Cristo é o Nosso Modelo
Muitos Estudantes, não raramente, são fustigados por dolorosas provações. Essas fases, às vezes, prolongam-se por bom tempo e podem ensejar reações negativas se não forem enfrentadas com calma e firmeza.
Uma provação representa uma ou várias lições pendentes de vidas passadas, cujo aprendizado deve acontecer agora. Qualquer tentativa de procrastinar esse aprendizado redundará numa experiência mais dolorosa ainda, neste ou no próximo renascimento. Portanto, é inútil fugir. Não adianta quedar-se passivo,lamentando a “própria desgraça”.
Antes de mais nada é preciso que se entenda: o propósito da vida é a experiência e não o sofrimento, como alguns imaginam. A atitude mais correta é tentar entender o que está acontecendo e por quê. A meditação, a oração e o estudo servem justamente para esse propósito.
O Estudante, porém, muitas vezes depara com uma situação complexa, intrincada, à primeira vista um beco sem saída. Contudo, não é bem assim. Há sempre uma saída. Talvez não seja a solução ideal no entendimento do Estudante, mas, de qualquer forma é o que mais lhe convém em termos de crescimento anímico.
E como reagir diante de uma situação capaz de causar perplexidade?
Bem, há que haver um parâmetro de comportamento. Esse modelo é Cristo.
Se nos perguntarmos como reagiria o Cristo em uma dada circunstância, logo o saberemos. Ele, em qualquer situação seria compassivo, tolerante, paciente, compreensivo e amoroso. Seu Espírito perdoador de imediato transmutaria todo e qualquer desentendimento em concórdia.
Alguém, entretanto, pode objetar: mas o Cristo é o Cristo. Eu sou um ser humano, cheio de falhas.Cristo é um ideal muito distante para mim. É uma meta inatingível.
É lógico, nenhum ser humano agiria exatamente como o Cristo, porque ninguém o iguala em perfeição e sabedoria. Contudo, pode se reagir amorosamente em um relacionamento conflituoso, sem expressar um amor tão perfeito como o do Cristo. É necessário, entendamos, manifestar as virtudes do Cristo, mesmo que se o faça imperfeitamente. Se houver boa vontade as coisas se resolverão.
Todos nós passamos por fases de duras provações em nossas vidas. Se vivermos cada minuto de nossas existências como sabemos que o Cristo desejaria que o vivêssemos superaremos gloriosamente todas as provas.
Meditemos sobre esta frase: “Se vivermos cada minuto como sabemos que o Cristo desejaria que o vivêssemos“.
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/86)
O Cristo dos Místicos
“Levantai, ó príncipes, as vossas portas; levantai-vos, ó portas eternas e entrará o Rei da Glória” (Sl 23:9).
Esta passagem do Hino para Sião, tomada dos Salmos — o livro de louvores — considerado o mais proeminente das Escrituras do Antigo Testamento, pode ser utilizada com relação ao mistério de Cristo.
Os judeus, da mesma forma que outras nações com suas crenças religiosas, esperam a vinda do Salvador, também chamado Ungido, Cristo ou Messias. Naquela época era reverenciado Jeová, Senhor das Batalhas e o Criador da Forma.
Assim, devido ao domínio da forma, Cristo precisou ocupar uma forma humana, principalmente porque a mente encontrava-se em seu estado mineral. A humanidade não podia ter uma ideia diferente de Deus, fato que ainda prevalece, embora atualmente esteja sendo aberto o caminho para uma ideia mais realista por meio da evolução mental. Isto foi exposto por São Paulo, o pregador místico, revelando o segredo básico do Cristianismo: Cristo pode ser em verdade formado em nós, e só assim alcançaremos o dia em que o Ungido esteja conosco.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, no que concerne à evolução do ser humano, explicam o nascimento, crescimento e desenvolvimento dos diferentes corpos e seus Átomos-semente, cujas distintas forças operam através desses corpos, tudo numa ordem natural e consecutiva.
Estamos procurando, conscientemente ou não, construir um novo corpo, o corpo etérico, no qual seu Átomo-semente torne-se ativo. Como funcionamento deste veículo, o poder do Cristo pode penetrar-nos fazendo nascer em nós o Menino-Cristo, o segundo aspecto de Deus; deste modo Cristo toma o comando.
O místico Angelus Silesius exclama: “ainda que o Cristo nasça mil vezes em Belém, se não nascer dentro de ti mesmo, tua alma segue extraviada”.
Antes que possamos agir como verdadeiros cristãos, expressando o Espírito de Vida consciente interno, temos que construir esse corpo, o Dourado Manto Nupcial, formado pelos dois Éteres superiores (Luminoso e Refletor) através do qual o Espírito deve funcionar. Este Corpo, chamado de Corpo-Alma, converte-se no ponto de maior importância para nós, desenvolvendo-se, evoluindo e sendo alimentado pelo Poder do Amor, que busca sua manifestação por meio do Serviço (pois quando amamos, buscamos servir). Todas as coisas criadas, quer nos apercebemos ou não, servem de algum modo, o que constitui seu propósito de existência.
Quando o Sol passa pelo Signo de Câncer, que tem por Regente a Lua, estudamos a atividade do espírito em favor da alma. Por outro lado, quando o Sol está em Leão, e domina a influência lunar, a alma serve ao espírito. Esta é a época propícia para a construção do corpo, ou seja, da forma, pois graças à poderosa força solar, o espírito age sobre o corpo visando o futuro desenvolvimento da alma.
O crescimento e força da manifestação física são necessários para conter um maior influxo das mais sutis e maiores atividades do poder do Cristo quando retorna em setembro de todo ano. O Sol estando em seu apogeu fisicamente objetivado e espiritualmente subjetivado, prepara a alma para o seu futuro desenvolvimento.
Portanto, é por meio da compreensão intelectual das coisas místicas que levantamos nossas cabeças e abrimos nossos corações, às portas eternas permitindo que o Rei da Glória, Cristo, penetre em nós para converter-nos em cristãos, no verdadeiro sentido da palavra.
O Signo Leão, regente do coração – a sede do amor – simboliza o Rei, sendo, por isso, nesta época de nossa evolução, o grande poder emocional do Amor o verdadeiro Rei, um Supremo Governador. O Amor como causa produz como efeito o Serviço, e essa causa e efeito em atividade constante constituem o mistério do precioso traje de Cristo, (o “Soma Psuchicon”) citado por São Paulo como um veículo independente utilizado para voos anímicos, numa vida melhor e mais útil. Este Corpo-Alma não deve ser confundido com a alma que o interpenetra, pois, essa alma possui uma sutileza tal que somente pelo espírito de introspecção poderemos senti-la. É através dela que percebemos o atraente poder do Pai que está nos Céus, o impulso interno que todo aspirante conhece tão bem e que faz com que o Corpo-Alma resplandeça.
Recordemos, entretanto, que é o Sol, o espírito que representa o poder, força ou energia trabalhando sobre o corpo, o responsável pela alma, e que na época em que está em sua plenitude é que precisamos aprender com suas atividades. O Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” informa-nos que no Período Solar os Senhores da Sabedoria irradiaram de si mesmos o germe do Corpo Vital, capaz de fomentar crescimento e faculdades, as quais estão se desenvolvendo no presente.
Iniciaram este trabalho na segunda revolução daquele período e o continuaram até a sexta revolução. Nessa revolução os Querubins despertarem o germe do segundo aspecto do Tríplice Espírito no ser humano, o Espírito de Vida, ou seja, o princípio Crístico.
No Período Lunar os Senhores da Individualidade irradiaram de si mesmos o germe do Corpo de Desejos, incorporando-o com o Corpo Vital, e mais tarde os Serafim despertaram o germe do Espírito Humano no ser humano.
No Período Terrestre; o qual estamos agora, permanecemos sob a proteção dos Anjos, mestres apropriados ao ser humano e exímios na construção do Corpo Vital, pois eram a humanidade quando o éter era a condição mais densa da matéria. Já passamos o arco descendente da involução e agora estamos ascendendo pela evolução com a faculdade da Epigênese.
Estamos atravessando as camadas mais densas para chegar às mais sutis, ou seja, iremos do reino puramente físico para o etérico, especializando o Corpo Vital (cujo extrato é a Alma Intelectual) e o Espírito de Vida, que é o Ser Crístico. Esta é a nossa primeira e mais importante meta como seguidores de Cristo.
