Por Corinne Heline
CAPÍTULO II – SEGUNDA SINFONIA – RÉ MAIOR – OPUS 36
Esta Sinfonia é música que transpira serenidade, beleza, jovialidade e coragem.
Philip Hale em “Boston Symphony Notes”
A segunda das Nove Sinfonias foi apresentada pela primeira vez em Viena em 5 de abril de 1803. Sua nota espiritual é Amor. O número dois expressa o feminino ou o princípio materno de Deus. Esse princípio se manifesta como amor supremo, poder que anima toda a Sinfonia, conferindo à música tal beleza e doçura que muitos devotos das Sinfonias de Beethoven declararam ser a mais bonita de todas. A proteção aconchegante do espírito materno brota em alguns de seus movimentos. Em outros, o espírito do sacrifício, inseparável do amor materno, encontra expressão em certas melodias ternas. O scherzo transpira felicidade tão refinada que é como uma brisa de ar perfumado. Tem o efeito de elevar e refrescar um espírito desanimado.
A surdez crescente de Beethoven serviu para livrá-lo das distrações do mundo físico, de modo que ele deve ter captado as harmonias celestiais que estão sempre vibrando através do nosso cosmos ordenado.
A qualidade tonal da Segunda Sinfonia é cheia de cores orquestrais que conferem à sua música uma qualidade e uma luminosidade desde o início até o final.
O primeiro movimento produz um efeito de um brilhante nascer do Sol. O larghetto[1] soa em cores suaves como um variado jogo de luz e sombra numa superfície clara. O scherzo brilha e faísca em júbilo vivaz e beleza, explodindo em contrastes dinâmicos no finale.
Sob apelos melódicos delicados e um tom de esplendor, essa Sinfonia está cheia de “episódios ousados” com insinuações de outros mundos e ecos tênues que confundiram os críticos da época.
Esse movimento, com suas súbitas explosões de acordes e modulações caprichosas, foi severamente criticado pelos revisores do tempo de Beethoven, mas foram também eles que reconheceram seus efeitos tonais como verdadeiramente magníficos. Beethoven sempre trabalhou dentro de estrutura de espaços ilimitados.
Berlioz, em seu comentário sobre essa Sinfonia, afirma que “o andante é uma canção pura e franca… cujo caráter não é removido do sentimento de ternura que forma o estilo nítido da ideia principal. É uma figura encantadora”, ele continua, “de prazer inocente que é dificilmente obscurecida por uns poucos acentos melancólicos”. Berlioz então descreve o scherzo como “francamente alegre na sua fantástica volubilidade como o andante foi completo e serenamente feliz; pois essa Sinfonia está sorrindo o tempo todo; as explosões do primeiro allegro estão totalmente livres de violência; há só o ardor juvenil de um nobre coração no qual as mais bonitas ilusões da vida são preservadas imaculadas. O compositor ainda acredita em glória imortal, em amor e devoção. Que naturalidade em sua jovialidade… É como se você estivesse vendo os esportes mágicos dos espíritos graciosos de Oberon[2]”.
“O ‘finale’, ele acrescenta, “é da mesma natureza”. “Um segundo scherzo em binário e sua jovialidade tem talvez algo ainda mais delicado, mas picante.”
Depois de uma das primeiras apresentações dessa Sinfonia em Leipzig[3] em 1804, um crítico de discernimento maior que o contemporâneo asseverou que era uma composição de ideias tão boas e ricas que permaneceria viva e que “sempre seria ouvida com renovado prazer mesmo quando mil coisas que hoje estão em moda estivessem enterradas”.
Como essa Sinfonia foi escrita sob circunstâncias de uma natureza depressiva, em virtude de enfermidades físicas que o compositor sofria e as notícias esmagadoras sobre Guilietta Guicciardi[4], uma aluna por quem tinha se apaixonado e que se casara com o Conde Gallenberg, os críticos não deixaram de comentar a contradição entre o sentimento pessoal melancólico do compositor e a música jovial e adorável que ele escreveu em sua Segunda Sinfonia.
A resposta à questão feita por essa circunstância é geralmente dada por um comentarista que concluiu que “em vista da tragédia daquele verão, esta Sinfonia deve talvez ser vista como um escape”.
Se Beethoven tivesse vivido para fins pessoais, tal explicação seria, com toda a probabilidade, completamente verdadeira. Mas Beethoven viveu para servir a objetivos universais e impessoais. Ele dedicou sua vida para trazer para a humanidade a cura e as forças redentoras da beleza através da mais elevada de todas as artes, a arte da música. Beethoven foi um Ego titânico funcionando dentro das limitações de uma forma pessoal. Quando ele se entregou para trazer do Mundo celeste suas comunicações musicais inspiradas, sua consciência ascendeu a níveis onde o que é puramente pessoal se perde no universal. Daí, concluímos sobre o caráter de Beethoven e sobre o propósito espiritual que, no caso da composição da Segunda Sinfonia, a alegria e o amor que ela irradia não é o resultado de um esforço desesperado da vontade de escapar da sua provação pessoal e atribulação, mas a renúncia às suas preocupações pessoais, sejam elas de natureza pesarosa ou de natureza exultante de alegria, a transmissão impessoal daquilo que o mundo do som era capaz de conferir ao homem através de um Ego qualificado para servir com tão exaltada capacidade.
