Para falar do Amor Universal do Cristo, falemos de conhecimentos extrafísicos
Certos partidários da filosofia realista-materialista desejam averiguar e determinar o que seria aquilo a que o espiritualista chama “AMOR UNIVERSAL”, ou seja, o amor do ESPÍRITO DO UNIVERSO. Para o espiritualista não existe dúvida sobre esse delicado ponto em seus estudos, concentrações e meditações, uma vez que se trata de conhecimentos da mente submersa no plano da MENTE ABSTRATA. Logo, percebemos, não se tratar apenas do “mentalismo cerebral”, enquanto a alma deve submergir em uma consciência superior, no plano abstrato-metafísico. Os filósofos da concepção realista, deste modo, não têm acesso a esse plano, pois trata-se de uma ação irreal.
Visto acionar um plano superior da Mente, o cientista materialista, como não pode fazer um cálculo, como não pode, através dos cinco sentidos, enquadrar-se na CONCEPÇÃO FILOSÓFICA MÍSTICA em sua determinação ESPÍRITO REALISTA, rejeita as qualidades anímicas que o espiritualista possui.
O materialista acredita que o amor é simplesmente um reflexo de funções celulares, e que nada mais é do que um erotismo sensual, sendo uma função do corpo animal que o ser humano possui. O amor para o materialista nada mais é do que um instinto animalesco. Dizem que, tal qual uma cachorra quer bem aos seus filhotes, uma mãe humana também quer bem aos seus filhos, colocando, assim, a espécie humana no mesmo nível do animal. Não nega, o espiritualista, que os animais não tenham o instinto de querer bem aos seus filhotes, mas não coloca o ser humano ao nível do instinto do animal. Cremos, porém, com toda sinceridade, que uma mãe não sentirá para com seu filho aquilo que Freud chama de “libido”. Pode uma esposa sentir a sensualidade para com o seu esposo, mas não uma mãe para com seus filhos.
Estamos vendo, nessa forma de pensar, que, se falarmos do AMOR UNIVERSAL, devemos utilizar conhecimentos extrafísicos, e não concepções materiais, sensuais e eróticas. Tratando-se, no caso do espiritualista, de amor proveniente do ESPÍRITO DO COSMOS, pois Deus é o amor transposto a cada célula do corpo físico do ser humano, deve dizer-se aos materialistas que essa concepção não é uma invenção humana, posto que, sendo Deus anterior ao ser humano, o amor logicamente é anterior.
O espiritualista rejeita qualquer especulação sobre o que procede de Deus, porque inatingível pela lógica mental, por qualquer fórmula dogmática do campo da intelectualidade. O espiritualista sente, por intuição, o AMOR UNIVERSAL, quando mergulhada sua alma na harmonia do UNIVERSO, submergida por ação meditativa no fenômeno extrassensorial.
Se ingressado na ilimitada exaltação de todo seu SER, nos planos do Absoluto, encontra sua alma embevecida de felicidade transfigurada no AMOR DO UNIVERSO. Esse fato mostra a ampliação de sua sensibilidade amorosa ao nível do AMOR UNIVERSAL. Sentirá DEUS em sua bondade, que o arrebatou das circunstâncias sensoriais-materiais.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz em 10/1975)
Nossa Capacidade de Servir nos conhecendo melhor
Em qualquer plano, à medida que ampliamos nossa capacidade, também se amplia nossa utilidade.
Se esta é uma verdade indiscutível para a vida terrena, o é mais ainda para a vida espiritual. Assim, podemos dizer que, se a cultura religiosa não torna alguém mais cristão, também não é somente a vivência que sustenta o Cristianismo. A fé que reside apenas na vontade e no sentimento corre um grande risco. Em momentos de crise faltará sustentação do intelecto para dizer: não estou entendendo nem sentindo como gostaria, mas conheço o suficiente para tirar uma conclusão. Dificilmente uma fé sobreviverá sem a base sólida ou suficientemente sólida da doutrina.
A tônica dos ensinamentos Rosacruzes é servir. Mas será que não corremos o risco de nos acomodarmos ao serviço amoroso e desinteressado que procuramos executar e muitas vezes realmente o executamos, esquecendo-nos de que se aumentássemos nosso conhecimento da doutrina Rosacruz e outros poderíamos servir mais e melhor, reconhecendo realmente todas as oportunidades que se nos apresentam sem deixar passar alguma que, às vezes, nem percebemos serem oportunidades de serviço? E se, aumentando nossa capacidade de servir nesse plano aumentamos proporcionalmente nossa capacidade de servir nos planos internos, será que temos plena consciência da nossa responsabilidade ao nos contentarmos em permanecer no “status” espiritual que julgamos ter, sem melhorar ou melhorando muito aquém do que poderíamos e deveríamos, já que temos o privilégio enorme de sermos chamados pelos Irmãos Maiores para colaborar com eles na redenção da humanidade?
Temos a tendência em achar que, se fazemos o máximo pelos outros está tudo certo. Mas será que esse máximo que fazemos é realmente do que seríamos capazes se ampliássemos nossas capacidades, se estudássemos mais, se procurássemos colocar em nossos atos um embasamento maior de conhecimentos da Filosofia?