O Corpo Vital está radicado no baço e não possui poder em si mesmo, funciona como canal por meio do qual se introduzem as forças solares no corpo físico. Também determina a direção na qual certa força é utilizada, sendo que esta força deve vir de fora. Pelo poder do Amor, erguemos pontes e abrimos “portas eternas”, fazendo com que o Cristo venha e habita em nós, permitindo assim que brilhe nossa luz ante os seres humanos, afim de que sejam vistas as boas obras e seja o Pai glorificado nos céus.
No passado, os Corpos de Desejos da humanidade mais avançada se dividiram em superior e inferior, ficando mais apropriado para hospedar o Ego. Hoje estamos dividindo o Corpo Vital em superior e inferior, sendo a parte superior chamada de Dourado Manto Nupcial, o qual permite ao Rei da Glória, Cristo, com o poder do Amor, funcionar dentro de nós mesmos.
Desta semente é que brotará a verdadeira vida e crescerá em força e beleza no decorrer do tempo, desde que seja alimentada pelo Amor em seu mais elevado aspecto: com o sacrifício da carne pelo espírito, pois que está dito que “não podemos servir a Deus e a Mamom”.
A Lei de Conservação deve dar lugar ao respeito pela vida dos demais. A construção do Corpo solar dourado do Espírito de Vida se adquire mais facilmente através da experiência purgatorial do Exercício de Retrospecção, pelo qual se diz que “tomaremos o reino dos céus por assalto”.
Somente através dos atos de amor e bondade, de forma desinteressada é que construiremos o Vestido Crístico de Vida – o Dourado Manto Nupcial. Somente este serviço amoroso e desinteressado traz as mais ricas recompensas, pois os Exercícios não constroem alma, enquanto que o Serviço faz com que o processo de assimilação de experiências da vida, seja transmutado em poder anímico.
“Senhor, ajuda-me a viver dia a dia
De tal maneira desinteressada,
Que quando ajoelhado para orar,
Para o próximo minha oração seja ofertada”.
“E a cidade não necessita de Sal nem de Lua, para que nela resplandeçam, porque a Glória de Deus já a tem iluminado; e o Cordeiro é sua lâmpada” (Apo 21:23).
(Publicado na revista “Serviço Rosacruz” – 01/86 – SP)
Adaptabilidade segundo os Ensinamentos Rosacruzes
Adaptabilidade não quer dizer estagnação; significa, isto sim, acomodação à novas condições e o encontro do fio da meada para agir, descortinando, sempre, novos horizontes. Quem é facilmente ADAPTÁVEL, é também FLEXÍVEL, portanto, EMINENTEMENTE ENSINÁVEL e funciona no campo da inteligência, por meio da qual assimila, sábia e amorosamente, os ensinamentos que lhe chegam de toda a criação, obra de nosso Pai Comum – DEUS.
Para melhor elucidar o presente tema, ouçamos a palavra de Max Heindel que, em seu laborioso trabalho e ajudado pelos Irmãos Maiores, adquiriu a capacidade de investigar os mundos internos e ler na Memória da Natureza, nos esclarecendo em “O Conceito Rosacruz do Cosmos” da seguinte maneira: “Nas escolas, todos os anos, alguns alunos não se adiantam o necessário para passar a um grau superior. Analogamente, em cada Período de Evolução, alguns ficam atrás por não poderem alcançar o desenvolvimento necessário e passar ao próximo grau superior; foi o que aconteceu já no Período de Saturno. Naquele estado, a vida, com a qual trabalharam os Seres Superiores, era inconsciente de si, mas essa inconsciência não era obstáculo para o retardamento de alguns dos espíritos virginais MENOS FLEXÍVEIS, MENOS ADAPTÁVEIS que os demais.
Nessa palavra, ADAPTABILIDADE, temos O GRANDE SEGREDO do atraso ou do progresso. Todo adiantamento depende de FLEXIBILIDADE E ADAPTABILIDADE do seu ser evolucionante, de ser capaz de acomodar-se, por si, à novas condições ou estacionar e cristalizar-se incapaz de toda transformação. A ADAPTAÇÃO É QUALIDADE QUE FAZ PROGREDIR, ESTEJA A ENTIDADE NUM GRAU SUPERIOR OU INFERIOR DE EVOLUÇÃO. A falta de adaptação é causa de atraso para o espírito e de retrocesso para a forma. Isso se aplica ao passado, ao presente e ao futuro”.
Dispensa qualquer comentário a lapidar orientação de Max Heindel, apontando a adaptabilidade como a palavra CHAVE em nossa evolução. Trata-se de orientação que ele extraiu da Memória da Natureza, auxiliado pelo Mestre, e, ela resiste à lógica mais apurada. Portanto, merece nossa particular atenção.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 01/1975)
O Respeito do Ser Humano pelo Ser Humano
O respeito do ser humano pelo ser humano, como semelhante centelha espiritual, deixa muito a desejar. Nunca o mundo precisou tanto de amor como nos atuais tempos de materialismo, tão perigoso ao nosso normal desenvolvimento interno. Por isso, o mais deplorável na hora presente é o desânimo dos seres humanos de boa vontade. Psicólogos e educadores estudam as causas dos problemas sociais, mas não podem perscrutar profundamente o problema, enquanto não considerarem o ser humano em sua integralidade, como ser humano e espiritual. A menos que sejamos alimentados em todos os aspectos, haverá fome de algum lado: haverá deficiências, haverá enfermidades jamais sonhadas pelos materialistas, porque a função faz o órgão e a negligência de certos aspectos, justamente os mais complexos e elevados da natureza humana, trará consequências desastrosas!
A técnica moderna, em vez de servir ao ser humano, veio escravizá-lo, em benefício de alguns. As máquinas avassalaram os operários, reduzindo-os a peças, cujos movimentos são estudados para cada vez mais produzir. As vidas egoístas e intensas das grandes cidades ilham-nos num círculo vicioso pouco edificante. É uma indústria de neuróticos. Os hospitais de doenças nervosas se multiplicam. Contam as estatísticas que, dentre as pessoas com cursos superiores, os que mais se suicidam são os médicos; e dentre eles os psiquiatras!
Na América do Norte é alarmante o número das pessoas que morrem de enfarte nervoso, antes dos 50 anos. Na Europa, justamente nos países mais adiantados (Suíça, Suécia, Dinamarca) ocorrem os maiores índices de suicídios. Por quê? Se o objetivo do ser humano fosse meramente material, se o ser humano fosse apenas um conjunto orgânico que se desfaz na morte, por que essa angústia? A resposta é simples: estão esquecendo o ser humano real! As criaturas andam famintas de amor, de apreciação, de estímulo, de criatividade, de motivação! O ser humano precisa ser compreendido em sua inteireza. De novo surge, do fundo das idades, a Esfinge gigantesca e repete o desafio: ou me decifras, ou te devoro! De novo, o Cristo dentro de nós inquire a nossa consciência: Tu me amas? Então, apascenta as minhas ovelhas!
O Cristianismo Esotérico tem uma tremenda responsabilidade, um grande dever: divulgar, por todos os meios ao seu alcance, os aspectos integrais do ser humano e o modo de torná-lo realmente feliz, realizado, segundo, não o ponto de vista material, imediatista, porém, amplo, que atente não só ao presente, como ao futuro.
“Não só de pão vive o ser humano”. O dia em que se ensejarem a cada ser humano os meios e motivações de crescimento interior, ver-se-á que eles hão de florescer a dimensões jamais sonhadas, em todos os aspectos.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 01/1975)
A Transição
Um sábio vivia num país distante, amado por todos que o conheciam. Durante muitos anos, o povo o procurava, pedindo conselhos, ou simplesmente desejando ouvi-lo falar.
Falou das sabedorias dos antigos e, embora muitas vezes não entendessem completamente o significado das suas palavras, eram aconselhados e confortados pela abundância de amor e simpatia que dele emanavam. O sábio tinha uma filha, a quem ele amava; e que a seu tempo seria capaz de adquirir a graça e sabedoria do pai.
