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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Falsa Piedade que muitos têm nessa vida

A Falsa Piedade que muitos têm nessa vida

A imagem que uma cultura projeta de si mesma é apenas aquela que ela gostaria de merecer, sem qualquer compromisso com a sua realidade interna. A mesma civilização que diz estimar os animais domésticos, massacra diariamente outros animais como bois, frangos, porcos e peixes — de maior porte e de menor porte e tão merecedores de respeito quanto os demais — em nome das proteínas que precisa assimilar ou do confessado prazer que sua carne proporciona à mesa, e também, o uso de cintos, calçados, vestuário, cosméticos, remédios e de tantos outros produtos que usamos, à custa da morte dos animais.

Graças a informação, hoje é muito fácil saber se determinado produto ou vestuário é feito com alguma parte de um animal ou se algum animal é utilizado no processo de produção ou de experimentação. A decisão passa a ser nossa!

O método de abate usado no Brasil para matar o gado, por exemplo, que é vendido a peso de ouro nos açougues são sabidamente cruéis e violentos. O abate humanitário torna inconscientes os animais, previamente à sangria. O medo e a dor causados na hora da morte “provocam a formação de toxinas no organismo desses animais, e o acúmulo de ureia no sangue”. O fenômeno estaria relacionado — embora não haja prova cabal disso — com o surgimento de alguns tipos de câncer e reumatismo no ser humano. A invasão dos corpos mortos por micro-organismos dependeria de vários fatores, inclusive do método pelo qual o gado foi sacrificado. Só quando a morte é indolor, imperceptível e instantânea torna-se possível evitar a formação de determinadas toxinas.

O abate é feito, principalmente, pelo seccionamento dos grandes vasos sanguíneos do animal, sem qualquer insensibilização. O processo é comum no caso de ovelhas, bezerros, carneiros e porcos. Suspensos, de cabeça para baixo, são levados pelo trilho até o local da matança, onde está à sua espera o magarefe e seu afiado facão. Até que a hemorragia termine, o animal permanece consciente, sofrendo dores e medo atrozes.

O gado de grande porte é atordoado antes da sangria, com uma pancada na cabeça. Como o animal está inquieto, o golpe costuma errar o alvo, provocando mutilações. Outro modo de abate é o uso de eletronarcose — uma pinça elétrica que faz o animal perder totalmente os sentidos, antes que se inicie a carnificina.

O contato com essa realidade de todo dia é desagradável, mas é através de impressões semelhantes que percebemos fatos que preferimos ignorar, e pelos quais somos solidariamente responsáveis. Precisamos ver o quanto é insincero nosso apregoado amor pelos animais. Frequentemente, ele não passa de necessidade de companhia, de mera identificação, de pura exibição de humanitarismo, ou é pretexto para ostentar um animal de raça. Se as pessoas que afirmam amar os animais fossem coerentes, elas pelo menos estariam preocupadas com o que acontece nos matadouros — e não considerariam esse tipo de preocupação irrelevante ou romântica. O lugar-comum segundo o qual “enquanto há pessoas passando fome no mundo não se explica esse cuidado com os animais” exprime muito bem a hipocrisia desses espíritos humanitários em cujo coração só há lugar para uma piedade limitada e circunscrita.

Os dietistas não chegaram a nenhuma conclusão, ainda, sobre a necessidade humana de ingerir carne com frequência, e talvez não cheguem nunca. As controvérsias desse tipo são mero passatempo, muitas vezes. A carne dos cardápios é necessidade, prazer ou vício? O ser humano é basicamente carnívoro ou seu organismo simplesmente suporta bem a carne? Sua arcada dentária e o comprimento do seu intestino não indicariam que ele se alinha entre os vegetarianos, como há muitos na natureza? Esses são alguns aspectos da questão. Restam outros, como a moralidade de matar animais continuadamente, em nome de uma cota mínima de proteínas que sua atividade — a do ser humano — não justifica de maneira alguma. Esse é um tema que não pode ser deixado unicamente aos cientistas, porque envolve valores que estão além de todo enfoque científico.

A humanização do abate dos “animais de corte” é uma tentativa de tornar menos indecente o morticínio. Por ser antiga, a questão não perdeu sua seriedade e sua importância. Se há interesses econômicos em jogo nos processos de matança dos abatedouros, pior para os interessados, que se envolveram num negócio desumano, sádico e brutal.