Marion M. Scott[5], em “Master Musicians Series”, observa, com relação à Segunda Sinfonia, que, enquanto Beethoven andava nas campinas de Heiligenstadt[6], sua Mente perambulava pelos Campos Elíseos[7]. Em outras palavras, enquanto sua Personalidade estava andando aqui, na Terra, seu “Eu superior” estava voando lá em cima, nos Céus. Foi então que ele viu, nas palavras de Marion Scott, “como acontece nas cadeias de montanhas além do mar e nas cadeias de montanhas intermediárias uma radiante visão das montanhas distantes no horizonte – ele viu a Alegria”. Aquela visão, ele nos deixou na Segunda Sinfonia.
Como previamente foi dito, o tema principal da Segunda Sinfonia é Amor. Do amor brota confiança, serenidade, alegria e aquela grande paz que ultrapassa a compreensão. Todas essas qualidades são lindamente expressas através da Sinfonia que conclui na nota triunfante de que o Espírito é supremo e que é possível para ele permanecer liberto e intocado por todas as desarmonias e desilusões do mundo externo. Emerson[8] expressou isso muito apropriadamente quando escreveu: “É só o finito que tem trabalhado e sofrido; o infinito descansa em repouso sorridente”. Essa é a mensagem inspiradora da Segunda Sinfonia.
SEGUNDA INICIAÇÃO
A Segunda Iniciação está conectada com o segundo envoltório da Terra chamado de Estrato Fluídico. Nele, estão refletidas as forças harmoniosas e pulsantes da Região Etérica do Mundo Físico. O trabalho dessa Iniciação tem a ver com o segredo dos Éteres, incluindo os seres que habitam essa Região. Neles, estão incluídos os Espíritos da Natureza que fazem muito para embelezar a Terra. A Região Etérica do Mundo Físico transcende a esfera de escuridão e morte. Aqui o ser se move em luz perpétua e numa região de vida imortal.
Existem quatro Éteres com os quais estamos relacionados. Os dois Éteres inferiores estão relacionados com a nossa vida no plano físico, na Região Química do Mundo Físico; quanto mais terreno for o nosso caráter, mais densos são estes dois Éteres no nosso Corpo Vital. Os dois Éteres superiores se relacionam com as nossas atividades espirituais e estéticas. Têm a ver com nossas faculdades superiores. Por isso, quanto mais sensível a nossa natureza, mais nos tornamos orientados para o desenvolvimento espiritual e mais rápido é o nosso avanço no caminho.
São Paulo se referiu ao nosso corpo como o Templo do Deus vivo. Os dois pilares que apoiam esse templo são os dois sistemas nervosos, o cérebro-espinhal e o simpático. Esses dois sistemas estão diretamente relacionados com as Iniciações. Diz-se que, nestes tempos caóticos e incertos, a grande maioria da humanidade está afetada de certa maneira por desajustamentos nervosos. Isso é porque nós não aprendemos a adaptar corretamente a nossa vida e as atividades ao fluxo e refluxo das forças etéricas. Quando entendermos essas forças internas e vivermos mais em harmonia com as leis que governam os planos Etéricos, nos tornaremos sensíveis e receptivos a essa bela e sutil influência. O corpo humano do futuro será enormemente diferente do que é hoje. Possuirá faculdades de tal ordem que dificilmente são imaginadas no presente.
O primeiro movimento com suas súbitas explosões de acordes caracteriza a Hierarquia dos Anjos, que é especialista na manipulação das forças Etéricas. Os Anjos, que prestam auxílio à Terra, entram em contato com ela através do plano Etérico. Embora estejam presentes no espaço que a envolve, sua presença não é sentida por causa da falta de visão Etérica. Essa oitava superior da visão se tornará bastante comum no curso da Era de Aquário. Uma maravilhosa irmandade e um companheirismo serão então estabelecidos entre os Reinos de Vida Humano e dos Anjos.
Na terna beleza e delicadeza, na doçura e pureza de muitas passagens dessa Segunda Sinfonia, Beethoven descreve algo da sublimidade dessa Região e a beleza e luz dos seres angélicos que a habitam.
Novamente citando o Sr. Scott, “Havia em Beethoven algo que transcendia a ética de Ésquilo[9] e Sófocles[10] – algo que o colocava ao lado do cego Homero[11] e Virgílio[12] cujos altos pensamentos refletiam o brilho de algum dia misterioso que ainda não chegou”. Como eles, ele podia passar pela tragédia para um conhecimento maior além, onde nascimento e morte, alegria e sofrimento são só lados diferentes da mesma moeda dourada da vida cunhada por Deus na eternidade.
O grande poder espiritual das Iniciações aumenta com cada grau ascendente. Na gloriosa música da Segunda Sinfonia, soa um eco e uma repetição desse eco daquela força espiritual que só atingirá sua perfeição e plenitude na música da Nona Sinfonia.
Beethoven se inspirou nas montanhas durante a composição dessa Sinfonia. Os picos mais altos que ele frequentemente contemplava com enlevo podem bem ser vistos como um reflexo físico do elevado reino espiritual no qual seu espírito era envolvido em êxtase, quando ele se empenhava em transcrever em música o elevado significado das Iniciações.
Na Segunda Iniciação, entramos na Região Etérica para estudar os mistérios das flores e das plantas e o ministério dos Anjos conectados com elas. A peculiar doçura da Segunda Sinfonia é fragrante com esses segredos raros.
Com a aproximação da Nova Era, nos tornaremos cada vez mais Clarividentes. Isso revelará um fascinante mundo novo. Seremos capazes de observar a vida e as atividades dos Espíritos da Natureza e, também, a dos mensageiros angélicos que dirigem e supervisionam nossas atividades através de todo o Reino de Vida Vegetal. Como resultado desse desenvolvimento, a botânica se transformará em uma das mais interessantes de todas as ciências.
