com a Rainha, que deve ser feito com esse infeliz?

– Mate-o, disse um.

– Bata-lhe! gritavam outros.

O grande e poderoso Imperador foi escorraçado do palácio; cada um lhe dava uma pancada quando passava. Os portões de seu próprio palácio se fecharam atrás dele. Ele fugiu. Não sabia para onde ir. Vagarosamente dirigiu-se para o lago onde havia se banhado. Tinha frio, fome, estava ferido; queria estar morto. Ajoelhou-se no chão e bateu em seu peito. Colocou sua cabeça no solo e exclamou:

– Eu não sou nenhum grande e poderoso Imperador. Eu não sou nenhum Imperador maravilhoso. Uma vez, pensei que não havia ninguém mais poderoso do que eu na Terra e nos Céus. Agora sei que nada sou – um pobre pecador. Não há ninguém tão pobre, tão humilde quanto eu! Deus me perdoe pelo meu orgulho.

As lágrimas corriam de seus olhos. Ele levantou-se e foi lavar sua face nas águas límpidas do lago encantado. Ele se virou. Lá estavam suas roupas! Lá estava seu belo cavalo, comendo a grama verde e macia!

Sua Majestade vestiu-se rapidamente. Montou seu cavalo e em seguida dirigiu-se ao seu palácio. Quando se aproximou, os portões se abriram de imediato. Os servos chegaram, um segurou seu cavalo, outro ajudou-o a desmontar. O porteiro se curvou, enquanto disse:

– Eu me admiro, Majestade, pois não o vi passar pelos portões.

O grande e Poderoso Imperador entrou. No magnífico saguão, ele viu novamente os nobres, a Rainha com o homem a seu lado, o homem que se intitulara Imperador. Os nobres não olhavam para esse homem, nem a Rainha também. Eles viram apenas o seu Imperador entrar no saguão e foram cumprimentá-lo. O homem também veio. Ele estava vestido de branco, com roupas brilhantes, não em roupas régias.

O Imperador inclinou sua cabeça para esse homem e murmurou:

– Quem é você?

– Sou o seu Anjo da Guarda, respondeu ele. Você era orgulhoso e colocava-se somente nas alturas. Era preciso que você, fosse “trazido para a realidade. Mas o reino, que eu guardei para você, é-lhe devolvido agora, porque aprendeu a ser humilde. Só os humildes são capazes de governar e você, daqui por diante, saberá governar com sabedoria.

O Anjo desapareceu. Ninguém mais ouviu sua voz. O Imperador sentou-se novamente em seu trono, e governou mais sabiamente do que nunca e foi muito amado por seu povo.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

RECEITA – Bolinhos de Arroz Chiques

BOLINHOS DE ARROZ CHIQUES
INGREDIENTES:
  • 3 xícaras (chá) arroz cozido (pode ser amanhecido))
  • 1 batata grande cozida e amassada
  • 1 ovo
  • Sal a gosto
  • cebolinha
  • 4 colheres (sopa) de queijo ralado
  • 1 colher (sopa) de manteiga
  • Queijo (branco ou muzzarela) em cubinhos
  • 1 colher (sopa / rasa) de fermento em pó
MODO DE PREPARO:
  • Numa vasilha bata ovo e acrescente: o arroz, a batata, a cebolinha, o queijo ralado, o sal e a manteiga.
  • Mexa bem.
  • Acrescente o fermento e mexa delicadamente.
  • Faça bolinhos com as mãos e no meio  de cada um, coloque um cubinho de queijo, feche e coloque para assar numa assadeira levemente untada, ou frite-os.
Se fizer pequenos, servem como aperitivos.
Ficam uma delícia !!!
PorFraternidade Rosacruz de Campinas

RECEITA – Leite Condensado de Arroz

LEITE CONDENSADO DE ARROZ
 
INGREDIENTES:
  • 1 xícara (chá) de arroz integral (ou branco, se preferir) cozido
  • 1 xícara (chá) de açúcar demerara
  • 1/2 xícara (chá) de água fervente
MODO DE PREPARO:
  • Bata a água fervente com o açúcar no liquidificador por 2 minutos, ou até formar uma massa homogênea um pouco escurecida.
  • Adicione o arroz integral cozido e bata por mais uns 5 minutos, ou até formar uma pasta amarelada bem homogênea.
  • Coloque numa travessa bonita e leve à geladeira por 8 horas.
  • Pronto !!!  Fica muito bom!!!
Pode ser usado para fazer BRIGADEIROS:
  • Para fazer brigadeiros, leve ao fogo 1 xícara desse leite condensado com 1 colher de sopa de cacau em pó 100% ou um bom chocolate // 1 colher de sopa de araruta e 1 colher de sopa de óleo de coco.
  • Mexa até dar o ponto de brigadeiro.
  • Transfira para um prato e deixe esfriar.
  • Faça bolinhas, coma de colher ou use no recheio de bolos.
  • Rendimento: 10 brigadeiros.
PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como não se deve levar a vida à toa: Felícia encontra ‘Cauda Cinza’

Como não se deve levar a vida à toa: Felícia encontra ‘Cauda Cinza’

Perfeito, exclamou o esquilo marrom. Eu mesmo não poderia ter feito melhor.

Felícia, que estava andando na floresta, olhou para cima, com surpresa, ao ouvir a voz alta do esquilinho. Ela teve apenas tempo de vê-lo correr para cumprimentar o esquilo cinza que tinha dado um enorme pulo de uma árvore para outra.

O grande esquilo, que todos chamavam “Cauda Cinza”, inclinou-se de uma maneira zombeteira para o impertinente animalzinho marrom com riscas amarelas, e pensou consigo mesmo:

– Gostaria de ver você fazer isso, amiguinho! Algum dia você se encontrará em tal apuro, que precisará de todos os seus amigos para ajudá-lo.

Entretanto, não disse nada em voz alta, pois, como todos na floresta, ele sabia que Billy, o esquilo, se vangloriava de sua esperteza, apesar de, por mais estranho que possa parecer, ninguém o vira até então fazer qualquer coisa importante.

De repente, do ramo da árvore onde estava, “Cauda Cinza” viu Felícia e, por um momento, parecia que estava pronto para dar um outro salto para ir o mais longe possível. Então, fixou em Felícia um olhar espantado, pois reconheceu-a como a garotinha que ele tinha visto no pequeno vale com as fadas. Ela estava parada muito quieta, uma das mãos cheia de frutos que recolhera debaixo da árvore. Até então ela nunca soubera que as criaturas da floresta podiam falar ou, se falavam, que ela pudesse ouvi-las. (Neste momento, tenho certeza que vocês já perceberam que Felícia era uma garotinha afortunada que viu e aprendeu coisas que muitas pessoas nunca souberam).

