Arquivo de categoria Relação do Ser Humano com outros Seres

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Os Mercurianos e as Escolas de Mistérios

Os Mercurianos e as Escolas de Mistérios

Após ter recebido o germe da Mente, dos Senhores da Mente de Sagitário, a infantil humanidade se extraviou devido à influência exercida pelos Espíritos marcianos de Lúcifer e, então, certos seres da humanidade mais avançada dos Planetas Vênus e Mercúrio – Venusianos e Mercurianos, respectivamente – vieram em nossa ajuda. Dizemos uma humanidade mais avançada desses Planetas, porque nossa onda de vida de Espíritos Virginais (em número por volta de sessenta bilhões de seres) está distribuída em todos os Planetas de nosso Sistema Solar, com a possível exceção dos três Planetas exteriores, chamados de “mistério”: Urano, Netuno e Plutão. A evolução difere de Planeta a Planeta, de modo que os Egos não são todos iguais em desenvolvimento, estando os Venusianos e os Mercurianos à frente da civilização da humanidade terráquea. Não obstante, mesmo entre essas raças avançadas, alguns estavam menos avançados do que outros, e seus atrasados, ao princípio exilados, por assim dizer, a suas Luas, foram posteriormente enviados à Terra para finalizar suas lições de destino maduro, aqui, mediante sua ajuda a nós. Entretanto, a lua, que uma vez deu voltas ao redor dos Planetas internos, se dissolveu e, gradualmente, foi empurrada para o círculo dos asteroides, segundo as investigações ocultas. As Luas de outros Planetas também podem estar ali, a saber, as de Marte, Júpiter e Saturno.

Os Venusianos trabalharam com as massas da humanidade terráquea, estimulando as artes plásticas e nos, ensinando lições de amor, beleza e harmonia. Os mercurianos estabeleceram as Escolas de Mistérios, nas quais foram educados os Reis-Sacerdotes e que deram origem às Escolas de Mistérios que, todavia, temos hoje em dia. Cada Escola ensina os Nove Mistérios Menores. Os Mercurianos trabalham unicamente com o Ego individual, mais particularmente com o Ego que está se preparando para a Iniciação.

A esse propósito, aprendemos que, astrologicamente, o Planeta Mercúrio rege o intelecto versado na sabedoria mundana e, quando o indivíduo tem uma tendência para o assim chamado caminho “negro”, isto é geralmente indicado pelos maus aspectos de Mercúrio, no horóscopo. Assim, pois, qualquer pessoa que tenha uma Quadratura ou Oposição com Mercúrio, deve examinar seus pensamentos cuidadosamente e eliminar tudo o que tenda à separatividade, à vaidade intelectual ou ao desejo de obter conhecimentos ocultos sem fazer os sacrifícios necessários. O sacrifício é a lei da evolução.

Max Heindel disse que a Mente é o caminho. Isto não significa que a Mente é todo o caminho e que não exista nada mais, senão que significa que sem a Mente não pode haver Caminho, porque ela é a ponte entre o Ego e seus veículos. Quando essa ponte se quebra, digamos por prática das artes negras, então o Espírito Virginal perde todos os seus veículos e os átomos-semente, devendo retornar aos Caos para começar sua carreira, novamente, em outro futuro Dia de Evolução, em uma diferente onda de vida.

Entretanto, nos aproximamos mais aos Mercurianos que são nossos próprios irmãos maiores em evolução, mas, note-se que o termo “Irmão Maior da Rosacruz” não é um termo aplicado a eles. Os Irmãos Maiores da Rosacruz pertencem à nossa própria humanidade, da Terra. Eles têm sido ensinados pelos Mercurianos desde o tempo em que o elo da Mente foi dado, na Lemúrica e, estão agora, à própria cabeça da evolução da humanidade da Terra. Em outras palavras, nossos ”Irmãos Maiores da Rosacruz” são os irmãos menores dos Mercurianos.

Por conseguinte, é evidente que o Átomo-semente pertence, essencialmente, ao Arquétipo sendo que, suas forças pertencem às Forças Arquetípicas, de onde o Espírito se enfoca na matéria e que são os registros de nossa herança cósmica.

A Região das Forças Arquetípicas, em certo sentido, divide os mundos de matéria dos mundos de Espírito. Sob outro ponto de vista, todos os planos ou Mundos que estão abaixo do Mundo do Espírito de Vida, são mundos de matéria, incluindo o Terceiro Céu (Região do Pensamento Abstrato) que é o “Caos”, “a sementeira do Cosmos”, com suas bilhões de “Ideias germinais”.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/86)

 

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A Juventude não está perdida

A Juventude não está perdida

Não, não concordamos de forma alguma com a afirmação de que “a juventude atual está perdida”. É uma afirmação gratuita. A ninguém é lícito opinar assim tão radicalmente sem situar a questão dentro de um contexto.

A humanidade vive uma fase de transição em sua caminhada e isso, obviamente, produz uma desagradável sensação de caos. E ninguém vive mais intensamente as agruras deste momento do que as novas gerações.

Jovens e adolescentes sentem inquietude provocada pelas sucessivas crises que se abatem sobre a sociedade humana. Quando a família se desintegra por incompatibilidade entre os pais, eles, os jovens, são os que mais sofrem. Insegurança, medo, carência de apoio, tornam-nos revoltados e agressivos numa fase de suas vidas em que deveriam receber carinho. É incrível como os pais e educadores de um modo geral não entendem isso.

Essa insegurança gera reações e comportamentos denominados de “contestadores”. Talvez até seja verdade. Mas antes de emitirmos qualquer juízo a respeito, porque não verificamos as causas dessa reação?

Deve ser terrível, por exemplo, para jovens que trabalham incansavelmente durante o dia para custear seus estudos no período noturno constatar quão ausente de perspectivas é o mercado de trabalho para o futuro. E isso ocorre em muitas nações nos dias de hoje.

Os jovens são mais sensíveis e receptivos às vibrações aquarianas. Sentindo interiormente a influência uraniana da nova Idade, deve ser doloroso convier com estruturas sociais e educacionais já ultrapassadas.

Segundo alguns pensadores, a escola, a igreja e a família constituem o trinômio plasmador de consciência.

Consciência? Mas como? Com o imobilismo e falta de criatividade dos nossos sistemas educacionais? Com o dogmatismo opressor das igrejas? Com o despreparo dos pais?

Mesmo enfrentando todas essas adversidades encontramos nossos jovens presentes nos mais atuantes movimentos comunitários. São exemplos dignificantes de disposição para o trabalho em equipe, onde oferecem generosamente suas energias pelo êxito da empreitada.

