O assunto deste artigo foi retirado de pensamentos contidos nas seguintes passagens da Primeira Epístola aos Tessalonicenses (4-11): “Mas, irmãos, nós vos rogamos para que procureis estar quietos e tratar dos vossos próprios negócios”; e do Evangelho Segundo São Lucas (2-49), “Cristo Jesus disse: ‘Não sabeis que devo tratar dos negócios de meu Pai?’”.
Na vida de todo buscador sincero da verdade, como o é o Estudante Rosacruz, após o primeiro entusiasmo do despertar para suas possibilidades espirituais e da admiração por sua alegria recém-encontrada, chega um período de depressão em que tudo parece falhar e uma sombra de desânimo, quase uma falta de fé, parece se espalhar sobre ele. Em sua Mente surgem questionamentos, a princípio fugazes, depois cada vez mais persistentes: “Afinal, essa grande mudança que ocorreu em minha vida vale o esforço que fiz para abrir mão de velhos ideais e condições e remodelar minha vida? Essas novas ideias são práticas? Ou são meros sofismas efêmeros que falham em minha hora de necessidade? E tudo que já ouvi na Fraternidade Rosacruz, não são advindos de seres humanos cheios de fragilidades como eu, sem algo para me dar que eu já não tenha?”.
Um grande medo o possui de que as condições o derrotem e o obriguem a retomar a velha rotina de sua vida anterior, sem esperança e sem poder entrar em contato com o poder espiritual que o sustentou no início. Todas as suas belas experiências de alma, observadas a partir deste “Pântano do Desespero”[1], agora parecem ter sido apenas imaginações fantásticas e o grito surge: “Qual é a utilidade de toda essa luta?”. Nesse ponto, a menos que algum entendimento da Lei de Deus seja apreendido, o buscador está prestes a retroceder, a repudiar todas as boas resoluções e votos que fez ao seu “Eu Superior” e, como o ser humano de quem o espírito impuro foi expulso, ele então traz para si outros sete espíritos[2] imundos de preocupação, dúvida, medo e desânimo: seu último estado é pior do que o primeiro.
Se ele se voltar para o Salmo 23, encontrará: “Sim, ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum”. Este “Pântano do Desespero” é de fato o “vale da sombra da morte”, um vale que está entre duas alturas e, se ele persistir em subir e descer o vale por falta de coragem de tentar alcançar a altura mais adiante, a sombra irá descer e envolvê-lo.
Confiando na Lei de Deus para corrigir as faltas dos outros, você perceberá a alegria que vem de tal conquista e quando parar de se preocupar, será como um fardo físico rolando dos seus ombros.
(Publicado no Echoes de Mount Ecclesia, nº 3 de 10 de agosto de 1913 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: O “Pântano do Desespero” é um pântano fictício e profundo da obra de John Bunyan, The Pilgrim’s Progress, no qual o protagonista Christian afunda sob o peso de seus pecados e seu sentimento de culpa por eles.
[2] N.T.: Lc 11:24-26