Pergunta: Parece-me que a Senhor enfatiza demasiado sobre a importância e o valor da dor como fator da evolução humana. O sofrimento individual pode ser a único meio pelo qual o Ego pode adquirir o poder de sentir compaixão, porém, o verdadeiro propósito da compaixão deve ser eliminar a dor. Por conseguinte, por que não seria melhor enfatizar o valor da alegria e da felicidade em vez da dor?
Resposta: A última parte da pergunta indica nossa exata posição. Enfatizamos o valor e a importância da alegria e da felicidade, não, sem dúvida, como um supremo fim em si mesmo, senão como um produto da evolução, através da qual avançamos a estados sempre superiores de poder e de glória. O objetivo da evolução não é simplesmente obter felicidade para os Egos que tomam parte nela, embora a vida em todos os planos esteja designada a ser feliz e satisfatória. Nosso real propósito aqui é ajudar a levar a cabo o grande plano cósmico dos seres espirituais mais elevados. Se trabalharmos de acordo com esse plano, a alegria e a felicidade seriam em abundante medida. O problema com a humanidade é que ela percorreu apenas uma distância comparativamente curta no caminho da evolução, e, por conseguinte, está ainda ignorante das leis e das forças cósmicas e está constantemente violando essas leis de tal forma que atrai dor sobre si mesma. Existem dois métodos de aprender. Um é pela experiência e o outro é pela observação. A Filosofia Rosacruz tem por objetivo induzir aos seus estudantes a aprender por meio da observação. Com este propósito fornece informação com relação às leis cósmicas e também acerca da dor que resulta quando são violadas. É assim que os Egos prudentes modificarão seus caminhos de acordo com as leis e evitarão violentá-las, porque isso produziria sofrimento. A Filosofia Rosacruz menciona a dor e o infortúnio apenas em conexão com isso.
(Revista Serviço Rosacruz – 05/81 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Resposta: Durante a sua evolução passada, a humanidade recebeu várias Religiões de Raça e o Conceito Rosacruz do Cosmos nos diz que essas religiões foram dadas para ajudar os vários tipos humanos de cada raça a vencer o Corpo de Desejos, preparando, assim, a união com o Espírito Santo. A maneira de operar do Espírito Santo foi relatada nos Evangelhos quando os discípulos se expressaram de Pentecostes em vários idiomas, sem desmaiar. Pelo Espírito Santo falaram, então, em várias línguas. Porém, há mais uma condição da pessoa se expressar de maneira inusitada em vários idiomas: sob atividade mediúnica negativa, ou sendo sujeita ao controle de entidades desencarnadas. É um estado similar ao da vítima de um hipnotizador, no Mundo Físico. Essa condição negativa se produz sem o exercício da vontade do indivíduo em questão. Qualquer atividade fora do controle da pessoa é completamente indesejável, porque pode levar a completa obsessão ou controle de seu corpo físico por outra entidade. O fenômeno do “desmaio por ter sido tocado pelo espírito” parece uma manifestação similar ao do falar em línguas durante certos cultos religiosos. Temos certeza que os Discípulos NÃO desmaiaram na ocasião do Pentecostes, já que o seu desenvolvimento seguia o método positivo. O desenvolvimento positivo, como sabemos, permite um estado de plena consciência, e a pessoa poderá usar o novo poder beneficamente com pleno exercício de seu discernimento.
“Carisma” é um dom divino especial e as emoções ficam intensamente ativas nas atuações desse tipo. Isso é bastante significativo para o estudante de ocultismo, sabedor de que uma pessoa em estado de grande emotividade é mais facilmente afetada por forças suprafísicas, sobre as quais não pode exercer controle.
(Revista Serviço Rosacruz – 05/81 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Pergunta: Qual o verdadeiro mérito no martírio? Os mártires tornaram-se realmente santos?
Resposta: O ser humano eleva-se numa união com Deus através de quatro etapas ou estágios.
No primeiro estágio, ele ora ou faz sacrifícios a um Deus que teme, portanto, procura agradá-Lo para que não o prejudique. No segundo, aprende a considerar Deus como um aliado poderoso contra os seus inimigos e um dador de todas as coisas que almeja, isto é, contando que O obedeça e ofereça-Lhe, em sacrifício, as coisas materiais que possui. Na terceira etapa, é ensinado a oferecer-se em sacrifício vivendo uma vida íntegra, e espera ser recompensado num lugar futuro chamado céu, onde viverá eternamente feliz como uma compensação por tudo que sofreu durante a vida terrena. Os mártires encontravam-se nesse estágio e eram totalmente imbuídos dessa crença e da glória do céu. Por essa razão, era-lhes fácil sacrificar suas vidas para alcançar rapidamente uma glória futura.