Associar o consumo de drogas unicamente à juventude é um equívoco inominável. Alguns se tornam presa fácil do vício porque não encontram uma palavra amiga ou suficientemente lúcida para orientá-los.

O envolvimento com drogas atinge uma minoria. A despeito de tudo, a maior parte dos jovens procura imprimir um rumo sério às suas vidas.

Percorramos os restaurantes vegetarianos. Lá encontraremos os jovens, conscientes de que aquela alimentação é a ideal. Eles estarão também nas bibliotecas, nas praças de esportes, nos grêmios estudantis e sindicatos. Ora, isso é assumir uma postura responsável diante da vida!

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/86)

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Cristo é o Nosso Modelo

Cristo é o Nosso Modelo

Muitos Estudantes, não raramente, são fustigados por dolorosas provações. Essas fases, às vezes, prolongam-se por bom tempo e podem ensejar reações negativas se não forem enfrentadas com calma e firmeza.

Uma provação representa uma ou várias lições pendentes de vidas passadas, cujo aprendizado deve acontecer agora. Qualquer tentativa de procrastinar esse aprendizado redundará numa experiência mais dolorosa ainda, neste ou no próximo renascimento. Portanto, é inútil fugir. Não adianta quedar-se passivo,lamentando a “própria desgraça”.

Antes de mais nada é preciso que se entenda: o propósito da vida é a experiência e não o sofrimento, como alguns imaginam. A atitude mais correta é tentar entender o que está acontecendo e por quê. A meditação, a oração e o estudo servem justamente para esse propósito.

O Estudante, porém, muitas vezes depara com uma situação complexa, intrincada, à primeira vista um beco sem saída. Contudo, não é bem assim. Há sempre uma saída. Talvez não seja a solução ideal no entendimento do Estudante, mas, de qualquer forma é o que mais lhe convém em termos de crescimento anímico.

E como reagir diante de uma situação capaz de causar perplexidade?

Bem, há que haver um parâmetro de comportamento. Esse modelo é Cristo.

Se nos perguntarmos como reagiria o Cristo em uma dada circunstância, logo o saberemos. Ele, em qualquer situação seria compassivo, tolerante, paciente, compreensivo e amoroso. Seu Espírito perdoador de imediato transmutaria todo e qualquer desentendimento em concórdia.

Alguém, entretanto, pode objetar: mas o Cristo é o Cristo. Eu sou um ser humano, cheio de falhas.Cristo é um ideal muito distante para mim. É uma meta inatingível.

É lógico, nenhum ser humano agiria exatamente como o Cristo, porque ninguém o iguala em perfeição e sabedoria. Contudo, pode se reagir amorosamente em um relacionamento conflituoso, sem expressar um amor tão perfeito como o do Cristo. É necessário, entendamos, manifestar as virtudes do Cristo, mesmo que se o faça imperfeitamente. Se houver boa vontade as coisas se resolverão.

Todos nós passamos por fases de duras provações em nossas vidas. Se vivermos cada minuto de nossas existências como sabemos que o Cristo desejaria que o vivêssemos superaremos gloriosamente todas as provas.

Meditemos sobre esta frase: “Se vivermos cada minuto como sabemos que o Cristo desejaria que o vivêssemos“.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/86)

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O Cristo dos Místicos

O Cristo dos Místicos

“Levantai, ó príncipes, as vossas portas; levantai-vos, ó portas eternas e entrará o Rei da Glória” (Sl 23:9).

Esta passagem do Hino para Sião, tomada dos Salmos — o livro de louvores — considerado o mais proeminente das Escrituras do Antigo Testamento, pode ser utilizada com relação ao mistério de Cristo.

Os judeus, da mesma forma que outras nações com suas crenças religiosas, esperam a vinda do Salvador, também chamado Ungido, Cristo ou Messias. Naquela época era reverenciado Jeová, Senhor das Batalhas e o Criador da Forma.

Assim, devido ao domínio da forma, Cristo precisou ocupar uma forma humana, principalmente porque a mente encontrava-se em seu estado mineral. A humanidade não podia ter uma ideia diferente de Deus, fato que ainda prevalece, embora atualmente esteja sendo aberto o caminho para uma ideia mais realista por meio da evolução mental. Isto foi exposto por São Paulo, o pregador místico, revelando o segredo básico do Cristianismo: Cristo pode ser em verdade formado em nós, e só assim alcançaremos o dia em que o Ungido esteja conosco.

Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, no que concerne à evolução do ser humano, explicam o nascimento, crescimento e desenvolvimento dos diferentes corpos e seus Átomos-semente, cujas distintas forças operam através desses corpos, tudo numa ordem natural e consecutiva.

Estamos procurando, conscientemente ou não, construir um novo corpo, o corpo etérico, no qual seu Átomo-semente torne-se ativo. Como funcionamento deste veículo, o poder do Cristo pode penetrar-nos fazendo nascer em nós o Menino-Cristo, o segundo aspecto de Deus; deste modo Cristo toma o comando.

O místico Angelus Silesius exclama: “ainda que o Cristo nasça mil vezes em Belém, se não nascer dentro de ti mesmo, tua alma segue extraviada”.

Antes que possamos agir como verdadeiros cristãos, expressando o Espírito de Vida consciente interno, temos que construir esse corpo, o Dourado Manto Nupcial, formado pelos dois Éteres superiores (Luminoso e Refletor) através do qual o Espírito deve funcionar. Este Corpo, chamado de Corpo-Alma, converte-se no ponto de maior importância para nós, desenvolvendo-se, evoluindo e sendo alimentado pelo Poder do Amor, que busca sua manifestação por meio do Serviço (pois quando amamos, buscamos servir). Todas as coisas criadas, quer nos apercebemos ou não, servem de algum modo, o que constitui seu propósito de existência.

Quando o Sol passa pelo Signo de Câncer, que tem por Regente a Lua, estudamos a atividade do espírito em favor da alma. Por outro lado, quando o Sol está em Leão, e domina a influência lunar, a alma serve ao espírito. Esta é a época propícia para a construção do corpo, ou seja, da forma, pois graças à poderosa força solar, o espírito age sobre o corpo visando o futuro desenvolvimento da alma.

O crescimento e força da manifestação física são necessários para conter um maior influxo das mais sutis e maiores atividades do poder do Cristo quando retorna em setembro de todo ano. O Sol estando em seu apogeu fisicamente objetivado e espiritualmente subjetivado, prepara a alma para o seu futuro desenvolvimento.
Portanto, é por meio da compreensão intelectual das coisas místicas que levantamos nossas cabeças e abrimos nossos corações, às portas eternas permitindo que o Rei da Glória, Cristo, penetre em nós para converter-nos em cristãos, no verdadeiro sentido da palavra.