Muito silenciosamente, um minúsculo camundongo do campo aproximou-se dela e na voz mais baixinha que você pode imaginar, guinchou:

– Por favor, não faça um mau juízo de Billy. Ele é ainda muito pequeno e não sabe muita coisa, mas realmente gostaríamos que ele não se metesse na vida dos outros.

A Senhora Camundongo suspirou um pouco e continuou:

– Ele mete o nariz em todas as nossas coisas, de maneira que tentamos ficar longe dele. Ele conta para todo mundo quando estou construindo um novo ninho, e oh! Como fofoca quando “Cauda-Cinza” visita a bela senhorita esquilo por aí.

Então, ela olhou para Felícia e perguntou:

– Quem é você? Parece muito grande para caber em nossas casinhas.

A garotinha sorriu e explicou que morava numa grande casa fora da floresta e que estava visitando a floresta com seus amigos.

– Você pode ouvi-los dando risada, acrescentou.

– Oh! Exclamou a Senhora Camundongo, nervosa. Espero que não venham até aqui. São muito barulhentos.

Enquanto isso, “Cauda-Cinza”, que estivera escutando Felícia e a Senhora Camundongo, decidiu juntar-se a elas, desceu da árvore e sentou-se perto. Ele enrolou sua bela cauda farta ao redor de seu dorso e olhou para Felícia com olhos brilhantes. Os olhos escuros de Felícia dirigiram-se a ele, em amigável admiração, enquanto pensava:

– Meu Deus, ele é tão formoso e em voz alta comentou: a Senhora Camundongo me disse o seu nome, tentando fazer com que sua voz fosse tão fraca e gentil quanto possível, de maneira que não assustasse as criaturinhas.

Alguns lagartos passaram sem prestar atenção no que acontecia, e as folhas secas ao pé da árvore sussurravam enquanto eles passavam.

– Eu já sei o seu nome, disse “Cauda-Cinza” para Felícia. Eu estava no vale das fadas, quando Brenda deu seu longo gorro verde para você.

– Eu não o vi; onde você estava? Ela perguntou.

– Oh, em cima de uma árvore, de onde podia ver tudo. Nunca pensei, que alguma vez fosse falar com você aqui, acrescentou o esquilo.

– Você gosta de pinhas? Felícia estendeu para “Cauda-Cinza” a mão cheia dos frutos que juntara.

– Gosto mais de nozes e avelãs, respondeu ele, mas essas também são boas quando se está com fome. E continuou: você sabia que as sequoias são as maiores árvores de folhas perenes e são as que têm os menores frutos? Sim, disse com um sorriso divertido, tamanho é uma coisa muito ilusória. Por exemplo, algumas vezes, os maiores oradores nada dizem.

Felícia e a Senhora Camundongo entreolharam-se como se ambas soubessem que “Cauda-Cinza” estava pensando em Billy.

Enquanto o esquilo, que parecia ser um animal muito esperto, estava falando, outros camundongos aproximaram-se e corriam em volta, cheirando aqui e acolá, mas não se atrevendo a aproximar-se muito. Felícia perguntou à Senhora Camundongo o que eles queriam.

– Eles estão sentindo o cheiro da comida que você tem, ela respondeu.

– Oh, eu não tenho nada aqui para eles comerem, disse a garotinha, muito surpresa.

– Oh, sim, você tem, e eu vou mostrar-lhe onde, respondeu, a Senhora Camundongo, enquanto bravamente subiu no colo de Felícia e entrou no bolso de seu avental, de onde retirou algumas migalhas de pão.

O olhar espantado de Felícia fez a Senhora Camundongo e “Cauda-Cinza” morrerem de rir – à maneira deles, naturalmente.

– Quase esqueci que tinha um sanduiche no meu bolso, mas todos vocês sabiam! Exclamou a garotinha.

– Isso não é novidade para nós, disse ”Cauda-Cinza”, nós temos um senso muito aguçado do olfato, o que nos ajuda a encontrar comida.

Felícia meditou:

– Eu nunca imaginei que uns pedacinhos tão minúsculos de comida pudessem ser úteis para alguém.

Ela prometeu a seus amiguinhos que nunca mais desperdiçaria até mesmo o menor pedaço de comida, e disse-lhes que, no inverno, colocaria comida no seu jardim, para os passarinhos.

– Cuidado para não a colocar onde os gatos possam pular sobre os passarinhos! Lembrou ‘Cauda Cinza’.

– Tudo bem, ela concordou, e antes de ir embora vou esvaziar todas as sobras da cesta de piquenique para vocês.

Os camundongos franziram seus narizes pontudos com satisfação, enquanto o esquilo gentilmente abanou sua cauda, em agradecimento. Felícia disse à Senhora Camundongo que voltaria brevemente para revê-los.

– Tudo bem, Felícia, o esquilo e o camundongo disseram juntos, estaremos aguardando você.

– Mas, como vocês saberão que virei? Ela perguntou.

– Oh, isso é fácil, riram os animais. Billy está sempre por dentro de tudo, você sabe.

Não muito tempo depois, Felícia voltou e aproximou-se da árvore sequoia, trazendo consigo uma sacola grande com restos de alimentos. Para os passarinhos, ela trouxe pão, que eles tanto gostavam.

Ela sentou-se e imediatamente um tímido som perto dela anunciou a presença da Senhora Camundongo.

– Oh, meu Deus! Exclamou Felícia, ela trouxe todos os seus parentes. Bem, de qualquer forma, tenho o suficiente para eles.

Um alegre assobio veio da árvore e “Cauda-Cinza” chegou, seguido por alguns de seus amigos, enquanto um bando de passarinhos já estava esperando nos galhos.

Felícia espalhou parte da comida, guardando alguma para os atrasados. Os pequenos animais e os passarinhos começaram a comer. Por alguns minutos, só se podia ouvir o barulho das mordidas. Então, um pequeno grito agudo os assustou. Os animais pararam de comer, pois todos perceberam que Billy deveria estar em grandes apuros, ali por perto. A garotinha ficou de pé, esparramando o resto da comida e perguntou ansiosamente.

– Onde ele está!

– Lá, respondeu “Cauda-Cinza”, que já estava a meio caminho do esquilo.