Na realidade, se o martírio pode levar-nos a um céu com bênçãos eternas, este seria o método mais fácil de obter a recompensa. Embora morrer requeira coragem, viver requer mais coragem ainda. Temos a tendência de pensar que quando um ser humano deu a sua vida, deu o que possuía de mais precioso. Frequentemente ouvimos pessoas dizerem de um suicida que “ele pagou por tudo”. De fato, suicídio é realmente uma expressão da maior covardia possível, e o martírio é bem menos admirável que as vidas dos que, dia após dia, esforçam-se por seguir os ensinamentos espirituais da Bíblia e viver uma vida nobre. É natural admitir que os mártires sejam admirados por apegarem-se firmemente a sua fé, mesmo diante da morte e torturas. Sem dúvida, terão maiores oportunidades de crescimento espiritual em vidas posteriores, se comparadas à que lhes foi tirada ao serem queimados na fogueira ou exterminados de outra forma. Também podemos dizer que se tornaram santos porque sua fé significava-lhes mais do que a própria vida. No entanto, sustentamos energicamente que o édito de uma igreja é incapaz de fazer de um pecador um santo.
(Livro: Perguntas e Respostas – Vol. I – pergunta 117 – Max Heindel)
Pergunta: Qual a causa do grande número de mortes que ocorre entre recém-nascidos e durante a infância?
Resposta: Quando o ser humano abandona o veículo denso no momento da morte leva consigo a Mente, o Corpo de Desejos e o Corpo Vital, sendo o último o que contém as imagens da sua vida passada. Durante os três dias e meio seguintes, essas imagens são gravadas no Corpo de Desejos para formar a base da vida no Purgatório e no Primeiro Céu, onde o mal é expurgado e o bem assimilado. A experiência da vida em si é esquecida, da mesma forma que esquecemos o processo de aprendizagem da escrita, mas retemos a faculdade. O extrato cumulativo de todas as suas experiências, tanto as de suas vidas terrenas passadas como as vividas no Purgatório e nos vários Céus, é retido pelo ser humano e forma a bagagem que levará no seu próximo nascimento. Os sofrimentos pelos quais passou vão soar-lhe como a voz da consciência, e o bem que realizou manifestar-se-á num caráter cada vez mais altruísta. Até os três dias e meio passados, imediatamente após a morte, sob condições de paz e silêncio, o Ego é capaz de concentrar-se muito mais na gravação da sua vida passada. A impressão sobre o Corpo de Desejos será mais profunda, do que o seria se tivesse sido perturbado pelas histéricas lamentações dos seus parentes ou por outros fatores. Então, experimentará um sentimento bem mais forte no Purgatório e no Primeiro Céu em relação ao bem ou ao mal praticados. Numa vida futura, este sentimento intenso irá expressar-se numa voz inconfundível. Mas, se as lamentações de parentes desviaram a sua atenção, ou se um indivíduo passa por esse processo em virtude de um acidente ocorrido numa rua, num desastre de trem, num incêndio ou em outras circunstâncias angustiantes, não haverá, naturalmente, oportunidade para que possa concentrar-se convenientemente. Tampouco poderá concentrar-se, se for morto num campo de batalha. Contudo, não seria justo que perdesse as experiências de sua vida, devido a essa passagem ter sido realizada de uma maneira tão inesperada. Assim, a Lei de Causa e Efeito proporcionará uma compensação.
Acreditamos, normalmente, que quando uma criança nasce, simplesmente nasce, e o fato está totalmente consumado. Mas, da mesma forma que, durante o período de gestação, o veículo denso fica abrigado do impacto do mundo externo ao ser colocado dentro do útero protetor da mãe, até que tenha atingido maturidade suficiente para enfrentar as condições externas, o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente encontram-se também em estado de gestação e nascem em períodos ulteriores, porque não passaram por um ciclo de evolução tão extenso quanto o do Corpo Denso. Sendo assim, precisam de mais tempo para chegar a um estado de maturidade suficiente, para que se tornem individualizados. O Corpo Vital nasce em torno do sétimo ano, quando o período de crescimento excessivo indica o seu advento. O Corpo de Desejos nasce na época da puberdade, em torno do décimo quarto ano, e a Mente nasce em torno dos vinte e um, quando consideramos que a criança se tornou um homem ou uma mulher – atingiu a maioridade.