Um dia, quando ele sentiu que o tempo da sua transição estava perto, falou com ela. “Minha criança” disse, quando ela sentou numa almofada à sua frente, deitando a cabeça no seu joelho,”o tempo da minha transição está chegando, vou logo partir para os reinos mais altos, e eu estou contente. Desenvolvi aqui e embora meu corpo tenha me servindo fielmente e bem; será um alívio me desprender do seu peso”.
Ela sorria para ele: “Eu sei pai, também senti que você vai nos deixar. Sentiremos falta, mas você realizará maiores trabalhos no mundo superior, onde viverá. Estou certa de que isto acontecerá”.
Seu pai a olhou fixamente com afeição, acariciando seus cabelos vendo-os brilhar à luz do Sol. Desde quando era uma menininha, seus momentos mais preciosos eram aqueles; quando ela deitava sua cabeça dourada no seu joelho e conversavam juntos com o maior entendimento e confiança. De tudo que ele mais amou na terra, e do que mais sentiria falta, era sua filha. Mas, sabia também, que apesar da vastidão do mundo, nunca estaria longe dela.”Uma coisa me perturba filha? disse ele. Sei que você não vai prantear a minha partida, com lágrimas e lamentos e por isso sou grato. Mas, eu me preocupo com os outros, – aqueles que vierem a mim buscar conforto e consolo – aqueles lamentarão minha passagem e se afligirão grandemente. Não por mim deploro isso, mas por eles mesmos. Sofrimento deste tipo, só pode ser destrutivo, como você já sabe.
“Sim, eu sei pai”, respondeu; “mas acredito que será mais fácil a mim proteger-me da aflição, do que para os outros. Estou contente por você porque sei como será livre e verdadeiramente vivo na sua nova condição.
Além disso, sou afortunada por lembrar-me das experiências que tive durante o sono, eu vi, como os outros que já partiram são mais felizes. Muitas pessoas que vivem na terra, não é tão afortunada como eu. Para eles, perdendo alguém que ama, o mundo toma-se vazio, porque eles não podem ver que aqueles que já partiram estão vivos no outro lado”.
O sábio continuou: “Esta é a razão porque pergunto se você ajudará aos outros quando eu já tiver partido. Lembre-se de que eu estarei ocupado com um trabalho novo e embora fique frequentemente com eles, isso não será óbvio nas suas horas de vigília. Urge a eles, da melhor maneira que possam; transmutar suas lágrimas em ação positiva.
Exorte-os a intensificar seus trabalhos aqui na terra, porque nada poderá superar melhor o luto e a dor”.
“Eu farei pai, eu o farei “ela assegurou. Por longo tempo sentaram juntos, falando pouco, mas, unidos em harmonia e profundo amor.
Na manhã seguinte, quando os adeptos se juntaram embaixo do grande carvalho, onde sempre se encontravam, foram surpreendidos ao ver a filha vir ter com eles. Frequentemente acompanhava o pai a estas reuniões, mas nunca antes viera sozinha. Estava vestida com um longo e flutuante vestido branco, seus cabelos estavam amarrados com um laço dourado.
Sorria gentilmente para os adeptos, que esperavam por uma explicação. Um ou outro teve o pressentimento súbito do que ela iria falar, suspiraram e olharam para longe.
“Queridos amigos” começou ela, “hoje de manhã meu pai passou, para os mundos superiores. Seu tempo na terra se esgotou, e consideravam-no com mérito para um trabalho maior. Ele se regozija por estar livre das dores terrenas, e ansioso por começar seus novos deveres. A ajuda na sua transição, foi confiada a um dos Iluminados Seres e partiu com muita paz”. A jovem parou de falar e olhou para os adeptos. Alguns choravam abertamente, outros a olharam como se não pudessem acreditar no que ouviam, outros -os mais velhos – balançavam a cabeça com inveja. “Sim; sim”, disse um deles suavemente, “era seu tempo”. “Mas o que nós vamos fazer?” gritavam alguns. “Sem ele não podemos viver, que faremos sem ele?”
“Nós devemos trabalho, todos temos trabalho a fazer, um vasto trabalho”, falou a jovem com a voz desapaixonada.
“Ele ofereceu conselhos e mostrou o caminho. Ele revelou muito, o que somos afortunados em conhecer. É por isso, por conhecermos a verdade, que somos obrigados a usar dela na nossa vida. Ele fez a sua marca. Então, agora é o tempo de nós fazermos a nossa.”.
A jovem suspirou fundo e indo embora falou suavemente: “Meu pai não queria que o pranteassem. Eu sei disso e no fundo do coração vocês também o sabem. Regozijem-se por ele – regozijem-se com ele – para que ele tenha bom motivo para estar contente. E mesmo que vocês nunca se comuniquem com ele, eu rezo a vocês para que não deixem a tristeza de seus corações pesar em cima dele”.
Outra vez a jovem os olhou gravemente, suplicante. “Seu último pedido foi que eu recomende a vós a submergir na ajuda aos outros. E eu acrescento a este pedido o meu: ponham os seus ensinamentos em prática. Façam com que se tornem parte das suas vidas – do seu próprio ser. Assim ele estará mais com vocês do que quando em seu corpo físico”.
Por longo tempo os adeptos permaneceram juntos, cada um com suas lembranças dos dias passados com o sábio, e meditavam sobre as coisas que sua filha lhes transmitiu.
Então, um levantou-se e falou: “a jovem está certa, convém que façamos o que ela pediu. Embora aquele que nós amamos tenha partido, deixando “seu corpo físico, ele é imortal nos céus como nós também. E podemos nos imortalizar mais na terra, servindo como ele nos ensinou. Vamos amigos, deixem de sofrer e cuidem de seus trabalhos”.
Um ano depois, os adeptos se reuniram outra vez embaixo do velho carvalho. O ano anterior dedicaram à uma escola, onde transmitiam os ensinamentos que aprenderam com o sábio, para aquelas que tinham ouvidos para ouvir.
O apelo do sábio para servir não foi desatendido e aconteceram muitas mudanças na região. Mendigos que antigamente, passivamente, lamentavam queixosos na beira da calçada, foram ensinados a ajudar a si mesmos e a ganhar o seu sustento, trabalhando, produzindo seu próprio alimento. Alguns adeptos trabalhavam sem compensação nos lares ou campos dos pobres, ajudando com trabalhos caseiros cotidianos e cuidando dos doentes. Outros reuniram crianças ao redor deles e infundiram o conhecimento do bem e da dignidade. Alguns fundaram hospitais, onde os doentes e sofredores recebiam conforto.
Neste dia de reunião, os adeptos saudaram uns aos outros, alegremente ansiosos por ouvir o relato de novidades que aconteceram nos doze meses passados. A filha do sábio estava ali, também, era ela a professora da nova escola. Quando passou entre os adeptos, apertando a mão de uns, abraçando outros, eles se maravilharam pela sua maturidade, compostura e beleza intensificada, que irradiava dos seus traços e da sua capacidade.
Evidentemente ela era digna sucessora do pai.
Então a cerimônia da dedicação começou. Orações eram oferecidas; palavras foram ditas, canções eram cantadas e este era o tributo amoroso, cheio de respeito à memória abençoadado sábio, que era o instigador de tudo que era bom.
Quando o último orador voltou ao seu lugar, ouviu-se um inesperado arquejo dos presentes. A figura familiar do sábio, vestido com um simples manto marrom que ele sempre usava, estava em pé visto tenuemente ao lado da multidão. A amada face outrora enrugada pela idade, era agora lisa, com brilho extraterreno, amoroso e entusiasmado. Era realmente o sábio, transmutado pelas características do mundo superior e sem dúvida reconhecido por todos. A figura permanecia sorrindo e abençoando com o olhar caloroso e aprovativo dos seus adeptos. Então, desapareceu.
Por momentos todos permaneceram em silêncio. Então, viraram-se e foram seguir seus caminhos separados.
A cerimônia terminou. Estava bem completa.
(Publicada na Revista ‘Serviço Rosacruz” – 01/86 – SP)
Um Ciclo Vicioso ou Virtuoso
Quanto maior é a candeia, maior também será a quantidade de fluido para abastecê-la. Quanto mais fraca é a terra, maior será a quantidade de fertilizante necessário para que se produza uma boa safra. Quanto melhor é um instrumento, melhor é o som que ele emitirá. Portanto, quanto mais amor tiver um indivíduo, melhores também serão as suas obras, e assim por diante. Essa regra se aplica em tudo.
