Conta-se a história de uma vila que sofreu uma seca prolongada. Seus habitantes resolveram um dia se reunir em um descampado para orar pedindo chuva. No tempo marcado todos compareceram, com exceção de uma menina.
Pouco depois ela foi vista correndo ao encontro dos outros. Ela atrasou-se porque tinha voltado a casa para apanhar um objeto que ninguém mais julgara necessário: um guarda-chuva.
Com que frequência, nós, como todos os habitantes daquela vila, deixamos nossa fé ficar em estado passivo?
Podemos definir a fé como o reconhecimento das realidades espirituais e dos princípios morais como sendo da mais alta autoridade e de supremo valor.
Quem, entre nós, poderia desprezar a importância da fé na prece para obter a cura espiritual? Quais seriam nossas palavras, se tivéssemos de descrever o nosso sentimento interior enquanto oramos ao nosso Pai Celestial pedindo cura a espiritual?
Estamos indiferentes ou esperançosos, serenos em nossa fé que Deus ouvirá nossa prece? Todos sabemos, por certo, que tal estado de letargia interna, enquanto oramos, jamais “moverá montanhas”:
A fé é sempre ativa, completa em si mesma; não é atuada nem afetada por nenhuma força, nem agente exterior, levando em si mesma sua própria força a matriz.
Max Heindel em seus escritos, lembra-nos o aviso de São Tiago, 2:17-18: “Assim também a fé se não tiver obras, é morta em si mesma. Dirá, então, alguém: ‘Tu tens a fé e eu tenho as obras: mostra-me a tua fé sem obras e eu, pelas obras, te mostrarei a minha fé'”.
Em todos os casos em que Cristo curou alguém, essa pessoa deveria fazer alguma coisa; tinha de cooperar ativamente com o Grande Curador, antes que sua cura se efetivasse. Em um caso, Ele disse: “Estende tua mão” e quando o homem assim fez, sua mão ficou curada. Em todos os casos houve cooperação ativa da parte daquele a ser curado. Eram obrigações simples, mas assim mesmo, teriam de ser cumpridas para que o espírito de obediência auxiliasse no trabalho de cura.
Atualmente essa cooperação ativa é tão necessária para quem espera a cura espiritual, como o foi no tempo de Cristo. Nosso serviço no Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz solicita àqueles que pediram alguma cura, ou seja, que se inscreveram no Departamento de Cura (Formulário para Solicitação de Auxílio de Cura) a cooperar, ajudando aos que estão no seu entorno (sempre há algo que se pode fazer, no mínimo uma oração), dando-lhes sugestões acerca de hábitos salutares e pensamentos construtivos, pois as Leis de Deus devem ser cumpridas em todos os planos. Outra atividade que o “paciente” de um Departamento de Cura deve fazer é escrever (sempre com caneta à base de tinta nanquim LÍQUIDA ou “pena mosquitinho” que você molha em um recipiente com tinta LÍQUIDA nanquim), semanalmente, relatando o andamento da cura – enviando-o junto com as “assinaturas mensais” –, pois tais relatórios fornecem aos Auxiliares Invisíveis a chave das necessidades do “paciente” e servem, particularmente, para serem por eles usados. Se houver descontinuidade no envio das “assinaturas mensais”, o trabalho de cura é interrompido imediatamente. Por fim, mas não menos importante, durante o tempo em que alguém estiver em um Departamento de Cura de um Centro Rosacruz é da maior importância que se conserve em um estado interior de fé ativa, que o mantenha esperançoso da cura tão desejada e que foi pedida.
Não sejamos como aqueles que foram ao campo orar pedindo chuvas, mas com as mãos vazias; sejamos como a menina que levou consigo o guarda-chuva, símbolo exterior da sua brilhante fé interior.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – novembro/1985 – Fraternidade Rosacruz-SP)