O Signo Leão, regente do coração – a sede do amor – simboliza o Rei, sendo, por isso, nesta época de nossa evolução, o grande poder emocional do Amor o verdadeiro Rei, um Supremo Governador. O Amor como causa produz como efeito o Serviço, e essa causa e efeito em atividade constante constituem o mistério do precioso traje de Cristo, (o “Soma Psuchicon”) citado por São Paulo como um veículo independente utilizado para voos anímicos, numa vida melhor e mais útil. Este Corpo-Alma não deve ser confundido com a alma que o interpenetra, pois, essa alma possui uma sutileza tal que somente pelo espírito de introspecção poderemos senti-la. É através dela que percebemos o atraente poder do Pai que está nos Céus, o impulso interno que todo aspirante conhece tão bem e que faz com que o Corpo-Alma resplandeça.

Recordemos, entretanto, que é o Sol, o espírito que representa o poder, força ou energia trabalhando sobre o corpo, o responsável pela alma, e que na época em que está em sua plenitude é que precisamos aprender com suas atividades. O Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” informa-nos que no Período Solar os Senhores da Sabedoria irradiaram de si mesmos o germe do Corpo Vital, capaz de fomentar crescimento e faculdades, as quais estão se desenvolvendo no presente.

Iniciaram este trabalho na segunda revolução daquele período e o continuaram até a sexta revolução. Nessa revolução os Querubins despertarem o germe do segundo aspecto do Tríplice Espírito no ser humano, o Espírito de Vida, ou seja, o princípio Crístico.

No Período Lunar os Senhores da Individualidade irradiaram de si mesmos o germe do Corpo de Desejos, incorporando-o com o Corpo Vital, e mais tarde os Serafim despertaram o germe do Espírito Humano no ser humano.

No Período Terrestre; o qual estamos agora, permanecemos sob a proteção dos Anjos, mestres apropriados ao ser humano e exímios na construção do Corpo Vital, pois eram a humanidade quando o éter era a condição mais densa da matéria. Já passamos o arco descendente da involução e agora estamos ascendendo pela evolução com a faculdade da Epigênese.

Estamos atravessando as camadas mais densas para chegar às mais sutis, ou seja, iremos do reino puramente físico para o etérico, especializando o Corpo Vital (cujo extrato é a Alma Intelectual) e o Espírito de Vida, que é o Ser Crístico. Esta é a nossa primeira e mais importante meta como seguidores de Cristo.

O Corpo Vital está radicado no baço e não possui poder em si mesmo, funciona como canal por meio do qual se introduzem as forças solares no corpo físico. Também determina a direção na qual certa força é utilizada, sendo que esta força deve vir de fora. Pelo poder do Amor, erguemos pontes e abrimos “portas eternas”, fazendo com que o Cristo venha e habita em nós, permitindo assim que brilhe nossa luz ante os seres humanos, afim de que sejam vistas as boas obras e seja o Pai glorificado nos céus.

No passado, os Corpos de Desejos da humanidade mais avançada se dividiram em superior e inferior, ficando mais apropriado para hospedar o Ego. Hoje estamos dividindo o Corpo Vital em superior e inferior, sendo a parte superior chamada de Dourado Manto Nupcial, o qual permite ao Rei da Glória, Cristo, com o poder do Amor, funcionar dentro de nós mesmos.

Desta semente é que brotará a verdadeira vida e crescerá em força e beleza no decorrer do tempo, desde que seja alimentada pelo Amor em seu mais elevado aspecto: com o sacrifício da carne pelo espírito, pois que está dito que “não podemos servir a Deus e a Mamon”.

A Lei de Conservação deve dar lugar ao respeito pela vida dos demais. A construção do Corpo solar dourado do Espírito de Vida se adquire mais facilmente através da experiência purgatorial do Exercício de Retrospecção, pelo qual se diz que “tomaremos o reino dos céus por assalto”.

Somente através dos atos de amor e bondade, de forma desinteressada é que construiremos o Vestido Crístico de Vida – o Dourado Manto Nupcial. Somente este serviço amoroso e desinteressado traz as mais ricas recompensas, pois os Exercícios não constroem alma, enquanto que o Serviço faz com que o processo de assimilação de experiências da vida, seja transmutado em poder anímico.

“Senhor, ajuda-me a viver dia a dia
De tal maneira desinteressada,
Que quando ajoelhado para orar,
Para o próximo minha oração seja ofertada”.

“E a cidade não necessita de Sal nem de Lua, para que nela resplandeçam, porque a Glória de Deus já a tem iluminado; e o Cordeiro é sua lâmpada” (Apo 21:23).

(Publicado na revista “Serviço Rosacruz” – 01/86 – SP)

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Adaptabilidade segundo os Ensinamentos Rosacruzes

Adaptabilidade segundo os Ensinamentos Rosacruzes

Adaptabilidade não quer dizer estagnação; significa, isto sim, acomodação à novas condições e o encontro do fio da meada para agir, descortinando, sempre, novos horizontes. Quem é facilmente ADAPTÁVEL, é também FLEXÍVEL, portanto, EMINENTEMENTE ENSINÁVEL e funciona no campo da inteligência, por meio da qual assimila, sábia e amorosamente, os ensinamentos que lhe chegam de toda a criação, obra de nosso Pai Comum – DEUS.

Para melhor elucidar o presente tema, ouçamos a palavra de Max Heindel que, em seu laborioso trabalho e ajudado pelos Irmãos Maiores, adquiriu a capacidade de investigar os mundos internos e ler na Memória da Natureza, nos esclarecendo em “O Conceito Rosacruz do Cosmos” da seguinte maneira: “Nas escolas, todos os anos, alguns alunos não se adiantam o necessário para passar a um grau superior. Analogamente, em cada Período de Evolução, alguns ficam atrás por não poderem alcançar o desenvolvimento necessário e passar ao próximo grau superior; foi o que aconteceu já no Período de Saturno. Naquele estado, a vida, com a qual trabalharam os Seres Superiores, era inconsciente de si, mas essa inconsciência não era obstáculo para o retardamento de alguns dos espíritos virginais MENOS FLEXÍVEIS, MENOS ADAPTÁVEIS que os demais.

Nessa palavra, ADAPTABILIDADE, temos O GRANDE SEGREDO do atraso ou do progresso. Todo adiantamento depende de FLEXIBILIDADE E ADAPTABILIDADE do seu ser evolucionante, de ser capaz de acomodar-se, por si, à novas condições ou estacionar e cristalizar-se incapaz de toda transformação. A ADAPTAÇÃO É QUALIDADE QUE FAZ PROGREDIR, ESTEJA A ENTIDADE NUM GRAU SUPERIOR OU INFERIOR DE EVOLUÇÃO. A falta de adaptação é causa de atraso para o espírito e de retrocesso para a forma. Isso se aplica ao passado, ao presente e ao futuro”.