Tudo na natureza está na divina ordem: se não somos Auxiliares Visíveis, jamais chegaremos a Auxiliares Invisíveis. Se não trabalhamos pelos nossos irmãos, aqui e agora, aqueles que, com palavras e gestos muitas vezes imploram nosso auxilio, que credenciais teríamos para trabalhar como Auxiliares Invisíveis? Se o mundo físico é o “baluarte da evolução”, temos de trabalhar nele, antes de trabalhar em outros mundos. Deus respeita tanto nosso livre arbítrio que, se não servimos aqui e agora por nossa livre e espontânea vontade, onde praticamente tudo depende de nós, Ele não nos levará a servir no outro lado. Se não queremos servir aqui, quem garante que o queiramos do outro lado?
À medida que servimos, nos tornamos aptos a receber maiores e melhores oportunidades de serviço. Precisamos estar atentos a essas oportunidades e aproveitá-las todas, para formarmos o nosso Corpo-Alma, nosso dourado manto nupcial, pois não sabemos quando Cristo virá nos chamar para as bodas místicas.
Na nossa retrospecção, examinemos mais cuidadosamente o que deixamos de fazer e, se o que fizemos foi tão bem feito como o deveria, por falta de capacidade nossa. E assim poderemos nos conhecer melhor e ampliar nossa capacidade para, cada dia, podermos ser de maior utilidade na Vinha do Senhor.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/75 – Fraternidade Rosacruz)
Alquimia Espiritual: o que é isso na sua vida
As linhas irradiantes de força, invisíveis aos olhos físicos, permeiam o Corpo Denso e formam a nossa Aura. A coloração dessa Aura é distinta em cada indivíduo em um matiz fundamental e demonstra o grau de evolução de cada um.
Nas raças inferiores, esse matiz fundamental é vermelho, semelhante ao de um fogo lento; é um sinal da índole emotiva e passional.
A Aura dos indivíduos em elevados graus na escala da evolução apresenta um matiz fundamental de cor alaranjada, o vermelho das emoções, mesclado com o amarelo do intelecto. Entretanto, como resultado da consciente ou inconsciente alquimia espiritual que realizam ao longo do caminho do progresso e das experiências da vida, experiências que ensinam a sujeitar as emoções ao domínio da Mente, acabam por se emancipar dos marcianos Espíritos Lucíferos do belicoso Jeová, cujas cores são escarlates e vermelhas. E, assim, esmaece o matiz fundamental da Aura, na medida em que, consciente ou inconsciente, vão se identificando com o espírito unificador e altruísta de Cristo que vibra em áurea cor.
O nimbo de luz amarelada com que os artistas dotados de visão espiritual aureolavam a cabeça dos santos é a representação física de uma promessa espiritual que se cumprirá em todos os seres humanos, embora só aqueles a quem chamamos Santos o tenham conseguido. Depois de lutar durante muitas vidas contra as próprias paixões, perseverar pacientemente em boas obras, constância em propósitos elevados, os santos atuais conseguiram ultrapassar o raio vermelho e se encontram imersos nas vibrações douradas do raio de Cristo.
Os pintores medievais dotados de visão espiritual, ao representarem a citada transmutação, rodearam as cabeças dos Santos de uma auréola dourada, como sinal de libertação do poder lucífero de Marte, assim como do poder de Jeová e seus Arcanjos, pertencentes a uma etapa de evolução de raça e de nacionalismo.
Os Espíritos Lucíferos encontram sua expressão no ferro do sangue. O ferro é um metal marciano, tão difícil de colocar em alta vibração que é necessário o penoso esforço de muitas vidas para que o produto da sua combustão tome a cor dourada da Aura pura dos Santos. Quando tal se consegue, se consuma o magno processo da alquimia ou transmutação do metal inferior em ouro, ao mesmo tempo que os resíduos da Terra se convertem na maravilhosa liga do Mar de Bronze. Então, só faltará abrir as comportas para que o jorro flua.
A cor natural do ouro é o raio de Cristo, que encontra sua expressão química no elemento Solar chamado oxigênio. No caminho da evolução para a Fraternidade Universal, todos os seres humanos, mesmo que não professem uma religião determinada, terão em suas Auras o matiz dourado, sob impulsos de altruísmo partidos do ocidente. São Paulo dá a entender isso, ao dizer: “Cristo há de formar-se em vós”.
Quando soubermos formar a “liga” por meio de vidas espiritualizadas e vibrarmos em completa harmonia com Cristo, seremos semelhantes a Ele e estaremos aptos a abrir os crisóis do Mar de Bronze.
Cristo, na Cruz, Se libertou por meio dos centros espirituais situados, segundo se diz, nos lugares onde lhe pregaram os cravos e de outros centros ainda. Aquele que prepare o Mar de Bronze receberá instrução do seu Mestre quanto ao modo de romper os laços e se elevar as esferas superiores, ou como refere a expressão maçônica “viajar por países estrangeiros”. Essa frase está de acordo com a admonição de Cristo, quando disse que, para chegar a ser seu Discípulo é preciso deixar pai e mãe. Essa é uma das mais simbólicas frases do Evangelho e geralmente mal interpretada, porque a reportam aos pais vida após vida física, quando, na verdade, significa algo muito diferente no ponto de vista esotérico.
Para bem compreender, recordemos que os Espíritos Lucíferos introduziam o ferro no organismo humano e, com isso, tomaram possível a encarnação do Ego. Porém, a contínua oxidação do sangue acaba por inutilizar o Corpo como morada do espírito e dá lugar a morte.
Assim, os Espíritos de Lúcifer, ajudando o nosso Corpo físico, são também os Anjos da morte a que estão sujeitos os descendentes de Eva e Samuel e os de Eva e Adão, porque todos são de carne.
