Muitas vezes tenho-me perguntado em minhas meditações porque, sendo a Filosofia Rosacruz, tão obviamente um método de libertação espiritual, de elevação moral, de vivência amável e confortadora não atrai para si verdadeiras multidões.
“Exatamente por esses mesmos motivos”, segreda-me uma vozinha suave.
Não é fácil libertarmo-nos dos tabus que orientaram toda a nossa vida pregressa. Tampouco é fácil aprendermos a andar com os nossos trôpegos pés, sem “muletas morais”, sobre as quais possamos jogar o peso da culpa de nossas fraquezas e às quais possamos voltar arrependidos, para logo em seguida incidirmo-nos mesmos erros.
Aprendemos com a Filosofia Rosacruz a nos responsabilizarmos por nossas próprias ações, na conscientização de nossa própria individualidade Cristã; aprendemos a observar e discernir, e tirar o máximo proveito das lições que a própria vida nos ensina. O preceito “orai e vigiai” está sempre vivo. Ainda assim, quando, por força dos velhos hábitos, reagimos em desacordo com as normas que passaram a se constituir em vivência Cristã, recolhemo-nos em nossa alma e, do solo pedregoso onde fomos lançados pela força avassaladora de nossa Personalidade ainda deseducada e viciosa, levantamo-nos novamente, humildes, mas esperançosos e continuamos, corajosamente, nossa caminhada por sabermos, embora falíveis e fracos, que estando sintonizados na luz de Cristo, que nos ampara, teremos novas oportunidades para servir.
Embora continuemos, aparentemente, a viver uma vida comum, damo-nos conta de uma mudança sutil em nossos velhos hábitos e temos a coragem de assumir nossa nova roupagem perante aqueles que nos rodeiam. O fumo, a bebida alcoólica e os alimentos à base de carne animal de nossos irmãos menores são coisas do passado e não nos deixam saudades. E a causa é porque estamos conscientes da presença de Deus, afastamo-nos discretamente de toda conversa picante; porque é nossa obrigação mantermos a Mente, a via de comunicação do Cristo Interno, sempre aberta e desimpedida, esforçamo-nos (embora nem sempre com sucesso) para expulsar os pensamentos capciosos sugeridos pelo nosso Corpo de Desejos indisciplinado.
Passamos a construir a nossa volta, uma amável carapaça contra as críticas ditas em tom brejeiro, suscitadas pelos nossos novos hábitos, por sabermos que tudo que foge à regra geral causa estranheza.
Mesmo sabendo que conseguimos galgar um degrau na escada do desenvolvimento espiritual não nos orgulhamos, pois sabemos que a ascensão à nossa frente é infinita e é nossa obrigação ajudarmos aqueles que encontramos no caminho a subir em direção à Luz que vislumbramos no horizonte distante.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 02/1980 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Os Frutos da Vivência Cristã
É deveras gratificante avaliar como o trabalho desenvolvido pela Fraternidade vem rendendo “frutos” apreciáveis.
Nosso júbilo não se deve exclusivamente ao crescimento gradativo do número de estudantes. Há um fator mais importante, merecedor de maior destaque: são os resultados obtidos mediante a aplicação, no quotidiano, dos ensinamentos transmitidos ao mundo por Max Heindel.
Frequentemente ouvimos expressões de admiração e gratidão emitidas por estudantes.
Fazem questão de realçar o papel importante que a Filosofia Rosacruz desempenhou e continua a desempenhar em suas vidas, por estimulá-los a uma reforma interior – base de todo e qualquer progresso.
Alguns relembram seu passado sofrido, suas dificuldades de relacionamento, quando no lar ou no trabalho viviam em constante atrito com as pessoas que os cercavam. Relatam as danosas consequências desse negativismo: inimizades, perda de valiosas oportunidades de ascensão profissional, lares quase desfeitos, frustrações, etc. Com entusiasmo narram transformações operadas após o conhecimento do rosacrucianismo. Aprenderam a ser mais compreensivos em relação às falhas alheias. Tornaram-se mais vigilantes com as próprias.
Notaram como as coisas, ao seu redor, se modificaram. Aquele estado de franca “beligerância” ou de “paz armada”, para com os outros, converteu-se em entendimento. A vida assumiu um novo significado.
Outros estudantes frisam, e suas palavras deixam escapar o calor de uma sincera gratidão, a melhora de sua saúde como a suprema graça alcançada no Movimento Rosacruz.
Recordam, às vezes com os olhos umedecidos, o quanto padeceram presos a enfermidades.
Depois de adotarem um regime alimentar mais natural – isento de carne, álcool e estimulantes – puderam realmente desfrutar de uma vida mais plena e feliz.
Inicialmente encontraram uma certa dificuldade para livrar-se dos maus hábitos. Não era para menos. Os hábitos perniciosos, se mantidos durante anos, criam raízes, tornam-se “de casa”, passam a integrar nossa própria natureza. Erradicá-los demanda tempo e muita perseverança.
Com o passar dos anos, porém, constataram a transformação para melhor. Hoje gozam de boa saúde e proclamam essa verdade.
Há aqueles que se sentiam profundamente infelizes com suas vidas: alguns reveses, principalmente financeiros, roubaram-lhes a autoconfiança. Tornaram-se inseguros, indecisos.
As oportunidades que lhes surgiam amedrontavam-nos ao invés de estimulá-los à ação.
Viam os colegas de trabalho como rivais oportunistas ou competidores. Os parentes, estes pareciam escarnecer de seus fracassos, levando-os a um desespero maior. Com o tempo deixaram-se prostrar num lamentável estado de apatia, desânimo e imobilismo. Eis que por intermédio de alguém, ou por algum outro meio, entraram em contato com a Fraternidade. Inscrevem-se, fazem os cursos, estudam incansavelmente e começam a enxergar uma realidade até então desconhecida: o ser humano é uma célula integrante do macrocósmico corpo de Deus. Foi dotado de todos os atributos divinos.
Possui-os em forma latente e através da peregrinação pelas várias etapas da evolução tornar-se-á onisciente. É um herdeiro de todas as promessas celestiais. De forma alguma renasce para ser obrigatoriamente um infeliz, pobre coitado sujeito aos caprichos do destino.
Pelo contrário. Seu futuro é grandioso. Os sofrimentos atuais nada mais são do que os frutos de sua ignorância, e uma gama de lições a serem aprendidas. Assim, o conhecimento das leis naturais e sua justa aplicação traduzida em pureza, amor e serviço ensejam-lhe, aqui e agora, mudar sua vida para melhor.
“O único pecado é a ignorância”.
“O único fracasso é deixar de lutar”. “A única salvação é o conhecimento aplicado”.
Dessa maneira, muitos se encontraram no rosacrucianismo.
Afirmam ter descoberto a “fórmula mágica” responsável pela benéfica transformação ocorrida em suas vidas.
FÓRMULA MÁGICA? Mas a Filosofia Rosacruz não é um conjunto de verdades antiquíssimas em novas roupagens?
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1976)