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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Companheirismo

Três mendigos desceram à Samaria; um surdo, outro cego e o terceiro, aleijado.

E enquanto iam, um disse: “Certamente sou um pecador — sendo surdo”; e o segundo disse: “Eu sou cego, certamente também sou pecador”; e o terceiro também reconhecia seus pecados, dizendo: “Por causa disso, sou um aleijado”.

Então eles se lembraram de como sempre estavam os três juntos e disseram um ao outro: “Eu posso ouvir, porque eu tenho a ti e sois como ouvidos para mim”. E o seguinte disse: “Posso ver, porque tenho a ti por olhos”. E o último disse: “Certamente vós sois os meus pés”.

Então, todos os três louvaram a Deus e se alegraram. E, ao viajarem para Samaria, encontraram alguém cuja boca estava coberta e tinha na mão um badalo, porque era leproso.

Ele ficou longe e implorou uma esmola para eles, mas eles disseram: “Nós somos mendigos e não temos coisa alguma; descemos à Samaria em busca de esmolas, pois os samaritanos são bons doadores”. O leproso gritou alto e disse: “Embora tenham nada, ainda são muito abençoados — sendo três. Mas eu sou um pecador e devo morar sem companheiros”.

Quando os três amigos ouviram isso, disseram uns aos outros: “Nós também somos pecadores, mas andamos acompanhados”. Então seu coração os atingiu com compaixão pelo solitário e com um consentimento eles o chamaram: “Todos nós somos pecadores e fomos afligidos pelo Senhor. Venha agora e seja do nosso grupo”.

O leproso se alegrou muito ao ouvir isso e disse: “Então vamos a Belém esta noite; em sonho alguém me mostrou que o Messias nasceu ali”.

A estrada para Belém era pedregosa, íngreme e a noite caiu, mas o cego conhecia o caminho.

Já era noite quando chegaram ao estábulo em Belém e temeram bater à portinhola. Já dentro, José dormia, mas Maria vigiava a criança; ela ouviu o barulho de pés e homens sussurrando, então ela se levantou e abriu a portinhola.

Um belo raio de luz jorrou na escuridão e pela portinhola Maria perguntou quem eles eram e por que tinham vindo. Eles responderam: “Somos todos pecadores e justamente afligidos pelo Senhor, porém ouvimos que o Messias nasceu e, portanto, nós viemos”. A Virgem perguntou: “Que presente trouxestes? Ninguém pode entrar aqui a não ser que traga uma oferta”.

Os mendigos baixaram os olhos e não responderam coisa alguma porque as suas mãos estavam vazias.

Maria perguntou-lhes: “Quem é o quarto homem que está um tanto afastado?”.

Os três ficaram com muito medo e prostraram-se de joelhos, clamando: “Verdadeiramente somos pecadores, porque unimos este homem, que é leproso, a nós; além disso, ele é samaritano”. Então Maria escancarou a porta, eles entraram e viram o Salvador. O cego viu; o surdo ouviu; o coxo deu um salto. Esperavam que o leproso fosse curado; mas ele havia partido. Então eles perceberam que tinha sido um Anjo do Senhor.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Água Viva lhe mostra: Você sofre porque quer, teme porque quer

No Evangelho Segundo São João 4:5-10 estudamos que Cristo-Jesuschegou, então, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto da região que Jacó tinha dado a seu filho José” e onde se achava o poço (“Ali se achava a fonte de Jacó”) de onde se tirava a água que dessedentara Jacó, sua descendência e seu gado. No versículo 6 lemos que, “fatigado da caminhada, Jesus sentou-se junto à fonte”, quando “Uma mulher da Samaria chegou para tirar água. Cristo-Jesus viu essa samaritana chegar e disse-lhe então: “Mulher, dá-me de beber”. Essa, percebendo tratar-se de um judeu, respondeu: “Como, sendo judeu, tu me pedes de beber, a mim que sou samaritana?”. Porque os judeus não se comunicam com os samaritanos. A isso respondeu Cristo-Jesus: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!”.

Preste a atenção a alguns pontos de relevante importância a respeito de sua própria vida e de toda a humanidade.

Esse foi o primeiro passo dado por Cristo em Seu Ministério, para estender fora do povo escolhido, a toda a humanidade, sua doutrina unificadora e redentora. No entanto, até hoje a maioria da humanidade abrasa na sede da insatisfação íntima e de sofrimento de toda a ordem, cuja causa única é a falta de compreensão e, sobretudo, de vivência das grandes e sempre atuais verdades contidas nas entrelinhas dos Evangelhos.

Cristo-Jesus conhecia profundamente as carências humanas quando dizia: “tendes olhos e não vedes, ouvidos e não ouvis.” (Mc 8:18). A evolução do ser humano comum é lenta. Alguns há que entram e saem da aula da vida quase no mesmo estado. Mais de dois mil anos transcorreram e se Cristo hoje voltasse ao mundo teria de dizer as mesmas coisas. Por isso afirmou que não sabia quando voltaria. Depende somente de nós…

Cumprindo a finalidade da Fraternidade Rosacruz é que vimos juntar esta exortação: “não há nada mais essencial nesta vida do que o conhecimento de nossa própria natureza e a razão de nossa existência”. A Fraternidade Rosacruz pode esclarecer integralmente, dando uma real motivação à sua vida e ajudando-o a assentar as bases da verdadeira paz e felicidade.

Quando, em 1909, foi lançado a público a obra fundamental de Max Heindel, o livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, foi justamente para lançar nova luz à má compreendida Religião Cristã, dando a chave para um entendimento racional das verdades evangélicas e sua conciliação com a vida moderna. A Filosofia Rosacruz ilumina a parábola e o simbolismo permitindo-nos penetrar-lhe a essência figuradamente exposta pelo Mestre “para os que a vissem, não a enxergassem, e ouvindo-a, não a escutassem”, isso é, oculta dos que buscam a beleza exterior, o encanto da forma e não a alma, vislumbrada apenas por quem tem amadurecimento interior.