O Sol, o centro da vida, governa o gás vivificante chamado oxigênio que se combina com o ferro, metal marciano. Cristo, o senhor do Sol, é também o Senhor da vida. Quando pela alquimia espiritual, chegarmos a ser como Ele, alcançaremos a imortalidade, nos libertando de nosso pai Samuel e de nossa mãe Eva. A morte não terá mais domínio sobre nós. Isso não significa que os Corpos de quem alcança a imortalidade não tenham que morrer. O espírito dominará completamente o Corpo, usando-o durante séculos, até que lhe convenha tomar outro.
Outrossim, pelo mesmo processo de alquimia espiritual, o espírito terá capacidade de formar um novo Corpo adulto, se desprendendo do já velho e gasto.
A passagem do Adepto dos domínios da morte para o reino da imortalidade está simbolizada no arrojado salto de Hiram Abiff, o Grão-Mestre dos obreiros do Templo de Salomão, ao se precipitar no mar ardente de metais fundidos e na passagem pelas nove arcadas da camada terrestre que foram o Caminho da Iniciação. Também está simbolizado no batismo de Jesus, e depois do Gólgota, na descida à região subterrânea onde o seu Corpo Vital está esperando o dia do segundo e definitivo advento do espírito de Cristo.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ de maio/1979 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Origem do Cristianismo Esotérico: Essênios, Iniciações e Christian Rosenkreuz
Encontramos suas raízes entre a devota ordem dos Essênios, ao tempo de Cristo. Não são mencionados nos Evangelhos porque foram precisamente eles que dirigiram sua redação. Os manuscritos do Mar Morto, descobertos desde 1947, em aparente acaso, às margens do Mar do mesmo nome, nas cercanias do soterrado Mosteiro de Qumran, mostram inequívoca relação daquela Ordem com os Evangelhos, principalmente com o de São João Evangelista e as cartas de São Paulo. Efetivamente, José e Maria, pais de Jesus; Zacharias e Izabel, pais de João Batista; Jesus, João Batista e os seguidores de ambos, todos foram Essênios
Lázaro, Iniciado por Cristo na simbólica passagem de sua ressurreição, renasceu depois como Christian Rosenkreuz, fundador da Ordem Rosacruz. Jesus foi educado pelos Essênios e com eles privou no período omitido pelos Evangelhos, dos onze aos vinte e nove anos, preparando-se em Qumran e posteriormente na Pérsia (onde havia a mais completa biblioteca daqueles tempos), para a missão transcendental de sua União a Cristo, no batismo do Jordão. As passagens principais da vida de Jesus Cristo são “passos” Iniciático do desenvolvimento de cada Aspirante à vida superior. Com esse fim os Evangelhos foram escritos: como fórmulas de Iniciação, sob a singela aparência de narrativa a respeito da vida de Jesus Cristo.
Essas nove Iniciações, pela ordem, são: Batismo, Tentação, Transfiguração, Última Ceia, Lavapés, Getsemani, Estigmatização, Crucificação e Ressurreição.
Assim a Fraternidade Rosacruz visa a uma grandiosa finalidade e encaminha os Aspirantes vencedores a ilimitado desenvolvimento posterior para serviço do mundo. Não constitui uma confissão religiosa, no sentido comum do termo, porque não é dogmática; todavia no mais lato sentido, é uma escola de religiosidade, que oferece os mais eficientes meios de religar o ser humano a Deus, através de Seu Filho, o Verdadeiro Caminho.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/79 – Fraternidade Rosacruz –SP)
As Faculdades Espirituais e sua Ética
Muitas pessoas não se dão conta de que os homens ou mulheres com os quais nos relacionamos diariamente talvez sejam, alguns, é claro, possuidores de algum grau de Vidência. Há vários estágios de desenvolvimento espiritual dos quais constantemente ouvimos falar.
As exibições dessa faculdade geralmente são feitas por videntes negativos, pouco ou nada conhecedores das forças com as quais se põem em contato. Outras vezes essas demonstrações são realizadas por aqueles que, tendo obtido um insignificante conhecimento das coisas espirituais, “atrevem-se a pisar onde os Anjos temem voar”.
O clarividente positivamente desenvolvido sabe, por experiência, que uma única demonstração não convence ao incrédulo, servindo-lhe apenas para exigir mais uma. Um ser espiritualizado, compreendendo as forças que o cercam, nunca prostituirá seu dom com a finalidade de auferir benefícios materiais.
Jamais o empregará com propósitos banais, sabendo que poderá perdê-lo se o fizer. Nem a salvação e muito menos as evoluções podem ser compradas. Cristo curou e alimentou as multidões, mas não usou Seus poderes para fugir ao Gólgota.
É possível convivermos com um clarividente positivo sem nunca o sabermos. Ele não se identificará como tal.
Durante muitos anos certo homem foi meu sócio em vários negócios. Há pouco tempo, entretanto, é que, em uma palestra casual, descobri tratar-se de um estudante de filosofia oculta. Isto, todavia, não é de se admirar, como parece à primeira vista. Revendo os vários anos de relacionamento com esse esoterista, percebi nunca tê-lo ouvido pronunciar a menor crítica ou ofensa a quem quer que fosse. Em circunstâncias onde o ser humano comum age com intolerância, ele sempre manifestou condescendência. Sempre respeitou todas as religiões e as opiniões alheias, embora tivesse seus pontos de vista. Quando eu desrespeitava as coisas sagradas em sua presença, ele me repreendia sutil e silenciosamente.