A responsabilidade de um ser humano está em um determinado nível; vem então o desejo de aprender algo, de ter experiências afins. Alimentando o desejo, o ser humano passa a saber mais, colocando-se um pouco acima daquele que sabe menos. Aumentando o saber, aumenta também sua capacidade assimilativa, e assim por diante, em um ciclo vicioso onde ele tem cada vez mais as suas qualidades aumentadas, e cada vez maior número de oportunidades de aprender mais.
No entanto, o egoísmo leva o ser humano por caminhos tortuosos, longe da sua origem, porque à medida que vai aprendendo erroneamente, vai utilizando a sua inteligência para “acumular tesouros”, quando não, na maioria das vezes, para prejudicar seus semelhantes. Realmente, talvez ele tivesse razão se a vida fosse tão somente um lapso existencial entre o berço e o túmulo. Mas assim não acontece. A vida não para aí; existe muito mais ainda. Ou melhor, nós estamos sempre no meio, pelo menos enquanto não soubermos quando começa ou acaba a aventura do ser humano na matéria. Por isto, à medida que vai aprendendo, mais e mais, libertando-se das condições atuais de sobrevivência e livrando-se dos laços que o prendem à matéria, aumenta também, com isso, sua responsabilidade em relação aos menos favorecidos.
Assim como nos exemplos acima, aquele que se tornou em uma candeia precisa, igualmente, do azeite das obras, que irá alimentar essa candeia (que é o ser humano) e que vai, por outro lado, aumentar ainda mais a sua capacidade e o desejo de aprender, conduzindo-o sempre a uma responsabilidade ainda maior; também em um círculo vicioso onde, quanto mais o ser é livre, mais livre desejará ficar, até um ponto que culminará com o desprendimento total da matéria, tamanha é a força vibratória produzida pelo seu desenvolvimento.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1976)
Os Frutos da Vivência Cristã
É deveras gratificante avaliar como o trabalho desenvolvido pela Fraternidade vem rendendo “frutos” apreciáveis.
Nosso júbilo não se deve exclusivamente ao crescimento gradativo do número de estudantes. Há um fator mais importante, merecedor de maior destaque: são os resultados obtidos mediante a aplicação, no quotidiano, dos ensinamentos transmitidos ao mundo por Max Heindel.
Frequentemente ouvimos expressões de admiração e gratidão emitidas por estudantes.
Fazem questão de realçar o papel importante que a Filosofia Rosacruz desempenhou e continua a desempenhar em suas vidas, por estimulá-los a uma reforma interior – base de todo e qualquer progresso.
Alguns relembram seu passado sofrido, suas dificuldades de relacionamento, quando no lar ou no trabalho viviam em constante atrito com as pessoas que os cercavam. Relatam as danosas consequências desse negativismo: inimizades, perda de valiosas oportunidades de ascensão profissional, lares quase desfeitos, frustrações, etc. Com entusiasmo narram transformações operadas após o conhecimento do rosacrucianismo. Aprenderam a ser mais compreensivos em relação às falhas alheias. Tornaram-se mais vigilantes com as próprias.
Notaram como as coisas, ao seu redor, se modificaram. Aquele estado de franca “beligerância” ou de “paz armada”, para com os outros, converteu-se em entendimento. A vida assumiu um novo significado.
Outros estudantes frisam, e suas palavras deixam escapar o calor de uma sincera gratidão, a melhora de sua saúde como a suprema graça alcançada no Movimento Rosacruz.
Recordam, às vezes com os olhos umedecidos, o quanto padeceram presos a enfermidades.
Depois de adotarem um regime alimentar mais natural – isento de carne, álcool e estimulantes – puderam realmente desfrutar de uma vida mais plena e feliz.
Inicialmente encontraram uma certa dificuldade para livrar-se dos maus hábitos. Não era para menos. Os hábitos perniciosos, se mantidos durante anos, criam raízes, tornam-se “de casa”, passam a integrar nossa própria natureza. Erradicá-los demanda tempo e muita perseverança.
Com o passar dos anos, porém, constataram a transformação para melhor. Hoje gozam de boa saúde e proclamam essa verdade.
Há aqueles que se sentiam profundamente infelizes com suas vidas: alguns reveses, principalmente financeiros, roubaram-lhes a autoconfiança. Tornaram-se inseguros, indecisos.
As oportunidades que lhes surgiam amedrontavam-nos ao invés de estimulá-los à ação.
Viam os colegas de trabalho como rivais oportunistas ou competidores. Os parentes, estes pareciam escarnecer de seus fracassos, levando-os a um desespero maior. Com o tempo deixaram-se prostrar num lamentável estado de apatia, desânimo e imobilismo. Eis que por intermédio de alguém, ou por algum outro meio, entraram em contato com a Fraternidade. Inscrevem-se, fazem os cursos, estudam incansavelmente e começam a enxergar uma realidade até então desconhecida: o ser humano é uma célula integrante do macrocósmico corpo de Deus. Foi dotado de todos os atributos divinos.
Possui-os em forma latente e através da peregrinação pelas várias etapas da evolução tornar-se-á onisciente. É um herdeiro de todas as promessas celestiais. De forma alguma renasce para ser obrigatoriamente um infeliz, pobre coitado sujeito aos caprichos do destino.
Pelo contrário. Seu futuro é grandioso. Os sofrimentos atuais nada mais são do que os frutos de sua ignorância, e uma gama de lições a serem aprendidas. Assim, o conhecimento das leis naturais e sua justa aplicação traduzida em pureza, amor e serviço ensejam-lhe, aqui e agora, mudar sua vida para melhor.
“O único pecado é a ignorância”.
“O único fracasso é deixar de lutar”. “A única salvação é o conhecimento aplicado”.
Dessa maneira, muitos se encontraram no rosacrucianismo.
Afirmam ter descoberto a “fórmula mágica” responsável pela benéfica transformação ocorrida em suas vidas.
FÓRMULA MÁGICA? Mas a Filosofia Rosacruz não é um conjunto de verdades antiquíssimas em novas roupagens?
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1976)
Vimos a sua Estrela: a causa oculta da recepção do “Filho de Deus” não ser feita pelos “homens”
Tendo nascido Jesus em Belém de Judeia, no tempo do Rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém dizendo: “Onde está Aquele que é nascido rei dos judeus”? Porque vimos a Sua estrela no Oriente, e viemos adorá-Lo”.
Os magos do Oriente eram filósofos. Faziam parte de uma grande e influente classe que incluía homens de nobre nascimento, bem como muitos ricos e sábios de sua nação. Eram sábios ocultistas. Entre estes se achavam muitos que abusavam da credulidade do povo. Outros eram homens justos, que estudavam e conheciam profundamente a Astrologia, sendo honrados por sua integridade e sabedoria. Desses eram os magos que foram em busca de Jesus.
A luz de Deus está sempre brilhando entre as trevas do paganismo. Ao estudarem esses magos o céu estrelado, procurando sondar os mistérios ocultos em seus luminosos caminhos, viram a glória do Criador. Buscando mais claro entendimento, voltaram-se para as Escrituras dos hebreus. Guardados como tesouro haviam, em sua própria terra, escritos proféticos, que prediziam a vinda de um mestre divino. Balaão pertencia aos magos, enquanto fosse em tempos profeta de Deus, pelo Espírito Santo predissera a prosperidade de Israel e o aparecimento do Messias, e suas profecias haviam sido conservadas, de século em século, pela tradição. No Velho Testamento, porém, a vinda do Salvador era mais claramente revelada. Os magos souberam, com alegria, que Seu advento estava próximo, e que todo o mundo se encheria do conhecimento da glória do Senhor.
Viram os magos uma espantosa Conjunção de Astros nos céus, naquela noite em que a glória de Deus inundara as colinas de Belém. A isso deram o nome de estrela. Não era uma estrela fixa, nem um Planeta, mas um Aspecto entre Astros que excitou o mais vivo interesse. Aquela estrela tinha grande significação, e para eles um significado especial. Consultaram sacerdotes e filósofos, e examinaram os rolos dos antigos registros. A profecia de Balaão declarara: “Uma estrela procederá de Jacó e um cedro subirá Israel (Nr 24:17). Teria acaso sido enviada essa singular estrela como precursora do Prometido? Os magos acolheram com agrado a luz da verdade enviada pelo céu; agora era sobre eles derramada em mais luminosos raios. Foram instruídos em sonhos a ir em busca do recém-nascido Príncipe.