Felícia e o resto chegaram a ele num segundo e, com seus olhos atônitos, viram Billy, suspenso numa corda grossa que estava amarrada fortemente em volta de seu corpo, no topo de um fino galho de uma árvore, mais ou menos a meio metro do chão. Lá estava ele pendurado, agitando seu traseiro e sua cauda, desesperadamente, num terrível esforço para libertar-se. Felícia sentiu muita pena do animalzinho que continuava a guinchar na sua vozinha fina, mas “Cauda-Cinza” o advertiu severamente para ficar quieto, que eles o ajudariam.

A garotinha inclinou-se imediatamente com suas mãos já estendidas para afrouxar o laço, mas o “Cauda-Cinza” deu um beliscão na sua perna. Ela parou surpresa, mas imediatamente ele pediu a ela que se abaixasse de maneira que pudesse sussurrar algo em seu ouvido.

– Desculpe-me por mordê-la, Felícia, mas eu precisava detê-la imediatamente. Por favor, não ajude Billy, ele continuou em voz baixa. Todos nós sabemos que você pode livrá-lo, mas ele vai pensar que tudo é muito fácil e não vai aprender esta lição. Nós precisamos fazê-lo entender como ele foi tolo e como isto poderia ter sido muito mais sério e perigoso para ele.

Então, Felícia entendendo que ele estava certo, afastou-se para deixar-lhe o trabalho de libertar Billy. “Cauda-Cinza” ficou apoiado em suas pernas traseiras e começou a roer a corda em torno do esquilo que chorava. Muitos dos camundongos, com seus dentes afiados, começaram a roer o galho da árvore, até que ele caiu ao solo. Então, foi mais fácil para o esquilo roer a corda. De repente, ela cedeu e Billy caiu ofegante, mas livre!

Billy, disse “Cauda-Cinza” numa voz muito severa, o que você andou fazendo para cair na armadilha? Você já foi advertido muitas vezes sobre isso.

Billy tentou dizer alguma coisa, explicando que tinha visto o laço quando se dirigia à festa de Felícia e decidiu dar um salto direto através dele. Mas perdeu o alvo, de maneira que, quando tocou a corda, ela o prendeu e, ao mesmo tempo, o galho subiu.

– O-o-o-h! Estou com uma terrível dor de barriga, lamentou-se.

– Bem, você tem sorte de ter somente uma dor de barriga, resmungou “Cauda-Cinza”, que estava realmente irritado com o esquilo bobo. Levaremos você para casa e lhe daremos comida até que seja capaz de sair sozinho.

Os esquilos ajudaram a carregar Billy, enquanto Felícia se despedia dele; mas ele sentiu-se muito infeliz para responder.

A Senhora Camundongo dirigiu-se à garotinha dizendo:

– Não se preocupe com Billy. Ele estará bom em alguns dias – talvez mais esperto, também. Volto para vê-la novamente.

Ela mexeu seu longo rabinho fino, já que não podia dar as mãos à sua amiguinha, e esgueirou-se atrás de “Cauda-Cinza”, através dos pinheiros.

Felícia parou um momento, até que não mais se ouviu o som dos minúsculos pés se movimentando e, muito pensativa, voltou para casa.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

 

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Malefícios da Alimentação Carnívora

Malefícios da Alimentação Carnívora

Sabemos, os profissionais da Medicina, que há diversas formas de câncer das aves. Além da afecção comum, que se caracteriza pela presença de tumores, existe uma espécie de câncer em que a ave não dá demonstração alguma, entre as demais, de seu estado, se bem que seja portadora da enfermidade.

Só é possível descobrir essa espécie de câncer, fazendo incubar um ovo da galinha que despertou suspeitas, durante 14 dias, ao fim dos quais se esteriliza a superfície dele, parte-se lhe cuidadosamente e se lhe extrai o embrião. Toma-se deste uma porção do fígado, que se injeta no peito de outra ave. Se no local da injeção se formar um tumor canceroso, então, e unicamente então, sabe-se que a galinha que botou o ovo padece dessa enfermidade. Há certa probabilidade de que uma pessoa experta reconheça uma ave enferma, mas não o fará, por certo, a pessoa comum que escolhe um frango para a sua próxima refeição.

Visto estar mais ou menos confirmado que o câncer pode dever-se à presença de um vírus, existe a possibilidade de que ao comer carne de rês, peixe ou ave, uma pessoa se exponha a ingerir micróbios de tumores malignos. O Dr. Wendell Sranley, laureado com o prêmio Nobel em 1957, por suas pesquisas acerca dos vírus, quase convenceu a classe médica de que o câncer, como as demais enfermidades granulomatóides, é causado por germe. Isso mesmo já foi afirmado pela Sra. Ellen G. White, faz mais de um século: “O povo come continuamente carne cheia de germes de tuberculose e câncer. Assim são comunicadas estas e outras moléstias”. A Ciência do Bom Viver, 2a. ed., pag. 314.

Sabe-se, em nossos dias, que a leucemia aumenta rapidamente no gado, e uma vaca pode ser portadora da enfermidade muito tempo antes de aparecerem os tumores. Em vista disso, ouso afirmar não estar longe o dia em que se promulgarão leis que, para proteger os consumidores de carne e leite, obriguem a analisar o sangue das vacas leiteiras e das reses destinadas ao matadouro.

Certa ocasião, quando pescava nas águas frias do Lago Yellowstone, um senhor me advertiu que não comesse o pescado porque continha vermes.

Examinei vários deles e confirmei a veracidade da informação. Amiúde, saem, serpeando, os vermes. Noutra oportunidade, ao voltarmos de um passeio em Lanora, próximo à península de Flórida, o comandante da embarcação abriu um peixe que acabava de pescar, nos fez olhar, contra a luz, pela parte mais fina do pescado aberto, e vimos vermes incrustados na carne.

A propósito, ainda são da Sra. Ellen G. White as palavras seguintes, escritas há mais de sessenta anos: “Em muitos lugares, os peixes ficam tão contaminados com a sujeira de que se nutrem, que se tornam causa de doença. Isto se verifica especialmente onde o peixe está em contato com os esgotos de grandes cidades. Peixes que se alimentam dessas matérias podem passar a grandes distâncias, sendo apanhados em lugares em que as águas são puras e boas. De modo que ao serem usados como alimento, ocasionam doença e morte naqueles que nada suspeitam do perigo. – Op. Cit., pág. 315.