Um dos mais fascinantes aspectos da botânica da Nova Era será a experimentação que lida com os efeitos do pensamento humano concentrado sobre a vida e o crescimento do Reino de Vida Vegetal. Algumas experiências importantes nesse assunto estão sendo conduzidas no mundo todo. Seus resultados certamente serão enormemente importantes e muito mais abrangentes do que podemos prever agora. Significará expansão de fronteiras em termos de consciência humana e uma amplitude de sua esfera de vida.
[1] N.T.: andamento musical moderadamente lento (60-66 BPM – batidas por minuto). Menos lento que o largo (40-60 BPM – batidas por minuto).
[2] N.T.: Oberon ou Oberão é o rei dos elfos, é um dos principais personagens de William Shakespeare, aparecendo em sua obra Sonhos de Uma Noite de Verão. Esposo de Titania.
[3] N.T.: é uma cidade independente do estado da Saxónia na Alemanha.
[4] N.T.: ou Julie Guicciardi (1784-1856) foi uma condessa austríaca e brevemente aluna de piano de Ludwig van Beethoven. Ele dedicou a ela sua Sonata para Piano nº 14, mais tarde conhecida como Sonata ao Luar.
[5] N.T.: Marion Margaret Scott (1877-1953) foi uma violinista, musicóloga, escritora, crítica musical, editora, compositora e poetisa inglesa.
[6] N.T.: Heiligenstadt foi um município independente até 1892 e hoje faz parte de Döbling, o 19º distrito de Viena. Nos meses de verão, Heiligenstadt era um ponto turístico. Ludwig van Beethoven viveu lá de abril a outubro de 1802, enquanto enfrentava sua crescente surdez. Foi um momento difícil para o compositor.
[7] N.T.: A Avenue des Champs-Élysées é uma prestigiada avenida de Paris, na França.
[8] N.T.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um famoso escritor, filósofo e poeta estadunidense.
[9] N.T.: Ésquilo foi um trágico grego antigo e, muitas vezes, é descrito como o pai da tragédia.
[10] N.T.: Sófocles (497 ou 496 A.C.- 406 ou 405 A.C) foi um dramaturgo grego, um dos mais importantes escritores de tragédia ao lado de Ésquilo e Eurípedes, dentre aqueles cujo trabalho sobreviveu. Suas peças retratam personagens nobres e da realeza.
[11] N.T.: Homero foi um poeta épico da Grécia Antiga, ao qual tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada e Odisseia.
[12] N.T.: Públio Virgílio Maro ou Marão (70 A.C.-19 a.C.) foi um poeta romano clássico, autor de três grandes obras da literatura latina, as Éclogas (ou Bucólicas), as Geórgicas, e a Eneida.
*****
Aqui a Segunda Sinfonia em MP3:
Por Corinne Heline
BEETHOVEN – O HOMEM
O que segue é a descrição de Beethoven por um amigo do grande compositor, transcrito por Ernest Newman em seu livro intitulado “O Inconsciente Beethoven”[1]:
“Um grupo de amigos estava em um restaurante quando Beethoven entrou. Era um homem de média estatura com cabeça típica do Signo de Leão, cabeleira comprida e grisalha e olhos brilhantes e penetrantes. Ele se moveu como num sonho e sentou-se com olhar atordoado. Ao falarem com ele, levantou suas pálpebras como uma águia que acorda assustada e esboçou um sorriso triste. De vez em quando, tirava um livro de seu casaco e começava a escrever. Um dia, alguém perguntou o que ele estava escrevendo: ‘Ele está compondo, mas escreve palavras e não notas musicais. A arte se tornou uma ciência com ele e ele sabe o que pode fazer. Sua imaginação obedece à sua insondável reflexão.’”.
“Para um amigo íntimo, Beethoven uma vez descreveu seu método de trabalho: ‘Eu carrego minhas ideias comigo por longo tempo antes de escrevê-las. Minha memória é tão precisa que tenho a certeza de não esquecer um tema que me vem à mente mesmo no decorrer de vários dias. Eu o altero muitas vezes até ficar satisfeito e, então, começa o trabalho em minha cabeça. Como já estou consciente do que quero, a ideia fundamental nunca me abandona, ela sobe, ela cresce. Eu vejo diante de minha Mente a imagem em toda a sua extensão, como se estivesse numa simples projeção e nada deixa de ser feito a não ser o trabalho de escrever. Isso caminha de acordo com o tempo que tenho para escrevê-la, pois, às vezes, tenho vários trabalhos para fazer ao mesmo tempo, mas nunca confundo um com outro’. (…) Beethoven foi mais do que um simples músico. Foi um super-homem… Sua riqueza de ideias o coloca ao lado de Shakespeare e de Michelangelo, na história do espírito humano… Suas sinfonias[2] são para ele o que o Sermão da Montanha é para a vida de Cristo Jesus; suas sonatas são a luta interna de Cristo Jesus no Jardim de Getsemani.