Dispensa qualquer comentário a lapidar orientação de Max Heindel, apontando a adaptabilidade como a palavra CHAVE em nossa evolução. Trata-se de orientação que ele extraiu da Memória da Natureza, auxiliado pelo Mestre, e, ela resiste à lógica mais apurada. Portanto, merece nossa particular atenção.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 01/1975)

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O Respeito do Ser Humano pelo Ser Humano

O Respeito do Ser Humano pelo Ser Humano

O respeito do ser humano pelo ser humano, como semelhante centelha espiritual, deixa muito a desejar. Nunca o mundo precisou tanto de amor como nos atuais tempos de materialismo, tão perigoso ao nosso normal desenvolvimento interno. Por isso, o mais deplorável na hora presente é o desânimo dos seres humanos de boa vontade. Psicólogos e educadores estudam as causas dos problemas sociais, mas não podem perscrutar profundamente o problema, enquanto não considerarem o ser humano em sua integralidade, como ser humano e espiritual. A menos que sejamos alimentados em todos os aspectos, haverá fome de algum lado: haverá deficiências, haverá enfermidades jamais sonhadas pelos materialistas, porque a função faz o órgão e a negligência de certos aspectos, justamente os mais complexos e elevados da natureza humana, trará consequências desastrosas!

A técnica moderna, em vez de servir ao ser humano, veio escravizá-lo, em benefício de alguns. As máquinas avassalaram os operários, reduzindo-os a peças, cujos movimentos são estudados para cada vez mais produzir. As vidas egoístas e intensas das grandes cidades ilham-nos num círculo vicioso pouco edificante. É uma indústria de neuróticos. Os hospitais de doenças nervosas se multiplicam. Contam as estatísticas que, dentre as pessoas com cursos superiores, os que mais se suicidam são os médicos; e dentre eles os psiquiatras!

Na América do Norte é alarmante o número das pessoas que morrem de enfarte nervoso, antes dos 50 anos. Na Europa, justamente nos países mais adiantados (Suíça, Suécia, Dinamarca) ocorrem os maiores índices de suicídios. Por quê? Se o objetivo do ser humano fosse meramente material, se o ser humano fosse apenas um conjunto orgânico que se desfaz na morte, por que essa angústia? A resposta é simples: estão esquecendo o ser humano real! As criaturas andam famintas de amor, de apreciação, de estímulo, de criatividade, de motivação! O ser humano precisa ser compreendido em sua inteireza. De novo surge, do fundo das idades, a Esfinge gigantesca e repete o desafio: ou me decifras, ou te devoro! De novo, o Cristo dentro de nós inquire a nossa consciência: Tu me amas? Então, apascenta as minhas ovelhas!

O Cristianismo Esotérico tem uma tremenda responsabilidade, um grande dever: divulgar, por todos os meios ao seu alcance, os aspectos integrais do ser humano e o modo de torná-lo realmente feliz, realizado, segundo, não o ponto de vista material, imediatista, porém, amplo, que atente não só ao presente, como ao futuro.

“Não só de pão vive o ser humano”. O dia em que se ensejarem a cada ser humano os meios e motivações de crescimento interior, ver-se-á que eles hão de florescer a dimensões jamais sonhadas, em todos os aspectos.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 01/1975)

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A Transição

A Transição

Um sábio vivia num país distante, amado por todos que o conheciam. Durante muitos anos, o povo o procurava, pedindo conselhos, ou simplesmente desejando ouvi-lo falar.

Falou das sabedorias dos antigos e, embora muitas vezes não entendessem completamente o significado das suas palavras, eram aconselhados e confortados pela abundância de amor e simpatia que dele emanavam. O sábio tinha uma filha, a quem ele amava; e que a seu tempo seria capaz de adquirir a graça e sabedoria do pai.

Um dia, quando ele sentiu que o tempo da sua transição estava perto, falou com ela. “Minha criança” disse, quando ela sentou numa almofada à sua frente, deitando a cabeça no seu joelho,”o tempo da minha transição está chegando, vou logo partir para os reinos mais altos, e eu estou contente. Desenvolvi aqui e embora meu corpo tenha me servindo fielmente e bem; será um alívio me desprender do seu peso”.

Ela sorria para ele: “Eu sei pai, também senti que você vai nos deixar. Sentiremos falta, mas você realizará maiores trabalhos no mundo superior, onde viverá. Estou certa de que isto acontecerá”.

Seu pai a olhou fixamente com afeição, acariciando seus cabelos vendo-os brilhar à luz do Sol. Desde quando era uma menininha, seus momentos mais preciosos eram aqueles; quando ela deitava sua cabeça dourada no seu joelho e conversavam juntos com o maior entendimento e confiança. De tudo que ele mais amou na terra, e do que mais sentiria falta, era sua filha. Mas, sabia também, que apesar da vastidão do mundo, nunca estaria longe dela.”Uma coisa me perturba filha? disse ele. Sei que você não vai prantear a minha partida, com lágrimas e lamentos e por isso sou grato. Mas, eu me preocupo com os outros, – aqueles que vierem a mim buscar conforto e consolo – aqueles lamentarão minha passagem e se afligirão grandemente. Não por mim deploro isso, mas por eles mesmos. Sofrimento deste tipo, só pode ser destrutivo, como você já sabe.

“Sim, eu sei pai”, respondeu; “mas acredito que será mais fácil a mim proteger-me da aflição, do que para os outros. Estou contente por você porque sei como será livre e verdadeiramente vivo na sua nova condição.

Além disso, sou afortunada por lembrar-me das experiências que tive durante o sono, eu vi, como os outros que já partiram são mais felizes. Muitas pessoas que vivem na terra, não é tão afortunada como eu. Para eles, perdendo alguém que ama, o mundo toma-se vazio, porque eles não podem ver que aqueles que já partiram estão vivos no outro lado”.

O sábio continuou: “Esta é a razão porque pergunto se você ajudará aos outros quando eu já tiver partido. Lembre-se de que eu estarei ocupado com um trabalho novo e embora fique frequentemente com eles, isso não será óbvio nas suas horas de vigília. Urge a eles, da melhor maneira que possam; transmutar suas lágrimas em ação positiva.

Exorte-os a intensificar seus trabalhos aqui na terra, porque nada poderá superar melhor o luto e a dor”.