O que não foi despertado não pode morrer. Quando uma criança morre antes do nascimento do Corpo de Desejos, ela passa diretamente para o mundo invisível do Primeiro Céu. Não pode ascender para o Segundo e o Terceiro Céu, porque a Mente e o Corpo de Desejos não nasceram, portanto, não podem morrer. Deste modo, fica a espera no Primeiro Céu até que se apresente uma nova oportunidade de renascer. Se morreu em sua vida antecedente sob as circunstâncias infelizes acima mencionadas – por acidente, no campo de batalha, ou se as lamentações dos parentes não deixaram que a impressão do mal cometido e do bem realizado ficassem gravados, tão profundamente quanto o seria no caso de ter morrido em paz – será instruída, quando morrer, a morrer na vida seguinte como criança, sobre os efeitos das paixões e desejos. Aprenderá, com isso, as lições que deveria ter aprendido na vida do Purgatório, se não tivesse sido perturbada. Renascerá com o desenvolvimento de consciência apropriado para poder prosseguir em sua evolução.
No passado, o ser humano era excessivamente guerreiro, devido à sua ignorância; não dispensava os cuidados necessários aos que passavam pelo processo da morte, ainda mais se morriam no leito. Estes eram em número bem menor em comparação àqueles que morriam nos campos de batalha, e se atribui a isso uma grande parcela da mortalidade infantil. Mas, à medida que a humanidade alcançar uma melhor compreensão, conscientizando-se que nunca somos tão responsáveis pelo nosso irmão, como quando ele está retirando-se desta vida, procurará permanecer em silêncio, orando com serenidade. Estará ajudando-o enormemente e contribuindo para que a mortalidade infantil se reduza e não mais aconteça numa escala tão ampla como atualmente.
(Livro: Perguntas e Respostas – Vol. I – pergunta 52 – Max Heindel)
Pergunta: A Alma de uma mulher é masculina e a Alma de um homem feminina?
Resposta: Falando em termos gerais, podemos responder afirmativamente. O Corpo Vital, que é eventualmente transformado, transmutado e espiritualizado em alma, é do sexo oposto.
É formado, órgão por órgão, exatamente como o Corpo Denso, mas com essa única exceção, e isto esclarecem muitos fatos que seriam, de outras maneiras, inexplicáveis. As faculdades inerentes do Corpo Vital são o crescimento, a propagação, a assimilação e a memória. A mulher, por ter um Corpo Vital positivo, amadurece mais cedo que o homem, e as partes que permaneceram semelhantes às plantas, como o cabelo, crescem mais e são mais viçosas e, naturalmente, um Corpo Vital positivo gerará mais sangue do que o Corpo Vital negativo possuído pelo homem. Por isso, temos na mulher uma pressão sanguínea maior, que é necessariamente aliviada pelo fluxo periódico que cessa na menopausa, provocando nela um segundo crescimento, ao qual já aludimos quando a qualificamos de “madura”.
Os impulsos do Corpo de Desejos projetam o sangue através do sistema numa velocidade oscilante, de acordo com a intensidade das emoções. A mulher, tendo sangue em excesso, trabalha sob uma pressão bem mais elevada do que o homem e, embora esta pressão seja aliviada pelo fluxo periódico, muitas vezes é necessário recorrer a um meio que permita maior vazão: suas lágrimas, que são um sangramento branco, uma válvula de segurança que remove o excesso do fluido. Os homens, embora experimentem emoções tão intensas quanto às das mulheres, não são propensos a chorar porque não têm sangue além do necessário.
Sendo positivamente polarizada na Região Etérica do Mundo Físico, a esfera da mulher situa-se mais no lar e na igreja, onde ela sempre foi circundada por amor e paz, enquanto o homem trava, sem tréguas, a batalha do forte para a sobrevivência do mais apto no denso Mundo Físico, onde ele é positivo.
(Livro: Perguntas e Respostas – Vol. I – pergunta 08 – Max Heindel)
Pergunta: Há alguma base nos ensinamentos dados por algumas escolas de ocultismo sobre as almas perdidas e atrasadas? Li num livro uma descrição bem clara de um lugar chamado Avitchi, onde as almas residem quando se encontram nos últimos estágios de desintegração. Segundo a escola em questão, parece que algumas almas são submetidas a uma regressão progressiva, tornando-se mais inferiores a cada encarnação sucessiva, até que finalmente se extinguem como almas individuais, sendo absorvidas pela Alma Cósmica. Mas, pelo que depreendo dos Ensinamentos Rosacruzes, todas as almas, sem exceção, encontram-se na espiral ascendente e, embora possa haver uma regressão entre duas vidas sucessivas no mundo físico, ainda assim o resultado final é o progresso, não a regressão. Não acredito que em qualquer parte dos verdadeiros Ensinamentos Rosacruzes se declare que algumas almas se deterioram até a aniquilação. As observações acima se aplicam também aos atrasados. Expliquem qual o ensinamento correto a respeito do assunto.