(…) Beethoven foi o Titã[3] do mundo musical. Outros músicos famosos podem ser comparados uns com os outros, mas Beethoven não tem comparação. Ele está sozinho. Ele foi o Prometheus[4] que foi erguido para trazer para nós a música espiritual do céu – música que cativa e encantará a humanidade enquanto o mundo existir. Este foi Beethoven.” [5]
PRÓLOGO
“Diante da Sinfonia de Beethoven, nós estamos frente a um marco de um novo período na história da arte universal, pois, através dela, apareceu um fenômeno raríssimo no mundo da arte musical de todos os tempos.”[6]
Ludwig Van Beethoven nasceu em Bonn, Alemanha, em 16 de dezembro de 1770. Ele veio à Terra com uma missão definida. Citando as palavras de Johan Herder[7] em seus estudos filosóficos da História da Humanidade: “Deus age sobre a Terra por intermédio de seres humanos superiores escolhidos.”
Beethoven não nasceu para uma vida de facilidade e felicidade. Como a maioria das almas avançadas, desde a juventude, ele foi “um homem cheio de tristeza e familiarizado com a desgraça”, pois geralmente estava em pobreza desesperadora, cercado de pessoas incompatíveis e ambiente desarmônico. Ele disse para si mesmo: “Eu não tenho amigos, tenho que viver só; mas sei que em meu coração Deus está mais perto de mim do que de outros. Eu me aproximo d’Ele sem medo e sempre O conheci. Também não estou preocupado com minha música, que possa ser levada por um destino adverso, pois ela libertará aquele que a compreenda da miséria que aflige outros”.
O gênio musical de Beethoven tornou-se evidente muito cedo. Ainda bem jovem, ele foi mandado para Viena onde estudou por algum tempo. Fez sua primeira apresentação naquela cidade em 1795, tocando seu concerto para piano em si bemol maior.
“Na meia idade”, escreve Charles O’Connell[8] no livro Victor Book of the Symphony, “numa época em que o republicanismo era uma traição, ele ousou ser republicano, mesmo quando recebia o apoio de cortesãos e príncipes. Quando ser liberal era ser herege, ele viveu uma grande religião de humanista sem desrespeitar a ortodoxia estabelecida. Quando aristocratas perfumados olhavam de esguelha sua figura atarracada, de maneiras grotescas, traje ridículo, ele reagia rispidamente à mesquinhez. Grande demais para ser ignorado, pobre demais para ser respeitado, excêntrico demais para ser amado, ele viveu, uma das mais estranhas figuras em toda a história.”
“A tragédia o seguiu como um cão. Ficou surdo e seus últimos anos foram vividos num vazio de silêncio. Silêncio! De onde tirava os sons que o mundo todo adorou ouvir e ele deve ter ouvido antes de todos!”.
No início da civilização, as Iniciações foram instituídas com o propósito de nos ensinar sobre nossas faculdades e poderes latentes, de modo a nos capacitar para investigar a vida e o trabalho dos Mundos superiores, sobre os nossos veículos mental e espiritual e sobre a Terra.
Muitos clássicos literários contêm informação relativa às Iniciações, por exemplo, a Divina Comédia[9] de Dante[10] e o Paraíso Perdido e Recuperado[11] de Milton[12]. Beethoven os descreveu musicalmente em suas Nove Sinfonias.
O caminho da Iniciação conduz a uma investigação das maravilhas e glórias que pertencem aos planos internos deste Planeta. Nós somos muito mais do que um Corpo como é visto pelos olhos físicos. Somos compostos de outros veículos sutis que se interpenetram e, também, se estendem além da periferia do Corpo Denso. Assim, também a Terra está composta de mais que um globo físico. Ela tem veículos que a interpenetram e que se estendem para o espaço adentro. Por meio da Iniciação, nos tornamos ciente dos nossos corpos e veículos mais sutis e das funções deles e adquirimos conhecimento dos vários veículos da Terra e das funções deles.
Durante o século XIX, Egos humanos evoluídos renasceram para trazer à compreensão vários conceitos de verdade espiritual relativos à Iniciação – conceitos que foram deixados de lado e esquecidos durante os séculos do materialismo que envolveu o mundo. Essas verdades eram para ser revividas por aqueles que as aceitassem, de modo que pudessem ser fortalecidas e preparadas para os árduos e trágicos dias do século XX.
Richard Wagner, outro grande músico Iniciado, entendeu e apreciou a grande missão de Beethoven no mundo. Ele percebeu o sublime significado interno e o êxtase da alma na Nona Sinfonia. Ele a considerou a suprema dádiva musical para a humanidade. Quando construiu seu lindo santuário da música em Bayreuth, ele a inaugurou com as cordas imortais da celestial Nona de Beethoven.
Berlioz[13] escreveu sobre a Nona Sinfonia: “Qualquer coisa que se possa dizer desta Sinfonia, o fundamental é que, quando terminou seu trabalho e contemplou a grandiosidade do monumento que tinha acabado de erguer, Beethoven deve ter dito a si mesmo: ‘Deixe a morte vir agora, minha tarefa está cumprida’.”
A culminância do trabalho de Beethoven foi alcançada nas suas nove Sinfonias. Ele começou a primeira quando o mundo estava no limiar do século XIX. A Primeira Sinfonia foi escrita em 1802. A Nona e última foi completada e dada ao mundo em 1824. Com essa sublime composição, sua missão terrestre se aproximava de sua conclusão gloriosa. Seu chamado veio em 1827.
No seu mais elevado aspecto, as Nove Sinfonias de Beethoven são uma interpretação musical dos passos iniciatórios conhecidos como as Nove Iniciações Menores. A Primeira, a Terceira, a Quinta e a Sétima Sinfonias são poderosas, vigorosas e imponentes, tipificando as características masculinas centradas na cabeça ou no intelecto. A Segunda, a Quarta, a Sexta e a Oitava Sinfonias são gentis, graciosas, ternas e belas, tipificando as características femininas centradas no coração ou na intuição. Quando um Aspirante à vida superior passa através de vários passos nas Iniciações, ele aprende a equilibrar as forças “da cabeça e do coração”. Sua união é conhecida como o Matrimônio Místico. É esse lindo rito que Beethoven descreve na sublime música da Nona Sinfonia.
