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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Substituição dos Festivais que celebravam o Sol pela Celebração do Natal

Aos Cristãos comuns o festival natalino vem a ser a celebração da maior oferenda de Deus à nós: a vinda de um Redentor, uma época de grande júbilo, de felicidade e boa vontade transbordantes. Realmente, o mês de dezembro é a época mais apropriada para a celebração da vinda do Salvador.

Do mesmo modo com que o Solstício de Dezembro assinala o término do movimento descendente do Sol, salvando-nos assim de virmos a perecer de frio e fome, especialmente no hemisfério norte deste Planeta, assim também, quando Cristo veio, Ele deteve o movimento descendente da Humanidade e nos fez voltar à direção certa: para frente e para cima. Destarte, foi bastante apropriado que os antigos festivais solares – pré-Cristãos –, que celebravam o nascimento do Sol do novo ano, fossem substituídos pelo Natal.

Há também o retorno anual do Cristo, nesse período do ano, que não deve ser confundido com o Seu retorno, como prometera, no Corpo Vital de Jesus.

No momento da Crucificação, o Raio do Cristo Cósmico, que utilizava o corpo de Jesus, sobrepairou o Planeta Terra e nele adentrou. A cada ano, no Equinócio de Março, Ele recomeça o Seu retorno para os Mundos superiores e então celebramos a Páscoa. Inicia uma nova estação com o Sol nos céus do norte, misticamente chamado de “Polo Norte”, e retorna trazendo outro ano de suprimento do espiritualmente chamado Seu “sangue”, que, conforme lemos no Evangelho Segundo S. João 6:53[1], recebemos junto à nossa comida diária para limpeza de todo pecado, nutrindo o Cristo desperto, parcialmente desperto ou ainda adormecido dentro de nós (“A estes quis Deus tornar conhecida qual é entre os gentios a riqueza da glória deste mistério, que é Cristo em vós, a esperança da glória!” (Cl 1:27)). Isso começa a ser derramado sobre a Terra no Equinócio de Setembro, atinge a sua intensidade máxima na estação do Natal e cessa quando Ele retorna aos Mundos superiores, na Páscoa.

Naturalmente, quando isso está no auge, os impulsos de regozijo, do altruísmo e da boa vontade Crísticos são mais sentidos por nós. A isso se chama de espírito do Natal, sendo sua influência sentida por todos, em maior ou menor grau. Ele pode ser simbolizado por um ser humano idoso, de longa barba branca, com um corpo rotundo e natureza maravilhosamente benigna, alegre e generosa. Ele passou o verão no “Polo Norte” e traz aos “filhos dos homens” os presentes que esteve fazendo. S. Nicolau ou “Papai Noel” não é, realmente, um mito ou fábula, mas, sim um símbolo do grande fato que é o retorno anual do Cristo – ainda que hoje, por ignorância, muitos transformem o símbolo do “Papai Noel” em apelo comercial.

Um dos presentes trazidos por S. Nicolau, sobre o qual são pendurados os outros, é a árvore de Natal. O mais significativo a respeito da árvore de Natal é que ela é, ou deveria ser, um pinheiro. As árvores comuns, que perdem suas folhas no outono e apresentam novas na primavera, simbolizam os ciclos periódicos de morte e ressurreição do Corpo Denso por meio do renascimento; o pinheiro, porém, simboliza a vida eterna, a contínua consciência de que o Cristo veio para Se oferecer a nós.

A maioria de nós não receberá essa vida eterna, a não ser algum tempo após a Segunda Vinda de Cristo. A Bíblia diz que o último inimigo que deve ser destruído é a morte (“O último inimigo a ser destruído será a Morte, pois ele tudo colocou debaixo dos pés dele.” (ICor 15:26)). De fato, não mais existindo morte não haverá necessidade de renascimento.

O lenho dos pinheiros é comumente menos denso do que a madeira das árvores que deixam cair suas folhas. Isso está em acordo com o ensinamento de que nossos novos Corpos Densos serão menos cristalizados do que os atuais, de carne e sangue, que não podem herdar o Reino de Deus (ICor 15:50). Também a árvore de Natal tem as suas próprias luzes, proféticas de nossa futura e íntima ligação com a fonte de toda luz, de forma tal que os ensinamentos profanos serão quase, ou totalmente, desnecessários.

A história do “nascimento virginal”, na Bíblia, é um pormenorizado relato alegórico do que realmente sucederá a cada um de nós, quando tivermos “nascido novamente”, como Cristo explicou a Nicodemos, no Evangelho Segundo S. João (Jesus lhe respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer do alto não pode ver o Reino de Deus”. Disse-lhe Nicodemos: “Como pode um homem nascer, sendo já velho? Poderá entrar uma segunda vez no seio de sua mãe e nascer?”. Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, o que nasceu do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: deveis nascer do alto. O vento sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito”. (Jo 3:3-8). Teremos então a mesma espécie de “chaves” que foram oferecidas a S. Pedro (“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16-19)) e seremos capazes de ver os Mundos superiores, chamados de Reino de Deus, e entrar neles, à semelhança do vento, em nossos novos corpos, “como fantasmas” chamados “Vestido Dourado de Bodas” ou “Manto Nupcial” – o Corpo-Alma – enquanto os Corpos Densos estão adormecidos durante a noite ou em outros momentos.