Esse homem me intrigava e eu o interrogava o mais que podia. As respostas fluíam com simplicidade e paciência, exceto quando eu me tornava impertinente. Quando, por exemplo, eu lhe perguntava sobre sua condição de grau 33 na Maçonaria, ele imediatamente mudava de assunto. Mais tarde vim a compreender como minha pergunta era indiscreta.
O espírito possui diversos veículos Corpos Denso, Vital, de Desejos e o veículo Mente, os quais usa para adquirir experiência e evoluir. O Corpo Denso é formado de matéria deste mundo em que vivemos e, naturalmente, é visível a quem tenha os órgãos da visão perfeitos. Os outros veículos são formados de substâncias pertinentes às regiões onde têm origem.
Da mesma forma como um indivíduo portador de cegueira não pode perceber o mundo ao seu redor, o ser humano profano não distingue os corpos mais sutis nem os mundos a que se relacionam.
O grande inventor Thomas A. Edison, pouco antes de seu falecimento declarou que a ciência nos últimos cem anos fizera notáveis progressos no campo da física, mas no próximo século o grande campo de investigações seria o da metafísica; sabe-se, através de relatório elaborado pela senhora Edison, que nos últimos anos que precederam a morte de seu esposo, ele esteve ocupado em aperfeiçoar uma máquina que possibilitaria o contato com os planos espirituais. Os cientistas ocultistas afirmam que o único instrumento perfeito para tal função deve ser desenvolvido pelo ser humano e dentro de si mesmo. Edison pode ter-se enganado ao pensar em aperfeiçoar tal instrumento fora de si próprio, mas por outro lado, pode ser que fosse dotado de visão espiritual e pretendesse demonstrar sua existência àqueles que não a possuem.
Encontramos as “chaves” da clarividência positiva no desenvolvimento do corpo pituitário e da glândula pineal. O reto viver, por sua vez, é a chave desse desenvolvimento. Da mesma forma como os vários graus de visão espiritual podem ser desenvolvidos, outras faculdades superiores são suscetíveis de florescimento.
Uma delas é a possibilidade de ingressar nos planos invisíveis da natureza e neles funcionar conscientemente.
Depende da habilidade de cada pessoa, em efetuar a separação dos éteres superiores dos inferiores do Corpo Vital. Isto se torna realidade mediante uma vivência pura e amorosa, mesclada com práticas devocionais e serviço altruísta e desinteressado prestado ao próximo.
Os Éteres de Luz e Refletor formam o chamado “Vestido Dourado de Bodas”, simbolizado pela estrela dourada do Emblema Rosacruz. Constituem, nessa circunstância, um verdadeiro corpo espiritual, através do qual o Ego percorre livremente os mundos internos, enquanto o Corpo Denso jaz repousando. O indivíduo dotado de elevado desenvolvimento anímico, pode, durante o sono, utilizar seus veículos superiores para trabalhar como Auxiliar Invisível, principalmente no labor de curar os enfermos.
Muitas vezes, durante o sono, encontramos amigos ou nos achamos em lugares estranhos. Em várias ocasiões, tais experiências são consideradas como meros sonhos. Às vezes, porém, são experiências reais que muito nos impressionam quando despertos.
No primeiro estágio, o Auxiliar Invisível é inconsciente. Mais tarde, como decorrência normal de seu desenvolvimento, torna consciente. Qual o requisito básico para alguém tornar-se um Auxiliar Invisível? É simples: primeiramente deve converter-se em um Auxiliar Visível, isto é, deve servir da maneira que puder aqui no mundo material. Não há outro caminho.
Hoje em dia, com essa profusão de livros sobre ocultismo e psiquismo à venda nas livrarias, fala-se muito em sexto sentido. Um dos primeiros sinais de desenvolvimento do sexto sentido consiste na receptividade às vibrações dos planos suprafísicos. Nesta classe encontramos a maioria dos estudantes de filosofia oculta. O simples fato de serem estudantes esoteristas e aceitarem a verdade contida nos ensinamentos abraçados, demonstra sua sensibilidade às vibrações suprafísicas. O importante é desenvolverem suas faculdades espirituais sempre no sentido positivo.
(Traduzido de ‘The Rosicrucian Magazine’)
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ 04/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)
O Décimo Terceiro
Dentro do meio ocultista muito se fala sobre a Ordem Rosacruz. Muitas vezes as informações ou os comentários sequer se aproximam da realidade. Em última análise, só mesmo os Iniciados nessa máxima Escola é que podem conhecê-la verdadeiramente, informando corretamente a seu respeito. Este é, justamente, o caso de Max Heindel, cuja elevação interna credenciou-o a ser o Mensageiro dessa majestosa Ordem. Assim, em 1.909, coube-lhe o privilégio de tornar público um conjunto de ensinamentos lógicos e racionais, capazes de projetar luz sobre o mistério da vida.
Com a publicação do Conceito Rosacruz do Cosmos, o ser humano, particularmente o ocidental, teve acesso a uma orientação segura e adequada à sua constituição geral (física, mental e espiritual), traduzida nos sagrados arcanos e no Método Rosacruz de Desenvolvimento, neles baseado.
Posteriormente, surgiram outras obras do Sr. Heindel, reforçando e ampliando o que houvera sido divulgado nos estertores da primeira década deste século. São, no dizer do próprio autor, os ensinamentos mais elementares dos Rosacruzes, mas suficientes para assegurar ao Aspirante, “chaves” valiosas para descobrir os mistérios da natureza.
