“Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo — pela graça fostes salvos! — e com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos céus, em Cristo Jesus, a fim de mostrar nos tempos vindouros a extraordinária riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco, em Cristo Jesus. Pela graça fostes salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é o dom de Deus: não vem das obras, para que ninguém se encha de orgulho. Pois somos criaturas dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras que Deus já antes tinha preparado para que nelas andássemos.” (Ef 2:4-10).
A beleza e o poder transcendentes da Religião Cristã baseiam-se no fato de dar a seus seguidores uma oportunidade para renunciar à vida comum, circunscrita pela lei e penetrar numa vida anímica, na qual há mais amor, misericórdia e graça. Esses atributos manifestam-se particularmente pela influência de Cristo, o segundo Aspecto do Deus Trino – nosso Criador.
O Cristianismo Esotérico nos ensina que no começo da nossa evolução setenária de manifestação, Deus diferenciou dentro de Si mesmo uma hoste de Espíritos Virginais, cada um possuindo potencialmente os poderes de seu Criador, a fim de que, pela evolução, esses poderes se convertessem em faculdades dinâmicas. Nesse plano original não existia previsão em relação ao pecado e à morte.
Durante a Época Lemúrica do nosso presente Período Terrestre, houve um tempo em que “um cérebro tornou-se necessário ao desenvolvimento do pensamento e da laringe para sua expressão verbal. Para isso, então, a metade da força criadora foi dirigida para cima, a fim de que o ser humano formasse esses órgãos”. Foi assim que o ser humano, até então hermafrodita, tornou-se unissexuado e forçado a procurar um ser do outro polo ou sexo, um complemento, necessário quando desejava criar um corpo, para gerar um novo instrumento que servisse a um espírito irmão para uma fase mais elevada de evolução.
Enquanto o ato criador era amorosamente realizado sob a sábia orientação dos Anjos, a existência do ser humano estava livre da tristeza, da pena e da morte. Mas, ao ficar sob a tutela dos Espíritos Lucíferos, depois de ter “comido o fruto da Árvore do Conhecimento”, passou a perpetuar a raça humana, sem levar em conta a influência das linhas de força astrológicas, transgredindo a Lei de Deus e seus corpos se cristalizaram cada vez mais até o ponto de tirar-lhe a percepção espiritual, sujeitando-o à morte de maneira muito mais notória do que então se processava. Dessa forma, foi forçado a criar corpos mais frequentemente, em proporção à diminuição do período de vida terrestre e, portanto, de experiências necessárias à evolução espiritual. Os guardiões celestiais levaram-no para fora do “jardim do amor” (do Éden), para o deserto do mundo. Então a humanidade se tornou responsável perante a Lei de Causa e Efeito, que governa o Universo, por suas ações.
Ao tempo da vinda de Cristo, a maioria da humanidade tinha se tornado tão cristalizada, que se encontrava a ponto de retrogradar. Uma ajuda teria que ser dada. Daí, Cristo, o mais elevado Iniciado do Período Solar, voluntariamente, veio à Terra; penetrou no nosso globo por meio do sangue de Jesus, vertido na crucifixão e, desde então, irradia do centro do nosso Planeta as tremendas vibrações do poder unificante de seu Amor-Sabedoria. O Mundo do Desejo e a Região Etérica do Mundo Físico da Terra foram, então, purificados, tornando-se mais utilizável para os Corpos de Desejos individuais dos seres humanos, formados ao voltarmos a cada renascimento aqui.
Esse grande sacrifício (ainda em desenvolvimento, pois Ele, o Cristo, “estará conosco até a consumação dos séculos” ou destes tempos de materialidade), tornou possível aos seres humanos impregnarem-se com o altruístico amor de Cristo e transcenderem a Lei ou temperar a Lei com o amor; a fim de penetrar na esfera de vida abençoada pelo tesouro adicional de “Sua Graça“.
Essa “dádiva benéfica de Deus” acena para todos aqueles que se dispõem a abraçar a vida de pureza, de serviço e alcançar a libertação das restrições da queda, ou seja, a salvação.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – outubro/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)
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