Alguns pais tentam fazer com que seus filhos creiam literalmente em S. Nicolau e, quando estes começam a pensar de outra maneira, a fé em seus pais é fortemente abalada. Alguns líderes religiosos nos fizeram crer em um literal nascimento virginal, tais como as afirmações de Buda, Tamuz e outros, assim chamados, líderes. Isso faz com que muitos percam a confiança nas Igrejas.

Outro ângulo da história do Natal, que se relaciona ao “nascer novamente”, é a estrela. S. Mateus nos diz que ela foi vista por “homens sábios”, mas não disse que foi vista por alguém mais[2]. S. Lucas não se refere a isso, absolutamente. Os “homens sábios” de hoje ainda seguem essa mesma estrela, a fim de que possam ser conduzidos até o nascimento de seus próprios “Cristos Internos”. Esse constrói para si, dentro do Corpo Denso e nele interpenetrando, o novo e etérico “corpo anímico”, o Corpo-Alma. Antes do seu “nascimento” ou formação, que é consumado sob a orientação e o controle dos Irmãos Maiores, está ligado ao Corpo Denso em sete pontos, cinco dos quais — a fronte, as palmas de ambas as mãos e as plantas de ambos os pés — configuram uma estrela.

Uma vez que, simbolicamente falando, o véu do templo foi rasgado em dois, todos podem aspirar agora ao “novo nascimento”, que S. Paulo chama de “o elevado chamado de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:14).

Do mesmo modo que o Sol do ano novo leva algum tempo para banir o frio do inverno, assim também é necessário certo tempo para que o Cristo limpe as condições adversas acumuladas em épocas anteriores a Ele. Quando consideramos que 2.000 anos correspondem a menos de um mês em um Ano Sideral, que tem aproximadamente 25.000 anos, e comparamos as condições não tão boas da atualidade com as muito piores de 2.000 anos atrás, sentimos que houve muito progresso. E o índice de melhora aumentará do mesmo modo que o grau de aquecimento aumenta à medida que realmente chegamos à “primavera”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: “Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós.”

[2] N.R.: Onde está o rei dos judeus recém-nascido? Com efeito, vimos a sua estrela no seu surgir e viemos homenageá-lo”. Ouvindo isso, o rei Herodes ficou alarmado e com ele toda Jerusalém. E, convocando todos os chefes dos sacerdotes e os escribas do povo, procurou saber deles onde havia de nascer o Cristo. Eles responderam: “Em Belém da Judéia, pois é isto que foi escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és o menor entre os clãs de Judá, pois de ti sairá um chefe que apascentará Israel, o meu povo”. Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e procurou certificar-se com eles a respeito do tempo em que a estrela tinha aparecido. E, enviando-os a Belém, disse-lhes: “Ide e procurai obter informações exatas a respeito do menino e, ao encontrá-lo, avisai-me, para que, também, eu vá homenageá-lo”. A essas palavras do rei, eles partiram. E eis que a estrela que tinham visto no seu surgir ia à frente deles até que parou sobre o lugar onde se encontrava o menino. 10Eles, revendo a estrela, alegraram-se imensamente. (Mt 2:2:10).

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Faculdades Espirituais e sua Ética

As Faculdades Espirituais e sua Ética

Muitas pessoas não se dão conta de que os homens ou mulheres com os quais nos relacionamos diariamente talvez sejam, alguns, é claro, possuidores de algum grau de Vidência. Há vários estágios de desenvolvimento espiritual dos quais constantemente ouvimos falar.

As exibições dessa faculdade geralmente são feitas por videntes negativos, pouco ou nada conhecedores das forças com as quais se põem em contato. Outras vezes essas demonstrações são realizadas por aqueles que, tendo obtido um insignificante conhecimento das coisas espirituais, “atrevem-se a pisar onde os Anjos temem voar”.

O clarividente positivamente desenvolvido sabe, por experiência, que uma única demonstração não convence ao incrédulo, servindo-lhe apenas para exigir mais uma. Um ser espiritualizado, compreendendo as forças que o cercam, nunca prostituirá seu dom com a finalidade de auferir benefícios materiais.

Jamais o empregará com propósitos banais, sabendo que poderá perdê-lo se o fizer. Nem a salvação e muito menos as evoluções podem ser compradas. Cristo curou e alimentou as multidões, mas não usou Seus poderes para fugir ao Gólgota.

É possível convivermos com um clarividente positivo sem nunca o sabermos. Ele não se identificará como tal.