Falamos de uma cidade e de um poço, ao lado do qual se sentou Cristo-Jesus. Falamos também da água viva, referida pelo Mestre à mulher samaritana.

Que significa cidade? Ao pé da letra e num sentido histórico, quase nenhum proveito e sentido trás. Porém, considerando esotericamente o termo, veremos tratar-se de uma parte da nossa natureza, cujos elementos nós, o Ego, busca incorporar a seu Reino. Ali existia um poço, a beira do qual, como Egos cansados da jornada, paramos para repousar. Realmente, nós, o Ego, nos estafamos na luta pela conquista da nossa “natureza inferior”, que se alimenta ainda do poço de suas tradições, de seus hábitos e desconhece o sabor da água viva, que satisfaz permanentemente nossas necessidades reais, pois somos Egos e não há como fugir dos nossos próprios reclamos. Enquanto continuamos a beber da água do poço, teremos necessidade de renascer. Só a água viva da espiritualidade poderá redimir e transubstanciar o que há de humano, espiritualizar o que há de material, eternizar o que há de transitório, conforme nos explica o apóstolo São Paulo em sua Epístola aos Efésios. Realmente, não encontramos tempo para alimentar nossa alma com coisas superiores. Não buscamos uma pausa para uma prece sentida. A vida do ser humano comum decorre numa competição febril e nervosa, cheia de preocupações, angústias, temores, ódio, astúcias, ambições e seu preço logo se evidencia nas mais variadas formas de enfermidades ou doenças modernas, que devastam o Corpo Denso, até muito antes dos cinquenta anos de idade aqui (!). Quem disse que a vida espiritual não tem fundamento prático? Não nos referimos à Religião, tal como é hoje praticada pela maioria. Nem a criticamos. A culpa é daqueles seres que se acomodaram às suas conveniências. Cristo continua em Seu lugar e continua a esperar pelo nosso entendimento e pela prática dos princípios que nos levarão à posteridade. Não há outro Caminho, não há outra Verdade, não há outra vida real senão essa: a água viva que Ele oferece a todos.

Você sofre porque quer, teme porque quer. Está em seu livre arbítrio escolher a solução. Um bom ano novo não pode cair das nuvens ou esperar contar com a sorte. Precisa ser conquistado por cada um de nós.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – janeiro/1967 – Fraternidade Rosacruz – SP)

(*) Pintura: -Jesus asks the Samaritan woman for a draft from the well-Gusatve Dore 1866-1870

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Uma Lenda Sobre a Fraternidade

Uma Lenda Sobre a Fraternidade

Três mendigos um surdo, um cego e um aleijado iam a caminho da Samaria, quando um deles disse: “Eu sou surdo, porque sou pecador”; e o segundo: “Eu sou cego, portanto, também sou pecador”; e o terceiro, da mesma maneira, dizendo-se pecador, exclamou: “Por isso eu sou aleijado”.

Então, vendo que andavam sempre juntos, um deles disse aos outros:

“Eu posso ouvir porque tenho vocês dois como meus ouvidos”.

E o outro:

“Eu posso ver porque tenho os olhos de vocês dois”.

E disse o último:

“E, certamente, vocês dois são as minhas pernas”.

Então os três louvaram a Deus e se regozijaram.

Quando eles se aproximavam de Samaria encontraram um outro mendigo, que sendo leproso, trazia a boca velada e um chocalho na mão.

Ele se manteve afastado e pediu esmola aos três, que responderam: “Nós somos mendigos, não temos nada; vamos a Samaria pedir esmolas porque os samaritanos são dadivosos”.

Então o leproso chorou e disse: “Embora não tenham nada, vocês são abençoados porque são três. Mas eu sou pecador e devo viver sem amigos”.

Quando os três amigos ouviram aquilo, um disse ao outro: “Nós também somos pecadores, mas temos companhia”.

Comovidos por esse fato, consentiram a companhia do leproso, dizendo: “Nós somos todos pecadores e tementes ao Senhor. Venha conosco”.

O leproso se alegrou muito ao ouvir isso e disse: “Vamos então para Belém, porque esta noite eu tive um sonho anunciando o nascimento do Messias”.

O caminho para Belém era pedregoso e difícil. A noite caiu. Mas o cego pôde guiá-los na escuridão.

Era noite quando alcançaram o estábulo, em Belém, e recearam em bater. Dentro, José dormia, mas Maria estava acordada, ao lado do menino. Ouvindo barulho de pés e de homens conversando, levantou-se e abriu o postigo.

Um ofuscante raio de luz brilhou na escuridão e, através do postigo, Maria perguntou quem eram e porque vieram, e eles responderam: “Nós somos todos pecadores e tementes ao Senhor, mas soubemos que o Messias nasceu e por isso viemos”. A Virgem perguntou: “Que presentes vocês trouxeram? Porque ninguém pode entrar sem ofertas.”

Os mendigos baixaram seus olhos e responderam que nada tinham para oferecer.

Maria então perguntou: “Quem é aquele homem ali ao lado”?

Então os três sentiram muito medo e se ajoelharam: “Nós somos pecadores porque trouxemos este homem conosco; ele é leproso e, além disso, um samaritano”. Então Maria abriu as portas, eles entraram e contemplaram o Salvador: o cego recobrou a visão; o surdo ouviu e o aleijado se levantou. E olharam para ver se o leproso também estava curado, mas ele desaparecera. Então perceberam que o leproso era um Anjo do Senhor.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro de 1975)

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