A Fraternidade Rosacruz é a escola preparatória à iniciação na Ordem do mesmo nome. Seus cursos, livros e conferências são franqueados a todas as pessoas sedentas do “pão da vida”.
O caminho iniciático está aberto a qualquer ser humano? Sim, desde que se proponha a atender certos requisitos básicos e indispensáveis a quem deseja transpor o “Portal do Templo”. Logicamente, isso demanda séria e árdua preparação. Muitos talvez nem logrem essa realização na presente existência. Quando, porém, o discípulo estiver preparado, o Mestre aparecerá. Mas, o que é realmente a Ordem Rosacruz? Apenas e simplesmente uma sociedade secreta como julga a maioria?
Não, não é apenas isso. Segundo os ensinamentos de Max Heindel, ela é, antes e acima de tudo, uma das Escolas de Mistérios Menores, dirigida pelos Irmãos Maiores, os Hierofantes desses mistérios.
Seres elevadíssimos comparados com a humanidade comum, os Irmãos da Rosacruz influenciam a vida do Ocidente muito mais poderosamente do que qualquer governo. Entretanto, é importante ressaltar: nunca interferem a ponto de privar a humanidade de seu livre arbítrio. Apenas procuram resguardar as diretrizes de sua evolução.
A Ordem Rosacruz surgiu no século XIII, na Europa, em plena Idade Média, fundada por um grande Instrutor Espiritual, cujo nome simbólico era Christian Rosenkreuz [Cristão Rosacruz). Seu objetivo maior era e é, iluminar o mal-entendido Cristianismo – principalmente naquela época – e lançar as bases de um sistema científico – religioso, capaz de atender às necessidades evolutivas do ser humano. Até então, as pessoas inclinadas à uma vida superior, tendiam, naturalmente, para o caminho místico. Não haviam outras opções.
Em virtude das bases dos ensinamentos rosacruzes serem eminentemente científicas e racionais, os tempos medievais foram pouco propícios à sua divulgação. Não havia liberdade de pensamento religioso, porquanto a igreja predominante na Europa, estendia seu poder a todos os negócios humanos. As artes, a literatura, a filosofia, a quase inexistente ciência, tudo se encontrava à serviço da religião. Até os monarcas se submetiam ao jugo eclesiástico, estando, em quase todas as nações, o Estado vinculado à igreja.
No século XIII, o mundo cristão achava-se mergulhado em profunda crise. As cruzadas, levadas a efeito contra os muçulmanos, não deram os resultados esperados, a não ser algumas vantagens do ponto de vista comercial. Contudo, o contato com os povos do Oriente promoveu importante intercâmbio de ideias e valores.
A comunidade europeia, no entanto, subjugada despótica e dogmaticamente pela religião, mostrava-se impermeável a qualquer nova linha de pensamento. Seria de pronto repelida e considerada abominável heresia qualquer nova ideia, capaz de colidir com os princípios religiosos estabelecidos. Mesmo assim, houve ousadas tentativas.
Iniciaram-se, então, as perseguições. Quem, ostensiva ou discretamente, se encorajasse a externar novos pontos de vista sobre qualquer assunto, correria o risco de ser tachado de herege.
Criou-se a chamada “Santa Inquisição” ou Tribunais do Santo Ofício, cuja ação tenebrosa levou à morte milhares de pessoas. O Papa Inocêncio III empreendeu uma cruzada contra os albigenses, espalhando o terror pelo Sul da França. Nesse derramamento de sangue, incompatível com os princípios cristãos, nem mulheres e crianças foram poupadas. Este foi apenas um exemplo.
Vê-se, pois, como aquela época não ensejava um campo fértil para a divulgação dos ideais rosacruzes. Não obstante tais dificuldades, Christian Rosenkreuz lançou suas sementes, trabalhando com os alquimistas durante séculos inteiros, preparando, assim, terreno para uma empreitada futura.
Durante todo esse tempo, apenas alguns poucos iluminados tiveram acesso aos ensinamentos da Ordem. Notamos alguns fragmentos dessas verdades transcendentais, nas obras de Shakespeare, Comenius, Goethe e outros.
As profundas transformações ocorridas no mundo ocidental, a partir do início do século passado, principalmente no campo das ideias, criaram condições para que fossem revelados publicamente, os ensinamentos mais elementares da Rosacruz. Assim é que no primeiro decênio do presente século, Max Heindel, após ter sido observado e submetido a várias provas, conquistou o inexcedível mérito de ser o Mensageiro dos Irmãos Maiores.
E a Ordem Rosacruz? Como se compõe?
Preciosas informações contidas no Conceito, nos dão conta de que ela é formada segundo linhas cósmicas. O mesmo ocorre com as demais Escolas de Mistérios.
Se juntarmos várias esferas e tentarmos cobrir e ocultar uma delas, veremos que doze são necessárias para tanto.
O átomo está agrupado assim: doze em torno de um. Doze são os signos que formam o zodíaco, doze Apóstolos reuniram-se em torno do Cristo. Em todos os exemplos, sempre notamos doze em torno de um.
Como não poderia ser diferente, doze Irmãos Maiores mais o décimo terceiro, compõem a Ordem Rosacruz.
Desses doze, sete manifestam-se no mundo cada vez que as circunstâncias o exijam, fortalecendo o bem onde o encontrarem. Dependendo da necessidade, surgem como seres humanos entre a humanidade, ou utilizam seus veículos invisíveis. Os cinco restantes nunca deixam o Templo. Agem somente nos planos internos, embora possam manifestar-se em corpos físicos.