Resposta: Os Rosacruzes ensinam que a vida é uma grande escola frequentada por alunos que se encontram nos mais diferentes estágios evolutivos. Na classe mais avançada há alguns que já aprenderam quase todas as lições que podem ser ensinadas, em nossas atuais condições e meio ambiente, e estão prestes a se graduarem passando para outras condições que lhes proporcionarão maiores oportunidades de progresso. Nas classes inferiores encontram-se, também, Espíritos atrasados que foram, por assim dizer, preguiçosos e negligenciaram as oportunidades para adiantamento. Entre as classes inferiores e superiores há um grande número de gradações e, em diferentes pontos de sua corrida evolucionária, toda a humanidade passa por determinados testes, da mesma forma que alunos de uma escola passam por exames em certas épocas do ano, a fim de determinar se estão prontos a passar ao grau superior seguinte.
Os que passam nesse exame são promovidos, enquanto que os que falham devem repetir mais um ano escolar para que possam aprender as lições necessárias que irão servir de base para um avanço futuro.
Aqueles que passarem nos exames estão salvos, e os reprovados estão perdidos para a classe como um todo. Todavia, isto é apenas temporário, e aqueles que ficaram para trás podem recuperar-se novamente e, no exame seguinte, alcançar os que foram promovidos no ano anterior. Assim, esses errantes anteriores serão salvos e outros perdidos.
O mesmo acontece na escola da vida. Aqueles que são reprovados nos exames numa certa época ficam temporariamente “perdidos”, mas podem alcançar os outros e até ultrapassá-los. Este é o verdadeiro ensinamento a respeito das chamadas almas perdidas e isto é confirmada pela Bíblia. A palavra grega aionian é traduzida por eterno, mas não tem o significado de duração infinita. O dicionário de Diddell & Scott dá como significado: “uma idade, um período indefinido, um período de vida”, etc… Aqueles que triunfam e são salvos, como diz o ditado, tem um passaporte para uma nova era de desenvolvimento, e recebem, portanto, uma era de felicidade duradoura. Aqueles que falharam receberão um período de punição e a condição de se verem num grau inferior na escola da vida. Falando em termos gerais, a doutrina de que uma alma ou Ego pode perder-se, no sentido de ser aniquilado, é completamente sem fundamento, pois dizemos: “Em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”, sendo que se um único Espírito se perdesse, uma parte de Deus estaria perdida. Isso, naturalmente, e inconcebível.
Diz-se que não há regra sem exceção, e há uma condição que quase serve de fundamento ao ensinamento relacionado ao Avitchi, promulgado pelas escolas orientais. De acordo com a sua filosofia, há dois estados (não lugares, mas estados) de conscientização: Avitchi e Nirvana. Eles dizem que quando o Espírito, através de repetidas encarnações e vidas vividas de maneira nobre, alcançou um estado de espiritualidade sublime, ele é absorvido pela Alma Cósmica como a gota do orvalho e tragada pelo mar. Sua consciência individual mais os frutos de todas as suas vidas são absorvidos pelo Espirito Universal, sendo este, de acordo com o ensinamento oriental, um estado de maior beatitude. De maneira contrária, aqueles que por muitas vidas exerceram continuamente o mal, ultrapassando até certo limite, começam a afundar-se cada vez mais na escala evolutiva e, como a sua consciência está tão saturada do mal, não há mais espaço para o bem, e a consciência individual é gradualmente retirada no esforço de erradicar o mal. No final, o Espírito vê-se desnudado e inconsciente. Então, ele é absorvido pela Alma Cósmica, levando consigo a mais intensa dor e decepção. Mas, esse ensinamento a respeito do bem e do mal é, como já foi dito, contrário aos Ensinamentos de Mistérios do Ocidente, e poderá ser aplicado unicamente no caso de alguém que pratique a magia negra e que seja excessivamente mau. Em todo caso o Espírito nunca se perde, mas apenas os frutos da sua peregrinação. Como temos uma eternidade para nossa evolução, podemos estar certos que mesmo um Espírito como este terá oportunidade no futuro de entrar na peregrinação da evolução, o que o tomará uma inteligência criadora autoconsciente.
(Livro: Perguntas e Respostas – Vol. II – pergunta 151 – Max Heindel)
Pergunta: O que provoca as Calamidades da Natureza que tanto nos fazem sofrer?