Como Abraão, pela fé, saíra em obediência ao chamado de Deus, “sem saber para onde ia” (Hb 11:8); como pela fé, Israel seguira a coluna de fumo até a terra prometida, assim esses gentios saíram em procura do prometido Salvador. Esse país oriental abundava em coisas preciosas, e os magos não se puseram a caminho de mãos vazias. Em costume, a príncipes ou outras personagens de categoria, oferecer presentes como ato de homenagem, e os mais ricos dons proporcionados por aquela região foram levados em oferta àquele em que haviam de ser benditas todas as famílias da Terra. Os presentes levados tinham, além disso, um sentido profundamente oculto.
Era necessário jornadear de noite, a fim de não perderem a oportunidade de encontrarem o Menino. Se bem que longa, a viagem foi feita com alegria.
Chegaram à terra de Israel, e descem o Monte das Oliveiras, tendo à vista Jerusalém. Ansiosos começam a busca, esperando confiantemente que o nascimento do Messias fosse o jubiloso assunto de todas as bocas. São, porém, vãs suas pesquisas. Entretanto, na Santa Cidade, dirigem-se ao templo. Para seu espanto, não encontraram ninguém que parecesse saber do recém-nascido Rei. Suas perguntas não despertaram expressões de alegrias, mas antes de surpresa e temor, não isentos de desprezo.
Os sacerdotes repetem as tradições. Exaltam sua própria religião e piedade, ao passo que acusam os gregos e romanos como maiores pagãos e pecadores que todos os outros. Os magos não são idólatras, e aos olhos de Deus ocupam lugar muito acima desses. Seus professos adoradores, todavia, são considerados pelos judeus como gentios. Mesmo entre os designados depositários dos Santos Oráculos, suas ansiosas perguntas não fazem vibrar nenhuma corda de simpatia.
A chegada dos magos foi prontamente divulgada por toda Jerusalém. Sua estranha mensagem criou entre o povo uma excitação que penetrou no palácio do rei Herodes. O astuto edomita foi despertado ante a notícia de um possível rival. Inúmeros assassínios lhe haviam manchado o caminho ao trono. Sendo de sangue estrangeiro, era odiado pelo povo sobre quem governava. Sua única segurança era o favor de Roma. Esse novo Príncipe, no entanto, tinha mais elevado título. Nascera para o reino.
Herodes suspeitou que os sacerdotes estivessem tramando com os estrangeiros para excitar um tumulto popular, destronando-o. Ocultou, no entanto, sua desconfiança, decidido a malograr-lhes os planos por maior astúcia.
Convocando os principais dos sacerdotes e os escribas. Interrogou-os quanto aos ensinos dos livros sagrados com relação ao lugar do nascimento do Messias.
Essa indagação do usurpador do trono, e o ser feita a instâncias de estrangeiros, espicaçou o orgulho dos mestres judeus. A indiferença com que se voltaram para os rolos da profecia, irritou o ciumento tirano. Julgou que estavam buscando ocultar seu conhecimento do assunto. Com uma autoridade que não ousaram desatender, ordenou-lhes que fizessem atenta investigação e declarassem o lugar do nascimento do esperado Rei. “E eles lhe disseram: Em Belém de Judeia; porque assim está escrito pelo profeta:
“E tu Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar Meu povo de Israel” (Mt 2:6).
Herodes convidou então os magos a uma entrevista particular. Rugia-lhe no coração uma tempestade de ira e temor, mas manteve um exterior sereno, e recebeu cortesmente os estrangeiros. Indagou em que tempo aparecera a estrela, e professou saudar com alegria a notícia do nascimento de Cristo. Pediu a seus hóspedes: “Perguntai diligentemente pelo Menino, e, quando O achardes participa-me, para que também eu vá e O adore”. Assim falando, despediu-os para que seguissem seu caminho a Belém.
Os sacerdotes e anciãos de Jerusalém não eram tão ignorantes a respeito do nascimento de Cristo como se faziam. A notícia da visita dos anjos aos pastores fora levada a Jerusalém, mas os rabis a tinham recebido como pouco digna de atenção. Eles próprios poderiam haver encontrado Jesus e estariam preparados para conduzir os magos ao lugar em que nascera; ao invés disso, porém, foram eles que lhes vieram chamar a atenção para o nascimento do Messias. “Onde está Aquele que é nascido Rei dos Judeus?” – Perguntaram – “porque vimos a Sua estrela no Oriente, e viemos adorá-Lo”.
Então o orgulho e a inveja cerraram a porta à luz. Fossem acreditadas as notícias trazidas pelos pastores e os magos, e teriam colocado os sacerdotes e rabinos numa posição nada invejável, destituindo-os de suas pretensões a exponentes da verdade de Deus. Estes doutos mestres não desceriam a ser instruídos por aqueles a quem classificavam de gentios. Não poderia ser, diziam, que Deus os passasse por alto, para Se comunicar com pastores ignorantes ou incircuncisos pagãos. Resolveram mostrar desprezo pelas notícias que estavam agitando o rei Herodes e toda Jerusalém. Nem mesmo iriam a Belém, a ver se essas coisas eram assim. E levaram o povo a considerar o interesse em Jesus como excitação fanática. Aí começou a rejeição de Cristo pelos sacerdotes e rabis.
Daí cresceu seu orgulho e obstinação até se tornar em decidido ódio contra o Salvador. Enquanto Deus abria a porta aos gentios, estavam os chefes judeus fechando-a a si mesmos.
Sozinhos partiram os magos de Jerusalém. Caíam as sombras da noite quando saíram pelas portas, mas, para sua grande alegria sabiam estar perto do Messias. Não tinham, como os pastores, recebido comunicação quanto ao humilde estado da Criança. Depois da longa jornada, ficaram decepcionados com a indiferença dos chefes judeus, e deixaram Jerusalém menos confiantes do que quando nela penetraram. Em Belém, não encontraram nenhuma guarda real a proteger o recém-nascido Rei. Não havia a assisti-Lo nenhum dos grandes da Terra. Jesus estava deitado numa manjedoura. Os pais eram Seus únicos guardas.
“E, entrando na casa, encontraram o Menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, O adoraram”. Através da humilde aparência exterior de Jesus, reconheceram a presença da Divindade. Deram-Lhe o coração como a seu Salvador, apresentando então suas dádivas: “ouro, incenso e mirra”. Que fé a sua! Como do centurião romano, mais tarde, poder-se-ia haver dito dos magos do Oriente: “Nem mesmo em Israel encontrei tanta fé” (Mateus 8:10).
Os magos não haviam penetrado os desígnios de Herodes para com Jesus. Satisfeito o objetivo de sua viagem, prepararam-se para regressar a Jerusalém, na intenção de pô-lo ao fato do êxito que haviam tido. Em sonho, porém, recebem a divina mensagem de não ter mais comunicações com ele. E, desviando-se de Jerusalém partem para sua terra por outro caminho.
De igual maneira, recebeu José aviso de fugir para o Egito com Maria e a criança. E o Anjo disse: “E demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há de procurar o menino para o matar”. José obedeceu sem demora, pondo-se de viagem à noite, para maior segurança.
Por meio dos magos, Deus chamara a atenção da nação judaica para o nascimento de Seu Filho. Suas indagações em Jerusalém, a excitação do interesse popular, e o próprio ciúme de Herodes, que forçou a atenção dos sacerdotes e rabis, dirigiu os espíritos para as profecias relativas ao Messias, e ao grande acontecimento que acabava de ter lugar.
Os magos estiveram entre os primeiros a saudar o Redentor. Foi sua a primeira dádiva a lhe ser posta aos pés. E por meio daquela dádiva que privilégio em servir tiveram eles! Deus Se deleita em honrar a oferta de um coração que ama, dando-lhe a mais alta eficiência em Seu serviço. Se dermos o coração a Jesus, trar-Lhe-emos também as nossas dádivas.