Cada Iniciação é acompanhada por música celestial – música que Beethoven trouxe para a Terra e traduziu para nós nas Nove Sinfonias. Quando o ser alcança o exaltado lugar da nona Iniciação, ele chega à mais elevada fase das Iniciações. Está pronto para se tornar um Adepto. Então, ele é capaz de chegar à presença do Senhor Cristo e receber Sua suprema bênção.
CAPÍTULO I – PRIMEIRA SINFONIA – DO MAIOR – OPUS 21
É reconhecido, sem sombra de dúvida que, em Beethoven, a maior e mais poderosa forma de música instrumental encontrou seu maior e mais poderoso expoente.
E. Markham Lee[14] em The Story of Symphonies
A primeira das Nove Sinfonias teve sua pré-estreia em Viena sob a direção do próprio Beethoven em 2 de abril de 1800. Essa foi a primeira da grandiosa e imortal série que é o monumento colossal da música deste tempo. O ano em que foi produzida sugere que foi o “canto do cisne” instrumental do século XVIII.
A missão de Beethoven foi a de servir como mensageiro da música cósmica. Era seu destino alcançar além da superfície deste plano e trazer para a humanidade a gloriosa música do espaço, e essa missão foi cumprida em suas Nove Sinfonias. Nessas composições, Beethoven, nas palavras do Sr. Lee, “reserva algumas de suas maiores e mais graves declarações. A perspectiva”, ele continua, “é invariavelmente grande, todo o método de concepção é de uma grandiosidade e de uma força titânica. Ele enfoca o assunto com seriedade e o resultado é grandioso e sereno.”
A nota-chave espiritual da Primeira Sinfonia é Poder. O número “um” – “1” – é indicado por uma coluna vertical, o primeiro símbolo da Divindade, como foi adorada pelo ser humano primitivo do início da civilização. O número “um” também significa o Ego, a Individualidade, cujo propósito de jornada através da evolução é manifestar sua divindade inata.
Fiel à forma sinfônica, essa Sinfonia está dividida em quatro movimentos[15]. Um Allegro[16], que é precedido por um Adágio[17] introdutório expressando poder, fornece as notas-chaves da composição. O segundo movimento, um Andante[18], e o terceiro, um Minueto[19] que é mais um Scherzo[20], sustentam uma convicção de uma fidelidade a esse poder que tudo permeia, mas que está latente. O Finale[21], num espírito de exaltação, chega a um clímax nas cordas triunfantes: “E Deus criou o Céu e a Terra e tudo o que está nela; Ele viu que Seu trabalho era bom”.
A Primeira Sinfonia é uma precursora das belezas e glórias dos Nove Graus de Iniciação pelos quais o ser humano se torna um “super-homem” e um “homem-deus”. Nela, Beethoven sobe às alturas e desce às profundezas de um modo que poucos no seu tempo puderam prever ou compreender. Aquele que consegue perceber os valores incorporados na estrutura interna dessa Sinfonia irá colocá-la entre as melhores inspirações desse magnífico gênio musical.
As composições de Beethoven seguem modelos pré-concebidos. Esse grande músico não fez nada sem um objetivo claro. Assim, por exemplo, não se pode considerar como acidental que a introdução da Primeira Sinfonia seja formada por doze compassos[22], cada um dos quais pode ser considerado como abrindo a porta a cada um dos doze Signos zodiacais, cujas forças desempenham seu papel na música verdadeiramente cósmica em sua expansão e natureza. Os doze compassos estão divididos em três grupos de quatro, cada grupo dos quais anuncia a melodia que se seguirá. Os quatro formam uma amalgamação das forças que fluem através dos quatro elementos da natureza: Fogo, Ar, Terra e Água.
O Adágio introdutório consiste em doze compassos, iniciando em Fá Maior e continuando em Dó Maior, tonalidades que têm rico poder tonal. Em contraste, o segundo tema expressa os atributos femininos de gentileza e
O Minueto, arauto do Scherzo, é um tempo rápido. Um crítico musical escreveu: “Ele se move livremente sobre extravagâncias divinas de modulação de um modo que perturbava os ortodoxos de 1800”.
O Finale é introduzido por três compassos nos quais os primeiros violinos revelam a escala ascendente do tema pouco a pouco. As progressões tonais e as passagens rápidas pressagiam o término da Idade Antiga e a busca para o começo da Nova.
No terceiro movimento, a música recapitula o trabalho dos dois movimentos anteriores num andamento acelerado que representa o júbilo do alcance espiritual. Esse movimento contém 353 compassos cujo valor numérico é 11, o número da perfeita polaridade. Tanto o Minueto como o Trio estão em Dó.
No Finale, que é descrito por um rondó[23], a métrica[24] numérica é oito, o número da sabedoria. “O primeiro motivo cadencia na dominante dentro de oito compassos e é seguido por um motivo acompanhado de mais oito compassos que levam ao completo final”.
Esse movimento se centraliza em um diálogo entre os sopros de madeira[25] e as cordas[26], tipificando os sentidos purificados, a Mente espiritualizada. Trompetes[27] e tímpanos[28] acrescentam forças amalgamadas do ser humano completo. Aqui, o três-oito-sete, que soma dezoito ou nove, indica as bases da Grande Obra.