Resposta: Presenciamos um elevado número de catástrofes nos anos que passaram. O mundo foi assolado por enchentes, terremotos, secas e inúmeros outros tipos de desequilíbrios da natureza, produzindo situações alarmantes em várias partes. Terremotos arrasaram regiões extensas do Chile, Nicarágua e Irã.
Secas sobrevieram e populações inteiras sucumbindo por escassez de alimento na Índia, China e Rússia. Os Estados Unidos assolados por furacões e ciclones e, também, por inundações do rio Mississipi e outros, custando elevadas perdas em vidas humanas e danos materiais. Animais arrastados pelas águas, regiões agrícolas devastadas e casas destruídas, somando prejuízos em termos de bilhões. Os danos psicológicos e sofrimento dos sobreviventes estão além da imaginação.
Nas pessoas de formação religiosa os efeitos são compreendidos como a ira de Deus para com uma humanidade, que não quer se enquadrar no plano divino. Os cientistas materialistas, naturalmente, colocam essa interpretação abaixo de seus “elevados conhecimentos”. Também, a grande maioria dos seres humanos, dirigida pelas linhas de pensamento materialista – em voga no mundo ocidental – pouca importância dá às causas dessas manifestações da Natureza, contanto que não fosse diretamente afetada pelas mesmas. Não passou pela sua mente que possa haver uma correlação direta entre os cataclismos naturais e o comportamento da humanidade.
As últimas décadas, porém, trouxeram maior abertura ao estado de consciência de muitos para a voz do espírito. Assim sendo, há mais pessoas se aproximando das verdades espirituais. Para essa classe, em particular, a ciência oculta oferece preciosas informações a respeito das causas dessas catástrofes da Natureza devastando muitas partes de nosso Planeta.
O ensinamento básico da ciência oculta, com respeito à natureza da Terra, é de que é igual à constituição de cada ser humano, já que é o corpo de um Espírito planetário, cujo veículo de manifestação ela passa a ser.
É o veículo físico de um grande Ser, um raio do Cristo cósmico, e cada átomo é interpenetrado por esse mar de luz. A nossa moradia planetária é, assim sendo, um organismo vivente e sensível possuidor de Corpo Vital e de Desejos, de similar construção do corpo humano. Como há uma relação entre o corpo físico do ser humano e a Terra física há, também, uma estreita correlação entre o Espírito Humano e o Espírito da Terra.
Não deixaremos de mencionar o fato que o veículo etérico da Terra constitui a “grande descoberta” recente da ciência, sob o nome: “campo magnético”. Mais um fato da natureza “descoberto” pelo pensamento materialista.
A ciência oculta revela ainda que a Terra, o veículo do raio Crístico, é formado de Estratos, similares a uma cebola. Há nove estratos, ou camadas e um centro: dez divisões ao todo. A natureza e funcionamento de cada camada são revelados, camada por camada, após a Iniciação do aspirante aos Mistérios Menores, ficando accessível um estrato a cada Iniciação. Porém, certos fatos muito significativos foram liberados para a informação de todos os estudiosos, e o conhecimento desses fatos enseja a compreensão de todos os fenômenos que estão ocorrendo em nosso Planeta.
A camada externa da Terra é constituída pelo que chamamos de camada mineral, a crosta pedregosa com a qual os geólogos vêm se entretendo, dentro de suas possibilidades e conhecimentos.
É a camada onde plantamos, procuramos por minerais, perfuramos poços para encontrar água, petróleo, etc. É a mais cristalizada parte da Terra, porém agora está se tornando menos densa, mais porosa, e ficará no devido tempo, etérica. Cada vez que o ser humano quebra as partes densas da Terra, particularmente nas regiões rochosas e de alto teor mineral, está contribuindo para a evolução deste Planeta.
A segunda camada é o Estrato Fluídico. Tem a consistência de uma pasta grossa. Possui a qualidade de expansão, similar a um gás altamente explosivo, só permanecendo em seu lugar, devido à pressão enorme da crosta exterior. A primeira e segunda camada correspondem à Região Química e Etérica do Mundo Físico.
A Terceira camada é o Estrato Vaporoso, onde se encontra o incessante pulsar da vida, como no Mundo do Desejo.
A quarta camada é o Estrato Aquoso contendo todas as possibilidades germinais de tudo o que existe sobre a face da Terra. Encontramos aqui as Forças Arquetípicas através das quais trabalham os Espíritos-Grupo, e também as Forças Arquetípicas dos minerais, uma vez que essa é a contra parte física da Região do Pensamento Concreto.