Tenho perante mim o recorte de um artigo publicado no jornal Times, de Los Angeles, intitulado: “A Enfermidade impede importações de Trutas”. Nele se conta que o Departamento de Caça e Pesca de Califórnia devolveu seis caminhões-tanques cheios de trutas que se projetava por um lago e cursos d’água, por estarem os peixes acometidos de câncer do fígado.

Os coelhos são suscetíveis a enfermidades de várias espécies. Quando eu era criança tinha um amigo que caçava coelhos e os vendia. Amiúde eu o ajudava a limpá-los, e notava que quase todos estavam infestados de tênia. Um dia cacei um e ofereci a um vizinho, que me disse, enquanto me agradecia:

– Não sabes o que perdes.

Respondi-lhe:

– Perco um montão de tênias.

A classe médica descobriu a relação entre o regime alimentar e as enfermidades do coração e de vasos sanguíneos. Agora se nos manda que evitemos o uso de gorduras saturadas, encontradas sobretudo na gordura de origem animal, inclusive as carnes magras.

O Dr. Newburg, da Universidade de Michigan, que atuou como perito de nutrição durante a última grande guerra, disse-me que não aprovava o regime alimentar dos soldados norte-americanos. Afirmou que esse regime era demasiado rico em carne e calorias e concorria para torná-los muito pesados, além de provocar a arteriosclerose.

As autópsias praticadas na Coréia revelaram que 75% dos soldados norte-americanos, apesar de jovens, sofriam de arteriosclerose; mas os soldados coreanos, que seguiam regime com base em hortaliças, cereais e pouca carne, não apresentavam sintomas dessa afecção.

Mas, como pode obter-se a proteína necessária, sem carne? W. C. Rose autoridade em matéria de proteínas, pertencente à Universidade de Illinois, diz que “tudo o que uma pessoa necessita de proteínas, por dia, não atinge vinte e cinco gramas”.

Mesmo que o ser humano não comesse carne alguma nem ovos nem leite, ainda obteria diariamente, em termo médio, oitenta e três gramas de proteínas; e a mulher aproximadamente sessenta e um gramas diárias. Este fato se descobriu na Universidade de Loma Linda, Califórnia, em um trabalho de pesquisa dirigido pelo Dr. Frederico J. Stare, especialista da Universidade de Harvard que goza de reconhecida autoridade no campo da nutrição.

Os Drs. U. D. Register e Hardinge, ambos especialistas em nutrição, disseram-me que as frutas, se consumidas em abundante variedade, proveem todos os elementos necessários para o organismo.

Sem dúvida, o regime alimentar equilibrado é melhor, mas as provas demonstram ser a carne um fator desnecessário no plano alimentar, e pode introduzir substâncias tendentes a incrementar as enfermidades crônicas, degenerativas, agudas e infecciosas.

Temos o exemplo da Dinamarca que, na primeira grande guerra mundial, se viu obrigada a adotar regime nutritivo vegetariano. Bloqueada por mar e terra, teve a nação que enfrentar o racionamento dos alimentos. Para resolver a crise, o rei chamou o Dr. Híndehede, notável autoridade em nutrição, que traçou um plano nacional de alimentação sem carne. Muitos pensaram que seria desastroso: ao contrário, porém, estabeleceu um recorde mundial de diminuição da mortalidade: 34% entre a população masculina; aproximadamente o mesmo entre a feminina, além de notável diminuição das enfermidades. Ao voltar a ingerir carne, no ano seguinte, aumentou a proporção da mortalidade até o nível anterior.

As pessoas, para quem apraz o sabor da carne, podem conseguir alimentos muito saborosos preparados com cereais e nozes. O Dr. Stare escreveu-me dizendo que ao abandonar a carne, é conveniente seguir regime alimentar que inclua cereais hortaliças, legumes e algumas nozes.

Os estudos realizados na Universidade de Loma Linda demonstram que o regime alimentar sem carne é adequado quando inclui pratos preparados com nozes, cereais e hortaliças que substituam a carne.

(1) No Brasil, onde as nozes são caríssimas, podem-se usar castanhas de Pará ou de caju, com 14% aproximadamente de proteínas, ricas em aminoácidos essenciais.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1971)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Jardim da Fantasia

O Jardim da Fantasia

A Lua surgiu vagarosamente sobre a montanha e começou a observar um grupo de alegres flores coloridas que cresciam num velho jardim.

Quando a Lua viu a Libélula-Azul, por quem estava procurando, sua face redonda adquiriu mais brilho e disse:
– Libélula-Azul, é hora de levantar-se.

Libélula-Azul estava dormindo no miolo de uma Rosa-cor-de-rosa, mas quando a Lua lhe falou, ela moveu um pouco suas asas e continuou dormindo.

– É desse modo que você se comporta quando eu a chamo? Sorriu zombeteiramente a Lua, enquanto olhava para sua amiguinha delicada, de quem gostava tanto. Eu vou brilhar mais forte para ver se isso acorda você, acrescentou, enquanto enviava a ela um raio mais forte.

Libélula-Azul abriu um olho, fechou-o novamente e continuou a dormir.

A Lua ficou perplexa e disse:

– Meu Deus, será que aconteceu alguma coisa? Ela geralmente se levanta assim que a chamo!

– Não, está tudo bem, respondeu a Rosa-cor-de-rosa, em cujo miolo ela dormia. Eu quis que ela ficasse aqui, por isso dei-lhe uma grande dose de perfume para fazê-la dormir por mais tempo; quando eu a acordar, terá esquecido tudo sobre seu trabalho e ficará comigo. Por favor, vá embora e deixe-nos sozinhas.

A Rosa-cor-de-rosa se fechou de tal forma, que a Lua percebeu que não adiantaria mais argumentar com ela, pois a pequena Rosa dobrou suas pétalas em torno da Libélula-Azul como uma cortina, que a escondeu completamente da vista.

– Bem, bem, murmurou a Lua para si mesma, naturalmente não culpo a Rosa por amar a pequena companheira, pois todas nós a amamos, porém não há motivo para mantê-la só para si mesma. Eu não pensei que a Rosa-cor-de-rosa fosse tão egoísta. De qualquer forma já que a Libélula-Azul me pediu para acordá-la, devo fazer isso e ver se ela vai trabalhar; mas como posso fazê-lo?

A Lua permaneceu quieta por alguns minutos, desejando saber quem poderia ajudá-la. Então, seus olhos se dirigiram para uma pequena vila, não muito distante.

– Alô, Brisa, ela disse, dirigindo-se a um pequeno sopro de vento, vejo que você está fazendo suas travessuras como sempre.