O fraseado do Allegro é composto de quatro compassos e é dividido em dois-mais-dois que acentua o princípio fundamental da polaridade sobre a qual toda a criação está baseada e que forma a pedra angular de todos os ensinamentos da Iniciação. Beethoven aqui projeta princípios cósmicos ou fornece uma cópia do universo como é ensinado nas Escolas de Iniciação Musical que, como todos os antigos Templos de Mistérios, incluindo os da antiga Maçonaria, incluíam em seus currículos matemática e astronomia, além da música. O Allegro consiste em 288 compassos que soma o valor numérico nove, que é o “número do homem” e o “número da Iniciação”.
O segundo movimento compõe-se de 250 compassos, o valor numérico do sete, um número fundamental na evolução humana. Ele define o movimento que é introduzido por sete compassos não usuais. Mais adiante, há o retorno dos quatro compassos, após o qual é empregado um simples compasso para confirmar o começo da individualização.
Beethoven introduz nesse movimento um solo dos tímpanos independente. Ele está nos dizendo que o ser humano deve aprender a refletir o Espírito na ação. Esse fato é produzido pelo tema principal, sendo primeiramente dividido entre as cordas agudas e as graves, tipificando o caminho entre as naturezas inferior e superior. Mais adiante, o tema principal é outra vez repetido entre as cordas e as madeiras, assim definindo o caminho musical da transmutação pela qual o desejo é transmutado em Espírito.
A PRIMEIRA INICIAÇÃO
A Iniciação nos Mistérios capacita a pessoa, quando envolvida por seus melhores e mais sutis corpos, a entrar e estudar as verdades maravilhosas que estão escondidas nas mais elevadas e sutis camadas da Terra.
Na Primeira Iniciação o candidato penetra nos planos internos da Terra. As forças e as atividades que se manifestam nesses planos, que são nove Estratos, correlacionam-se com cada uma das Nove Iniciações. Em cada uma dessas Nove Iniciações o candidato é ensinado a estudar essas várias atividades e a trabalhar com essas poderosas forças dos planos internos.
Quando a humanidade se tornar suficientemente clarividente para ser capaz de investigar esses planos, um admirável mundo novo será revelado a ela e a geologia será uma das mais fascinantes ciências materiais. Essa última expressão é um falso nome, pois, na realidade, não há uma ciência material, pois quando o coração de qualquer ciência é totalmente revelado, ela se torna verdadeiramente espiritual em sua natureza essencial. Assim, ela revela o amor e o cuidado de Deus por seu Planeta Terra e todas as Ondas de Vida em evolução que vivem nela. A música das Nove Sinfonias, quando musicalmente interpretada, abre novas visões de idealismo e compreensão até agora não sonhadas.
A Primeira Iniciação está relacionada com a Terra física. Na Memória da Natureza estão escondidos os maravilhosos segredos relativos ao longo período evolucionário deste Planeta. Na Primeira Iniciação, aquele que se tornou capaz é ensinado a ler nos registros da Região Etérica do Mundo Físico e a aprender algo das maravilhas da história passada da Terra. Nesses registros, ele é capaz de ver as enormes florestas verdes e os gigantescos animais da Época Lemúrica. As majestosas florestas vermelhas da Califórnia são vestígios da antiga Época Lemuriana.
Essa Época foi seguida pelo cinzento e enevoado continente Atlante – Atlântida –, na Época Atlante. As formas dos animais se tornaram menores e a flora mais variada e delicada em sua textura e cor. Depois da Atlântida, a presente Época do arco-íris nasceu, uma Época em que o Sol brilha claro numa atmosfera oxigenada e a presente humanidade, a Quinta Raça Atlante – Raça Ária –, surgiu.
A majestade da Primeira Sinfonia é a descrição da tremenda transformação da Terra. Em seus quatro movimentos é como se o compositor estivesse colocando em música o fiat criador de Deus. A música cresce cada vez mais, culminando no voo do Finale que traduz em imortal som o pronunciamento do final dos seis dias da Criação registrado no Livro do Gênesis de que tudo o que foi feito era bom[29], “era muito bom”.
[1] N.T.: da obra The Unconscious Beethoven (de 1927) de Ernest Newman (1868-1959) que foi um crítico musical e musicólogo inglês.
[2] N.T.: Composição musical para orquestra, em forma de sonata, dividida em três ou quatro partes (alegro, andante, scherzo ou minueto e final ou rondó).
[3] N.T.: Os titãs (masculino), na mitologia grega, estão entre as entidades que enfrentaram Zeus e os demais deuses olímpicos na sua ascensão ao poder.
[4] N.T.: ou Prometeu (em grego: “antevisão”), na mitologia grega, filho de Jápeto (filho de Urano; um incesto entre Urano e Gaia) e irmão de Atlas, Epimeteu e Menoécio. Algumas fontes citam sua mãe como sendo Tétis, enquanto outras, como Pseudo-Apolodoro, apontam para Ásia oriental, também chamada de Clímene, filha de Oceano. Foi um defensor da humanidade, conhecido por sua astuta inteligência, responsável por roubar o fogo de Héstia e dá-lo aos mortais.
[5] N.T.: da obra Ludwig Van Beethoven de Edmond Bordeaux Szekely (1905-1979) que foi um filólogo/linguista húngaro, filósofo, psicólogo e entusiasta da vida natural.