“Eu farei pai, eu o farei “ela assegurou. Por longo tempo sentaram juntos, falando pouco, mas, unidos em harmonia e profundo amor.

Na manhã seguinte, quando os adeptos se juntaram embaixo do grande carvalho, onde sempre se encontravam, foram surpreendidos ao ver a filha vir ter com eles. Frequentemente acompanhava o pai a estas reuniões, mas nunca antes viera sozinha. Estava vestida com um longo e flutuante vestido branco, seus cabelos estavam amarrados com um laço dourado.

Sorria gentilmente para os adeptos, que esperavam por uma explicação. Um ou outro teve o pressentimento súbito do que ela iria falar, suspiraram e olharam para longe.

“Queridos amigos” começou ela, “hoje de manhã meu pai passou, para os mundos superiores. Seu tempo na terra se esgotou, e consideravam-no com mérito para um trabalho maior. Ele se regozija por estar livre das dores terrenas, e ansioso por começar seus novos deveres. A ajuda na sua transição, foi confiada a um dos Iluminados Seres e partiu com muita paz”. A jovem parou de falar e olhou para os adeptos. Alguns choravam abertamente, outros a olharam como se não pudessem acreditar no que ouviam, outros -os mais velhos – balançavam a cabeça com inveja. “Sim; sim”, disse um deles suavemente, “era seu tempo”. “Mas o que nós vamos fazer?” gritavam alguns. “Sem ele não podemos viver, que faremos sem ele?”

“Nós devemos trabalho, todos temos trabalho a fazer, um vasto trabalho”, falou a jovem com a voz desapaixonada.

“Ele ofereceu conselhos e mostrou o caminho. Ele revelou muito, o que somos afortunados em conhecer. É por isso, por conhecermos a verdade, que somos obrigados a usar dela na nossa vida. Ele fez a sua marca. Então, agora é o tempo de nós fazermos a nossa.”.

A jovem suspirou fundo e indo embora falou suavemente: “Meu pai não queria que o pranteassem. Eu sei disso e no fundo do coração vocês também o sabem. Regozijem-se por ele – regozijem-se com ele – para que ele tenha bom motivo para estar contente. E mesmo que vocês nunca se comuniquem com ele, eu rezo a vocês para que não deixem a tristeza de seus corações pesar em cima dele”.

Outra vez a jovem os olhou gravemente, suplicante. “Seu último pedido foi que eu recomende a vós a submergir na ajuda aos outros. E eu acrescento a este pedido o meu: ponham os seus ensinamentos em prática. Façam com que se tornem parte das suas vidas – do seu próprio ser. Assim ele estará mais com vocês do que quando em seu corpo físico”.

Por longo tempo os adeptos permaneceram juntos, cada um com suas lembranças dos dias passados com o sábio, e meditavam sobre as coisas que sua filha lhes transmitiu.

Então, um levantou-se e falou: “a jovem está certa, convém que façamos o que ela pediu. Embora aquele que nós amamos tenha partido, deixando “seu corpo físico, ele é imortal nos céus como nós também. E podemos nos imortalizar mais na terra, servindo como ele nos ensinou. Vamos amigos, deixem de sofrer e cuidem de seus trabalhos”.

Um ano depois, os adeptos se reuniram outra vez embaixo do velho carvalho. O ano anterior dedicaram à uma escola, onde transmitiam os ensinamentos que aprenderam com o sábio, para aquelas que tinham ouvidos para ouvir.

O apelo do sábio para servir não foi desatendido e aconteceram muitas mudanças na região. Mendigos que antigamente, passivamente, lamentavam queixosos na beira da calçada, foram ensinados a ajudar a si mesmos e a ganhar o seu sustento, trabalhando, produzindo seu próprio alimento. Alguns adeptos trabalhavam sem compensação nos lares ou campos dos pobres, ajudando com trabalhos caseiros cotidianos e cuidando dos doentes. Outros reuniram crianças ao redor deles e infundiram o conhecimento do bem e da dignidade. Alguns fundaram hospitais, onde os doentes e sofredores recebiam conforto.

Neste dia de reunião, os adeptos saudaram uns aos outros, alegremente ansiosos por ouvir o relato de novidades que aconteceram nos doze meses passados. A filha do sábio estava ali, também, era ela a professora da nova escola. Quando passou entre os adeptos, apertando a mão de uns, abraçando outros, eles se maravilharam pela sua maturidade, compostura e beleza intensificada, que irradiava dos seus traços e da sua capacidade.

Evidentemente ela era digna sucessora do pai.

Então a cerimônia da dedicação começou. Orações eram oferecidas; palavras foram ditas, canções eram cantadas e este era o tributo amoroso, cheio de respeito à memória abençoadado sábio, que era o instigador de tudo que era bom.

Quando o último orador voltou ao seu lugar, ouviu-se um inesperado arquejo dos presentes. A figura familiar do sábio, vestido com um simples manto marrom que ele sempre usava, estava em pé visto tenuemente ao lado da multidão. A amada face outrora enrugada pela idade, era agora lisa, com brilho extraterreno, amoroso e entusiasmado. Era realmente o sábio, transmutado pelas características do mundo superior e sem dúvida reconhecido por todos. A figura permanecia sorrindo e abençoando com o olhar caloroso e aprovativo dos seus adeptos. Então, desapareceu.

Por momentos todos permaneceram em silêncio. Então, viraram-se e foram seguir seus caminhos separados.
A cerimônia terminou. Estava bem completa.

(Publicada na Revista ‘Serviço Rosacruz” – 01/86 – SP)

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Um Ciclo Vicioso ou Virtuoso

Um Ciclo Vicioso ou Virtuoso

Quanto maior é a candeia, maior também será a quantidade de fluido para abastecê-la. Quanto mais fraca é a terra, maior será a quantidade de fertilizante necessário para que se produza uma boa safra. Quanto melhor é um instrumento, melhor é o som que ele emitirá. Portanto, quanto mais amor tiver um indivíduo, melhores também serão as suas obras, e assim por diante. Essa regra se aplica em tudo.

A responsabilidade de um ser humano está em um determinado nível; vem então o desejo de aprender algo, de ter experiências afins. Alimentando o desejo, o ser humano passa a saber mais, colocando-se um pouco acima daquele que sabe menos. Aumentando o saber, aumenta também sua capacidade assimilativa, e assim por diante, em um ciclo vicioso onde ele tem cada vez mais as suas qualidades aumentadas, e cada vez maior número de oportunidades de aprender mais.