O ângulo mais interessante nessa história é, naturalmente, a imagem que a cultura — no sentido antropológico da palavra — tenta preservar, exigindo respeito à vida de alguns animais e justificando plenamente a destruição lenta e cruel de outros. Essa contradição, uma mais entre tantas, é evidente demais para ser ignorada. Quando o dono de um matadouro, por exemplo, protesta contra a captura de cães e gatos vadios nas ruas, sua revolta tem a aparência de sinceridade, mas há um paradoxo intenso em seu comportamento. O que é que os cães possuem que os bois, os porcos, os frangos e os peixes também não têm? Será possibilidade de domesticação dos primeiros pelo ser humano? Essa ternura que o caso desperta não será apenas resultado de sua identificação com o ser humano? Essas questões, que a alguns parecem bizantinas — o que é um modo de não pensar no assunto —, podem conduzir a um conhecimento melhor dos indivíduos. À medida que esse conhecimento ocorrer, é possível que as contradições deixem de ser tão frequentes, e a violência contra todos os seres vivos possa ser evitada, em benefício de todos; cães, gatos, bois, porcos, frangos e peixes e do próprio agressor, o ser humano.

Não podendo criar sequer uma partícula de barro, não temos o direito de destruir a forma mais insignificante. Todas as formas são expressões da Vida Divina. Una por excelência. Grave transgressão alguém comete quando destrói uma forma através da qual a vida procura se manifestar e evoluir. Quem assim procede estará contraindo pesada dívida ante a Lei de Consequência. De seu resgate não poderá fugir impunemente.

O fato de questões como essa de como abater a alguns parecerem bizantinas, revela o quanto a humanidade tem a aprender. É óbvio que é insincero o amor do ser humano pelos animais, porque contraditório em suas bases. Enquanto demonstra apreço pelos animais domésticos, abate impiedosamente outros, alegando necessidade alimentar. É uma atitude discriminatória e ignorante. Afinal, o mesmo sopro de vida anima uns e outros. Não há diferença.

A mesma civilização, vigilante na preservação de padrões éticos, omite-se ou faz vistas grossas à imoralidade do carnivorismo. Permite e oficializa métodos de abate requintadamente cruéis. Essa verdadeira apologia à violência atinge, como destino maduro – aquele que não há como expiar, mas só sofrendo para pagar tal dívida –, a todos aqueles direta ou indiretamente envolvidos, ou seja, magarefes, comerciantes e consumidores. Todos têm “culpa no cartório”. E, de uma forma ou de outra, deverão responder pela falta cometida.

Está aqui mais uma das tantas contradições humanas, tomando como exemplo a matança de animais e o consumo de sua carne.

Muitas vezes para alguns de nós as palavras nem sempre bastam para explicar a questão do ser vegetariano, tendo como argumento (ainda que não seja o único, nem o mais importante) a crueldade praticada com os nossos irmãos menores animais (mamíferos, aves, peixes e qualquer ser do reino animal – veja detalhes no livro O Conceito Rosacruz do Cosmos).

Ainda mais quando muitos acham que é “só não comer carne”. Longe disso: uso de quaisquer coisas que utilizem como insumo o material advindo de animais, incluindo aqui vestuários, calçados, remédios, produtos testados em animais e outros “segmentos” que muitos nem conhecem, mas tem acesso a informação para conhecer.

Nesse sentido, além do famoso filme “A Carne é Fraca” do Instituto Nina Rosa, temos também a disposição: DOMÍNIO (Dominion) (no Youtube) de Chris Delforce, sobre exploração de animais que nem imaginamos e que vai muito além do “não comer carne”; CACHORROS (Pedigree Dogs Exposed), no Vimeo, (muito bom para entendermos como estamos fazendo mal em tratar “cachorro como ser humano e não como animal” e para quem até trata o seu “pet” como “filho da mamãe”, “filho do papai”, “meu filho de 4 patas”), TESTES EM LABORATÓRIOS, também do Instituto Nina Rosa, no Youtube, que nos faz repensar sobre o que utilizamos como cosméticos, remédios e outros produtos “disfarçados” e que são de corpos dos nossos irmãos menores; e, por fim, SAÚDE (What The Health) de Kip Andersen e Keegan Kuhn, no Netflix e Youtube.

Considere que comer ovo e leite passa por você saber a origem e essa ser de galinhas e vacas que produzem dentro do seu natural e são alimentadas com alimentação também natural. Se não se sabe ou não tem acesso, então, não coma e substitua por outros produtos.

Alimentação vegetariana processada é tão ruim como carne processada!

Se, como Estudantes da Fraternidade Rosacruz, aspiramos ser eficazes colaboradores, como Auxiliares Invisíveis, mantenhamos o nosso Corpo o mais puro possível também no quesito alimentação além de praticar de fato e em toda a sua extensão, o “vivei e deixai viver”.

(Publicada na Revista Serviço Rosacruz – 01/1978 com adições da Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP)

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