Nosso ouro e prata, nossas mais preciosas posses terrestres, nossos mais elevados dotes mentais e espirituais ser-lhe-ão inteiramente consagrados, a Ele que nos amou e se entregou a Si mesmo por nós.
Em Jerusalém, Herodes aguardava impaciente a volta dos magos. Como passasse o tempo, e não aparecessem, despertaram-se nele suspeitas. A má vontade dos rabis em indicar o lugar, do nascimento do Messias, parecia mostrar que lhe haviam penetrado o desígnio e que os magos se tinham propositadamente esquivado. Esse pensamento o enraiveceu. Falhara a astúcia, mas restava-lhe o recurso da força. Faria desse Rei-criança um exemplo. Aqueles insolentes judeus haviam de ver o que podiam esperar de suas tentativas de colocar um monarca no trono.
Imediatamente foram enviados soldados a Belém, com ordem de matar todas as crianças de dois anos para abaixo.
Os sossegados lares da cidade de Davi presenciaram aquelas cenas de horror que, seiscentos anos antes, haviam sido reveladas ao profeta. “Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação, choro e grande pranto; Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque já não existem”.
Essa calamidade trouxeram os judeus sobre si mesmos. Houvessem estado nos caminhos da fidelidade e da humildade perante Deus, e Ele haveria, de maneira assinalada, tornado sem efeito para eles a ira do rei. Mas separaram-se de Deus por seus pecados, e rejeitaram o Espírito Santo, que lhes era o único escudo. Não estudaram as Escrituras com o desejo de se conformarem com a vontade de Deus. Buscaram as profecias que podiam ser interpretadas para sua exaltação, e mostraram que o Senhor desprezava as outras nações. Jactavam-se orgulhosamente de que o Messias havia de vir como rei, conquistando seus inimigos e esmagando os gentios em sua indignação. Assim, haviam excitado o ódio dos governadores. Mediante a maneira por que desfiguravam a missão de Cristo, Satanás intentara tramar a destruição do Salvador; ao invés disso, porém, ela lhes caiu sobre a própria cabeça.
Este ato de crueldade foi um dos últimos que entenebreceu o reinado de Herodes. Pouco depois da matança dos inocentes, foi ele próprio obrigado a submeter-se àquela condenação que ninguém pode desviar. Teve morte terrível.
José, que ainda se achava no Egito foi então solicitado por um Anjo de Deus a voltar para a terra de Israel. Considerando Jesus como o herdeiro de Davi, José desejava estabelecer residência em Belém; ouvindo, porém, que Arquelau reinava na Judeia em lugar de seu pai, receou que o desígnio do pai contra Cristo pudesse ser executado pelo filho. De todos os filhos de Herodes, era Arquelau o que mais se assemelhava a ele em caráter. Já sua sucessão no governo fora assinalada por um tumulto em Jerusalém, e o morticínio de milhares de judeus pelas guardas romanas.
Novamente foi José encaminhado para um lugar de segurança. Voltou para Nazaré, sua residência anterior, e ali, por cerca de trinta anos viveu Jesus, “cumprindo-se deste modo o que tinha sido predito pelos profetas: Será chamado Nazareno”. A Galileia estava sob o domínio de um filho de Herodes, mas tinha uma mistura muito maior de habitantes estrangeiros do que a Judéia. Havia, assim, muito menos interesse nas questões que diziam respeito especialmente aos judeus, e os justos direitos de Jesus, corriam menos riscos de excitar os ciúmes dos que estavam no poder.
Tal foi a recepção feita ao Salvador ao vir à Terra. Parecia não haver nenhum lugar de repouso ou segurança para o infante Redentor. Deus não podia confiar Seu amado Filho aos homens, nem mesmo enquanto levava avante Sua obra em benefício da salvação deles. Comissionou Anjos para assisti-Lo e protegê-Lo até que cumprisse Sua missão na Terra, e morresse às mãos daqueles a quem viera salvar.
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 12/79)
O Cinema Afasta-se da sua Verdadeira Finalidade
A recreação para o espiritualista sincero vai se tornando cada vez mais escassa.
As peças de teatro apelam tanto para os palavrões, a um realismo contundente – esquecendo que isso é apenas uma parte da realidade total de nossos dias – que as pessoas de boa formação não suportam: saem no meio da encenação da peça como sinal de protesto.
Os cinemas, basta ler os programas anunciados pelos jornais: sexo, nudismo, violência, malícia.
Realmente, qual uma nesga de sol que aproveita uma brecha das nuvens para dizer-nos que lá atrás encontra-se uma luz real, aparece um filme bom. E os cinemas recebem um público numeroso, superlotando suas dependências! Por que? É a essência humana esfomeada!
É verdade que certos filmes, mais profundos e, simbólicos, como a “Flauta Mágica”, não tiveram êxito esperado, embora atingissem sutilmente o íntimo das pessoas.
E se uma boa película dá bilheteria, por que não as produzir em maior número? O “marketing”, revela que a massa reclama violência, sexo, nudismo, malícia. Mas, o cinema não tem finalidade educativa? Ingenuidade! É comércio.
Houve um grande produtor que acreditou na função educativa do cinema e soube conciliar a finalidade econômica com a sociológica.
Foi Walt Disney.
Agora vem à baila a história da famosa atriz Doris Day, sempre julgada esquisita porque jamais consentiu representar papéis que suscitassem maus exemplos ao público. Por coincidência é cristã convicta, não fuma, não bebe, não se envolveu em triângulos amorosos, nem em qualquer outro tipo de escândalo. Foi, além disso, presidenta da Sociedade Protetora dos Animais da Califórnia, após ter realizado uma viagem à Europa, onde pregou o amor aos animais, numa campanha contra o uso de peles e plumas por mulheres vaidosas.
Doris Day teve a coragem de deixar o cinema, em pleno apogeu da fama, e mesmo diante de ofertas tentadoras, preferindo um programa de televisão com seu filho.
Disse ela: – “Não me encaixo mais no cinema. Os roteiros que me oferecem são crus demais para o meu temperamento. Dão muita ênfase ao sexo, a Violência, ao nudismo. Não sou puritana, mas acredito em mostrar mais o lado belo das coisas para animar a humanidade a continuar lutando neste mundo, não a desanimar”.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/77)
Viajantes do Espaço: Vidas em outros Planetas
Nos últimos anos muito se tem falado sobre viajantes do espaço, naves espaciais, visitantes de outros Planetas, etc. Ainda que este assunto tenha levantado muita celeuma, não é novidade. A história vem relatando, desde muito tempo, o aparecimento de objetos aéreos não identificados. Tais objetos que são “reconhecidos” como naves espaciais, aparecem normalmente em áreas isoladas, afastadas dos grandes núcleos de população e são atestados apenas por um número muito limitado de pessoas.
Além disso, os observadores não estão de acordo com aquilo que “veem”. As descrições dos incidentes diferem bastante para poderem ser levados em consideração. Quer-nos parecer, também, que os visitantes de outros Planetas (se de fato o são) se tem boas intenções, como dizem os seus observadores, teriam muito pouca dificuldade para estabelecerem sua identidade e para tomar conhecidos os propósitos de sua vinda, de maneira menos misteriosa.
O lançamento de satélites pelos Estados Unidos e pela Rússia, as viagens pelo espaço, parece dar nova perspectiva à possibilidade da presença aqui, na Terra, de visitantes de outros Planetas. Em alguns centros culturais, a possibilidade da existência de vida inteligente em outros Planetas é obstinada e quase egoisticamente negada. Todavia, inúmeros astrônomos e filósofos do passado aceitaram essa possibilidade e a literatura oculta está repleta de referência aos “mensageiros” vindos à Terra, particularmente de Vênus e Mercúrio. Utilizando os conhecimentos adquiridos no ocultismo, podemos chegar a compreender o que aconteceu relativamente à manifestação inteligente em outros Planetas além da Terra.
Podemos admitir que o modelo e o propósito evolutivos básicos são idênticos, seja na Terra, em Marte, Mercúrio, Vênus etc., condicionando-os apenas, às condições existentes em cada Planeta.
M. C. Flammarion, um dos maiores astrônomos de poucos anos atrás, formulou, como dedução exata e rigorosa de fatos conhecidos e das leis científicas, que:
1. Várias forças que eram ativas no princípio da evolução deram nascimento a variedade de seres nos vários mundos, tanto no reino orgânico como no inorgânico.