A quinta camada é o Estrato Germinal, fonte primordial de Vida, do qual veio o impulso gerador de todas as formas na Terra. Os corpos foram construídos de substância gasosa, vaporosa, bem antes da mesma se condensar formando a crosta sólida exterior. Somente quando a vida deixa as formas é que estas podem morrer e ficar cristalizadas. Dessa maneira, o carvão não é outra coisa senão um conglomerado de corpos vegetais cristalizados, como indicado pelas formas das folhas encontradas nas jazidas de carvão. Que é o coral se não um conglomerado de formas animais cristalizadas? A vida se afasta e deixa as formas “mortas”.
A sexta camada, ou o Estrato Ígneo já tem sensações. Prazer e dor, simpatia e antipatia; esses sentimentos agem sobre a Terra. Julga-se, em círculos menos avisados, que a Terra é isenta de sensação. Porém, o ocultista sabe que tanto a colheita do cereal maduro, a dádiva das árvores, as frutas no outono e a colheita de flores nas hortas são fontes de prazer para o Espírito planetário da Terra. Sente o júbilo de ter fornecido alimento a sua infinita progenitora de formas chegando esse sentimento a mais poderosa intensidade no tempo das colheitas.
A sétima camada ou o Estrato Refletor corresponde ao Mundo do Espírito de Vida, o primeiro dos mundos universais. Aqui encontramos todas as formas que o ocultista conhece com o nome de “Forças da Natureza”.
O progresso espiritual da humanidade promove um harmonioso trabalho dessas forças. Porém, grandes permissividades no comportamento geral dos seres humanos tendem a desencadear grandes cataclismos na face da Terra. Dessa forma, os esforços humanos em atingir ideais mais elevados tornam as Forças da Natureza menos ameaçadoras.
O estado das forças, nessa camada, é, continuamente, um reflexo, um espelho exato do nível moral da humanidade. Como há responsabilidade individual perante a Lei de Consequência, carregando ao indivíduo o justo resultado de suas ações, boas ou não, há, também, a responsabilidade coletiva e nacional, desencadeando, sobre a cabeça de todos os grupos de pessoas, o resultado de seus atos coletivos. As Forças da Natureza são agentes de tal justiça retribuitória: há enchentes, secas, terremotos e vulcões em erupção, como também as benéficas formações geológicas de petróleo e carvão. Eventualmente, a humanidade deverá aceitar o fato de que é inteiramente responsável pelas catástrofes que acontecem através das forças naturais. A única maneira de evitá-las é viver de acordo com as Leis Espirituais que regem o Universo.
Todo esse esquema encontra-se sob a supervisão dos quatro grandes seres denominados Senhores do Destino. Eles cuidam para que cada pessoa receba exatamente o que merece e o que é necessário para o seu desenvolvimento, em termos de condições ambientais.
Partem da sexta camada, ou Estrato Ígneo, vários canais que desembocam em vários lugares. A parte exterior das mesmas formas as chamadas “crateras vulcânicas”. Quando as Forças da Natureza, situadas como vimos na sétima camada, agitam-se pela pressão criada, manifestam-se como erupções vulcânicas, por movimentarem o Estrato Ígneo. A maior parte da matéria formando a lava vulcânica tem sua origem no segundo Estrato, que é a contraparte mais densa do Sexto Estrato. Esse Estrato Fluídico tem uma natureza altamente expansiva e explosiva, assegurando um prolongado impulso de material vulcânico no ponto da erupção. Ao contato com a atmosfera exterior endurece a parte da matéria que não foi expelida para o espaço, formando lava e pó, até que ao final, selam a abertura para o interior da Terra.
Não vamos nos alongar sobre a natureza dos Estratos oito e nove, porém, recomendamos aos interessados a leitura do capítulo XVIII do livro O Conceito Rosacruz do Cosmos.
Podemos concluir, dessa forma, que atualmente os comportamentos de tendência imoral e ante-espiritual da humanidade impelem as Forças da Natureza (que se encontram na sétima camada da Terra) a uma atividade destrutiva. Geralmente são grupos de pessoas de baixa moral ou permissivas que falecem durante essas catástrofes. Essas pessoas, juntamente com seres cujo destino pessoal, por várias razões, requer uma morte violenta, são reunidas no ponto onde a catástrofe haverá de ocorrer por meio de forças sobre-humanas.
Uma estatística das catástrofes de grande porte que afetaram a Terra durante os últimos dois mil anos mostra-nos a frequência das mesmas como sendo diretamente proporcional ao crescimento do materialismo.
Se a humanidade não desejar índices ainda mais elevados de catástrofes, devem libertar-se da escravidão dos pensamentos inferiores e desejos correspondentes, vivendo vidas mais harmoniosas às leis espirituais.
Em outras palavras, o ser humano é livre para escolher o seu destino; os resultados, bons ou terríveis, dependem dessa decisão.