Durante muitos anos certo homem foi meu sócio em vários negócios. Há pouco tempo, entretanto, é que, em uma palestra casual, descobri tratar-se de um estudante de filosofia oculta. Isto, todavia, não é de se admirar, como parece à primeira vista. Revendo os vários anos de relacionamento com esse esoterista, percebi nunca tê-lo ouvido pronunciar a menor crítica ou ofensa a quem quer que fosse. Em circunstâncias onde o ser humano comum age com intolerância, ele sempre manifestou condescendência. Sempre respeitou todas as religiões e as opiniões alheias, embora tivesse seus pontos de vista. Quando eu desrespeitava as coisas sagradas em sua presença, ele me repreendia sutil e silenciosamente.

Esse homem me intrigava e eu o interrogava o mais que podia. As respostas fluíam com simplicidade e paciência, exceto quando eu me tornava impertinente. Quando, por exemplo, eu lhe perguntava sobre sua condição de grau 33 na Maçonaria, ele imediatamente mudava de assunto. Mais tarde vim a compreender como minha pergunta era indiscreta.

O espírito possui diversos veículos Corpos Denso, Vital, de Desejos e o veículo Mente, os quais usa para adquirir experiência e evoluir. O Corpo Denso é formado de matéria deste mundo em que vivemos e, naturalmente, é visível a quem tenha os órgãos da visão perfeitos. Os outros veículos são formados de substâncias pertinentes às regiões onde têm origem.

Da mesma forma como um indivíduo portador de cegueira não pode perceber o mundo ao seu redor, o ser humano profano não distingue os corpos mais sutis nem os mundos a que se relacionam.

O grande inventor Thomas A. Edison, pouco antes de seu falecimento declarou que a ciência nos últimos cem anos fizera notáveis progressos no campo da física, mas no próximo século o grande campo de investigações seria o da metafísica; sabe-se, através de relatório elaborado pela senhora Edison, que nos últimos anos que precederam a morte de seu esposo, ele esteve ocupado em aperfeiçoar uma máquina que possibilitaria o contato com os planos espirituais. Os cientistas ocultistas afirmam que o único instrumento perfeito para tal função deve ser desenvolvido pelo ser humano e dentro de si mesmo. Edison pode ter-se enganado ao pensar em aperfeiçoar tal instrumento fora de si próprio, mas por outro lado, pode ser que fosse dotado de visão espiritual e pretendesse demonstrar sua existência àqueles que não a possuem.

Encontramos as “chaves” da clarividência positiva no desenvolvimento do corpo pituitário e da glândula pineal. O reto viver, por sua vez, é a chave desse desenvolvimento. Da mesma forma como os vários graus de visão espiritual podem ser desenvolvidos, outras faculdades superiores são suscetíveis de florescimento.

Uma delas é a possibilidade de ingressar nos planos invisíveis da natureza e neles funcionar conscientemente.

Depende da habilidade de cada pessoa, em efetuar a separação dos éteres superiores dos inferiores do Corpo Vital. Isto se torna realidade mediante uma vivência pura e amorosa, mesclada com práticas devocionais e serviço altruísta e desinteressado prestado ao próximo.

Os Éteres de Luz e Refletor formam o chamado “Vestido Dourado de Bodas”, simbolizado pela estrela dourada do Emblema Rosacruz. Constituem, nessa circunstância, um verdadeiro corpo espiritual, através do qual o Ego percorre livremente os mundos internos, enquanto o Corpo Denso jaz repousando. O indivíduo dotado de elevado desenvolvimento anímico, pode, durante o sono, utilizar seus veículos superiores para trabalhar como Auxiliar Invisível, principalmente no labor de curar os enfermos.

Muitas vezes, durante o sono, encontramos amigos ou nos achamos em lugares estranhos. Em várias ocasiões, tais experiências são consideradas como meros sonhos. Às vezes, porém, são experiências reais que muito nos impressionam quando despertos.

No primeiro estágio, o Auxiliar Invisível é inconsciente. Mais tarde, como decorrência normal de seu desenvolvimento, torna consciente. Qual o requisito básico para alguém tornar-se um Auxiliar Invisível? É simples: primeiramente deve converter-se em um Auxiliar Visível, isto é, deve servir da maneira que puder aqui no mundo material. Não há outro caminho.

Hoje em dia, com essa profusão de livros sobre ocultismo e psiquismo à venda nas livrarias, fala-se muito em sexto sentido. Um dos primeiros sinais de desenvolvimento do sexto sentido consiste na receptividade às vibrações dos planos suprafísicos. Nesta classe encontramos a maioria dos estudantes de filosofia oculta. O simples fato de serem estudantes esoteristas e aceitarem a verdade contida nos ensinamentos abraçados, demonstra sua sensibilidade às vibrações suprafísicas. O importante é desenvolverem suas faculdades espirituais sempre no sentido positivo.

(Traduzido de ‘The Rosicrucian Magazine’)
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ 04/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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