[6] N.T.: da obra Beethoven de Wilhelm Richard Wagner (1813—1883) que foi um maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão, primeiramente conhecido por suas óperas (ou “dramas musicais”, como ele posteriormente chamou).
[7] N.T.: Johann Gottfried von Herder (1744–1803) foi um filósofo, teólogo, poeta e crítico literário alemão.
[8] N.T.: Maestro e escritor americano (1900-1962)
[9] N.T.: A Divina Comédia (em italiano: La Divina Commedia, originalmente Comedìa e, mais tarde, denominada Divina Comédia por Giovanni Boccaccio) é um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso. A Divina Comédia propõe que a Terra está no meio de uma sucessão de círculos concêntricos que formam a Esfera armilar e o meridiano onde é Jerusalém hoje, seria o lugar atingido por Lúcifer ao cair das esferas mais superiores e que fez da Terra Santa o Portal do Inferno. Portanto o Inferno, responderia pela depressão do Mar Morto, onde todas as águas convergem, e o Paraíso e o Purgatório seriam os segmentos dos círculos concêntricos que juntos respondem pela mecânica celeste e os cenários comentados por Dante, num poema envolvendo todos os personagens bíblicos do Antigo ao Novo Testamento, que são costumeiramente encontrados nas entranhas do Inferno sendo que os personagens principais da Divina Comédia são o próprio autor, Dante Alighieri, que realiza uma jornada espiritual pelos três reinos do além-túmulo, e seu guia e mentor nessa empreitada, Virgílio – o próprio autor da Eneida.
[10] N.T.: Dante Alighieri (1265-1321) foi um escritor, poeta e político florentino, nascido na atual Itália. É considerado o primeiro e maior poeta da língua italiana.
[11] N.T.: Paraíso Recuperado (em inglês: Paradise Regained) é um livro do século XVII do poeta inglês John Milton, publicado em 1671. É, por assim dizer, uma continuação de seu anterior livro “Paraíso Perdido”. O poema foi composto na casa de Milton em Chalfont St Giles em Buckinghamshire, e foi baseado no Evangelho de Lucas.
[12] N.T.: John Milton (1608-1674) foi um poeta, polemista, intelectual e funcionário público inglês, servindo como Secretário de Línguas Estrangeiras da Comunidade da Inglaterra sob Oliver Cromwell. Escreveu em um momento de fluxo religioso e agitação política, e é mais conhecido por seu poema épico Paraíso Perdido. Paraíso Perdido (em inglês: Paradise Lost) é um poema épico do século XVII, escrito por John Milton, originalmente publicado em 1667 em dez cantos. Uma segunda edição foi publicada em 1674 em doze cantos, com pequenas revisões do autor. O poema narra as penas dos Anjos caídos após a rebelião no paraíso, o ardil de Satanás para fazer Adão e Eva comerem o fruto proibido da Árvore do Conhecimento, e a subsequente Queda do homem. Após uma invocação à Musa, o poeta descreve brevemente a rebelião dos Anjos liderados por Lúcifer, a qual, fracassada, lhes custou o paraíso. Despertando no inferno depois de nove dias de confusão, estes deliberam sobre o que fazer, e Lúcifer, daí por diante chamado Satanás (do hebraico Satan: adversário), faz saber de um novo mundo e uma nova criatura – o homem – que seriam criados por Deus. Os demônios decidem corromper esse novo ser e desviá-lo do Criador, seu inimigo. Entrementes, no paraíso, Deus segreda a seu Filho a iminente transgressão do homem e todo o sofrimento que se lhe seguirá, e o Filho se oferece a si mesmo em sacrifício pela redenção da humanidade. Para assegurar que o homem seja responsável por seus atos, Deus envia um Anjo para notificar Adão e Eva do perigo; no entanto, a despeito da advertência, Eva é seduzida por Satanás, então no corpo de uma serpente, e come o fruto proibido, fazendo-o comer também a Adão. Os pais da humanidade são expulsos do Jardim do Éden e tomam conhecimento, como toda a sua descendência, do pecado e da morte; mas uma revelação do futuro consola o primeiro homem, que testemunha o nascimento e a morte do Cristo e a remissão dos nossos pecados.
[13] N.T.: Louis-Hector Berlioz (1803-1869) foi um compositor e maestro romântico francês.
[14] N.T.: Ernest Markham Lee (1874-1976) foi compositor, autor, conferencista, pianista e organista inglês.
[15] N.T.: Um movimento é uma parte independente de uma composição ou forma musical. Enquanto movimentos individuais ou selecionados de uma composição são realizados às vezes separadamente, uma execução do trabalho completo exige que todos os movimentos sejam executados em sucessão. Um movimento é uma seção, “uma grande unidade estrutural percebida como resultado da coincidência de um número relativamente grande de fenômenos estruturais”.
[16] N.T.: Allegro (“alegre” em italiano) – (120-128 BPM – batidas por minuto) – é um andamento musical leve e ligeiro, mais rápido que o allegretto (112-120 BPM – batidas por minuto) e mais lento que o presto (168-200 BPM – batidas por minuto, muito rápido). Costuma ser de maior dificuldade técnica que andante (176-108 BPM – batidas por minuto, ritmo de caminhada) ou adagio (66-76 BPM – batidas por minuto, devagar) por ter caráter mais contínuo e rápido que esses citados. É muitas vezes o movimento mais lembrado de Sinfonias e de concertos por ter uma movimentação musical mais engajadora e uma construção mais focada no desenvolvimento da invenzio apresentada do que em outros tempos mais melódicos (como adagio e andante).