2. Os seres animados derivaram dos primeiros, com formas e organismos correspondentes ao estado fisiológico de cada globo habitado.
3. As humanidades dos outros mundos diferem da nossa, tanto na organização interna como no tipo físico exterior.
A Filosofia Rosacruz nos diz que quando a Terra fazia ainda parte do Sol o seu material estava em estado ígneo.
Nessa ocasião já existia a vida embrionária e, como o fogo não queima o espírito, a evolução embrionária começou imediatamente, ficando confinada à região polar do Sol onde o calor era menos intenso. Os seres mais evoluídos que deveriam tomar-se humanos, apareceram quando a terra ainda estava em estado líquido e envolvida em atmosfera gasosa. Não obstante a inteligência evoluinte dispôs os meios para construir um veículo com o auxílio de inteligências superiores já manifestadas em períodos evolutivos anteriores.
Os primeiros corpos construídos eram conto de ar e água, pois tais elementos respondem mais facilmente às pulsações da vontade criadora. Os veículos posteriores foram construídos da parte mais sutil do material denso do globo físico.
O primeiro Corpo Denso do ser humano, nem de longe se assemelhava ao seu atual veículo altamente organizado desenvolvido através de inúmeros milhões de anos de evolução. Seu primeiro Corpo Denso era parecido a um grande saco com uma abertura em cima, de onde saía seu único órgão sensório que era usado para orientação. O ser humano servia-se deste órgão para sobreviver e evitar a destruição do seu corpo. O corpo humano consistia de matéria plástica mole e as outras formas terrestres também eram moles e plásticas.
A Terra, comparada com sua atual firmeza, estava naquele tempo, em estado fluídico. A alma humana, encarnada no veículo que acabamos de descrever, adaptou-se em maior grau do que depois, pois a atual manifestação da alma em um corpo masculino ou feminino é devida ao fato de que um ou outro foi imposto pelo desenvolvimento da natureza exterior. Enquanto o ser humano tinha domínio sobre a matéria, formava seu corpo masculino ou feminino, mas dava-lhe as qualidades comuns a ambos, pois, a alma humana é ao mesmo tempo masculina e feminina, possuindo ambas as naturezas em si. A formação exterior da Terra levou o corpo a adotar a evolução unilateral e, quando a Terra atingiu certo grau de densidade, apareceu a separação dos sexos. A densidade da matéria reprimiu parcialmente o poder de reprodução e essa porção da força reprodutora que é efetiva requer complemento exterior que encontra na força oposta de um outro ser humano.
Quando os veículos humanos atingiram certo grau de desenvolvimento, os espíritos que estavam por cima, no Éter (chamados na Bíblia de “Filhos de Deus”), desceram e penetraram nos novos corpos, chamados “filhas dos homens” ou mais corretamente, “Filhas de Manas”, ou seja, corpos formados ou feitos de Mente. A partir daí, seguiram um extenso programa evolutivo. As formas foram aparecendo no mundo material por um processo de experimentação natural e depois de milhões de anos, foram geradas formas mais convenientes para a manifestação do ser humano. As formas que não eram usadas para a encarnação do ser humano tornaram-se formas sem Mente, as sombras, os monstros descritos na antiga história da Caldéia como seres compostos feitos de animais, pássaros e peixes, com muitas cabeças. A Cabala também se refere a elas como os Reis de Edom, os gigantes sem equilíbrio que pereceram no vazio.
Na Bíblia, no Gênesis 4:4, está escrito: “Havia naqueles dias, gigantes na terra, e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens, e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os varões de fama”. Gigantes que havia “antes” e “depois” é um sinônimo aparente de “Filhos de Deus”, embora pareça ter havido alguma degenerescência quando eles inauguraram a relação sexual na terra. Segue-se um intervalo de tempo e os versículos seguintes dizem: “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicam sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra, e pesou-lhe em seu coração. E disse o Senhor: Destruirei, de sobre a face da terra, o homem que criei, desde o homem até o animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito”. A progênie dos gigantes que tinham produzido monstros devia desaparecer, embora se diga que os enormes antropoides que existem hoje são sua descendência.
O resfriamento da superfície da terra permitiu a liberação dos seus elementos com os quais foi possível formar veículos materiais para a humanidade infante. Esses elementos, modelados pela vontade dos deuses, foram assumindo formas determinadas como uma célula fecundada constrói, aos poucos um organismo capaz de ter uma existência inteligente individual. Mas houve um tempo que a terra não era conveniente para a existência humana. A Bíblia refere-se a esse tempo em que “a terra era informe e vazia e havia trevas sobre a face do abismo e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. A terra devia ser isolada dos céus, as águas deviam ser divididas e a terra seca havia de aparecer, antes que a vida evoluinte pudesse habitar a Terra.
Apareceram outros líderes, que não as Hierarquias Criadoras, para conduzirem a humanidade. Eles ajudaram o ser humano nos seus primeiros passos titubeantes depois que a involução o dotou de veículos. Esses seres, e claro, estavam muito mais adiantados do que a humanidade comum, no caminho da evolução.
Vieram dos Planetas Vênus e Mercúrio prestar serviço à humanidade da Terra como pagamento de suas próprias dividas de destino.
Os seres que habitam Vênus e Mercúrio não são tão adiantados quanto aqueles cujo campo de evolução é o Sol, mas estão muito além da nossa humanidade. Foram capazes de permanecer por mais tempo na massa central do Sol do que nós que viemos para a Terra, mas em certo ponto, sua evolução também precisou de campo separado.
E os dois Planetas, Vênus primeiro e Mercúrio depois foram arrojados do Sol. Seu grande desenvolvimento permitiu que ficassem mais próximos do Sol para receberem o grau de vibração necessários ao prosseguimento de sua evolução.
Os habitantes de Mercúrio mais adiantados, firmam mais próximos do Sol. Desse, os que vieram à Terra foram identificados como os “Senhores de Mercúrio”. Os que vieram de Vênus foram chamados de “Senhores de Vênus”.
Os Senhores de Vênus foram os Guias das nossas massas de povo.Eram atrasados da evolução de Vênus e, para recuperarem sua evolução, foi-lhes dado o privilégio de nos prestarem serviço. Apareceram entre nós, a humanidade, e foram conhecidos como os “Mensageiros dos Deuses”. Guiaram nossa humanidade passo a passo não havendo rebeldia à sua autoridade porque o ser humano daquele tempo não havia desenvolvido a vontade própria. Seu propósito era conduzir a humanidade ao ponto em que pudesse manifestar vontade e entendimento, ou, ao menos, ao ponto em que pudesse dirigir-se a si mesmo.
Era sabido que tais mensageiros falavam com os Deuses. Eram muito reverenciados e suas ordens eram obedecidas sem discussão. Sob a orientação desses Grandes Seres, a humanidade atingiu elevado grau de progresso; os mais adiantados foram postos sob a direção dos “Senhores de Mercúrio” que os iniciaram nas verdades superiores a fim de prepará-los para serem os guias do povo. Alguns desses iniciados foram elevados à posição de reis, sendo os fundadores das diversas dinastias de “Guias Divinos”, reis por graça divina, ou melhor, pela graça dos Senhores de Vênus e de Mercúrio que eram como deuses para a humanidade infante. Os Senhores de Mercúrio guiaram e instruíram esses reis para governarem pelo bem do povo. A arrogância e a cupidez que eles depois demonstraram foi simples degeneração.
Os Senhores de Mercúrio ensinaram o ser humano a sair e entrar no corpo físico à vontade, a empregar seus veículos superiores independentemente do Corpo Denso, de modo que o corpo físico se tornou uma habitação agradável em vez de uma prisão. Atualmente Mercúrio exerce pequena influência sobre nós porque está emergindo do repouso planetário; com o tempo, porém, sua influência será mais fortemente sentida, tornando-se poderoso fator na futura evolução.