– Sim, respondeu Brisa sorrindo, estou tentando tirar o chapéu daquele velhinho. Veja! E deu um forte sopro quase conseguindo derrubar o chapéu. Entretanto, o velhinho era bem rápido e pegou seu chapéu a tempo.

Brisa era persistente e gostava de fazer as coisas a seu modo. Riu e disse:

– Desta vez você conseguiu, companheiro, mas ainda vou pegar o seu chapéu.

Assim, depois de esperar alguns segundos, Brisa deu outro sopro inesperado; mas ainda desta vez o velhinho foi mais rápido e o vento não levou o seu chapéu.

Após observá-la por algum tempo, a Lua sussurrou misteriosamente:

– Brisa, conheço alguém com quem você poderá se divertir muito mais.

Verdade? replicou Brisa, virando-se para a Lua.Penso que vai ser bem difícil, pois estou me divertindo muito aqui.

Então, a Lua brilhou mais intensamente, pois ela viu algo que Brisa não tinha visto. Nesse momento, o velhinho subiu as escadas que conduziam a uma grande casa, abriu a porta e entrou.

A Lua, que gostava de uma brincadeira, deu uma piscada de olhos e maliciosamente disse:

– Talvez seja melhor você permanecer aqui, pois certamente está se divertindo muito. Vou procurar o seu primo.

Brisa deu um salto e respondeu:

– Sim, penso que é melhor, mas obrigado pela oferta. Até logo, disse soprando ao redor para continuar suas travessuras.Quando percebeu que o velhinho não estava mais lá, tornou-se muito brava e gritou.

– Por Deus, onde ele foi?

– Atrás daquela porta verde, no alto daquela escada, disse a Lua, com um doce sorriso. Agora você pode vir comigo.

Brisa contorceu-se com muito mau humor, mas vendo que nada podia ser feito explodiu numa gostosa gargalhada e respondeu:

Tudo bem comigo. Agora estou pronta para arreliar alguém de maneira nunca vista, e deu muitas piruetas.

– Isso é bom, disse a Lua, eu quero que você acorde a Libélula-Azul, porque a Rosa-cor-de-rosa deu a ela uma dose extra de perfume. Você deve soprar em torno dela para fazê-la tremer. Assim, talvez, seu leito macio não lhe pareça tão confortável. Ela mora perto daqui no jardim da Senhora Brown; tenho certeza de que você já esteve lá muitas vezes.

Brisa deu uma nova gargalhada e disse:

– Sim, já estive. Eu me diverti muito a semana passada provocando aquela simpática e gorda senhora. Estou muito feliz por ter uma desculpa para voltar lá e renovar nosso relacionamento. Estarei lá em poucos minutos.

– Muito bem, disse a Lua, dirigindo-se para o Jardim.

Poucos minutos depois, Brisa soprou, toda brincalhona e indo de flor em flor, chamava:

– Libélula-Azul, onde está você?

A Lua olhou as piruetas de Brisa por alguns minutos e disse:

– É possível que eu possa dizer-lhe onde está a Libélula-Azul.

– Naturalmenteque pode, replicou Brisa, enquanto dançava suavemente em volta de uma rosa, mas eu não quero que você me diga nada, pois estou me divertindo muito com esse jogo de esconde-esconde.

Depois, ela se agarrou a outra rosa que sacudiu com força, dizendo:

– O leito perfumado da Libélula-Azul está escondido no seu miolo, Rosa-Real?

– Não, a Libélula-Azul não me deu o prazer de sua companhia. Siga seu caminho, você está perturbando minhas pétalas, respondeu a Rosa-Real num tom irritado.

– Minha querida, Brisa sussurrou provocante, você parece muito mais atraente quando está irritada. Na verdade, eu preciso afrouxar suas pétalas um pouco mais, e deu-lhe uma outra sacudidela brincalhona.

– Vá embora, mal-educada, ou vou picar você, disse a Rosa-Real toda agitada.

– Minha querida, seu temperamento espinhento não pode me machucar. De fato, quanto mais você me provoca, mais eu me divirto e mais gosto de perturbar você, e Brisa sacudiu-a tanto, que sua tola dignidade desapareceu.

Brisa dançou alegremente em volta da Rosa-Real dizendo:

– Agora você parece mais uma Rosa-Real. Mas, devo ir porque se ficar com você, vou gostar muito de você e não será bom para Brisa apaixonar-se por alguém. Adeus, querida, disse Brisa airosamente, enquanto continuava suas travessuras em outro lugar.

– Que companheirona gozada ela é, pensou a Lua.Talvez demore muito até ela encontrar a Libélula-Azul; acho que não foi a melhor coisa trazê-la aqui. E nem é preciso falar nos estragos que ela pode fazer. Gostaria de saber como devo agir agora.

A Lua olhou em torno do jardim para ver se encontrava alguma solução para o seu problema. De repente, viu a advogada do jardim, a Coruja Marrom, parada na porta de sua casa, no tronco oco de um velho carvalho.

– Certamente ela poderá me dar um conselho, pensou a Lua. Assim, ela disse:

– Coruja Marrom, gostaria de saber se você pode me conceder um pouco de seu precioso tempo num caso de grande importância.

Coruja Marrom apresentou-se com muita dignidade piscando seus olhos muitas vezes, com uma inclinação de cabeça, respondeu vagarosamente:

– Fico sempre, contente em servi-la, Madame Lua.

Qual é o problema?

– Obrigada, disse a Lua, tinha certeza que poderia ajudar-me. Aconteceu uma coisa terrível. A Libélula-Azul foi sugada pela Rosa-cor-de-rosa, que se tornou muito egoísta e quer mantê-la consigo. Trancou-a no seu miolo e a mantém dormindo com seu perfume.

A Coruja acomodou-se confortavelmente e fixando seus grandes olhos redondos na Lua, disse, pausadamente:

– Você fez bem em me procurar; este é um assunto muito sério, e é necessário que se pense com muita cautela.

Sou realmente a figura mais indicada para lidar com um caso tão melindroso. Por favor, retire-se; preciso ficar sozinha para deliberar sobre esse acontecimento de uma forma calma e cuidadosa.

Sabendo que Coruja Marrom orgulhava-se do seu método “vagaroso, mas seguro” de pensar, a Lua agradeceu e acrescentou enfaticamente:

– Libélula-Azul tem um trabalho muito importante a fazer, e deve ser acordada na próxima meia-hora.