O Cabeça da Ordem é Christian Rosenkreuz, o décimo terceiro, oculto do mundo externo pelos doze Irmãos. Nunca é visto pelos outros membros da Ordem, mas sua presença é percebida quando adentra o Templo. É o sinal para o início dos trabalhos.
Esse grande espírito esteve encarnado no tempo de Cristo, quando seu grau de evolução já era muito elevado.
Sabe-se que em uma de suas últimas encarnações, apareceu como Conde de Saint-Germain. Para aqueles, insensíveis às grandes realidades espirituais, sua existência nunca passou de um mito. As almas mais avançadas, porém, sabem que Christian Rosenkreuz inaugurou uma nova época na vida espiritual do Ocidente.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Deus e o Ser Humano: em que nível de relação você está?
Tudo que o ser humano faz ou pensa associa-se à satisfação de suas necessidades primárias: saciar a fome, abrigar-se, vestir-se, defender-se, constituir família, etc. O sentimento e o desejo são as molas propulsoras de todas essas realizações.
Mas, por óbvio que isso pareça, surge ainda uma questão: quais os sentimentos e necessidades que levaram a humanidade ao pensamento religioso e a fé?
Os Ensinamentos Rosacruzes indicam o temor, o interesse, o amor e o dever como sendo quatro formas básicas de relacionamento do ser humano com Deus. Nos povos primitivos, o fator que desperta ideias religiosas é o medo – medo da fome, de animais bravios, das enfermidades, da morte. Como o nível de consciência desse ser humano primitivo é incipientíssimo, forja um ser que a ele se assemelha, ser mais poderoso, capaz de submetê-lo e destruí-lo.
A segunda etapa desse relacionamento, a do interesse, está muito ligada ao atendimento das necessidades coletivas. É típica dos povos onde se nota certa organização social. O desejo de orientação diante das dificuldades, as satisfações das necessidades do grupo estimulam uma concepção social de Deus. A divindade rege os passos daquele povo em particular, protegendo-o, decidindo seus problemas, recompensando-o ou punindo-o. Para conquistar as boas graças desse deus, oferecem-lhe sacrifícios ou agem conforme os princípios ou tradições da raça. Aspira em troca, ver sua colheita mais abundante, o rebanho mais numeroso, a prole sadia, os inimigos prostrados a seus pés. É uma relação de barganha.
Essa forma de religião consolida-se pelo surgimento de uma casta sacerdotal, mediadora entre o povo e a divindade. Essa casta, obviamente privilegiada, logra uma posição de poder, muitas vezes superior ao poder temporal. Trata-se de uma religião do medo, porém, é possível dialogar com Deus e obter-lhe compensações.
O terceiro passo evidencia-se quando a religião do medo transforma-se na religião moral. A divindade conforta a tristeza, o desejo insatisfeito, protege as almas dos mortos. A moral e o apreço para com o semelhante constituem a tônica desse pensamento religioso. O Cristianismo popular e outros credos são um exemplo típico dessa fase do relacionamento do ser humano com Deus. Não se deve, entretanto, considerar as formas religiosas primitivas como exclusivamente religiões do medo, nem as dos povos civilizados como estritamente morais. Há pontos comuns a ambas, principalmente o caráter antropomórfico da ideia de Deus.
Pouquíssimos indivíduos encontram-se no quarto nível de experiência religiosa. Não é fácil conceituá-lo de uma forma clara, por não estar associado a uma ideia antropomórfica de Deus, nem a um dogma. Daí, o indivíduo experimenta a totalidade da existência como uma unidade, guiado pelo conhecimento esotérico, pela arte, pela ciência e pela intuição. Para ele a religião tem, ao mesmo tempo, um sentido cósmico e interior. O universo é o templo onde se cultua o Ser Absoluto como também o íntimo do ser humano. Esse sentido cósmico da religião é percebido por uns poucos iluminados, cujas vidas servem de estímulo a que outros, por seus próprios meios, busquem a Senda da Luz.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Maledicência: Com nossas palavras curamos as feridas ou ferimos
“Há algum tempo um homem trabalhador da lavoura, ao tentar remover um enxame de abelhas de um lugar para outro, estas se enfureceram com a interferência em seu trabalho. Picaram o agressor severa e dolorosamente, em uma porção de lugares. A abelha quando pica, perde o seu ferrão e morre”.
Automaticamente mata-se a si mesma, quando fere a outrem. Veja que não é um Deus vingativo. É o retorno do próprio ato praticado.
E nós, se morrêssemos ao ferir alguém com palavras estaríamos ainda com vida? Se alguém soubesse que o mau uso da palavra causaria a morte, será que não refrearia a língua, em benefício próprio e também das pessoas afetadas? Seguramente que sim.
A leitura do 3º capítulo do Salmo de São Tiago, de quando em quando, muito nos ajudará neste sentido. É grandemente proveitosa. É bom ler, reler e meditar.
Vejamos aqui:
“Se alguém não ofende pela palavra, este é um varão perfeito, que também pode com freio governar todo o corpo. Nós colocamos freios na boca dos cavalos para que nos obedeçam e governamos todo o seu corpo. Vejam-se também as naus (um certo tipo de navio, redondo), que embora tão grandes e levadas por impetuosos ventos, são governadas por um pequeno leme para onde quer que queiramos que sejam guiadas. Assim também, a língua é um pequeno membro e se gloria de grandes coisas. Veja-se como um pequeno fogo pode incendiar um grande bosque. E a língua é um fogo, um mundo de maldade. Assim, a língua está colocada entre nossos membros, a qual contamina todo o corpo e incendeia tudo à nossa volta e é a chama do inferno”.