No entanto, o egoísmo leva o ser humano por caminhos tortuosos, longe da sua origem, porque à medida que vai aprendendo erroneamente, vai utilizando a sua inteligência para “acumular tesouros”, quando não, na maioria das vezes, para prejudicar seus semelhantes. Realmente, talvez ele tivesse razão se a vida fosse tão somente um lapso existencial entre o berço e o túmulo. Mas assim não acontece. A vida não para aí; existe muito mais ainda. Ou melhor, nós estamos sempre no meio, pelo menos enquanto não soubermos quando começa ou acaba a aventura do ser humano na matéria. Por isto, à medida que vai aprendendo, mais e mais, libertando-se das condições atuais de sobrevivência e livrando-se dos laços que o prendem à matéria, aumenta também, com isso, sua responsabilidade em relação aos menos favorecidos.

Assim como nos exemplos acima, aquele que se tornou em uma candeia precisa, igualmente, do azeite das obras, que irá alimentar essa candeia (que é o ser humano) e que vai, por outro lado, aumentar ainda mais a sua capacidade e o desejo de aprender, conduzindo-o sempre a uma responsabilidade ainda maior; também em um círculo vicioso onde, quanto mais o ser é livre, mais livre desejará ficar, até um ponto que culminará com o desprendimento total da matéria, tamanha é a força vibratória produzida pelo seu desenvolvimento.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1976)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Frutos da Vivência Cristã

Os Frutos da Vivência Cristã

É deveras gratificante avaliar como o trabalho desenvolvido pela Fraternidade vem rendendo “frutos” apreciáveis.

Nosso júbilo não se deve exclusivamente ao crescimento gradativo do número de estudantes. Há um fator mais importante, merecedor de maior destaque: são os resultados obtidos mediante a aplicação, no quotidiano, dos ensinamentos transmitidos ao mundo por Max Heindel.

Frequentemente ouvimos expressões de admiração e gratidão emitidas por estudantes.

Fazem questão de realçar o papel importante que a Filosofia Rosacruz desempenhou e continua a desempenhar em suas vidas, por estimulá-los a uma reforma interior – base de todo e qualquer progresso.

Alguns relembram seu passado sofrido, suas dificuldades de relacionamento, quando no lar ou no trabalho viviam em constante atrito com as pessoas que os cercavam. Relatam as danosas consequências desse negativismo: inimizades, perda de valiosas oportunidades de ascensão profissional, lares quase desfeitos, frustrações, etc. Com entusiasmo narram transformações operadas após o conhecimento do rosacrucianismo. Aprenderam a ser mais compreensivos em relação às falhas alheias. Tornaram-se mais vigilantes com as próprias.

Notaram como as coisas, ao seu redor, se modificaram. Aquele estado de franca “beligerância” ou de “paz armada”, para com os outros, converteu-se em entendimento. A vida assumiu um novo significado.

Outros estudantes frisam, e suas palavras deixam escapar o calor de uma sincera gratidão, a melhora de sua saúde como a suprema graça alcançada no Movimento Rosacruz.

Recordam, às vezes com os olhos umedecidos, o quanto padeceram presos a enfermidades.

Depois de adotarem um regime alimentar mais natural – isento de carne, álcool e estimulantes – puderam realmente desfrutar de uma vida mais plena e feliz.

Inicialmente encontraram uma certa dificuldade para livrar-se dos maus hábitos. Não era para menos. Os hábitos perniciosos, se mantidos durante anos, criam raízes, tornam-se “de casa”, passam a integrar nossa própria natureza. Erradicá-los demanda tempo e muita perseverança.

Com o passar dos anos, porém, constataram a transformação para melhor. Hoje gozam de boa saúde e proclamam essa verdade.

Há aqueles que se sentiam profundamente infelizes com suas vidas: alguns reveses, principalmente financeiros, roubaram-lhes a autoconfiança. Tornaram-se inseguros, indecisos.

As oportunidades que lhes surgiam amedrontavam-nos ao invés de estimulá-los à ação.

Viam os colegas de trabalho como rivais oportunistas ou competidores. Os parentes, estes pareciam escarnecer de seus fracassos, levando-os a um desespero maior. Com o tempo deixaram-se prostrar num lamentável estado de apatia, desânimo e imobilismo. Eis que por intermédio de alguém, ou por algum outro meio, entraram em contato com a Fraternidade. Inscrevem-se, fazem os cursos, estudam incansavelmente e começam a enxergar uma realidade até então desconhecida: o ser humano é uma célula integrante do macrocósmico corpo de Deus. Foi dotado de todos os atributos divinos.

Possui-os em forma latente e através da peregrinação pelas várias etapas da evolução tornar-se-á onisciente. É um herdeiro de todas as promessas celestiais. De forma alguma renasce para ser obrigatoriamente um infeliz, pobre coitado sujeito aos caprichos do destino.

Pelo contrário. Seu futuro é grandioso. Os sofrimentos atuais nada mais são do que os frutos de sua ignorância, e uma gama de lições a serem aprendidas. Assim, o conhecimento das leis naturais e sua justa aplicação traduzida em pureza, amor e serviço ensejam-lhe, aqui e agora, mudar sua vida para melhor.

“O único pecado é a ignorância”.

“O único fracasso é deixar de lutar”. “A única salvação é o conhecimento aplicado”.

Dessa maneira, muitos se encontraram no rosacrucianismo.

Afirmam ter descoberto a “fórmula mágica” responsável pela benéfica transformação ocorrida em suas vidas.

FÓRMULA MÁGICA? Mas a Filosofia Rosacruz não é um conjunto de verdades antiquíssimas em novas roupagens?

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1976)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Vimos a sua Estrela: a causa oculta da recepção do “Filho de Deus” não ser feita pelos “homens”

Vimos a sua Estrela: a causa oculta da recepção do “Filho de Deus” não ser feita pelos “homens”

Tendo nascido Jesus em Belém de Judeia, no tempo do Rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém dizendo: “Onde está Aquele que é nascido rei dos judeus”? Porque vimos a Sua estrela no Oriente, e viemos adorá-Lo”.

Os magos do Oriente eram filósofos. Faziam parte de uma grande e influente classe que incluía homens de nobre nascimento, bem como muitos ricos e sábios de sua nação. Eram sábios ocultistas. Entre estes se achavam muitos que abusavam da credulidade do povo. Outros eram homens justos, que estudavam e conheciam profundamente a Astrologia, sendo honrados por sua integridade e sabedoria. Desses eram os magos que foram em busca de Jesus.
A luz de Deus está sempre brilhando entre as trevas do paganismo. Ao estudarem esses magos o céu estrelado, procurando sondar os mistérios ocultos em seus luminosos caminhos, viram a glória do Criador. Buscando mais claro entendimento, voltaram-se para as Escrituras dos hebreus. Guardados como tesouro haviam, em sua própria terra, escritos proféticos, que prediziam a vinda de um mestre divino. Balaão pertencia aos magos, enquanto fosse em tempos profeta de Deus, pelo Espírito Santo predissera a prosperidade de Israel e o aparecimento do Messias, e suas profecias haviam sido conservadas, de século em século, pela tradição. No Velho Testamento, porém, a vinda do Salvador era mais claramente revelada. Os magos souberam, com alegria, que Seu advento estava próximo, e que todo o mundo se encheria do conhecimento da glória do Senhor.