Aprumando-se mais, a Coruja disse:

– Por favor, não tente apressar-me, pois é contra minha natureza pensar num assunto com pressa. Estou certa de que Libélula-Azul não parou para pensar antes e entrar no miolo da Rosa-cor-de-rosa. Eu sempre disse que ela é muito precipitada, e eu…

Uma vez iniciado esse assunto, a Coruja continuaria por horas se encontrasse alguém para ouvi-la, mas, sabendo que o tempo era precioso, a Lua apressou-se em interrompê-la:

– Sim, eu sei como você se sente sobre tal assunto, Coruja Marrom, mas eu repito que se você não encontrar uma solução em 30 minutos, seu pensamento de nada adiantará, e foi embora bem aborrecida.

Com uma expressão triste em seus grandes olhos amarelos, a Coruja vagarosamente abanou sua cabeça e tranquilamente entrou em sua casa para ponderar sobre o assunto, de seu próprio modo.

Nesse momento, a Lua viu a Abelha-Mel e surpreendeu-se de vê-la a tal hora.

– Pelo amor de Deus, o que você está fazendo fora de sua colmeia? perguntou a Lua. Todas as boas abelhas devem estar em casa a essa hora da noite.

– Quieta, sussurrou a abelha. Por favor, não fale tão alto. Sei que o que você diz é verdade, mas estava tão cansada de fazer mel que resolvi brincar um pouco.

Muito séria, a Lua disse:

– O que aconteceria se a Mãe-Natureza a visse?

– Oh, por favor, não conte nada a ela, implorou a Abelha-Mel, olhando a sua volta nervosamente.

A Lua sorriu, dizendo:

– Eu nunca fui delatora, a menos que seja obrigada a isso. Mas, talvez tenha sido uma boa ideia você deixar a colmeia, pois necessito de alguém para ajudar-me e acho que você poderá fazê-lo.

– Sim, se eu puder ajudá-la ficarei feliz em fazê-lo, replicou a Abelha-Mel muito aliviada.

Então, a Lua falou-lhe sobre Libélula-Azul, acrescentando:

– Se você puder entrar nas pétalas da Rosa-cor-de-rosa e zumbir bem alto, acho que poderá acordá-la.

– Meu Deus, a abelhinha respondeu vivamente. Que criaturas estranhas são as rosas; você nunca sabe qual será sua atitude. Certamente devemos fazer algo com rapidez. A situação necessita ações e raciocínios ágeis, e eu sou a indicada para isso. Voarei já para lá e exigirei que a Rosa-cor-de-rosa solte Libélula-Azul imediatamente. Se ela recusar, eu direi a ela que nenhuma abelha irá visitá-la mais e que isso será uma grande desgraça.

E assim, ela se foi voando.

A Lua, com um olhar de desespero, a viu partir.

– Estou certa que ela não terá êxito, murmurou a Lua com tristeza. A Abelha-Mel age muito rapidamente e a Coruja muito vagarosamente; que pena que não possam ser colocadas num saco e sacudidas juntas. Só há uma coisa a

fazer: devo tentar encontrar alguém para ajudar-me.

Após pensar um momento, sua face redonda brilhou com prazer.

– Que estupidez a minha, perder todo esse precioso tempo, ela exclamou. Por que não pensei no Pássaro-Amor?

Ele é o único que me pode ajudar. É sempre tão charmoso e tem maneiras tão cativantes! Faz mais por manter o jardim em ordem do que qualquer outro ser.

Virando seus raios luminosos para os galhos delgados de um lindo chorão no canto do jardim, a Lua chamou suavemente:

– Pássaro-Amor, sinto muito perturbá-lo, mas há um assunto sério que necessita solução; você sempre nos ajuda tanto quando as coisas estão erradas, que achei melhor recorrer a você para ajudar-me.

O Pássaro-Amor olhou para a Lua e respondeu numa voz suave e feliz:

– Você sabe, Madame Lua, não há nada que eu aprecie mais do que desfazer uma complicação; diga-me o que aconteceu.

À medida que o Pássaro-Amor ouvia a história, um olhar tristonho surgiu em seus olhos e inclinando sua cabecinha para o lado, disse:

– Pobre Rosa-cor-de-rosa, será que ela não percebe que nunca será feliz aprisionando e guardando só para si Libélula-Azul? Eu irei lá imediatamente, conversarei com ela e vou mostrar-lhe um caminho melhor.

Então, beijando sua pequena companheira ao seu lado, e dizendo a ela onde ia, o Pássaro-Amor voou em direção à Rosa.

– Finalmente, achei quem tem todas as condições para resolver este caso, pensou a Lua, dando um grande suspiro de alívio.

Quando Pássaro-Amor chegou à Rosa-cor-de-rosa, ele pôde ouvir a Abelha-Mel que falava, zumbia e ameaçava. Mas, quanto mais barulho ela fazia, mais a Rosa-cor-de-rosa fechava suas pétalas e se recusava a ouvir.

Finalmente, Abelha-Mel virou-se para a Lua dizendo numa voz desgostosa:

– Fiz tudo o que me foi possível para que a Rosa-cor-de-rosa me ouvisse. Se eu não puder fazer nada com ela, ninguém mais pode, assim penso que você é tola em perder mais tempo tentando salvar Libélula-Azul. De qualquer forma, tenho mais a fazer. Até logo, e foi embora.

– Até logo, disse a Lua. Espero que a Mãe-Natureza não a veja, acrescentou pensativamente.

Pássaro-Amor pousou num galho perto da Rosa-cor-de-rosa e começou a arrulhar suavemente. Depois de alguns minutos, a Rosa-cor-de-rosa afrouxou um pouco suas pétalas, e enviou-lhe um sopro de perfume, como saudação amiga. Pássaro-Amor não deu atenção a isso, mas continuou com seu arrulhar. Ele parecia ter um poder mágico, pois a Rosa-cor-de-rosa gentilmente abriu suas pétalas dizendo:

– Como você é charmoso, passarinho; seu canto é tão acariciante. Não entendo o que você está dizendo, mas tenho certeza de que é algo maravilhoso.

– Sim, o amor é sempre maravilhoso, respondeu gentilmente Pássaro-Amor.

Amor! O que você sabe sobre isso? Perguntou a Rosa-cor-de-rosa numa voz desanimada.

– Muito, e isso me faz muito feliz, respondeu o Pássaro-Amor, chegando um pouco mais perto.

A Rosa-cor-de-rosa deu um profundo suspiro e sussurrou tristemente:

– Eu também era muito feliz antes de amar Libélula-Azul. Eu a prendi em meu miolo com medo de que alguém a tire de mim e, desde então, tenho sido muito infeliz.