“Porque toda a natureza de animais, aves, serpentes e de seres do mar se amansam e são domadas pela natureza humana; porém, nenhum ser humano pode domar a língua, que é um mal que não pode ser refreado; plena de veneno mortal. Com ela bendizemos a Deus Pai; e com ela bendizemos aos homens, os quais são feitos à semelhança de Deus. Irmãos meus, não convém que estas coisas sejam feitas. Porque onde há invejas e rivalidades, ali há a perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que vem do alto primeiramente é pura, depois pacífica, modesta, benigna, plena de misericórdia e bons frutos. E o fruto da justiça é sementeiro de paz para aqueles que fazem a paz”.
São Tiago nos alerta: semeando a paz, paz colherá; semeando a maledicência, sua consequência colherá. Observemos atentamente o efeito das nossas palavras. Elas nos trarão a colheita de frutos que nos alimentem, ou de espinhos que ferirão nossos pés na caminhada da vida. Com nossas palavras criamos um clima de amor ou de ódio, de alegria ou de dor, de esperança ou de desespero. Com nossas palavras curamos as feridas ou ferimos.
É muito difícil, impossível talvez, dominar a língua. Mas, a tentativa de dominá-la, o desejo sincero de educá-la, já é uma coisa positiva e de enorme proveito,
Vamos tentar! Tentemos com fé e boa vontade, e com perseverança.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/83 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Ensino do Mestre
O Mestre, pela boca da solidão, fala muitas vezes à alma cansada da fatuidade do mundo e ansiosa por nova vida. E diz-lhe: “Não escutes as vozes enganosas que vem de fora. Vem para mim no retiro do teu coração e terás o verdadeiro conhecimento. Não penses deste modo: se eu tivesse num ermo, num vale profundo, numa paragem solitária, poderia realmente encontrar-me, poderia conhecer minha verdadeira vocação”.
“Não é preciso que te afaste para me encontrar. Também habito na tua consciência tranquila, na tua mente sossegada, na tua alma desprendida, nos teus sentidos sabiamente dominados. Eu, a perfeita solidão. Se me buscas, podes encontrar-me em tua casa, no teu lugar de trabalho, entre o ruído da cidade, entre a confusão dos indivíduos. E, então, quando recolhida em ti, atingires tua íntima cela ouvirá a Voz Divina. Saberás que teu primeiro dever é transformar-te e esquecer o passado, bom ou mau, deleitoso ou amargurado, seus triunfos e fracassos”.
A alma, ao receber as sugestões destes belos pensamentos, acende-se em entusiasmo. Faz promessas fáceis e precipitadas. A doçura desses momentos já lhe parece o fim do Caminho, quando não é mais que mínima prenda da promessa divina. No seu encanto, clama, suspira, geme e canta. E diz: “Conduze-me, Senhor, por este brilhante caminho de luz. Abre meus olhos para que veja a Tua beleza. Não te ocultes jamais da minha vista. Transforma a minha vida para que me concentre na única vida, a Tua, Senhor. Que se queime este corpo antigo, para vestir um traje de glória. Tenho trocado tantas vezes de bandeira! Quero, agora, esta nova bandeira, a que é feita de castidade, de renúncias e de sacrifícios. Senhor, por Ti desejaria sofrer todas as provas, todas as dores, padecer mil mortes, passar por mil suplícios, conhecer o martírio por que passaram os Teus servidores mais fieis, só para ser digno do Teu amor! Que se acenda já a chama da minha alma e, quando estiver em flama, que abarque todo o meu ser. Senhor não me deixe agora. Não posso estar só e nem a minha vida é vida sem Ti. Não vês, Sumo Bem, que tenho fome e sede de Ti, cada vez mais ardentes? Já comecei a buscar-Te e não posso mais deter-me, como a flecha que foi arremessada. Fala Senhor. Que queres que eu faça? Que queres de mim? Dize-me, para cumprir somente a Tua vontade”.
Pobre alma! Quanto pede e quanto promete! Não sabe como são duros os espinhos e cortantes as pedras que há de encontrar no Caminho! O Divino Mestre, que a observa com suma ternura, cobre os olhos com as santas mãos, compadecidamente, ao ver, no porvir, todas as suas quedas. Quantas vezes terá que levantá-la; quantas vezes terão de curar-lhe as feridas e afastar de sua mente as nuvens de desencanto e do desespero! Então, o Mestre lhe fala: “Não te levantes, ainda, oh alma, em grandes voos. Não prometas maravilhas nem aspires aos altos cumes da santidade. Contenta-te em viver bem o teu dia e em santificar as pequenas obras diárias. Segue-Me com submissão e simplicidade. Modifica a tua vida sem que nada ou ninguém o note e mantém-te exatamente como antes ainda que teu íntimo esteja completamente transformado. Comece a procurar-Me por toda a parte, todo o dia e sempre. Que teus olhos Me vejam no rosto de todos os seres humanos e, como um véu, suspenso ante todas as coisas. Vê-Me no rico e no pobre, na criança e no ancião, no santo e no pecador, na flor e no céu, no dia e na noite, no trabalho que te desgosta e na festa que te alegra. Todas as coisas têm alguma formosura quando são miradas com olhos serenos, desapaixonados, vistas lá do fundo da solidão interior, da secreta morada. Depois, oh alma, quando a compaixão vibrar em ti e te faça doce e mansa, sossegada e discreta, compreensiva e prudente; quando a dor alheia arder em tua própria carne – então, Me verás. Une-te com a dor, une-te ao Amor, une-te ao saber e à ação – e Me encontrarás. Porém, mais uma vez te recomendo: enquanto esperas, simplifica a tua existência, dia a dia, hora a hora; torna-a cada vez mais suave e mais humilde. Nunca digas: ‘dai-me!’. Que a tua palavra de ordem seja sempre: ‘Tome!’. Compreendes meu filho?”.