(Revista Serviço Rosacruz – 04/75 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Pergunta: Numa lição recente foi-nos dito que o Espírito de Raça influenciou pessoas diversas a tomarem parte em grandes movimentos mundiais. Se a função a ser exercida não for justa, a pessoa é responsável por isso? Sofreria as consequências desse ato?
Resposta: A declaração foi feita na lição de setembro para os estudantes, intitulada “Nosso Governo Invisível”, segundo a qual as Hierarquias Divinas que guiam a evolução dos mundos invisíveis encontram sempre um Ego forte, tanto para o bem quanto para o mal, e o usa quando a marcha do progresso exige a queda de uma velha nação ou ascensão de uma nova. No entanto, seria impossível induzir um Espírito de natureza brutal e despótica a desempenhar um papel nobre que exige um auto sacrifício. Ele não pode mudar a sua individualidade de um dia para outro, da mesma forma que um leopardo não pode alterar as suas manchas e, vice-versa, um Espírito de natureza nobre não consentiria em desempenhar o papel de um tirano ou autocrata.
Cada um agirá conforme a essência de sua natureza, por essa razão, as Hierarquias Divinas sempre escolhem alguém cujo caráter se adapte ao papel que lhe será reservado nos momentos de crises futuras, colocando-o numa posição tal que lhe proporcione o poder de realizar os seus desígnios, sejam eles dirigidos para o bem ou para o mal. Isso o tornará, pelo menos, parcialmente responsável pelos seus atos e pelas consequências deles decorrentes. Se ele desempenhar bem o seu papel e, por meio de atos nobres, justos e altruístas, ajudar uma nação a elevar-se, guiando-a através dos obstáculos e dos escolhos, como o fez George Washington, por exemplo, naturalmente alcançará uma posição de grande honra e glória em alguma vida futura, quando lhe for conferido o domínio sobre outros, aos quais poderá ajudar.
Por outro lado, se ele desempenhar o papel de um Nero, dissolvendo um grande império, fazendo o que foi dito a respeito de um dos reis de Israel: “Agarrou avidamente o mal com ambas as mãos”, naturalmente dor e sofrimento resultarão disso. Ele provavelmente não será capaz de suportar toda a dor que infligiu aos outros, assim como um George Washington não poderá receber toda a felicidade que proporcionou aos milhões que se beneficiaram com a sua sabedoria e altruísmo. Mas cada um certamente receberá aquilo que for possível dar-lhe, e tudo que for necessário para que um se torne um bom ser humano e o outro um ser humano cada vez melhor.
(Livro: Perguntas e Respostas – Vol. II – pergunta 149 – Max Heindel)
Pergunta: Se nós éramos puro espírito e uma parte de um Deus Onisciente, por que foi necessário que empreendêssemos esta longa peregrinação, marcada pelo pecado e pela dor através da matéria?
Resposta: No início da manifestação, Deus diferenciou dentro de Si mesmo uma multidão de inteligências espirituais em potencial, como as chispas são emitidas pelo fogo. Essas inteligências espirituais eram, portanto, chamas ou fogos em potencial, mas não eram fogos ainda, pois embora dotadas com a plena consciência de Deus, faltava- lhes a consciência de si mesmas. Sendo potencialmente onipotentes como Deus, faltava-lhes poder dinâmico disponível para ser usado a qualquer momento, de acordo com a sua vontade e, para que estas qualidades pudessem ser desenvolvidas era imprescindível que elas passassem pela matéria. Portanto, durante a involução, cada Centelha Divina foi encerrada em vários veículos de densidade suficiente para excluir o mundo exterior de sua consciência. Então, o espírito confinado, não mais capaz de entrar em contato com o exterior, retorna ao encontro de si mesmo. Ao despertar a consciência de si mesmo começa a luta para libertar-se de sua prisão. E, durante a evolução, os vários veículos possuídos pelo espírito irão espiritualizar-se em Alma, de modo que, ao término da manifestação, o espírito não só terá adquirido consciência de si mesmo, mas também poder anímico.