A Rosa-cor-de-rosa deu um outro suspiro e duas gotas de orvalho caíram de seus olhos.

– Minha querida, disse o passarinho, a razão da sua infelicidade é que você tentou manter Libélula-Azul só para você mesma. Isso é algo muito egoísta e você sabe que o egoísmo roubará sua beleza, fará com que fique mal-humorada, murcha e não mais terá esse perfume delicioso para enviar a seus admiradores. Então, Libélula-Azul a abandonará. Se você aceitar o meu conselho, querida, envie Libélula-Azul de volta para o seu trabalho, pois todos devemos contribuir para manter nosso jardim bonito. Enquanto ela estiver longe, envie seu perfume mais doce e você será mais admirada, pois isso foi o que a Mãe-Natureza planejou para você. Garanto que Libélula-Azul voltará. 

Quando descobrir o quanto você esteve ocupada, como fez bem o seu trabalho, amará você mais do que nunca.

– É verdade? A Rosa-cor-de-rosa suspirou cheia de esperança.

– Sim, é a pura verdade, sorriu o Pássaro-Amor.

– E agora que você conhece o segredo da felicidade e como manter sua beleza, eu devo partir.

Suavemente foi embora.

Assim que a Rosa-cor-de-rosa viu Pássaro-Amor desaparecer sobre o topo das árvores, uma luz radiante brilhou em sua face. Então, desdobrando suas pétalas muito gentilmente, deixou o ar frio da noite tocar ligeiramente o seu pequeno amor. Depois de um momento sussurrou ternamente:

– Libélula-Azul, é hora de ir para seu trabalho.

– Meu Deus, disse Libélula-Azul, sonolenta, penso que sim. Sabe, Rosa-cor-de-rosa, eu realmente acredito que você deve ter algum poder mágico, pois nunca tive um sono tão repousante.

Com um olhar de admiração, acrescentou:

– Gostaria que você soubesse como você fica linda à luz do luar e como é doce o seu perfume! Quando terminar o meu trabalho voltarei para vê-la, se você me permitir.

A Rosa-cor-de-rosa estava tão feliz que nem percebeu Brisa que, soprando em sua face, disse:

– Talvez você seja a Rosa, minha belezinha, que trancou a Libélula-Azul no seu miolo e não a deixou ir para seu trabalho. Você viu como é errado fazer isso? Continuou Brisa, dando na Rosa-cor-de-rosa uma sacudidela gentil.

– Eu não percebi o erro até que alguém me mostrou um caminho melhor, respondeu a Rosa-cor-de-rosa calmamente. Daí eu a soltei.

Brisa girou e volteou, entrando em fúria, enquanto gritava:

-Ora, fui enganada outra vez. Agora vou aprontar alguma travessura! – e esvoaçou para longe.

Quando a Rosa-cor-de-rosa viu Brisa sair em tal estado, enviou a ela seu mais doce perfume e com um olhar vivo, sorriu para si mesma, dizendo:

– Espero que o Pássaro-Amor lhe faça uma visita muito em breve, Brisa. Tenho certeza de que isso lhe fará muito bem.

Antes mesmo que Brisa desaparecesse, surgiu a Coruja Marrom e se colocou numa árvore próxima. Dirigindo seus olhos melancólicos para a Rosa-cor-de-rosa, anunciou solenemente:

Rosa-cor-de-rosa, ouvi dizer que você quebrou a lei do jardim tirando de seu trabalho Libélula-Azul e depois de pensar bastante, eu…

– Sei que o que você vai dizer é muito sábio, Advogada do Jardim, interrompeu Rosa-cor-de-rosa docemente, mas você está muito atrasada. O Pássaro-Amor esteve aqui antes de você. Ele me disse o que era certo fazer, de uma maneira tão bela e gentil, que eu soltei Libélula-Azul para que ela pudesse realizar o seu trabalho.

Coruja Marrom piscou seus olhos amarelos de uma forma confusa e após levar um tempo para pensar no que a Rosa-cor-de-rosa lhe dissera, respondeu numa voz desanimada:

– Todo o meu raciocínio cuidadoso foi perdido.Too… Voo para você.

E, batendo pesadamente as asas, voou para casa querendo saber por que alguém sempre se adiantava a ela.

A Rosa-cor-de-rosa não pôde deixar de sentir-se um pouco triste pela Coruja Marrom:

-É triste pensar que todo o raciocínio da Advogada Coruja não serve para nada, acrescentou com um olhar travesso.

Então, olhou para a Lua e enviou-lhe seu mais doce perfume, enquanto sussurrava:

– Eu dei trabalho para você, Madame Lua, mas não me sinto mal por isso. Eu sei que você adora tornar os namorados felizes, portanto, você também teve prazer em tentar nos ajudar.

Com um alegre piscar de olhos, a Lua respondeu. Você está certa, minha querida, mas lembre-se: mantenha-se ocupada, e manterá sua beleza. Boa noite, minha pequenina Rosa-cor-de-rosa.

Com um largo sorriso na sua face calma e redonda, a Lua desapareceu atrás da árvore mais alta do jardim.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Alma de Billy

A Alma de Billy

Desde quando podia se lembrar, a corcunda sempre estivera ali. Uma vez, ele perguntou à sua mãe sobre isso,mas ela apenas o pegou nos braços e disse:

– Filhinho, Filhinho, a mamãe te ama do mesmo modo.

Naturalmente Billy estava contente porque sua mãe o amava, mas queria encontrar alguém que lhe dissesse alguma coisa sobre a sua corcunda. Havia tantas, tantas perguntas que gostaria de fazer!

– Talvez, ele sussurrou para o seu cachorrinho, talvez os Anjos me deixaram cair quando me trouxeram para cá. O que você acha disso, Bob?

Mas o pequeno Bob apenas abanou seu rabinho e piscou seus olhos preguiçosamente, como que dizendo:

– É realmente uma pergunta muito grande para serrespondida por um cachorro tão pequeno como eu e então Billy viu que não podia obter qualquer informação.

Um dia, quando estava sentado no jardim em sua pequena cadeira de rodas, ele notou uma rosa particularmente bela. Quando ele se inclinou e a acariciou com seus dedinhos finos, murmurou sonhadoramente:

– Desejaria saber se as flores têm alma, como as pessoas.

– Naturalmente que temos.

Ele ficou atônito ao ouvir essa voz e, apesar de olhar para todos os lados, não viu uma única pessoa.

– Estou aqui, disse a voz alegremente.