Viram os magos uma espantosa Conjunção de Astros nos céus, naquela noite em que a glória de Deus inundara as colinas de Belém. A isso deram o nome de estrela. Não era uma estrela fixa, nem um Planeta, mas um Aspecto entre Astros que excitou o mais vivo interesse. Aquela estrela tinha grande significação, e para eles um significado especial. Consultaram sacerdotes e filósofos, e examinaram os rolos dos antigos registros. A profecia de Balaão declarara: “Uma estrela procederá de Jacó e um cedro subirá Israel (Nr 24:17). Teria acaso sido enviada essa singular estrela como precursora do Prometido? Os magos acolheram com agrado a luz da verdade enviada pelo céu; agora era sobre eles derramada em mais luminosos raios. Foram instruídos em sonhos a ir em busca do recém-nascido Príncipe.

Como Abraão, pela fé, saíra em obediência ao chamado de Deus, “sem saber para onde ia” (Hb 11:8); como pela fé, Israel seguira a coluna de fumo até a terra prometida, assim esses gentios saíram em procura do prometido Salvador. Esse país oriental abundava em coisas preciosas, e os magos não se puseram a caminho de mãos vazias. Em costume, a príncipes ou outras personagens de categoria, oferecer presentes como ato de homenagem, e os mais ricos dons proporcionados por aquela região foram levados em oferta àquele em que haviam de ser benditas todas as famílias da Terra. Os presentes levados tinham, além disso, um sentido profundamente oculto.

Era necessário jornadear de noite, a fim de não perderem a oportunidade de encontrarem o Menino. Se bem que longa, a viagem foi feita com alegria.

Chegaram à terra de Israel, e descem o Monte das Oliveiras, tendo à vista Jerusalém. Ansiosos começam a busca, esperando confiantemente que o nascimento do Messias fosse o jubiloso assunto de todas as bocas. São, porém, vãs suas pesquisas. Entretanto, na Santa Cidade, dirigem-se ao templo. Para seu espanto, não encontraram ninguém que parecesse saber do recém-nascido Rei. Suas perguntas não despertaram expressões de alegrias, mas antes de surpresa e temor, não isentos de desprezo.

Os sacerdotes repetem as tradições. Exaltam sua própria religião e piedade, ao passo que acusam os gregos e romanos como maiores pagãos e pecadores que todos os outros. Os magos não são idólatras, e aos olhos de Deus ocupam lugar muito acima desses. Seus professos adoradores, todavia, são considerados pelos judeus como gentios. Mesmo entre os designados depositários dos Santos Oráculos, suas ansiosas perguntas não fazem vibrar nenhuma corda de simpatia.

A chegada dos magos foi prontamente divulgada por toda Jerusalém. Sua estranha mensagem criou entre o povo uma excitação que penetrou no palácio do rei Herodes. O astuto edomita foi despertado ante a notícia de um possível rival. Inúmeros assassínios lhe haviam manchado o caminho ao trono. Sendo de sangue estrangeiro, era odiado pelo povo sobre quem governava. Sua única segurança era o favor de Roma. Esse novo Príncipe, no entanto, tinha mais elevado título. Nascera para o reino.

Herodes suspeitou que os sacerdotes estivessem tramando com os estrangeiros para excitar um tumulto popular, destronando-o. Ocultou, no entanto, sua desconfiança, decidido a malograr-lhes os planos por maior astúcia.

Convocando os principais dos sacerdotes e os escribas. Interrogou-os quanto aos ensinos dos livros sagrados com relação ao lugar do nascimento do Messias.

Essa indagação do usurpador do trono, e o ser feita a instâncias de estrangeiros, espicaçou o orgulho dos mestres judeus. A indiferença com que se voltaram para os rolos da profecia, irritou o ciumento tirano. Julgou que estavam buscando ocultar seu conhecimento do assunto. Com uma autoridade que não ousaram desatender, ordenou-lhes que fizessem atenta investigação e declarassem o lugar do nascimento do esperado Rei. “E eles lhe disseram: Em Belém de Judeia; porque assim está escrito pelo profeta:

“E tu Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar Meu povo de Israel” (Mt 2:6).

Herodes convidou então os magos a uma entrevista particular. Rugia-lhe no coração uma tempestade de ira e temor, mas manteve um exterior sereno, e recebeu cortesmente os estrangeiros. Indagou em que tempo aparecera a estrela, e professou saudar com alegria a notícia do nascimento de Cristo. Pediu a seus hóspedes: “Perguntai diligentemente pelo Menino, e, quando O achardes participa-me, para que também eu vá e O adore”. Assim falando, despediu-os para que seguissem seu caminho a Belém.

Os sacerdotes e anciãos de Jerusalém não eram tão ignorantes a respeito do nascimento de Cristo como se faziam. A notícia da visita dos anjos aos pastores fora levada a Jerusalém, mas os rabis a tinham recebido como pouco digna de atenção. Eles próprios poderiam haver encontrado Jesus e estariam preparados para conduzir os magos ao lugar em que nascera; ao invés disso, porém, foram eles que lhes vieram chamar a atenção para o nascimento do Messias. “Onde está Aquele que é nascido Rei dos Judeus?” – Perguntaram – “porque vimos a Sua estrela no Oriente, e viemos adorá-Lo”.

Então o orgulho e a inveja cerraram a porta à luz. Fossem acreditadas as notícias trazidas pelos pastores e os magos, e teriam colocado os sacerdotes e rabinos numa posição nada invejável, destituindo-os de suas pretensões a exponentes da verdade de Deus. Estes doutos mestres não desceriam a ser instruídos por aqueles a quem classificavam de gentios. Não poderia ser, diziam, que Deus os passasse por alto, para Se comunicar com pastores ignorantes ou incircuncisos pagãos. Resolveram mostrar desprezo pelas notícias que estavam agitando o rei Herodes e toda Jerusalém. Nem mesmo iriam a Belém, a ver se essas coisas eram assim. E levaram o povo a considerar o interesse em Jesus como excitação fanática. Aí começou a rejeição de Cristo pelos sacerdotes e rabis.