Há uma tendência, por parte da maioria das pessoas, em acreditar que tudo que existe é o resultado de fatos anteriores, não deixando lugar para qualquer construção nova e original. Aqueles que estudam a vida, geralmente falam apenas de involução e evolução. Os que estudam a forma, ou seja, os cientistas modernos preocupam-se tão somente com a evolução, mas, os mais adiantados estão descobrindo outro fator que chama Epigênese. Em 1757, Gaspar Wolf emitiu sua Theorea Generationis, na qual demonstrou que, no desenvolvimento do óvulo, há uma série de novas formações não prenunciadas anteriormente, e Haeckel, endossando esse trabalho, diz que hoje em dia não se justifica mais denominar-se a Epigênese de teoria. É um fato que podemos demonstrar, no caso das formas inferiores onde as mudanças são rápidas, em um microscópio. Desde que o ser humano foi dotado da Mente, a Epigênese, que é o impulso criador original, foi a causa de todo o nosso desenvolvimento. É verdade que construímos sobre o que já foi criado, mas há também algo novo devido à atividade do espírito. E é dessa maneira que nos tornamos criadores, pois se nos limitássemos apenas a imitar aquilo que foi disposto para nós por Deus ou pelo Anjo, nunca poderíamos tornar-nos inteligências criativas: seríamos apenas imitadores. E, embora cometamos erros, reconhecemos que, muitas vezes, aprendemos mais com os nossos erros do que com os nossos acertos. O pecado e o sofrimento são meramente o resultado dos nossos erros, e sua impressão sobre nossa consciência leva-nos a adotar outras linhas de comportamento que julgamos boas, isto é, que estão em harmonia com a natureza.
Portanto, este mundo é uma escola de aprendizagem e não um vale de lágrimas onde fomos colocados por um Deus caprichoso. (Ver Pergunta n.º 9).
(Livro: Perguntas e Respostas – Vol. I – pergunta 1 – Fraternidade Rosacruz – Max Heindel)
Pergunta: Que significa a elevação do eleito no ar para ir ao encontro do Senhor? Isso se refere a uma ascensão física?
Resposta: Esta passagem consta na 1ª Epístola de São Paulo aos Tessalonicenses cap. 4; 16 e na mesma Epístola cap. 5; 23, onde lemos. “E o mesmo Deus de paz nos santifique em tudo, para que todo o vosso espírito e alma, e o corpo sejam conservados sem culpa para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
Portanto, São Paulo reconhece que o ser humano é um ser composto, constituído de três partes: espírito, alma e corpo. No capítulo 15; 50 da 1ª Epístola aos Coríntios lemos: “A carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus”. Mais adiante, a respeito do mesmo mistério, ele diz: “Eis que vos revela um mistério: todos certamente ressuscitaremos, mas nem todos seremos mudados num momento, num abrir e fechar de olhos”, e no versículo 44, que foi mal traduzido, ele afirma que existe um corpo espiritual e um Corpo-Alma: soma psuchicon.
Este é um ponto muito importante. Não o encontraremos em nenhum outro lugar, a não ser na literatura Rosacruz. Todos os outros passaram por cima ou não notaram esta tradução incorreta, e leram o texto como corpo “natural” ao invés de Corpo “Alma”. Este Corpo-Alma é composto de Éter e é capaz de levitação. Sem esta faculdade ser-nos-ia impossível encontrar o Senhor no ar, ou tomar-nos cidadãos do Reino dos Céus, anunciado pelo Cristo Jesus e Seus apóstolos. Deixemos bem claro que a humanidade sempre caminhou em direção ao exterior partindo do centro da Terra em sua evolução. Adão, o homem primitivo, foi feito da terra vermelha (quente), pois naquela época o nosso globo ainda estava passando por uma fase de esfriamento, ardendo devido à chama vermelha da crosta em formação. Em seguida, é-nos dito que uma névoa subia do solo em processo de esfriamento, e a humanidade daquela época vivia como “filhos da névoa” nos vales da Terra. Posteriormente, quando a névoa se condensou em água, a qual caía enchendo as bacias da Terra, o ser humano mudou-se para as terras altas, onde habita até hoje acima das águas, e quando se despojar do Corpo Denso (terreno) que, segundo Paulo, não pode herdar o Reino de Deus, eIe elevar-se-á no ar, em seu glorioso soma psuchicon ou Corpo-Alma, para empreender uma nova fase evolutiva. Lá, não lidaremos com elementos concretos como o fazemos agora, mas aprenderemos a trabalhar com a vida em lugar de coisas mortas. Portanto, seremos elevados no ar num piscar de olhos, tal como consta na Bíblia, e o que nos foi transmitido para que nos preparemos para ser habitantes da Nova Jerusalém, que “surgirá dos céus” ou se tornará visível. Devemos entender, também, que este reino está sendo atualmente preparado, embora seja invisível para a maioria das pessoas. Contudo, está em período de construção, aguardando o tempo em que tenhamos aprendido as lições da existência concreta, e estejamos capacitados para as atividades distintas que, então, deveremos aprender.
(Livro: Perguntas e Respostas – Vol. II – pergunta 86 – Max Heindel)