A alma ficou serena e tranquila. Aos arranques do entusiasmo, sucederam, em seu coração, a serenidade e a paz profunda. Tendo atingido o umbral da solidão e ouvido a voz do Mestre, começa o seu Caminho. Reina o silêncio em volta. Esta é a hora eterna.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 08/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Em Defesa dos Reinos Inferiores
O dia 21 de Setembro é particularmente dedicado às árvores, formas de expressão no Mundo Físico dos mais adiantados espíritos da onda de vida vegetal, ainda não individualizados, e por esta razão evoluindo sob a custódia de Espíritos-Grupo.
Poetas e prosadores cantam a beleza e exaltam sobremaneira os benefícios que o ser humano aufere a custa das árvores. Constâncio Vigil escreveu: “Cópia do Universo é toda serenidade, beleza e harmonia”. Os ecologistas se destacam, atualmente, como vanguardeiros na luta pela preservação do verde. Não só exaltam a magnitude da proteção ao reino vegetal como propõem as mesmas atenções a todos os reinos da Natureza.
A Fraternidade Rosacruz também se manifesta a respeito em seus profundos ensinamentos, dando um enfoque todo especial ao tema. A vida no Mundo Físico se expressa por meio da forma, sendo mister que esta só aprimore para aquela manifestar-se com mais desenvoltura. Nossa ação é importante no aperfeiçoamento de tudo quanta nasce, cresce e se transforma na face da Terra. Partindo do princípio de que somos representantes de um reino superior ao mineral, vegetal e animal, assumimos a responsabilidade de contribuir para a manifestação da vida através daqueles reinos em ascensão constante.
A diligência e o esmero empregados no trabalho executado com os minerais determinam suas possibilidades de evolução. O reino vegetal, nós o sabemos, é extremamente dadivoso. Contudo, quando se fala em proteção aos reinos inferiores, nossa atenção volta-se para o reino animal, talvez a maior vítima da ignorância humana.
Sob o pretexto de obter alimentos, o ser humano dedica-se a matança dos mais elevados representantes da escala animal. E o faz com isenção plena de compaixão, às vezes com frieza e sadismo deploráveis. Não temos o direito de restringir a vida a seres prestes a individualizar-se. Se necessitarmos de alimentos, os mais adequados a nossa constituição encontram-se no reino vegetal, pródigo em variedade e qualidade. Os Ensinamentos Rosacruzes afirmam: toda partícula alimentar ingerida contém vida. Antes que ela possa ser agregada ao nosso organismo pelo processo da assimilação, é necessário que a dominemos e sujeitemos. Isso trará harmonia ao Corpo. Quanto mais individualizada for à partícula, tanto mais difícil se tornará sua assimilação.
O animal possui Corpo de Desejos. Cada célula componente de seu Corpo possui uma alma individual, compenetrada pelas suas paixões e desejos. Eis porque a carne, como alimento, requer intenso esforço orgânico no processo da assimilação. Inclusive a própria constituição da arcada dentária humana não a recomenda a preparar tal tipo de alimento para ser trabalhado pelo aparelho digestivo. Seremos coerentes com a nossa condição de seres racionais procurando alimentos no reino vegetal. Menos individualizados e amplamente adequados as nossas necessidades, substituem com inúmeras vantagens os elementos oriundos da dieta carnívora, principalmente pela facilidade com que são assimilados.
Analisando os fatos à luz da Ciência Oculta, não nos causa estranheza que inúmeras enfermidades venham afligindo a humanidade. As consequências só podem ser funestas quando os atos humanos colidem com as Leis da Natureza. Estas regem a conservação da vida, da espécie e da saúde. Muitas debilidades orgânicas poderiam ser sanadas pela adoção da dieta vegetariana.
Alguém pode objetar estas considerações afirmando que também truncamos o desenvolvimento de um vegetal tirando-lhe a vida para usá-lo como alimento. Porém, isso pode ser esclarecido. Quando a fruta está madura, realizou o seu propósito de servir como matriz para o amadurecimento da semente. Se não é utilizada como alimento, apodrece e perde-se. Além disso, está destinada a servir de alimento ao animal e ao ser humano, proporcionando-se, assim, a semente, oportunidade de crescimento ao espalhar-se em solo fértil. Deste modo não se arrebata a vida, mas ampliam-se as possibilidades de que ela se manifeste.
Além do que foi elucidado, também há razões de ordem moral. Os Ensinamentos Rosacruzes apelam para a razão e sentimento das pessoas, no sentido de que seja observada a primeira lei da Ciência Oculta: “Não matarás”. Cada um deve compenetrar-se de sua responsabilidade como protetor dos mais fracos, inspirando-se nas belas lições de Max Heindel e nas piedosas palavras de Ella Wheeler Wilcox: “Eu sou o defensor do meu irmão e lutarei a sua luta; falarei a palavra em nome do animal e da ave, até que o mundo saiba o que deve fazer”.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)