Daí cresceu seu orgulho e obstinação até se tornar em decidido ódio contra o Salvador. Enquanto Deus abria a porta aos gentios, estavam os chefes judeus fechando-a a si mesmos.

Sozinhos partiram os magos de Jerusalém. Caíam as sombras da noite quando saíram pelas portas, mas, para sua grande alegria sabiam estar perto do Messias. Não tinham, como os pastores, recebido comunicação quanto ao humilde estado da Criança. Depois da longa jornada, ficaram decepcionados com a indiferença dos chefes judeus, e deixaram Jerusalém menos confiantes do que quando nela penetraram. Em Belém, não encontraram nenhuma guarda real a proteger o recém-nascido Rei. Não havia a assisti-Lo nenhum dos grandes da Terra. Jesus estava deitado numa manjedoura. Os pais eram Seus únicos guardas.

“E, entrando na casa, encontraram o Menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, O adoraram”. Através da humilde aparência exterior de Jesus, reconheceram a presença da Divindade. Deram-Lhe o coração como a seu Salvador, apresentando então suas dádivas: “ouro, incenso e mirra”. Que fé a sua! Como do centurião romano, mais tarde, poder-se-ia haver dito dos magos do Oriente: “Nem mesmo em Israel encontrei tanta fé” (Mateus 8:10).

Os magos não haviam penetrado os desígnios de Herodes para com Jesus. Satisfeito o objetivo de sua viagem, prepararam-se para regressar a Jerusalém, na intenção de pô-lo ao fato do êxito que haviam tido. Em sonho, porém, recebem a divina mensagem de não ter mais comunicações com ele. E, desviando-se de Jerusalém partem para sua terra por outro caminho.

De igual maneira, recebeu José aviso de fugir para o Egito com Maria e a criança. E o Anjo disse: “E demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há de procurar o menino para o matar”. José obedeceu sem demora, pondo-se de viagem à noite, para maior segurança.

Por meio dos magos, Deus chamara a atenção da nação judaica para o nascimento de Seu Filho. Suas indagações em Jerusalém, a excitação do interesse popular, e o próprio ciúme de Herodes, que forçou a atenção dos sacerdotes e rabis, dirigiu os espíritos para as profecias relativas ao Messias, e ao grande acontecimento que acabava de ter lugar.

Os magos estiveram entre os primeiros a saudar o Redentor. Foi sua a primeira dádiva a lhe ser posta aos pés. E por meio daquela dádiva que privilégio em servir tiveram eles! Deus Se deleita em honrar a oferta de um coração que ama, dando-lhe a mais alta eficiência em Seu serviço. Se dermos o coração a Jesus, trar-Lhe-emos também as nossas dádivas.

Nosso ouro e prata, nossas mais preciosas posses terrestres, nossos mais elevados dotes mentais e espirituais ser-lhe-ão inteiramente consagrados, a Ele que nos amou e se entregou a Si mesmo por nós.

Em Jerusalém, Herodes aguardava impaciente a volta dos magos. Como passasse o tempo, e não aparecessem, despertaram-se nele suspeitas. A má vontade dos rabis em indicar o lugar, do nascimento do Messias, parecia mostrar que lhe haviam penetrado o desígnio e que os magos se tinham propositadamente esquivado. Esse pensamento o enraiveceu. Falhara a astúcia, mas restava-lhe o recurso da força. Faria desse Rei-criança um exemplo. Aqueles insolentes judeus haviam de ver o que podiam esperar de suas tentativas de colocar um monarca no trono.

Imediatamente foram enviados soldados a Belém, com ordem de matar todas as crianças de dois anos para abaixo.

Os sossegados lares da cidade de Davi presenciaram aquelas cenas de horror que, seiscentos anos antes, haviam sido reveladas ao profeta. “Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação, choro e grande pranto; Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque já não existem”.

Essa calamidade trouxeram os judeus sobre si mesmos. Houvessem estado nos caminhos da fidelidade e da humildade perante Deus, e Ele haveria, de maneira assinalada, tornado sem efeito para eles a ira do rei. Mas separaram-se de Deus por seus pecados, e rejeitaram o Espírito Santo, que lhes era o único escudo. Não estudaram as Escrituras com o desejo de se conformarem com a vontade de Deus. Buscaram as profecias que podiam ser interpretadas para sua exaltação, e mostraram que o Senhor desprezava as outras nações. Jactavam-se orgulhosamente de que o Messias havia de vir como rei, conquistando seus inimigos e esmagando os gentios em sua indignação. Assim, haviam excitado o ódio dos governadores. Mediante a maneira por que desfiguravam a missão de Cristo, Satanás intentara tramar a destruição do Salvador; ao invés disso, porém, ela lhes caiu sobre a própria cabeça.

Este ato de crueldade foi um dos últimos que entenebreceu o reinado de Herodes. Pouco depois da matança dos inocentes, foi ele próprio obrigado a submeter-se àquela condenação que ninguém pode desviar. Teve morte terrível.

José, que ainda se achava no Egito foi então solicitado por um Anjo de Deus a voltar para a terra de Israel. Considerando Jesus como o herdeiro de Davi, José desejava estabelecer residência em Belém; ouvindo, porém, que Arquelau reinava na Judeia em lugar de seu pai, receou que o desígnio do pai contra Cristo pudesse ser executado pelo filho. De todos os filhos de Herodes, era Arquelau o que mais se assemelhava a ele em caráter. Já sua sucessão no governo fora assinalada por um tumulto em Jerusalém, e o morticínio de milhares de judeus pelas guardas romanas.

Novamente foi José encaminhado para um lugar de segurança. Voltou para Nazaré, sua residência anterior, e ali, por cerca de trinta anos viveu Jesus, “cumprindo-se deste modo o que tinha sido predito pelos profetas: Será chamado Nazareno”. A Galileia estava sob o domínio de um filho de Herodes, mas tinha uma mistura muito maior de habitantes estrangeiros do que a Judéia. Havia, assim, muito menos interesse nas questões que diziam respeito especialmente aos judeus, e os justos direitos de Jesus, corriam menos riscos de excitar os ciúmes dos que estavam no poder.

Tal foi a recepção feita ao Salvador ao vir à Terra. Parecia não haver nenhum lugar de repouso ou segurança para o infante Redentor. Deus não podia confiar Seu amado Filho aos homens, nem mesmo enquanto levava avante Sua obra em benefício da salvação deles. Comissionou Anjos para assisti-Lo e protegê-Lo até que cumprisse Sua missão na Terra, e morresse às mãos daqueles a quem viera salvar.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 12/79)

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