Desta vez Billy olhou direto para a rosa e ficou surpreso ao ver uma fadinha muito delicada espiando de uma de suas pétalas.

– Quem é você?, perguntou Billy com seus olhos muito arregalados.

– Sou a alma desta rosa, respondeu a fada com um ar gracioso.

– E todas as flores têm alma, também? Perguntou Billy, um tanto surpreso.

– Naturalmente, disse a fada prontamente. Eu pensei que todos soubessem disso.

De repente, Billy lembrou-se da corcunda e rodando sua cadeira para aproximar-se mais da fada disse ansiosamente:

– Oh, você acha que poderia me falar sobre esta aqui o garotinho engoliu em seco, essa corcunda? Porque eu a tenho?

Por um momento, houve um silêncio no jardim, então, a fada disse muito vagarosamente e com firmeza:

– Tudo tem um propósito, você sabe.

– Mas eu não a quero, persistiu Billy. Parece inútil tê-la já que não tem a menor utilidade, ele continuou numa vozinha lamentosa e, além do mais, não posso brincar e me divertir como os outros meninos.

– Não sei se poderei fazer algo por você ou não, disse a fada. Entretanto, convocarei uma reunião de outras fadas para hoje à noite e decidiremos sobre isso.

-E você lhes dirá que quero ficar reto e forte como os outros meninos? disse Billy em tom tenso.

A fada meneou sua cabeça e disse:

– Esteja aqui amanhã à tarde e eu lhe darei a resposta.

Então, as pétalas da rosa se fecharam e a pequena criatura perdeu-se de vista.

Nesse momento, alguns visitantes chegaram ao jardim e, ao ver Billy, uma bela menina murmurou:

– Que horror!

Ela não queria que Billy ouvisse as suas palavras, mas ele as ouviu e, mais tarde, quando sua mãe foi buscá-lo, ele era apenas um ser frágil de sentimentos feridos.

– Meu Deus, filho! ela exclamou. Você não deve chorar tanto. Veja – isso me torna infeliz.

– Mas…, mas… ela olhou para mim horrorizada, mamãe, e, soluçando em seus braços, contou-lhe o caso como se passou.

– Veja, filho, disse sua mãe calmamente. Seu corpo é somente a casa onde você mora. É sua alma que está dentro dele, o que tem realmente valor.

Então, a face de Billy iluminou-se porque lembrou-se da fada e, durante o trajeto para casa, permaneceu murmurando:

– Amanhã eu saberei – amanhã eu saberei.

Quando sua mãe o colocou na cama aquela noite, ela se admirou ao ver o rosto feliz e em paz de Billy.Quando se inclinou para beijá-lo, disse ternamente:

– O que fez meu garotinho tão feliz esta noite?

E Billy murmurou sonolento:

– É um segredo, mãezinha querida – talvez amanhã, e sua voz arrastou-se e ele entrou na terra dos sonhos.
*****

No dia seguinte, ele estava completamente excitado. Mal podia esperar chegar a tarde de tão ansioso que estava para rever a fada. Quando sua enfermeira o colocou na cadeira de rodas, notou suas faces avermelhadas e disse, muito solene:

– Realmente espero, Billy, que você não vá pegar alguma doença.

– Oh, estou bem, enfermeira, respondeu Billy, seus olhos brilhando. Mas gostaria que você se apressasse.

Então, indicou a ela onde gostaria que colocasse suacadeira.

Assim que a enfermeira desapareceu dentro da casa, Billy exclamou suavemente:

– Estou aqui, fada-rosa e, no instante seguinte, a face da fada apareceu espiando através das pétalas.

– O que elas disseram? começou Billy ansiosamente.

– S…- sh, murmurou a fada. A Rainha decidiu fazer uma reunião aqui no jardim e aqui está ela agora.

Olhando para cima, Billy viu uma fada descendo pelo jardim. Estava vestida com uma roupa brilhante que resplandecia quando ela andava. Parou em frente a cadeira de Billy e disse:

– É você o garotinho que quer se tornar saudável e forte?

Billy aquiesceu, muito emocionado para falar.

A Rainha, então, sacudiu sua varinha sobre o jardim e imediatamente pequeninas faces surgiram de todas as flores.

– Ouçam, fadas, comandou a Rainha. Aqui está um garotinho que quer ser reto e forte.Quando as fadas começaram a falar, ela levantou sua varinha e disse:

– Esperem! Deixem que ele fale por si mesmo.
Billy sentiu-se um tanto tímido de ser o centro de tantas atenções, mas sabia que elas estavam esperando e começou:

Eu – eu quero ser como os outros meninos, de maneira que possa jogar os seus jogos. Além do mais, se eu não tiver uma corcunda, as pessoas não olharão para mim e dirão, ‘Que horror!’ Por favor, fadas, chorou Billy suplicando, tirem-me a corcunda!

As fadas falaram entre si por algum tempo e, apesar de Billy ouvir com atenção, não conseguiu entender uma única palavra do que elas diziam.

Por fim, houve um silêncio e então a Rainha disse:

– Billy, temo que não conseguiremos tirar-lhe a corcunda, mas nós o ajudaremos a construir uma alma tão bela que as pessoas o amarão em qualquer lugar que for – por você mesmo, e esquecerão completamente sua corcunda.

Naturalmente, Billy estava desapontado – amargamente desapontado. Ele escondeu seu rosto por algum tempo, pois sabia que estava banhado de lágrimas e sentia-se um pouco envergonhado de deixar que as fadas vissem que tinha chorado.

A fada Rainha continuou:

– E nós lhe daremos uma imaginação tão maravilhosa, que você será capaz de fazer jogos que outros garotos nem podem imaginar. E, toda vez que quiser, poderá entrar na “Terra do Faz-de-Conta” e ter as maiores aventuras lá.

Veja, essa terra é feita para meninos como você. A porta está fechada para crianças fortes e saudáveis.

De repente, Billy sentiu uma maravilhosa paz descer sobre ele e sentiu-se muito, muito feliz. Quando ergueu sua cabeça, descobriu que a Rainha e todas as fadas tinham desaparecido e que sua enfermeira estava chegando.

– Meu Deus, Billy – ela exclamou atônito, você parece tão diferente!

– Eu pareço diferente e estou diferente, querida enfermeira, respondeu Billy docemente enquanto se inclinava em sua cadeira. De hoje em diante, eu serei o menino mais feliz na face da Terra.

No seu rosto resplandecia uma expressão doce, estranha, que só possuem os que já sentiram a realidade das coisas sagradas.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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