Os astrônomos e os filósofos de outrora fizeram muita conjectura acerca da vida nos outros Planetas e Kant apresentou como teoria que a matéria de que eram formados os veículos dos habitantes dos outros Planetas variava em densidade e em sutileza conforme a distância do Planeta ao Sol, este, é cheio de eletricidade vital e, portanto, a humanidade de Vênus e de Mercúrio, supõe-se ser muito mais etérica do que somos nós. Indubitavelmente são muito mais inteligentes e possivelmente menos abrutalhados. Astrônomos, matemáticos, filósofos, entre eles Leibnitz, Isaac Newton, Bode, Herschell e Laplace, acreditaram na existência de outros mundos habitados além do nosso e mesmo em mundos que precederam o nosso.
A análise dos meteoritos que caíram na Terra mostrou que em um deles havia uma forma de carbono que está invariavelmente associada à vida orgânica como existe no nosso mundo. A presença desse carbono não era devida a nenhuma ocorrência havida na nossa atmosfera, pois o carbono foi encontrado no interior do meteorito. Em outro meteorito encontraram água e turfa, sendo provável que a presença da turfa se deve à decomposição de substâncias vegetais. O como e o por que esses meteoritos com suas informações interiores deixaram seus Planetas continua, todavia, em mistério.
Exames posteriores das condições astronômicas de outros Planetas mostraram que alguns deles parecem melhor adaptados para o desenvolvimento da vida e da inteligência do que o nosso Planeta. As estações em Júpiter, por exemplo, mudam quase imperceptivelmente e duram quase doze vezes o tempo das nossas. Devido a inclinação do eixo de Júpiter, suas estações são devidas quase exclusivamente à excentricidade de sua órbita variar muito pouco e regularmente. Vênus parece ser menos adaptado à vida humana como nós a conhecemos, porque suas estações são muito acentuadas, com temperaturas extremas que mudam quase instantaneamente. A duração do dia, todavia, parece ser a mesma tanto em Mercúrio como em Vênus, na Terra e em Marte.Em Mercúrio o calor e a luz do Sol são sete vezes maiores do que estamos acostumados na nossa Terra e parece que ele está envolvido em densa atmosfera. Como a vida, no nosso Planeta, aparece mais ativa em proporção à luz e ao calor do Sol (dentro de limites, é claro), é possível que a atividade em Mercúrio seja muito maior do que aqui.
Vênus também possui atmosfera densa, bem como Marte. Os astrônomos notaram alguma semelhança entre Mercúrio, Vênus e a Terra nas regiões polares cobertas de neve, nas nuvens que cobrem a superfície dos Planetas e na variação das estações e dos climas. A existência de vida humana idêntica à nossa sobre esses três Planetas parece possível. Pelo menos, está abundantemente demonstrado que alguma forma de vida, não se levando em conta as suas características fisiológicas, é inteiramente provável nesses Planetas.
A Sabedoria Antiga nos fala de Grandes Seres que vieram dos seus mundos celestiais para reinar na Terra ensinar a humanidade a astronomia, a arquitetura, as matemáticas e todas as outras ciências que chegaram até nossos dias. Esses Seres apareceram primeiramente como Deuses e Criadores, incorporaram-se no ser humano, surgindo afinal como Reis e Legisladores divinos. Os Egípcios falam da ciência que floresceu somente depois do aparecimento dos seus Deuses Isis-Osíris aos quais continuaram a adorar como Deuses mesmo depois que eles apareceram como Príncipes em forma humana. Como Príncipes construíram cidades, aproveitaram as inundações devidas às cheias do Nilo, inventaram a agricultura, ensinaram o uso da música, da geometria etc. E muito significativo que o trigo nunca tenha sido encontrado em estado silvestre; acredita-se que não seja um produto da nossa Terra.
O que esses líderes sabiam e o que podiam fazer não parecia resultar do uso dos órgãos dos sentidos ou do conhecimento humano. Tais guias foram adorados como “Mensageiros Divinos” e como tais, dirigiram as comunidades e instruíram,alguns indivíduos, suficientemente desenvolvidos, nas artes de governar. Dizia-se que esses Mensageiros Divinos falavam com os deuses e que foram iniciados pelos deuses nas leis segundo as quais os seres humanos deviam evoluir. Tais iniciações e comunhões ocorriam em lugares desconhecidos do povo e, por esse motivo, eram chamados de Templos de Mistérios.
O ser humano é, todavia, um deus em potencial e está escrito que quando os deuses se retiraram deixando a humanidade colocar em prática as leis que havia aprendido sem ter quem a guiasse, chegou um período de degeneração devido a fraqueza humana.
Alguns entusiastas dos “discos voadores” dizem que o propósito da visita dos habitantes de outros Planetas não é impedir que a humanidade se aniquile pelo uso da energia nuclear, mas sim preveni-la da possibilidade de terrível cataclismo planetário pelo abuso das explosões atômicas que já estariam fazendo grandes alterações em seus Planetas, causando prejuízos à sua humanidade. Chegam mesmo, esses entusiastas, a dizer que tais visitantes já fazem uso de um poder desconhecido (para nós) a fim de contrabalançar alguns resultados das explosões atômicas que nós já realizamos. Seria mais razoável acreditar que a força atômica que a humanidade conseguiu dissociar cause maior catástrofe ao nosso próprio Planeta, a Terra, e que se tais fatos foram deduzidos por uma humanidade de outro Planeta, superior à nossa que eles se inquietassem e fizessem algum esforço, dentro de suas possibilidades, para evitar tal calamidade. Mas como estão levando a cabo seu intento por meio dessas visitas periódicas e áreas afastadas do nosso Planeta e a grupos isolados de pessoas que não podem convencer nosso governo do perigo que nos aguarda, isso faz com que ponhamos em dúvida o que dizem esses entusiastas. A inteligência superior atribuída aos visitantes dos outros Planetas levaria qualquer um a crer que eles seriam capazes de convencer a humanidade da Terra que estaria andando por mau caminho de forma mais prática do que essa. Uma inteligência tão grande que pode viajar em naves espaciais de sua criação, que demonstra não ter dificuldades em conversar na própria linguagem das pessoas com quem entra em contato, por certo estaria apta a provar seu ponto de vista, da mesma forma que a nossa humanidade avançada, daqui a centenas ou milhares de anos, poderá provar seu conhecimento superior.
A viagem entre os Planetas não é novidade, mas há razões para acreditarmos que ela só é possível com veículos muito mais sutis. As condições e os elementos físicos não são empecilho nem afetam aos que viajam nesses veículos sutis. As forças que encontraremos no trajeto são “interplanetárias” e assim como os Filhos de Deus” puderam outrora chegar ao nosso Planeta e tornar conhecida sua vontade à humanidade infantil, aqueles que conseguirem suficiente crescimento anímico nos nossos dias, poderão viajar para “países estrangeiros”, conforme seu desejo de servir.
Considerando o movimento de qualquer objeto material na nossa atmosfera, não podemos esquecer que está provado cientificamente que qualquer objeto (mesmo as naves espaciais), de material que tenha densidade maior do que o meio no qual está agindo (neste caso nossa atmosfera) criaria uma onda de choque, se viajasse com velocidade maior do que a do som, que é aproximadamente de 1.200 quilômetros por hora. Qualquer pessoa que visse um”disco voador” estaria, inevitavelmente, dentro da onda de choque, se ele viajasse com aquela velocidade ou maior ainda, e o som da onda de choque seria ouvida, com certeza, com grande intensidade. Mas até agora, nenhum dos observadores de discos voadores fez referência a esse fato, que é elementar, na física.
Não há dúvida que a humanidade quer dominar um a um os diversos materiais bem como as limitações e restrições físicas na conquista da matéria. Dessa forma pretende alcançar e penetrar regiões afastadas do nosso centro de densidade, a Terra. Como a densidade varia ao se aproximar de outro Planeta, aí encontrará novamente um grau ou condição de matéria que terá de lutar para conquistar. Conquistar o ser humano quer, pois ele está cada vez mais penetrando em seu veículo próprio a Mente, à medida que este veículo vai se tornando”maduro”.
Parece-nos, todavia, que o melhor que o ser humano poderia fazer, se conseguisse intercâmbio amistoso com seres de outros Planetas, seria a troca de conhecimentos intelectuais e é razoável supor que este seja um passo dado na direção certa que conduzirá à Fraternidade, dentro da esfera de influência de Deus, todas as Suas criaturas que, dessa forma, lhe proporcionarão o desenvolvimento e a perfeição evolutiva que ele busca.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/79)