Muitas pessoas, que pouco ou nada entendem da Astrologia Rosacruz, ficam intrigadas e não compreendem por que um mapa astrológico – um horóscopo – oferece, em geral, certas contradições, chegando mesmo a duvidar da exatidão daquelas configurações. Porém, é preciso notar que todos possuímos características opostas de caráter, temperamento e ou outras que necessitam ser equilibradas para que se cumpra a nossa real finalidade de viver.
Para compreender essa aparente disparidade tem a considerar, antes de qualquer coisa, que os Astros (Signos, Sol, Lua, Planetas) predispõem, mas não impõem. Que existe sempre uma boa margem de livre arbítrio em que nós nos apoiamos para “dominar” os nossos Astros. Especialmente aqueles Aspectos que se processam em Signos Comuns ou Cardeais são os mais passíveis de transmutações, sendo, os Signos Fixos, em geral, indicadores das “dívidas de destino” (lições ou experiências que insistimos em não aprender em vidas passadas, preferindo seguir o caminho da transgressão), marcando, portanto, aqueles acontecimentos quase irremovíveis, enquadrados no Destino Maduro. São contas a saldar de erros anteriores, especialmente de reincidências e que nós mesmos escolhemos na nossa última estada no Terceiro Céu, quando escolhemos o panorama dessa vida aqui.
Cada Aspecto adverso – Quadratura, Oposição e algumas Conjunções e Paralelos – assinala uma experiência a viver para adquirir conhecimento das consequências de alguma falta cometida dentro daquelas direções, porém são passíveis de “cura”. Assim também, cada Aspecto benéfico – Sextil, Trígono e algumas Conjunções e Paralelos – marca os pontos básicos em que nós poderemos nos apoiar para desfrutar nossos merecimentos, encontrando neles, também, forças para sobrepor-se aos pontos não redimidos do nosso caráter, assinalados nos Aspectos adversos. Isso porque o propósito da vida não é a felicidade, como muita gente supõe, mas adquirir experiência, aprender as lições, evoluir para frente e para cima. Tanto que quando negligenciamos na correção de algum erro assinalado nas Quadraturas, Oposições e algumas Conjunções e Paralelos do nosso horóscopo, cedo ou tarde teremos que prestar contas ao certo, à Verdade, por meio da doença, da enfermidade e do sofrimento.
Com conhecimento de causa, podemos abrandar muito as consequências nefastas de um horóscopo com Aspectos adversos. Quando não, há ainda a possibilidade de “vencermos” nossos Astros por meio da compreensão aceitando a chamada “adversidade” que deles parece advir, como consequência natural de nossas próprias deficiências. Nesse particular, um gesto de abnegação, uma atitude de conformidade com aquilo que sabemos já não poder ser de outra maneira, será a solução para pagarmos a “dívida de destino”, aprendermos a lição, sublimá-la como bom hábito e se esforçar para criar a virtude, oposta ao vício, ao erro: “lição aprendida…ensino suspenso”!
Um chamado “bom horóscopo” em que a maior parte das configurações apresenta-se em Sextis, Trígonos e algumas Conjunções e Paralelos, na verdade, sob o ponto de vista espiritual, dificilmente proporcionará o mesmo estímulo e as mesmas oportunidades para avançarmos em nossa própria evolução, ao contrário de um “horóscopo difícil”, pontilhado de Aspectos não redimidos, obrigando-nos a um maior esforço para vencer os nossos Aspectos adversos revelados pelas Quadraturas, Oposições e algumas Conjunções e Paralelos, ou a sofrer quando nos negarmos a esse esforço, mesmo que seja por ignorância dos fatos. Então, teremos mais possibilidades de redimir nossos Astros, redimindo-se a nós mesmos!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – agosto/1976 – Fraternidade Rosacruz – SP)