[17] N.T.: Adágio é um andamento musical lento, por consequência composições musicais com esse tempo são conhecidas como adágios. O termo deriva de “ad agio” (comodamente). Costuma situar-se entre 66 e 76 batidas por minuto em um metrônomo tradicional, sendo, portanto, mais rápido que o lento e mais lento que o adagietto (72-76 BPM – batidas por minuto, bastante devagar, ligeiramente mais rápido que o adagio)e o andante. São comumente adágios o segundo mine e o segundo ou terceiro movimento de uma Sinfonia.
[18] N.T.: Denomina-se Andante o tempo depois de ter um andamento que se forma um trecho musical. É o andamento que vai determinar com precisão a duração do som ou do silêncio representado pelas figuras musicais.
[19] N.T.: Minueto ou minuet é uma dança em compasso de 3/4, de origem francesa ou uma composição musical que integra suítes e Sinfonias.
[20] N.T.: O scherzo (no plural scherzi, pronunciados isquêrtso, isquêrtsi) é um gênero musical de nome dado a certas obras ou a alguns movimentos de uma composição que possui maior duração, como uma sonata ou uma Sinfonia. Significa “piada” em italiano. Frequentemente se refere a um movimento que substitui o minueto como o terceiro movimento em um trabalho de quatro movimentos, como uma Sinfonia, sonata, ou quarteto de cordas.
[21] N.T.: Um finale é o último movimento de uma sonata, Sinfonia ou concerto; o final de uma peça de música clássica não vocal que tem vários movimentos.
[22] N.T.: Na notação musical, um compasso é uma forma de dividir quantitativamente em grupos os sons de uma composição musical, com base em batidas e pausas.
[23] N.T.: O rondó é uma forma musical instrumental, que começou a ser mais claramente estabelecida em meados do Barroco Musical (2. med. séc. XVII), mas foi solidificada durante a transição entre Barroco e Classicismo Musical (1. med. séc. XVIII). No plano estrutural genérico, essa forma envolve a presença de diversas seções musicais (indicadas por letras maiúsculas) com variedade em número e conteúdo, começando e terminando com uma seção principal (A), que é normalmente reiterada durante peça, mas alternando com uma ou mais seções secundárias (B, C, D, etc.).
[24] N.T.: Métrica, em música, é a divisão de uma linha musical em compassos marcados por tempos fortes e fracos, representada na notação musical ocidental por um símbolo chamado de fórmula de compasso.
[25] N.T.: também chamado de naipe das madeiras em uma orquestra, é formado basicamente por instrumentos de sopro, como flauta, flautim, oboés, corne inglês, clarinetes, fagotes e contrafagotes. As flautas doces, por exemplo, são de metal, assim como o saxofone. E para quem estranha o saxofone estar nessa família, explicamos: apesar de feito de metal, suas características de funcionamento se assemelham às dos instrumentos do naipe de madeira. Já a flauta, até pouco tempo atrás, era de madeira, então mesmo quando surgiram as versões metálicas elas permaneceram nesta família. Com isso, podemos concluir que os instrumentos não são definidos pela matéria prima e sim pelo funcionamento, principalmente pelas palhetas e pelo sistema de chaves. Na orquestra, a família das madeiras fica no centro, em frente ao maestro e logo acima e atrás das cordas. Geralmente as flautas e oboés vem primeiro e os clarinetes e fagotes logo atrás, em frente aos metais. Esses instrumentos são responsáveis pela ligação entre as cordas e os metais e ajudam a manter a afinação da orquestra.
[26] N.T.: também conhecido como naipe de cordas. Diversos instrumentos utilizam as cordas para emitir música e eles são divididos em três categorias: a família das cordas friccionadas, a das cordas dedilhadas e a das cordas percutidas. Na primeira, o som resulta principalmente do atrito do arco com as cordas, a exemplo dos violinos, da viola, da rabeca, do armontino e do cello. Na segunda, é o dedilhar dos dedos ou das palhetas que extrai a música, como no violão, na guitarra, no alaúde, no baixo, no bandolim, no cavaquinho, na cítara, na harpa e no ukulelê. Por fim, na terceira categoria, o som é emitido quando as cordas são percutidas, como no piano, no cravo e no berimbau. Além dessa classificação, há uma enorme diferença no tamanho dos instrumentos. Isso ocorre porque quanto maior, mais grave é o som que emite (e vice-versa). Por isso, como o violino é o menor instrumento da sua família, é também o que produz o som mais agudo, seguido da viola, do violoncelo e do contrabaixo. Na orquestra, os violinos ainda são divididos em duas vozes, os primeiros e os segundos violinos, e localizam-se logo à esquerda do maestro. Já a viola fica à frente do regente, o cello à direita e o contrabaixo logo atrás do violoncelo.
[27] N.T.: que pertence ao naipe dos metais: é formado basicamente por instrumentos de sopro, como a corneta, a surdina, a trompa, o eufônio, o clarim, a vuvuzela, o berrante, o melofone, a bucina, entre outros. Mas os representantes mais conhecidos são o trompete, a trompa, a tuba e o trombone.
[28] N.T.: que pertence ao naipe da percussão: é dividido em dois grupos. O primeiro reúne instrumentos que emitem mais de uma nota musical, como marimba, tímpano, xilofone, glockenspiel, metalofone e carrilhão; e o segundo é formado pelos que produzem apenas uma nota, como pratos, triângulo, pandeiro e bombo.
[29] N.T.: Livro do Gênesis, Capítulo 1.
*****
Aqui a Primeira Sinfonia em MP3: